SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  20
ALERGIA AO LÁTEX
Annie Mafra Oliveira
R3 Alergia e Imunologia Pediátrica - HBDF
Introdução
• Borracha natural - citosol ou látex
(cis-1 ,4-poli-isopreno)
• Hevea brasiliensis – seringueira.
• 150 polipeptídios - 56 alergênicos.
• Produtos de borracha natural são responsáveis ​​pela maioria
das reações alérgicas ao látex.
• Principais alérgenos do látex - proteínas presentes no látex
cru e em extratos de produtos acabados, neoantígenos
introduzidos durante o processo de fabricação(caseína).
Introdução
• 90% do produto da Hevea brasiliensis é processado por
coagulação ácida, entre pH 4,5 e 4,8 - pneus de
automóveis.
• 10% são processados por adição de amônia sem
coagulação- luvas de borracha, balões e preservativos.
• Arbusto guayule - Parthenium argentatum – fonte
potencial para a produção comercial do látex que não
apresenta reação cruzada com as proteínas da Hevea
brasiliensis.
Definições
• Alergia ao látex é qualquer reação imunomediada a
proteína do látex, associada a sintomas clínicos
(urticária, rinite, angioedema, conjuntivite, asma e
anafilaxia).
• Sensibilização pelo látex é definida como a presença de
anticorpos IgE ao látex, mas sem manifestações clínicas.
Histórico
• Nutter (1979) - , 34 anos de idade, com dermatite atópica com
envolvimento importante da área das mãos e que ao usar um
novo par de luvas de látex durante um surto da
dermatite, apresentou prurido intenso 5 minutos após a
colocação das luvas.
• Ao realizar o teste de contato com uma pequena porção da
luva, observou o aparecimento de urticária 15 minutos após o
início do teste.
• O teste cutâneo feito com extrato de luvas de borracha provocou
o aparecimento de pápulas na paciente, mas não em outros 4
controles.
Histórico
• 1984 - primeiro relato de reação anafilática ao látex - duas
enfermeiras com reações alérgicas sistêmicas quando
submetidas a atos cirúrgicos. Ambas apresentaram testes
cutâneos positivos para látex durante a investigação.
• 1988 - publicado o primeiro caso de asma ocupacional
causada por exposição a luvas de látex.
• 1989 - primeira descrição de anafilaxia ao látex em duas
crianças com espinha bífida que haviam sido submetidas a
várias cirurgias; Surge o primeiro relato de anafilaxia causada
por preservativo de látex.
Epidemiologia
• França, Finlândia e EUA – 2,6% a 16,9%.
• Brasil – desconhecida.
▫ Ownby et al., -dosando IgE específica para látex em 1.000
doadores de sangue adultos nos Estados Unidos, encontraram
prevalência de 6,4% excluindo-se trabalhadores da área de saúde.
• Crianças com espinha bífida - 1% a 49% podendo chegar a 72%;
* 28 a 67%.
• Profissionais de saúde - 0,5% a 5%, podendo chegar a 36 %;
* 7 a 10%.
* Protocolo de Alergia ao Látex – Albert
Einstein, 2009
Fontes
• Adesivos
• Esponjas
• Forros de carpetes
• Luvas
• Balões
• Preservativos
• Brinquedos
• Elásticos
• Equipamentos esportivos
• Vestuários,
• Utensíios médicos e dentários
Grupos de Risco
• Pacientes atópicos submetidos a cirurgias;
• Trabalhadores da indústria da borracha;
• Esportistas;
• Profissionais de saúde;
• Portadores de mielomeningocele.
Alérgenos do látex
• 14 alérgenos do látex (Hev b 1 a Hev b 14).
• Reatividade cruzada - conceito imunológico que
pressupõe a existência de 2 alérgenos que são reconhecidos
pelo mesmo anticorpo, devido à homologia estrutural entre
eles, com presença de epítopos comuns.
• 20%- 60% - reação após contato com algum alimento de
origem vegetal, principalmente frutas tropicais.
Reações cruzadas
• Síndrome látex-fruta
Alergia ao Látex
Dermatite Irritante de Contato
• Resposta Inflamatória;
• Não-Imunológica;
• Dermatose ocupacional mais comum associada ao uso de
luvas e lavagens repetidas das mãos com detergentes
• e desinfetantes;
• Pele seca, avermelhada com fissuras, descamação e
prurido;
• Perda da integridade da pele.
Alergia ao Látex
Dermatite Alérgica de contato
• Hipersensibilidade tipo IV.
• Mediada por linfócitos T.
• Luvas, sapatos, equipamentos esportivos e médicos.
• Ocorre 1 a 2 dias após contato.
• Devido aceleradores e antioxidantes
(tiuranos, carbamatos).
Alergia ao Látex
Alergia ao Látex
Urticária de contato
• Hipersensibilidade tipo I;
• IgE mediada;
• 60 – 80 % envolve as mãos;
• Alérgeno – proteínas naturais da borracha;
• Sintomas aparecem 10-15 minutos após contato;
• Prurido, vermelhidão, edema, ardência.
• Em trabalhadores da área de saúde a urticária de contato
pode ser precedida por uma dermatite de contato irritativa
ou alérgica
Alergia ao Látex
Rinite e Asma
• Partículas do pó das luvas;
• Pacientes sensibilizados/atópicos;
• Asma ocupacional;
Alergia ao Látex
Anafilaxia
• Relatos de casos fatais;
• Pacientes sensibilizados ao entrar em contato com:
▫ cateteres,
▫ balões de dilatação,
▫ sondas,
▫ cânulas,
▫ brinquedos
▫ material dentário.
Diagnóstico
• História clínica: atopia, múltiplas cirurgias, alergia a
frutas, ocupação.
• Prick test:
▫ Canadá e Europa – extrato padronizado.
▫ EUA – luvas de procedimentos.
• RAST para IgE antilátex.
• Teste de provocação
▫ Pacientes com história de reações graves não
devem ser desencadeados
Tratamento
• Uso de produtos sem derivados do látex.
• Mudar marca das luvas, variar fabricante e lote.
• Alerta quanto ingesta de frutas .
• Substituição das luvas de látex por vinil.
• Criação da clínicas/hospitais “ látex-safe”
• Imunoterapia - reações à imunoterapia ainda são
frequentes e a não exposição ainda é o principal tratamento
para pacientes alérgicos ao látex.
• Omalizumabe -Leynadier et al. demonstraram ter o efeitos
clinicamente relevantes para pele e olhos de trabalhadores
da área de saúde com alergia ocupacional ao látex.
Obrigada

Contenu connexe

Tendances

Aula 08 aspiração endotraqueal
Aula 08   aspiração endotraquealAula 08   aspiração endotraqueal
Aula 08 aspiração endotraquealRodrigo Abreu
 
Termologia da área de enfermagem
Termologia da área de enfermagemTermologia da área de enfermagem
Termologia da área de enfermagemNEELLITON SANTOS
 
8 infecção hospitalar e ccih
8   infecção hospitalar e ccih8   infecção hospitalar e ccih
8 infecção hospitalar e ccihLarissa Paulo
 
Material Biologico
Material BiologicoMaterial Biologico
Material Biologiconutecs
 
Monitoramento da Esterilização
Monitoramento da EsterilizaçãoMonitoramento da Esterilização
Monitoramento da EsterilizaçãoJanaína Lassala
 
Materiais cirurgicos
Materiais cirurgicosMateriais cirurgicos
Materiais cirurgicosSofiakrokoch
 
Aula de hanseníase
Aula de hanseníaseAula de hanseníase
Aula de hanseníaseIsmael Costa
 
Boas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentos
Boas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentosBoas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentos
Boas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentosLetícia Spina Tapia
 
Enfermagem em centro cir rgico
Enfermagem em centro cir rgicoEnfermagem em centro cir rgico
Enfermagem em centro cir rgicoNayara Dávilla
 
Higienização das mãos
Higienização das mãos Higienização das mãos
Higienização das mãos micaelaneves
 

Tendances (20)

Aula 08 aspiração endotraqueal
Aula 08   aspiração endotraquealAula 08   aspiração endotraqueal
Aula 08 aspiração endotraqueal
 
Punção venosa.
Punção venosa.Punção venosa.
Punção venosa.
 
Termologia da área de enfermagem
Termologia da área de enfermagemTermologia da área de enfermagem
Termologia da área de enfermagem
 
8 infecção hospitalar e ccih
8   infecção hospitalar e ccih8   infecção hospitalar e ccih
8 infecção hospitalar e ccih
 
Indicadores e teste biológicos
Indicadores e teste biológicosIndicadores e teste biológicos
Indicadores e teste biológicos
 
Anti histamínicos
Anti histamínicosAnti histamínicos
Anti histamínicos
 
Slidesclinicacirurgica2
Slidesclinicacirurgica2Slidesclinicacirurgica2
Slidesclinicacirurgica2
 
Biossegurança
BiossegurançaBiossegurança
Biossegurança
 
Farmacocinetica aula 18.09.21
Farmacocinetica aula 18.09.21Farmacocinetica aula 18.09.21
Farmacocinetica aula 18.09.21
 
Material Biologico
Material BiologicoMaterial Biologico
Material Biologico
 
Monitoramento da Esterilização
Monitoramento da EsterilizaçãoMonitoramento da Esterilização
Monitoramento da Esterilização
 
Materiais cirurgicos
Materiais cirurgicosMateriais cirurgicos
Materiais cirurgicos
 
Mesa e Material Cirurgico
Mesa e Material CirurgicoMesa e Material Cirurgico
Mesa e Material Cirurgico
 
Centro cirurgico
Centro cirurgico Centro cirurgico
Centro cirurgico
 
Aula de hanseníase
Aula de hanseníaseAula de hanseníase
Aula de hanseníase
 
Boas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentos
Boas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentosBoas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentos
Boas práticas: Cálculo seguro Volume II: Cálculo e diluição de medicamentos
 
Risco operatóro
Risco operatóroRisco operatóro
Risco operatóro
 
Enfermagem em centro cir rgico
Enfermagem em centro cir rgicoEnfermagem em centro cir rgico
Enfermagem em centro cir rgico
 
Higienização das mãos
Higienização das mãos Higienização das mãos
Higienização das mãos
 
Aula CCIH/CTI
Aula CCIH/CTIAula CCIH/CTI
Aula CCIH/CTI
 

Similaire à Alergia ao látex (8)

Apresentação Congresso ABTB 2001
Apresentação Congresso ABTB 2001Apresentação Congresso ABTB 2001
Apresentação Congresso ABTB 2001
 
Treinamento de CME
Treinamento de CMETreinamento de CME
Treinamento de CME
 
St5
St5St5
St5
 
St5
St5St5
St5
 
Assepsia e antissepsia
Assepsia e antissepsiaAssepsia e antissepsia
Assepsia e antissepsia
 
Alergia ao-latex
Alergia ao-latexAlergia ao-latex
Alergia ao-latex
 
(Fonte md) treinamento em biosseguranca site
(Fonte md) treinamento em biosseguranca site(Fonte md) treinamento em biosseguranca site
(Fonte md) treinamento em biosseguranca site
 
Seguranca laboratorio andressa_aurea
Seguranca laboratorio andressa_aureaSeguranca laboratorio andressa_aurea
Seguranca laboratorio andressa_aurea
 

Alergia ao látex

  • 1. ALERGIA AO LÁTEX Annie Mafra Oliveira R3 Alergia e Imunologia Pediátrica - HBDF
  • 2. Introdução • Borracha natural - citosol ou látex (cis-1 ,4-poli-isopreno) • Hevea brasiliensis – seringueira. • 150 polipeptídios - 56 alergênicos. • Produtos de borracha natural são responsáveis ​​pela maioria das reações alérgicas ao látex. • Principais alérgenos do látex - proteínas presentes no látex cru e em extratos de produtos acabados, neoantígenos introduzidos durante o processo de fabricação(caseína).
  • 3. Introdução • 90% do produto da Hevea brasiliensis é processado por coagulação ácida, entre pH 4,5 e 4,8 - pneus de automóveis. • 10% são processados por adição de amônia sem coagulação- luvas de borracha, balões e preservativos. • Arbusto guayule - Parthenium argentatum – fonte potencial para a produção comercial do látex que não apresenta reação cruzada com as proteínas da Hevea brasiliensis.
  • 4. Definições • Alergia ao látex é qualquer reação imunomediada a proteína do látex, associada a sintomas clínicos (urticária, rinite, angioedema, conjuntivite, asma e anafilaxia). • Sensibilização pelo látex é definida como a presença de anticorpos IgE ao látex, mas sem manifestações clínicas.
  • 5. Histórico • Nutter (1979) - , 34 anos de idade, com dermatite atópica com envolvimento importante da área das mãos e que ao usar um novo par de luvas de látex durante um surto da dermatite, apresentou prurido intenso 5 minutos após a colocação das luvas. • Ao realizar o teste de contato com uma pequena porção da luva, observou o aparecimento de urticária 15 minutos após o início do teste. • O teste cutâneo feito com extrato de luvas de borracha provocou o aparecimento de pápulas na paciente, mas não em outros 4 controles.
  • 6. Histórico • 1984 - primeiro relato de reação anafilática ao látex - duas enfermeiras com reações alérgicas sistêmicas quando submetidas a atos cirúrgicos. Ambas apresentaram testes cutâneos positivos para látex durante a investigação. • 1988 - publicado o primeiro caso de asma ocupacional causada por exposição a luvas de látex. • 1989 - primeira descrição de anafilaxia ao látex em duas crianças com espinha bífida que haviam sido submetidas a várias cirurgias; Surge o primeiro relato de anafilaxia causada por preservativo de látex.
  • 7. Epidemiologia • França, Finlândia e EUA – 2,6% a 16,9%. • Brasil – desconhecida. ▫ Ownby et al., -dosando IgE específica para látex em 1.000 doadores de sangue adultos nos Estados Unidos, encontraram prevalência de 6,4% excluindo-se trabalhadores da área de saúde. • Crianças com espinha bífida - 1% a 49% podendo chegar a 72%; * 28 a 67%. • Profissionais de saúde - 0,5% a 5%, podendo chegar a 36 %; * 7 a 10%. * Protocolo de Alergia ao Látex – Albert Einstein, 2009
  • 8. Fontes • Adesivos • Esponjas • Forros de carpetes • Luvas • Balões • Preservativos • Brinquedos • Elásticos • Equipamentos esportivos • Vestuários, • Utensíios médicos e dentários
  • 9. Grupos de Risco • Pacientes atópicos submetidos a cirurgias; • Trabalhadores da indústria da borracha; • Esportistas; • Profissionais de saúde; • Portadores de mielomeningocele.
  • 10. Alérgenos do látex • 14 alérgenos do látex (Hev b 1 a Hev b 14). • Reatividade cruzada - conceito imunológico que pressupõe a existência de 2 alérgenos que são reconhecidos pelo mesmo anticorpo, devido à homologia estrutural entre eles, com presença de epítopos comuns. • 20%- 60% - reação após contato com algum alimento de origem vegetal, principalmente frutas tropicais.
  • 12. Alergia ao Látex Dermatite Irritante de Contato • Resposta Inflamatória; • Não-Imunológica; • Dermatose ocupacional mais comum associada ao uso de luvas e lavagens repetidas das mãos com detergentes • e desinfetantes; • Pele seca, avermelhada com fissuras, descamação e prurido; • Perda da integridade da pele.
  • 13. Alergia ao Látex Dermatite Alérgica de contato • Hipersensibilidade tipo IV. • Mediada por linfócitos T. • Luvas, sapatos, equipamentos esportivos e médicos. • Ocorre 1 a 2 dias após contato. • Devido aceleradores e antioxidantes (tiuranos, carbamatos).
  • 15. Alergia ao Látex Urticária de contato • Hipersensibilidade tipo I; • IgE mediada; • 60 – 80 % envolve as mãos; • Alérgeno – proteínas naturais da borracha; • Sintomas aparecem 10-15 minutos após contato; • Prurido, vermelhidão, edema, ardência. • Em trabalhadores da área de saúde a urticária de contato pode ser precedida por uma dermatite de contato irritativa ou alérgica
  • 16. Alergia ao Látex Rinite e Asma • Partículas do pó das luvas; • Pacientes sensibilizados/atópicos; • Asma ocupacional;
  • 17. Alergia ao Látex Anafilaxia • Relatos de casos fatais; • Pacientes sensibilizados ao entrar em contato com: ▫ cateteres, ▫ balões de dilatação, ▫ sondas, ▫ cânulas, ▫ brinquedos ▫ material dentário.
  • 18. Diagnóstico • História clínica: atopia, múltiplas cirurgias, alergia a frutas, ocupação. • Prick test: ▫ Canadá e Europa – extrato padronizado. ▫ EUA – luvas de procedimentos. • RAST para IgE antilátex. • Teste de provocação ▫ Pacientes com história de reações graves não devem ser desencadeados
  • 19. Tratamento • Uso de produtos sem derivados do látex. • Mudar marca das luvas, variar fabricante e lote. • Alerta quanto ingesta de frutas . • Substituição das luvas de látex por vinil. • Criação da clínicas/hospitais “ látex-safe” • Imunoterapia - reações à imunoterapia ainda são frequentes e a não exposição ainda é o principal tratamento para pacientes alérgicos ao látex. • Omalizumabe -Leynadier et al. demonstraram ter o efeitos clinicamente relevantes para pele e olhos de trabalhadores da área de saúde com alergia ocupacional ao látex.