Este documento descreve a história e o desenvolvimento da língua portuguesa em três partes: (1) a romanização da Península Ibérica e a origem do ramo galego-português, (2) as invasões árabes e a reconquista cristã, resultando na separação de Portugal e na disseminação das línguas para o sul, (3) os primeiros textos escritos em português medieval e a distinção gradual entre o galego e o português.
2. Romanização da
Península Ibérica
Os povos conquistados adotam o latim como língua
(exceto o Basco) e a região é cristianizada;
Os latinos conquistaram povos diferentes, cada qual
com sua expressão idiomática (substrato);
Na Lusitânia pré-romana foram os Celtas o elemento
de maior importância linguística.
3. Origem
Ramo Galego-asturiano:
- Romanização intensa;
- Base ibero e euscaro-caucásica;
Línguas: Galego, Asturiano, Leonês e o Português
5. Invasões e a
Reconquista
A península foi invadida e dominada por árabes,
também conhecidos como “mouros” no século XII;
Com a reconquista da península pelos Reis Católicos
Fernando II de Aragão e Isabel I da Castela, surge o
reino independente de Portugal;
Nesse período as línguas do Norte foram “levadas”
para o Sul, o caso do GALEGO-PORTUGUÊS,
CASTELHANO e o CATALÃO.
6. O Galego-Português
A língua falada na Lusitânia era o Galego-Português e
continuou sendo falada até meados do século XIV,
quando fatores políticos e sociais determinaram a
cisão da unidade linguística galego-portuguesa;
Politicamente Portugal separava-se do Reino de Leão
e no século XII isolou a galícia.
Atualmente o Galego é uma língua diferente, contudo
suficientemente próxima do português, o que permite
a intercompreensão.
8. Textos em Galego-Português
medieval
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
(Paio Soares de Taveirós)
Quantas sabedes amar amigo,
treides comig'a lo mar de Vigo
e banhar-nos-emos nas
ondas.
Quantas sabedes amar amado,
treides comig' a lo mar levado
e banhar-nos-emos nas ondas.
Treides comig' a lo mar de Vigo
e veeremo' lo meu amigo
e banhar-nos-emos nas ondas.
Treides comig' a lo mar levado
e veeremo' lo meu amado
e banhar-nos-emos nas ondas.
(Martin Codax)
10. (VASCONCELLOS, 1970)
O Testamento de Elvira Sanches (1193)
In Christi nomine. Amen. Eu Elvira Sanchiz offeyro o meu
corpo áás virtudes de Sam Saluador do moensteyro de
Vayram, e offeyro co’no meu corpo todo o herdamento que eu
ey en Centegãus e as tres quartas de padroadigo d’essa
eygleyga e todo hu herdamento de Crexemil, assi us das sestas
como todo u outro herdamento: que u aia u moensteyro de
Vayram por en saecula saeculorum. Amen
Em nome de Cristo. Amén. Eu, Elvira Sanches, ofereço o meu
corpo às virtudes do Santo Salvador do mosteiro de Vairão, e
ofereço com o meu corpo toda a herança que eu tenho em
Centegãos e os três votos do direito de padroado dessa igreja,
e todo o bem de Creixemil, assim também os (bens) das
residências rurais, e todas as outras propriedades: (determino)
que os tenha o mosteiro de Vairão pelos séculos dos séculos.
Amén
11. A língua geral
O nome de língua geral aplícase, principalmente, a dúas
variedades do tupí que se utilizaron como vehículo de
comunicación en amplas zonas do Brasil: a paulista, na
rexión de São Paulo e a amazónica ou tupinambá, máis ao
norte do país. A razón da aparición foi semellante en ambos
os dous casos: aos europeos chegados para proceder á
colonización do territorio a comunicación cos indíxenas
resultáballes complicada, coa dificultade engadida de que
cada grupo utilizaba unha variedade lingüística diferente. Xa
que logo, estas variedades simplificadas xurdidas do tupí
serviron para facilitar a comunicación dos europeos cos
nativos, pero tamén entre unhas tribos e outras. Ademais de
para estes dous casos, a denominación de lingua xeral
utilizouse para outras linguas indíxenas que se falaban en
áreas extensas.
12. Fases do Português: visão
geral
Fase proto-histórica: século IX até o século XII (textos com
palavras portuguesas);
Fase do português arcaico (século XII ao século XVI);
- Galego-Português (Século XII ao século XIV);
- Separação entre o galego e português (século XIV ao século
XVI)
Fase do português moderno
- Publicação da epopeia Lusíadas (De Luis de Camões) em
1572.
13. Situação da Língua
Portuguesa no Mundo
5ª língua mais falada no mundo;
250 milhões de falantes;
Língua oficial de 9 países (Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Princípe e Timor Leste, além de
uma entidade independente (Macau).
14. Breve História do Português Brasileiro
1 língua oficial (Português ) instituida por Pombal (1758);
Na região Amazônica prevaleceu a utilização da Língua
Geral Amazônica (Nhengatu) até 1877;
Sofreu influência das línguas indígenas e línguas africanas;
Transmitido irregularmente para a maioria da população
devido a ausência de escolarização oficial entre os século
XIV e XIX;
A primeira universidade no Brasil foi fundada em 1909
(Escola Universitária de Manaós). Na América espanhola, a
primeira universidade foi fundada em 1538 em São
Domingos (República Dominicana)
15. Algumas diferenças entre o Português
Brasileiro e o Português Europeu
Diferenças fônicas
- O PE apresenta redução vocálica, enquanto que o PB
é mais vocálico;
- Palatalização de /t/ e /d/ [tʃia] [dʒia] [dentʃi] [ondʒe] só
ocorre no PB;
16. Sistema Pronominal do PB
SISTEMA DE 4
POSIÇÕES
SISTEMA DE 3
POSIÇÕES
SISTEMA DE 2
POSIÇÕES
EU falo EU falo EU falo
VOCÊ
fala
VOCÊ
fala
VOCÊ
fala
ELE ELE ELE
A GENTE A GENTE A GENTE
NÓS falamos
VOCÊS
falamELES ELES falam ELES
17. Supressão dos clíticos o, as, os, as e substituição por um
sintagma nominal pleno:
- Seu filho estava no parque. Eu vi seu filho lá.
Eu vi ele lá.
Eu vi lá.
Eu o vi.
Desuso do lhe dativo:
- Eu lhe vejo sempre na UFRA.
- Eu te vejo sempre na UFRA.
- Eu vejo você sempre na UFRA.
- Eu lhe dei o dinheiro do lanche.
- Eu te dei o dinheiro do lanche.
18. Uso do pronome-lembrete:
- O professor que eu estudei inglês com ele voltou.
- O professor com quem eu estudei inglês voltou.
Colocação Pronominal (Próclise no PB):
- Me diz que tens razão (PB);
- Diz-me que tens razão (PE);
- Te vi na igreja (PB);
- Vi-te na igreja (PE);
19. Polarização
Sociolinguística no PB
Norma Culta Norma Popular
Derivada dos padrões
linguísticos da elite (seja no
Brasil-Colônia ou no Brasil-
Império)
Derivada da transmissão
linguística irregular e do
contato entre línguas
indígenas e africanas.
21. Referências
FREITAS, Horácio França Rolim. Auto da Partilha e Testamento de Elvira Sanches: comentários histórico-
interpretativos. In: Revista da Academia Brasileira de Filologia. Ano 2. Vol II, 2003. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/abf/rabf/2/060.pdf>. Acessado em 4 de novembro de 2015.
FUNDACIÓN BARRIÉ. Língua Geral. In: Portal das Palabras. Disponível em:
<http://portaldaspalabras.gal/miraquedin/lingua-geral>. Acessado em 4 de novembro de 2015.
LOPES, Graça Videira; FERREIRA, Manuel Pedro et al. Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de
dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA, 2011. Disponível em:
<http://cantigas.fcsh.unl.pt>. Acessado em 4 de novembro de 2015.
MATTOS & SILVA, Rosa Virgínia. O Português Brasileiro. In: História da Língua Portuguesa. Disponível em:
<http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/hlpbrasil/>. Acessado em 4 de novembro de 2015.
SILVA NETO, Serafim da. História da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1957 [1970].
SPINA, Segismundo. História da Língua Portuguesa. São Paulo: Ateliê, 2008.
TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. São Paulo: Martins Fontes, 1982.