- O documento apresenta uma introdução sobre 14 artigos discutidos em um grupo de trabalho sobre teorias e metodologias da pesquisa em comunicação durante um congresso da ALAIC em 2000. Os artigos abordam temas como a origem e desenvolvimento do campo da comunicação, reconstrução teórica, interdisciplinaridade, pesquisas metodológicas aplicadas entre outros.
- A ALAIC e seu grupo de trabalho GT-17 procuram discutir as relações entre a produção de conhecimento no campo dos estudos da comunicação.
- Vários artigos reflete
2. Comunicación: campo y objeto de estudio.
Perspectivas reflexivas latinoamericanas
Maria Immacolata Vassallo de Lopes y Raúl
Fuentes Navarro
3. Introdução
- 13 artigos apresentados no GT 17 - Teorias y
Metodologias de la Investigación en
Comunicación no V Congresso da ALAIC,
ocorrido em 2000, em Santigo no Chile.
- Acrescido de um artigo de Martín-Barbero.
Os aportes desses artigos transitam por
diversos temas: a origem da
institucionalização do campo das Ciências da
Comunicação; a reconstrução teórica e
metodológica do campo acadêmico; os
fundamentos da sua interdisciplinaridade; o
estatuto disciplinario das pesquisas em
comunicação e a atualização epistemológica;
relatos de experiências
metodológicas aplicadas; principais
problemáticas nas investigações em
comunicação; perspectivas, balanços e
correntes dos estudos da comunicação na
América Latina em era digital, etc.
4. A ALAIC e o GT - 17
- A Asociación Latinoamericana de
Investigadores de la Comunicación
(ALAIC) foi criada em 1978, reunindo
os pesquisadores das Ciências da
Comunicação na América Latina. A
entidade realiza a cada dois anos, um
congresso e um seminário
internacional de pesquisa em
- comunicação.
A preocupação e o interesse do GT-17
reside nas relações relativas a produção
de conhecimento no campo de estudos
das Ciências da Comunicação.
5. Deconstrucción de la crítica: nuevos itinerarios de la
investigación
Jesús Martín-Barbero
6. - Propõe um novo mapa dos processos
comunicacionais. Descrevendo os objetos
das Ciências Sociais como móveis,
nômades, de contornos
difusos, impossíveis de encerrar nas
malhas de um saber positivo e rigidamente
- parcelado.
O desafio da investigação em
comunicação reside nas transformações da
sensibilidade que emergem na experiência
comunicacional no desordenamento da
vida urbana, no desajuste entre
comportamentos e crenças , na confusão
- entre realidade e simulacro.
Procura problematizar a sociabilidade, a
identidade e as mediações da cultura.
7. Epistemología y estudios de comunicación: en busca de la
constitución de un campo
Gastón Julián Gil
8. - Apontamentos para descreve
momento epistemológico dos estudos
o
em Ciências da Comunicação, buscando
- a especificidade dessa área.
Evidência os desvios conceituais e
discursivos existentes nos estudos da
- comunicação na Argentina.
Observa a comunicação como uma
disciplina nova que interage com
outras mais legítimas, como a
Antropologia e a Sociologia.
9. Reflexiones sobre el estatuto disciplinario del campo
de la comunicación
Maria Immacolata Vassallo de Lopes
10. - Afirma que as questões centrais que
concentram as preocupações no campo
da comunicação estão relacionadas aos
processos de institucionalização e de
- disciplinarização.
A institucionalização do campo da
comunicação no Brasil avança sob
signo da transdisciplinaridade.
11. El campo académico de la comunicación, revisitado
Sérgio Capparelli e Ida Regina C. Stumpf
12. - Procuram demonstrar que
comunicação não é uma ciência, mas
a
sim um campo de estudo
- multidisciplinar.
A Comunicação na sua dimensão
institucional, procura se organizar de
forma autônoma mas não em teremos
epistemológicos.
14. - Sustenta que o status da comunicação
social gira em torno da categoria de
ciência constituída e de campo de
- interseção de saberes diversos.
Comunicação como polissemia.
16. Alguns teóricos tem feito prognósticos que a
internet ou alguma rede que a supere,
eventualmente absorverá as funções da
televisão, do telefone e das publicações
convencionais. (2001)
As publicações relevância a partir de 1995.
Essa refuncionalização acelerada da comunicação é
um fator de evidente transcendência para o
campo dos estudos sobre comunicação e cultura
de massa.
Os objetos de estudo necessários reformular não
são somente os produtos tecnológicos novos, ou
as tecnologias como lógicas de uso de
determinados recursos. Se trata de algo muito
mais amplo e profundo: as trocas nas relações
socioculturais entre sujeitos e sistemas, na
organização da vida cotidiana e de suas
representações cognitivas.
17. Eticidade e campo comunicacional sobre a
construção do objeto
Muniz Sodré
18. O impacto da economia digital sobre o mundo do
trabalho e sobre a cultura repercute sobre as
ciências sociais que enfrentam o fenômeno
midiático; com isso se busca um melhor
posicionamento epistemológico que tem a ver
com o objeto e com o surgimento de mudanças
sociais provocadas pelos meios e pela realidade
virtual.
O conceito de meio é tomado como canalização,
no lugar de canal ou veículo.
19. A sociedade contemporânea (pós-
industrial) se rege pela mediatização
mediatização,
por uma tendência à virtualização das
relações humanas.
Toda cultura implica mediações
simbólicas, como são as linguagens (em
mediação está implícita a ideia da ação
de fazer ponte para que se comuniquem
duas partes).
A mediatização é uma ordem de
mediações socialmente realizadas (um
tipo particular de interação).
20. A mediatização implica um novo modo de
presença do sujeito no mundo ou um
bios específico.
As três formas de existência humana
(bios) de Aristóteles são: bios
theoretikos (vida contemplativa), bios
politikos (vida política) e bios
apolaustikos (vida placentária).
A mediatização é um novo bios uma
bios,
espécie de quarta esfera existencial -
tecnocultura.
tecnocultura
21. Ethos está ligada ao sentido de habitar;
com ela se designa a morada, as
condições, as normas, os atos que o
homem executa repetidamente e por
isso se acostuma a eles.
Costumes, hábitos, regras, valores, são
materiais que explicitam a vigência do
Ethos e regulam o sentido comum.
A ética social imediata ou eticidade é a
forma de vida de um grupo social
específico.
Caráter e personalidade se afirmam no
ethos, no modo como o sujeito se
conduz, atua ou produz.
23. Um dos desafios para pensar a comunicação
na atualidade é compreender que lugar
ela ocupa no mundo contemporâneo.
Era da informação, sociedade em rede - Manuel Castells
Sociedade informática – Adam Schaff
Sociedade da informação – David Lyon, Krishan Kumar
Sociedade conquistada pela comunicação - Bernard Miège
Sociedade dos mass media – Gianni Vattimo
Sociedade da informação ou da comunicação – Ismar Soares
Sociedade mediocêntrica – Venicio Arthur de Lima
Capitalismo da informação – Frederick Jameson
Planeta mídia – Dênis de Moraes
O autor coloca que a contemporaneidade é
uma verdadeira Idade-Mídia.
24. Os meios, ao conformar um espaço
eletrônico em rede, constroem uma
nova dimensão constitutiva da
sociedade contemporânea, a qual se
sugere chamar de “telerrealidade”
(expressão desenvolvida por Muniz
Sodré). “Tele” para ligar à noção de
distância; “Realidade” para lembrar que
esta dimensão da sociedade deve
sempre afirmar seu estatuto de
realidade.
A comunicação se ressignifica nesta ideia
de comunicação e idade-mídia.
25. Os processos da comunicação
à luz dos meios interativos
Revisões conceituais e de tipologias
Migdalia Pineda de Alcázar
26. Aborda a crise dos paradigmas teóricos da
comunicação e coloca revisões
conceituais frente às diversas realidades
comunicativas através dos meios
interativos e informáticos.
Proposta de novas teorias e modelos de
comunicação, que dêem conta da
multiplicidade.
No campo tecnológico, a sociedade pós-
moderna tem seu centro no uso das
tecnologias da informação e da
comunicação (a sociedade da
informação).
27. No campo da comunicação há a
necessidade de revisar o conceito de
cultura de massa, entendido como a
manifestação própria dos meios
massivos, unilaterais, indiretos e
analógicos.
Cartier vê a necessidade de começar a
estudar a comunicação desde uma nova
teoria, que ele denomina de Teoria da
Comunicação Multiescalonada
(dialógica e interativa).
28. O usuário – teóricos latinoamericanos se
voltam para o sujeito como criador,
produtor de sentido, de significações.
A mensagem – a possibilidade de articular
a voz, a imagem, o som, o texto escrito e
os dados em uma conformação
multimídia possibilita o aparecimento
de diversas formas expressivas ou
linguagens (uma nova gramática da
comunicação – Sfez).
O emissor – o conceito aberto a diversas
alternativas e não se centra unicamente
em quem possui o poder indiscutível da
comunicação.
29. O meio
Multiplicidade de canais e meios;
Convergência de suportes;
As redes possibilitam o acesso a
produtos interativos;
Conversão cada vez mais rápida das
tecnologias;
Processos híbridos.
- necessidade de entender paradigmas
alternativos não como excludentes, mas como
opostos aos clássicos.
30. Ciberespaço e metafísica da subjetividade:
Nietzsche e as origens da teoria do sujeito fractal
Francisco Rüdiger
31. A máquina está se convertendo, como
ambiente, em um novo princípio
cultural universal, cujo valor em alguns
casos pode ser comparado com o que
teve Deus para o homem na idade
média.
A salvação surgirá do abandono do corpo
real e da absorção do ser humano pela
máquina.
“Em pouco tempo os computadores em
rede se transformarão em praças
públicas digitais e enciclopédias
cibernéticas.”
32. As tecnologias informacionais permitem
que as pessoas se separem da realidade
imediata na qual estão, viagem pelo
ciberespaço e redefinam seu sentimento
de identidade.
A cibercultura permite a refração da
personalidade em múltiplos “eus” e
radicaliza as possibilidades da
existência de ficções no cotidiano.
Assumem novos papéis e identidades.
Através da máquina está surgindo uma
nova forma de identidade: o ser
humano de múltiplas maneiras.
33. Entender o sujeito como multiplicidade
significa fazê-lo em um grande número
de fragmentos, cada um dos quais
possuindo uma vontade de poder sobre
os demais – abrindo a oportunidade de
pensar na noção de eu e a ideia de
individualidade.
Segundo Rüdiger, Nietzsche colaborou
como poucos para consolidar o
entendimento teórico de que o sujeito é
uma ficção, criada no curso da interação
social.
35. Os estudos de recepção colocaram em
questão explicações acerca dos
comportamentos dos destinatários, pois
os mesmos passaram a produtores – de
passivos a ativos.
Há uma mudança na forma de
abordagem: de massa dominada,
espectadores... para consumidores,
públicos, receptores, destinatários
trazem consigo ações.
O receptor é uma inscrição produtiva.
Passamos a ter a indivíduos que atuam,
não apenas consomem meios de
comunicação.
36. Dominique Wolton – propõe no lugar de
perguntar “quem é o público”, ou “como
se comporta diante dos meios”,
perguntar “o que é o público”? Isso
revela seus mecanismos de constituição
e como os indivíduos se reconhecem e
atuam na sociedade.
O público -> de sujeitos empíricos para
uma categoria.
O público: uma nova formação social;
criação dos meios de massa; um tipo
particular de consumidor; uma nova
identidade.
37. A autora considera metodologicamente
adequado assumir o estudo dos públicos
de massa como estudos de caso, cuja
delimitação poderá ser de vários tipos:
temporal, temática, localizada ou
individualizada. Uma sociologia da
cultura adequada deve articular os
conceitos específicos com os conceitos
gerais.
39. Um problema que a investigação das ciências
sociais não vem encarando bem é a
necessária e permanente tensão entre o
uno e o múltiplo, o indivíduo e a história, o
micro e o macro, o particular e as
totalizações, os sujeitos e a realidade.
É muito útil para a investigação do campo
das ciências sociais retomar e tratar de
repensar uma perspectiva que denominam
antropologia dialética.
Sobre o passado Walter Benjamin disse:
articular historicamente o passado não
significa apenas conhecê-lo como
verdadeiramente foi.
40. As constelações:
O termo constelação condensa a
provocação e a intenção de atravessar a
porosidade disciplinar e instalar-se nas
necessidades históricas de repensar o
mundo desde outros lugares; de buscar
novos horizontes de compreensão.
41. Reflexiones sobre la investigación teórica de la
comunicación en América Latina
Alberto Efendy Maldonado
42. - Sistematiza o percurso epistemológico
dos três principais autores que
constituíram o campo teórico da
comunicação na América Latina:
-
- Verón;
- Mattelart;
Martín-Barbero.
44. - O debate da localização da comunicação
como campo e objeto de estudo, bem
como dos marcos conceituais e das
tipologias está ligado a um
entendimento da contemporaneidade,
da fase atual do modo de produção
capitalista (em especial em sua versão
mediática) e seus desdobramentos de
caráter ético, cultural, tecnológico,
econômico e histórico que se
apresentam na sociedade atual.
45. - Desde um enfoque conceitual e
acadêmico, o sentido da comunicação
como um campo de conhecimento não
parece ter grandes discrepâncias na
produção científica do GT 17 da ALAIC.
Seu pólo de tensão varia entre a
classe de uma ciência particular
constituída, que propõe Martino e o de
um campo de conhecimento
multidiciplinar que propõem Rüdiger e
Capparelli e Stumpf, ou, inclusive,
transdisciplinario tal e como
promovem Lopes, Funtes
Navarro, Pineda de Alcázar.
47. Eliseo Verón
Autor-paradigma na América Latina.
Em uma ordem cronológica, de suas proposições
em comunicação e neurose (pesquisa de 1964-
1969)
Verón foi crucial, pois vinculou a produção de
teorias com a pesquisa empírica.
Sem pesquisa não existe possibilidade de
produzir conhecimento; se expressam opiniões
sem fundamentação sistemática.
Outra característica: a capacidade de gerenciar
apoio institucional.
48. comunicação e neurose
(1969) Verón reflete sobre o conceito de
mensagem; para ele era necessário
estabelecer alguns indicadores dos
fenômenos do significado. O significado
denotado das mensagens expressa uma
realidade empírica. O significado
conotado está ligado à maneira de como
se fala algo.
As múltiplas formas de falar de uma
mesma coisa estariam diferenciadas
pela seleção dos signos e pela forma de
combiná-los por um comunicador. Esse
processo era nomeado de emissão
emissão.
49. comunicação e neurose
O discurso científico teria a capacidade de
reformular o discurso apresentado pelos
emissores, a partir da leitura das
decisões que foram feitas para a sua
emissão, ou seja, o discurso científico
procura compreender a
metacomunicação transmitida por uma
mensagem.
Paralinguísticas: as formas não
linguísticas são importantes para a
comunicação e transmitem informações
diferenciadas das formas linguísticas.
50. comunicação e neurose
A obra Comunicação e neurose gera a
seguinte reflexão: uma obra deve ir
além dos seus assuntos abordados; deve
explicar a sua própria construção.
Verón define uma questão central de seu
posicionamento como cientista:
compartir e socializar os postulados, as
hipóteses para que outras pessoas
possam ter uma leitura aprofundada e
uma crítica a respeito de suas pesquisas.
Pesquisar é estabelecer conexões entre
conceitos e aproximá-los.
51. A pretensão de uma ciência da comunicação
Introducción: Hacia uma ciencia de La
comunicación social (1967) – constitui
um dos pontos de partida de Eliseo
Verón como teórico da comunicação
social.
Acredita que não podem existir mais
teorias gerais; não há mais explicações
únicas sobre o que são as sociedades
atualmente.
Verón sempre foi aberto às alternativas
de modelos e percursos. Acha perigoso
explicar fenômenos de comunicação
mediante instrumentais teórico-
metodológicos restringidos a uma
disciplina ou a uma corrente de
52. A pretensão de uma ciência da comunicação
Espistemologicamente Verón concebia a
possibilidade de construir uma ciência
nova integradora dos fenômenos,
processos e conjuntos de categorias e
conceitos referentes aos processos de
comunicação social.
53. Sociologia da comunicação
Toda mensagem contém uma
multiplicidade de dimensões ou níveis
de significação.
Novidade de Verón: estabelecer um
vínculo entre estruturas de significação
(múltiplas leituras) e conflito social.
Para ele o significado não depende só dos
conteúdos, e sim das escolhas, das
exclusões, do conjunto de enunciados
nos quais se insere a mensagem e do
contexto no qual se situa.
54. Sociologia da comunicação
Um dos postulados centrais de Verón,
adotado do estruturalismo (que tem
sido uma continuidade no seu
pensamento):
“As estruturas da comunicação não
podem ser determinadas senão por
diferença: as características de uma
mensagem se manifestam quando a
comparamos com outras mensagens,
reais ou possíveis, e esse é o único
caminho para as operações mediante as
quais as distintas mensagens foram
construídas.”
55. Para Verón não existe teoria científica
sem pesquisa. As proposições ou os
conceitos baseados, simplesmente, na
especulação racional não passariam de
literatura. O único caminho para o
conhecimento é a ciência.
56. Teoria da comunicação, ciência e ideologia
A ciência constrói sistemas de
comunicação para seus projetos,
hipóteses, teses, fundamentos,
reformulações conceituais,
problemáticas, tendências, polêmicas e
críticas. As escolhas de estratégias
determinam os percursos, os tipos de
pesquisa, os campos priorizados. É uma
concepção de ciência como produto
social e cultural.
57. Teoria da comunicação, ciência e ideologia
Verón critica a tendência tecnicista dos
funcionalistas que limitavam o debate a
questões de aplicação do método
científico, negando o caráter social e
empírico da produção científica.
A ideologia é uma dimensão cultural de
toda a comunicação, inclusive da
ciência. A ideologia, em Verón, não é
uma tendência de valores ou
pensamentos e sim um sistema de
relações encarregado de codificar, por
meio de regras e categorias, o mundo
empírico. O discurso científico está
atravessado por ideologias.
58. Proposição: a ciência é uma forma de
relação social específica, que constrói
um tipo de produto humano essencial,
definidor da espécie e das suas
possibilidades de transformação da
natureza e da sociedade. O sujeito
cientista depende do contexto no qual
se formou e está inserido, mas
simultaneamente ele condiciona este
contexto pela sua ação transformadora,
mudando significativamente a
realidade empírica.
59. Dependência na produção de pesquisas
Dependência científica ou heteronomia
do conhecimento na América Latina foi
caracterizada por Verón (entre 1950 e
1960) da seguinte maneira:
a) dependência de pensamentos dos
países centrais – domínio estruturo-
funcionalista norte-americano;
b) técnicas prontas;
c) análise e interpretação dos dados
realizada no exterior;
d) lógica do lucro determinaria as
problemáticas;
60. Dependência na produção de pesquisas
e) formação de um mercado de trabalho
dependente;
f) desvinculação dos sociólogos jovens do
contexto local;
g) dependência econômica;
h) condições adversas para a elaboração
teórica;
i) atividade docente condicionada à
presença de mestres dos centros
hegemônicos;
j) pesquisadores tornam-se isolados de
seu país.
O esquema heteronômico – modelo de
dependência, de neocolonialismo e de
61. formalismo
O formalismo (é onipresente em seu
trabalho) = garantia de verdade.
Para Verón, formalizar as propostas em
esquemas é uma questão-chave de seu
estilo. Para ele era fundamental
construir conceitos, o quadro teórico de
apoio era secundário; servia de apoio
para a elaboração de certos conceitos.
62. Fundações
Uma contribuição importante de Verón
para a dimensão epistemológica é a
realização de fundações (proposições de
uma concepção de produção de
conhecimentos).
Um texto deixa não é explicável por si só.
O texto é produto de outros textos que
formam as suas condições de produção
(sociais, culturais, institucionais,
políticas etc.). Existe uma história do
texto.
63. Efeito de cientificidade
Efeito de cientificidade é a capacidade de
um discurso auto-analisar-se.
Segundo Verón, nem todo discurso
produzido pelos “sábios” é
conhecimento científico. Pelo contrário,
o efeito de cientificidade pode aparecer
em discursos que não tenham sido
produzidos pelo sistema produtivo das
ciências.
O discurso científico, em sua capacidade
de explicitar suas condições de
produção, necessita da ideologia. Por
outras palavras: num discurso científico,
é o desvendamento de seu sistema
ideológico que lhe produz a
64. Discurso científico
O discurso científico é aquele que, além
de descobrir elementos sobre a
realidade, efetua uma análise de seus
próprios procedimentos e produz
conhecimentos metódicos acerca de
suas estratégias, dos caminhos, das
alternativas, das misturas, dos
percursos que devem ser seguidos para
alcançar um conhecimento.
65. Textos de fundação
A fundação não tem tempo, nem lugar,
nem sujeito fundador.
Fundação é compreendida no processo
histórico de produção de
conhecimentos; textos que formam
parte das condições de produção de um
texto, constituindo-se num conjunto de
discursos de produção.
Existe um segundo conjunto de textos
produzidos a posteriori, que são os
discursos de reconhecimento a respeito
do texto. Este texto transforma-se num
texto-fundador se, segundo Verón,
produz uma distância máxima entre
produção e reconhecimento.
66. Textos de fundação
Verificação e refutação:
Ao pensar na produção de conhecimento
é importante lembrar da capacidade de
verificação e refutação de hipóteses
organizadas como proposições
gramaticais.
Uma fundação implica um processo social
de reconhecimento – de consumo – de
leitura e seleção do texto ou conjunto
de textos considerados fundadores.
67. Crítica da teoria dos atos da linguagem
Verón questionou profundamente a ideia
de que se pode estudar a linguagem
como ato singelo, nem a significação
discursiva nem a significação linguística
pode ser reduzida a atos, na verdade
temos processos complexos
multidimensionais.
Não é possível observar a significação
linguística na atividade da linguagem
isoladamente. As misturas,
circunstâncias, materializações, a
heterogeneidade são profundas e
condicionam a significação linguística.
68. A importância da escrita
A proposição de Verón a respeito da
importância epistemológica da escrita:
“somente na rede discursiva da escrita
se pode constituir os objetos do
conhecimento científico”. A construção
dos objetos científicos necessita desse
suporte de estabilidade: a escrita.
70. Martín Barbero
- Comunicólogo, filósofo, investigador da cultura.
- Nasceu em Ávila, Espanha, em 1937.
- Vive na Colômbia, desde 1963.
- Estudou Filosofía e Letras na Universidad Católica
de Lovaina, Bélgica, onde se tornou doutor em
Antropologia e Semiótica em 1971.
- Uma de suas principais obras é “Dos meios às
Dos
mediações:
mediações: comunicação, cultura e hegemonia
hegemonia”
(UFRJ, 1997).
71. Revista Anthropos – Huellas del Conocimiento
- Jesús Martín Barbero – Comunicación y culturas
en América Latina
- Compilação de textos de 18 pesquisadores,
trazendo como tema central a investigação e a
análise da obra do espanhol Jesús Martín
Barbero.
- A publicação está estruturada em:
- Proceso de Investigación y Análisis: a
Análisis:
autopercepción intelectual de un proceso
histórico; argumento; análisis temático.
- Laberintos: transcurso por las señas del
Laberintos:
sentido: la actual y futura función del libro y la
sentido:
lectura como creadores de una conciencia ética
en el contexto de la sociedad del conocimiento y
su estructuración en redes digitales.
72. Reflexões
- Em um sintético balanço da pesquisa em
comunicação na América Latina, quatro
grandes áreas de análise surgem como
marcantes:
1. influência da política econômica
internacional no desenvolvimento
cultural dependente;
2. políticas e democratização da
comunicação;
3. comunicação popular/alternativa;
4. papel dos meios massivos na
transformação das culturas e das
identidades nacionais.