O documento descreve o contexto histórico e literário do Modernismo em Portugal, desde seu surgimento na revista Orpheu em 1915 até o neo-realismo da década de 1940. Apresenta os principais expoentes do período, como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, e movimentos como o Orfeísmo e o Presencismo. Também menciona a ditadura de Salazar e a Revolução dos Cravos de 1974.
11. “ AS PESSOAS QUE EU MAIS ADMIRO SÃO AQUELAS QUE NUNCA ACABAM.” A SOMBRA SOU EU A minha sombra sou eu, ela não me segue, eu estou na minha sombra e não vou em mim. Sombra de mim que recebo luz, sombra atrelada ao que eu nasci, distância imutável de minha sombra a mim, toco-me e não me atinjo, só sei dó que seria se de minha sombra chegasse a mim. Passa-se tudo em seguir-me e finjo que sou eu que sigo, finjo que sou eu que vou e que não me persigo. Faço por confundir a minha sombra comigo: estou sempre às portas da vida, sempre lá, sempre às portas de mim! Almada Negreiros
12. RONALD DE CARVALHO Epigrama Enche o teu copo, bebe o teu vinho, enquanto a taça não cai das tuas mãos... Há salteadores amáveis pelo teu caminho. Repara como é doce o teu vizinho, repara como é suave o olhar do teu vizinho, e como são longas, discretas, as suas mãos...
13. Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) Epígrafe A sala do castelo é deserta e espelhada. Tenho medo de Mim. Quem sou? De onde cheguei?... Aqui, tudo já foi... Em sombra estilizada, A cor morreu --- e até o ar é uma ruína... Vem de Outro tempo a luz que me ilumina --- Um som opaco me dilui em Rei...
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16. Quando eu nasci, ficou tudo como estava, Nem homens cortaram veias, nem o Sol escureceu, nem houve Estrelas a mais... Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu. Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu. As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém... P'ra que o dia fosse enorme, bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe... (José Régio) A análise interior, a introspecção, era o caminho para essa forma de expressão.