O documento descreve como facções criminosas em favelas do Rio de Janeiro aplicam "códigos penais" próprios, punindo mulheres raspando seus cabelos por motivos como traição ou brigas. Essas punições ocorrem há décadas de forma silenciosa, sem estatísticas ou investigações das autoridades.
2. Cabeças marcadas pelo tráfico : "código
penal" de algumas favelas cariocas castiga
mulheres raspando seus cabelos .
Nas favelas dominadas por facções
criminosas , uma lei própria impera : mulher
que trai o marido , briga , é homossexual ou
faz qualquer outra coisa que desagrade o
comando é condenada a ter o cabelo
raspado ou até mesmo punições piores .
A sessão de tortura era a aplicação da
pena prevista em uma espécie de “Código
Penal” dos traficantes do Rio de Janeiro .
Mulher que abandona o marido na cadeia
é condenada a ser espancada e a ter os
cabelos raspados .
3.
4. Há uma série de condutas que podem desencadear
esse tipo de castigo em uma favela comandada pelo
tráfico : traição (ou mesmo apenas suspeita de
traição) , rompimento de namoro , briga entre
moradoras na favela , mulheres que visitam parentes
em comunidades dominadas por quadrilhas rivais ,
briga de mulheres por um homem , homossexualidade
feminina e qualquer outra coisa que possa ser feita
por uma mulher e considerada inadequada pelos
donos do morro . Todas as facções criminosas do Rio ,
à exceção das milícias , são temidas pelo castigo de
arrancar da mulher os cabelos e , com ele , a
feminilidade e a vaidade .
Traficantes costumam castigar os moradores que se
envolvem em confusão , e mandam raspar a cabeça
das mulheres que brigam nos bailes funk .
5. “ Os traficantes aplicam um
castigo exemplar porque isso
também serve para „educar‟ a
favela "
Que tipo de educação é essa ?
6. Desde a década de 80 , um número incalculável de
mulheres no Rio de Janeiro passou pelo cruel ritual de
terem seus cabelos extirpados depois de serem
julgadas pelo Tribunal do Tráfico . Ao longo de três
décadas , o sofrimento delas tem sido silencioso para
o restante da sociedade . Sua humilhação e sua dor
são expostas apenas dentro da comunidade , onde
apanham e têm a cabeça raspada no meio da rua ,
diante da platéia de moradores . Embora
abundantes , os casos não costumam chegar às
autoridades . A Polícia Civil do Rio de Janeiro ,
chefiada por uma mulher , a delegada Marta Rocha ,
não tem estatísticas sobre o assunto . E até ela pouco
soube dizer . Marta afirmou já ter ouvido falar que as
mulheres fluminenses são vítimas frequentes desse
tipo de castigo , mas desconhece casos e detalhes
do problema .
7. Apesar desses tipos de
violências contra as mulheres
serem bastante comuns em
nossa sociedade , são
totalmente impunes na maioria
dos casos .