Na apresentação, o autor faz uma síntese, baseada na obra “Como trabalhamos com grupos”, de David Zimerman e Luiz Carlos Osório, acerca das atribuições básicas para um coordenador de grupos atuando em áreas diversas, utilizando-se do enfoque psicanalítico para sua orientação.
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Atributos desejáveis para um coordenador de grupos
1. ATRIBUTOS DESEJÁVEIS PARA UM
COORDENADOR DE GRUPOS*
* Baseado em “Como trabalhamos com
grupos”, de David Zimerman e Luiz Carlos
Osório, publicado pela Editora Artmed,
Porto Alegre, Brasil.
2. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA
UM COORDENADOR DE GRUPOS
O texto resumido aborda “de forma mais direta,
abrangente e enfática, as condições necessárias,
ou pelo menos desejáveis, para a pessoa que
coordena grupos”.
No texto, “coordenador” é encarado em seu
sentido amplo, dizendo respeito a coordenadores
de grupos sem maiores formalismos, como uma
creche; um grupo de autoajuda, com suas
lideranças; uma sala de aula universitária com
seu professor; até a um grupo psicanalítico com
um grupoterapeuta.
3. O COORDENADOR DE
GRUPOS
Um condutor de grupo sempre representa um importante
papel de figura transferencial, mas o texto supracitado
trata do “real” da pessoa do coordenador, tomando-o pelo
que ele é em sua personalidade e esclarecendo a este os
atributos humanos que lhe são importantes no exercício
da função de coordenador de grupo.
O autor, antes de enumerar os atributos desejáveis à
pessoa que coordena grupos, faz a ressalva
“de que a discriminação em separado dos diversos atributos
a seguir mencionados pode dar uma falsa impressão de que
estamos pegando uma enormidade de requisitos para um
coordenador de grupo, quase que configurando uma
condição de “super-homem”. Se realmente for essa a
impressão deixada, peço ao leitor que releve, pois tudo se
passa de forma simultânea, conjunta e natural, e a
quantidade de itens descritos não é mais do que um
esquema de propósito didático”. (grifo meu)
4. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Gostar e acreditar em grupos – Qualquer
atividade profissional exige que o praticante
goste do que faz. Isso não é exceção para o
coordenador de grupo. É importante que ele
goste do que faz, também, para que os membros
do grupo não percebam na sua atuação
profissional características como enfado,
desânimo, falsidade etc. O autor ressalta, nesse
ponto, que “cabe deixar bem claro que o fato de
se gostar de trabalhar com grupos de modo
algum exclui o fato de vir a sentir transitórias
ansiedades, cansaço, descrenças, etc.”.
5. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Amor às verdades – Além de um dever ético, ter
uma postura veraz na condução de um grupo é
um princípio técnico fundamental, em especial
em grupos psicanalíticos, nos quais somente
pelas verdades interiores os pacientes poderão
chegar a verdadeiras mudanças internas.
“Ademais, tal atitude do grupoterapeuta modelará
a formação do indispensável clima de uma leal
franqueza entre os membros que partilham uma
grupoterapia”.
6. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Coerência – o coordenador de um grupo está
sempre exercendo um grau de função educadora
e, portanto, lhe é essencial, apesar de impossível
em todos os instantes de sua atuação, coerência
para estabelecer confiança nos membros do
grupo quanto à relação entre a sua postura,
atuação, seus valores, crenças, ou,
resumidamente, sua idiossincrasia.
7. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Senso de ética – É essencial que o coordenador
de grupo mantenha sigilo daquilo que lhe é
passado durante as sessões por seus pacientes,
assim como também deve propiciar aos mesmos
o “alargamento do espaço interior e exterior de
cada um deles, através da aquisição de um
senso de liberdade de todos, desde que essa
liberdade não invada a dos outros”. Desse modo,
o coordenador de grupo deve impedir que seus
conceitos e julgamentos sejam interferências no
processo grupal, relegando a estes um espaço
exterior ao do grupo.
8. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Respeito – Significa olhar para o outro como
diferente de si mesmo, no caso o coordenador,
com uma distância necessária para não enxergar
de modo parcial, e com tolerância e paciência
para aceitar as diferenças, falhas e defeitos dos
demais seres humanos que são parte do seu
grupo.
Paciência – O termo deve ser encarado como
uma postura ativa de espera pelo
desenvolvimento do outro. No caso de um grupo,
pode ser a espera de que um determinado
membro “reduza a sua possível ansiedade
paranoide inicial, adquira uma confiança basal
nos outros”, entre outros estágios.
9. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Continente – Expressão original de Bion, diz
respeito “a uma capacidade que uma mãe deve
possuir para poder acolher e conter as
necessidades e angústias do seu filho, ao
mesmo tempo que as vai compreendendo,
desintoxicando, emprestando um sentido, um
significado e especialmente um nome, para só
então devolvê-las à criança na dose e no ritmo
adequados às capacidades desta”. É importante,
pois permite ao coordenador do grupo “conter as
possíveis fortes emoções que podem emergir no
campo grupal provindas de cada um e de todos e
que, por vezes, são colocadas de forma maciça e
volumosa dentro de sua pessoa”.
10. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Capacidade negativa – Condição de
reconhecimento e contenção de emoções
negativas despertas por motivos como o de não
saber o que está se passando na dinâmica do
grupo, ou mesmo a existência de dúvidas,
sentimentos despertados, etc. Assim, espera-se
que o coordenador do grupo seja capaz de
reconhecer e conter suas próprias angústias e
sentimentos inadequados, sem que se sinta
envergonhado ou culpado por vivenciá-los.
Nesse caso, é importante e recomendado o
tratamento com um analista capacitado.
11. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Função de ego auxiliar – Consiste na habilidade
do coordenador do grupo de exercer as funções
de ego (perceber, pensar, conhecer, discriminar,
juízo crítico, etc.) que porventura ainda não
estiverem suficientemente desenvolvidas nos
membros do grupo. Dentre essas funções, o
autor destaca as de pensar, discriminar e
comunicar, que deverão ser analisadas,
pensadas e facilitadas pelo coordenador do
grupo em relação aos membros deste.
12. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Traços caracterológicos – O coordenador de
grupo deve conhecer profundamente seus traços
de personalidade e de caráter, de modo que
possa perceber em si, a presença ou a ausência,
de comportamentos exageradamente obsessivos
(pouca resiliência, tolerância a atrasos e outras
intempéries, obsessão por organização
excessiva, etc.), fóbicos (evitar o contato com
situações angustiantes, fuga dessas mesmas
situações), narcisistas (o culto a si mesmo, o
olhar voltado apenas para si e que desconsidera
o outro, menosprezando-o em relação ao “eu”
detentor de uma erudição, estilos de vida,
esperteza, inteligência, raciocínio, entre outros,
considerados superiores aos dos membros do
13. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Modelo de identificação – A situação grupal
“propicia uma oportunidade para que os participantes
introjetem a figura do coordenador e, dessa forma,
identifiquem-se com muitas características e
capacidades dele”. O conhecimento desse
mecanismo é importante para a atuação do
coordenador, de modo que ele pode planejar o que
deseja que seja introjetado pelos membros do grupo,
num processo de identificação, assim como o de
perceber e desfazer “identificações patógenas que
podem estar ocupando um largo espaço na mente
dos pacientes”.
Empatia – Significa acompanhar o sofrimento do
outro como se estivesse dentro do corpo deste, ou
seja, “empatia refere-se ao atributo do coordenador
de um grupo de poder se colocar no lugar de cada
14. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Síntese e integração – Ao conceito de síntese, diz
respeito à capacidade de se extrair um denominador
comum dentre as características e demandas dos
membros do grupo, mesmo que aparentem, por
vezes, serem totalmente diferentes entre si,
“unificando e centralizando-se na tarefa própria do
grupo, quando este for operativo, ou no emergente
das ansiedades inconscientes, no caso de grupo
voltado ao insight”. Similar à síntese é o conceito de
integração, que designa a habilidade do coordenador
do grupo em juntar aspectos opostos surgidos no
grupo de modo a integrá-los, tendo antes facilitado a
discriminação dos mesmos pelos seus membros,
evitando que estes fiquem confusos, ou pelo menos
pouco claros aos seus membros, o que deverá
colaborar para a harmonia intra grupo.
15. OS ATRIBUTOS DO
COORDENADOR DE GRUPOS
Síntese e integração
Essa mesma harmonia intra grupo desse ser
proporcionada e observada nas relações de seus
membros com as demais pessoas com as quais
esses têm relações, de modo que possam
discriminar uma cadeia de relações em que cada
um visualize a sua posição, o seu papel e as
suas habilidades, o que também implicaria na
identificação do modelo de lideranças, ou seja, o
de uma hierarquia contraposta, na qual alguém
lidera e coordena os demais, mas que também
exige a participação ativa de todos para a
homeostase de um agrupamento e de um grupo,
proporcionando a sua manutenção e a sua
continuidade.
16. CRÉDITOS
Aluno: Marcio Dias
Curso de Psicologia – Centro de Ciências
Biológicas
Universidade Estadual de Londrina
Disciplina: “Dinâmica de Grupos e Relações
Humanas”.
Docente: Sérgio Ricardo Beloni.
Londrina, 26 de maio de 2011.