Durante uma reunião de diretoras e cronistas, as irmãs refletiram sobre três olhares (contemplação, memória e futuro) ao relembrar a partida das primeiras irmãs missionárias para o Uruguai há 140 anos. Elas oraram pelos refugiados e migrantes de hoje e se comprometeram a alargar seu olhar missionário.
1. BRJ_Reunião de Diretoras e cronistas / 2ª etapa irmãs da I Idade
Dir. No ultimo dia 5 de julho, retornando dos Exercícios Espirituais, junto à Madre e às Conselheiras, tivemos a
graça de estar diante do porto de Gênova, de onde partiram há 140 anos as primeiras FMA missionárias ad gentes
rumo ao Uruguai. Foi um momento especial de ação de graças ao Senhor pela audácia previdente dos nossos
Fundadores e pela coragem e a engenhosidade das nossas primeiras irmãs. Levamos conosco uma mala de
papelão e dentro dela, simbolicamente, três olhares: um olhar de contemplação, um olhar de memória e um olhar
de futuro.
Canto: Um passo atrás, um olhar. Uma pergunta para o tempo. Não podemos destruir a importância do
momento.
Monese hoje fala, num silencio questiona. Nos convida a sentir coisas pequenas: um sorriso, uma flor, o amor de
cada dia, a fraterna união, um poço de alegria.
Leitora: Com o olhar de contemplação recordamos o que nos dizem os Atos do CGXXIII: “Alargai o olhar. Com os
jovens, missionárias de esperança e de alegria!”. Contemplando o céu, o mar… sentindo o ar, o vento, o calor do
sol, escutando o barulho da água... deixamos falar o nosso coração. O olhar de contemplação é o olhar de Deus
que, admirando a obra de suas mãos, “viu que tudo era muito bom”.
Salmo 8:
Teu nome, Senhor, é tão bonito, Tu moras no Céu lá nas alturas. Até as crianças pequeninas, já sabem que
vences o inimigo.
Olhando pro céu que tu fizestes, eu vejo as estrelas, vejo a lua... Entendo que o homem vale muito, pois
tudo pra ele tu fizestes.
Os bois e as ovelhas nos currais, e o gado que pasta pelo campo. Os peixes do mar e os passarinhos, e
tudo o que corta o ar e as águas.
A Deus criador pertence a glória, ao Verbo em Jesus manifestado. Divino amor que rege a história, vem e
fica pra sempre ao nosso lado.
Leitora: Com o olhar de memória revisitamos aquele distante 14 de novembro de 1877, quando Dom Bosco e
Madre Mazzarello acompanharam ao porto de Gênova os Salesianos e as FMA que estavam para partir. Ali era
possível perceber o eco vivo do coração paterno e materno de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. A Cronistória,
entre muitas coisas, nos fala dos «olhos do Fundador cheios de lágrimas», e Dom Bosco ainda consegue sorrir,
falar, consolar! Além disto, focaliza a atenção em Madre Mazzarello, cujo coração sentia «necessidade de dar-se e
dar-se ainda mais àquelas filhas, que sabe que nunca mais verá, portanto se entretém com cada uma em
particular...». Continua a Cronistória: «Da ponte, comovido, o grupo se despede: Dom Bosco lança um último olhar,
Madre Mazzarello com dificuldade contém o pranto. Dom Cagliero gostaria de contar uma anedota para aliviar os
ânimos, mas não consegue. Num determinado momento, do mar chega uma onda sonora: é Dom Costamagna no
piano, que acompanha o coro das missionárias: “Eu quero amar Maria”. O canto se perde na distância». Também
nós, naquele momento, provamos um pouco da emoção que, assim imagino, experimentaram as nossas queridas
irmãs jovens do 1877.
Canto: É Maria Auxiliadora…
Leitora: Com o olhar de futuro, rezamos pelas pessoas que foram obrigadas a deixar a sua terra nos últimos
séculos. Sim, um olhar de futuro porque... quem parte, parte sempre com a esperança de encontrar um lugar onde
viver com mais dignidade, em paz, com maiores chances de ter o necessário para si e para os seus.
A história nos mostra que na Itália, depois de 1870, o crescimento da população fez aumentar consideravelmente o
fluxo migratório. Entre 1876 e 1925 partiram mais de 9 milhões de italianos. Entre estes, muitos agricultores e
trabalhadores pobres e analfabetos, expulsos pelo desemprego e pela fome. Dom Bosco, no dia 11 de novembro de
1875, na partida da primeira Expedição Missionária SDB, no final das Vésperas, «subiu ao púlpito, e expôs aos que
partiam um programa de ação. Em primeiro lugar, eles cuidariam dos emigrantes italianos na Argentina:
2. BRJ_Reunião de Diretoras e cronistas / 2ª etapa irmãs da I Idade
“Recomendo-lhes com insistência a posição dolorosa de muitas famílias italianas. Vocês encontrarão um grande
número crianças e também de adultos que vivem na mais deplorável ignorância: não sabem ler, escrever e
desconhecem os princípios religiosos. Vão, procurem estes nossos irmãos que a miséria e a desgraça levaram a
uma terra estrangeira”».
Leitora: A Agência das Nações Unidas para os Refugiados nos oferece alguns dados que merecem a nossa
reflexão. No final de 2016, o número registrado de pessoas forçadas a abandonarem suas casas foi de 65,6
milhões. O conflito na Síria continua a ser a principal causa de origem dos refugiados (5,5 milhões). O Sudão do
Sul tem contribuído para a fuga de 1,87 milhões de pessoas. As pessoas deslocadas dentro do seu próprio país
são cerca de 40,3 milhões. No mundo, uma pessoa em cada 113 é forçada a fugir de sua casa. Cada três
segundos alguém é forçado a fugir de sua casa - menos tempo do necessário para ler esta frase. As crianças
representam a metade dos refugiados do mundo. Os pedidos de asilo feitos por crianças não acompanhadas
foram 75.000. Estima-se que, no final de 2016, pelo menos 10 milhões de pessoas não possuíam uma
nacionalidade.
Leitora: Queridas Irmãs, na condição de FMA, o olhar de futuro deveria suscitar em nós inquietude,
questionamentos... Quais são as perguntas que brotam do nosso coração diante da situação de tantas
pessoas que devem abandonar a própria terra, língua, cultura, família...? Para os jovens migrantes, os
menores não acompanhados, qual futuro de esperança se apresenta? Qual resposta o carisma de Dom
Bosco e Madre Mazzarello pode dar aos jovens em fuga, aos jovens sem nacionalidade, vítimas da guerra,
do tráfico, da pobreza? Além disso, o olhar de futuro deveria despertar em nós uma grande esperança de
alcançar novos horizontes de vida para oferecer às novas gerações.
Dir. - No final da nossa estada no Porto de Gênova, recebemos das mãos de Madre Mazzarello, na pessoa de
nossa Madre Ir. Yvonne, uma carta especial, que nos impulsiona rumo ao futuro, para que possamos viver com
novo entusiasmo apostólico missionário o nosso serviço de animação e de governo no Instituto, hoje.
Ir. Ana Teresa: Então, Irmãs, neste dia 14 de julho, convido-as a rezarem juntas, como comunidade, por todos
os prófugos, migrantes e refugiados do nosso tempo, de modo especial, pelos jovens e crianças a quem a vida
não deu outra possibilidade senão aquela de fugir, de escapar, de atravessar fronteiras, mares, desertos... Rezemos
também por aqueles que partiram, mas nunca chegaram! Além disto, convido-as a cultivarem o olhar de
contemplação, o olhar de memória e o olhar de futuro lendo uma das 25 cartas escritas por Madre Mazzarello às
missionárias.
Ir. Maria Rita: - Possamos ter sempre pronta a nossa mala, pequena e leve, para responder generosamente ao
chamado do Senhor e da realidade que nos circunda. Manifesto um agradecimento especial a todas as Inspetorias
que deram de presente ao Instituto uma missionária ad gentes neste 140º. São 11 as Irmãs que farão a Roma o
percurso de preparação à missão ad gentes. «Deus ama quem dá com alegria!».
Todas: MAGNIFICAT, Senhor, porque o Carisma está vivo e é resposta às expectativas dos jovens, dos pobres,
dos migrantes,... Ajuda-nos a alargar ainda mais o olhar para chegar aos nossos irmãos e irmãs que têm sede e
fome da Boa Notícia de vida e esperança.
Canto: Eu sou bem feliz porque meu senhor Fez maravilhas em mim. Explode alegria em meu coração Deus
vem morar em meu sim.
Ele mostrou sua ternura aos pequenos; Olhou para mim e o mundo inteiro se alegrou. Tudo que é grande, diante
dele é muito menos; E nos humildes mora o amor que Ele deixou.
Eu me recordo com alegria da promessa, de Deus ser vida eternamente para os seu. E se é difícil o tempo que ela
atravessa, sabe que nada vai impedir o amor de Deus.