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O CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR E A INFECTOLOGIA NO BRASIL
O aparecimento das infecções hospitalares é tão antigo quanto o surgimento dos hospitais.
Primeiramente os hospitais eram
construídos próximos às catedrais, caracterizando uma função caritativa, de assistência aos
pobres, inválidos, peregrinos e
doentes. Esses espaços de segregação e exclusão, similares a albergues e asilos, eram
considerados fonte inesgotável de doenças,
devido às características sanitárias e de assistência precária, nãose fazendo presente, portanto,
nem o médico e nem atividades
terapêuticas. A infecção nos hospitais surge como conseqüência das condições precárias em que
as pessoas eram dispostas e
atendidas naqueles ambientes. A precariedade das condições, por sua vez, contribuiu para a
evolução do conhecimento sobre
o hospital e sua finalidade, que gradativamente, passa a ter uma nova função na assistência. No
contexto histórico das infecções hospitalares, em 1847, grande importância representou Ignaz
Philipp Semmelweis (1818-1865), médico cirurgião húngaro, que em Viena, em meados do
século XIX, observando as altas taxas de infecção puerperal em mulheres que haviam sido
tratadas por médicos que antes haviam
realizados necropsias, instituiu a rotina de higiene de mãos com solução clorada. Com este
simples ato, conseguiu reduzir as taxas
de 11,4 para 1,3% em um período de sete meses. A partir da contribuição do trabalho de
Semmelweis (1860),
reforçada por Lister (1867) e seguidamente por outros pesquisadores foi se estabelecendo a
associação entre os pacientes
internados que apresentavam infecção e os óbitos. Na Inglaterra, no final do Século XIX,
Florence Nightingale
representou significativa importância histórica com sua contribuição
implantação de medidas para o controle das infecções hospitalares, com a preocupação voltada
para os cuidados de higienização,
o isolamento dos enfermos, o atendimento individual, a utilização controlada da dieta e a
redução de leitos no mesmo
ambiente, instituindo medidas de organização, sistema tização do atendimento e treinamento
de pessoal, especialmente as práticas
higiênico-sanitárias que estabeleceu e que colaboraram para a redução das taxas de
mortalidade hospitalar da época.
Segundo diversos autores, a década de 1950 foi caracterizada por uma nova era para as
infecções hospitalares e a epidemiologia.
Infecções hospitalares são definidas como aquelas adquiridas pelos pacientes após sua admissão
hospitalar, que se manifestam
durante a internação ou após a alta e que podem estar relacionadas à internação ou a
procedimentos hospitalares.
Uma das medidas iniciais para controle dessas infecções foi a criação de Comissões de Controle
Infecção Hospitalar (CCIH), sob
a recomendação da American Hospital Association, em 1958, com o objetivo de prover os
hospitais americanos de um sistema que lhes
permitissem investigar as causas das infecções neles adquiridas e adotá-los de instrumentos
necessários contra possíveis ações legais
de sua clientela. O entusiasmo pela vigilância epidemiológica das infecções hospitalares adentra
as décadas seguintes com a
implementação de novas medidas e empreendimentos, com vistas à prevenção e controle das
mesmas.
No Brasil, a preocupação com as infecções hospitalares surgem na década de 1960 através de
publicações dos primeiros relatos
sobre o tema. A primeira iniciativa para criação de uma CCIH data de 1963, no Hospital Ernesto
Dornelles em Porto Alegre/RS.
A criação de comissões multidisciplinares vinculadas a hospitais universitários, surgiram a partir
da década de 1970. As próximas
décadas foram contempladas com a publicação do Manual de Controle de Infecção Hospitalar,
do Ministério da Saúde, e com a
promulgação de portarias, tornando obrigatória a instituição de CCIH em todos os hospitais
brasileiros. Nessas portarias é enfatizada
a composição das CCIH, suas atividades, as competências de seus membros, bem como algumas
recomendações de indicadores
epidemiológicos para controle das infecções. Diferentes experiências passam a ser objeto de
publicações, salientando a importância de implantações das CCIH e as dificuldades enfrentadas
pelos profissionais com vistas a minimizar
ou buscar soluções para os problemas a eles relacionados. Em 1985, a morte do recém-eleito
Presidente da República,
Tancredo Neves, por septicemia devido a uma infecção póscirúrgica, causou grande repercussão
nacional, corroborando
para que o Ministério da Saúde implementasse ações e projetos que mudassem o panorama e
os rumos do controle de infecção
no país. Em Minas Gerais as primeiras CCIHs foram criadas na década de 1970, sendo uma das
pioneiras a CCIH do Hospital das Clínicas
da Universidade Federal de Minas Gerais (1978). Nessa mesma época também foram montadas
as CCIH do Hospital Sarah
Kubistchek e de alguns hospitais da rede FHEMIG. A infectologia despontou no Brasil, na década
de 1980, com a
criação da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), espaço reservado a biólogos,
bioquímicos, pesquisadores e médicos da
área de doenças tropicais, que cuidavam predominantemente das grandes endemias. Apesar de
muitas questões em comum,
havia uma distinção entre a Medicina Tropical e a visão mais individualizada sobre as doenças
infecciosas. Não havia espaço
no campo da Medicina Tropical para as infecções hospitalares ou mesmo a epidemia de
HIV/AIDS, já que se tratava de uma
epidemia mundial, sem relação direta com os trópicos. Tornou-se necessário a criação de uma
nova especialidade voltada para
o indivíduo e para as patologias mais prevalentes em áreas urbanizadas. Nesse cenário, foi
criada a Sociedade Brasileira de Infectologia
(SBI), que intencionava abranger as doenças infecciosas e parasitárias de uma maneira mais
ampla, incluindo temas até
então ausentes nas discussões da Medicina Tropical, tais como infecções em imunodeprimidos,
infecções hospitalares, infecções
em terapia intensiva, infecções ósteo-articulares, ou seja, todos os aspectos que envolviam as
doenças infecciosas dentro da
Medicina Interna. O fenômeno de resistência bacteriana, que emergiu no final da década de
1960, trouxe também um novo tema para os
infectologistas: o adequado manejo dos antibióticos. O crescimento do número de
antimicrobianos e consequentemente da resistência
bacteriana trouxeram cada vez mais dificuldades para o clínico geral de utilizar de forma
adequada esses medicamentos, o que
exigia a atuação de um especialista: o infectologista. A infectologia é um dos campos da
Medicina que mais avançou
nas últimas décadas. Desde a descoberta dos antibióticos, terapias cada vez mais potentes têm
permitido a maior e melhor
sobrevivência das pessoas infectadas. A epidemia de Aids, as infecções hospitalares, as hepatites
virais, o uso inadequado
dos antibióticos, entre outros agravos à saúde vêm exigindo dos infectologistas preparo e
atualizações freqüentes.
A Portaria ministerial (2616/MS) em vigor no momento data de 1998, mesmo representando um
grande avanço para o controle
e prevenção das infecções hospitalares no Brasil, encontra-se defasada e necessita de
reformulações.
na (re) organização dos hospitais e, conseqüentemente, na
Referências Bibliográficas:
1. Oliveira AC. Infecções Hospitalares – Epidemiologia, prevenção e controle.
Rio de Janeiro, Ed Guanabara Koogan S.A., 2005.
2. Ministério da Saúde do Brasil. Portaria nº 2.616 de 12 de maio de 1998.
Diário Oficial, Brasília, 1998.
3. Martins MA. Aspectos históricos gerais. In: Martins MA. Manual de Infecção
Hospitalar. Epidemiologia, Prevenção e Controle. Rio de Janeiro: Medsi,
2001; 3-10.
4. Fernandes AT, Fernandes MOV, Ribeiro Filho N. Infecção hospitalar e suas
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Controle de infecção hospitalares

  • 1. O CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR E A INFECTOLOGIA NO BRASIL O aparecimento das infecções hospitalares é tão antigo quanto o surgimento dos hospitais. Primeiramente os hospitais eram construídos próximos às catedrais, caracterizando uma função caritativa, de assistência aos pobres, inválidos, peregrinos e doentes. Esses espaços de segregação e exclusão, similares a albergues e asilos, eram considerados fonte inesgotável de doenças, devido às características sanitárias e de assistência precária, nãose fazendo presente, portanto, nem o médico e nem atividades terapêuticas. A infecção nos hospitais surge como conseqüência das condições precárias em que as pessoas eram dispostas e atendidas naqueles ambientes. A precariedade das condições, por sua vez, contribuiu para a evolução do conhecimento sobre o hospital e sua finalidade, que gradativamente, passa a ter uma nova função na assistência. No contexto histórico das infecções hospitalares, em 1847, grande importância representou Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865), médico cirurgião húngaro, que em Viena, em meados do século XIX, observando as altas taxas de infecção puerperal em mulheres que haviam sido tratadas por médicos que antes haviam realizados necropsias, instituiu a rotina de higiene de mãos com solução clorada. Com este simples ato, conseguiu reduzir as taxas de 11,4 para 1,3% em um período de sete meses. A partir da contribuição do trabalho de Semmelweis (1860), reforçada por Lister (1867) e seguidamente por outros pesquisadores foi se estabelecendo a associação entre os pacientes internados que apresentavam infecção e os óbitos. Na Inglaterra, no final do Século XIX, Florence Nightingale representou significativa importância histórica com sua contribuição implantação de medidas para o controle das infecções hospitalares, com a preocupação voltada para os cuidados de higienização, o isolamento dos enfermos, o atendimento individual, a utilização controlada da dieta e a redução de leitos no mesmo
  • 2. ambiente, instituindo medidas de organização, sistema tização do atendimento e treinamento de pessoal, especialmente as práticas higiênico-sanitárias que estabeleceu e que colaboraram para a redução das taxas de mortalidade hospitalar da época. Segundo diversos autores, a década de 1950 foi caracterizada por uma nova era para as infecções hospitalares e a epidemiologia. Infecções hospitalares são definidas como aquelas adquiridas pelos pacientes após sua admissão hospitalar, que se manifestam durante a internação ou após a alta e que podem estar relacionadas à internação ou a procedimentos hospitalares. Uma das medidas iniciais para controle dessas infecções foi a criação de Comissões de Controle Infecção Hospitalar (CCIH), sob a recomendação da American Hospital Association, em 1958, com o objetivo de prover os hospitais americanos de um sistema que lhes permitissem investigar as causas das infecções neles adquiridas e adotá-los de instrumentos necessários contra possíveis ações legais de sua clientela. O entusiasmo pela vigilância epidemiológica das infecções hospitalares adentra as décadas seguintes com a implementação de novas medidas e empreendimentos, com vistas à prevenção e controle das mesmas. No Brasil, a preocupação com as infecções hospitalares surgem na década de 1960 através de publicações dos primeiros relatos sobre o tema. A primeira iniciativa para criação de uma CCIH data de 1963, no Hospital Ernesto Dornelles em Porto Alegre/RS. A criação de comissões multidisciplinares vinculadas a hospitais universitários, surgiram a partir da década de 1970. As próximas décadas foram contempladas com a publicação do Manual de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da Saúde, e com a promulgação de portarias, tornando obrigatória a instituição de CCIH em todos os hospitais brasileiros. Nessas portarias é enfatizada a composição das CCIH, suas atividades, as competências de seus membros, bem como algumas recomendações de indicadores
  • 3. epidemiológicos para controle das infecções. Diferentes experiências passam a ser objeto de publicações, salientando a importância de implantações das CCIH e as dificuldades enfrentadas pelos profissionais com vistas a minimizar ou buscar soluções para os problemas a eles relacionados. Em 1985, a morte do recém-eleito Presidente da República, Tancredo Neves, por septicemia devido a uma infecção póscirúrgica, causou grande repercussão nacional, corroborando para que o Ministério da Saúde implementasse ações e projetos que mudassem o panorama e os rumos do controle de infecção no país. Em Minas Gerais as primeiras CCIHs foram criadas na década de 1970, sendo uma das pioneiras a CCIH do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (1978). Nessa mesma época também foram montadas as CCIH do Hospital Sarah Kubistchek e de alguns hospitais da rede FHEMIG. A infectologia despontou no Brasil, na década de 1980, com a criação da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), espaço reservado a biólogos, bioquímicos, pesquisadores e médicos da área de doenças tropicais, que cuidavam predominantemente das grandes endemias. Apesar de muitas questões em comum, havia uma distinção entre a Medicina Tropical e a visão mais individualizada sobre as doenças infecciosas. Não havia espaço no campo da Medicina Tropical para as infecções hospitalares ou mesmo a epidemia de HIV/AIDS, já que se tratava de uma epidemia mundial, sem relação direta com os trópicos. Tornou-se necessário a criação de uma nova especialidade voltada para o indivíduo e para as patologias mais prevalentes em áreas urbanizadas. Nesse cenário, foi criada a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que intencionava abranger as doenças infecciosas e parasitárias de uma maneira mais ampla, incluindo temas até então ausentes nas discussões da Medicina Tropical, tais como infecções em imunodeprimidos, infecções hospitalares, infecções em terapia intensiva, infecções ósteo-articulares, ou seja, todos os aspectos que envolviam as
  • 4. doenças infecciosas dentro da Medicina Interna. O fenômeno de resistência bacteriana, que emergiu no final da década de 1960, trouxe também um novo tema para os infectologistas: o adequado manejo dos antibióticos. O crescimento do número de antimicrobianos e consequentemente da resistência bacteriana trouxeram cada vez mais dificuldades para o clínico geral de utilizar de forma adequada esses medicamentos, o que exigia a atuação de um especialista: o infectologista. A infectologia é um dos campos da Medicina que mais avançou nas últimas décadas. Desde a descoberta dos antibióticos, terapias cada vez mais potentes têm permitido a maior e melhor sobrevivência das pessoas infectadas. A epidemia de Aids, as infecções hospitalares, as hepatites virais, o uso inadequado dos antibióticos, entre outros agravos à saúde vêm exigindo dos infectologistas preparo e atualizações freqüentes. A Portaria ministerial (2616/MS) em vigor no momento data de 1998, mesmo representando um grande avanço para o controle e prevenção das infecções hospitalares no Brasil, encontra-se defasada e necessita de reformulações. na (re) organização dos hospitais e, conseqüentemente, na Referências Bibliográficas: 1. Oliveira AC. Infecções Hospitalares – Epidemiologia, prevenção e controle. Rio de Janeiro, Ed Guanabara Koogan S.A., 2005. 2. Ministério da Saúde do Brasil. Portaria nº 2.616 de 12 de maio de 1998. Diário Oficial, Brasília, 1998. 3. Martins MA. Aspectos históricos gerais. In: Martins MA. Manual de Infecção Hospitalar. Epidemiologia, Prevenção e Controle. Rio de Janeiro: Medsi, 2001; 3-10. 4. Fernandes AT, Fernandes MOV, Ribeiro Filho N. Infecção hospitalar e suas
  • 5. interfaces na área de saúde. São Paulo: Atheneu, 2000.
  • 6. interfaces na área de saúde. São Paulo: Atheneu, 2000.