Maracatus e Cavalo-Marinho são Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil
O título foi concedido nesta quarta (3/12), na 77ª Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, na sede do Iphan, em Brasília
1. Maracatus e Cavalo-Marinho são
Patrimônios Culturais Imateriais do
Brasil
O título foi concedido nesta quarta (3/12), na 77ª
Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural, na sede do Iphan, em Brasília
Postado em: Cultura popular e artesanato | Fundarpe | Patrimônio Cultural | Secretaria
de Cultura 03/12/2014
O Maracatu Nação (também chamado de Baque Virado), o Maracatu de Baque Solto e o
Cavalo Marinho são os novos Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil. O título foi
confirmado nesta quarta (3/12), na 77ª Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural, na sede do Instituto Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, em
Brasília. Com o título, as três manifestações ficam inscritas no Livro das Formas de
Expressão e têm garantidos o reconhecimento, a valorização e a salvaguarda de um
conjunto de bens culturais, saberes, fazeres e formas de expressão que representam. O
registro destes bens promove o reconhecimento de referências que são emblemáticas
para a cultura brasileira, ao mesmo tempo em que apontam para o apoio, o fomento e a
apreensão de sua importância para a identidade e história do povo pernambucano e
brasileiro.
“A conquista desse título confirma a importância que essas manifestações tiveram e
continuam tendo para a memória, formação e identidade cultural de nossa gente. Como
sua existência moldou e continua a moldar a construção de culturas mais
contemporâneas. Oficializá-las como patrimônio imaterial do Brasil é também garantir
sua permanência para as próximas gerações”, pontuou o secretário de Cultura Marcelo
Canuto, que viajou a Brasília para acompanhar a reunião. O pedido de registro dos bens
culturais imateriais de Pernambuco – Maracatu Nação, Maracatu de Baque Solto e
Cavalo Marinho foi feito pelo então governador Eduardo Campos, fato que foi
lembrado hoje, durante a leitura dos relatórios. Após este pedido do Governo do Estado
de Pernambuco, empreendeu-se a elaboração do Inventário Nacional de Referência
Cultural (INRC), para cada uma das manifestações. O INRC do Maracatu Nação foi
realizado entre novembro de 2011 a junho de 2013, pela empresa licitada Centro
Técnico de Assessoria e Planejamento Comunitário. O Maracatu Rural (que está para
ter a nomenclatura no processo para Maracatu de Baque Solto, por ser a denominação
identificada como a mais usual entre os brincantes) teve seu INRC elaborado pela REC
Produtores, entre janeiro de 2012 a dezembro de 2013. A empresa licitada para o INRC
2. do Cavalo Marinho foi a Associação Respeita Januário, que trabalhou de novembro de
2011 a abril de 2013.
Depois de finalizados, no dia 13 de agosto de 2013, os dossiês foram entregues ao Iphan
e a Secretaria de Cultura do estado oficializou a abertura do processo de registro, numa
solenidade que aconteceu na sede provisória do Governo (Centro de Convenções –
Olinda), e contou com a presença do então governador Eduardo Campos e de diversos
maracatuzeiros e brincantes do Cavalo Marinho. Todos os inventários são públicos e
poderão ser disponibilizados, posteriormente, para fins de consultas, pesquisas, etc.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho, que avalia os processos de tombamento e registro, é formado por
especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao
todo, são 23 conselheiros que representam instituições como o Instituto dos Arquitetos
do Brasil (IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a
Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das
Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a
Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade
civil, com conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
O Maracatu Nação
Também conhecido como Maracatu de Baque Virado, com a grande maioria dos grupos
concentrada nas comunidades de bairros periféricos da Região Metropolitana de Recife,
o Maracatu Nação é uma forma de expressão que apresenta um conjunto musical
percussivo e um cortejo real, que sai às ruas para desfiles e apresentações durante o
carnaval. No cortejo estão personagens que acompanham a corte real, como o séquito
do rei e da rainha do Maracatu Nação e outras figuras, entre elas as baianas, os orixás,
as calungas – bonecas negras confeccionadas com madeira ou pano, consideradas ícone
do fundamento religioso e marco identitário dos maracatus nação.
3. Pri Buhr
Os grupos são compostos majoritariamente por negros e negras e carrega elementos
essenciais para a memória, a identidade e a formação da população afro-brasileira. É
entendido como uma forma de expressão que congrega relações comunitárias,
compartilhamento de práticas, memória e fortes vínculos com o sagrado, evidenciadas
por meio da relação desses grupos com os xangôs (denominação da religião dos orixás
em Pernambuco) e jurema sagrada (denominação da religião de características afro-
ameríndias que cultua mestres e mestras, caboclos, entre outras entidades). Os
maracatus nação ainda podem remontar às antigas coroações de reis e rainhas congo.
O Maracatu de Baque Solto
O folguedo conhecido por maracatu de baque solto, maracatu de orquestra, maracatu de
trombone, maracatu de baque singelo ou Maracatu Rural ocorre durante as
comemorações do Carnaval e da Páscoa. É composto por dança, música, poesia e está
associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata, também tem apresentações na Região
Metropolitana do Recife e outras localidades.
4. Pri Buhr
Os mais antigos maracatus foram fundados em engenhos por trabalhadores rurais,
trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre fins do século XIX e
início do XX. Esta herança imaterial é revelada em gestos, performances, nos pantins de
caboclos e dos arreiamás, na dança das baianas, nas loas dos mestres, nas indumentárias
vestidas pelos folgazões. Diferente do Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto é um
resultado da fusão de manifestações populares, como Cambindas, Bumba-meu-boi,
Cavalo Marinho e coroação dos reis negros.
A expressão do Maracatu Baque Solto está tanto na sua musicalidade, um tipo de
batuque ou baque solto, como por seus movimentos coreográficos e indumentária dos
personagens e pela riqueza de seus versos de improviso. O aspecto
sagrado/religioso/ritualístico é presente no folguedo durante todo o ano, durante os
ensaios e sambadas, dando à manifestação a característica de ser o segredo do
brinquedo, tão caro a seus detentores.
O Cavalo-Marinho
Uma brincadeira popular envolvendo performances dramáticas, musicais e
coreográficas é o que caracteriza o Cavalo-Marinho, apresentado durante o ciclo
natalino. e seus brincadores são, em geral, trabalhadores da Zona da Mata, mas também
ecoa na região metropolitana de Recife e de João Pessoa (PB), entre outras localidades.
No passado, era realizado nos engenhos de cana-de-açúcar e seu conhecimento é
transmitido de forma oral.
5. Roberta Guimarães
Durante a apresentação são representadas as cenas do cotidiano e do mundo do trabalho
rural, com variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal,
personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira).
Contém ainda louvação ao Divino santo Rei do Oriente e possui momentos em que há
culto à Jurema Sagrada. O Cavalo-Marinho se realiza num terreiro de chão plano e,
geralmente, no ar livre e reúne ainda um grande número de elementos artístico-culturais
e sócio históricos, como mestres e os elementos da vivência do trabalho rural.
No Cavalo-Marinho constroem-se constantemente novas identidades em cima da
tradição. Existem diferentes formas de brincar, o que imprime neste bem cultural uma
constante transformação em função do partir do variado diálogo com brincadores.
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