Versão integral da edição n.º 44 (ANO 2 – SÉRIE II) do quinzenário “Correio da Beira Serra”, que se publica em Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra, Portugal). Director: Henrique Barreto. 04.12.2007.
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SAP de Oliveira do Hospital terá dias contados para encerrar à noite
1. Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007
QUINZENÁRIO (sai às terças-feiras)
Ano 2 - Série II - N.º 44
Director: Henrique Barreto
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www.correiodabeiraserra.com
“Casa de meninas Em Tábua, já foi dada a ordem de encerramento: dia 15 de Março à meia-noite
Apesar dos protestos
encerrada para
obras”
A residencial-bar de Senhor das
SAP tem os dias contados
Almas encerrou as portas repen-
tinamente, mas os proprietários
terão justificado que é apenas
por uma questão de obras.
Última página
Câmara Municipal
recupera antas
A Câmara Municipal de Oliveira
do Hospital convidou uma em-
presa de arqueologia para recu-
perar os monumentos dolméni-
cos do concelho. Pág. 3
Uma fonte da Administração Regional de Saúde do Centro já confirmou ao Correio da Beira Serra que o en-
PS acusa Presidente cerramento do SAP do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, durante o período nocturno, é apenas uma
da Câmara de questão de tempo e a decisão do ministro está só dependente da “implementação de algumas condições” no
terreno. Em Tábua, a data de encerramento já está fixada. Págs. 2 e 3
“eleitoralismo
calculista” Campos trouxe
“É a velha e estafada estratégia
de tentar paralisar as Juntas de
palavra de esperança
Freguesia que não interessam O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital
ao senhor presidente da Câma- parece ter posto fim ao clima de hostilidades
ra”, diz o PS num comunicado à que vinha mantendo com o secretário de Estado
imprensa, onde acusa o autarca Paulo Campos e, sobre o estudo das novas
do PSD de só agora ter recupera- acessibilidades à região-centro, colocou-se em
do o açude da Volta, em Alvôco sintonia com o autarca de Seia, num dia em que
autarcas e empresários ouviram uma palavra de
das Várzeas, por motivos polí-
esperança quanto à remodelação do panorama
ticos. Pág. 12
rodoviário da região. Pág. 8
2. 2 SAÚDE Correio da Beira Serra 4 de Dezembro de 2007
Quando os meios de socorro previstos na proposta de requalificação da rede de urgências estiverem
SAP de Oliveira do Hospital não escapa ao enc
Mal os meios materiais e huma-
nos estejam agilizados e no terreno,
Oliveira do Hospital não foge à
regra das estatísticas e o SAP vai
mesmo encerrar durante o período
nocturno. É tudo uma questão de
tempo, conforme garante uma fonte
da Administração Regional de Saúde
do Centro, que entretanto já fixou a
data para o fecho do SAP de Tábua.
HENRIQUE BARRETO / LILIANA LOPES
É
apenas uma questão de tempo. O
Serviço de Atendimento Permanen-
te (SAP) do Centro de Saúde de Oli-
veira do Hospital (CSOH) vai mesmo
encerrar durante o período nocturno, entre as
0h00 e as 8h00. A informação foi avançada na
semana passada ao Correio da Beira Serra por
uma fonte não identificada da própria Admi-
nistração Regional de Saúde do Centro (ARS
Centro), que garantiu no entanto não haver
ainda uma data definida para o encerramento.
“Os SAP têm os dias contados e mais tarde ou
mais cedo vão encerrar. Em Oliveira do Hos-
pital, o SAP encerrará quando estiverem acau-
teladas outras unidades no terreno. Isto faz
parte do projecto de requalificação do serviço
de urgências, mas só quando estiverem imple-
mentadas todas as condições é que o ministro
da Saúde avançará com datas de encerramen-
to e as alterações ao sistema”, referiu ao CBS
a mesma fonte, especificando ainda que este
processo está dependente da implementação
do Serviço de Urgência Básico (SUB) que está a
ser criado no concelho de Arganil.
O Correio da Beira Serra sabe, aliás, que os
profissionais de saúde afectos ao CSOH têm Protestos dos partidos contra o encerramento do SAP não demovem ministro da Saúde....
estado a ser contactados pela ARS Centro no
sentido de poderem vir a prestar serviço no explicou a directora daquele centro, realçando deu azo à realização de uma vigília de protesto to daquele serviço também trouxe o secretá-
futuro SUB de Arganil. São conversações que a o grau de eficácia deste serviço prestado por participada por milhares de pessoas. O próprio rio-geral do Partido Comunista Português, em
fonte da ARS Centro considera “normais” por- profissionais de saúde, já que as viaturas do partido do Governo – o PS de Oliveira do Hos- Março do ano passado, a Oliveira do Hospital.
que – conforme frisou – “estas coisas pressu- INEM são medicalizadas e têm sempre um mé- pital –, ainda recentemente manifestou junto Numa visita ao centro de saúde local, Jeróni-
põem um trabalho preparatório”. dico e um enfermeiro. dos deputados eleitos pelo Círculo de Coimbra mo de Sousa não poupou críticas ao actual
a sua preocupação quanto à “manutenção” da- governo considerando que se trata de uma
SAP de Tábua encerra entre a meia-noite Directora do Centro de Saúde queixa-se quele serviço. medida que “não tem uma fundamentação ló-
e as 8h00 já a partir de 15 de Março de falta de informação “O funcionamento e as necessidades dos gica, nem racionalidade”. “Só se pretende en-
Fruto desta polémica reestruturação da Rede Pese embora o seu fim estar anunciado, o caso serviços de saúde do concelho, em face das cerrar, para dar resposta ao défice das contas
de Urgências, a ARS já comunicou, por exem- particular do SAP de Oliveira do Hospital – em características específicas do concelho de Oli- públicas”, referiu na altura aos jornalistas o
plo, à direcção do Centro de Saúde de Tábua que a média de atendimentos nocturnos é re- veira do Hospital, designadamente a necessi- líder do PCP, considerando tratar-se do “pior
(CST) o encerramento do SAP local entre a duzida –, tem sido no entanto dos mais com- dade de garantir a manutenção do atendimen- caminho”.
meia-noite e as 8h00 a partir do dia 15 de Mar- plexos de resolver. to médico nocturno, incluindo a necessidade O facto de o concelho de Oliveira do Hos-
ço. Esta informação foi confirmada ao CBS pela Contactada por este jornal, a directora do de instalação de uma viatura de emergência pital ter localidades que estão a mais de uma
própria directora do CST, Maria do Rosário, Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, Aldina médica avançada, devidamente equipada”, foi hora de distância de Coimbra, as deficientes
que disse já ter recebido essas indicações. Ma- Neves, diz desconhecer o andamento do pro- um dos anseios que o PS local transmitiu aos acessibilidades e, ainda, a existência de uma
ria do Rosário não se mostrou muito preocupa- cesso e queixa-se de falta de informação.”Não deputados, num memorando entregue dia 21 unidade fabril a funcionar 24 horas por dia e
da com aquela decisão e explicou a este jornal temos indicações nenhumas. Estamos a aguar- de Novembro, por ocasião de uma visita à As- uma escola superior, têm sido alguns dos prin-
que os utentes daquela unidade de saúde – à dar, tal como o resto da população”, referiu a sembleia da República. Esta mesma posição já cipais argumentos que os partidos políticos
semelhança do que vai acontecer noutros cen- responsável pelo CSOH, aconselhando o jornal tinha sido transmitida pelo líder local do par- vêm utilizando para tentar impedir o encer-
tros de saúde – “vão ter um encaminhamento “a esperar mais um tempinho”. tido, quando convidado a tomar uma posição ramento do SAP em período nocturno. Numa
médico através do 112”, sendo que competirá pública sobre esta matéria. “O PS é firmemen- reunião realizada no início deste ano entre o
ao Instituto Nacional de Emergência Médica PS local também se opõe ao encerramento te a favor da manutenção do SAP do Centro então presidente da ARS do Centro, Fernan-
(INEM) fazer a triagem de cada episódio de A possibilidade, agora confirmada, de encerra- de Saúde em funcionamento 24 horas por dia”, do Regateiro, e uma comissão composta pelo
urgência mediante a situação clínica descrita. mento do SAP de Oliveira do Hospital no pe- referiu José Francisco Rolo na edição impres- presidente da Câmara de Oliveira do Hospital
Consoante a gravidade, os doentes poderão ríodo nocturno – desconhece-se se o mesmo sa do CBS de 13 de Outubro do ano passado, e por deputados municipais dos partidos po-
ser encaminhados para o SUB de Arganil ou acontecerá durante o fim-de-semana –, tem discordando assim da fórmula defendida pelo líticos com assento na Assembleia Municipal,
para os Hospitais da Universidade de Coim- vindo a suscitar diversas reacções de protes- Governo. o responsável por aquele organismo – entre-
bra. “Os doentes já hoje podem fazer isso”, to em todos os quadrantes políticos e até já Recorde-se que a “ameaça” de encerramen- tanto substituído no cargo por João Pimentel
3. 4 de Dezembro de 2007 Correio da Beira Serra SAÚDE 3
operacionais Sebastião Antunes diz que não tem havido conversações
Editorial
cerramento Fundação continua disponível
para assegurar urgências
Más notícias
O Hospital da Fundação Aurélio confiante de que o SAP de Oliveira do
Amaro Diniz (FAAD) continua disponí- Hospital só encerrará no período noc-
vel para assegurar o serviço de urgên- turno “quando houver uma alternativa
cias no período nocturno. O presidente no concelho”. “E não significa que seja
HENRIQUE BARRETO
do Conselho de Administração daquela a FAAD”, notou.
Instituição Particular de Solidariedade O Serviço de Urgências Básico (SUB)
Social (IPSS) mantém a possibilidade que está a ser criado em Arganil não Não há volta a dar. O Serviço de
em cima da mesa, mas lamenta que é – na opinião daquele responsável Atendimento Permanente (SAP) do
da parte da Administração Regional – a solução para Oliveira do Hospital. Centro de Saúde de Oliveira do Hos-
de Saúde (ARS) do Centro ainda não “Acredito que quem decide tenha per- pital (CSOH) tem os dias contados e o
tenham havido quais- cepção de que é essen- seu encerramento, entre a meia-noite
quer contactos nesse cial uma resposta de
“(...) O Serviço de Urgên- urgência no concelho”, e as 8h00, é apenas uma questão de
sentido. Ou seja, desde
tempo, conforme garantiu ao Correio
Maio de 2006 – altura cias Básico (SUB) que está referiu Sebastião Antu-
em que Antunes avan- nes, tendo ainda pre- da Beira Serra uma fonte credível da
çou com essa possibili- a ser criado em Arganil sente a garantia dada Administração Regional de Saúde do
dade em entrevista ao não é – na opinião daquele pelo então presidente Centro.
Correio da Beira Serra da ARS do Centro à co- Vamos esperar pelas alternativas
– nada mudou. responsável – a solução missão nomeada pela que o ministro da Saúde possa vir a
“A FAAD não está para Oliveira do Hospital. Assembleia Municipal anunciar, mas, citando o “pai” do Servi-
alheada do processo, de Oliveira do Hospital ço Nacional de Saúde, António Arnaut,
mas não vamos dar “Acredito que quem decide de que o SAP não en- e olhando também para as caracterís-
um passo em frente, tenha percepção de que cerraria sem que fos- ticas de um concelho periférico como
sem termos a seguran- sem criadas alternati- o de Oliveira do Hospital, é mais uma
ça por parte de quem é essencial uma resposta vas. Sublinhe-se que na
reforma a “régua e esquadro”.
pode vir a decidir esta de urgência no concelho”, reunião datada de 22 Podem argumentar que o SAP não
questão”, disse na oca- de Novembro de 2006, está vocacionado para as verdadeiras
sião o responsável pelo referiu Sebastião Antunes, Fernando Regateiro
urgências e que, por vezes, pode re-
Conselho de Adminis- tendo ainda presente a afiançou que “nada
presentar uma perda de tempo já que
tração, deixando claro acontecerá, até que
que “a FAAD não se vai garantia dada pelo então haja uma alternativa a vida tanto se ganha como perde num
minuto. Podem explicar que os seus
pôr em bicos de pés”. presidente da ARS do Cen- que garanta às popu-
Ano e meio depois, lações que não ficarão custos de manutenção são altíssimos e
Sebastião Antunes tro à comissão nomeada desprotegidas, numa que a média de doentes, durante a noi-
mantém a sua posi- pela Assembleia Municipal situação de casos agu- te, não justifica a abertura do serviço.
ção sobre o assunto, dos”. O responsável Há mil e um argumentos que os defen-
desde que tal “possa de Oliveira do Hospital de chegou até a aventar a sores da política de Correia de Campos
constituir uma mais va- que o SAP não encerraria hipótese de poderem podem invocar, mas uma coisa é certa:
lia para os cidadãos”. vir a ser contratualiza- o conforto psicológico e a sensação de
“Não interessa acolher sem que fossem criadas dos serviços externos segurança que um serviço deste tipo
só por acolher. Importa alternativas. (...)” que assegurem as ur- proporciona ao cidadão – num conce-
melhorar os serviços”, gências nocturnas, com lho muito distante dos pontos de ur-
referiu, explicando a garantia de que os gência que o Governo prevê criar, em
contudo que não é sua intenção “pôr utentes não terão que suportar custos
Arganil e Coimbra –, não tem preço.
em causa o bom trabalho dos profis- adicionais. É com base no conteúdo
O que a saúde portuguesa no inte-
sionais do Centro de Saúde”. resultante do encontro com Regateiro,
– deu garantias de que o SAP não encerraria Antunes está a par das notícias que que Antunes se mantém confiante na rior precisa é de mais meios humanos
sem estarem garantidas as condições necessá- já dão como certo o encerramento do permanência do SAP no período noc- e tecnológicos e, também, melhor ges-
rias. Serviço de Atendimento Permanente turno em território oliveirense. tão de recursos.
Na altura, ainda se aventou a possibilidade (SAP) do Centro de Saúde de Tábua, Sebastião Antunes posiciona a FAAD Encerrar um SAP à noite em Oli-
(ver caixa) de a Fundação Aurélio Amaro Diniz no período nocturno, já a partir de 15 como uma possível parceira a conside- veira do Hospital, não é a mesma coi-
poder vir a assegurar o serviço de urgências, de Março, mas disse não acreditar que rar nesse processo, mas deixa claro: sa que encerrar o de Cantanhede ou
mas este assunto nunca mais voltou a estar em os oliveirenses possam ficar despro- “não nos iremos colocar em bicos de de Condeixa, por exemplo, já que os
cima da mesa. tegidos nesta matéria. Está, por isso pés, nem dar o primeiro passo”. seus utentes rapidamente chegam aos
Após o encerramento daquele serviço no Hospitais da Universidade de Coimbra
período nocturno, e no âmbito do relatório fi- (HUC).
nal da Proposta da Rede de Urgências elabora- Agora, o caso concreto de Oliveira
da pela Comissão Técnica de Apoio ao Proces- do Hospital – e Pampilhosa da Serra,
so de Requalificação das Urgências, a liderança
por exemplo –, é muito peculiar por-
de todo o processo vai ficar sob a alçada do
que, conforme se sabe, há povoações
INEM e o Ministério da Saúde estipula a dispo-
quase isoladas que distam mais de hora
nibilização de uma ambulância de emergência
com uma tripulação profissionalizada por cada
e meia dos HUC e uns bons quartos de
40.000 habitantes. Em síntese, o utente que hora do Serviço de Urgência Básico
necessite de assistência médica terá de contac- que se está a criar em Arganil.
tar o “call-center” do INEM, através do número Oliveira do Hospital está, nos últi-
112, e depois de feita a triagem – no caso de mos anos, cansada de perder serviços
Oliveira do Hospital – os doentes são encami- públicos. É óbvio que eu também não
nhados, consoante a tipologia da urgência, ou sou adepto do actual modelo de SAP e
para o Serviço de Urgência Básica de Arganil nem sequer defendo a política do “tudo
ou para os Hospitais da Universidade de Coim- na mesma como dantes”. O país precisa
bra. Durante a viagem entre o local de socorro de se reformar na saúde, na justiça, na
e ao ponto de urgência mais próximo, os uten- educação e em muitos outros sectores.
tes são acompanhados por uma equipa médica Não se façam é as reformas à custa do
que presta os primeiros socorros.
elo mais fraco: o interior do país.
4. 4 OPINIÃO Correio da Beira Serra 4 de Dezembro de 2007
“Mondego”, o cão
OPINIÃO
C ARLOS ALBERTO (V ilaça)
vilacadalva@gmail.com
T
rago o Paulo Marques “(…) A viagem foi longa. que se cheirasse: puxava-lhe o e aguçado o olhar em busca do A viagem foi longa. “Conversa-
à ribalta da minha des- rabo e pontapeava-o a meio da dono, concluiu que tinha sido ram”, ele com latidos e abanade-
pretensiosa cronique- “Conversaram”, ele com paródia. abandonado à sorte do destino las de rabo que, tinha a certeza,
ta pelo facto de ser O “Mondego” chorava, como incerto o seu protector entendia, e este
considerado muito justamente latidos e abanadelas de só os cães sabem, e escondia- Depois de horas a fio sem a querer saber coisas: de onde vi-
figura pública solidária. se fosse onde fosse logo que o rumo (ou foram dias?), aperce- nha e para onde ia – coisas que,
Diga-se, em abono da verda-
rabo que, Hugo começava com a “patifa- beu-se do barulho familiar dos para um cão como ele, agora em
de, que o Paulo, “velho” conheci- tinha a certeza, o seu ria”, na honesta opinião de qual- automóveis que iam e vinham segurança, eram desnecessá-
do de mais uma década, coloca a quer cão. em velocidade estonteante. rias…
sua paixão por pessoas e bichos protector entendia, e Apesar disso, o “Mondego” Devagar, cansado, foi até à O Paulo, disse-o na roda de
no mesmo prato da balança – no considerava que levava uma bela berma daquela estrada que nun- amigos, “limitou-se a alterar a
outro estão os seus afectos em este a querer saber coi- vida: comida da melhor, banhos, ca tinha visto assim cheia, e por vida e o futuro do miúdo”, sem
actos e palavras. anti pulgas, vacinas – tudo com lá ficou, indeciso: pensar nas consequências: espa-
A homenagem, quase privada,
sas (…)” preceito, até a alcofa onde dor- - Atravesso para o outro lado, ço para alojar o “Mondego” e a
que lhe foi prestada no Domingo … mia merecia ar puro diário. ou volto para trás? - pensava . “zanga” da mãe:
passado, teve a ausência (espera- “Quando “criança”, o “Mon- O “Mondego”, naturalmente, Todo ele tremia – o instinto - Mais um, Paulo?
da) dos “outros amigos” a quem dego” era o enlevo da família de cresceu. Diz “ele” que o pior de- dizia-lhe para ser cuidadoso. O pai, homem de outros cui-
ele dedica especial desvelo; há, acolhimento, graças à sua per- feito trazido do tempo de “crian- De repente, um dos muitos dados, atenções e paciências,
pelo menos, oitenta desses ami- manente disponibilidade para ça” era a irreverência... automóveis, em marcha lenta, por certo conformou-se com o
gos de quatro patas que, se fosse as brincadeiras dos meninos da Um dia, quando nada o previa, acendeu uma luzinha, como se novo hóspede do canil, e “inven-
possível, o teriam ido parabeni- casa. Então a Rita, traquina, não o dono levou-o a um passeio, lhe piscasse o olho, e parou mes- tou” um lugar digno e acolhedor,
zar. lhe dava parança um minuto, serra acima, e enquanto se en- mo ao seu lado. de modo a que o “Mondego” se
Se os animais “falassem”, era mas que importava isso se ela tretinha com os cheiros daque- Resoluto, o Paulo Marques - sentisse em casa.
isso que teria acontecido, sem era a sua preferida nos jogos le mundo meio estranho, levou conheceu-lhe o nome mais tarde - Bem-vindo – disse o Paulo.
qualquer dúvida, na “opinião” de “esconde / esconde” de que longe demais a correria, a ponto – pegou em si, com jeito e pala- Feita a “chamada” do recolher,
do rafeiro com nome rio: “Mon- tanto gostava! Já o Hugo, irmão de se perder atrás de uma moita. vras mansas, e colocou-o no ban- responderam oitenta e três uten-
dego”. mais velho da Rita, não era flor Depois de ter erguido as orelhas co de trás. tes, incluindo o “Mondego”!
Os pais e os Nenucos.
OPINIÃO
L U S I TA N A F O N S E C A
“Em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades.” lmfonseca.tana@sapo.pt
N
a semana passada, esposa ou mãe. do direito, cumpre não perder de “ (…) Apesar de ser mulher, em tribunal, com os ex-cônjuges a
quando serpenteava Bem sei que as corporações vista o critério do “interesse supe- guarda dos filhos de ambos, como
numa rua da cidade escoiceiam quando alguém identi- rior da criança”, sobre a qual tem não acredito piamente no uma causa precedente e ao serviço
acobreada de Outono, fica as suas frinchas. Por isso não de decidir a forma, como passará da sua desventura conjugal, devem
cruzei-me com uma mulher per- conheço um juiz que testemunhe a ser exercido o poder paternal,
chamado “instinto materno”, conhecer a decisão do juiz do Cir-
dida em passos curtos, a destilar contra outro. Um polícia que tes- será de impor aos pais a assunção e para desmentir o tal este- culo de Giz Caucasiano, de Bertolt
abandono e melancolia. Parou a temunhe contra outro. Um médico do compromisso repartido, o inte- Brecht. Ali uma criança é dispu-
meu lado, cumprimentou-me e que testemunhe contra outro. As- resse apoiado e a responsabilidade reótipo, basta que se olhe tada por duas mulheres. Ambas
com curial pensamento, disse. Hoje sim sendo, é fácil que, uns e outros, integrada sobre os filhos. È facto ao redor: há mulheres que se dizem mãe da criança. Então o
inseri-me no círculo cego e obnubi- gerem à sua volta uma sensação de que, quando o assunto é o superior juiz desenha um círculo de giz no
lado da justiça. Claramente evadi- poder incomensurável. E causticar interesse de uma criança, todos tiveram filhos e não sabem chão, coloca a criança no meio e
da pelo rombo psicológico que a os mais fortes, quando existe em somos sábios e simultaneamente diz a cada uma das mulheres, para
ser mães, e há mulheres sem
experiência provocara, pediu-me nós a consciência da inferioridade, ignorantes. Mas nunca será demais puxar a criança por um braço. Uma
que escrevesse sobre o tema, que demonstra apenas, que a tentativa lembrar aos pais, que são a primei- filhos cheias de generosida- delas recusa-se a fazer tal, pelo
serviu de catalisador à nossa con- de esboroar no sistema de poderes ra entidade reguladora de todos os sofrimento que causaria à crian-
versa: A criança e a síndrome da e de decisão, determinados tabi- comportamentos dos seus filhos. E de e dedicação. (…)” ça. O juiz dá-lhe a criança. É ela a
alienação parental. A miserabilida- ques, não acarreta frutuosas alte- o Ministério Público em seu nome e verdadeira mãe. E toda esta gran-
de com que fora tratada em tribu- rações. Porque esta é, uma matéria sobretudo quando age em sua subs- tal estereótipo, basta que se olhe deza de juízo, tenha mãe ou pai
nal, numa conferência de regulação onde (ainda) impera o preconceito. tituição, pode mais que aquecer a ao redor: há mulheres que tiveram como substantivo, deve fazer-nos
de poder paternal – para confiança A alienação parental – criação de mão. Os filhos do divórcio, os filhos filhos e não sabem ser mães, e há pensar que os filhos não são mera
da filha a um, ou a ambos os pro- uma relação de carácter exclusivo, da negligência dos serviços sociais, mulheres sem filhos cheias de gene- propriedade genética, nem o amor
genitores – em consequência, da entre a criança e um dos pais, com os filhos institucionalizados pelo rosidade e dedicação. Obviamente de quem cuida tem apenas, uma
ruptura conjugal, produziu nela o objectivo de banir o outro – é um Estado, os filhos das famílias de o mesmo pode ser dito a respeito origem cromossómica. Quando os
como virose, uma ignomínia irre- crime, que não pode, ser patrocina- acolhimento, os filhos em que o pai dos homens, e da tal paternidade. progenitores – mãe ou pai – não se
parável. Aos olhos da magistratura do por nenhum dos progenitores, ou mãe, esperam 5 e 7 anos, para Mas a temática da manipulação interessam pelos filhos, quem pro-
de mente lassa, que de quando em muito menos, deve ter o proteccio- que um tribunal se digne a tomar dos filhos, para odiarem um dos tege, tem de ser salvaguardado nos
quando, coloca o cidadão emérito nismo dos tribunais de família. uma decisão que autorize a visita seus pais é arrepiante. E deve ser seus direitos. Proteger uma crian-
conhecedor de leis, literalmente Os casos de alienação parental, do progenitor. Estes filhos. Todos. considerada, quando os filhos são ça em termos afectivos, anímicos,
na sarjeta. Aquela mãe, incapaz com a cumplicidade indiferente de Não são barro, nas mãos de um juiz matéria de direito, em tribunal. As sociais e familiares é uma tarefa
de clamar pelo indulto, submergi- procuradores do Ministério Públi- ou de uma assistente social, de um crianças não se entregam, como enorme, que não incumbe aqueles
ra na mulher em si, diminuída no co e juízes, não podem ser cala- pai ou de uma mãe. quem entrega um cão ao dono. que possam prestar cuidados falí-
seu pequeno mundo de afectos e dos, porque são a prova de muitos Apesar de ser mulher, não acre- Nem se repartem. Partilham-se na veis. Infelizmente, sem darmos por
certezas, passava a ser nada. A par- deles, não merecerem 1 cêntimo dito piamente no chamado “instin- sua ingenuidade. isso, há sempre um caso ao pé da
tir dali, não prestava como mulher, do que ganham. Se ao aplicador to materno”, e para desmentir o Aqueles que tentam verrinar nossa porta.
Ficha Técnica Administração: António dos Santos Lopes Direcção Editorial: Henrique Barreto - henriquebarretocbs@sapo.pt Jornalista Principal: Liliana Lopes - lilianalopescbs@sapo.pt Desporto: Editor: José Carlos Alexandrino, João Jorge Colaboradores Permanentes:
Adelaide Freixinho, António Campos, Carlos Portugal, Carlos Alberto, Carlos Carvalheira, João Dinis, José Augusto Tavares, Luís Lagos, Luís Torgal, Paulo Ribeiro (caricaturista), Pedro Campos, Rui Santos. Deptº. Comercial: Isabel Mascarenhas Projecto Gráfico: Jorge Lemos
Impressão: Coraze - Oliveira de Azeméis – Telef.: 256 600 580 - Fax: 256 600 589 - E-mail: grafica@coraze.com Sede, Redacção e Publicidade: Praceta Manuel Cid Teles, Lote 12 – 1º Esqº - 3400-075 Oliveira do Hospital, Telef.-Geral: 238086546 Correio Electrónico
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5. 4 de Dezembro de 2007 Correio da Beira Serra LOCAL 5
Clara Monteiro foi a última víti-
ma mortal da EN 230, mas a in-
dicação é a de que em cerca de
15 anos já ali perderam a vida
cerca de 30 pessoas. Consciente
da sua perigosidade, a Câmara
de Oliveira do Hospital decidiu
avançar com uma rectificação,
mas o comandante dos bom-
beiros de Lagares da Beira não
tem dúvidas de que “os pontos
negros vão persistir”, Ao Correio
da Beira Serra, António Pinto
lamenta que “nunca” tenha sido
auscultado sobre esta matéria.
TEXTO: LILIANA LOPES
O
acidente ocorrido, ao início da tar-
de do passado dia 20 na Estrada
Estrada Oliveira do Hospital/Felgueira Velha continua a causar mortes
Nacional (EN) 230 – entre Oliveira
do Hospital e Felgueira Velha – que
vitimou mortalmente Clara Monteiro veio, mais
Rectificação da EN 230 vai avançar,
uma vez, pôr a descoberto a perigosidade que
aquela via encerra.
Bastou a chegada das primeiras chuvas, para
que depois do almoço e no regresso ao local de
mas “pontos negros vão persistir”
trabalho – sentido Lagares da Beira – Oliveira
do Hospital – o veículo conduzido por Álvaro
Monteiro, acompanhado pela esposa de 53 anos,
entrasse em despiste e acabasse por colidir de
traseira numa viatura de mercadorias que se- comandante dos Bombeiros de Lagares da Bei- troço que requer a intervenção da corporação Quanto ao restante troço até à cidade, Camacho
guia em sentido contrário. O choque foi fatal ra, especialmente durante os meses de Inverno, que comanda: Ponte do Cobral – Felgueira Ve- disse não ter registo de grandes acidentes, mui-
para a malograda senhora que terá tido morte em que a chuva e o gelo agravam a perigosidade lha. Aponta o dedo a três curvas que considera to menos de vítimas mortais e justificou esse
imediata e, assim, engrossado a lista de vítimas da via. “Nos três, quatro meses de Inverno mais “muito perigosas” localizadas antes e depois da facto com a possibilidade de os condutores “se
mortais resultantes de acidentes naquela estra- intenso registamos uma média de cerca de 25 conhecia Ponte do Salto, por apresentarem fa- aperceberem da perigosidade da via e por isso
da. Momentos após o acidente, o comandante acidentes”, especificou António Pinto, notando lhas de inclinação. “As curvas não têm inclinação conduzirem com mais precaução”.
dos Bombeiros Voluntários de Lagares da Beira que a situação se agrava com o facto de nesta al- e os carros são projectados” explicou, notando
chegou a avançar que, desde que a estrada foi tura “se registar uma maior escassez de recursos que a “curva da rocha”, depois da Ponte do Sal- …sem solução à vista
reconstruída, há cerca de 15 anos, o registo de humanos disponíveis na corporação para a pres- to, é a que tem propiciado o maior número de A totalidade do troço em causa vai beneficiar
mortes naquela via já ronda as três dezenas. Um tação de socorro aos sinistrados”. Nos meses em acidentes. Entende que não será fácil o corte da de trabalhos de rectificação no âmbito de uma
número que voltou a confirmar ao Correio da que se registam temperaturas mais amenas – ex- curva, pelo que defende que seja dada inclinação intervenção programada pela Câmara Municipal
Beira Serra quando convidado a analisar a sinis- plicou – o número de acidentes tende a reduzir. necessária a cada uma das curvas. de Oliveira do Hospital que, para além de um
tralidade da EN 230. Pinto evidencia ainda as falhas existentes na piso novo e de nova sinalização horizontal e ver-
Para o acidente que deixou de luto a família Pontos Negros… marcação da via, em especial no que respeita aos tical, contempla a construção de duas rotundas
Monteiro, António Pinto não encontrou uma ex- As condicionantes meteorológicas são referen- traços contínuos. Em matéria de sinalização ver- nos cruzamentos norte/sul de Ervedal da Beira,
plicação e lamentou que a chegada das primei- ciadas por Pinto como determinantes para o tical não encontra falhas, mas dá conta da neces- de uma outra no cruzamento entre Lagares da
ras chuvas tenha causado tamanha tragédia. As aumento de acidentes, mas o comandante não sidade de os condutores respeitarem os sinais de Beira e a estrada de acesso a Meruge e coloca-
mortes naquela via já não causam estranheza ao descura os pontos negros existentes ao longo do trânsito. É sobretudo no troço entre Lagares e ção de lombas elevadas no troço que atravessa a
Ervedal da Beira que detecta os principais pro- freguesia de Vila Franca da Beira.
blemas, até porque – como disse – os semáfo- No entanto, não será esta rectificação que
ros existentes em Vila Franca e Aldeia Formosa deixará o comandante António Pinto mais sos-
“reduziram a sinistralidade”. Destaca também a segado. É que – como disse ao CBS – tais obras
intensidade de tráfego automóvel registado ao “não vão reduzir a sinistralidade”. “Os pontos
longo de todo o troço, por se tratar de uma via negros irão manter-se”, referiu, explicando que
de acesso à cidade de Oliveira do Hospital. Para a rectificação prevista não contempla melhorias
além disso – como explicou – é muito utilizada nas referidas curvas. Lamenta que assim seja e
por transportes comerciais, incluindo camiões, que “os bombeiros não sejam ouvidos sobre es-
na maioria das vezes responsáveis pelo derrame tas matérias”. “Nunca fomos ouvidos e sobre es-
de óleos e outros combustíveis na via. tas coisas deveríamos ter sempre uma palavra a
Embora tratando-se de uma área de inter- dizer”, frisou o comandante, explicando que em
venção dos Bombeiros de Oliveira do Hospital, caso de acidente, “são os bombeiros que pres-
Pinto faz também referência à perigosidade da tam os primeiros socorros às vítimas”. Uma tare-
curva que antecede a Ponte do Cobral. “Até já fa que não considera fácil, especialmente quan-
sugeri a colocação de bandas sonoras no piso”, do os bombeiros se deparam com feridos graves
frisou. Uma apreciação que é partilhada pelo co- ou vítimas mortais conhecidas, como aconteceu
mandante Emídio Camacho que ao CBS, referiu com Clara Monteiro. Mas, tem consciência de
que se trata de uma via onde já ocorreram alguns que são “ossos do ofício”.
acidentes, embora sem grande gravidade. Mas O comandante Camacho discorda de Pinto
tem ainda na memória o acidente que, naquele e ao CBS disse que a Câmara tem ouvido os co-
mesmo local, provocou a morte de um bombeiro mandos dos bombeiros no que respeita à rede
da sua corporação, deixando outro tetraplégico. viária concelho, rotundas e até toponímica.
6. 6 OPINIÃO Correio da Beira Serra 4 de Dezembro de 2007
Antigo ministro dos Assuntos Sociais não poupa críticas ao Governo
António Arnaut teme que o Serviço Nacional de
Saúde fique apenas para os “pobres indigentes”
Num debate promovido pela JS
com dois dos principais funda-
dores do Partido Socialista, An-
tónio Arnaut voltou a insurgir-
se contra a política do Governo
no que toca ao encerramento de
serviços de saúde e disse temer
que o Serviço Nacional de Saúde
fique um dia apenas para os
“pobre indigentes”
O
s actuais militantes números
três e quatro do Partido So-
cialista – António Campos e
António Arnaut, respectiva-
mente – participaram este sábado num
aceso debate promovido pela JS de Olivei-
ra do Hospital, no Ritual Bar, sob o tema
“Socialismo, Identidade e Futuro”.
Hoje com 71 anos, o antigo Ministro
dos Assuntos Sociais no II Governo Cons-
titucional – conhecido como “o pai do
Serviço Nacional de Saúde” –, fez uma dis-
sertação sobre a matriz “sagrada e inviolá- O debate da JS esteve aceso com António Arnaut a insurgir-se contra a “insensibilidade” do ministro da Saúde
vel” do PS, mas mostrou-se muito céptico
quanto ao rumo do país e das sociedades sou o Governo de José Sócrates de estar saúde não podem ser definidas a “régua ma da distribuição da riqueza”, “não há
modernas. Confessando-se um partidário a “destruir o Serviço Nacional de Saúde e esquadro”. hoje em Portugal uma política de imposto
do “estado social” (SNS)” através de Crítico quanto ao encerramento de al- justo e de salário justo”. Realçando que
– “se o meu vizi- “medidas mal pen- guns serviços de atendimento permanen- tem havido “incapacidade do Estado em
nho do lado passar sadas e mal realiza- te nos centros de saúde e maternidades, distribuir melhor a riqueza”, Campos con-
fome, eu sinto-me das”. António Arnaut foi por exemplo muito siderou que um dos maiores problemas
incomodado”, fri- D e n u n c i a n d o claro quanto ao fecho da maternidade de nacionais é precisamente a “dicotomia
sou – Arnaut é de a existência dos Elvas, que provocou o encaminhamento dos impostos e dos salários”. “Têm que
opinião que “hoje grandes grupos de muitas parturientes para Badajoz. “Eu se ir buscar os impostos a quem tem mais
vivemos numa or- privados que hoje nunca fechava a maternidade de Elvas. Até para se socorrerem os mais pobres”, ad-
gia neoliberal em “querem negociar por uma questão de dignidade nacional”, vertiu o antigo eurodeputado, explicando
que há um ultra- em saúde”, o fun- explicou o antigo ministro de Mário So- que em Portugal “há uma política salarial
liberalismo que dador do PS diz te- ares. que não existe e uma política de impostos
se resume a uma mer que isso possa completamente subversiva”. “Tens que
sociedade de mer- “asfixiar o SNS de António Campos diz que Portugal tem dizer isso ao Sócrates”, ironizou António
cado, incluindo a modo a que o ser- um problema de distribuição de riqueza Arnaut, para de seguida ouvir de Campos
saúde”. viço fique apenas Para o histórico socialista António Campos, a resposta de que o Primeiro-Ministro está
A saúde é aliás é para os pobres in- que centrou a sua intervenção no “proble- ao corrente da sua opinião.
um dos temas que digentes”. É que
mais preocupações para Arnaut, “o
tem suscitado ao SNS está a enco- NOTARIADO PORTUGUÊS
também ex- Grão lher e o privado a CARTÓRIO NOTARIAL DE OLIVEIRA DO HOSPITAL
Mestre do Grande expandir-se” CERTIFICO, para fins de publicação, que no dia 23 de Novembro de 2007, no livro de notas para escrituras diversas número dez, deste
Oriente Lusitano, “(...) “O que resta hoje da minha “O que resta Cartório, a folhas 19 e seguintes, foi lavrada uma escritura de justificação na qual CARMELINA MARQUES também conhecida por CARMELINA
MARQUES DA SILVA, NIF 122.205.871, solteira, maior, natural da freguesia de Alvôco de Várzeas, deste concelho, residente na Rua do Copinho,
que não se cansa utopia socialista é o estado social (…) hoje da minha uto- n.º 2, no lugar de Fiais da Beira, freguesia de Ervedal, concelho de Oliveira do Hospital, declarou ser dona e legítima possuidora dos seguintes
de invocar a trilo- pia socialista é o prédios, sitos na citada freguesia de Ervedal:
UM – RÚSTICO, sito em Vale do Asno, composto de pastagem com seis oliveiras, eucaliptal, pinhal e mato, com a área de dois mil e cem
gia em que assenta e o PS só poderá continuar a afirmar- estado social (…) e metros quadrados, a confrontar do norte com caminho, do nascente com Constantino Pedro e outros, do sul com Celso Simões Cerveira e do
poente com J
a filosofia da maço- se socialista se garantir o Estado o PS só poderá con- DOIS – RÚSTICO, sito em Quintais, composto de semeadura, sessenta cepas e vinte e seis oliveiras, com a área de quatro mil e quinhentos
metros quadrados, a confrontar do norte com caminho, do sul com Maria de Jesus Torres, do nascente com Francisco Alves Ribeiro e outros
naria – “liberdade, tinuar a afirmar-se e do poente com António Tavares Rosa, inscrito na matriz, em nome da justificante, sob o artigo 2.356, com o valor o patrimonial tributário
igualdade e frater- Social, afirmou Arnaut, numa inter- socialista se garan- de € 670.14.
Que os mencionados prédios se encontram omissos no registo predial e aos quais atribui valor igual à soma dos valores patrimoniais
nidade” – para con- venção em que disse ainda que ao seu tir o Estado Social, tributários, no montante global de novecentos e noventa euros e treze cêntimos.
Que os citados prédios vieram à sua posse por compra verbal feita por volta do ano de mil novecentos e setenta e quatro, o identificado
trapor com a falta afirmou Arnaut, em primeiro lugar a Augusto Lopes e mulher, Ermelinda Pereira Lopes, residente que foram em Lisboa e o identificado em segundo lugar a
de solidariedade antigo “conselheiro” no ministério numa intervenção Francisco Beijos e mulher, na Alves Beijos, residentes que foram no mencionado lugar de Fiais da Beira, tendo entrado de imediato na posse
dos mesmos sem que, todavia, desse facto, tenha ficado a dispor de título válido para o seu registo.
que hoje existe dos Assuntos Sociais – o ministro da em que disse ainda A verdade, porém, é que a partir daquela data possui, assim, aqueles prédios, em nome próprio, há mais de vinte anos, passando a usufrui-
los sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu inicio, cultivando-os, avivando estremas, colhendo os seus frutos, pagando as
para com os mais que ao seu antigo respectivas contribuições e impostos – posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento da generalidade das
desprotegidos.. Saúde, Correia de Campos – “falta-lhe “conselheiro” no pessoas da indicada freguesia, lugares e freguesias vizinhas – traduzida, pois, em actos materiais de fruição, sendo, por isso, uma posse pacífica,
porque adquirida sem violência, contínua, porque sem interrupção desde o seu início, pública, porque do conhecimento da generalidade das
Alegando estar alguma sensibilidade” (...)” ministério dos As- pessoas e de boa-fé, porque ignorando no momento do apossamento lesar direito de outrem – pelo que verificados os elementos integradores
– o decurso do tempo e uma especial situação jurídica – posse – adquiriu os referidos prédios por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo
“muito preocupa- suntos Sociais – o de aquisição, documento que lhe permita fazer prova do seu direito de propriedade sobre o mesmo, pelos meios extrajudiciais normais.
do com a saúde”, ministro da Saú- ESTÁ CONFORME.
Cartório Notarial de Oliveira do Hospital, 23 de Novembro de 2007
que considera como “uma das maiores de, Correia de Campos – “falta-lhe algu- A Notária
conquistas do século XX”, Arnaut acu- ma sensibilidade”, já que as políticas de Inês Barreto Amaral Correio da Beira Serra, 4 de Dezembro de 2007
7. 4 de Dezembro de 2007 Correio da Beira Serra LOCAL 7
Cerca de 700 estudantes com direito a voto
Associação de Estudantes da ESTGOH
disputada por duas listas
A
s duas listas candidatas à Associa- dantes ainda em funções, Lúcia Teixeira,
ção de Estudante (AE) da Escola tem um objectivo claro enquanto número
Superior de Tecnologia e Gestão um da lista C constituída por 34 elemen-
de Oliveira do Hospital (ESTGOH) tos: “dar continuidade ao trabalho da ac-
iniciaram hoje um período de campanha tual AE”. “Muitos alunos vão sair e nós
eleitoral que culminará nas eleições a reali- decidimos avançar com uma lista para
zar dia 11 de Dezembro. continuarmos o trabalho que tínhamos em
João Paiva e Lúcia Teixeira lideram as listas mãos, como a candidatura ao IPJ, a Sema-
R e C, respectivamente, ao Correio da Bei- na Académica e do Caloiro, entre outras
ra Serra revelaram-se confiantes numa boa coisas”, contou a candidata ao Correio da
adesão dos estudantes – cerca de 700 – ao Beira Serra.
acto eleitoral. No primeiro dia de contacto Para a aluna do segundo ano de Adminis-
com a comunidade estudantil, os candidatos tração e Marketing a actual AE desenvolveu
fazem um balanço positivo do diálogo man- um bom trabalho, mas confessa não estar
tido com os colegas que – segundo disseram “preocupada com o resultado”, embora es-
– têm dado sinais de apoio. teja “confiante”. “Não entro em rivalidades,
Novo nestas andanças, João Paiva enca- o que me interessa é que isto ande para a
beça uma lista (R) constituída por 35 alunos frente”, contou Lúcia Teixeira, notando que
que pretende fazer uma “campanha séria tem sentido “muito apoio por parte da co-
para tentar mostrar o que quer fazer pela munidade estudantil”. Acredita que a abs-
ESTGOH”. É intenção do aluno do segundo tenção não vai vingar, convicção que explica
ano de Administração e Finanças, no caso de pela existência de duas listas concorrentes.
vitória no dia 11 de Dezembro, “promover existe qualquer apoio partidário”. Nunca foi toral, João Paiva reconhece que a campanha “Só por isso, os alunos já se sentem motiva-
uma maior abertura entre AE e alunos, de- seu objectivo avançar com uma lista para a está a “agitar o ambiente estudantil”. dos para votar”, frisou.
senvolver actividades de diversão mais vo- Associação, mas confessou ao CBS que o fez Paralelamente à eleição da futura Associa-
cacionadas para os alunos e pensar mais nos agora, com um grupo de amigos, por enten- Lista C pretende dar continuidade à ção de Estudantes, decorrerá a eleição para
interesses da comunidade estudantil”. Ga- der que “é necessário tentar mudar os há- AE actual a Assembleia Geral. Para este órgão existem
rantiu que por detrás da lista que lidera “não bitos da ESTGOH”. A oito dias do acto elei- A Vice-presidente da Associação de Estu- três listas concorrentes.
PS visitou Assembleia da República e alertou
deputados para “questões prementes”
U
ma delegação constituída por
29 pessoas ligadas ao Partido
Socialista de Oliveira do Hos-
pital aproveitou, dia 21 de No-
vembro, a visita efectuada à Assembleia da
República para alertar os deputados socia-
listas eleitos pelo distrito de Coimbra para
o que consideram ser “questões premen-
tes” a nível concelhio.
Num memorando entregue aos deputa-
dos, pela mão do deputado municipal Car-
los Mendes, o PS de Oliveira do Hospital
– segundo nota informativa enviada ao Cor-
reio da Beira Serra – apelou à mobilização
de esforços por parte dos deputados, no
sentido de se encontrarem “soluções que
sirvam o legítimo interesse das popula-
ções”, em matéria de acessibilidades, defi-
nição e financiamento das novas instalações
da Escola Superior de Tecnologia e Gestão
de Oliveira do Hospital, manutenção do
atendimento médico nocturno, incluindo a
necessidade de instalação de uma viatura
de emergência médica avançada, devida-
mente equipada; a defesa das competên-
cias do Tribunal de Oliveira do Hospital e as
prioridades ao nível de acção social e apoio
na construção de equipamentos sociais no
concelho, com especial ênfase na Zona da de várias Assembleias de Freguesia, repre- de deputados do PS eleitos pelo distrito PS e os seus eleitos locais, com vista a co-
Cordinha. sentantes da JS, vereadores, cidadãos inde- de Coimbra, com o objectivo de darem a nhecer melhor os problemas concelhios”.
O documento foi entregue no decorrer pendentes e dirigentes locais do PS, visitou conhecer a função e as actividades parla- E defende que “estas iniciativas devam ser
de uma reunião de trabalho com os deputa- os vários espaços do Palácio de São Bento, mentares em curso, o funcionamento da assumidas enquanto forma de organização
dos do PS realizada na sala do plenário. An- tendo até assistido a uma reunião da Co- Assembleia e dos seus vários espaços de do trabalho político, conjugando-as com vi-
tes disso, a delegação do PS local, compos- missão Parlamentar de Educação e Ciência. trabalho. O PS local reconhece que este sitas aos concelhos, tal como foi feito pelos
ta por deputados municipais, presidentes e O convite para esta visita – segundo a tipo de visitas permite “estreitar as liga- deputados do PS em Junho de 2006 a Oli-
membros da Junta de Freguesia, membros mesma nota informativa – partiu do grupo ções e a cooperação entre os deputados do veira do Hospital”.
8. 8 POLÍTICA Correio da Beira Serra 4 de Dezembro de 2007
Paulo Campos trouxe uma palavra de esperança às acessibilidades da região
Autarcas de Seia e Oliveira do Hospital em sintonia
quanto ao traçado do IC6 e sua ligação ao IC7 e IC37
O Secretário de Estado Adjun-
to das Obras Públicas e das
Comunicações, Paulo Campos,
veio a Oliveira do Hospital
inaugurar a sede do NDEIB e
comprometeu-se com autar-
cas e empresários a “mudar
radicalmente o panorama de
acessibilidades à região”.
TEXTO: LILIANA LOPES
O
s presidentes das Câmaras Mu-
nicipais de Seia e Oliveira do
Hospital manifestaram-se na pas-
sada sexta-feira em “sintonia” no
que respeita ao futuro traçado do Itinerário
Complementar (IC) 6 e a sua ligação ao IC7
e IC37. Num debate realizado no Hotel São
Paulo, em Oliveira do Hospital, Eduardo Bri-
to e Mário Alves mostraram-se defensores do
terceiro cenário avançado pelo Governo, re-
jeitando por isso aceitar a proposta avançada São muitas as expectativas que recaem sobre o Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas, Paulo Campos
pelo Núcleo de Desenvolvimento Empresarial
do Interior e Beiras (NDEIB) como a melhor é defendido pelo executivo que lidera. “O que zer que temos condições de acessibilidade, no também exportem”, referiu, não deixando no
alternativa. vou dizer está dentro da linha de acção de Edu- mais curto espaço de tempo e em segurança”, entanto de apelar à atenção de Paulo Campos
“Acessibilidades à região” foi o tema do de- ardo Brito. A Câmara de Seia também pegou considerou Mário Alves, lançando o desafio ao para a EN230.
bate organizado pelo NDEIB e que juntou à nos cenários do Governo”, referiu o autarca de Governo: “faça-se a via”. Mas, se a presidente do Município de Ne-
mesma mesa autarcas da região, empresários, Oliveira do Hospital, justificando a preferên- O presidente de Carregal do Sal teste- las e o representante de Fornos de Algodres
responsáveis por estabelecimentos de ensino, cia pelo terceiro cenário, tomando também munhou na primeira pessoa, na presença de não se mostraram discordantes das posições
Governador Civil de Coimbra, presidente da por base “outros estudos realizados em 2002, vários empresários locais, a importância das de Alves e Brito, o mesmo não aconteceu em
Comissão de Coordenação de Desenvolvimen- aquando da revisão do Plano Director Munici- acessibilidades para “o desenvolvimento dos relação a Gouveia. “Não é o que mais nos favo-
to Regional do Centro (CCDRC) e o Secretário pal e também submetidos à Assembleia Mu- lugares”. Atílio Nunes não escondeu o orgu- rece” referiu o vereador da Câmara Municipal,
de Estado das Obras Públicas e das Comunica- nicipal”. Alves mostrou-se ainda concordante lho, por poder afirmar que no seu concelho notando que o cenário três não proporciona
ções, Paulo Campos. As mesmas individualida- com Eduardo Brito em matéria de rapidez na “não há desemprego”, justificando tal reali- “uma ligação rápida” aos pontos de desenvol-
des participaram também ao final da manhã na escolha do cenário definitivo. “Não podemos dade com o facto de, em quase duas décadas vimento que identificou: Viseu e Covilhã.
cerimónia de inauguração da sede do NDEIB,
a funcionar há cerca de um ano em Oliveira “O fundamental era que existisse
do Hospital. este debate no tempo certo”
No encontro que permitiu ao presidente Sem tomar qualquer partido por cada um dos
do NDEIB, Fernando Tavares Pereira, apresen- cenários, o secretário de Estado Adjunto das
tar um traçado alternativo aos três cenários Obras Públicas e das Comunicações deu con-
propostos pelo Governo e que tinha como ob- ta da importância da troca de ideias entre os
jectivo – como referiu o empresário – consti- actores principais da novela IC6,7 e 37. “O
tuir-se uma moção em defesa daquele traçado, fundamental era que existisse este debate no
acabaram por sobressair as vozes dos autarcas tempo certo”, sublinhou Paulo Campos, no-
de Seia e Oliveira do Hospital, mostrando-se tando que “depois, será tarde para alterar o
certos quanto às suas preferências. que quer que seja”. Adiantou que em Janeiro
“Temos a lição bem estudada, sabemos deverá ser tomada uma decisão e esclareceu
aquilo que queremos”, afirmou Eduardo Brito, que “a obra só não foi lançada mais cedo por-
notando que a decisão da Câmara a que presi- que não havia condições para avançar”.
de – e que carece apenas de aprovação em As- Paulo Campos aproveitou ainda para dar
sembleia Municipal – “se baseia em torno dos conta de um pacote de novas acessibilidades
cenários que o Governo pôs à disposição”. Re- aprovadas, dia 29 de Novembro, em Conselho
feriu-se à terceira alternativa como a que mais Autarcas de Oliveira do Hospital e Seia em sintonia com uma das propostas do Governo de Ministros que englobam a auto-estrada Vi-
satisfaz o município e que acaba por “não se seu - Coimbra, uma segunda que ligará Mor-
diferenciar muito” – como disse – do cenário desviar s nossas atenções, nem dar argumen- como autarca, ter sempre pautado a sua ac- tágua a Mangualde (continuação do IC12) e a
avançado pelo NDEIB. Eduardo Brito mostrou- tos ao Governo para que as coisas não avan- tuação em busca de melhores acessibilidades que ligará Mealhada a Oliveira de Azeméis. “O
se também disponível para “um encontro de cem”, disse Mário Alves, deixando também para o seu concelho. Lembrou até o facto de panorama de acessibilidades à região muda
ideias” entre os vários municípios. “Devemos claro que “a prioridade é a passagem do IC6 o IC12 ter ficado conhecido como “a auto-es- radicalmente”, referiu o governante, consi-
é ser rápidos”, considerou. a norte do concelho de Oliveira do Hospital”. trada do Atílio”. Mas, apontou também como derando que para além da importância de “se
“Se o nó de ligação vai ficar um quilómetro determinante a necessidade de “autarcas, poupar tempo”, está também em causa “ques-
“Faça-se a via” mais atrás ou mais à frente, é indiferente. O Governo e empresários andarem de mãos da- tão de salvar vidas”. “O que é relevante para
Uma posição que Mário Alves não demorou a importante é que a via seja executada rapida- das”. “Carregal do Sal exporta 90 por cento da uma zona que tem sido sacrificada com a per-
aplaudir, por ir ao encontro da opinião do que mente, em contra relógio para podermos di- sua produção, espero que os outros concelhos da de vidas” concluiu.
9. 4 de Dezembro de 2007 Correio da Beira Serra P AT R I M Ó N I O 9
Arqueólogos iniciaram trabalhos na Anta da Arcainha
Recuperação de Dólmenes para definição
de roteiros turísticos
Dentro de meio ano, já vai ser
possível visitar os quatro monu-
mentos dolménicos do concelho
de Oliveira do Hospital e ficar a
saber tudo sobre eles. A Câmara
Municipal tem em marcha um
projecto de recuperação desses
espaços com vista à definição
de rotas turísticas para a sua
promoção. A equipa de arqueó-
logos já iniciou os trabalhos no
monumento considerado “mais
violado”: a Anta da Arcainha.
TEXTO: LILIANA LOPES
U
ma equipa de arqueólogos está,
desde há duas semanas, a levar a
cabo um trabalho de investigação
e recuperação dos quatro monu-
mentos dolménicos identificados no concelho
de Oliveira do Hospital. O primeiro a ser inter-
vencionado é o dólmen da Arcainha, em Seixo
da Beira mas, no prazo de meio ano, a Arqueo- Convidado pela Arqueohoje, o jovem oliveirense Rui Silva participa nos trabalhos de recuperação da Anta da Arcainha
hoje – empresa responsável pelos trabalhos
– espera intervencionar a totalidade dos dól- do género espalhados de Norte a Sul do país”, cobertura. do em planta, o mesmo acontecendo com a
menes, localizados na Sobreda, Fiais da Beira explicou o arqueólogo, esclarecendo que fase final. Porque – segundo o arqueólogo
e Bobadela, no âmbito de um projecto posto enquanto monumentos de enterramento co- “Monumento extremamente violado e – “uma escavação é sempre uma destruição”.
em marcha pela Câmara Municipal, com o ob- lectivo, terão tido um primeiro momento de revolvido” “Se eu não registar a informação, quem vier a
jectivo de criar roteiros turísticos associados utilização, na fase final do Neolítico, perto À Arqueohoje, a Câmara Municipal de Olivei- seguir para fazer novas investigações não tem
aos monumentos recuperados. dos cinco mil anos. Predominam nas regiões ra do Hospital apresentou um projecto com o noção daquilo que nós aqui encontrámos”,
Vulgarmente apelidados de Antas, os dól- da Beira Alta, Alentejo e Norte de Portugal e o objectivo de reverter a degradação dos monu- referiu, explicando que junto a cada um dos
menes são monumentos com expressão con- concelho de Oliveira do Hospital é um dos que mentos e delinear roteiros turísticos com vista dólmenes será colocado um painel informati-
siderável em território português. Segundo apresenta o maior número de vestígios dolmé- à sua promoção. vo, que permitirá a qualquer visitante tomar
o arqueólogo responsável pela equipa de tra- nicos. “É um concelho rico nesta área”, referiu O dólmen da Arcainha é, segundo Paulo conhecimento fácil do que está a apreciar.
balho em actividade em Oliveira do Hospital, Paulo Perpétuo, lamentando no entanto que Perpétuo, o que “está num estado de ruína Volvidas apenas duas semanas de trabalhos,
Paulo Perpétuo, está em causa “um fenóme- no caso concreto da Anta da Arcainha sejam mais avançado” e aquele que, por consequên- a equipa de arqueólogos chegou já à conclu-
no que apareceu em toda a Europa, incluin- visíveis sinais de revolvimento. E há também cia, implicará “mais trabalho de escavação, são de que a Anta da Arcainha teve dois mo-
do Ilhas Britânicas, Mediterrâneo e Península os exemplos concretos das Antas da Sobreda restauro e consolidação”. “Estamos peran- mentos distintos de ocupação. “O monumento
Ibérica”. “Existem milhares de monumentos e de Bobadela, onde já não existem as lajes de te um monumento extremamente violado e foi construído no final do período Neolítico,
revolvido sem níveis intactos praticamente mas temos encontrado cerâmicas e vasos com
preservados”, sublinhou o responsável pelos forma própria e decoração típica do final do
CARTÓRIO NOTARIAL DE GOUVEIA trabalhos, explicando que a “amálgama de pe- período da Idade do Cobre, início da Idade do
NOTÁRIO LIC. EDUARDO JOSÉ COSTA REIS SANTOS dra pequena” visível na zona de entrada para Bronze”, contou Paulo Perpétuo, explicando
CERTIFICO para efeitos de publicação que, ANTÓNIO GABRIEL DOS SANTOS BORGES, casado com Maria Odete Coelho Ramos, sob o o dólmen “é fruto de uma destruição contínua que também têm aparecido materiais em sílex,
regime de separação de bens, natural da freguesia de Vila Cortês da Serra, concelho de Gouveia, residente em 1514 Main Street, Acushnet, em várias fases”. Perpétuo acredita terem-se micrólitos e utensílios multi-funcionais usados
MA 02743-1012 Estados Unidos da América do Norte, por escritura de justificação outorgada em vinte e sete de Outubro de dois mil e seis,
a folhas cento e vinte e cinco e seguintes, do livro de notas número treze –F, deste Cartório, declarou que era dono e legítimo possuidor dos
tratado de escavações sem objectivos cientí- para cortar e também pontas de projécteis e
prédios seguintes. ficos, mas antes escavações “à procura do ob- elementos que, em conjunto, constituem foi-
NÚMERO UM – Urbano, composto de casa com três andares, com a superfície coberta de cento e doze metros quadrados e quintal com jecto, do vaso ou da ponta de seta”. ces usadas para cortar cereais, características
a área de mil e quatrocentos metros quadrados, no sítio da “ALDEIA FORMOSA”, limite da freguesia se Seixo da Beira, concelho de Oliveira
do Hospital, a confrontar de norte e nascente com caminho, sul com estrada e poente com José Gonçalves Prata, inscrito na matriz predial
O trabalho levado a cabo pela Arqueohoje do final do Neolítico. Apesar de se tratarem
respectiva, sob o artigo número 518; – que conta também com a colaboração do jo- de espaços usados para enterramentos colec-
NÚMERO DOIS – Urbano, composto de casa com dois andares, com a superfície coberta de cinquenta e dois metros quadrados e pátio vem oliveirense, Rui Silva, com formação em tivos, o arqueólogo não acredita que venham
com a área de cinquenta metros quadrados, no sítio da “ALDEIA FORMOSA”, limite da dita freguesia de Seixo da Beira, a confrontar de norte
com Joaquim Augusto Galante, sul com rua, nascente com António Dinis e poente com Joaquim Augusto Galante, inscrito na matriz predial
Arqueologia, mas a desempenhar funções no a ser encontrados vestígios ósseos, pelo facto
respectiva, sob o artigo número 581; Parque do Mandanelho – cumpre uma meto- de estarem em causa solos muito ácidos.
Estes dois prédios não se encontram descritos na Conservatória do Registo Predial de Oliveira do Hospital. dologia estratigráfica, que implica escavação Questionado pelo CBS sobre a forma como
Que por escritura lavrada hoje, a folhas cento e quarenta e oito e seguintes, do livro de notas para escrituras diversas número vinte e sete-F,
deste Cartório, rectificou a dita escritura de justificação, no sentido de que o prédio acima descrito sob o numero um tem a superfície coberta
camada a camada. “Tentamos perceber cada a equipa pondera resolver a inexistência de
de duzentos e nove vírgula cinquenta metros quadrados e descoberta de mil trezentos e oitenta vírgula cinquenta metros quadrados e que o camada dentro do seu contexto integrado de algumas lajes que, em tempos, constituíram
mesmo se situa na “Rua da Fábrica”, com o numero 8 de Policia e que o prédio acima descrito sob o numero dois tem a superfície coberta de todo o monumento”, explicou o especialista os monumentos, o arqueólogo explicou que
cento e vinte e dois metros quadrados e descoberta de quarenta e três metros quadrados e que o mesmo se situa na “Rua da Quelha”, com o
numero 24 de policia, resultando a divergência de áreas a simples erro de medição.
em Arqueologia, notando que cada passo fica- há sempre a possibilidade de serem colocados
rá registado em fotografia. Para além disso, há outros elementos com recurso a materiais dis-
ESTÁ CONFORME.
Cartório Notarial de Gouveia, dezasseis de Novembro de dois mil e sete. ainda a particularidade de o estado do monu- tintos, para “que haja noção de que não per-
O Notário,
Lic. Eduardo José Costa Reis Santos Correio da Beira Serra, 4 de Dezembro de 2007
mento anterior aos trabalhos, ficar desenhan- tencem ao monumento”.