[1] Estudo da costa norte portuguesa entre Aver-o-Mar e Esposende, incluindo observações geológicas, geomorfológicas e impactos humanos nas praias; [2] Registaram-se erosão costeira, poluição, pisoteio de dunas e falta de ordenamento do território; [3] Foram propostas medidas como reforço de dunas e passadiços para proteger a linha de costa.
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Estudo da Faixa Litoral Norte - Relatório de Visita de Campo
1. Estudo da Faixa Litoral Norte
Relatório da Visita de Estudo Realizada no dia 8 de Março
Ana Ferreira
Beatriz Couto
João Diogo Pereira
Luísa Villas-Boas, 11CT1
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Introdução
Itinerário
Caminhada desde Aver-O-Mar até ao campo de futebol do Aguçadora pelos
passadiços junto à Praia.
Praia de Ofir, Esposende;
Contextualização Geológica
As zonas costeiras são locais dinâmicos, constituídos por
subsistemas abertos que realizam trocas de energia e
matéria entre si, nomeadamente entre a geosfera, a
hidrosfera, a atmosfera e a biosfera. Atualmente a
distribuição populacional em Portugal é irregular sendo as
zonas costeiras alvo de grande ocupação antrópica. As
zonas costeiras são áreas de grande interesse económico o
que levou o Homem a contruir infraestruturas
desordenadamente junto às praias aumentando os riscos
nesta área. Um dos principais problemas é o pisoteio das
dunas, a construção de barragens que irão impedir a
chegada de sedimentos nas praias, o desordenamento do
território, pressão antrópica nas arribas e poluição das
praias.
Clima: Portugal é caracterizado por um clima mediterrânico com influência Atlântica. É
considerado um país ameno sendo que a temperatura média anual varia entre os 4ºC e os
18ºC. A zona litoral é tipicamente ventosa e no Inverno existe uma grande agitação
marítima e fortes tempestades. Estes fatores vão contribuir para a alteração da costa.
Rochas: Estas praias são principalmente constituídas por areias finas a médias de, na sua
maioria, origem granítica. Foi possível a observação de afloramentos rochosos de origem
magmática. Nos afloramentos rochosos evidenciámos a presença de filões, que resultam
de uma intrusão magmática, e observámos diáclases resultantes do alívio de pressão.
Vimos também um bloco pedunculado resultante da ação de fortes rajadas do vento, que
transportaria partículas que viriam a causar a meteorização física e a erosão da rocha.
Imagem 1: densidade populacional em Portugal
Continenta,l em 1996
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Geomorfologia : O traço litoral é caracterizado por praias arenosas e afloramentos
rochosos onde é possível evidenciar marcas de erosão e desgaste. Nas praias existem
várias estruturas como os esporões (alguns de origem natural), quebra-mares e paredões.
Estas estruturas têm como função prevenir o avanço da linha do mar, a erosão costeira e
o derrocamento das arribas. As dunas também são estruturas características das praias,
que servem como defesa natural.
Vegetação: As principais espécies de plantas encontradas na costa litoral norte foram:
eruca-maritima (Cakile marítima) ; fenos das areias (Elymus farctus), cordeirinhos da
praia (Otanthus maritimus) acácia das espigas. Uma das espécies mais predominantes
eram os chorões da praia (Carpobrotus edulis), uma planta exótica invasora, tal como a
acácia das espigas.
Imagem 4 : Chorão das praias (Carpobrotus edulis) Imagem 5: Cordeirinhos da Praia (Otanthus maritimus)
Imagem 2: Filão , Praia do Quião Imagem 3: Diáclases e desgaste presente nos
afloramentos rochosos, praia do Quião
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A visita de estudo teve como objetivos principais:
Contextualização da matéria lecionada nas aulas de Geologia de 10º e 11º ano e a
sua respetiva aplicação;
Sensibilizar os alunos relativamente aos problemas naturais e antropogénicos
relacionados com a costa litoral norte e a importância/consequências da
exploração dos recursos naturais; (recuo da linha de costa, baixa acumulação de
sedimentos, destruição das defesas naturais…)
Sensibilizar para a preservação dos recursos geológicos;
Reconhecer que as zonas litorais são áreas muito vulneráveis;
Identificar os riscos geológicos relacionados com a zona litoral e as respetivas
soluções para resolver os problemas;
Relacionar a ação do mar com a meteorização, erosão e recuo da faixa litoral;
Identificar problemas relacionados com o mau ordenamento do território;
Desenvolver a curiosidade geográfica;
Promover o contacto com a natureza e o convívio entre alunos e professores;
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Saída de Campo
Praia da Fragosa
A praia da Fragosa fica localizada na área urbana da Póvoa de Varzim, na
freguesia de Aver-O-Mar. Coordenadas: (41.397538, -8.779298)
Nesta praia foi possível observar um
afloramento rochoso que formava um
esporão natural. Este irá permitir a maior
acumulação de sedimentos a norte.
Foi possível observar também a existência de uma elevada urbanização junto á praia,
sendo a distância entre a linha de água e a zona de ocupação antrópica pouco extensa. A
ocupação antrópica virá a causar variadas consequências na zona. Observámos que existe
uma elevada poluição das praias, que irá trazer consequências nos ecossistemas, podendo
mesmo chegar a por em risco a vida das gaivotas e de animais marinhos.
Imagem 6: Afloramento rochoso, Praia da Fragosa
Imagem 7 : Urbanização junto à praia Imagem 8: Poluição na praia
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Nesta praia nota-se a ausência de dunas, pelo que podemos inferir que é uma zona de
risco geológico, vulnerável ao avanço da linha de costa e à erosão marinha. O pisoteio,
causado pelos humanos, irá impedir o crescimento de plantas na areia ficando esta mais
vulnerável aos agentes da geodinâmica externa, como o vento. Por esse motivo, foram
construídas paliçadas na praia que são estruturas que irão proteger o areal da ação do
vento, permitindo ao mesmo tempo o crescimento de vegetação. Nesta praia observámos
ainda diferentes espécies de plantas, tendo sido algumas delas plantas exóticas, como os
chorões.
Praia do Esteiro
A praia do Esteiro fica localizada entre a Praia da Fragosa e a Praia do Coim. É uma praia
de arei branca com alguns afloramentos rochosos. Esta praia tem este nome pois é onde
a foz do Rio Esteiro se situa. Coordenadas: (41.401019, -8.778886).
O rio representado na figura ao lado (figura 11)
muda constantemente de posição ao longo da
praia devido à contínua erosão das margens
externas, e à deposição nas suas margens de, na
sua maioria, rochas sedimentares.
Imagem 9: Paliçadas Imagem 10: Carpobrotus edulis, chorões das
praias.
Imagem 11: Rio Esteiro
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Junto ao rio Esteiro foi construído um muro de gabião (suporte), que tem como função
diminuir a erosão da praia e impedir o avanço do mar. Junto a este rio, observámos que
tinha sido reconstruído parte do passadiço, visto que parte desta estrutura teria sido
recentemente arrancada pelos fortes temporais. Podemos por isso concluir, que esta é
uma zona muito vulnerável e, como é uma zona sem dunas, sem defesas naturais, o mar
pode atingir locais inesperados e causar vários danos na zona urbanizada.
Ao longo da praia, é possível notar a presença de antigos moinhos, o que nos indica que
aquela era, e continua a ser, uma zona bastante ventosa. Nesta praia, assim como na Praia
do Quião, foi possível observar medas de sargaço que têm uma grande importância
econômica a nível da agricultura.
Imagem 12: Diferença de tonalidades nas madeiras dos passadiços junto à praia do Esteiro que
indicam que o passadiço foi reconstruído devido a aos fortes temporais.
Imagem 13: Antigo Moinho na Praia do Esteiro Imagem 14 : Medas de Sargaço
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Praia do Quião
A praia do Quião está localizada entre a Praia do Coim e o Cabo de Santo André. É uma
praia de areia branca de dimensão fina. Coordenadas: (41.408279, -8.782685).
Nesta praia observamos uma maior quantidade de afloramentos rochosos onde é possível
também observar: nas rochas, marcas de desgaste; diáclases e filões. Algumas rochas
estão oxidadas devido à meteorização química.
Assim como na praia do Esteiro, nesta praia é possível observar medas de Sargaço.
Vimos ainda que existem bastantes cortes eólico nas dunas provocados pelo pisoteio e
pela ação do vento.
Imagem 15: Afloramentos rochosos oxidados Imagem 16: Marcas de desgaste nos afloramentos
rochosos
Imagem 17 : corte eólico das dunas
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Praia da Aguçadora
A praia da Aguçadora, coordenadas: (41.435133, -8.782258) tem um areal extenso e um
sistema dunar na zona norte, encimado por um moinho antigo em ruínas. Na zona sul
desagua a Ribeira da Barranha. É em frente à Praia da Aguçadoura que está instalado o
primeiro parque de energia das ondas do mundo. Partes da praia, nas zonas das dunas,
foram escavadas para a agricultura, nomeadamente, para a criação de masseiras.
Como foram identificadas situações de desgaste dunar, devido ao pisoteio e construções,
foi instalado um passadiço elevado sobre as dunas.
Existe a presença de muros de
gabião. São estruturas resistentes e
ideais para quaisquer locais
expostos á ação dos agentes
erosivos. A sua principal função é
travar a energia das águas para
regularizar a direção do canal.
Praia da Barranha
A praia da Barranha localiza-se na freguesia de Aguçadora e é também conhecida por
Praia da Aguçadora norte. Coordenadas: (41.444298, -8.779053). Esta praia apresenta
uma grande inclinação e é caracterizada por ter muitas dunas, sendo que algumas delas
estão muito próximas do mar,
ficando assim expostas á abrasão
marítima e consequentemente à
sua destruição. Um fator
preocupante é o pisoteio que se
verifica no sistema dunar desta
praia.
As condições naturais da praia
da Barranha permitem que se
pratique surf e body-board.
Imagem 18: Ribeira da Barranha
Imagem 19 : Pisoteio nas dunas da Praia da Barranha
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Praia de Ofir
A praia de Ofir pertence ao concelho de Esposende, Braga. Fica a sul da foz do Rio
Cávado e está integrada na área de Paisagem Protegida do Litoral de Esposende. A Praia
de Ofir é rodeada por dunas e pinhais (verificando-se uma perda das agulhas destas
árvores, devido à infiltração de água salgada no subsolo). É uma praia arenosa extensa
onde surgem alguns afloramentos rochosos
a norte.
A praia de Ofir é reconhecida
essencialmente por causa das suas duas
torres, que estão construídas em cima de
dunas. Estas estão em perigo de derrocada
devido á continua erosão do areal. Nesta
praia foram feitas várias intervenções de
reforço do sistema dunar e proteção da
linha de costa. Uma das medidas tomadas
foi a construção de um esporão. A
quantidade de sedimentos nesta praia é
inferior à maioria das outras visitadas,
fenómeno que podemos explicar com base
na forte ação das ondas do mar, e na
existência de esporões, que apesar de
aumentarem a sedimentação de detritos a
norte, provoca uma maior taxa de erosão a
sul.
A norte dos esporões verifica-se uma grande deposição de sedimentos, mas do outro
lado, como afirmámos acima, verifica-se uma elevada taxa de meteorização e erosão. Os
esporões são benéficos pois permitem que haja um aumento do areal a norte deste,
ajudando também a diminuir os
impactes causados pela abrasão
marinha. Por outro lado, os esporões
provocam sérios problemas a sul visto
que dão origem a um devastador
avanço do mar, redução do areal e
enorme erosão, levando a alterações
nas bacias hidrográficas, correntes
marítimas, na topografia e fauna
local. São, por isso, apenas soluções
temporárias.
Imagem 20: Torre de Ofir
Imagem 21 : Esporão na praia de Ofir com acumulação de sedimentos
à direita e erosão à esquerda
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Vimos a presença de geocilindros que têm como função impedir o avanço das águas do
mar. Estes estavam descobertos, pelo que concluímos que é uma zona sujeito a uma
grande erosão marinha.
Algumas medidas que deviam ser tomadas, relativamente às praias até agora
mencionadas, são: a manutenção e reforço do cordão dunar, de forma a impedir a
entrada da agitação marítima, na foz do rio Cávado; criação de passadiços; reconstrução
da rampa de acesso á praia; construção de um muro de defesa costeira, e novos planos de
ordenamento de território.
Conclusão
A visita de estudo proporcionou um enriquecimento dos nossos conhecimentos relativos
à disciplina de geologia. Conseguimos aplicar conhecimentos no terreno, e ter, desta
forma, uma aprendizagem sobre a costa portuguesa mais lúdica e esclarecedora. Os
objetivos da visita foram cumpridos na sua maioria. É de notar, no entanto, que também
houveram aspetos negativos: o local escolhido para a nossa hora de almoço não foi o
ideal, visto que não existiam zonas de sombra ou algum tipo de superfície onde comer;
não foi devidamente planeado pelos professores a escolha de um local onde os alunos
pudessem ir à casa-de-banho. A visita podia ter sido melhor quanto à organização dos
grupos de alunos, sendo que teria sido mais vantajoso para todos, o constante
acompanhamento e orientação dos professores ao longo da visita. No entanto, na sua
globalidade, o nosso grupo desfrutou da visita de estudo, chegando a casa com um ligeiro
escaldão na pele, mas um sorriso na cara.
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Geologia 11ºano. 1ª Parte, Tema IV, pág. 214-217. Porto Editora, Porto.
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