O documento apresenta dois textos que abordam os índios de maneiras contrastantes: o Texto 5 descreve como uma tribo quase foi levada à extinção após o contato com os brancos, enquanto o Texto 6 celebra a coragem e destreza de um guerreiro indígena através de um poema. A questão pede que se escreva um texto dissertativo confrontando as imagens de índio apresentadas nos dois fragmentos e a linguagem usada para construí-las.
5. QUESTÃO 01
Redação, UFMG-1999
A parXr dessa leitura, REDIJA um texto narraXvo, em prosa, que atenda aos seguintes requisitos:
a) tenha, como material básico, o episódio documentado no Texto 1, acrescido de outros
elementos criados por você;
b) apresente estratégia narraXva semelhante à do Texto 2 – um narrador que fala em primeira
pessoa, adota uma posição exterior aos acontecimentos e, ao mesmo tempo, expressa sua
avaliação pessoal quanto a esses acontecimentos;
c) configure-se como matéria publicável em jornal de grande circulação, capaz de provocar o
interesse dos leitores.
15. TEXTO 05
Redação, UFMG-1999
Em fevereiro daquele ano, depois de uma longa espera de seis meses, os índios surgiram no
acampamento dos brancos. Trocando brindes como panelas e pentes pelo sorriso algo
desconfiado dos panarás, Villas-Boas conseguiu estabelecer um convívio amistoso. Bastaram
dois anos, porém, para a tribo encontrar-se à beira da exXnção. ViXmados pela diarreia e a gripe
trazidas pelos brancos, os índios foram reduzidos a 79 pessoas. De acordo com o relato do índio
Akè, os panarás começaram a morrer repenXnamente: "Estávamos tão doentes que não
enterrávamos os mortos, que apodreciam no chão. Os urubus comeram tudo". A solução
encontrada por Villas-Boas foi transferi-los de avião para perto do Rio Xingu.
Depois de muito perambular, os panarás ocuparam o território que consXtui sua atual reserva,
de 4.950 quilômetros quadrados de mata virgem, às margens do Iriri. Mesmo com essa vitória,
carregarão para sempre a ferida da aculturação.
Veja, São Paulo, n.1540, p. 69, 1 abr. 1998. (Fragmento.)
18. analisando os textos
analisando a questão
Os dois fragmentos apresentados como suporte para a produção textual têm como como tema
o índio, mas o fazem de maneira contrastante.
O primeiro texto mostra as feridas decorrentes do processo de aculturação que quase levou
uma tribo à exXnção, ao passo que o segundo louva a coragem e destreza de um guerreiro
indígena. Num, o índio é víXma; no outro, é herói.
SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-1999
19. comentando o texto em verso
comentando o texto em prosa
A reportagem, em prosa, relata fatos referentes ao início do contato com os brancos, apresenta
dados comprobatórios da situação dramáXca vivida pelos índios (as doenças que sofreram, a
mortandade elevada, o pequeno número de sobreviventes) e fornece informações sobre suas
condições de vida na época da publicação da revista.
O poema, em versos, apresenta a fala (o canto) de um guerreiro alXvo que enaltece a própria
imagem, valendo-se de metáforas e inversões sintáXcas.
SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-1999
20. SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-1999
ASPECTOS TEMÁTICOS
confrontando os textos
Esperava-se um paralelo que fizesse um contraponto entre a condição de fragilidade e
decadência da tribo indígena, revelada pela reportagem, e a imagem de glória, força e bravura
exaltada no poema de Gonçalves Dias.
ASPECTOS FORMAIS
períodos; coordenação e subordinação;
discurso relatado entre aspas [citação]
presença de narração e argumentação;
tendência à objetividade;
presença de dados numéricos;
predomínio da denotação.
texto em prosa [reportagem]
rima, ritmo e aliterações;
inversões sintáticas;
uso de vocativo e de discurso direto;
presença de refrão;
subjetividade: exaltação da figura do guerreiro;
predomínio da conotação.
texto em verso [poema]
25. SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-1999
05
A ironia obXda pela apresentação de um “flagrante” do Presidente se dedicando ao lazer,
apesar do apelo dos problemas sociais do país, que ele estaria deixando de lado;
06
A ironia da equiparação entre a situação dos sem-terra, desprovidos de necessidades básicas, de
direitos humanos fundamentais, e a situação dos que não teriam apenas “tela” de televisão, que
é meio de lazer e diversão – efeito que é construído através do trocadilho que toma uns pelos
outros, ou aproxima uns dos outros [“sem-tela” versus “sem-terra”];
07
A possibilidade de interpretação de “sem-tela” como metonímia de “sem-terra”, já que quem
não tem terra para morar e trabalhar também não deve ter tela de televisão.