O documento discute os procedimentos para contratar serviços de impermeabilização de forma adequada. Ele explica que um projeto detalhado, um aplicador experiente e a fiscalização do cliente são essenciais para garantir um bom serviço. Também fornece dicas sobre como escolher fornecedores qualificados e elaborar um contrato que proteja o cliente.
2. I – Como contratar serviços de impermeabilização
Serviço malfeito tem consequências danosas para a obra. Gera atraso, custo extra, prejuízo financeiro e muita desconfiança
por parte dos clientes. Por isso, os cuidados tomados com os produtos, dentro da fábrica, devem se estender ao serviço de
aplicação.
1 – Projeto – O início de tudo
Um projeto específico de impermeabilização, um prestador de serviço bem recomendado e a fiscalização constante do
contratante são as três precauções basicas para garantir um serviço confiável. Ai vem a pergunta: o mercado oferece essa
condições? Parte disso cabe ao próprio cliente, mas no que depender dos fornecedores, a resposta e sim.
Tudo começa com uma boa assessoria, que pode vir dos fabricantes idôneos, geralmente associados ao IBI. O setor, de um
modo geral, reconhece que existem poucos escritórios especializados, mas os que atuam têm grande experiência e são
profundos conhecedores das características técnicas dos produtos e da aplicação, capazes de desenvolver o projeto ou
assessorar grandes projetistas, tal como fazem os bons fabricantes. Consultados, técnicos de fabricantes de de sistemas
impermeabilizantes afirmam que os projetistas devem especificar os produtos por sua descrição técnica, deixando claras as
características requeridas em projeto, isto posto, todo fabricante estará apto a fornecer o produto.
2 – Garantia: Aplicadores + Fabricantes
Se o projeto está bem detalhado, resta procurar a empresa de aplicação. Em geral, os próprios fabricantes contam com uma
rede de aplicadores credenciados e aptos a aplicar os produtos de sua linha. Além da rede, algumas empresas oferecem
também programas de impermeabilização de condomínios. Os alicadores sempre contam com orientação e
acompanhamento das fabricas. Isso da ao cliente certa tranquilidade, embora a garantia seja bem delimitada; os
prestadores de serviços (Aplicadores) são responsáveis pela garantia de 5 anos e a fábrica, pela qualidade do produto.
Muitos treinamentos técnicos são promovidos pelos fabricantes junto ao profissional-chave no processo: o aplicador . Além
de treinamentos, suporte técnico, os fabricantes oferecem suporte técnico e acompanhamento às obras sempre que
necessário. A garantia de 5 anos é dada pelo fabricante ao produto por seu desempenho e contra defeitos de fabricação,
cabendo a empresa aplicadora garantir a qualidade da instalação. Por fim, cabe ainda ressaltar que pelo Código de Defesa
do Consumidor e o Procon, estabelece-se prazo de 90 dias para reclamações junto ao prestador de serviços.
3. Após este prazo, se ficar caracterizado como vício de origem, o consumidor continua com a garantia. Porém, danos
provocados por uso inadequado da área impermeabilizada não caracterizam a responsabilidade do aplicador.
3 – Dicas de Projeto
Identifique as interferências de instalações e arquitetura, de modo a subsidiar o projeto de impermeabilização.
Consulte a NBR 9575, que está em revisão.
Coloque todos os projetistas em contato direto.
Contrate um especialista para o projeto de impermeabilização.
Observe se os materiais especificados atendem às normas técnicas.
Procure influir na coordenação dos projetos.
4 – Seleção do Fornecedor
É necessário fixar alguns critérios para a contratação do serviço. O cliente deve abrir uma concorrência baseada em um
projeto ou especificação que determine claramente o tipo de material que está sendo orçado e que este contemple a norma
técnica aplicável. Deve também se certificar de que os produtos e sistemas participantes da tomada de preços são
equivalentes em características e desempenho.
Caso receba sugestões para alterar o especificado, e recomendável consultar o projetista. “O consumidor deve ser
orientado para que analise a situação em nível de projeto, pois esta etapa é constituída de especificações (descrições e
justificativas), desenhos, detalhes, planilhas com quantitativos, serviços e sugestões de critérios de medição, conforme
preconizado pela NBR 9575/98”.
Credenciado ou não, o aplicador deve ser avaliado previamente pelo contratante. Para isso, convém solicitar referências de
obras anteriores, certificar-se de que a empresa possui um responsável técnico, que seja associada ao IBI, que utilize
produtos de qualidade e seja indicada ou avalizada pelo fabricante do produto que pretende utilizar. No que tange à
proposta comercial, deve ser clara e abrangente, que explicite todos os serviços e as respectivas garantias. O tempo de
atividade também é um bom indicador para a avaliação do aplicador.
4. Dicas de Fornecedores:
Peça aos fabricantes catálogos técnicos e indicação de instaladores.
Consulte fabricantes que oferecem suporte técnico sem custo extra.
Cheque se a empresa possui mão-de-obra qualificada e se tem experiência.
Tenha em mãos uma proposta técnico-comercial clara, que discrimine a metodologia executiva e a tecnologia a ser empregada.
Para lagoa de dejetos, verifique se os fabricantes possuem materiais resistentes aos resíduos.
5 – Contrato
Escolhida a empresa, vem o contrato. O contratante deve prever a fiscalização da execução de todas as etapas dos
serviços – preparações, regularizações, ensaios de produtos, a impermeabilização em si, ensaios hidráulicos, proteções
mecânicas e revestimentos. Um modelo que tem se mostrado muito eficiente é a contratação de fornecimento de materiais
diretamente com o fabricante e de mão-de-obra com o aplicador, revelando vantagens para todas as partes a construtora
assegura o fornecimento em lotes específicos, com certificado de análise, obtém alguns serviços associados, como
especificações técnicas e quantificação de todas as áreas, acompanhamento e suporte técnico; já o aplicador trabalha com
mais tranquilidade, podendo investir seu capital de giro na excelência da mão-de-obra. Nos moldes tradicionais, o contrato
de prestação de serviços deve ser o mais detalhado possível (veja tabela abaixo).
Quanto à forma de contratação, a mais comum, na construção civil, dá-se por medição, mas se o serviço for muito pequeno
uma opção e o preço global, a chamada empreitada. Profissionais do setor impermeabilizador entendem que a forma ideal
de contratação é por preço unitário de cada etapa, conforme planilha de quantitativos extraída do projeto de
impermeabilização.
Assim, “podem ser adicionadas ou subtraídas quantidades conforme as necessidades do contratante, como preconiza a lei
8.666 de 21/06/93 – Licitações e Contratos, no caso de obras públicas”. Também o valor da impermeabilização admite
divergências. Esses valores variam muito de acordo com o sistema, principalmente quando falamos em mono ou dupla
camada e também em função da qualidade do produto, argumentam técnicos do setor.
5. Veja como deve ser a contratação dos serviços de impermeabilização nas situações a seguir.
Edifício
comercial
A construtora deve procurar um especialista e integrá-lo aos outros projetistas da obra.
Com a proposta técnica na mão, pode-se buscar no mercado a melhor relação custo-benefício.
Hospital público
O projetista de impermeabilização é fundamental para compatibilizar os projetos.
Na contratação do aplicador (subcontratado), o construtor deve averiguar a idoneidade e a saúde
financeira dele.
Condomínio
habitado
Fabricantes podem oferecer uma boa assessoria neste caso. Mas, como várias pessoas participam da
decisão de contratar, os orçamentos (no mínimo três) devem ser bem detalhados.
A própria
residência
Sob orientação de um especialista, a aplicação pode ser contratada por empreitada, mas é vital que
haja a fiscalização. Importante: o projetista pode ser o fiscal, mas o aplicador, não.
Pequena
reforma
Dadas as dimensões da obra, o maior problema é controlar a qualidade do serviço.
Mas os próprios fabricantes podem dar uma assessoria e indicar aplicadores credenciados.
6 – Fiscalização e Testes
Como saber se o aplicador está, afinal, usando produtos de qualidade? Verifique se o produto entregue na obra
corresponde àquele efetivamente contratado, quanto à marca, composição, tipo, espessura. Esses dados são fáceis de
conferir. Outra maneira é contratar ensaios ou solicitar o envio dos materiais com certificado de qualidade do fabricante
daquele lote específico. Durante a realização do serviço conte com a fiscalização de um profissional especializado,
preferivelmente o próprio projetista da impermeabilização, a quem cabe analisar as amostras ensaiadas.
Existem testes aplicáveis tão logo o serviço esteja concluído. O teste previsto na NBR 9575/1998 – Impermeabilização –
Seleção e Projeto (item 4.5) é o de estanqueidade, que deve ser aplicado por no mínimo 72 horas antes de executada a
proteção mecânica. Se houver vazamento, a manutenção é imediata. Quanto à rotina de manutenção, o básico é manter os
ralos limpos e desobstruídos, não instalar nenhum equipamento ou elemento que possa perfurar a impermeabilização, não
utilizar substâncias agressivas para lavagens periódicas das áreas, como ácidos, por exemplo, e não alterar o paisagismo
dos jardins de forma que a terra ultrapasse a altura do rodapé original.
6. Além dos aspectos legais inerentes a todo contrato de prestação de serviços, é indispensável na contratação do aplicador:
Descrição minuciosa dos serviços a serem executados.
Descrição técnica de materiais e sistemas, inclusive citando a marca.
Preços unitários e globais.
Quantidades envolvidas.
Prazo de execução de cada etapa.
Fornecimentos por conta do cliente e do contratado.
Condições de pagamento e formas de reajuste.
Minuta do termo de garantia que será entregue no final dos serviços.
II – O que deve conter um projeto de impermeabilização
De acordo com a NBR 13531:1995 - Elaboração de projetos de edificações - Atividades técnicas, aplicável em conjunto com
a NBR 9575:1998 - Projeto de impermeabilização, e Projeto NBR 9575:2003, o projeto de impermeabilização compõe-se de
um conjunto de informações gráficas e descritivas que definem integralmente as características de todos os sistemas de
impermeabilização empregados em uma dada construção, de forma a orientar sua produção.
O projeto de impermeabilização deverá ser constituído de dois projetos que se complementam: projeto básico e projeto
executivo (veja tabela abaixo).
7. Desenhos Textos
Projeto
Básico
plantas de localização e identificação das
impermeabilizações, bem como dos locais de detalhamento
construtivo.
detalhes construtivos que descrevem graficamente as
soluções adotadas no projeto de arquitetura para o
equacionamento das interferências existentes entre todos os
elementos e componentes construtivos.
detalhes construtivos que explicitem as soluções adotadas
no projeto de arquitetura para o atendimento das exigências
de desempenho em relação à estanqueidade dos elementos
construtivos e à durabilidade frente à ação da água, da
umidade e do vapor de água.
memorial descritivo dos tipos de
impermeabilização selecionados
para os diversos locais que
necessitem de impermeabilização.
Projeto
Executivo
plantas de localização e identificação das
impermeabilizações, bem como dos locais de detalhamento
construtivo.
detalhes genéricos e específicos que descrevam
graficamente todas as soluções de impermeabilização
projetadas e que sejam necessários para a inequívoca
execução destas.
memorial descritivo de materiais e
camadas de impermeabilização.
memorial descritivo de
procedimentos de execução e de
segurança do trabalho.
planilha de quantitativos de
materiais e serviços.
planilha de descrição de ensaios
de campo e tecnológicos.
III – Quais as principais consequências da umidade
Tanto as estruturas quanto os ocupantes dos imóveis são vítimas da umidade. Um ambiente úmido e insalubre cheira a
mofo e propicia o desenvolvimento de colônias de fungos e bactérias, condições que ameaçam diretamente a saúde dos
usuários. Isso sem falar da possibilidade de inundação das áreas de subsolo, com grandes prejuízos aos condôminos. Para
a edificação, as consequências mais visíveis da infiltração são a desagregação do revestimento, eflorescências no concreto
e em argamassas, deterioração e embolhamento de pinturas, e comprometimento da estrutura no longo prazo.
8. A umidade em cada área da edificação
Áreas Problemas Soluções
Fundações
Umidade ascendente com
deterioração da argamassa de
revestimento nos pés de
paredes, podendo chegar até
alturas > 1,00 m.
Infiltração de água e inundação
das áreas próximas.
Insalubridade do ambiente.
Impermeabilização rígida, como cristalizantes e
argamassas poliméricas, ou flexível, como menbranas
de asfalto modificado com polímeros em solução ou
mantas asfálticas
Lajes em contato
com o solo
Umidade por capilaridade,
causando deterioração de
acabamentos, como madeiras,
carpetes e pisos.
Destacamento e embolhamento
de pisos de alta resistência ,
epoxídicos, poliuretânicos, etc.
Insalubridade do ambiente.
Internamente, impermeabilização rígida, como
cristalizantes e argamassas poliméricas. Externamente,
antes da concretagem do piso, sobre lastro de concreto
magro ou solo regular e compactado,
impermeabilizações pré-fabricadas, como mantas
asfálticas com geotêxtil acoplado.
Paredes em
contato com o
solo, cortinas e
paredes-diafragma
Deterioração da argamassa de
revestimento.
Embolhamento e deterioração
da pintura.
Deterioração de móveis
encostados nas paredes,
quadros, revestimentos.
Insalubridade do ambiente
Internamente, impermeabilização rígida, como
cristalizantes (somente para substratos maciços) e
argamassas poliméricas. Externamente,
impermeabilizações pré-fabricadas, como mantas
asfálticas ou menbranas moldadas no local à base de
solução asfáltica modificada com polímeros, aplicadas
a frio e estruturadas com tela industrial de poliéster.
9. Pilares (estruturas
de concreto)
Ataque as armaduras, com
comprometimento da estrutura.
Os pilares recebem a mesma impermeabilização de
pisos e paredes.
Revestimento de
argamassa
Desagregação. A argamassa
perde resistência e torna-se
pulverulenta, destacando-se da
superfície.
Eflorescências, mofo e bolor.
Normalmente os revestimentos são executados após a
adoção de alguma impermeabilização aplicada
diretamente na estrutura. Porém, quando a parede ou
cortina for de alvenaria revestida, este revestimento
deverá ser executado somente com cimento e areia, no
traço de 1:3 a 1:4 e poderá ser impermeabilizado contra
umidade de solo com argamassa polimérica pela face
interna. Pela face externa, poderá receber
impermeabilização elástica, como manta asfáltica ou
menbrana moldada no local à base de solução asfáltica
modificada com polímeros, aplicada a frio e estruturada
com tela industrial de poliéster. Importante: infiltrações
do subsolo que afetam os acabamentos (argamassas e
pinturas) revelam patologias que têm origem em outras
áreas (fundações, pilares, lajes etc.). Portanto, o
tratamento pontual do acabamento pode ser apenas
paliativo e ocultar problema mais grave; o ideal é
investigar as causas das patologias e tratá-las.
Pintura
Embolhamento e destacamento
Eflorescências, mofo e bolor.
Refazer a pintura após impermeabilização da base,
conforme as soluções propostas nos itens anteriores.
Concreto aparente Comprometimento da estrutura
Pode ser tratado com sistemas rígidos, como
argamassa polimérica e cristalizantes, ou flexíveis
(mantas asfálticas, emulsões ou soluções asfálticas,
etc.). A opção vai depender das particularidades de
cada obra. Por exemplo: em um solo com umidade
constante, lençol freático alto e pressão negativa,
somente com acesso interno, é recomendado um
sistema rígido. Caso seja possível rebaixar o lençol
freático, pode-se optar por um sistema flexível aplicado
10. externamente.
Lajes de subsolo
(do 1º para o 2º
subsolo)
Oxidação das armaduras com
comprometimento das
estruturas no longo prazo.
Se recomendadas, neste caso, mantas asfálticas, que,
no entanto, exigem altura suficiente e proteção
mecânica dimensionada para o trânsito de veículos.
Existem também alguns sistemas compostos por
membranas de uretano com adição de agregados que
podem ser utilizados como acabamento final e
impermeabilizante. Estes, porém, são muito mais caros
que os tradicionalmente utilizados em nosso mercado e
ainda não há tecnologia nacional, dependendo de
produtos importados.
IV – Cuidado!
Mitos e desculpas que podem colocar a obra 'água abaixo':
”Não podemos lutar contra a água, vamos conviver com ela.”
”Não há sistema de impermeabilização eficiente para conter lençol freático.”
”O subsolo não terá acesso ao público, somente os manobristas vão entrar lá.”
”Não vamos fazer porque não foi considerado em nosso orçamento.”
”Estamos com as cortinas concretadas há meses e elas estão secas (até a primeira cheia ou até receber a primeira pintura).”
V – Conclusões
A proteção das estruturas contar infiltrações de água é condição mínima e necessária a qualquer edificação,
independentemente do pavimento em que a infiltração possa se manifestar. O usuário deve exigir que todas as partes da
edificação estejam estanques e sem nenhuma manifestação de umidade. A utilização de sistemas impermeabilizantes tem
como função principal proteger a edificação, permitindo um aumento da vida útil da construção, garantindo a salubridade
dos ambientes e melhorando a qualidade de vida dos usuários.