Este documento descreve as atividades do autor como líder estudantil em Bagé no verão de 1981, incluindo organizar eventos culturais para estudantes. Também discute seu trabalho como prefeito de Bagé entre 2001-2008, onde promoveu festivais de música e dança na cidade, e criou a Festa do Churrasco para promover a produção de carne da região.
Memórias de um_tempo_Festa Intercional do Churrasco_ Parque do Gaúcho
1. No verão de 1981 fiquei em Bagé.
Abri mão das férias universitárias, do
convívio com a família na Serrinha Velha,
lá no interior de Sobradinho, porque, como
líder estudantil, tinha algumas tarefas
para cumprir naquele período. Uma delas
era a de organizar a recepção aos
estudantes que prestariam vestibular e,
logo em seguida, ingressariam na "velha"
Faculdades Unidas de Bagé (FUnBa).
Outra era promover o show de música
nativa, popular brasileira e latino-
americana que o Diretório Acadêmico de
Direito, juntamente com outras
organizações estudantis, realizaria no dia
30 de janeiro, na praça Silveira Martins.
Aliás, nossa atuação no movimento
estudantil foi marcada, além das lutas
pelas reivindicações dos estudantes, pela
intensa atividade de cunho cultural.
Fazíamos, além de shows, muitos
seminários e debates. Foi num destes que
conheci o governador Tarso Genro. Como
dirigente da União Estadual de
Estudantes, que ajudei a reativar, estive
integrado na organização do Cio da Terra,
um grande encontro de música, teatro e
outras manifestações culturais realizado
em 1982, no Parque da Uva, em Caxias do
Memórias de um tempo
O maior
churrasco do
mundo
Sul.
Uma cena que jamais esquecerei foi
aquela em que fui até a Prefeitura solicitar
o empréstimo do palco para que
pudéssemos realizar o show que já tinha
confirmadas as participações de artistas
como Cenair Maicá, Cesar Passarinho e
Leopoldo Rassier. O representante do
interventor da época negou nosso pedido.
Não desistimos e conseguimos, com o
Odilo Dal Molin, da Entel, nove tonéis e
algumas tábuas para improvisar o palco.
Trabalho realizado, tudo certo, no dia
marcado ocorre o inesperado. São Pedro
que, normalmente, não manda chuvas
para Bagé nos janeiros, abriu as torneiras
do céu e despejou toda a água que havia
reservado nos últimos 90 dias. Um grande
aguaceiro.
Na frente do Unibanco, protegidos
pela aba do prédio, eu e o José Armando
Carreta, o Carretinha, nos abraçamos,
choramos e tomamos a decisão que nos
doeu muito, em função de todo o
envolvimento. Não tinha outra alternativa:
cancelamos o show.
2. Conto isso para explicar uma das
razões que me motivaram, enquanto
prefeito de Bagé, entre 2001 e 2008, a
dedicar especial atenção para as questões
ligadas à cultura. Quando procurados pelo
Tiago Cesarino, que pedia apoio para a
realização do seu "Canto Sem Fronteiras",
assumimos o compromisso de colaborar
com a promoção, que depois criou uma
versão para os pequenos cantores. Demos
respaldo total para a Nádia La Bella,
nossa secretária da Cultura à época, para
a promoção da Galponeira da Canção,
nome sugerido pelo Sapiran Brito, que era
secretário adjunto da pasta. Bagé, que
não tinha nenhum festival de música
gaúcha, passou a contar com dois. E, de
dança, criamos, com a Ana Carla Flores, o
Dança Bagé.
Festa do churrasco
Em 2001, retornando de Pelotas,
onde fui prestigiar o prefeito Fernando
Marroni, meu ex-colega na Câmara dos
Deputados, na abertura da Fenadoce,
Memórias de um tempo
fiquei pensando por que Bagé não tinha
nenhuma atividade daquele porte para
promover alguns setores de sua
economia. Isso é comum em vários
municípios que promovem desde o
moranguinho até a erva mate. Tínhamos a
Expofeira e a Semana Crioula, promovidas
pelo Sindicato/Associação Rural, mas
entendia que havia espaço para promover
nossa produção.
Logo pensei na carne de Bagé. Uma
das melhores do mundo, que ganhou
fama nacional e internacional,
especialmente a partir do trabalho do
saudoso Lauro Tavares à frente da Cicade.
Sob a sua liderança, a carne do Pampa
conquistou alguns dos melhores mercados
do mundo e podia ser encontrada em
"boutiques" instaladas em Porto Alegre,
São Paulo e Brasília, por exemplo. No
outro dia do meu regresso de Pelotas,
reuni o secretariado e lancei o desafio de
criarmos e consolidar a Festa do
Churrasco, na perspectiva de estabelecer
um momento de encontro e
confraternização de todos os segmentos
3. da comunidade, reunindo entidades,
escolas, associações, sindicatos, igrejas,
empresas, grupos familiares, de vizinhos e
de amigos numa grande celebração
coletiva.
Pensamos: se temos a melhor carne
do mundo, devemos fazer a maior
churrascada do mundo. E assim foi. Em
dezembro de 2002, nos bosques do
Complexo Esportivo do Militão, reunimos
35 mil pessoas que consumiram 22 mil
quilos de carne. E obtivemos outra marca:
reunindo tanta gente, de diversas origens,
com muitas facas, não registramos
nenhuma confusão que merecesse
destaque. A comunidade de Bagé e da
Memórias de um tempo
*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé,
em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.
região celebrou em paz.
O que faltou
A Festa do Churrasco poderia ser
maior. Infelizmente, não conseguimos
sensibilizar a indústria local e os próprios
produtores, que não se integraram ao
espírito da promoção. Também não
tivemos "pernas" para promover outras
atividades que pudessem dar maior
consistência à festa, como, por exemplo,
dentre outras, o encontro internacional de
churrasqueiros e de donos de
churrascarias, que havíamos idealizado.