Este documento apresenta uma dissertação sobre dimensões para projetos hoteleiros na cidade de São Paulo. A dissertação descreve a evolução histórica da hotelaria no Brasil e em São Paulo, analisa os hotéis da cidade à luz do Código de Obras, e fornece diretrizes sobre regulamentação, classificação, planejamento e projeto de hotéis com base na legislação e normas técnicas brasileiras.
1. UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Curso de Pós Graduação- Strictu Sensu
Arquitetura e Urbanismo
CAROLINE DE ANGELIS
Dimensões para projetos hoteleiros
São Paulo
2010
2. CAROLINE DE ANGELIS
Dimensões para projetos hoteleiros
Dissertação apresentada à Universidade São Judas para
obtenção do Título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
ORIENTADOR: Professor Doutor Paulo de Assunção
São Paulo
2010
3. De Angelis, Caroline
Dimensões para projetos hoteleiros / Caroline de Angelis. - São Paulo, 2011.
149 f. , il. ; 30 cm
Orientador: Paulo de Assunção
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,
2011.
1. Arquitetura. 2. Indústria hoteleira - Projeto arquitetônico. I. Assunção,
Paulo de. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Arquitetura e Urbanismo. IV. Título
4. “A dinâmica da vida faz com que as coisas, os
edifícios, as cidades, os ambientes sofram constantes
transformações, nas quais muitas vezes o velho tem que dar
lugar ao novo.”
(Um século de Luz. Marisa Midori Deaecto)
5. AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram na
execução desta pesquisa e que, mesmo não citadas nesta página, merecem minha sincera
gratidão.
À Profº. Dr. Paulo de Assunção pela orientação e solicitude.
À minha família pelos cuidados e permanente incentivo.
À minha irmã, Nathália, pela compreensão e amizade.
À banca formada pela Profª Drª Ana Paula Koury e Profª Drª Eneida de Almeida, pelos
pertinentes comentários e sugestões.
6. RESUMO
O objeto do nosso estudo foi analisar o processo de transformação dos projetos arquitetônicos
hoteleiros, na cidade de São Paulo por meio do Código de Obras. A proposta é apresentar
diretrizes para o dimensionamento dos meios de hospedagem a fim de apresentar o melhor
uso dos equipamentos que cada categoria disponibiliza. Procuramos tecer um foco único: o
novo regulamento de classificação para os meios de hospedagem, os estudos arquitetônicos –
uma visão dos arquitetos – e a ABNT NBR9050 resultado em legislações que permitem
fornecer claras informações na construção de hotéis.
Palavras-chaves: hotelaria / projetos arquitetônicos / Legislação
ABSTRACT
The main purpose of this study was to analyze the transformation process in the hotel
architectural projects in the city of São Paulo through the Construction Standard. The aim is
to suggest directives to dimension accommodations in order to make the best use of the
equipment made available by each category. There was an attempt to amalgamate one focus:
the new accommodation classification regulation, architectural studies – from the architects‟
point of view – and ABNT NBR9050 (Brazilian Association of Technical Regulations),
resulting in regulations which allow the provision of clear information on hotel construction.
Key words: hospitality / architectural projects / Legislation
7. SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
Introdução 23
1 O início 25
1.1 O Hotel Paris Ritz – um marco para a hotelaria 35
1.2 As maiores redes hoteleiras do mundo 37
1.3 A hotelaria no Brasil 48
2 Hotéis na cidade de São Paulo e o Código de Obras 79
3 Regras e referências no mercado hoteleiro 104
3.1 Regulamento e classificação dos Meios de Hospedagem 104
3.1.1 Hotel com estrela 104
3.1.2 Hotel com estrelas 105
3.1.3 Hotel com estrelas 105
3.1.4 Hotel com estrelas 106
3.1.5 Hotel com estrelas 106
3.2 Planejamento e projeto de hotéis 107
3.3 ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos. 114
Considerações finais 129
Referências Bibliográficas 131
Anexo I – Portaria nº 100 – 21/06/2011 140
8. LISTA DE ABREVIATURAS
ABIH Associação Brasileira da Industria de Hoteis
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
FIABCI Federação Internacional das Profissões Imobiliárias
FUNGETUR Fundo Geral do Turismo
IHG Inter Continental Hotels Group
SECOVI Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo
SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
SUDECO Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste
SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
SUDESUL Superintendência de Desenvolvimento do Sul
UH Unidade Habitacional
9. LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Tremont House. 29
Disponível em <http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/fa267/tremnths.jpg>
Acesso em: 23/08/2010.
Figura 2 – Statler Hotel 32
Disponível em:
<http://wnyheritagepress.org/photos_week_2007/statler/hotel/statler_hotel.htm>
Acesso em: 23/08/2010.
Figura 3 – Hyatt Regent Atlanta - 1967 34
Disponível em: <http://blog.aia.org/favorites/2007/02/103_hyatt_regency_atlanta_1967.html>
Acesso em: 23/08/2010.
Figura 4 – Hyatt San Francisco Atlanta - 1973 34
Disponível em: < http://www.inetours.com/Pages/SF-photos/FD/Hyatt-interior.html>
Acesso em: 23/08/2010.
Figura 5 – Ritz Paris 37
Disponível em: < http://www.ritzparis.com/jump_to.asp?id_target=1123&id_lang=2>
Acesso em: 23/08/2010.
Figura 6 – Hotel Holiday Inn – Londres 39
Disponível em:
<http://www.hiexpress.com/hotels/us/en/london/lonsw/hoteldetail/photos-tours.>
10. Acesso em: 20/11/2010.
Figura 7 – Hotel Galvez & SPA, Wyndham Grand Hotel – Texas 40
Disponível em: < http://www.wyndham.com/hotels/GLSHG/main.wnt>
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 8 – Courtyard Philadelphia Downtown – USA 41
Disponível em: < http://www.wyndham.com/hotels/GLSHG/main.wnt>
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 9 – Hotel Hilton Checkers – Los Angeles 41
Disponível em: <http://www1.hilton.com/en_US/hi/hotel/LAXCHHF/photoGallery.do>
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 10 – Hotel Mercure Paris Terminus Nord –Paris 43
Disponível em:
< http://www.accorhotels.com/pt-br/hotel-2761-mercure-paris-terminus-nord/index.shtml >
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 11 – Comfort Inn & Suites – Califórnia 44
Disponível em: <http://www.comfortinn.com/es/hotel-lancaster-california>
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 12 – Best Western Plaza Kokai Cancún – México 45
Disponível em:
11. <http://book.bestwestern.com/bestwestern/MX/Cancun-hotels/BEST-WESTERN-Plaza-
Kokai-Cancun>
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 13 – Sheraton Chicago Hotel & Towers – Chicago 46
Disponível em: < http://www.starwoodhotels.com/sheraton/property>
Acesso em: 20/11/2010.
Figura 14 – Park Plaza Wallstreet Berlim – Alemanha 46
Disponível em: <http://www.parkplaza.com/>
Acesso em: 21/11/2010.
Figura 15 – Hyatt Regency San Francisco Airport – Califórnia 47
Disponível em:
<http://www.hyatt.com/hyatt/hotels/gallery/photos.jsp?hotelId=2224&start=1>
Acesso em: 21/11/2010.
Figura 16 - Hotel Pharoux. 49
Disponível em:
<http://correiogourmand.com.br/roteiros_02_turismo_02_primordios_brasil.htm>
Acesso em 22/08/2010.
Figura 17 – Hotel Palm 50
Fonte: CAMPOS, Eudes. A cidade de São Paulo e a era dos melhoramentos materiaes: Obras
públicas e arquitetura vistas por meio de fotografias de Militão Augusto de Azevedo.
Figura 18 – Anúncio do Hôtel des Voyageurs 51
Fonte: Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material.
12. Figura 19 – Grande Hotel 52
Fonte: A cidade da Light, 1899-1930, São Paulo, Eletropaulo, vol. 1, 1990, p.121.
Figura 20 – Reconstituição gráfica da fachada principal do Grande Hotel.
Vista da Rua São Bento 52
Fonte: CAMPOS, Eudes. O antigo Beco da Lapa e o Grande Hotel - Informativo AHM.
Figura 21 – Reconstituição gráfica da fachada lateral do Grande Hotel.
Vista da Rua Miguel Couto 52
Fonte: CAMPOS, Eudes. O antigo Beco da Lapa e o Grande Hotel - Informativo da AHM.
Figura 22 – Hotel da Paz 53
Disponível em:
<http://correiogourmand.com.br/roteiros_03_turismo_05_historia_primeiros_hoteis_sao_paul
o.htm>
Acesso em 22/08/2010.
Figura 23 – Grande Hotel d´Oeste (o prédio do Hotel à esquerda) 53
Fonte: São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. O Estado de São Paulo -
Terceiro nome.
Figura 24 – Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1887 e 1890 54
Fonte: Os primeiros hotéis da cidade de São Paulo século XIX: Império e República,
Informativo do AHM.
Figura 25 – Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1900. 54
Fonte: Os primeiros hotéis da cidade de São Paulo século XIX: Império e República,
Informativo do AHM.
13. Figura 26 – Hotel Brasil-Itália 54
Fonte: São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. O Estado de São Paulo,
Terceiro nome.
Figura 27 – Grande Hotel Metropolitano. Escala 1:100 56
Fonte: Grande Hotel Metropolitano, Informativo AHM.
Figura 28 – Fachada do Grande Hotel Metropolitano. Escala 1:100 56
Fonte: GrandeHotel Metropolitano, Informativo AHM.
Figura 29 - Largo São Bento. 57
À direita, ao fundo, futuro Hotel Rebecchino. À esquerda, ao fundo, o Grande Hotel
Paulista. À esquerda, o Hotel D’Oeste.
Fonte: O centro de São Paulo há cem anos (exposição online) AHMWL.
Figura 30 – Grand Hôtel de La Rotisserie Sportman 57
Fonte: Acervo de São Paulo (online)
Figura 31 – Hotel São Paulo Inn 58
Fonte: Acervo de São Paulo (online)
Figura 32 - Hotel Copacabana Palace 59
Fonte: Almanaque Brasil (online).
Figura 33 - Andar térreo do Hotel Copacabana Palace 59
Fonte: Copacabana Palace: um hotel e sua história.
Figura 34 - Hotel Esplanada. À esquerda, o Teatro Municipal. 60
À direita, o Hotel Esplanada.
14. Fonte: Histórico demográfico do município de São Paulo (online).
Figura 35 - Grande Hotel de Araxá 60
Fonte: CBF (online).
Figura 36 - Grande Hotel São Pedro 61
Disponível em: <www.grandehotelsenac.com.br > Acesso em 15/06/2010.
Figura 37 – Grande Hotel Ouro Preto 62
Disponível em: <http://mail.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.122/3486>
Acesso em: 25/08/2010.
Figura 38 – Grande Hotel Ouro Preto. (térreo, 1º andar, 2º andar, 3º andar) 62
Disponível em: <http://mail.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.122/3486>
Acesso em: 25/08/2010.
Figura 39 – Hotel Excelsior. 63
Fonte: Os hotéis da Metrópole.
Figura 40 – Fachada norte do Park Hotel, Nova Friburgo – RJ. 65
Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.123/3513>
Acesso em: 25/08/2010.
Figura 41 – Fachada sul do Park Hotel, Nova Friburgo – RJ 65
Disponível em:
<http://www.arcoweb.com.br/artigos/roberto-segre-humanismo-tecnica-22-03-2002.html>
Acesso em: 28/10/2010.
15. Figura 42 – Hotel Quitandinha 66
Disponível em:
<http://www.museuhistoriconacional.com.br/images/galeria22/mh-g22a052.htm>
Acesso em 15/06/2010.
Figura 43 – Hotel Comodoro 67
Disponível em: <www.piratininga.org>
Acesso em: 12/11/2010.
Figura 44 – Hotel Tambaú 70
Disponível em: <http://www.tropicaltambau.com.br/portuguese/index.cfm>
Acesso em: 12/11/2010
Figura 45 – Renaissance Hotel – São Paulo 72
Disponível em: < http://www.ruyohtake.com.br/index.html>
Acesso em: 21/09/2010.
Figura 46 – Unique Hotel 73
Disponível em: < http://www.ruyohtake.com.br/index.html>
Acesso em: 21/09/2010.
Figura 47 – Alvorada Park Hotel 74
Disponível em: < http://www.ruyohtake.com.br/index.html>
Acesso em: 21/09/2010.
Figura 48 – Costa do Sauipe 75
16. Disponível em: <http://www.costadosauipeonline.com.br/>
Acesso em: 21/09/2010.
Figura 49 – Hotel Anhembi Holiday Inn 76
Disponível em:
<http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/miguel-juliano-hotel-anhembi-11-03-2004.html>
Acesso em: 03/11/2010.
Figura 50 – Bourbon Joinville Business Hotel – Santa Catarina 77
Disponível em: <http://www.dorialopesfiuza.com.br/>
Acesso em: 03/11/2010.
Figura 51 – Hotel Excelsior 81
Fonte: Acervo Digital Rino Levi – FAU PUC Campinas
Figura 52 - Planta do 7º ao 11º andar 82
Fonte: Acervo Digital Rino Levi – FAU PUC Campinas
Figura 53 – Hotel Jaraguá 84
Disponível em:
<http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/miguel-juliano-hotel-holiday-11-03-2004.html>
Acesso em: 22/08/2010
Figura 54 – São Paulo Hilton Hotel 86
Fonte: Acervo de São Paulo (online)
Figura 55 – Planta de um dos andares de apartamentos 86
17. Fonte: Revista Projeto e Construção Setembro de 1970
Figura 56 – Renaissance Hotel 90
Disponível em: <http://www.ruyohtake.com.br/index.html>
Acesso em: 03/09/2010.
Figura 57 – Planta do pavimento-tipo 91
Disponível em: <http://www.ruyohtake.com.br/index.html>
Acesso em: 03/09/2010.
Figura 58 – Apartamento Superior 97
Disponível em:
<http://www.transamerica.com.br/default.aspx?pageid=0A69A07A49AA69AA55A5A53A4>
Acesso em: 30/08/2010.
Figura 59 – Apartamento Luxo 97
Disponível em:
<http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A09A49AA69A0808>
Acesso em: 30/08/2010.
Figura 60 – Apartamento Executivo 98
Disponível em:
<http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A69AA49A503A53A7>
Acesso em: 30/08/2010
Figura 61 – Apartamento Golden class 98
19. Disponível em:
<http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A18A49A50A69AA53A9>
Acesso em: 30/08/2010.
Figura 67 – Suíte Presidencial 101
Disponível em:
<http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA
69A>
Acesso em: 30/08/2010.
Figura 68 – Suíte Presidencial 102
Disponível em:
<http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA
69A>
Acesso em: 30/08/2010.
Figura 69 – UH de padrão econômico 110
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.208.
Figura 70 - UH de padrão econômico 110
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.208.
Figura 71 – UH de padrão econômico 111
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.209.
Figura 72 - UH de padrão médio 111
20. Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.209.
Figura 73 – UH de padrão médio 112
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.210.
Figura 74 – UH de padrão médio 112
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.210.
Figura 75 – UH de padrão superior 113
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.211.
Figura 76 – UH de padrão superior 113
Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2000, p.211.
Figura 77 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé 114
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 78 – Dimensões referenciais para deslocamento em cadeira de rodas 115
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 79 – Alcance manual frontal – Pessoa em pé 115
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 80 – Alcance manual frontal – Pessoa sentada 115
Fonte: ABNT NBR 9050.
21. Figura 81 – Alcance manual lateral – Relação entre altura e profundidade – 116
pessoa em cadeira de rodas
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 82 – Alcance manual frontal - Pessoa em cadeira de rodas 116
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 83 – Aproximação de porta frontal 117
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 84 – Visão frontal de porta de sanitário 118
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 85 – Sinalização de vagas 119
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 86 – Sinalização de vagas 119
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 87 - Áreas de transferência para bacia sanitária 120
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 88 – Dimensões para instalação da bacia sanitária 120
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 89 – Altura da bacia sanitária – vista lateral 121
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 90 – Altura do acionamento da descarga 121
22. Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 91 – Mictórios 122
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 92 – Boxe para pessoas com deficiência 122
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 93 – Boxe adaptado com área de manobra 123
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 94 – Boxe para chuveiro com barras vertical e horizontal 123
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 95 – Boxe para chuveiro com barra de apoio em L 124
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 96 – Perspectiva do boxe com as barras de apoio 124
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 97 – Dimensões para banheira acessível 125
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 98 – Acessórios junto ao lavatório 125
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 99 – Cabina para vestiário acessível 126
Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 100 – Circulação mínima para quarto acessível 126
23. Fonte: ABNT NBR 9050.
Figura 101 – Balcão de autoatendimento – Vista frontal 127
Fonte: ABNT NBR 9050.
24. LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Instalações sanitárias 87
Tabela 1 – Classificação hoteleira 93
Tabela 2 – Áreas médias do hotel (m²/apto) 108
Tabela 3 – Área de serviço 10
25. 23
Introdução
O setor de serviços – de que é parte expressiva o turismo – vem crescendo significativamente
nos últimos anos. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Turismo relata que, em 2009,
o Brasil recebeu 4,8 milhões de turistas estrangeiros e movimentou aproximadamente 56
milhões de voos domésticos. Grande polo de desenvolvimento desse setor, segundo a São
Paulo Turismo (SPTuris), a capital de São Paulo recebe anualmente 11 milhões de visitantes,
com permanência média de 3 a 5 dias. Para atender a essa demanda, existem 42 mil
apartamentos, com média de ocupação no mercado hoteleiro de 62,2% e preço médio de
diária de R$197,00.
Esse é o cenário do mercado hoteleiro, cujo crescimento – nos últimos 20 anos – tem
acompanhado as necessidades da demanda. Notável nesse período foi a chegada das redes
hoteleiras internacionais, que vislumbraram amplas possibilidades em uma economia
favorável para investimentos, ganharam mercado e contribuíram para padronizar a estrutura
física e dos serviços prestados. Foi uma questão de tempo para que as redes hoteleiras
disseminassem hotéis de diversas categorias por diferentes regiões da cidade a fim de atender
clientes de perfis específicos.
A vinda das redes hoteleiras internacionais estimulou não só a competitividade nos aspectos
construtivos e de profissionalização como também no marketing do estabelecimento ou
marca. Além desses benefícios, as grandes redes impulsionaram a modernização dos
equipamentos, devido à exigência da qualidade internacional, e uma política flexível de
preços e condições.
Ao longo desse período, houve o cuidado de manter às características tipicamente brasileiras e
paulistas, tanto na estrutura física como na profissionalização dos prestadores de serviços,
visando fidelizar o maior número de clientes. Atualmente, a variedade de meios de
hospedagem na cidade São Paulo, compreende desde hotéis de propriedade de grandes redes
internacionais até estabelecimentos independentes de porte médio. A importância desse ramo
de atividade para a economia justifica uma análise detida dos vários aspectos que a envolvem.
Esta dissertação tem por objetivo analisar o processo de transformação dos projetos hoteleiros
no Brasil, tomando por referência a cidade de São Paulo, e indicar as diretrizes que
dimensionam categorias dos meios de hospedagem.
26. 24
A iniciativa de discorrer sobre o tema explica-se pela experiência da autora no segmento
hoteleiro e sua formação em administração nessa área. O foco da pesquisa é buscar
informações que levam a correta construção das áreas funcionais, facilitando a rotina
hoteleira.
O primeiro capítulo versa sobre a origem e a evolução da hotelaria no mundo e no Brasil,
mensurando os principais empreendimentos, suas características de funcionamento e serviços
oferecidos. No fim do capítulo, listam-se as maiores redes hoteleiras do mundo com suas
respectivas características e marcas.
O segundo capítulo relata os critérios estabelecidos pelo Código de Obras do município de
São Paulo que regram a construção de hospedarias no período de 1930 a 1990, apontando as
transformações dos projetos e suas influências nas condições de uso dos equipamentos.
Examina-se a uma legislação específica para o setor, até há pouco controlada pela ABIH
(Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), através do regulamento e classificação de
meios de hospedagem.
O capítulo final analisa os pontos relevantes do novo regulamento de classificação para os
meios de hospedagem, controlado pelo Ministério do Turismo, as considerações de Nelson de
Andrade em Hotel- planejamento e projeto e as normas de acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos da ABNT NBR 9050. O estudo se encerra com
uma conclusão que reflete todos os aspectos analisados ao longo dos capítulos anteriores.
27. 25
1. O início
Este capítulo pretende esboçar um panorama histórico dos meios de hospedagem no mundo e
no Brasil, ressaltando a entrada das principais redes hoteleiras e as mudanças dos projetos
arquitetônicos no decorrer dos anos.
Viajar é atividade intrínseca ao ser humano, seja por sobrevivência, fuga, religião ou interesse
social. Segundo Ycarim Melgaço Barbosa, “desde o período em que a Terra foi povoada por
seres que praticavam caça e coleta, atividades que surgiram pelo menos desde o
desenvolvimento dos primeiros instrumentos de pedra, há 2,5 milhões de anos, os seres
humanos já se deslocavam” (BARBOSA, 2002, p.12).
Na Idade Antiga, com a introdução da moeda concebida pelos sumérios, simplificaram-se as
transações comerciais e o comércio se desenvolveu. A esse povo deve-se ainda a invenção da
escrita e da roda, que permitiu uma mobilidade antes inimaginável. Os egípcios e gregos
deslocavam-se pelos mares, desertos e montanhas, deixando um legado de conhecimentos e
experiências.
Com tantos deslocamentos e meios de transporte inadequados, começam os primeiros
viajantes a conceber formas de acomodação temporária, embrião das atividades hoteleiras.
No século V a.C., surgem as hospedarias, ainda precárias, ao longo das estradas, nos portos e
grandes centros. Joaquim Janeiro afirma que “as hospedarias apareceram por volta do século
IV a.C. e tinham como objetivo prestar serviços correspondentes às mais elementares
necessidades humanas – alimentação e abrigo” (JANEIRO, 1991, p.15).
Convém ressaltar que os Jogos Olímpicos da Grécia antiga atraíram muitos viajantes para as
cidades que os sediavam. Os gregos providenciaram vias mais largas e adequadas para o
tráfego de veículos, construindo redes de vias que davam acesso aos lugares mais procurados
pelos viajantes. Os romanos também contribuíram, com veículos de transporte de vários tipos
e técnicas inovadoras de construir estradas e pontes, uma vez que se deslocavam para pontos
sempre mais distantes, quer já integrados ao Império, quer por integrar-se a ele. Ao lado do
intuito militar ou comercial, passou a figurar também o do descanso e divertimento. Durante
esse período, os nobres escolhiam as hospedarias de acordo com o luxo e os serviços
cerimoniais oferecidos aos clientes.
28. 26
Segundo Janeiro:
Na antiga Roma, as hospedarias de maior qualidade eram identificadas pela
denominação de mansiones; havia-as espalhadas por todo o Império. Havia também
a taverna, local onde oficiais e legionários comiam e bebiam. Após a queda do
Império Romano, a Europa esteve durante dezenas de anos sujeita a um risco
diabólico: para poder viajar estava-se sujeito a uma autêntica aventura. No entanto,
foi criada a Fundação da Ordem dos Cavaleiros Hospitalares, e com ela passou a
existir segurança, criando-se uma série de hospitais e refúgios. Aí se abrigavam as
cruzadas e peregrinos que se dirigiam à Terra Santa (JANEIRO,1991, p.15).
Com a crise do Império Romano, as estradas deterioraram-se, infestando-se de assaltantes,
risco que prejudicava as viagens e afastava das hospedarias os viajantes. Lentamente, na Idade
Média, foram aparecendo as cidades feudais, fortificadas, que celebravam importantes festas
religiosas e atraíam peregrinos. O período foi marcado ainda pelas Cruzadas, movimento
armado para a defesa dos lugares santos da Cristandade, e as viagens de peregrinos cristãos
que iam à Terra Santa, Roma, Jerusalém e Santiago de Compostela.
A circulação de homens que participavam das Cruzadas e dos peregrinos propiciou
naturalmente o crescimento do número de hospedarias e alojamentos ao longo das rotas.
Segundo John Urry, “nos séculos XII e XIV as peregrinações haviam se tornado um amplo
fenômeno servido por uma indústria crescente de redes de hospedarias para viajantes,
mantidas por religiosos e por manuais de indulgência produzidos em massa. Essas
peregrinações incluíam frequentemente uma mescla de devoções religiosas, cultura e prazer”
(URRY, 2001, p.19).
Apesar da precariedade das hospedarias e alojamentos, em 1282 foi criado o Grêmio das
Hospedagens em Florença, união de empresários de alojamentos com o propósito de ajudar e
defender os interesses comuns. Em 1300, no porto de Veneza, têm início as viagens anuais de
peregrinos em caravanas para Jerusalém. É nesse período que o conhecido viajante Marco
Polo relatou suas viagens e colaborou com seus conhecimentos sobre diferentes povos,
conforme afirma Yacarim Barbosa, tendo “influenciado as viagens de Cristóvão Colombo,
que chegou a confundir a ilha de São Domingos, no Caribe, aonde chegou em 1492, com as
praias do Cipango (Japão), narradas muito tempo antes por Marco Polo. Marco Polo sempre
foi citado como o grande viajante a manter contato com a China, sendo responsável pela
introdução do macarrão e da pizza na Itália” (BARBOSA, 2002, p.27).
29. 27
No final da Idade Média, a Revolução Mercantil e o crescimento das cidades, estimularam
ainda mais o desenvolvimento das hospedarias, que passaram a oferecer refeições e vinhos,
cocheiras e alimentação para os cavalos, troca de parelhas e serviços de manutenção, limpeza
para as charretes ou outro tipo de veículo, além dos serviços de alojamento. Em 1407, na
França, foi criada a primeira lei para registro de hóspede, com a finalidade de aumentar a
segurança nas hospedarias. Vladir Vieira Duarte informa que “é também desse período o
costume de identificar os estabelecimentos comerciais colocando-se adornos em sua entrada.
Na França, as hospedarias usavam ramos verdes de cipreste ou tecidos em mastro nessa
mesma cor. Na Inglaterra, colocava-se um mastro, bem alto, pintado na cor vermelha”
(DUARTE, 1996, p.9).
Com o início da Idade Moderna, duas novas justificativas somam-se às já conhecidas: a
ampliação dos territórios europeus e a expansão das fronteiras culturais. Surge o Grand Tour,
viagens com propósitos educacionais destinadas aos jovens recém-saídos de Oxford ou de
Cambridge. As hospedarias desenvolviam-se como consequência do crescimento e destino
das viagens. Por volta de 1561, em busca de maior conforto para os hóspedes, a França
regulamentou as tarifas das hospedarias, enquanto se editava em Londres o primeiro guia de
viagens de que se tem notícias, determinando os diferentes tipos de acomodações disponíveis
para viajantes a negócio ou passeio.
Aproximadamente em 1659, surgem as diligências, carruagens puxadas por cavalos, como
importante meio de transporte na Europa. Pelos 200 anos seguintes, esses veículos facilitaram
a locomoção, garantindo um fluxo de hóspedes para as pousadas e hotéis.
É no século XVIII que o Grand Tour tornou-se comum entre a elite britânica, dando ênfase
não somente à instrução mas também ao lazer. As viagens duravam de seis meses a um ano e
meio, e os jovens se alojavam em castelos, mansões feudais e fortalezas. É interessante
destacar a importância da imprensa, que publicava relatos dessas viagens, aguçando o desejo
dos leitores por conhecer novos lugares. Ycarim Barbosa relata que “as descrições dessas
viagens constavam de livros ou eram publicadas nos jornais em breve se transformariam
numa moda para os letrados e intelectuais. Nesse renovado gênero literário, eram enaltecidas
as belezas paisagísticas, o patrimônio histórico e cultural, a gastronomia, o conforto das
estalagens e hospedarias, as vias de comunicação, os melhores meios de transportes”
(BARBOSA, 2002, p.35).
30. 28
Alguns médicos do século XVIII acreditavam que banhos de determinadas águas poderiam
contribuir para curar doenças. Entre 1720 e 1730 descobriu-se na Pensilvânia um manancial
de águas com características térmicas e minerais, descoberta que gerou a necessidade de
hotéis na região. No mesmo período, a pequena cidade de Bath, na Inglaterra, e a cidade de
Spa, na Bélgica, ofereciam banhos termais. O êxito da iniciativa levou à construção de outros
hotéis em diversas zonas de atrativos naturais, como quedas de Niágara, Cape May e Long
Branch. Segundo Duarte,
Na Inglaterra, no período de 1750 a 1820, no bojo da Revolução Industrial, as
estalagens foram substituídas pelos inns, que conquistaram a reputação de serem os
melhores hospedeiros daquela época. Tiveram seu desenvolvimento em Londres e
arredores, onde os innkeepers diversificaram e valorizaram seus serviços, que
passaram a ser vistos como alto padrão de limpeza e excelente alimentação. Na
medida em que foram sendo construídas estradas de rodagem e ferrovias que
ligavam os grandes centros às cidades portuárias, houve grande aumento na
quantidade de hotéis, principalmente nessas cidades portuárias. Os modelos de
hotéis não evoluíram fisicamente, e as novas construções mantiveram o conceito dos
existentes (DUARTE, 1996, p.10).
Com a Revolução Industrial, foi grande o avanço tecnológico no setor de transportes e
significava a melhoria nas condições de vida dos assalariados, o que se refletiu na expansão
do setor hoteleiro. Nos Estados Unidos, os albergues já eram os maiores do mundo e
ofereciam os melhores serviços da época.
Em 1794, inaugurou-se em Nova York o City Hotel. O prédio foi construído com a finalidade
específica de hotel, com 73 quartos e 70% da área total destinadas a funções áreas sociais. Os
próximos 35 anos foram uma época de ouro para a hotelaria norte-americana, uma vez que
muitos foram os edifícios construídos com essa finalidade em importantes lugares, como
Boston, Baltimore, Filadélfia e Nova York.
O número de hotéis próximos de estações termais, mares e montanhas também foi crescente,
devido às ações terapêuticas que os banhos proporcionavam. Para Yacarim Barbosa, “era o
prenúncio do turismo. A água mineral ou termal como cura são exemplos disso. Surgiram
hotéis para acolher a população e os médicos, que desempenham um papel de destaque, pois
eram eles que convenciam as pessoas da necessidade de consumir esses novos produtos, a
água e o ar, o „ar da montanha‟ ”(BARBOSA, 2002, p.44).
31. 29
Em 1829, Boston ganha o hotel mais caro e mais inovador de até então – o Tremont House.
Projetado pelo arquiteto Isaiah Rogers1
, o hotel oferecia quartos com acomodação privada,
single e double, portas com fechaduras, bacia, jarros e sabonetes para higiene pessoal nos
quartos. Para caracterizar ainda mais o luxo hoteleiro, todos os hóspedes poderiam ser
localizados no hotel por um mensageiro, serviço até então desconhecidos nos hotéis. O
Tremont House ganhou destaque também pela sua administração, já que os funcionários eram
treinados para oferecer ao hóspede o melhor atendimento.
Figura 1 - Tremont House.
Os primeiros anos do século XIX foram marcados pela evolução dos meios de transportes.
Em 1830, consolidava-se a estrada de ferro e a locomotiva a vapor de George Stephenson.
Nos anos seguintes, com a expansão da estrada de ferro, os deslocamentos tornaram-se mais
fáceis, rápidos e confortáveis. Viagens que levavam semanas foram reduzidas para dias. Em
1883, aconteceu a primeira viagem do “Expresso d´Oriente”, famosa por ligar o Ocidente ao
Oriente numa composição sobre trilhos que esbanjava luxo. A Wagons-Lits, empresa
responsável pela linha, ampliou o negócio com a construção de hotéis de luxo no trecho que o
trem percorria, uma vez que a intenção era proporcionar ao viajante o mesmo conforto e luxo
1
Arquiteto americano (1800-1869), responsável por desenvolver o protótipo para o sistema de encanamento
de água.
32. 30
dos vagões. Ainda nas décadas de 40 a 70, viu-se desenvolver o transporte marítimo turístico,
que soube adaptar-se depressa a fim de trazer conforto aos viajantes.
Voltando ao século XIX, é imprescindível mencionar que, em 1847, Thomas Cook2
abre a
primeira agência de viagens, tendo organizado uma excursão de trem para Leicester
(Inglaterra) da qual participaram 500 pessoas. O seu diferencial era o valor reduzido das
tarifas de trem, obtido junto à empresa ferroviária por conta do aumento da demanda. Cook
também foi o primeiro a fazer uso das campanhas publicitárias e de marketing de massa para
formar uma clientela. Com o sucesso dos negócios, a agência passou a organizar viagens para
diversos lugares, com grupos cada vez maiores. Interessado na satisfação contínua dos
viajantes, pôs à disposição de cada grupo um guia para conduzir aos lugares corretos. Cook
não parou com suas inovações: negociava com os hotéis que estavam no itinerário dos trens e
criou os cupons de hotel, com direito, além da acomodação, a café da manhã, almoço e jantar.
Sua intenção era atrair clientes com as tarifas diferenciadas e com a grande comodidade de
garantir reservas. As ideias de Cook deixaram um imenso legado para o que vivenciamos no
turismo e nas redes hoteleiras. Tantos deslocamentos – independente da finalidade –
beneficiaram, sobremaneira o mercado hoteleiro, gerando um crescimento segundo a
necessidade de cada região e público.
Por volta de 1884, Theodor Baur abre o Hotel Baur au Lac, em Zurique e consciente de que
era preciso melhorar a mão de obra para desenvolver a hotelaria, funda a primeira escola de
formação de pessoal para hotelaria em Ouchy, Lausana. Em 1889, inaugurou o Hotel Savoy,
em Londres, sob administração do hoteleiro suíço César Ritz. O hotel foi considerado o
primeiro de luxo europeu, com instalações elétricas e quartos suítes para banhos.
Nos Estados Unidos, nesse mesmo período, à medida que se estendia a rede ferroviária, mais
hotéis eram construídos nas imediações das vias. Segundo Duarte,
Até o final do século XIX, o desenvolvimento hoteleiro foi muito grande, chegando
a comprometer a qualidade, afetada pelo baixo número de bons hotéis no país e pela
larga oferta de hotéis pequenos, sem conforto, carentes de normas de serviço, de boa
alimentação e limpeza, geralmente próximos às estações ferroviárias. A grande
massa da população não encontrava satisfação. No hotel modesto havia falta do
conforto e nos de luxo a insatisfação vinha dos elevados preços. Essa concorrência
2
Empresário inglês (1808-1892), um dos pioneiros na utilização das campanhas de marketing para atrair
clientes.
33. 31
entre hoteleiros, nas mais diversas localidades, resultou em consideráveis desvios da
tradição americana de hotéis destinados à satisfação e igualdade de tratamento
(DUARTE,1996, p.12).
Geraldo Castelli, ao analisar o assunto, acrescenta que, “em território europeu no fim do
século XIX, homens como César Ritz, procuraram dar forma e organização aos hotéis. É bem
verdade que estes se destinavam às classes abastadas. Nessa época, o importante para o hotel
era o título do cliente, que valia fortunas, pois sua permanência no hotel se estendia por
longos períodos” (CASTELLI, 1977, p. 32).
Nesse momento, surgiram os hotéis de grande luxo, como Savoy, Ritz, Claridge, Carlton e
outros, acompanhando a tendência dos trens e navios de passageiros. O Hotel Savoy, em
Londres, impressionou pelas modernas técnicas de arquitetura, como a construção à prova de
fogo, com estruturas de aço e concreto, luz elétrica e elevadores.
Nos Estados Unidos, os navios eram embarcações luxuosas que ofereciam hospedagem,
cassino e diversões aos clientes, porém as interrupções provocadas pelos vários dias de
reparos de falhas mecânicas ensejaram construir hospedarias de apoio ao longo dos rios
navegáveis.
Por volta de 1908, na cidade americana de Búfalo, Ellsworth M. Statler inaugurava o Statler
Hotel, o primeiro hotel comercial moderno a enfrentar a saturação de mercado. Entre as
novidades que oferecia, contavam-se porta corta-fogo nas escadarias principais, interruptor de
luz ao lado das portas de entrada nos ambientes, água corrente, banheiros privativos e espelho
de corpo inteiro em todos os apartamentos e jornal matutino gratuito para os hóspedes. Statler
atentou para que o projeto arquitetônico se estruturasse de modo a facilitar a prestação de
serviço e limpeza. O slogan que identificava seu hotel era A room and a bath for a dollar and
a half. Com tantas inovações, não demorou para que Statler criasse uma das primeiras cadeias
hoteleiras: a Statler Hotel Company.
34. 32
Figura 2 - Statler Hotel.
A desfeito do sério entrave econômico representado pela Primeira Guerra Mundial, o período
de 1910 a 1920, nos Estados Unidos, foi considerado a segunda época de ouro para as
construções hoteleiras, que atingiu altos números de hotéis e dólares gastos. Entre os hotéis
famosos construídos nessa década, importa mencionar o Hotel Pensilvânia, em Nova York, e
o New Yorker, de Ralf Ritz e Stevens Hotel, em Chicago, com mais 3 mil apartamentos.
Castelli afirma que, na Europa,
Após a Primeira Guerra, de 1914-18, verificou-se profunda mudança. O progresso
técnico mudou as estruturas sociais existentes. (...) Começou a trabalhar nas
indústrias, obtendo-se direito a férias. Este fato deu surgimento a um outro, o
chamado „pecado original‟ do turismo, que é a sazonalidade, ainda mais agravada
com o surgimento do automóvel, que permitiu maior mobilidade (CASTELLI,1977,
p.32).
Em contraposição à década anterior, os anos 30 – de forte recessão econômica – foram os
piores para o mercado hoteleiro, tendo 85% das propriedades ficado sob intervenção judicial.
Ao fim da década, apesar dos sinais de recuperação, os investidores não se mostravam
seguros com o negócio hoteleiro.
A recuperação efetiva veio somente com a Segunda Guerra Mundial:
35. 33
Milhões de norte-americanos foram para as Forças Armadas. Áreas de concentração
de produção de armamento deslocaram pessoas de seus lares. Com essa atividade
em força total, a demanda de apartamentos e serviços nos hotéis atingiu o máximo.
Era comum ver pessoas dormindo nos lobbies dos hotéis, porque faltavam
apartamentos disponíveis. Tendo perdido 50% de seu pessoal treinado, que foi
requisitado pelas Forças Armadas, evidentemente os padrões de serviços também
caíram. Mas a forma como o serviço foi mantido acabou por ser considerada
espantosa (levando-se em conta todas as deficiências que o hotel tinha que superar
em sua operação). Embora a hotelaria não fosse classificada como atividade
essencial, os hoteleiros puderam sentir-se orgulhosos pela contribuição ao esforço de
guerra e felizes pelos altos lucros (DUARTE, 1996, p.14).
No período pós-guerra, poucas construções foram feitas e os hotéis já estabelecidos
mantiveram o número de apartamentos. Joaquim Janeiro apresenta uma visão global sobre o
mercado hoteleiro:
É a partir do final da Segunda Guerra Mundial que se verifica no mundo a chamada
“indústria turística”. O incremento qualitativo e quantitativo que se observa oferece-
nos uma definição significativa:
- Hotel – estabelecimento formado por um conjunto de explorações destinadas a
oferecer os serviços próprios, alojamento e mesa; ou
- Hotel - estabelecimento que deverá fornecer um bom serviço de alojamento, de
refeições, bar, tratamento de roupa, informações turísticas e de caráter geral,
instalações confortáveis, zonas coletivas que proporcionem oportunidades de
convívio (JANEIRO,1991, p.17).
Na década de 50, as famílias norte-americanas já viajavam em veículo próprio e preferiam a
informalidade no atendimento, o que impulsionou o fortalecimento do mercado de motéis. Em
1963, havia 36 mil motéis ao longo das estradas. Dois anos mais tarde, os hoteleiros sentem a
concorrência e decidem agregar os motéis à American Hotel Association, cuja sigla passa a
ser AHMT. E neste mesmo período, o mercado norte-americano realizou um amplo programa
de modernização, estimado em vários bilhões de dólares.
As décadas de 60 e 70 foram marcadas pela construção dos hotéis Hyatt e suas inovações
arquitetônicas. Os projetos de John Calvin Portman, o arquiteto responsável, evidenciavam o
lobby do hotel, com altura de pés-direitos de 20 ou mais andares, elevadores de vidro, lagos
internos, instalações para lazer e iluminação feérica.
36. 34
Figura 3 - Hyatt Regent Atlanta - 1967.
Figura 4 - Hyatt San Francisco Atlanta - 1973.
Nas décadas seguintes, o mercado hoteleiro se desenvolveu de acordo com a demanda de cada
região e as exigências dos clientes. Verifica-se grande quantidade de fusões e aquisições de
hotéis, principalmente nas redes norte-americanas, europeias e asiáticas, dando origem a
grandes grupos hoteleiros, os quais dominaram o mercado pela diversidade e facilidade que
podiam e podem oferecer, como estruturas luxuosas e serviços padronizados.
Com o propósito de ilustrar o avanço do mercado hoteleiro no final do século XX e início do
século XXI, enumeraram-se as principais redes hoteleiras.
37. 35
1.1 O Hotel Paris Ritz – um marco para a hotelaria
É valido destacar o Hotel Paris Ritz3
devido à sua grande contribuição na história da hotelaria.
Seu fundador, Cesar Ritz, iniciou aos 15 anos sua trajetória hoteleira como aprendiz de
garçom. Nos anos seguintes, trabalhou em diversos hotéis e restaurantes da Europa e, aos 27
anos, assumiu o cargo de gerência e transformou o Grand National de Lucerna, na Suíça,
num dos hotéis mais elegantes do Velho Mundo. Após onze anos na gerência, Ritz decidiu
dirigir seu próprio bufê, e depois um pequeno hotel, porém as curtas temporadas causaram
prejuízos financeiros, levando ao encerramento das atividades. Nessa época, aceitou uma
proposta de gerência num hotel em Monte Carlo e conheceu o chef Auguste Escoffier, com
quem desenvolveu um trabalho de excelência na prestação de serviço para a alta culinária.
Em 1889, o hotel Savoy, de Londres, convidou a dupla para transformar seu restaurante num
lugar de encontro socialmente aceitável, costume até então não aprovado pela alta sociedade.
Ritz permaneceu nove anos no Savoy, mas durante esse período esteve envolvido com outros
hotéis localizados em Roma, Frankfurt, Monte Carlo, Salsomaggiore, Wiesbaden, Biarritz,
Lucerna, Mentone e Palermo. Em 1896, fundou The Ritz Hotel Syndicate Limited, com o
apoio financeiro de alguns de seus clientes. Dois anos mais tarde, Ritz deixou o Savoy e
desenvolveu a ideia de uma galeria de butiques dentro do Hotel Pilote, em Paris.
A cada ano, aumentava o desejo de Ritz em construir seu próprio hotel em Paris, com o
intuito de ser o mais bonito e moderno da cidade. Em 1º de junho de 1898, inaugurou o Ritz
Paris, na Place Vendôme, com o auxílio do arquiteto Charles Mewés.
O edifício que Ritz escolheu para seu hotel já contava mais de um século, e seu objetivo era
preservar a aparência externa. Mewés reformou o prédio, modificando apenas quatro das seis
arcadas da fachada, para obter mais espaço para carruagens. O hotel oferecia uma diversidade
de amplas salas decoradas com mobiliário, tapeçarias e lustres nos estilos clássicos da
decoração francesa, da época de Luís XV até o período imperial. As poltronas da sala de
jantar tinham todas um pequeno gancho de metal, para que as damas pudessem pendurar as
bolsas.
3
As informações citadas no capítulo são baseadas no site oficial do hotel.
38. 36
A decoração de cada apartamento era exclusiva, com pinturas holandesas, armários embutidos
e closets, móveis de luxo, abajures revestidos com seda rosa e cortinas de musselina branca
que podiam ser lavadas com frequência. Nos quartos voltados para o sul, as cores utilizadas
eram azul, branco e cinza e, nos quartos voltados para o norte, tonalidades de amarelo, devido
à carência de luz durante o dia. Toda a estrutura física do hotel era acompanhada por
atendimento 24 horas por dia, com a maior prontidão e atenção possível, por mais complexo
que fosse o pedido.
O sucesso do empreendimento Ritz levou um dos investidores a fundar The Ritz Hotels
Developmente Company Limited, empresa que oferecia aos que hoje chamaríamos
franqueados o nome, gerentes, o prestígio, a confiança e a publicidade. Em 1910,
inauguravam-se o Ritz de Madri e Nova York; em seguida, em Lucerna, Buenos Aires,
Mentone, Evian, Roma, Lisboa, Nápoles, Barcelona, Salsomaggiore, Montreal e Atlantic
City.
Em 1918, ano em que faleceu Ritz, seu hotel de Paris já contava com uma galeria de lojas
luxuosas e exclusivas de Paris, já que era sua convicção que as coisas belas deveriam ficar
expostas para tornar a estadia do hóspede mais prazerosa. A viúva de César, Marie Louise,
vinda de família hoteleira e com conhecimento na área, assumiu o hotel. Em 1953, aos 85
anos de idade, passou a presidência a seu filho Charles, que se deparou com um hotel
construído no século XVIII, com problemas de fiação e encanamentos, num período em que o
perfil da clientela estava muito distante do que fora no começo do século. A modernização e
redecoração eram tabu no Ritz e em 1976, falece Charles sem que o hotel tivesse passado por
mudança alguma. Sua esposa, Monique, assumiu a presidência de um hotel ao qual faltava
praticamente tudo, exceto a boa reputação.
39. 37
Figura 5 - Ritz Paris.
Em 1979, o Ritz Paris foi vendido, por 30 milhões de dólares, para Mohamed, Salah e Ali Al
Fayed, donos do Alfayde Investment and Trust, administradora de negócios no setor bancário,
de navegação, construção e petróleo. A reforma, que custou 100 milhões de dólares, não
descaracterizou a construção do hotel. Todos os ambientes foram redecorados, o sistema de
aquecimento substituído, os banheiros receberam novas instalações, o ar-condicionado foi
instalado em todo o hotel, construíram-se piscinas, clinica médica, quadras de squash, salões
para bailes, uma cozinha nova e instalações para funcionários. Surgem as suítes Chopin,
Windsor, Proust e Cocteau, redecoradas para atender um público com interesse em pernoitar
onde personalidades importantes e famosas se hospedaram. Os novos proprietários
mantiveram o perfeccionismo de Ritz na prestação de serviço, aliando a imponência de um
palácio criado para príncipes à comodidade de um lar hóspedes habituais.
Neste breve panorama do processo histórico da hotelaria, examinamos a evolução do
segmento seja nos aspectos físicos como no de atendimento, de acordo com a demanda e
influência cultural de cada região do mundo. Focalizam-se a seguir as principais redes
hoteleiras a fim de apontar um recente mercado no segmento hoteleiro.
1.2 As maiores redes hoteleiras do mundo
Considerar-se-ão agora as principais redes hoteleiras para demonstrar como evoluiu o
mercado nesse segmento, proporcionando forte movimentação econômica para o setor.
40. 38
A revista americana Hotels Magazine, em junho de 2009, divulgou o ranking das 300 maiores
redes hoteleiras do mundo, avaliação que considera – entre os tópicos relevantes - a
quantidade de apartamentos.
O maior grupo hoteleiro é o InterContinental Hotels Group4
(IHG), empresa do Reino Unido,
que possui, administra, arrenda ou franqueia, por meio de várias subsidiarias, mais de 4.186
hotéis, 619.851 apartamentos em aproximadamente 100 países ao redor do mundo.
Comercializa as marcas InterContinental Hotels & Resorts, Holiday Inn Hotels & Resorts,
Holiday Inn Express, Staybridge Suites, Crowne Plaza Hotels & Resorts, Hotel Indigo e
Candlewood Suites.
A história do IHG pode ser considerada a partir de 1777, quando William Bass deu sequência
à sua carreira e à de sua família, fortalecendo o ramo de malte e cerveja na região de Burton-
on-Trent, no leste de Staffordshire, Inglaterra, fundando a Bass Brewery. Em 1989, o governo
britânico limitou o número de cervejarias, forçando a Bass Brewery a diversificar suas
atividades e investir em pequenos hotéis. Dois anos mais tarde, comprou a marca Holiday Inn
International, expandindo os negócios para a América do Norte.
Em março de 1998, adquiriu a marca InterContinental, estendendo-se para o mercado de luxo.
Dois anos mais tarde, a Bass Brewery vendeu seus ativos para a principal cervejeira belga, a
Interbrew, mudando seu nome para Six Continents PLC. Em 2003, criou-se a razão social
IHG após a Six Continents dividir-se em duas empresas: Mitchells and Butlers e
InterContinental Hotels Group. A IHG lidera o ranking das 300 maiores redes hoteleiras
desde 2004 e registrou em 2010 crescimento de 5,9%.
4
Disponível em: http://www.ichotelsgroup.com/h/d/6c/220/pt/home Acesso em 02/04/2010.
41. 39
Figura 6 – Hotel Holiday Inn – Londres
A segunda maior rede é a Wyndham Hotel Group5
, fundada em Dallas, Texas, por Trammel
Crow. O crescimento da empresa acelerou-se após ter-se integrado a um REIT (Real Estate
Investment Trust)6
, chamado Patriot American Hospitality (PAH). No final dos anos 90,
adquiriu várias carteiras de hotéis, rebatizando-os como Wyndhans.
Em 1998, para criar uma marca com serviço elitizado, adquiriu a Hotel Summerfield
Corporation, que passou a chamar-se Summerfield Suites Wyndham. No mesmo ano, adquiriu
a Grand Bay Hotels & Resorts, que incluía 11 hotéis de luxo. Em seguida, lançou a
Wyndham Garden Hotéis, propriedades de pequeno porte localizadas nas imediações de
aeroportos. A empresa também adquiriu hotéis na Europa, como o Great Eastern Hotel, de
Londres. Em março de 1999, o Grupo realizou uma reestruturação, transformando-se no
Wyndham Internacional. Para saldar dívidas, até 2004 teve de vender muitos de seus hotéis
para o InterContinental Group. No ano seguinte, a Wyndham Internacional foi adquirida pelo
Blackstone Group por aproximadamente US$ 3,24 bilhões.
No decorrer de 2005, alguns hotéis foram vendidos para o Goldman Sachs Group e Columbia
Sussex. A Blackstone revigorou a marca da maioria dos seus ativos, como LXR Luxury
Resorts, e vendeu a Wyndham e Wyndham Garden Hotel para a Cedant e a marca
Summerfield Suites para a Global Hyatt. Em agosto de 2006, todos os hotéis da Cedant
5
Disponível em: http://www.wyndham.com/main.wnt Acesso em 21/04/2010.
6
É a designação do imposto de uma empresa que investe em imóveis com o benefício de reduzir ou eliminar
imposto sobre rendimento das sociedades. Os REITs são obrigados a distribuir 90% dos seus rendimentos entre
os investidores.
42. 40
tornaram-se parte da Wyndham Worldwide. No início de 2009, a Wyndham Worldwide
atuava em todos os continentes com as marcas: Wyndham, Ramada, Days Inn, Super 8,
Wingate by Wyndham, Baymont Inn & Suites, Microtel Inn & Suites, Hawthorn Suites,
Howard Johnson, Travelodge e KnightsInn, totalizando 7.043 hotéis e 592.880 apartamentos.
Figura 7 – Hotel Galvez & SPA, Wyndham Grand Hotel – Texas
A terceira maior rede é a Marriott Internacional7
, com 2.800 hotéis localizados nos Estados
Unidos e outros 69 países, com as marcas Marriott Hotels & Resorts, JW Marriott Hotels &
Resorts, Renaissance Hotels & Resorts, Courtyard, Marriott Executive Apartments, Residence
Inn, Fairfield Inn, Marriott Conference Centers, Town Place Suites, Spring Hill Suites by
Marriott e Marriott Vacation Club.
A quarta rede hoteleira é a Hilton Hotel Corporation, cuja história começa em 1917 com
Conrad Hilton, quando comprou seu primeiro hotel, The Mobley, em Cisco, Texas. Em 1925,
ele constrói o primeiro hotel com o nome Hilton, em Dallas. Anos depois, adquiriu dois
hotéis em NYC, The Roosevelt e The Plaza. Por volta de 1953, é inaugurado o primeiro
Hilton na Europa: The Castellana Hilton, em Madrid. No ano seguinte, o Grupo Hilton
adquire a Hotels Statler Company, a transação imobiliária mais cara até então. Em 1964, a
companhia separou suas operações internacionais, conhecida como Hilton Hotels
Corporation. Um ano depois, Hilton deu início ao franchising dos seus hotéis nos Estados
Unidos. Em 2009, o Grupo atuava em 80 países com 10 marcas: Hilton, Conrad Hotels &
Resorts, Doubletree, Embassy Suites, Hampton, Hilton Garden Inn, Hilton Grand Vacation,
7
Os dados históricos sobre a rede estão apenas disponíveis no site da empresa, que narra o início da trajetória,
com a abertura de um pequeno quiosque de refresco em Washington, DC, em 1927, por J.Willard e Alice S.
Marriott.
43. 41
Home 2 Suites by Hilton, Homewood Suites e Waldorf Astoria, totalizando 3.300 hotéis da
rede.
Figura 8 – Courtyard Philadelphia Downtown - USA
Figura 9 – Hotel Hilton Checkers – Los Angeles.
44. 42
A Accor Group Hotels8
ocupa o quinto lugar no ranking, com 3.983 hotéis e 478.975 quartos.
O grupo iniciou sua história em 1967, com a abertura do primeiro hotel, Novotel, em Lille,
França, por Gérald Pélisson e Paul Dubrule. Em 1974, inaugura o primeiro Hotel Ibis em
Bordeaux. No ano seguinte, adquiriu a cadeia Mercure, considerada, na época, 3 estrelas.
No início dos anos 80, continuaram com suas aquisições, como a cadeia Sofitel, de 4 estrelas,
e a Jacques Borel Internacional. Em 1983, o grupo tornou-se oficialmente Accor, com 440
hotéis em 45 países diferentes. Dois anos mais tarde, a rede inaugurou o Formule 1, um hotel
com conceito econômico. No mesmo ano, criaram a Academia Accor, a primeira universidade
corporativa na França, destinada às atividades de serviço. Nos anos 90, adquiriram as cadeias
de hotéis econômicos Motel6, EtapHotel e a Lenôtre, conhecida empresa de gastronomia. Em
2002, inauguraram o Sofitel Chicago Water Tower e outros 13 hotéis em grandes cidades.
O ano de 2004 foi repleto de aquisições, como a participação de 34% no grupo Lucien
Barrière, companhia europeia de cassinos, 28,9% de participação no Club Méditerrané, e
participação nos Jogos Olímpicos de Atenas, apoiando as equipes francesa e australiana.
Em 2005 a rede inaugurou seu 4.000º hotel, o Novotel Madrid, em Sanchinarro, Espanha.
Nesse mesmo ano, a Colony Capital9
investiu €1 bilhão na Accor com o intuito de alavancar o
grupo. O resultado desse investimento apareceu no final do ano: mais de 10.000 quartos só na
China com as marcas Sofitel, Novotel e Ibis. Em 2006, os investimentos continuaram em
diversos países do mundo, como na Índia, com a inauguração de hotéis das marcas Sofitel,
Novotel, Mercure, Ibis e Formule 1. O ano seguinte também foi de expansão, com a aquisição
de 50 hotéis da marca Dorint na Alemanha, a inauguração do 300º hotel da rede na Ásia, a
reconfiguração da marca Sofitel como a mais luxuosa do mercado internacional o lançamento
de uma nova marca de luxo dedicada aos executivos: Pullman.
A novidade da rede em 2008 foi o lançamento do programa fidelidade A│Club e o 800º Ibis
Hotel em Xangai, na China. No início de 2009, a Accor e o Mastercard fizeram uma aliança
estratégica da qual surgiu a da PrePay Solutions, a líder europeia em pré-programas para
companhias e instituições públicas. O Grupo Accor oferece ao público, em 2009, 15 marcas
da mais luxuosa até a econômica, como o Sofitel, Pullman, MGallery, Novotel, Mercure,
8
Disponível em: http://www.accor.com/en.html Acceso em 22/04/2010.
9
É uma empresa privada que se concentra em investimentos imobiliários por todo o mundo.
45. 43
SuiteHotel, Ibis, All Seasons, Etap Hotel, Hotel F1, Motel6, Accor Thalassa, Orbis, Adago e
Studio6.
Figura 10 – Hotel Mercure Paris Terminus Nord – Paris
Em sexto lugar no ranking das maiores redes hoteleiras focou a Choice Hotels Internacional10
.
A rede teve início nos anos 40 e foi a primeira a controlar as normas e regras nos seus hotéis.
Dez anos mais tarde, os hotéis da rede foram pioneiros em oferecer telefones nos quartos.
Em 1970, a rede começa a utilizar um sistema de reservas por meio de número gratuito, 800, e
com serviço 24 horas. Nos anos 80, a rede inaugurou as marcas Quality Royale e Confort Inn.
Em 1983, desenvolveram um sistema de reservas que uniu os centros de reservas dos hotéis
dos Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha e
Japão com os sistemas das empresas áreas e agências de viagens. No final da década,
lançaram a marca Sleep Inn.
No início dos anos 90, a companhia ficou o nome do grupo em Choice Hotel Internacional.
Nos anos seguintes, inauguraram a marca Rodeway Inn e Main Stay Suites. Em 1996,
lançaram o primeiro sistema geográfico para identificar os pontos comerciais próximos a cada
hotel da rede. Um ano mais tarde, lançaram no site da rede um espaço dedicado aos agentes
de viagens.
Em 2004, a rede inaugurou uma filial no México, o primeiro passo para levar seus hotéis. Um
ano depois, lançou uma nova marca de hotéis de luxo, a Cambria Suites. Nesse mesmo ano,
abriu seu 5.000º hotel com o Comfort Suites, em Geneva. Adquiriram a Suburban Franchise
10
Disponível em: http://www.choicehotels.com/ Acesso em 20/04/2010.
46. 44
Holding Company e sua filial Suburban Franchise Systems, acumulando 9.000 quartos
somente na faixa de hotéis econômicos. Em 2009, a rede reúne 10 marcas: a Comfort Inn,
Comfort Suites, Quality, Sleep Inn, Clarion, Cambria Suites, MainStay Suites, Suburban,
Econo Lodge e Rodeway Inn, totalizando 5.827 hotéis com 475.000 quartos em mais de 30
países. Segundo o site da Choice Hotel Internacional, registrado em março de 2009, a rede
tem 896 hotéis em construção.
Figura 11 – Comfort Inn & Suites – Califórnia
A sétima maior rede do mundo é a Best Western Internacional11
, fundada em 1946 por MK
Guertin, um hoteleiro com 23 anos de experiência. A cadeia começou informalmente, com
cada hotel recomendando outro local de acomodação que estivesse na rota dos viajantes e
turistas. Em 1962, a Best Western era a única rede que cobria todos os Estados Unidos e o
Canadá. Um ano mais tarde, a rede era a maior cadeia hoteleira, com 699 hotéis e 35.201
quartos.
Em 1966, a rede transferiu seu escritório central de Long Beach, Califórnia, para Phoenix,
Arizona. A direção da empresa decidiu pela mudança devido à forte redução de despesas que
adviria com a centralização das operações assim como pelo potencial para expandir os
serviços de fidelização. Uma nova expansão dos serviços da Best Western foi anunciada. As
mudanças incluíam: estabelecimento de um novo centro de reservas, oferecendo atendimento
telefônico gratuito para viajantes a negócios com estadia breve, agentes de viagens e turistas
em férias organizadas pelo American Express; ampliação para a Europa, Caribe e Pacífico;
melhoria dos padrões do serviço de fidelização; abrindo escritórios de vendas em Washington,
11
Disponível em: http://www.bestwestern.com/ Acesso em 20/04/2010.
47. 45
Montreal, Phoenix e Seattle. Em 1976, a rede tinha hotéis no México, Austrália e Nova
Zelândia.
Em 1979, a própria rede surpreendeu-se com o imponente número de 15 milhões de hóspedes,
que geraram 1 bilhão de dólares. Um ano depois, a rede tinha 19 hotéis na Dinamarca, 120
hotéis na França, 19 na Finlândia, 23 na Espanha, 19 na Suécia e 93 na Suíça. Nos anos
seguintes, a rede ganhou espaço em Israel, Noruega, Portugal, Rússia, Lituânia, Japão e
China. Em 2009, a rede administrava 4.000 hotéis em 80 países.
Figura 12 – Best Western Plaza Kokai Cancún – México
Em oitavo lugar no ranking está a Starwood Hotels & Resorts Worldwide12
, com 942 hotéis e
284.800 quartos. A rede foi formada pela Starwood Capital, iniciada em 1991, mas somente a
partir de 1995 envolvida em projetos no mercado hoteleiro, tendo adquirido ou lançado
algumas marcas ao longos do anos, como o Sheraton, Four Points by Sheraton, The Luxury
Collection, Meridien, Westin, Aloft Hotels, Element Hotels, W Hotel e The St.Regis.
O nono lugar é da Carlson Hotels Worldwide13
, com 6 marcas: Regent Hotels & Resorts,
Radisson Hotels & Resorts, Park Plaza Hotels & Resorts, Country Inn & Suites, Park Inn e
Carlson Wagonlit Travel, totalizando 1.013 hotéis com 151.077 quartos.
12
Disponível em: http://www.starwoodhotels.com/ Acesso em 21/04/2010.
13
Disponível em: http://www.carlson.com/ Acesso em 21/04/2010.
48. 46
Figura 13 – Sheraton Chicago Hotel & Towers – Chicago
A história da rede começou em 1938, quando Curtis L. Carlson fundou a Gold Bond Stamp
Company, em Minneapolis, Minnesota. Ele sabia que o mercado de lojas de conveniências,
farmácias, postos de gasolina, entre outros, poderia usar selos para distinguir seus serviços
dos concorrentes. No final dos anos 60, decidiu expandir seus negócios para a indústria
hoteleira. Dez anos depois, a empresa adquiriu muitas outras empresas, como T.G.I Friday´s e
Radisson Hotels e, com o intenso crescimento, a empresa passou a chamar-se Carlson
Companies. A diversidade de setores mantém-se até hoje, com operações de viagens,
cruzeiros, hotéis, restaurantes e eventos.
Figura 14 – Park Plaza Wallstreet Berlim - Alemanha
49. 47
Em décimo lugar no ranking está a Global Hyatt Corporation14
, em atividade desde 1957,
quando inaugurou seu primeiro hotel, próximo ao aeroporto de Los Angeles. Ao longo dos
anos, a empresa prosperou administrando hotéis econômicos. Em 1967, abriu a Hyatt
Regency Atlanta, na Geórgia. A arquitetura desse hotel chamou a atenção do mercado
hoteleiro devido à sua estrutura e à decoração do lobby do hotel. Em 1969, já funcionavam 13
hotéis Hyatt nos Estados Unidos e um Hyatt Regency em Hong Kong. Com essas
inaugurações, a empresa instituiu a Hyatt International Corporation.
Na década de 80, surgem as marcas Grand Hyatt, Park Hyatt e Hyatt Regency Maui Resort &
Spa. Em 2009, são seis as marcas do grupo: Andaz, Hyatt Regency, Park Hyatt, Grand Hyatt,
Hyatt Place e Hyatt Summerfield Suites, totalizando 365 hotéis e resorts, com 111.332
apartamentos em 45 países.
Figura 15 - Hyatt Regency San Francisco Airport - Califórnia
As redes hoteleiras, como as citadas acima, são empresas de grande poder aquisitivo, que
investem maciçamente para manter-se ativas e atualizadas nesse mercado exigente. É
relevante observar que cada empresa se distingue por traços próprios de estilo de construção,
o que identifica os estabelecimentos de cada rede e facilita a fidelização dos clientes. Num
mundo globalizado, não podia ser outro cenário nesse ramo da economia.
14
Disponível em: http://www.hyatt.com/hyatt/about/index.jsp Acesso em 21/04/2010.
50. 48
1.3 A hotelaria no Brasil
A finalidade básica das hospedarias, desde a sua gênese, é abrigar e alimentar comodamente
viajantes em trânsito, seja seu deslocamento por razões de negócios, lazer, peregrinação
religiosa ou qualquer outra. A evolução dos meios de transporte sempre desempenhou papel
de relevo no destino e perfil das hospedarias, especificamente em países de grande extensão
territorial, como o Brasil.
A atividade hoteleira no Brasil teve início no período colonial, quando os viajantes
hospedavam-se nos casarões das cidades, conventos, fazendas e ranchos à beira das estradas.
Em 1554, a primeira hospedaria em São Paulo foi casa do Pe. Anchieta no Planalto, que
hospedava viajantes, peregrinos e religiosos. Até 1609, a hotelaria pouco evoluiu, porém não
escapava da fiscalização. O Procurador da Câmara visitava as tabernas e hospedarias,
identificando as que comercializavam vinhos e as caracterizava com um ramo verde na porta,
o que facilitava a cobrança de impostos. Sobre a cidade do Rio de Janeiro, Trigo afirma:
Em 1703, um anônimo viajante francês, de passagem pelo Rio de Janeiro, no dia 10
de julho, deixou relatado que foi obrigado a dormir a bordo de seu navio porque não
havia “como em França, hospedarias nem quartos mobiliados para alugar”. Essa
situação perdurou durante muito tempo. Em 1787, o cirurgião inglês John White,
cansado de percorrer com outros passageiros de seu navio as ruas estreitas do Rio de
Janeiro, considerou o maior incômodo não achar “café ou hotéis onde pudéssemos
tomar refresco ou passar uma ou duas noites em terra”. A mesma situação ocorria
em outras cidades brasileiras, como Salvador (TRIGO, 2000, p.153).
No Rio de Janeiro, somente no século XVIII, começam a surgir estalagens ou casas de pastos,
que inicialmente ofereciam refeições e depois ampliaram seus negócios com quartos para
dormir. Ana Maria Dinis Rosalini afirma que “no século XVIII é que surgiu a primeira
classificação das hospedarias paulistanas. A primeira Categoria é definida como simples
pouso de tropeiro, a segunda Categoria como telheiro coberto ou rancho ao lado das
pastagens, a terceira Categoria é composta por venda, mistura de venda e hospedaria, a quarta
Categoria abrange estalagem ou hospedarias e a quinta Categoria os hotéis”(ROSALINA,
2006, p. 20).
As casas de pouso e estalagens para tropeiros e viajantes começam a aparecer no século XIX.
Em São Paulo, os viajantes só podiam hospedar-se com cartas de recomendação. Nesse
mesmo período, com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro e a abertura dos portos,
51. 49
o fluxo de estrangeiros aumentou, e provocando aumento de demanda de alojamentos, casas
de pensão, hospedarias e tabernas. Na cidade de São Paulo, o número de hospedarias também
crescia, mas o viajante só tinha direito a hospedar-se nelas se junto de sua bagagem trouxesse
uma carta de recomendação. É interessante salientar que as hospedarias consistiam em poucos
quartos pequenos, desprovidos de janelas, sem conforto e pouco limpos, eram casas de pousos
destinadas a atender às necessidades simples dos viajantes. Aqueles que desejassem ficar mais
bem acomodados tinham de contar com a hospitalidade oferecida por particulares.
Em 1828, o Governo Imperial autorizou por Carta de Lei a construção e exploração de
estradas em geral, dando início à construção de ferrovias e rodovias. Em 1835, investidores
privados daqui e do exterior aceleram a construção de estradas de ferro com o intuito de
facilitar as viagens entre as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande
do Sul e Bahia. A primeira destinação da ferrovia foi transportar cargas, até então levadas em
lombo de mulas. Trechos de caminho de ferro são inaugurados a partir de 1852.
Ao longo dos anos, muitos estabelecimentos valeram-se da denominação hotel, a fim de
elevar o padrão do local, independentemente do número de quartos ou da qualidade do
serviço.
Em 1842, inaugurou-se o Hotel Pharoux, com sua casa de banhos aberta ao público, no Largo
do Paço, junto ao cais do porto do Rio de Janeiro. Convém salientar que toda a estrutura era
importada, já que – por não estar no Brasil ainda industrializado – todos os materiais que
integraram a obra – azulejos, móveis, cerâmicas – precisavam vir de fora.
Figura 16 - Hotel Pharoux.
52. 50
A partir de 1850, com a construção da estrada de ferro, a cidade de São Paulo experimenta
grandes transformações econômicas, sociais e urbanas. Em 1854, muitos hotéis foram
inaugurados em locais privilegiados, como o Hotel Paulistano, na rua São Bento, o Hotel do
Comércio, de Hilário Magro, na rua Floriano Peixoto, o Hotel da Província, na rua do
Comércio, o Hotel Universal, no Pátio do Colégio, e o Hotel Quatro Nações, transformando
em Hotel da Itália e em seguida em Hotel de França. Nos fim dos anos 50, São Paulo tinha o
pequeno Hotel Palm, erguido por Carlos Abraão Bresser, construção que apresentava,
seguindo “indícios de que poderia constituir um dos primeiros exemplares edilícios na cidade
em que se empregaram tijolos, ao menos na execução de suas paredes externas” (CAMPOS,
2009, p.24).
Figura 17 - Hotel Palm. Foto de autoria de Militão Augusto de Azevedo, 1862.
Carlos Abraão Bresser ergueu também um prédio, conhecido como Casa de Sotéia, que
abrigava um restaurante, e onde se instalou em 1856, o Hotel do Lion d´Or, pouco tempo
depois rebatizado de Hotel des Voyageurs.
A edição de 1858 do Almanaque Laemmert reúne numa única referência hotéis e casas de
pastos, vestígio da identidade original que havia entre esses estabelecimentos. Entre
estalagens e hotéis, havia em São Paulo 195 estabelecimentos, dos quais 78 pertencentes a
brasileiros.
53. 51
Figura 18 - Anúncio do Hôtel des Voyageurs.
Em 1867, com o funcionamento da estrada de ferro de Santos a Jundiaí, a facilidade de
locomoção fez crescer o fluxo de comerciantes e forasteiros na Província de São Paulo, o que
demandava de hotéis maiores e mais bem elaborados, coisa inédita até então, uma vez que os
hotéis paulistanos ocupavam sobrados adaptados de outros uso. Os novos hotéis, Hotel
Europa e Hotel do Globo, ofereciam acomodações limpas acompanhadas de boas refeições,
mas o destaque desse período foi o Grande Hotel, projetado de acordo com os padrões
internacionais.
Inaugurado em 1º de julho de 1878, o Grande Hotel, na Rua São Bento, apresentava três
luxuosos pavimentos projetados pelo arquiteto Hermann Von Puttkamer. Segundo Antônio
Rodrigues Porto, “era o único hotel de luxo existente no Brasil, naquele período”, ao que
acrescenta Geraldo Simões:
Era um estabelecimento que não tinha igual na Corte nem nas outras capitais da
província (...) Kozeritz, que conheceu a cidade em 1883, disse que era um edifício
magnifico, com estilo soberbo. Candelabros a gás iluminavam o vestíbulo e por uma
escada de mármore branco subia-se ao primeiro andar, onde um empregado de
irrepreensível estilo e toalete, avisado pelo porteiro por uma campainha elétrica,
recebia o recém-chegado (SIMÕES, 2004, p.65/66).
54. 52
Figura 19 - Grande Hotel.
Figura 10 - Reconstituição gráfica da fachada principal do Grande Hotel. Vista da Rua de São Bento.
Figura 21 - Reconstituição gráfica da fachada lateral do Grande Hotel. Vista da Rua Miguel Couto.
55. 53
Nesse mesmo período, no Rio de Janeiro, os hotéis começaram a fazer uso da eletricidade e
alguns até mesmo do telefone. Por volta de 1877, o empresário Jules Martin e o engenheiro
Fernando de Albuquerque lançaram um mapa turístico da Capital, em formato dobrável e de
bolso, contendo as informações necessárias para os viajantes e forasteiros, como edifícios
públicos, sedes de jornais, fábricas, estações de trens e bondes e o traçado das linhas, escolas,
escritórios das principais companhias férreas e 4 principais hotéis: Grande Hotel, Hotel da
Europa, Hotel de França e Hotel da Paz.
Figura 22 - Hotel da Paz.
Em 1878, o Hotel do Oeste iniciava suas atividades numa casinha térrea tradicional, com um
combustor de gás na esquina. Com o passar dos anos, foi aumentando, chegando a ocupar
três casas vizinhas. No período de 1885 a 1890, foi outra vez ampliado, ganhando mais um
andar, porém logo em seguida, o edifício se incendiou e o hotel foi reconstruído com apenas
dois pavimentos, ganhando o novo nome de Grande Hotel d´Oeste.
Figura 23 - Grande Hotel d´Oeste (o prédio do Hotel à esquerda).
56. 54
Figura 24 - Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1887 e 1890.
Figura 25 - Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1900.
Em 1885, o Almanaque da Província de São Paulo identificou outros hotéis na cidade: Hotel
Brasil-Itália, na rua Boa Vista, Hotel Fasoli e Hotel Boa Vista, na Senador Feijó, Hotel
Albion, na rua Alegre, Hotel Maragliano e Hotel das Famílias.
Figura 26 - Hotel Brasil-Itália.
57. 55
Alguns fatores, como as mudanças políticas, as campanhas em favor da abolição da
escravatura e a proclamação da República, foram de extrema importância para o
desenvolvimento e crescimento da hotelaria em São Paulo. Segundo Vladir Vieira Duarte, “ o
grande impulso veio com a circulação dos primeiros trens da São Paulo Railway, conhecida
como „Inglesa‟, a primeira ligação ferroviária entre Santos e São Paulo, posteriormente
estendida até Jundiaí” (DUARTE,1996, p.17).
Em 1890, o Hotel de França passou por uma expansão, ocupando vários sobrados vizinhos. O
hotel era um dos mais frequentados, principalmente por artistas de teatro com mais recursos,
mas dois anos mais tarde, depois de passar por vários donos, foi demolido. No final desse
década, surge um concorrente para o Grande Hotel na Rua São Bento: o Grande Hotel
Paulista.
Por volta de 1895, o Grande Hotel Metropolitano abriu suas portas, oferecendo conforto no
suntuoso edifício construído entre 1893 e 1894. O hotel foi erguido em terreno de grande
declive no Vale do Anhangabaú, compondo-se seu edifício de diversos pavimentos muito
bem aproveitados. O andar térreo, voltado para a Rua Formosa, foi destinado a casa
comerciais, com um espaço para exposição das mercadorias e atendimentos aos clientes, um
mezanino para depósito, um escritório e uma latrina no fundo do estabelecimento. Na
fachada, voltada para o viaduto, estava a entrada do hotel com um átrio composto de uma
grande escadaria de madeira e elevadores. No térreo, virado para a Rua do Paredão, estava a
área destinada aos serviços do hotel, como espaços para maquinas, depósitos, sanitários e
salas dos criados, cozinha, depósito de carvão e monta-cargas. O primeiro andar era composto
pelas áreas sociais, com sala de convenção, sala de jantar, sala de fumar, sala de leitura, sala
particular de jantar, sala de jantar para famílias, salão para dançar, com palco para orquestra, e
alguns quartos de solteiros, que poderiam transformar-se em suítes em virtude das portas de
comunicação. No segundo e terceiro andar, estavam dispostos os demais quartos, que
utilizavam as banheiras e latrinas distribuídas nos andares. O hotel oferecia 131 quartos,
sendo 103 individuais, 15 quartos de tamanho médio para 2 leitos, 13 quartos de tamanho
grande para 4 leitos, 15 latrinas e 4 banheiras. De acordo com Eudes Campos, “a proporção
de latrinas se encaixava perfeitamente dentro do exigido pelo Código Sanitário de 1894, que
impunha aos hotéis o mínimo de uma latrina para 20 pessoas” Campos ainda afirma que, em
relação às instalações elétricas, não foi possível identificá-las nas plantas.
58. 56
Figura 27 - Grande Hotel Metropolitano. Escala 1:100.
Figura 28 - Fachada do Grande Hotel Metropolitano. Escala 1:100.
Por volta de 1898, outros hotéis de grande porte surgiram, como o Joachim´s Hotel, na Rua
São João, e o Hotel Rebecchino, no Largo São Bento. O Hotel Rebecchino estabeleceu-se
num prédio de três pavimentos, construído para servir de prédio de escritórios, e
posteriormente adaptado para funcionar como hotel. Em 1910, tornou-se Hotel Magnani.
59. 57
Figura 29 - Largo São Bento. À direita, ao fundo, futuro Hotel Rebecchino. À esquerda, ao fundo, o
Grande Hotel Paulista. À esquerda, o Hotel d´Oeste.
Ainda na última década do século XIX, foi fundado o Grand Hôtel de La Rotisserie Sportman,
na Rua São Bento, com 40 quartos luxuosamente mobiliados, um grande salão nobre, com
palco para orquestra, e uma adega no subsolo. O hotel foi propriedade do francês Antoine
Daniel Souquières e projeto foi assinado pelo arquiteto Samuel das Neves15
. Em 1909,
mudou-se para outro prédio, e passou a oferecer 110 quartos. Por fim, mudou-se em 1918
para um palacete, antiga residência do Conde Prates.
Figura 30 – Grand Hôtel de La Rotisserie Sportman.
15
Arquiteto responsável pelos projetos da Estação Julio Prestes, Secretaria da Agricultura e Casa de Detenção
de São Paulo.
60. 58
Em 23 de dezembro de 1907, por força do Decreto nº 1160, o governo do Rio de Janeiro
isentou os cinco maiores hotéis, de todos os impostos municipais por sete anos. Em 1908,
entrava em funcionamento o Hotel Avenida, o maior do país com 220 quartos. Em São
Paulo, por volta de 1915, o arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo16
foi responsável
pelo projeto do Hotel Central, o primeiro hotel com quatro pavimentos. Poucos anos mais
tarde, o escritório Ramos de Azevedo construiu o São Paulo Center Hotel, no Largo de Santa
Ifigênia, concebido como hotel luxuoso, mas transformando em sede do Ministério da
Aeronáutica, voltando algum tempo depois à atividade hoteleira com o nome de Hotel São
Paulo Inn.
Figura 31 – Hotel São Paulo Inn.
Segundo Trigo, em 1921 foi “formada a União de Proprietários de Hotéis e Restaurantes,
Bares, Confeitarias, Cafés e Casas Congêneres de São Paulo” (TRIGO, 2000, p.154).
Em 1923, foi inaugurado o Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, a fim de hospedar o
Rei Alberto I, da Bélgica. O arquiteto, Joseph Gire17
, foi impetuoso ao projetar uma fachada
voltada para o mar, o que provocou inédita valorização das áreas litorâneas. O hotel oferecia
diversas dependências luxuosas, dois restaurantes, uma sala para espetáculos e seis salões
para eventos. Toda essa estrutura prezava pela excelência no atendimento, com mais de 1.000
16
Arquiteto brasileiro (1851-1928), entre os principais projetos destacam-se a Pinacoteca do Estado (SP),
Teatro Municipal de São Paulo, Mercado Municipal de São Paulo e Palácio da Justiça (SP).
17
Arquiteto francês (1872-1933), construiu inúmeros prédios e residências no Rio de Janeiro. Destacam-se o
Edifício A Noite, Palácio das Laranjeiras e o Palácio da Ilha Brocoió.
61. 59
funcionários para atender as 230 unidades habitacionais e transporte gratuito para o centro da
cidade, numa linha exclusiva de jardineiras.
Figura 32 – Hotel Copacabana Palace.
Figura 33 - Andar térreo do Hotel Copacabana Palace.
Nesse mesmo ano, em São Paulo, inaugurava-se o Hotel Esplanada, num prédio imponente ao
lado do Teatro Municipal. Considerando o melhor hotel para a época, o Esplanada contribuiu
para levar à falência o Grand Hôtel de la Rotisserie Sportman.
62. 60
Figura 34 - Hotel Esplanada. À esquerda, o Teatro Municipal. À direita, o Hotel Esplanada.
Na década de 30, os cassinos impulsionavam os grandes hotéis nas capitais,oferecendo, além
dos jogos de azar, espetáculos nacionais e internacionais. Em 1937, deu-se início à construção
do Grande Hotel em Araxá, Minas Gerais, projetado por Luiz Signorelli18
. O gigantesco
projeto, com aproximadamente 43.000 m² de área construída, oferecia imponentes salões
revestidos de mármore de Carrara, decorados por luxuoso mobiliário, janelas e lustres de
cristal importado. Foi inaugurado em 1944 por Benedito Valadares, então Governador de
Minas Gerais, e pelo Presidente Getúlio Vargas, que tinham suítes no segundo andar do hotel.
Figura 35 - Grande Hotel de Araxá.
18
Arquiteto brasileiro (1896-1964), um dos mais atuantes no cenário belo-horizontino, fundador da a Escola de
Arquitetura de Belo Horizonte.
63. 61
Ainda nos anos 30, alguns hotéis foram inaugurados na região da Estação da Luz, em São
Paulo, como o Hotel do Comércio, Hotel Roma e Hotel Federal Paulista. Eram prédios de três
pavimentos construídos em alvenaria de tijolos.
Em 9 de novembro de 1936, fundou-se no Rio de Janeiro a Associação Brasileira da Indústria
de Hotéis, com o intuito de regulamentar as entidades hoteleiras. A ABIH, entretanto, viu
consolidar-se seu crescimento somente em 1948. Na década de 40, foi inaugurado o Grande
Hotel São Pedro, em Águas de São Pedro, São Paulo, propriedade da família Moura Andrade,
que passaria mais tarde ao controle do Estado em virtude de dívidas acumuladas durante a
operação do hotel. Em 1969, a propriedade foi cedida ao Senac-SP, em regime de comodato,
com a intuito de transformá-lo em hotel-escola.
Figura 36 - Grande Hotel São Pedro.
Por volta de 1938, tem início a construção do Grande Hotel em Outro Preto, por iniciativa do
prefeito Washington Dias e projeto do arquiteto Oscar Niemeyer19
. A localização do hotel era
excepcional, com vista panorâmica do restaurante e das varandas de alguns dos 20 quartos de
solteiro, 7 quartos de casal e 17 suítes duplex.
19
Arquiteto brasileiro, entre seus inúmeros projetos destacam-se, em Brasília ,o Palácio do Planalto, Palácio da
Alvorada, Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida e o Edifício do Congresso; em São Paulo, o Parque
do Ibirapuera e o Edifício Copan.
64. 62
Figura 37 - Grande Hotel Ouro Preto.
Henrique Mindlin relata alguns aspectos construtivos que incluiu o hotel na mostra Brazil
Builds:
O corpo do edifício, de apenas quatro pavimentos, se estende horizontalmente. A
cobertura em telhas coloniais, as treliças em madeira nos terraços, o revestimento de
pedras e azulejos e o colorido característico contribuem para a integração do edifício
à paisagem. Os pilotis vão até o piso do terceiro pavimento, dando leveza à
construção. O térreo abriga a cozinha e a administração, além de uma sala de jogos e
um grande terraço coberto. Uma rampa conduz ao primeiro andar, onde estão o
restaurante e os salões. O segundo andar é dividido por um corredor central, com os
quartos de solteiro e de casal na parte de trás do edifício e o living dos apartamentos
duplex na parte da frente. Cada duplex tem um pequeno solário e uma escada em
caracol que dá acesso ao quarto (MINDLIN, 2000, p.126).
Figura 38 - Grande Hotel Ouro Preto. (térreo, 1º andar, 2º andar e 3º andar).
65. 63
Em 4 de agosto de 1941, o arquiteto Rino Levi20
inaugura o Hotel Excelsior, na avenida
Ipiranga, São Paulo. O edifício apresentava um hotel de tamanho nunca visto na cidade, com
17 andares, além de abrigar um cinema (Cine Ipiranga) com 2 mil lugares. Segundo a
descrição de Ana Carla Monteiro, “o edifício tinha dois grandes volumes bem definidos. No
bloco horizontal, localizavam-se os acessos distintos ao cinema e ao hotel, a sala de cinema e
as dependências do hotel ao público geral: restaurantes e salas de convenções. O hotel
localizava-se no bloco vertical” (MONTEIRO, 2006, p.113).
Figura 39 – Hotel Excelsior.
Em 1943, o engenheiro-arquiteto Taddeu Giuzio21
foi o responsável pelo projeto do Hotel
Inca, localizado na Avenida São João, esquina com a Rua dos Timbiras. O edifício
apresentava 8 andares, com 55 apartamentos simples com banheiros individuais. No ano
seguinte, a Sociedade Brasileira de Engenharia Ltda abre as portas do Hotel Terminus, situado
na esquina da Praça da República. O hotel oferecia 70 apartamentos luxuosamente decorados,
distribuídos em 9 andares-tipo, e no térreo o projeto de uma loja. Segundo descrição de Ana
Carla Monteiro:
20
Arquiteto brasileiro (1901-1965), foi um dos responsáveis pela transformação da cidade de São Paulo,
destacando-se os projetos do Cine Ipiranga, Teatro Cultura Artística e Hospital Albert Einstein.
21
Arquiteto responsável pelo projeto do Cine para todos e o Edifício Gonçalvez Biar.
66. 64
Similar ao Hotel Inca, o Terminus teve poucas soluções inovadoras, quer seja em
sua inserção no lote ou em seus avanços tecnológicos. O volume desenhou a esquina
com linhas arredondadas e a profundidade dos terraços conferiu mobilidade a
superfície da fachada. Em suas plantas internas, há uma grande diversidade de
soluções. Os apartamentos tinham diferenças no que diz respeito às soluções de
forma e tamanho dos quartos, dos banheiros e das varandas. Há varandas para todos
os apartamentos com vista para a Avenida Ipiranga. Os banheiros, a maioria com
ventilação natural, compunham os quartos (MONTEIRO, 2006, p.130).
No mesmo ano, 1944, o arquiteto Dacio Aguiar de Moraes22
apresenta o Hotel São Paulo, na
rua São Francisco, com 20 andares e 202 amplos apartamentos com armários embutidos e
banheiros. O hotel foi considerado o mais moderno de São Paulo por diversas revistas da
época, sendo comparado a hotéis de outros países.
Outro importante arquiteto participa da história da hotelaria no ano de 1944. Lúcio Costa23
foi
o responsável pelo projeto do Park Hotel, em Nova Friburgo – Rio de Janeiro, que, a
princípio, foi construído para alojar os loteadores do Parque São Clemente e, devido às suas
características arquitetônicas e à qualidade do serviço, tornou-se um pequeno hotel de 10
quartos. Com apenas dois pavimentos e uma concepção rústica, que fez uso de materiais
locais, como pedra e madeira, o projeto ainda inclui a utilização de extensos panos de vidros.
O arquiteto Guilherme Wisnik acrescenta algumas informações, como “a inter-
penetrabilidade dos espaços, dada a independência da estrutura de madeira em relação aos
vedos, sua forma trapezoidal, que permite a iluminação dos banheiros sobre a galeria de
circulação, e a dominância contínua da varanda dos quartos” (WISNIK, 2001, p.80).
22
Arquiteto brasileiro (1875-1958), atuou com diversos projetos para as cidades da zona da Estrada de Ferro
Sorocabana.
23
Arquiteto brasileiro (1902-1998), ficou conhecido pelo projeto do Plano Piloto de Brasília, determinando
novos rumos ao movimento moderno no Brasil.
67. 65
Figura 40 – Fachada norte do Park Hotel, Nova Friburgo - RJ.
Figura 41 – Fachada sul do Park Hotel, Nova Friburgo - RJ.
Ainda na década de 40, tivemos outro famoso hotel-cassino, o Hotel Quitandinha, em
Petrópolis, Rio de Janeiro. Inaugurado em 12 de fevereiro de 1944, o Quitandinha apresentava
estilo normando, distribuído em 50 mil metros quadrados de área construída. O projeto,
realizado por Luiz Fossati24
e decorado por Dorothy Drope, oferecia 440 apartamentos, 13
salões decorados com lustres de pingentes de cristal, um dos quais, o Salão de Mauá,
ostentava cúpula de 30 metros de altura e 50 metros de diâmetro, teatro mecanizado, boate,
24
Arquiteto italiano, responsável pelo projeto do Cassino Hotel Balneário Icarahy e o Trampolim da Praia de
Icaraí.
68. 66
piscina térmica em formato de piano de cauda, praia artificial, pista de equitação, rinque de
patinação e um lago de 18 mil metros quadrados no formato do mapa do Brasil.
Figura 42 – Hotel Quitandinha.
O período de glamour dos hotéis-cassinos chegou ao fim com o decreto-lei 9215, de 30 de
abril de 1946, que proibiu os jogos de azar levou ao fechamento dos hotéis-cassino. A desfeito
desse percalço para o mercado hoteleiro, São Paulo saudou o aparecimento de três novos
hotéis: o Hotel Marabá, Príncipe Hotel e Hotel Flórida. O Hotel Marabá, na avenida Ipiranga,
dispunha de 120 apartamentos com terraços e espaços para banheiros, distribuídos nos 10
andares do edifício, além de proporcionar a união do hotel com um cinema. O Príncipe Hotel,
situado na avenida São João, oferecia 84 apartamentos nos 12 andares de um edifício simples,
projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon. O Hotel Flórida, inaugurado somente em
1949, embora iniciado em 1946, estava situado na região de Santa Ifigênia e contava 83
apartamentos amplos, com mobiliário especialmente projetado, dispostos em 16 andares.
Em 1948, conforme relata Trigo, foi:
Inaugurada a colônia de férias Ruy Fonseca, do Sesc, em Bertioga, litoral de São
Paulo. Em uma época em que não se imaginava o que seria um resort no Brasil, o
Sesc inaugurava um centro de mais de 2.000.000 metros quadrados, com sofisticado
equipamento de hospedagem e lazer destinado aos trabalhadores do comércio,
incluindo programa de lazer segmentado (TRIGO, 2000, p.13).
A década de 50 foi a época dos complexos hoteleiros nos balneários e dos palacetes
suntuosos, nas cidades mais importantes, com um serviço de luxo restrito a uma minoria
69. 67
muito rica. Em São Paulo, foram inaugurados importantes hotéis da história hoteleira, como
Hotel Cambridge, Hotel Plaza Comodoro, Othon Palace Hotel, Hotel Jaraguá e o Grand Hotel
Ca‟d‟Oro.
O edifício do Hotel Cambridge, localizado na avenida Nove de Julho, contava com 17
andares, 94 apartamentos e 26 suítes com móveis planejados. O arquiteto Francisco Beck
ainda projetou, no térreo, um restaurante e um bar e na sobreloja, um salão de beleza. Não
muito longe, na avenida Duque de Caxias, inaugurava-se o Hotel Comodoro, com 19 andares
e 132 apartamentos com banheiros individuais, equipados com trincos elétricos e vista para a
Estação Júlio Prestes. O grande diferencial do hotel foram os dois restaurantes, um no térreo e
outro na sobreloja, que acomodavam um painel, de 7,63 X 2,50m, de Cândido Portinari.
Figura 43 – Hotel Comodoro.
O conhecido Hotel Jaraguá25
, com projeto inicial do arquiteto Jacques Pilon e refeito por
Adolf Franz Heep, localizado na rua Martins Fontes esquina com rua Major Quedinho,
ocupava do 8º ao 21º andar do edifício onde também funcionava o jornal “O Estado de São
Paulo” e a rádio Eldorado. O hotel oferecia 164 apartamentos, salões de estar e leitura, bar,
restaurante, jardim de inverno, boate e um painel de Clóvis Graciano no hall. É interessante
25
O Hotel Jaraguá será mencionado com maiores detalhes no próximo capítulo.
70. 68
ressaltar que as entradas e circulações do hotel, rádio e jornal eram independentes, garantindo
a privacidade dos hóspedes.
Segundo Camen Alvarez e Cândido Campos,
O edifício passou a ser considerado um dos símbolos da arquitetura modernista em
São Paulo, por fazer uso de elementos característicos do repertório do Movimento
Moderno, como brises, modulação, estrutura independente e integração entre
arquitetura e artes plásticas, com perfil e volumetria arrojados, muito bem adaptados
ao local (ALVAREZ,CAMPOS, 2007, p.8).
Em 1953, foi inaugurado o Hotel Ca‟d‟Oro, projeto de Helio Gianotti, com aproximadamente
270 apartamentos, que proporcionavam amplos terraços, todos virados para a frente, na rua
Augusta. No ano seguinte, foi a vez do Othon Palace Hotel, na rua Líbero Badaró, com 26
andares e 267 apartamentos. Projetado por Philipp Lohbauer, o edifício oferecia amplos
apartamentos, com móveis planejados e banheiros, embora o maior atrativo fosse a boate
localizada no subsolo.
É interessante destacar o edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer em 1951, sob
responsabilidade de Henrique Mindlin, e finalizado somente em 1956. A intenção era
proporcionar diferentes atrativos num único local, como acomodação luxuosa e diversas áreas
de convivências, porém o projeto do hotel e algumas áreas nunca saíram do papel.
Por volta de 1961, os conhecidos arquitetos Carlos Cascaldi26
e Vilanovas Artigas27
assumem
uma obra inacabada, que deveria ser o Grande Hotel Interlagos, localizada na Represa de
Guarapiranga. A obra foi finalizada como Santa Paula Iate Clube, apresentando um grande
complexo de lazer e garagens para barcos. No Brasil inteiro, em 1963, já tínhamos
aproximadamente quarenta mil leitos em estabelecimentos de primeira e segunda classe. Em
18 de novembro de 1966, foi criada a Embratur, com o objetivo de promover a atividade
turística, gerando renda, empregos e desenvolvimento no País. No final dos anos 60, foram
instituídos incentivos fiscais (SUDENE para a Região Nordeste, SUDAM para a Região
Amazônica, SUDECO para a Região Centro-Oeste e SUDESUL para a Região Sul) e
financiamentos sob condições especiais para as empresas que pretendiam investir em projetos
26
Arquiteto brasileiro, trabalhou em parceria com Vilanovas Artigas.
27
Arquiteto brasileiro, associado ao movimento arquitetônico conhecido como Escola Paulista. Destacam-se
entre suas obras o Estádio do Morumbi (SP), a Estação Rodoviária de Londrina e o Edifício da FAU-USP.
71. 69
hoteleiros ou ligados ao turismo e garantissem a criação de empregos e desenvolvimento
local.
Segundo Andrade,
Em 1966 é criada a Embratur e, junto com ela, o Fungetur (Fundo Geral de
Turismo) que atua através de incentivos fiscais na implantação de hotéis,
promovendo uma nova fase da hotelaria brasileira, principalmente no segmento de
hotéis de luxo, os chamados cinco estrelas. Esse novo surto hoteleiro leva também à
mudança nas leis de zoneamento das grandes capitais, tornando a legislação mais
flexível e favorável à construção de hotéis. Nos anos 60 e 70, chegam ao Brasil as
redes hoteleiras internacionais. Mesmo sem um número importante de hotéis, essas
redes vão criar uma nova orientação na oferta hoteleira, com novos padrões de
serviços e de preços (ANDRADE, 2001, p.22).
Por decorrência da criação da Embratur, muitos projetos do segmento de turismo e hotelaria
foram aprovados na década de 70, dobrando a capacidade de grandes empresas hoteleiras e
abrindo o mercado para as empresas internacionais. Os Estados e prefeituras das regiões
beneficiadas passaram a oferecer aos investidores total isenção de impostos por período
determinado ou redução de alíquotas nos impostos estaduais e municipais.
Em 1971, inaugurou-se o São Paulo Hilton Hotel, primeiro hotel internacional de luxo, na
Avenida Ipiranga. Um projeto de Mário Bardelli – Consórcio Scuracchio, o edifício, de 116 m
de altura e aproximadamente 40 mil m² de área construída, em forma de cilindro, oferecia 339
apartamentos, diversos departamentos funcionais e atrativos como cinema para 436 pessoas.
O hotel ainda foi o primeiro a oferecer um sistema de ar condicionado central, instalações
para televisão em circuito fechado e sistema de rádio e som que permitiam transmitir música
para os apartamentos.
No mesmo ano, no Rio de Janeiro inaugurava o Hotel Nacional, construído na praia de São
Conrado. Esse hotel chamou a atenção por ser uma torre com trinta andares de altura, coberta
de vidro e com amplas entradas de mármore. Em 1972, são inaugurados o Casa Grande Hotel,
no Guarujá (SP), Majestic, em Águas de Lindoia (SP) e Lancaster, em Curitiba (PR). Em
1973, o Bourbon & Tower Foz do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR), Sheraton Rio Hotel &
Towers, no Rio de Janeiro (RJ), e Ouro Branco Praia, em João Pessoa (PB). Nos anos
seguintes, grandes hotéis são inaugurados em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia,
Goiás, Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
72. 70
É ainda dessa década o hotel Tambaú, em João Pessoa, cuja estrutura arredondada, que abriga
173 apartamentos, é projeto do arquiteto Sérgio Bernardes28
. Construído na orla marítima, o
hotel passa aos hóspedes dos andares mais altos a sensação de estar em pleno oceano.
Figura 44 – Hotel Tambaú.
Em 1978, depois da abertura de diversos meios de hospedagem, a Embratur classificou os
primeiros hotéis cinco estrelas, cabendo tal distinção apenas ao São Paulo Hilton e ao
Caesar‟s Park. Ainda no mesmo ano, 568 hotéis foram classificados com duas estrelas. Em
1979, foi inaugurado o luxuoso Hotel Maksoud Plaza, do engenheiro Henry Maksoud, famoso
pela frequência de hóspedes ilustres.
No início dos anos 80, as perspectivas de lucro com investimentos imobiliários hoteleiros não
eram animadoras, e os pequenos e médios investidores começaram a desenvolver outro
mercado com retorno atrativo, o de apart hotéis e flat services. Os resultados logo
apareceram, principalmente na cidade de São Paulo, onde o mercado ganhou muitos clientes
devido à hospedagem barata. Em 1981, a Embratur lançou o Guia de Hotéis Brasileiros com
1.500 hotéis, classificados de uma a cinco estrelas. Três anos mais tarde, esse número subiria
para 1.711 hotéis classificados.
De acordo com Ana Maria Rosalini,
28
Arquiteto brasileiro (1919-2002), ganhou diversos prêmios e trabalhou em parceria com Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer.
73. 71
O meio da década de 80 marca um novo modelo de desenvolvimento da área de
serviços no Brasil com a chegada das franquias. Essa modalidade de negócio da área
de serviços empresta grande contribuição à qualidade, tanto na alimentação quanto
na hospedagem. O crescimento do setor de alimentação é brutal e a qualidade da
gestão dos produtos e do atendimento começa a mudar. Essas mudanças trouxeram
novos referenciais e melhor qualidade, favorecendo o consumidor. É ainda na
referida década que as mudanças nos hotéis responderam mais a uma mudança de
enfoque em suas estratégias, com a simples redução de pessoal (ROSALINI, 2006,
p.23).
Em 1987, a rede Accor lançou a marca Pathernon e dois anos mais tarde, a marca Sofitel. Nos
anos 80 e 90, muitos projetos hoteleiros foram voltados para segmentos específicos,
identificados por marcas próprias, com implantação de sistemas informatizados integrando
procedimentos e agilizando a prestação de serviço.
No ano de 1989, a Sea Containers comprou o Hotel Copacabana Palace por $23 milhões de
dólares e deu início a uma grande reforma, sob permanente orientação do Patrimônio
Histórico do Ministério da Cultura. A decoração já estava ultrapassada e as instalações
elétricas e hidráulicas apresentavam problemas, razão por que todas as suítes foram
reformadas e o 5º andar modificado, com apartamentos executivos e um business center para
atender o público dos homens de negócios. Tais mudanças não interferiram na arquitetura da
fachada, que foi inteiramente restaurada e ganhou iluminação especial.
Na década de 90, o Governo Fernando Collor, por meio do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) começou a oferecer uma linha de crédito especial para
a construção de hotéis. Mas o melhor período veio depois com o Plano Real, quando a
economia do País estabilizou e a indústria hoteleira expandiu-se por diversos Estados. O
período é marcado pela entrada definitiva das cadeias hoteleiras internacionais, a exemplo dos
hotéis Meliá, InterContinental e Sofitel, na cidade de São Paulo, hotel Ouro Minas, em Belo
Horizonte, do Sheraton, em Porto Alegre, do Blue Tree, no Cabo de Santo Agostinho, do
hotel SummerVille, em Pernambuco e do conhecido Costa do Sauipe, na Bahia.
É indispensável mencionar Ruy Ohtake29
, que também contribuiu para o mercado hoteleiro
com alguns projetos, como o Renaissance Hotel (1986), com 500 apartamentos distribuídos
29
Preeminente arquiteto brasileiro cuja obra é referência para a moderna arquitetura brasileira.