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RELENDO MACAHÉ

       Macaé                na obra




    TRATADO
   DESCRITIVO
                    do

          BRASIL
                    de

Gabriel Soares de Sousa
                (1587)



           Coordenadoria de Ensino
         Coordenação de História
    Secretaria Municipal de Educação
   Prefeitura Municipal de Macaé
                  2011
RELENDO MACAHÉ
                 Glossário:

1.   RELENDO MACAHÉ
2.   O Autor
3.   O Livro – Por Voltaire Schiling
4.   Macaé no livro
5.   Sugestões para o Ensino Fundamental
6.   Descritores
7.   Bibliografia
RELENDO MACAHÉ
                     1. Relendo Macahé
      Neste     segundo        RELENDO      MACAHÉ,      conheceremos,
reconheceremos ou recordaremos um dos mais importantes livros
escritos sobre o Brasil no século XVI: TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL
de Gabriel Soares de Sousa.
      Tal produção é, junto com Viagem à Terra do Brasil de Jean de Léry
e os escritos de Hans Staden, Anchieta, Caminha e Frei Vicente do
Salvador um dos mais importantes relatos acerca do Brasil nos primeiros
tempos da colonização.
      Gabriel Soares de Sousa, sertanista e fazendeiro, naturalista e
escritor, pouco escreveu sobre Macaé, atendo-se mais a detalhes
geográficos, não fazendo alusão aos indígenas, à flora, fauna ou
qualquer outro habitante.
      Embora seja uma produção menor em proporções que a de Jean
de Léry, destaca-se em proporções e importâncias se relacionado aos
demais autores, como Frei Vicente do Salvador – que fez apenas uma
rápida referência as “Ilhas de Santa Anna”.
RELENDO MACAHÉ
                           2. O Autor
       Colonizador, dono de engenho, comerciante, sertanista e
navegador português nascido no Ribatejo, conhecido por ter escrito
TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL (1587), um trabalho que constituiu um
dos primeiros e mais extraordinários relatos sobre o Brasil colonial,
contendo importantes dados geográficos, botânicos, etnográficos e
lingüísticos, e publicado postumamente por Adolfo de Varnhagen (1879),
em Lisboa.
       Membro da expedição naval de Francisco Barreto, que partira com
destino à África, mas acabou por alcançar o Brasil. Estabelecido na Bahia
(1569), montou o engenho Jaguaripe e voltou a Portugal (1584) para
obter da corte o privilégio de exploração de minérios e pedras preciosas
ao longo do rio São Francisco. Enquanto aguardava a permissão régia
escreveu seu famoso tratado, dividido em duas partes: Roteiro geral e
Memorial das grandezas da Bahia, descrevendo informações sobre
geografia, costumes dos índios, agricultura, animais e plantas brasileiros.
Por exemplo, ele relatou que os índios guaianazes dividiam por um lado
fronteiras com os índios tamoios e do outro com os carijós. Os
guaianazes viviam continuamente guerra com seus vizinhos, matando-se
uns aos outros cruelmente.
       Nomeado governador e capitão-mor da conquista das Minas,
regressou ao Brasil com 360 colonos, quatro freiras carmelitas e o
governador-geral do Brasil, D.Francisco de Sousa. Chegando à Bahia,
empreendeu uma expedição que percorreu mais de cem léguas ao longo
do rio São Francisco, mas morreu de uma febre em pleno sertão, após
atingir as nascentes do rio Paraguaçu.
RELENDO MACAHÉ

            3. O Livro– Por Voltaire Schiling
                         O Tratado Descritivo

"Estará bem empregado todo o cuidado que Sua Majestade mandar Ter
d'este novo reino; pois está para edificar nele um grande império, o qual
com pouca despesa destes reinos se fará tão soberano que seja um dos
Estados do mundo.." - Gabriel Soares de Sousa - Tratado Descritivo do
Brasil em 1587.
       Foi uma carta enviada pelo seu irmão João Coelho de Souza,
mensagem de um moribundo vinda lá dos fundões da Bahia, que fez com
que Gabriel Soares de Souza se assanhasse por também em meter-se no
sertão. A missiva chegara por um pessoa de confiança. Mencionava
vestígios de ouro e até de diamantes que o desbravador encontrara em
suas andanças de três anos pelos rios e selvas do Brasil. Gabriel
incendiou-se. Largou sua fazenda à beira do rio Jequiriçá no Recôncavo -
onde desde 1567 se estabelecera "com escravos, carro de boi e éguas,
...além de índios forros"-, e foi-se a brigar com a burocracia do rei lá em
Madri (era a época do Domínio Filipino) atrás de concessões.
Apresentou-se como herdeiro do falecido.




                A Bahia de Todos os Santos foi minuciosamente descrita por Gabriel
                                                  Soares de Souza.
RELENDO MACAHÉ
       Pediu índios flecheiros, mercês, foros de fidalguia" par ele para
quatro dos seus cunhados que o acompanhariam na expedição, e até
uma requisição para tirar da cadeia gente que tivesse alguma serventia
para a bandeira. Quase enlouqueceram o pobre homem com as
protelações e dilações, mas por fim arrancou deles o que precisava. Até
um titulo pomposo de "capitão-mor e governador da conquista e
descobrimento do Rio São .Francisco" arranjou. Hei-lo de volta ao Brasil
em 1591. Deu azar. A urca em que vinha naufragou na embocadura do
Vaza-barris. Num nada viu-se "governando" um pedaço de areia da praia
do Sergipe.
       Gabriel Soares devia ser bom de conversa. Ao alcançar Salvador,
convenceu o governador a arrumar-lhe os necessários para a grande
aventura. Queria descer o Rio São Francisco até as suas cabeceiras,
seguindo o roteiro deixado pelo irmão porque sabia que lá encontraria
coisa grossa Mas ele não era só de conversa. Gabriel talvez fosse um dos
reinóis mais qualificados para alcançar tal sucesso. Uns anos antes, em
1587, ainda em Madri, na espera, registrara cuidadosamente num
enorme calhamaço - que Varnhagem depois numa edição exemplar,
dividiu em 20 títulos e 196 sub-capítulos -, tudo o que vira, sabia ou
ouvira dizer num Tratado Descritivo do Brasil (que apesar de circular em
Lisboa desde 1599, com o título de "Notícia do Brasil", só o publicaram
em 1825). Inspirou-o, superando-o de longe, a "História" de Pêro
Magalhães de Gândavo, quem por primeiro registrara algo mais
alentado sobre as terras descobertas.
       No enciclopédico "Tratado", Gabriel Soares nos conduz a um
detalhado e maravilhoso passeio por aquele Brasil dos primórdios.
Tendo como ponto de partida os acidentes mais setentrionais da costa
brasileira, estendeu-se do Rio Amazonas até o Rio da Prata. Em meio a
isso tudo nos conta as histórias dos tupinambas, dos tapuias, dos
potiguares e de tantas outras tribos mais. O que comiam, como
pescavam e de que como caçavam ou combatiam, das canoas e jangadas
que faziam. Fala-nos da mandioca, do milho, dos legumes, da pimenta e
dos cajus, dos mamões e dos jaracatéas, dos insetos, dos anfíbios, das
jibóias e dos bugios. Homem do seu tempo, Gabriel Soares também
deixou-se embalar pelas história fantásticas, de índios assombrados,
entre outras por aquela que relatava as maldades do Upupiara, o
homem marinho, o terror do Recôncavo, meio bicho, meio peixe, que
saltava das profundezas dos rios e abocanhava quem estivesse em suas
margens. Diz Gabriel que cinco escravos índios seus sumiram assim. Num
outro ataque, o único que se salvou ficou tão "assombrado que esteve
para morrer". Foi enfático também o autor, na luta dos portugueses em
dominar aquele mundo bravio, imenso e doido. Todos os historiadores
do Brasil que se seguiram, como Frei Vicente de Salvador ou Robert
Southley, beberam em suas páginas.




                        O Upupiara, o monstro do Recôncavo.


       Gabriel Soares queria mesmo era chamar a atenção de El-Rei da
Espanha para "os grandes merecimentos" que o novo mundo deveria ter
da Coroa, alertando-o para o fato de que "se os estrangeiros se
apoderarem desta terra, custará muito lançá-los fora dela".
Impressionou-se em Lisboa, e em Madri, como os funcionários da Corte
não tinham idéia da dimensão e da vastidão do Brasil. É uma "costa de
mil léguas" enfatizou, de "terra quase toda muito fértil, mui sadia, fresca
e lavada de bons ares, e regada de frescas e frias águas", e que além de "
ferro, aço, cobre, ouro ,esmeralda, cristal e muito salitre", tem "mais
quantidade de madeira que nenhuma parte do mundo". Era impossível
que não percebessem a magnitude do que ele vira nos seus 17 anos de
Brasil.
RELENDO MACAHÉ
      Dito isso, apetrechou-se de carnes e farinhas e rumou com a
bandeira para o sertão. Saiu do Recôncavo pelas margens do Rio
Paraguaçú. Das cabeceiras deste, quase uns 600 quilômetros ao sul da
Bahia, até chegar ao Rio São Francisco mais adentro, ainda teria que
percorrer a pé uns 250 quilômetros de serras e matas virgens.
Desafiando as febres, as pragas, as cobras, e os morcegos que
devastaram a animália, fundou arraiais pelo caminho. Supõe-se que
Gabriel Soares sucumbiu, ele e Aracy, o seu índio guia, bem próximo à
paragem onde o irmão morrera sete anos antes.




                  A abundância e variedade da pesca nativa, sempre
                  impressionou Gabriel Soares de Souza

      Matou-o a exaustão. Ele que manifestara em testamento o desejo
de ser sepultado com o "hábito de São Bento", no mosteiro da ordem
em Salvador, dando-se ao exagero de recomendar "150 missas rezadas e
15 cantada" para o sossego da sua alma pecadora, foi, supõe-se,
inumado às pressas numa cova anônima cercada pelos matos baianos.
Gabriel Soares estava no sentido certo. Um século depois da sua
malfadada aventura, outros, vindos de outros caminhos, deram com as
pepitas douradas e com os belos diamantes das Minas Gerais, como
também ele acertara em prever que o Brasil se tornaria " um grande
império".
RELENDO MACAHÉ
                      4. Macaé no livro
                                C A P Í T U L O XLVII
               Em que se torna a dizer de como corre a costa do cabo
                           de São Tomé até o cabo Frio.

       Do cabo de São Tomé à ilha de Santa Ana são oito léguas, e
corresse a costa nordeste-sudoeste. A terra firme desta costa é muito
fértil e boa. Esta ilha de Santa Ana fica em vinte e dois graus e um terço,
a qual está afastada da terra firma duas léguas para o mar, e tem dois
ilhéus junto de si. E quem vem do mar em fora parece-lhe tudo uma
coisa. Tem
esta ilha da banda da costa um bom surgidouro e abrigada por ser limpo
tudo, onde tem de fundo cinco e seis braças; e na terra firme defronte da
ilha tem boa aguada, e na mesma ilha há boa água de uma lagoa. Por
aqui não há de que guardar senão do que virem sôbre a água.
       E quem vem do mar em fora, para saber se está tanto avante
como esta ilha, olhe para a terra firme, e verá em meio das serras um
pico, que parece frade com capelo sobre as costas, o qual demora a
leste-noroeste, e podem os navios entrar por qualquer das bandas da
ilha como lhe mais servir o vento, e ancorar defronte entre ela e a terra
firme.
       Da ilha de Santa Ana à baía do Salvador são três léguas e dessa
baía à baía Formosa são sete léguas; da baía Formosa ao cabo Frio são
duas léguas. E corre-se a costa norte-sul. Até essa baía Formosa corriam
os goitacases no seu tempo, mas vivem já mais afastados do mar, pelo
que não há que arrecear para se povoar qualquer parte desta costa do
Espírito Santo até o cabo Frio.
RELENDO MACAHÉ
    5. Sugestões para o Ensino Fundamental
Objetivos:
- Desenvolver a consciência histórica por meio da análise de narrativas.
- Contribuir para a compreensão do processo de construção do momento
histórico.
- Desenvolver o pensamento crítico sobre o período e as diversas visões
do fato histórico.

Material necessário:

A cópia do Tratado Descritivo do Brasil que fala sobre Macaé.

Flexibilização:

Para           alunos         com          deficiência          intelectual
Apresente o texto antecipadamente ao aluno com deficiência intelectual
para que ele acompanhe melhor as discussões com a turma. Ele pode
identificar os elementos importantes do texto - o autor, quando foi
escrito, o assunto tratado, os personagens etc. - junto dos colegas e deve
participar das discussões em sala, expondo sua opinião, mesmo que não
consiga chegar a raciocínios muito elaborados. No caso da história
brasileira recente, conversas com pessoas que viveram o período e o
trabalho com outros materiais (filmes, música, fotografias) podem
contribuir para a aprendizagem. Amplie o tempo de realização dessa
atividade para o aluno e conte com o apoio do profissional responsável
pelo AEE.

Desenvolvimento:

Distribua as cópias do artigo. Comece a análise pedindo que os alunos
identifiquem a autoria do documento e a data (que pode estar na capa
da publicação). Há um autor? Onde ele aparece? Como a narrativa
histórica sempre é uma interpretação, o aluno precisa identificar quem a
escreveu e quando. Pergunte se o documento é da mesma época do fato
narrado. Conduza a análise de forma que os estudantes vejam de que
maneira o autor explica os fatos, evidenciando as passagens em que ele
coloca uma opinião, por exemplo, ou termos que deixam claro o fato de
o autor viver no mesmo período narrado. A explicação é uma importante
competência do pensamento histórico. Identifique com a garotada os
personagens que estão envolvidos na explicação do autor e como ele se
relaciona com os personagens narrados. É favorável ou contrário? É
possível analisar as impressões do autor e o que se pensava sobre
Macaé, bem como as expectativas a análise pedindo que os alunos
identifiquem a autoria do documento e a data (que pode estar na capa
da publicação). Há um autor? Onde ele aparece? Como a narrativa
histórica sempre é uma interpretação, o aluno precisa identificar quem a
escreveu e quando. Pergunte se o documento é da mesma época do fato
narrado. Conduza a análise de forma que os estudantes vejam de que
maneira o autor explica os fatos, evidenciando as passagens em que ele
coloca uma opinião, por exemplo, ou termos que deixam claro o fato de
o autor viver no mesmo período narrado. A explicação é uma importante
competência do pensamento histórico. Identifique com a garotada os
personagens que estão envolvidos na explicação do autor e como ele se
relaciona com os personagens narrados. É favorável ou contrário? Com
as respostas a essas perguntas, conduza a turma a refletir sobre o
propósito da narrativa (contar sobre um fato, dar uma opinião, fazer
uma reivindicação e assim por diante). Relacione o que foi levantado ao
que é descrito no livro didático. Assim os alunos percebem ideias
relevantes que ficaram de fora do livro.

Avaliação:

Observe se os estudantes entenderam os elementos envolvidos na
expedição do navegador e cronista ao Brasil. Veja se eles identificaram
os interesses envolvidos.
RELENDO MACAHÉ
6. Descritores
      Em Língua Portuguesa:

 a) Localizar informações explícitas em um texto.
 b) Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
 c) Inferir uma informação implícita no texto.
 d) Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas,
    quadrinhos, fotos, entre outros).
 e) Identificar o tema de um texto.
 f) Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

      Em Matemática:

 a) Identificar a localização/movimentação de objeto em mapas, croquis e outras
      representações gráficas.
 b)   Estabelecer relações entre unidades de medida de tempo.
 c)   Calcular o resultado de uma adição ou subtração de números naturais.
 d)   Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números naturais.
RELENDO MACAHÉ
7. Bibliografia
LERY, Jean. Viagem à Terra do Brasil. São Paulo: Cia. Das Letras, 1999.
SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587.São Paulo: EBP, 1938.
SOUZA, Laura de Melo. O Diabo e a terra de Santa Cruz. São Paulo: Cia. Das Letras,
1986.
THEVET, André. As singularidades da França Antártica. Trad. Eugenio Amado. São
Paulo: EDUSP, 1978.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América. Trad. Beatriz Perrone Moisés. São Paulo:
Martins Fontes, 1982.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

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Relendo Macahé em Tratado Descritivo do Brasil 2

  • 1. RELENDO MACAHÉ Macaé na obra TRATADO DESCRITIVO do BRASIL de Gabriel Soares de Sousa (1587) Coordenadoria de Ensino Coordenação de História Secretaria Municipal de Educação Prefeitura Municipal de Macaé 2011
  • 2. RELENDO MACAHÉ Glossário: 1. RELENDO MACAHÉ 2. O Autor 3. O Livro – Por Voltaire Schiling 4. Macaé no livro 5. Sugestões para o Ensino Fundamental 6. Descritores 7. Bibliografia
  • 3. RELENDO MACAHÉ 1. Relendo Macahé Neste segundo RELENDO MACAHÉ, conheceremos, reconheceremos ou recordaremos um dos mais importantes livros escritos sobre o Brasil no século XVI: TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL de Gabriel Soares de Sousa. Tal produção é, junto com Viagem à Terra do Brasil de Jean de Léry e os escritos de Hans Staden, Anchieta, Caminha e Frei Vicente do Salvador um dos mais importantes relatos acerca do Brasil nos primeiros tempos da colonização. Gabriel Soares de Sousa, sertanista e fazendeiro, naturalista e escritor, pouco escreveu sobre Macaé, atendo-se mais a detalhes geográficos, não fazendo alusão aos indígenas, à flora, fauna ou qualquer outro habitante. Embora seja uma produção menor em proporções que a de Jean de Léry, destaca-se em proporções e importâncias se relacionado aos demais autores, como Frei Vicente do Salvador – que fez apenas uma rápida referência as “Ilhas de Santa Anna”.
  • 4. RELENDO MACAHÉ 2. O Autor Colonizador, dono de engenho, comerciante, sertanista e navegador português nascido no Ribatejo, conhecido por ter escrito TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL (1587), um trabalho que constituiu um dos primeiros e mais extraordinários relatos sobre o Brasil colonial, contendo importantes dados geográficos, botânicos, etnográficos e lingüísticos, e publicado postumamente por Adolfo de Varnhagen (1879), em Lisboa. Membro da expedição naval de Francisco Barreto, que partira com destino à África, mas acabou por alcançar o Brasil. Estabelecido na Bahia (1569), montou o engenho Jaguaripe e voltou a Portugal (1584) para obter da corte o privilégio de exploração de minérios e pedras preciosas ao longo do rio São Francisco. Enquanto aguardava a permissão régia escreveu seu famoso tratado, dividido em duas partes: Roteiro geral e Memorial das grandezas da Bahia, descrevendo informações sobre geografia, costumes dos índios, agricultura, animais e plantas brasileiros. Por exemplo, ele relatou que os índios guaianazes dividiam por um lado fronteiras com os índios tamoios e do outro com os carijós. Os guaianazes viviam continuamente guerra com seus vizinhos, matando-se uns aos outros cruelmente. Nomeado governador e capitão-mor da conquista das Minas, regressou ao Brasil com 360 colonos, quatro freiras carmelitas e o governador-geral do Brasil, D.Francisco de Sousa. Chegando à Bahia, empreendeu uma expedição que percorreu mais de cem léguas ao longo do rio São Francisco, mas morreu de uma febre em pleno sertão, após atingir as nascentes do rio Paraguaçu.
  • 5. RELENDO MACAHÉ 3. O Livro– Por Voltaire Schiling O Tratado Descritivo "Estará bem empregado todo o cuidado que Sua Majestade mandar Ter d'este novo reino; pois está para edificar nele um grande império, o qual com pouca despesa destes reinos se fará tão soberano que seja um dos Estados do mundo.." - Gabriel Soares de Sousa - Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Foi uma carta enviada pelo seu irmão João Coelho de Souza, mensagem de um moribundo vinda lá dos fundões da Bahia, que fez com que Gabriel Soares de Souza se assanhasse por também em meter-se no sertão. A missiva chegara por um pessoa de confiança. Mencionava vestígios de ouro e até de diamantes que o desbravador encontrara em suas andanças de três anos pelos rios e selvas do Brasil. Gabriel incendiou-se. Largou sua fazenda à beira do rio Jequiriçá no Recôncavo - onde desde 1567 se estabelecera "com escravos, carro de boi e éguas, ...além de índios forros"-, e foi-se a brigar com a burocracia do rei lá em Madri (era a época do Domínio Filipino) atrás de concessões. Apresentou-se como herdeiro do falecido. A Bahia de Todos os Santos foi minuciosamente descrita por Gabriel Soares de Souza.
  • 6. RELENDO MACAHÉ Pediu índios flecheiros, mercês, foros de fidalguia" par ele para quatro dos seus cunhados que o acompanhariam na expedição, e até uma requisição para tirar da cadeia gente que tivesse alguma serventia para a bandeira. Quase enlouqueceram o pobre homem com as protelações e dilações, mas por fim arrancou deles o que precisava. Até um titulo pomposo de "capitão-mor e governador da conquista e descobrimento do Rio São .Francisco" arranjou. Hei-lo de volta ao Brasil em 1591. Deu azar. A urca em que vinha naufragou na embocadura do Vaza-barris. Num nada viu-se "governando" um pedaço de areia da praia do Sergipe. Gabriel Soares devia ser bom de conversa. Ao alcançar Salvador, convenceu o governador a arrumar-lhe os necessários para a grande aventura. Queria descer o Rio São Francisco até as suas cabeceiras, seguindo o roteiro deixado pelo irmão porque sabia que lá encontraria coisa grossa Mas ele não era só de conversa. Gabriel talvez fosse um dos reinóis mais qualificados para alcançar tal sucesso. Uns anos antes, em 1587, ainda em Madri, na espera, registrara cuidadosamente num enorme calhamaço - que Varnhagem depois numa edição exemplar, dividiu em 20 títulos e 196 sub-capítulos -, tudo o que vira, sabia ou ouvira dizer num Tratado Descritivo do Brasil (que apesar de circular em Lisboa desde 1599, com o título de "Notícia do Brasil", só o publicaram em 1825). Inspirou-o, superando-o de longe, a "História" de Pêro Magalhães de Gândavo, quem por primeiro registrara algo mais alentado sobre as terras descobertas. No enciclopédico "Tratado", Gabriel Soares nos conduz a um detalhado e maravilhoso passeio por aquele Brasil dos primórdios. Tendo como ponto de partida os acidentes mais setentrionais da costa brasileira, estendeu-se do Rio Amazonas até o Rio da Prata. Em meio a isso tudo nos conta as histórias dos tupinambas, dos tapuias, dos potiguares e de tantas outras tribos mais. O que comiam, como pescavam e de que como caçavam ou combatiam, das canoas e jangadas que faziam. Fala-nos da mandioca, do milho, dos legumes, da pimenta e dos cajus, dos mamões e dos jaracatéas, dos insetos, dos anfíbios, das jibóias e dos bugios. Homem do seu tempo, Gabriel Soares também deixou-se embalar pelas história fantásticas, de índios assombrados, entre outras por aquela que relatava as maldades do Upupiara, o homem marinho, o terror do Recôncavo, meio bicho, meio peixe, que
  • 7. saltava das profundezas dos rios e abocanhava quem estivesse em suas margens. Diz Gabriel que cinco escravos índios seus sumiram assim. Num outro ataque, o único que se salvou ficou tão "assombrado que esteve para morrer". Foi enfático também o autor, na luta dos portugueses em dominar aquele mundo bravio, imenso e doido. Todos os historiadores do Brasil que se seguiram, como Frei Vicente de Salvador ou Robert Southley, beberam em suas páginas. O Upupiara, o monstro do Recôncavo. Gabriel Soares queria mesmo era chamar a atenção de El-Rei da Espanha para "os grandes merecimentos" que o novo mundo deveria ter da Coroa, alertando-o para o fato de que "se os estrangeiros se apoderarem desta terra, custará muito lançá-los fora dela". Impressionou-se em Lisboa, e em Madri, como os funcionários da Corte não tinham idéia da dimensão e da vastidão do Brasil. É uma "costa de mil léguas" enfatizou, de "terra quase toda muito fértil, mui sadia, fresca e lavada de bons ares, e regada de frescas e frias águas", e que além de " ferro, aço, cobre, ouro ,esmeralda, cristal e muito salitre", tem "mais quantidade de madeira que nenhuma parte do mundo". Era impossível que não percebessem a magnitude do que ele vira nos seus 17 anos de Brasil.
  • 8. RELENDO MACAHÉ Dito isso, apetrechou-se de carnes e farinhas e rumou com a bandeira para o sertão. Saiu do Recôncavo pelas margens do Rio Paraguaçú. Das cabeceiras deste, quase uns 600 quilômetros ao sul da Bahia, até chegar ao Rio São Francisco mais adentro, ainda teria que percorrer a pé uns 250 quilômetros de serras e matas virgens. Desafiando as febres, as pragas, as cobras, e os morcegos que devastaram a animália, fundou arraiais pelo caminho. Supõe-se que Gabriel Soares sucumbiu, ele e Aracy, o seu índio guia, bem próximo à paragem onde o irmão morrera sete anos antes. A abundância e variedade da pesca nativa, sempre impressionou Gabriel Soares de Souza Matou-o a exaustão. Ele que manifestara em testamento o desejo de ser sepultado com o "hábito de São Bento", no mosteiro da ordem em Salvador, dando-se ao exagero de recomendar "150 missas rezadas e 15 cantada" para o sossego da sua alma pecadora, foi, supõe-se, inumado às pressas numa cova anônima cercada pelos matos baianos. Gabriel Soares estava no sentido certo. Um século depois da sua malfadada aventura, outros, vindos de outros caminhos, deram com as pepitas douradas e com os belos diamantes das Minas Gerais, como também ele acertara em prever que o Brasil se tornaria " um grande império".
  • 9. RELENDO MACAHÉ 4. Macaé no livro C A P Í T U L O XLVII Em que se torna a dizer de como corre a costa do cabo de São Tomé até o cabo Frio. Do cabo de São Tomé à ilha de Santa Ana são oito léguas, e corresse a costa nordeste-sudoeste. A terra firme desta costa é muito fértil e boa. Esta ilha de Santa Ana fica em vinte e dois graus e um terço, a qual está afastada da terra firma duas léguas para o mar, e tem dois ilhéus junto de si. E quem vem do mar em fora parece-lhe tudo uma coisa. Tem esta ilha da banda da costa um bom surgidouro e abrigada por ser limpo tudo, onde tem de fundo cinco e seis braças; e na terra firme defronte da ilha tem boa aguada, e na mesma ilha há boa água de uma lagoa. Por aqui não há de que guardar senão do que virem sôbre a água. E quem vem do mar em fora, para saber se está tanto avante como esta ilha, olhe para a terra firme, e verá em meio das serras um pico, que parece frade com capelo sobre as costas, o qual demora a leste-noroeste, e podem os navios entrar por qualquer das bandas da ilha como lhe mais servir o vento, e ancorar defronte entre ela e a terra firme. Da ilha de Santa Ana à baía do Salvador são três léguas e dessa baía à baía Formosa são sete léguas; da baía Formosa ao cabo Frio são duas léguas. E corre-se a costa norte-sul. Até essa baía Formosa corriam os goitacases no seu tempo, mas vivem já mais afastados do mar, pelo que não há que arrecear para se povoar qualquer parte desta costa do Espírito Santo até o cabo Frio.
  • 10. RELENDO MACAHÉ 5. Sugestões para o Ensino Fundamental Objetivos: - Desenvolver a consciência histórica por meio da análise de narrativas. - Contribuir para a compreensão do processo de construção do momento histórico. - Desenvolver o pensamento crítico sobre o período e as diversas visões do fato histórico. Material necessário: A cópia do Tratado Descritivo do Brasil que fala sobre Macaé. Flexibilização: Para alunos com deficiência intelectual Apresente o texto antecipadamente ao aluno com deficiência intelectual para que ele acompanhe melhor as discussões com a turma. Ele pode identificar os elementos importantes do texto - o autor, quando foi escrito, o assunto tratado, os personagens etc. - junto dos colegas e deve participar das discussões em sala, expondo sua opinião, mesmo que não consiga chegar a raciocínios muito elaborados. No caso da história brasileira recente, conversas com pessoas que viveram o período e o trabalho com outros materiais (filmes, música, fotografias) podem contribuir para a aprendizagem. Amplie o tempo de realização dessa atividade para o aluno e conte com o apoio do profissional responsável pelo AEE. Desenvolvimento: Distribua as cópias do artigo. Comece a análise pedindo que os alunos identifiquem a autoria do documento e a data (que pode estar na capa da publicação). Há um autor? Onde ele aparece? Como a narrativa histórica sempre é uma interpretação, o aluno precisa identificar quem a escreveu e quando. Pergunte se o documento é da mesma época do fato narrado. Conduza a análise de forma que os estudantes vejam de que maneira o autor explica os fatos, evidenciando as passagens em que ele
  • 11. coloca uma opinião, por exemplo, ou termos que deixam claro o fato de o autor viver no mesmo período narrado. A explicação é uma importante competência do pensamento histórico. Identifique com a garotada os personagens que estão envolvidos na explicação do autor e como ele se relaciona com os personagens narrados. É favorável ou contrário? É possível analisar as impressões do autor e o que se pensava sobre Macaé, bem como as expectativas a análise pedindo que os alunos identifiquem a autoria do documento e a data (que pode estar na capa da publicação). Há um autor? Onde ele aparece? Como a narrativa histórica sempre é uma interpretação, o aluno precisa identificar quem a escreveu e quando. Pergunte se o documento é da mesma época do fato narrado. Conduza a análise de forma que os estudantes vejam de que maneira o autor explica os fatos, evidenciando as passagens em que ele coloca uma opinião, por exemplo, ou termos que deixam claro o fato de o autor viver no mesmo período narrado. A explicação é uma importante competência do pensamento histórico. Identifique com a garotada os personagens que estão envolvidos na explicação do autor e como ele se relaciona com os personagens narrados. É favorável ou contrário? Com as respostas a essas perguntas, conduza a turma a refletir sobre o propósito da narrativa (contar sobre um fato, dar uma opinião, fazer uma reivindicação e assim por diante). Relacione o que foi levantado ao que é descrito no livro didático. Assim os alunos percebem ideias relevantes que ficaram de fora do livro. Avaliação: Observe se os estudantes entenderam os elementos envolvidos na expedição do navegador e cronista ao Brasil. Veja se eles identificaram os interesses envolvidos.
  • 12. RELENDO MACAHÉ 6. Descritores Em Língua Portuguesa: a) Localizar informações explícitas em um texto. b) Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. c) Inferir uma informação implícita no texto. d) Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, fotos, entre outros). e) Identificar o tema de um texto. f) Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Em Matemática: a) Identificar a localização/movimentação de objeto em mapas, croquis e outras representações gráficas. b) Estabelecer relações entre unidades de medida de tempo. c) Calcular o resultado de uma adição ou subtração de números naturais. d) Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão de números naturais.
  • 13. RELENDO MACAHÉ 7. Bibliografia LERY, Jean. Viagem à Terra do Brasil. São Paulo: Cia. Das Letras, 1999. SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587.São Paulo: EBP, 1938. SOUZA, Laura de Melo. O Diabo e a terra de Santa Cruz. São Paulo: Cia. Das Letras, 1986. THEVET, André. As singularidades da França Antártica. Trad. Eugenio Amado. São Paulo: EDUSP, 1978. TODOROV, Tzvetan. A conquista da América. Trad. Beatriz Perrone Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 1982. VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos pecados. Rio de Janeiro: Campus, 1989.