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PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA
ALIMENTAR EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE
HIV/SIDA EM TETE
Marcos Fernando Cerveja
I
UNIVERSIDADE ZAMBEZE - FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA
ALIMENTAR EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE
HIV/SIDA EM TETE
Marcos Fernando Cerveja
TETE
2015
II
UNIVERSIDADE ZAMBEZE - FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA
ALIMENTAR EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE
HIV/SIDA EM TETE
Marcos Fernando Cerveja
Orientadora: Dra. Msc. Maria Isabel Pérez Carvajal
Dissertação submetida à Faculdade de Ciências de Saúde, Universidade
Zambeze, Tete, em parcial cumprimento dos requisitos para a obtenção do
Grau de Mestre em Farmácia.
Tete, 2015
III
DECLARAÇÃO
Eu, Marcos Fernando Cerveja declaro que esta dissertação é resultado
do meu próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de
Mestre na Universidade Zambeze, Tete.
Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para
avaliação em nenhuma outra universidade.
__________________________________
(Marcos Fernando Cerveja)
Tete, 25 de Março de 2015
IV
DEDICATÓRIA
Aos meus pais pela atenção encorajamento e apoio que me vêm dando
ao longo da minha vida e pela força e esperança depositada em mim;
Falo exatamente da guerreira Catarina José Muchanga e do herói
Alberto Lucas Traquino Chico.
Em especial ao meu falecido pai Fernando Manuel Cerveja (1955-2005)
que tão cedo partiu para o mundo celestial, sem antes ver um dos seus
maiores desejo cumprido, o de “ver o seu filho a ingressar numa Universidade
e singrar na vida”;
Aos meus irmãos menores Máguida Cerveja e Cerveja Lucas pelo amor,
força, encorajamento e carinho;
À minha orientadora pelo amor, apoio e acompanhamento.
V
AGRADECIMENTOS
Em primeira instância, Agradeço a Deus o meu eterno pai todo-poderoso,
por ter-me dado a dádiva da vida, por guiar-me e proteger os meus passos.
À minha orientadora Msc. Maria Isabel Pérez Carvajal, pela melodiosa
convivência, pela contribuição incalculável do seu saber no trabalho realizado, bem
como também na minha formação profissional e dicas da vida. Agradeço pelo
apoio, tolerância e afeição e por ser um exemplo de humildade na sociedade.
Ao Mestre Manuel Américo Canivete pelas contribuições, dedicação,
encorajamento e abertura e por ser também um exemplo de modéstia na
sociedade.
A equipe de trabalho do centro de saúde número três (3) principalmente na
pessoa de Técnico Pordino Cherene e o Técnico Rassul Joaquim Alfinete, o
Director do Centro de Saúde e o Director Clínico do Centro de Saúde
respectivamente e as (os) enfermeiras (os) e restantes funcionários pelas
contribuições na recolha de dados e nas assistências aos pacientes.
À minha mãe, Catarina e meu segundo pai Alberto Lucas por ser as
pessoas que são e por todos os sacrifícios que fizeram e fazem ao longo das suas
vidas, em prol da educação dos seus filhos sempre incentivando o espírito de
crescimento e de sonhos tão alto na vida e, dizendo que “tudo nesta vida é
possível desde que tenhamos fé e coragem de enfrentar com serenidade e
licitamente”. Obrigado, mãe e pai!
À todos que por algum motivo, acção ou palavra incentivaram-me a chegar
até aqui e os que directa ou indirectamente torceram por mim.
O MEU LEAL OBRIGADO!
VI
SUMÁRIO
RESUMO.........................................................................................................VIII
ABSTRACT .......................................................................................................IX
LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................X
LISTA DE TABELAS .........................................................................................XI
LISTA DE QUADRO........................................................................................XIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ..........................................................XIV
CAPITULO I – INTRODUÇÃO ........................................................................... 1
1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1
2. HIPÓTESE................................................................................................... 5
3. OBJECTIVOS................................................................................................. 6
4. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 7
5. MATERIAL E MÉTODO............................................................................. 40
CAPITULO II- RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................. 55
1. RESULTADOS .......................................................................................... 55
1.3. RESULTADO DA PRIMEIRA FASE.................................................... 57
1.4. RESULTADOS DA SEGUNDA FASE................................................. 71
2. DISCUSSÕES ........................................................................................... 75
CAPITULO – III: CONCLUSÕES ..................................................................... 84
1. CONCLUSÕES.......................................................................................... 84
2. RECOMENDAÇÕES ................................................................................. 86
VII
REFERENCIAS E BIBLIOGRAFIA................................................................... 87
Apêndices......................................................................................................... 94
ÍNDICE ........................................................................................................... 106
VIII
RESUMO
O objectivo deste estudo foi propor um programa de educação sanitária
alimentar em pacientes portadores de HIV-SIDA, para ajudar na elevação da
boa cultura alimentar, contribuindo na melhoria da qualidade de vida desses
pacientes baseando-se na bibliografia Brasileira intitulado “Alimentação e
Nutrição para pessoas vivendo com HIV-SIDA” aprimorando-o a realidade
Moçambicana. Realizou-se um estudo qualitativo, descritivo, longitudinal e
prospectivo, recorrendo ao método científico indutivo, em que entrevistou-se
245 pacientes de faixa etária de 18-47anos, assistidos de Agosto/Novembro de
2014 que mediram o seu IMC. O resultado apresentou maior índice para o sexo
feminino, baixo nível de escolaridade, conhecimento nutricional e económico;
presença frequente de patologias que comprometem na alimentação como a
anorexia e diarreias e, perfil nutricional inadequado com elevação em peso
insuficiente. Elaborou-se a proposta de programa de educação sanitária
alimentar para portadores de HIV/SIDA. Recomendou-se o uso do programa
elaborado na prática rotineira nas instituições nacionais de saúde, onde existe
o segmento dos portadores de HIV/SIDA.
Palavras-chave: HIV/SIDA; educação sanitária alimentar; perfil
nutricional e alimentar em HIV/SIDA;
IX
ABSTRACT
The objective of this study was to propose a food hygiene education
program in patients with HIV-AIDS, to help in raising the good food culture,
contributing to improve the quality of life of these patients based on the Brazilian
bibliography entitled "Food and Nutrition people living with HIV-AIDS "tweaking
it the Mozambican reality. We conducted a qualitative, descriptive, longitudinal
and prospective using the inductive scientific method, where was interviewed
245 older patients of 18-47years, assisted August / November 2014 that
measured their BMI. The result showed a higher rate for females, low level of
education, nutrition and economic knowledge; frequent presence of diseases
that compromise in power as anorexia and diarrhea and inadequate nutritional
profile with an increase in underweight. We prepared the proposal of food
hygiene education program for people with HIV / AIDS. It was recommended
the use of elaborate program in routine practice in national health institutions,
where there is a segment of people with HIV / AIDS.
Key-words: HIV / AIDS; food health education; nutritional and dietary
profile in HIV / AIDS;
X
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Predomínio de nível de escolaridade dos pacientes…………..…….60
Gráfico 2: Relação do nível económico da amostra estudada…..……...………62
Gráfico 3: Comportamento do IMC na amostra avaliada………...……..……….67
Gráfico 4. Frequência de número de refeições diária na amostra avaliada…...68
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela I: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA atendidos
segundo o sexo……………………………………………………...……………….57
Tabela II: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA segundo grupo
etário e sexo…………………………………………….…………………………….58
Tabela III: Relação do nível de escolaridade dos pacientes portadores de HIV-
SIDA segundo sexo………………………………………………………………….59
Tabela IV: Comportamento do nível de escolaridade segundo grupo de
idade…………………………………………………………………………………...61
Tabela V: Comportamento do nível económico dos pacientes
entrevistados………………………………………………………………………….62
Tabela VI: Comportamento do nível de conhecimento nutricional segundo
sexo………………………….……..………………………………………………….63
Tabela VII: Comportamento do nível de conhecimento nutricional segundo
grupo de idade…………………………………….………………………………….64
Tabela VIII: Comportamento do hábito de prática de actividade física nos
pacientes………………………………………………………………………………65
Tabela IX: Comportamento de frequência das patologias que comprometem na
alimentação dos pacientes entrevistados……………………...………………….66
Tabela X. Comportamento do IMC segundo sexo……………………..………...67
Tabela XI: frequência de número de refeições diárias…………………………..68
Tabela XII: frequência de consumo de alimentos diários segundo o tipo de
alimentos……………………………………………………………………………. 69
XII
Tabela XIII: relação de nível de escolaridade, nível de conhecimento nutricional
e tempo de serviço dos funcionários do centro de saúde numero 3……..…… 70
XIII
LISTA DE QUADRO
Quadro 1: Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC………….37
Quadro 2: operacionalização das variáveis da pesquisa……………..…………42
XIV
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AIDS Acquired Immnunodeficiency Syndrome
ADN Ácido desoxirribonucleico
ARN Ácido ribonucleico
ARV Anti-retroviral
ATP Adenosina trifosfato
ATS Aconselhamento e testagem em saúde
CCR Consulta de crianças de risco
CD4 Cluster of diferentation(inglês) ou grupamento de diferenciação 4
CPLP Comunidade de Países falante de Língua Portuguesa
DST/SIDA Doenças sexualmente transmissíveis ou síndrome de imunodeficiência
adquirida.
ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (inglês) é um teste
imunoenzimático que permite a detecção de anticorpos específicos.
Ex Exemplo
FMN Flavina mononucleótido
HIV Human Immunodeficiency Virus
HIV/SIDA Human Immunodeficiency Virus ou síndrome de imunodeficiência
adquirida
IMC Índice de massa corporal
INSIDA Inquérito nacional de prevalência de SIDA
INSS Instituto nacional de segurança social
Kg Quilograma
XV
MISAU Ministério da saúde
NAD+ Nicotinamida adenina dinucleotídeo Oxidado
NADH Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido
NADP+ Dinucleótido de nicotinamida-adenina fosfato oxidado
NADPH Dinucleótido de nicotinamida-adenina fosfato reduzido
OMS Organização mundial de saúde
PAV Programa alargado de vacinação
PNCTL Programa nacional de combate a tuberculose e lepra
PVHS Pessoas vivendo com HIV/SIDA
RLUV Raio da luz ultra-violeta
SIDA Síndrome de imunodeficiência adquirida
SMI Serviço materno infantil
TARV Tratamento antiretroviral
TB Tuberculose
TPP Tiamina pirofosfatase
VIH Vírus de imunodeficiência humana
VIH1 Vírus de imunodeficiência humana tipo 1
VIH2 Vírus de imunodeficiência humana tipo 2
Vit Vitamina
VO2 Volume de oxigénio
1
CAPITULO I – INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA), se tem
transfigurado em um problema Mundial já que trata-se de uma pandemia,
que não tem livrado nenhum continente (GALVÁN, 2011).
Actualmente considera-se um dos maiores problemas de saúde,
tanto por sua transcendência sanitária como por sua repercussão social
(SAUDE, 2009 e GALVÁN, 2011).
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) ou Acquired
Immnunodeficiency Syndrome (AIDS) é uma doença infecto-contagiosa
causada pelo vírus Human Immunodeficiency Vírus (HIV), o qual afecta a
função e o número dos linfócitos T CD4+, tendo como característica mais
marcante a alteração imunológica (CASTRO, 2009 e PAULA et al, 2010).
A SIDA, destaca-se entre as enfermidades infecciosas emergentes, pela
grande magnitude e extensão dos danos causados às populações do mundo
todo, desde a sua origem, cada uma de suas características e repercussões
tem sido exaustivamente discutida pela comunidade científica e pela sociedade
em geral (CASTRO, 2009 e PAULA et al, 2010).
A SIDA comporta-se como uma doença degenerativa, crónica e de
carácter progressivo, que é acompanhada durante a sua evolução por perda de
2
peso e desnutrição, de origem multifactorial na maioria dos casos (PAULA et al,
2010).
Segundo LEITE (2009), a desnutrição é uma consequência complicada e
importante em indivíduos com SIDA, e as mortes por definhamento têm
aumentado. Os problemas que levam à desnutrição podem envolver a
ingestão, absorção, metabolismo e o uso de nutrientes; estes influenciam a
competência imunológica, a saúde, a função reprodutiva, a actividade física, o
desempenho no trabalho e a cognição.
É evidente, portanto a relação entre SIDA e nutrição, de forma que a
assistência nutricional pode ajudar pessoas vivendo com HIV/SIDA (PVHS) a
lidar com as complicações relacionadas à doença, promover boas respostas ao
tratamento, melhorar a qualidade de vida do indivíduo pela manutenção do
nível de funcionalidade e dignidade humana (PAULA et al, 2010).
Tendo em vista o aumento da prevalência da SIDA, a importância da
nutrição no estado de saúde das pessoas vivendo com HIV/SIDA (PVHS) e na
evolução da doença e suas co-morbidades, são de grande importância na
criação ou elaboração de programas de educação sanitária envolvendo
conhecimento bromatológicos ou nutricionais e dietoterápicos envolvidos neste
tipo de patologia. É um dos aspectos que deve ser considerado pelos
profissionais que prestam atendimento às PVHS, na perspectiva de ampliar a
percepção do conjunto de vulnerabilidades a que possam estar expostas e,
assim como também, aprimorar a qualidade da atenção à saúde (PAULA et al,
2010).
3
Muitos nutricionistas que actuam em projectos ou serviços
especializados em DTS/SIDA precisam de conhecimentos específicos
nessa área, demandando material técnico que satisfaça suas necessidades
de informação acerca do tratamento das PVHS (PAULA et al, 2010).
A importância da alimentação e nutrição é tão relevante, que muitos
autores defendem que estas deveriam ser tratadas com a mesma atenção
que as análises laboratoriais e carga viral, tanto pelas características da
infecção pelo VIH quanto pelos possíveis efeitos adversos das medicações
anti-retrovirais (PAULA et al, 2010 e SAUDE, 2014).
Fontes de informação sobre a ingestão alimentar, riscos
antropométricos e necessidade de nutrientes específicos são
imprescindíveis para ajudar os programas e serviços de saúde a identificar
os adultos e as crianças vivendo com DST/SIDA que são vulneráveis do
ponto de vista nutricional. As informações para adequação da alimentação
da PVHS são essenciais para o trabalho de manutenção e/ou recuperação
do bom estado nutricional, para a diminuição dos efeitos colaterais da
terapia anti-retroviral e, consequentemente, para a melhoria da qualidade
de vida desses pacientes (PAULA et al, 2010).
Segundo a CPLP-UNAIDS (2010), a prevalência da infecção pelo
VIH dentro da comunidade de países falantes de língua portuguesa (CPLP),
os valores alto até 2010 apontam para Moçambique na ordem de 11,50%.
Em Tete a prevalência no mesmo ano é de 7% com tendências a aumentar
devido a factores demográficos. O governo moçambicano tem vindo a
realizar diversa actividade para a mitigação dessa pandemia.
4
Um estudo retrospectivo em Moçambique identificou que, num coorte
nacionalmente representativo de 2,596 adultos VIH positivos a iniciarem o
tratamento anti-retroviral (TARV) entre 2004 e 2007, entre os 1,200 adultos
cujos registos clínicos continham dados do índice de massa corporal (IMC),
28% estavam desnutridos (IMC <18.5 kg/m2
) (Auld et al. 2011 apud
REMANE, 2013).
Torna-se evidente a importância de educação para saúde alimentar
para este grupo de paciente em particular, para melhorar qualidade de vida
com suportes nutricionais adequados e diminuir a situação de
morbimortalidade por esta doença.
Observando o atendimento aos pacientes portadores de HIV-SIDA
nos centros de saúde de Tete notou-se uma fraca aplicabilidade de
actividades de educação para a saúde no âmbito de alimento para este
grupo de pacientes adultos.
Partindo das vantagens que a Educação sanitária alimentar a um
grupo específico de paciente oferece, e a necessidade de promover a boa
saúde nos pacientes adultos portadores de HIV-SIDA em Tete, assim como
a carência de serviços deste tipo no centro de saúde numero 3 de Tete que
dê solução as distintas problemáticas nutricionais que enfrentam este grupo
de paciente, levou-se a cabo uma pesquisa com o tema “ Proposta de
Programa de Educação Sanitária Alimentar em pacientes adultos
portadores de HIV-SIDA em Teteʺ.
A pesquisa teve como área científica de abrangência a educação
sanitária alimentar com recurso aos conhecimentos bromatológicos ou
nutricionais em pacientes portadores de HIV/SIDA na Província de Tete
5
concretamente no Centro de Saúde número 3 localizado no Bairro Francisco
Manyanga, Unidade Armando Tivane, na zona Sul da cidade de Tete, limitado
a Norte pelo Bairro Josina Machel, a Este pelo rio Zambeze e a Oeste pelo
Bairro Mateus Sansão Muthemba. Para propor o programa tomou-se como
base os conhecimentos Bromatológicos e a bibliografia do Ministério de Saúde
Brasileira com titulo “Alimentação e Nutrição para pessoas vivendo com HIV-
SIDA” aprimorando-o a realidade Moçambicana para sua elaboração.
A pesquisa teve como população abrangência, os pacientes adulto de 18
á 49 anos de idade portadores de HIV/SIDA atendidos nas consultas externas
do centro de saúde numero 3 em Tete e, decorreu num período compreendido
entre Agosto a Novembro de 2014 e teve como problema de partida: Não se
leva a cabo um programa de educação sanitária alimentar específico em
pacientes adultos portadores de HIV-SIDA no Centro Saúde número 3 da
cidade Tete.
2. HIPÓTESE
Propondo um programa de educação sanitária alimentar em pacientes
adultos portadores de HIV-SIDA ajudaria a elevar a boa cultura alimentar,
contribuindo assim na melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
6
3. OBJECTIVOS
3.1. OBJECTIVO GERAL
 Propor um programa de educação sanitária alimentar aos pacientes
portadores de HIV-SIDA assistido no centro de saúde número 3 da cidade de
Tete.
3.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
 Caracterizar a amostra de estudo segundo variáveis: idade, sexo,
nível de escolaridade, nível económico, nível de conhecimento nutricional e
prática de actividade física.
 Identificar o estilo de vida alimentar dos pacientes adultos portadores
de HIV-SIDA de acordo com o índice da massa corporal, número de refeições
diária e tipo de alimento ingerido.
 Determinar a frequência das patologias que comprometem a
alimentação dos pacientes portadores de HIV-SIDA em estudo.
 Caracterizar os funcionários que trabalham com pacientes portadores
de HIV/SIDA do centro de saúde número 3 em Tete segundo nível de
escolaridade, nível de conhecimento nutricional e tempo de serviço.
7
4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1. HIV/SIDA
4.1.1. Definição do SIDA
O SIDA é uma etapa avançada da infecção pelo Vírus de
Imunodeficiência Humana (VIH). Se trata de um retrovírus que ataca as
defensas do organismo e altera a capacidade para defender-se das
enfermidades ocasionadas por outros vírus, bactérias, parasitas e fungos
(GALVÁN, 2011).
O sistema imunológico agrupa diversos tipos de células, entre elas, os
glóbulos brancos encarregados de lutar contra os agressores externos. O VIH
concretamente mata a um tipo de células, os linfócitos T CD4 que integram o
sistema imunológico (GALVÁN, 2011).
4.1.2. Significado da palavra SIDA
Segundo GALVÁN (2011) a palavra SIDA forma-se com as iniciais da
expressão "Síndrome de Imunodeficiência Adquirida."
Síndrome: conjunto de sinais e sintomas.
Inumo: relativo ao sistema de defesas.
Deficiência: diminuição.
Adquirida: refere ao carácter não congénito.
8
Quer dizer que, tem-se desenvolvido o SIDA só quando apresenta-se
um conjunto de sinais e sintomas que indicam que as defensas estão
diminuídas, porque se contagiou por vírus (GALVÁN, 2011). O mesmo autor
ainda diz que, é possível estar infectado com o VIH, isto é, ser VIH positivo ou
portador do vírus, e todavia não ter desenvolvido o SIDA.
Desde momento em que o vírus ingressa ao corpo ate que aparecem os
sintomas pode passar muito tempo, entre 10 e 12 anos, período que pode
estender-se se começar um tratamento á tempo. No entanto, é necessário ter
em conta que trata-se de prazos globais que variam de país em país e
modificam-se substancialmente com o próprio desenvolvimento da epidemia
em cada lugar e com a evolução dos tratamentos (GALVÁN, 2011).
4.1.3. Etiologia
O vírus descobriu-se em 1983 e, demonstrou-se que era o agente causal
do SIDA em 1985, desenvolveu-se a primeira prova de ELISA (Ensaio por
imune absorção ligado a enzimas). O vírus VIH1 compreende vários subtipos, o
2 se identificou no ano 1986 em África ocidental, ambas são infecções
zoonóticas (GALVÁN, 2011).
O VIH1 é um vírus da sub-família lentiviridae (vírus lentos) causador do
SIDA e VIH2, da família dos retroviridae, que infecta principalmente aos
invertebrados, se codificam em ARN ao invés de ADN, contem una polimerase
de ADN dependente do ARN, é uma transcriptase inversa que dirige as
sínteses, depois de infectar a célula hospedeira (GALVÁN, 2011).
9
As célula infectadas transformam-se em maligna e induz a um estado de
imunodeficiência, que da lugar a enfermidades produzidas por microrganismos
oportunistas (GALVÁN, 2011).
O vírus VIH1 se transmite de mãe ao filho por meio de leite materno
principalmente, pela actividade sexual sendo mais frequente entre homens e
mulheres a transmissão e pelo sangue (transfusões, uso de seringas infectadas
etc.), em pessoas infectadas o vírus se encontra em todos os líquidos
biológicos como no sémen e nas secreções vaginais (GALVÁN, 2011)
4.1.4. Situação do HIV-SIDA em Moçambique
Segundo MISAU (2012) a prevalência da infecção por VIH em adultos de
15-49 anos de idade é de 11.5%, sendo superior nas mulheres (13.1%),
comparativamente aos homens (9.2%). A prevalência é também mais elevada
nas áreas urbanas (15.9%) em relação às áreas rurais (9.2%). Entre adultos de
50-64 anos de idade a prevalência de VIH é de 8.5% e bastante baixa entre
adolescentes de 12-14 anos de idade (1.8%). A prevalência entre mulheres
jovens de 15-24 anos de idade é mais elevada (11.1%) comparativamente à
dos homens da mesma faixa etária (3.7%). Entre crianças de 0-11 anos de
idade a prevalência é de 1.4% e entre crianças menores de um ano é de 2.3%.
A prevalência de VIH entre adultos de 15-49 anos de idade apresenta grande
variação por Província, partindo de um mínimo de 3.7% na Província de Niassa
(norte do país) para um máximo de 25.1% na Província de Gaza (sul do país).
A prevalência varia com o nível de escolaridade: 9.8% nas mulheres sem
qualquer nível de escolaridade contra 15.0% nas mulheres de nível secundário
e superior; para homens, a prevalência varia de 7.2% para 10.1% para os
mesmos níveis de escolaridade. A prevalência de VIH está igualmente
10
associada ao nível socioeconómico, com 6.0% de adultos que vivem em
agregados do nível socioeconómico mais baixo infectados por VIH,
comparativamente a 17.4% dos indivíduos do nível socioeconómico mais
elevado. Pelo menos 1 em cada 7 casais moçambicanos (15.2%) têm um dos
parceiros ou ambos com infecção por VIH. Em 5% dos casais a mulher está
infectada, em 5% o homem está infectado e em 5% ambos estão infectados.
4.2. ALIMENTAÇÃO
4.2.1. Conceitos relacionados
Alimentos: são substâncias que visam promover o crescimento e a
produção de energia necessária para as diversas funções do organismo
(URBANA, 2003 AGRAWAL, 2010, BRASIL, 2006).
Alimentar-se: acto voluntário e consciente (URBANA, 2003).
Nutrientes: substâncias que estão presentes nos alimentos, e são
utilizadas pelo organismo. Os nutrientes são: proteínas, carboidratos, gorduras,
vitaminas e sais minerais (URBANA, 2003, PACHECO, 2010 e PASTORE,
2010).
Nutrir-se: acto involuntário e inconsciente (URBANA, 2003).
Bromatologia é a disciplina científica que estuda integralmente os
alimentos. Permite conhecer a sua composição qualitativa e quantitativa; o
significado higiénico e toxicológico das alterações e contaminações, como e
porque ocorrem e como evitá-las; qual é a tecnologia mais apropriada para
tratá-los e como aplicá-la; como utilizar a legislação; segurança alimentar;
protecção dos alimentos e do consumidor; quais os métodos analíticos a
aplicar para determinar a sua composição e para determinar a sua qualidade. A
11
análise de alimentos é uma área muito importante no ensino das ciências que
estudam alimentos, pois ela actua em vários segmentos do controle de
qualidade, do processamento e do armazenamento dos alimentos
processados. A palavra Bromatologia deriva do grego: Broma, Bromatos
significa “dos alimentos”; e Logos significa Ciência. Portanto, por extensão dos
termos BROMATOS e LOGOS, pode-se definir Bromatologia como a ciência
que estuda os alimentos (LOPES, 2014).
A Bromatologia estuda os alimentos, sua composição química, sua
acção no organismo, seu valor alimentício e calórico, suas propriedades físicas,
químicas, toxicológicas e também adulterantes, contaminantes, fraudes, etc.
(LOPES, 2014) .
A Bromatologia relaciona-se com tudo aquilo que, de alguma forma, é
alimento para os seres humanos, tem a ver com o alimento desde a produção,
colecta, transporte da matéria-prima, até a venda como alimento natural ou
industrializado, verifica se o alimento enquadra-se nas especificações legais,
detecta a presença de adulterantes, aditivos que são prejudiciais à saúde, se a
esterilização é adequada, se existiu contaminação com tipo e tamanho de
embalagens, rótulos, desenhos e tipos de letras e tintas utilizadas. Enfim, tem a
ver com todos os diferentes aspectos que envolvem um alimento, com isso
permitindo o juízo sobre a qualidade do mesmo (LOPES, 2014).
4.2.2. Função dos nutrientes
Segundo PACHECO (2010), PASTORE (2010) AGRAWAL (2010),
BRASIL (2006) e URBANA (2003) as funções dos nutrientes são:
12
Plástica ou construtora (proteínas): são importantes para a
construção do organismo, como os nossos ossos, pele e músculos.
Energéticos (carboidratos e gorduras): fornecem energia para as
actividades do dia-a-dia.
Reguladores (vitaminas e sais minerais): são necessários ao bom
funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de doenças e no
crescimento.
4.2.3. Fontes dos nutrientes nos alimentos e suas funções no organismo
Vitaminas são Compostos orgânico sem semelhanças químicas com
funções similar no metabolismo: biocatalizadores dos processos vitais
actuando como coenzimas, grupos prostéticos de enzimas ou como
substâncias antioxidantes Indispensáveis para o crescimento, reprodução e
manter o estado sanitário não substituíveis entre si e não sintetizáveis pelos
animais (BAUZA, 2010).
Sua necessidade no organismo não é tão alto, porem o seu defeito ou
deficit ou ainda excesso pode causar enfermidade como a hipovitaminose e a
hipervitaminoses (BAUZA, 2010).
Segundo BAUZA (2010), as vitaminas podem ser lipossolúveis como A,
D, E e K e hidrossolúveis como vitaminas C e o complexo B.
13
4.2.3.1. Vitaminas hidrossolúveis
a) Vitaminas do complexo B
I.Vitamina B1 (Tiamina)
É a vitamina antiberiberica também conhecida como tiamina, molécula
formada por um anel de pirimidina e outro de tiazol. A forma é o pirofosfato de
tiamina (TPP) ou difosfofato de tiamina (BAUZA, 2010).
A tiamina absorve-se por um mecanismo passivo (a doses alta) e por um
mecanismo activo (a doses baixas) e neste processo se fosforila. Uma vez
absorvida circula unida a albumina e eritrócito. Se deposita principalmente em
forma de pirofosfato de tiamina, armazena-se em músculo, coração, fígado,
rins e cérebro. Se inactiva em meio acido ou alcalino (BAUZA, 2010).
Funções: actuam como coenzima no metabolismo dos hidratos de
carbono, participa na síntese de substâncias que regulam o sistema nervoso,
na síntese de pentoses, melhora a produção de insulina e tem relação com o
funcionamento da tiróide e as suprarrenais. Em deficiência pode causar BIriberi
e em excesso intoxicação (BAUZA, 2010).
Fontes vegetais: legumes, cereais integrais, frutos secos, milho, arroz
enriquecido, trigo, etc. (BAUZA, 2010).
Fontes animais: leveduras, carne de porco e de vaca, ovos, fígado
(BAUZA, 2010).
14
II. Vitamina B2 (Riboflavina)
É uma vitamina de cor amarela constituída por um anel complexo de
isoaloxacina que se une a ribitol um álcool derivado da ribose (BAUZA, 2010).
A riboflavina tem-se combinado maioritariamente formando parte das
coenzimas, e FAD (flavin adenin dinucleotido) e FMN (flavin mononucleotido),
denominado coenzimas flavinicos. Se destroem facilmente em meio alcalino e
a luz (BAUZA, 2010).
Funções: intervêm no processo enzimático relacionados com a
respiração celular, junto com a vitamina A forma os bastões visuais,
manutenção dos tecidos, etc. Sua deficiência pode causar transtornos ocular,
bucal e cutâneas, cicatrização lenta e fadiga (BAUZA, 2010).
Fontes vegetais: cereais, chiles seco (BAUZA, 2010).
Fontes animais: carnes, leite, queijo, clara de ovos fungos e leveduras
vísceras (BAUZA, 2010).
III.Vitamina B3 (Niacina ou Acido nicótico)
É uma vitamina cujo os derivados NADH, NAD+
, NADPH, NADP+
, jogam
um papel essencial no metabolismo energético da célula e da reparação de
ADN (BAUZA, 2010).
A designação da Vitamina B3 também inclui a correspondente amida a
nicotinamida, o nacinamida com a fórmula química C6H6NO2 (BAUZA, 2010).
A actividade da niacina nos alimentos se define como concentração do
ácido nicotínico formado pela conversão do triptofano contido nos alimentos em
niacina (BAUZA, 2010).
15
O processo de nixtamalização fase que se libera essa vitamina (BAUZA,
2010).
Funções: são precursoras de duas coenzimas que intervêm em quase
todas as reacções de oxidação-redução: NAD+ e NADP+; intervém no
crescimento, é essencial para a transformação da fenilalanina em tirosina, sua
principal função é anabólica. A sua deficiência pode causar sintomas
neurológicos e pelagra e em excesso pode causar hipotensão ou vasodilatação
(BAUZA, 2010).
Fontes principais: Leveduras, fígados, aves, carne sem graxas, fruta
seca, legumes. O triptofano encontra-se na carne, leite e ovos (BAUZA, 2010).
IV. Vitamina B5 (acido pantoténico)
É um seguimento da coenzima sumamente importante porque participa
na liberação de energia dos hidratos de carbono, lípidos, proteínas e na síntese
de aminoácidos, ácidos graxos, esteróis e hormonas esteróis (BAUZA, 2010).
Funções: intervêm como componente da coenzima A e de outras
moléculas importantes, desempenha um papel muito importante no
funcionamento do metabolismo celular e do sistema nervoso e imunitário e se
usa no tratamento de alopecias (BAUZA, 2010). O mesmo autor diz que a sua
deficiência pode causar infertilidade e insuficiência adrenal, aumento da fadiga
e stress, queda de cabelo, feridas e úlceras cutâneas e alteração da
sensibilidade dos pés.
16
Fontes principais: Ovo de aves e de pescados, fígado, rins, lactios e
leveduras, pimento doce, arroz integral, amêndoas e semente de girassol
(BAUZA, 2010).
V.Vitamina B6 (piridoxina)
É um conjunto de três compostos químicos: a piridoxamina, piridoxal e
piridoxina (BAUZA, 2010).
É solúvel em água e em álcool e relativamente estável ao calor e a
oxidação mas é sensível a luz (BAUZA, 2010).
Se acumula em rins, fígado e os músculos (BAUZA, 2010).
Funções: desempenham funções de coenzima, participa em muitas
reacções enzimáticas do metabolismo dos aminoácidos e sua função principal
é a transferência de grupo amino, é um factor de crescimento, intervêm na
produção de glóbulos vermelhos e em funções do sistema nervoso, intervêm
na conversão de triptofano em niacina e para uma adequada absorção de
vitamina B12 e do magnésio e ferro bem como na formação de mielina
(BAUZA, 2010).
Fontes principais: Carne de porco, germe de trigo, leguminosas,
farinha de milho e avena, papas e gemas de ovo (BAUZA, 2010).
VI.Vitamina B8 (Biotina)
A biotina, vitamina H, vitamina B7, e as vezes também, chamada
vitamina B8, é uma vitamina estável ao calor solúvel em água e álcool e
17
susceptível a oxidação, que intervêm no metabolismo dos hidratos de carbono,
graxas e aminoácidos e purinas (BAUZA, 2010).
Se sintetiza no intestino mas não se absorve portanto a fonte é exógena
(BAUZA, 2010).
Funções: como coenzima actua na transferência de dióxido de carbono
em numerosas carboxilases; participa na produção de glóbulos vermelhos. A
sua deficiência pode ocasionar colitis, glositis atróficas, anorexia, anemia leve
(BAUZA, 2010).
Fontes principais: Rins, fígado, gema de ovos, fungos, papa, frutas,
leveduras, leite, amêndoas, pescados (BAUZA, 2010).,
VII.Vitamina B9 (acido fólico)
Consta de três componentes ligados: um grupo pteridina, acido
paraminobenzoico e acido glutâmico (um aminoácido) a forma activa é o ácido
fólinico. Oxida-se facilmente e é sensível a luz, perde-se em grandes
quantidades em alimentos armazenados a temperatura ambiente e durante os
processos de cozedura. Se absorve todo no intestino grosso principalmente em
jejuno. Se armazena no fígado e são necessário ingerir diariamente (BAUZA,
2010).
Funções: actua como transportador intermediário de grupos com um
átomo de carbono, especialmente grupos formilo, que se precisa em sínteses
de purinas, compostos que fazem parte dos nucleótidos substancias presentes
no ADN e o ARN e necessárias para a sua síntese na fase S do ciclo celular e
18
divisão celular, também actua na transferência do grupo metilo e metileno
(BAUZA, 2010).
Fontes principais: Se encontra nas vísceras de animais, verduras de
folhas verde, legumes, frutos secos, amêndoas, e levedura de cerveja (BAUZA,
2010).
VIII.Vitamina B12 (Cobalamina)
As vitaminas hidrossolúveis não podem ser armazenadas pelo corpo
mas a vitamina B12 é especial porque o corpo pode armazenar por anos em
fígado. É a molécula mais complexa e ligeiramente solúvel em agua estável em
calor mas se inactiva com, as soluções acidas ou alcalinas (BAUZA, 2010).
Funções: intervêm na síntese de ADN, ARN, metionina e colina, é
necessária na formação de nucleoproteinas, proteínas, glóbulos vermelhos,
funcionamento do sistema nervoso para o desenvolvimento intelectual e de
carácter; estimula o crescimento e participa na movilização das graxas e na
manutenção de reservas energética dos músculos. A sua deficiência ocasiona
anemia perniciosa (BAUZA, 2010).
Fontes principais: Pescados, rins, ovos, queijo, leite, carnes, os
produtos vegetais não proporcionam a vitamina B12 (BAUZA, 2010).
b) Vitamina C (acido ascórbico)
É um composto branco cristalino de estrutura relativamente simples que
se sintetiza a partir da glicose. Se destrói com muita facilidade com a luz, calor
e tempo. O homem e outros mamíferos não podem sintetizar. Se absorve na
parte superior ou próximal do intestino delgado (BAUZA, 2010).
19
Funções: formação de substâncias intercelulares como: colageno,
hidrólises de prolina e a lisina para formar hidroxiprolina e hidroxilisina;
intervêm na cicatrização, esta relacionada com a respiração célula, facilita a
absorção do ferro e a liberação do mesmo da transferina, se necessita na
transformação do ácido fólico a forma activa; síntese de hormanas esteroidais
a partir do colesterol, Aumenta a resistência do organismo evitando gripes e
resfriados, protege a gengiva (BAUZA, 2010). A sua deficiência pode causar
deformação do colageno, dores nas articulações, irritabilidade, anemia perda
de peso cicatrização lenta das feridas aumento de infecções, etc. e o seu
excesso causa gastrites e cálculos urinários (URBANA, 2003).
Fontes principais: É amplamente encontrada nas frutas cítricas e folha
de vegetais crus. As melhores fontes são: acerola, laranja, limão, morango,
brócolis, repolho e espinafre (URBANA, 2003, BAUZA, 2010).
4.2.3.2. Vitaminas Lipossolúveis
a) Vitamina A
A vitamina A é uma das primeiras vitaminas lipossolúvel que se
descobriu, Steembock na Universidade Wisconsin demonstrou que o pigmento
amarelo nas plantas, caroteno tinha actividade da vitamina A. os carotenos se
conhece agora como provitaminas A ou precursor da vitamina A. também se
conhece como retinol ou antixeroftalmica, para que se absorva no intestino
delgado, se necessita a presença da vitamina E (BAUZA, 2010).
Funções: É importante para o bom desempenho da visão, para o
crescimento, para a vitalidade da pele e cabelo, desenvolvimento ósseo
(activação de osteoblastos), antioxidante, sínteses de hormonas sexuais e
20
supra-renais (URBANA, 2003, AGRAWAL, 2010, BAUZA, 2010). Os mesmos
autores ainda dizem que para que seja bem absorvida pelo organismo, é
necessário consumir alimentos que contenham gorduras e que, a falta da
vitamina A pode causar cegueira nocturna (maior dificuldade de adaptação da
visão no escuro), secura da pele e maior risco de contrair infecções.
Fontes de origem animal: fígado, gema de ovo, leite integral e
derivados, óleo de fígado de alguns peixes, como bacalhau (URBANA, 2003,
BAUZA, 2010).
Fontes de origem vegetal: margarina, óleo de dendê e do buriti, frutas
e hortaliças de cor amarelo-alaranjada, como cenoura, morango, abóbora
madura, manga e mamão ou de cor verde-escura: mostarda, couve, agrião e
almeirão, etc. (URBANA, 2003).
b) Vitamina E
Compreende um grupo de oito substâncias semelhantes
denominadas tocoferóis, sendo a mais importante o alfa-tocoferol. Se
inactiva ao expor-se a luz (RUV) e se destrói em contacto com o chumbo e
ferro. Impede a oxidação de algum alimento pelo que protege a vitamina A.
Destaca-se pelo facto de adiar o aparecimento de Alzheimer (BAUZA,
2010).
Funções: antioxidante, protege a integridade das membranas
celulares, participa na formação de glóbulos vermelhos, músculos e outros
tecidos, se necessita para a formação de células sexuais masculinas
(BAUZA, 2010). Segundo URBANA (2003) esta vitamina retarda o
envelhecimento e auxilia no aproveitamento da vitamina A.
21
Fontes principais: Germe de trigo, amêndoas e avelãs. Encontram-
se em óleos vegetais, como os de germe de trigo, girassol, caroço de
algodão, dendê, amendoim milho e soja (URBANA, 2003).
c) Vitamina K
É uma substancia amarela e cristalina. Na natureza se dão três tipos: K1
ou filoquinona, K2 ou menaquinona e a K3 ou menadiona (tóxica por via oral).
Resistente ao calor mas não a luz; Se produz no colon onde é absorvida, se
consumirmos se absorve no intestino delgado (BAUZA, 2010).
Funções: intervêm no 4º passo da síntese de proteína protrombina que
participa na coagulação do sangue e faz parte da enzima carboxilase (BAUZA,
2010). Segundo URBANA (2003) esta vitamina ajuda na cicatrização e evita
sangramentos.
Fontes: Leite e derivados, carnes, ovos, sardinha, amêndoa, semente
de gergelim e hortaliças verdes (URBANA, 2003).
d) Vitamina D
São produzidas ao irradiar um precursor RLUV ou simplesmente aos
raios do sol. É absorvida no intestino delgado e jejuno com a bílis e os
quilomicroes, chega ao fígado onde se transforma (BAUZA, 2010).
Função: regula a absorção de fósforo e cálcio, calcificação dos ossos,
absorção de fósforo nos tubulos renais, regulação da actividade da enzima
fosfatase alcalina, participa na reabsorção óssea para manter a concentração
de cálcio e fósforo no sangue (BAUZA, 2010).
22
Essencial para a formação dos ossos e dentes, deixando-os mais
resistentes. Sua ausência pode provocar raquitismo e amolecimento dos ossos
(osteomalácia) (BAUZA, 2010).
Fontes: Gema de ovo, fígado, manteiga e pescados gordos (arenque e
cavala). Encontra-se teores de vitamina D nas sardinhas e no atum (URBANA,
2003, BAUZA, 2010).
4.2.4. Água e Sais minerais (reguladores)
Minerais são compostos de origem inorgânica necessários para uma
série de funções bioquímicas importantes como, por exemplo, cofatores de
reacções enzimáticas, factores da coagulação, regulação do equilíbrio hidro-
eletrolítico e ácido básico, elementos estruturais, transporte e muitas outras
funções (BAUZA, 2010).
4.2.4.1. Classificação dos minerais
Macrominerais: cálcio, cloro, magnésio, fósforo, potássio, sódio,
enxofre (BAUZA, 2010).
Microminerais: alumínio, arsénico, cobalto, cobre, fluor, iodo, ferro,
manganês, molibdeno, Níquel, selénio, Silicon, titânio, vanádio e zinco
(BAUZA, 2010).
a) Sódio
É um catião altamente reactivo, mas no corpo esta presente em forma
de sais abundante no líquido extra-celular (BAUZA, 2010).
Funções: regula a pressão osmotica, o equilíbrio acido-base, no
intestino delgado ajuda na absorção de glicose, é importante na irritabilidade
23
nervosa (bomba Na-K) e evita fraqueza e desidratação (BAUZA, 2010). Na sua
deficiência pode causar transtornos cardíacos e cerebrais e em excesso origina
hipertensão e edema (URBANA, 2003).
Fontes principais: Cloreto de sódio ou sal de cozinha. Alimentos
proteicos contêm mais sódio que outros tipos de alimentos, portanto,
geralmente não é necessário o acréscimo de sal em algumas preparações
(URBANA, 2003, BAUZA, 2010).
A quantidade necessária de sal por pessoa é de ¼ de colher de chá por
dia (URBANA, 2003).
b) Potássio
É um catião altamente reactivo igual ao sódio, em que no corpo esta
presente em forma de sais, aproximadamente a 70% se encontra em tecidos e
principalmente em fluido extra-celular(BAUZA, 2010).
Funções: síntese de glicogénios e proteínas, equilíbrio osmótico, é
essencial para as reacções enzimáticas, é excitante das fibras musculares,
diminui a energia da contracção cardíaca e baixa a pressão arterial, evita a
fraqueza muscular e controla os batimentos do coração (URBANA, 2003,
BAUZA, 2010).
Fontes principais: Frutas, leite, carnes, cereais, vegetais e legumes
(URBANA, 2003, BAUZA, 2010).
c) Cloro
Existe no corpo como cloreto se encontra combinado com o sódio no
líquido extra-celular e com o potássio no interior das células (BAUZA, 2010).
24
Funções: pressão osmótica e equilíbrio ácido-base, se encontra no suco
gástrico formando parte do HCl, activador de algumas enzimas, na contracção
muscular e na transmissão nervosa (BAUZA, 2010).
Fontes principais: sal de mesa (BAUZA, 2010).
d) Cálcio
É um elemento metálico reactivo e branco o qual encontramos e 98%
em ossos e 2% nos dentes, bílis tendões. Sua absorção se eleva a cabo no
duodeno e necessita de vitamina D, fósforo, magnésio (em proporção de 2 a 1)
e vitamina C. e recomendado em consumi–los nas noites e não combina-los
com cafeína, bebidas alcoólica e gasosas (BAUZA, 2010).
Função: estrutural nos ossos e dentes, no processo de coagulação de
sangue, transmissão dos impulsos nervosos, contracção muscular e cardíaca,
secreção de hormonas e enzimas, é um relaxante muscular. Sua ausência
pode provocar deformidades ósseas (URBANA, 2003, BAUZA, 2010).
Fontes: Leite, queijo, gema de ovo, carnes (como boi, peixes e aves),
cereais de trigo integral, legumes e castanha (URBANA, 2003).
e) Fósforo
O fósforo se encontra em forma de fosfato, em um adulto a quantidade e
de 500 a 600mg, do qual o 75% se encontra como fosfato tricálcico insolúvel e
fosfato de magnésio em ossos e dentes. Sua absorção se leva a cabo no
intestino delgado e compete com o cálcio (BAUZA, 2010).
25
Funções: junto com o cálcio formam os ossos e dentes, regulam o
equilíbrio ácido-base, faz parte das moléculas de ATP, ajudam na secreção de
leite materno e ajuda na memória (URBANA, 2003, BAUZA, 2010).
Fontes principais: carnes desidratadas, fígado, bacalhau seco, atum
em azeite, sardinhas, iogurte, queijo, soja, amêndoa, legumes e grãos
(URBANA, 2003, BAUZA, 2010).
f) Magnésio
E um metal alcalino terroso branco prateado, é o segundo catião
intercelular mais importante depois do potássio e o quinto em abundância, 65%
estrutural e 35% com função reguladora (BAUZA, 2010).
Funções: bloqueador do processo de absorção do cálcio, relaxante
muscular, intervêm na coagulação do sangue e na produção de ATP, ajuda a
controlar as migranha e a hipertensão, reacções enzimáticas relacionados com
o metabolismo de carboidratos e proteínas, síntese de ADN, modula o
potencial eléctrico das membranas celulares (BAUZA, 2010).
Fontes principais: Coco, trigo e Leguminosas, os cereais, as frutas, os
vegetais de folha. As oleaginosas, o leite e seus derivados (BAUZA, 2010).
g) Enxofre
E um elemento não metálico insípido, esta presente em moléculas
comum a variedade de substâncias em diferentes tecidos do organismo, forma
parte de queratina e na formação de insulina a hemoglobina e os anticorpos.
Para a sua absorção necessita de uma proteína como a albumina (BAUZA,
2010).
26
Funções: forma parte das proteínas em diferentes tecidos,
principalmente com a histidina, lisina e arginina, participa na síntese de
colagenos, intervêm no metabolismo de hidrato de carbono e lipidos. A sua
deficiência retarda o crescimento (BAUZA, 2010).
Fontes principais: Leite, ovo e carne. Os alhos, a cebola, rábanos,
repolho, trigo, amêndoa, arroz integral, a avena e a cevada (BAUZA, 2010).
h) Ferro
É um elemento metálico, magnético, maleável e de cor branco prateado.
O conteúdo total de ferro no corpo de um adulto de 65kg é de 2.5 a 5g, cerca
de 70% se encontra em hemoglobina e outro 30% se encontra no fígado,
músculos e pele (BAUZA, 2010).
O ferro pede se classificar em hemico e não hemico, o primeiro é de
origem animal e se absorve de 20 a 30%. O segundo provem dos vegetais e
ovo é absorvido em 3 a 8% (BAUZA, 2010).
A absorção se melhora para a vitamina B já que junto com ácido
clorídrico e láctico, transforma a forma férrica e na ferrosa. O suplemento
ocasiona extrenemento e os antiácidos interferem com a absorção (BAUZA,
2010).
Função: reacção redox, é cofactor de muitas enzimas que intervêm no
metabolismo da glicose e ácidos gordos, é um elemento de oxidação na
digestão, transporta oxigénio e dióxido de carbono, intervêm no transporte de
electrões na cadeia respiratória (BAUZA, 2010). De acordo com URBANA
(2003), o ferro é Importante na formação das células vermelhas, prevenindo a
27
anemia. E ainda diz que quando fornecido pelas carnes, este mineral é melhor
absorvido do que os de origem vegetal.
A mesma obra referiu que a falta de ferro é a mais comum de todas as
deficiências nutricionais, principalmente para crianças menores de 2 anos,
meninas adolescentes, grávidas e idosos (BAUZA, 2010).
Fontes principais: Fígado, carnes, gema de ovo, feijão, frutas secas,
cereais, lentilha, folhas verde-escuras e beterraba (BAUZA, 2010). Os
refrigerantes a base de cola reduzem a absorção do ferro se consumidos
durante a refeição (URBANA, 2003).
i) Flúor
O flúor se encontra na forma de fluoreto de cálcio e se encontra
principalmente nos ossos e dentes (BAUZA, 2010).
Função: faz parte dos ossos e dentes, mantendo os dentes mais lisos e
oferecendo-lhes resistências contra a cárie, ajudam a fortalecer os ossos
(BAUZA, 2010).
Fontes principais: Na agua dependendo do lugar de origem, mariscos,
folhas de chã, pescado que se ingere com osso como a sardinha (BAUZA,
2010).
j) Iodo
É um oligoelemento que constitui um nutrimento essencial (BAUZA,
2010).
28
Funções: funcionamento da glândula tiróide e por conseguinte da
hormona tiroidea (BAUZA, 2010).
Fontes principais: Sal iodado, produtos de origem no mar: marisco,
algas, pescado, etc. (BAUZA, 2010).
k) Fibras
Função: Sua função é estimular o funcionamento intestinal. Absorvem
líquidos e ligam substâncias, por isso previnem a prisão de ventre, eliminando
também elementos tóxicos do organismo (URBANA, 2003).
Comendo poucas fibras pode-se ter doenças como: hipertensão,
colesterol alto, obesidade, inflamação da hemorróida e câncer de intestino
(URBANA, 2003).
Fontes: Pão integral, frutas com casca, vegetais crus, grãos,
leguminosas e cereais integrais (URBANA, 2003).
l) Água
A água é uma molécula formada por dois átomos de hidrogénios e um
de oxigénio unidos por uma ligação polar, o que determina em boa medida
suas propriedades como dissolvente (BAUZA, 2010).
Funções: é dissolvente universal, intervêm na digestão, absorção,
circulação, metabolismo e excreção, é um meio de transporte para os
nutrimentos, enzimas, hormonas (BAUZA, 2010). A água também regula nosso
organismo e nos hidrata. O corpo perde água naturalmente, através da pele
com a transpiração, dos rins com a urina e pelo intestino com as fezes
(URBANA, 2003).
29
Por isso, devemos repor líquidos, preferencialmente, através da ingestão
de água; e também através de frutas como melancia e melão (que possuem 80
e 60% de água respectivamente) (URBANA, 2003).
A reposição de água deve ser de 2,5 litros/dia, ou de 8 a 10 copos/dia
(URBANA, 2003).
Fontes principais: Água para beber e todos os alimentos (BAUZA,
2010).
4.3. RELAÇÃO ENTRE A NUTRIÇÃO E O HIV/SIDA
A desnutrição e o HIV/SIDA são dois grandes problemas de saúde em
Moçambique, e estes dois problemas estão interligados; se por um lado o HIV
agrava o estado de desnutrição, através do seu impacto no consumo, digestão,
absorção, e utilização dos nutrientes, por outro a desnutrição acelera a
progressão do estado de infecção para doença (MOÇAMBIQUE, 2009/2010)
Para combater qualquer infecção o organismo necessita de mais
energia, o que significa que a pessoa precisa de comer mais, mas ao mesmo
tempo uma pessoa doente tem falta de apetite, o que poderá resultar num
défice nutricional. No caso do HIV/SIDA a situação não é diferente
(MOÇAMBIQUE, 2009/2010)
É reconhecido por diferentes implementadores de programas de
cuidados e tratamento de pessoas vivendo com HIV/SIDA (PVHS), que assim
como o tratamento clínico, é também importante ter-se uma dieta alimentar
adequada, quer para retardar a progressão da infecção assim como para
prolongar a mobilidade física, e subsequentemente melhorar a qualidade de
vida (MOÇAMBIQUE, 2009/2010).
30
Está também comprovado que os alimentos contribuem para uma maior
tolerância e aderência ao tratamento com os anti-retrovirais (MOÇAMBIQUE,
2009/2010).
a) Porque uma boa Nutrição?
“A alimentação não é o remédio milagroso e não vai impedir que se
morra de SIDA, mas pode ajudar os doentes a viverem melhor e durante mais
tempo, e a continuarem a ser produtivos (William Clay, FAO)” (MOÇAMBIQUE,
2009/2010).
Uma boa nutrição ajuda a manter o peso e previne a perda da massa
muscular, ajuda a repor os nutrientes perdidos, fortalece o sistema
imunológico, ajudando assim a recuperação das infecções, reduz os efeitos
secundários dos medicamentos, e por último melhora o bem-estar geral da
pessoa, mantendo-a activa por mais tempo (MOÇAMBIQUE, 2009/2010,
FALCO, 2011 e DEON, 2012).
b) O que é uma boa Nutrição?
A referência MOÇAMBIQUE (2009/2010) e ROCHA (2007) dizem que
uma boa nutrição significa comer alimentos que fornecem ao corpo todos os
nutrientes (macro e micronutrientes) necessários diariamente, de modo a este
funcionar bem; isto é consumir duma dieta equilibrada, em termos de qualidade
(diferentes grupos de alimentos) e quantidade (necessidades individuais
diárias), na frequência adequada (várias refeições ao longo do dia). Nenhum
alimento contém todos os nutrientes que o corpo precisa, por isso recomenda-
se que se coma uma variedade de alimentos. É também importante o consumo
de líquidos (MOÇAMBIQUE, 2009/2010).
31
4.3.1. Efeitos positivos de uma boa nutrição
Segundo SAUDE (2014) e MOÇAMBIQUE (2009/2010), os efeitos
positivos de boa nutrição podem ser destacados nas alíneas a seguir:
a) Manutenção do corpo
– Evita a perda da massa muscular /Mantém o peso estável
– Repõe os nutrientes perdidos, prevenindo a desnutrição
b) Bem-estar
– Mantém as pessoas activas
– Melhora a sensação de bem-estar e a qualidade de vida
c) Luta contra infecções
– Estimula a capacidade do corpo combater as infecções oportunistas,
melhorando a cicatrização das feridas
– Retarda a progressão do VIH e melhora a recuperação das infecções.
d) Eficácia do tratamento
– Melhorar a eficácia dos tratamentos
4.4. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA AS PESSOAS VIVENDO COM
HIV/SIDA
O importante numa pessoa com VIH é manter o peso, porque um peso
muscular extra ajuda a suportar a infecção. É perigoso que uma pessoa com
VIH perca peso (perda de 10% do peso corporal ou cerca de 6-7 kg durante um
mês) (ALVES, 2009 SILVESTRE (2009) e FALCO, 2012).
Os mesmos autores dizem que de modo a manter o peso corporal é
extremamente importante que a pessoa coma mais. E ainda afirma que a OMS
32
recomenda que um portador de VIH tenha um aumento de 10-30% no consumo
energético (o que equivale a 2420 kcal – 2860 kcal, assumindo que uma
pessoa sã consuma 2.200 kcal/dia).
De acordo com R. at al (2006), SILVESTRE (2009), UNICEF (2009) e
MOÇAMBIQUE (2009/2010), para além de aumentar o consumo é também
importante que a pessoa coma uma variedade de alimentos, isto é que tenha
uma dieta equilibrada (2.200 kcal/dia = ± 500g cereal, 50g legumes, 20g açúcar
e 20 óleo). E a mesma literatura diz que, para responder as 2.200 kcal/dia, e de
modo a ter-se uma dieta equilibrada é preciso que se consuma pelo menos um
alimento de cada um dos grupos de alimentos abaixo apresentados:
 Alimentos energéticos de base (hidratos de carbono, representam
50-60%). Cereais e tubérculos. Ex. Milho, arroz, mapira, mandioca, batata-
doce, pão, etc.
 Alimentos proteicos (proteína vegetal e animal, representam 10-
15%; ou 0.7-0.8g/kg de peso). Ex. Carne, peixe, ovos, leite, amendoim, feijão,
ervilhas secas, castanha, etc.
 Alimentos ricos em energia concentrada (gorduras, representam
15-30%). Ex. Óleo, manteiga, sementes secas (melancia, pepino, gergelim),
Açúcar, mel, etc
 Alimentos ricos em micronutrientes (vitaminas - ex. Vit. A, C, B,
etc. e minerais - ex. selénio, zinco, ferro, cálcio, etc., que protegem contra as
doenças). Ex. Vegetais e frutas (folhas verdes, abóbora, papaia, laranja.
Banana, etc.)
 Líquidos. Água, sumo de fruta, etc. (8 copos por dia, no mínimo).
33
A OMS recomenda que a suplementação com suplementos de multi-
micronutrientes só seja feita caso se comprove a existência de deficiência de
micronutrientes, como numa pessoa não portadora de VIH. Os suplementos de
multi-micronutrientes não devem substituir uma alimentação equilibrada.
Outro aspecto importante é a manutenção da actividade física, que irá
contribuir para o aumento da massa muscular e do apetite.
É também importante ter cuidados com a higiene alimentar (conservação
e preparação adequada dos alimentos para prevenir intoxicações alimentares
que poderão provocar diarreias), pessoal e do ambiente.
4.4.1. Aspectos de saúde específicas ligadas as PVHS
4.4.1.1. Perda de peso
Segundo RIBEIRO, (2010 e SANTOS, (2012) é extremamente perigoso
para PVHS, perderem o peso, porque diminui a imunidade, tornando-as mais
vulneráveis as infecções, o que poderá levar a uma morte precoce.
O que se deve fazer quando a pessoa começa a registar perda de peso:
 Aumentar a quantidade de alimentos e de refeições (fazer lanches, ou
comer mais vezes ao longo do dia)
 Aumentar (se possível) as proteínas de origem animal, assim como as
proteínas vegetais.
 Manter-se activa para fortalecer os músculos
34
4.4.1.2. Perda de Apetite
Segundo MOÇAMBIQUE (2009/2010), a perda de apetite pode
acontecer por várias razões, como por exemplo mal-estar moral e físico, efeitos
das infecções (febres), ou devido o efeitos dos medicamentos.
O que fazer quando a pessoa tem perda de apetite?
 Sempre que possível comer junto com a família e amigos
 Comer quando a pessoa tem vontade; comer pequenas porções mais
vezes ao dia
 Sempre que possível comer comida que a pessoa goste
 Evitar o consumo de álcool (o álcool diminui o apetite)
 Tomar bebidas energéticas (leite, maheu, papas fermentadas), que
fornecem mais energia.
4.4.1.3.Feridas na boca e/ou garganta (candidíase)
A candidíase ou herpes podem provocar feridas na boca e na garganta,
e comer pode tornar-se muito doloroso e desagradável (MOÇAMBIQUE,
2009/2010).
O que fazer quando a pessoa tem feridas na boca e/ou na garganta?
De acordo com MOÇAMBIQUE (2009/2010) deve-se:
 Comer alimentos leves, macios ou húmidos, como papas, puré,
massas, sopas, etc.
 Evitar comer alimentos pegajosos (muito açucarados), duros
(torradas, biscoitos), comidas ásperas,
35
 Evitar comer alimentos ácidos (tomate, ananás, sumo de fruta cítrica,
etc.).
 Tomar bebidas suaves (sumo de frutas, leite) Se necessário usar uma
palhinha para beber.
 Mastigar pequenos pedaços de papaia para aliviar a dor
4.4.1.4. Mudanças do paladar
De acordo com MOÇAMBIQUE (2009/2010)., as mudanças no paladar
podem ser causadas pelos efeitos dos medicamentos, por uma nutrição
deficiente, ou pelas Infecções.
O que fazer quando a pessoa sofre mudanças no seu paladar?
A mesma bibliografia acima diz que deve-se:
 Melhorar o sabor dos alimentos através do uso de temperos (salsa,
coentros, etc.)
 Adicionar sumo de limão na comida, sempre que não tenha feridas na
boca
 Praticar uma boa higiene oral.
 No caso particular da carne, se esta amargar, substitua por outras
proteínas, como o feijão, amendoim, leite, aves, etc.
4.4.1.5.Diarreia
BRASIL (2006) 60 p e BRASIL (2006) 88 p dizem que, a diarreia pode
levar a desidratação e desnutrição, caso os líquidos e nutrientes perdidos não
sejam repostos.
O que fazer quando uma pessoa tem diarreia?
36
As mesmas referências dizem que deve-se:
 Tomar muitos líquidos, entre as refeições e após cada evacuação.
 Repor os sais minerais; para tal poderá comer banana, ananás, melão
e batata.
 Comer alimentos feculentos (arroz, massas, banana), fruta e legumes
descascados e cozidos
 Evitar comer determinado tipo de fibras (pão integral, legumes crus,
peles de fruta, feijão seco).
 Evitar o leite e lacticínios
 Comer pequenas porções, mais com maior frequência
 Reduzir o consumo de gorduras e de açúcares (apenas quando a
pessoa tem diarreia).
4.5. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
É uma medida internacional comummente usada para classificação de
baixo peso, sobrepeso e obesidade. Seus valores são idade e sexo –
independentes. É considerada como uma ferramenta útil para identificar
desnutrição ou obesidade (MOÇAMBIQUE, 2009/2010).
SEGUNDO MOÇAMBIQUE (2009/2010) o IMC, embora simples e
prático, não deve ser utilizado de forma independente para a avaliação
nutricional. Quando este é usado associado a outros factores como avaliação
clínica, idade, sexo, etnia e nível de aptidão, é mais fidedigno.
O IMC é calculado através da divisão entre peso (kg) pela altura (m)
2.
A Classificação do IMC pode ser visto no quadro 1 que se segue.
37
Quadro 1: Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC
Classificação do estado nutricional de
acordo com o IMC: Classificação
IMC: peso (kg)/altura (cm)2
Desnutrição < 18,5
Severa < 16
Moderada 16 a 16,99
Leve 17 a 18,49
Normal 18,5 a 24,99
Sobrepeso ≥ 25
Pré obesidade 25 a 29,99
Obesidade ≥ 30
4.6. BENEFÍCIOS DA PRATICA DE ACTIVIDADES FÍSICAS PARA PVHA
A prática regular de actividade física é considerada uma das principais
estratégias para a promoção da saúde e prevenção de doenças
cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão arterial, obesidade, depressão
e osteoporose (BRASIL, 2012).
Com base nos conceitos mais amplos de pratica de actividades físicas
nos domínios do lazer e do trabalho, como forma de locomoção/deslocamento
e no âmbito domestico, alguns estudos mais recentes tem mostrado benefícios
dessas praticas para pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) (BRASIL, 2012).
FLORINDO et al.(apud BRASIL, 2012) verificaram as relações entre
gordura centrípeta e a pratica de actividade física no lazer em PVHA que
faziam uso de TARV, incluindo exercícios físicos e exportes e como forma de
38
deslocamento mediante bicicleta ou caminhada. Os mesmos autores ainda
dizem que, as pessoas que relataram praticar mais exercícios físicos e
exportes no tempo de lazer e utilizar a bicicleta ou a caminhada como forma de
deslocamento tiveram benefícios na diminuição da gordura centrípeta.
De acordo com BRASIL (2012) a maioria dos estudos sobre actividade
física para PVHA descreve os benefícios da prática de exercícios físicos sobre
o estado clínico geral, capacidade funcional e aptidão física relacionada a
saúde, assim como sobre diversos aspectos psicológicos. A mesma literatura
diz que, apesar de algumas limitações nos estudos, principalmente quanto a
falta de um grupo-controle para a comparação, vale destacar que os principais
benefícios evidenciados da prática do exercício físico para as PVHA são:
− Não diminui a contagem do numero de linfocitos T CD4+, quando
bem orientado e prescrito, com acompanhamento;
− Melhora a composição corporal tanto de pacientes em TARV
como dos que não fazem uso desta, com diminuição da gordura da região
central e da massa gorda total (gordura) e aumento da massa magra total
(muscular);
− Melhora a aptidão cardiorrespiratória, aumentando o VO2
máximo;
− Melhora a forca e a resistência muscular;
− Diminui a ansiedade e depressão;
− Estimula a aquisição de hábitos de vida saudáveis.
39
4.7. EDUCAÇÃO E ACONSELHAMENTO PARA MODOS DE VIDA
SAUDÁVEIS
Segundo DIAZ (2010) e THE WORLD BANK (2008), a educação com
vista a seguir modos de vida saudáveis pode ajudar a prevenir infecções e
melhorar a qualidade de vida das PVHS, e deve incluir informação sobre:
 Higiene, como, por exemplo, segurança alimentar e da água,
saneamento e higiene pessoal.
 Hábitos de estilos de vida, tais como fumam, álcool e abuso de
droga, e seus efeitos prejudiciais sobre o consumo, a absorção e o uso de
alimentos.
 A importância e promoção da quantidade adequada de actividade
física, dado que esta mantém a massa muscular, estimula o apetite e aumenta
a sensação de bem-estar. Os indivíduos muito ou excessivamente activos
podem ter de reduzir o seu nível de actividade física.
 A importância de sono adequado e descanso adicional.
 A importância e a promoção de práticas de sexo segura a fim de
evitar a transmissão do VIH a outras pessoas e prevenir a re-infecção. Apoio
psicossocial, uma vez que este reduz a depressão, o estigma e o stress, e
melhora a qualidade de vida, muitas vezes com impactos positivos sobre o
apetite e o consumo nutricional.
 O reconhecimento e tratamento imediato de doenças, bem como
a identificação de fontes apropriadas e acessíveis de cuidados. Uma vez que
as PVHS, muitas vezes, ficam doentes, com doenças que afectam o consumo
e o estado nutricionais, qualquer doença deve ser tratada rapidamente.
40
5. MATERIAL E MÉTODO
5.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Para atingir os objectivos propostos, a pesquisa baseou-se no método
científico indutivo.
Este estudo classificou-se:
− Segundo a natureza das variáveis como qualitativo.
− Segundo estado do conhecimento e alcance de resultados como
descritivo.
− Segundo a direcção no tempo como longitudinal e prospectivo
5.2. PLANO AMOSTRAL
5.2.1. Universo
Constituiu o universo do estudo, todos pacientes adultos portadores de
HIV-SIDA assistidos nas consultas externas de centro de saúde número 3 da
cidade de Tete no período da pesquisa. Desta feita o universo foi constituído
por 2900 pacientes.
5.2.2. Amostra
Foram seleccionados como amostra todos pacientes que foram
submetidos a medição do índice da massa corporal (IMC) e os que deram o
seu consentimento informado. Neste caso, a amostra seleccionada foi de 245
pacientes.
41
5.2.3. Tipo de Amostragem
A amostragem foi de conveniência não probabilístico e intencional. Por
isso que não se realizou o cálculo amostral neste estudo.
5.3. Critérios de Inclusão:
− Ser pacientes portadores de HIV-SIDA do Centro de Saúde
número 3 em Tete atendidos nas consultas externas;
− Ser medido o IMC no momento da consulta;
− Ser de Idade compreendida entre 18 a 47 anos de ambos sexos;
− Assinar o termo consentimento informado, para participarem da
pesquisa;
− Ser pacientes aptos mentalmente
5.4. Critério de Exclusão
− Ser pacientes com idade inferior e superior a escala de 18-47
anos;
− Abandonar o estudo por diferentes motivos;
− Não assinar o termo de consentimento informado por forma a
participar da pesquisa no período da pesquisa.
− Não ser medido o IMC no momento da consulta
− Ser mulher grávida portadora de HIV-SIDA
− Ser paciente sem o processo clínico no Centro de Saúde número
3 de Tete
− Estar em tratamento da TB mas sendo PVHS.
42
5.5. VARIÁVEIS
Variáveis biossociais: a idade e o sexo, nível de escolaridade do
paciente e Professional e o nível de conhecimento nutricional dos mesmos,
nível económico familiar.
Variáveis clínicas: peso, patologias que comprometem a alimentação
dos pacientes, número de refeições diário, tipo de alimentos ingeridos e prática
de actividade física.
5.5.1. Variáveis e sua Operacionalização
A operacionalização das variáveis usadas na pesquisa está no quadro 2
a seguir:
Quadro 2: operacionalização das variáveis da pesquisa.
Variáveis Tipos Escala Descrição
Idade Quantitativa
contínua
18-22
23-27
28-32
33-37
38-42
43-47
Segundo a idade
adulta que possui
Sexo
Qualitativa
nominal
dicotómica
Masculino
Feminino
Segundo o
género biológico
que pertence
Segundo o consumo
de cada refeição
Baixo (Abaixo de
1 dólar por cada
43
Nível
Económico dos
pacientes
Quantitativa
discreta
diário de cada
paciente ou família
refeição diária)
<30,00mt
Regular (Um
dólar por cada
refeição diária)
≈30,00mt
Alto (Acima de
um dólar por
cada refeição
diária)> 30,00mt
Baixo
Regular
Alto
Nível de
escolaridade
do paciente
Qualitativa ordinal Segundo o último
grau atingido:
Primário (se
frequentou da 1ª
a 7ª classe)
Secundário (se
frequentou da 8ª
a 10ª classe)
Pré-universitário
(se frequentou da
11ª a 12ª classe)
Universitário (se
frequentou um
curso de nível
superior)
Primário
Secundário
Pré-universitário
Universitário
44
Nível de
Conhecimento
nutricional do
paciente
Qualitativa ordinal
dicotómica
De acordo com as
respostas do
questionário no
apêndice III:
-Conhecedor
-Não conhecedor
Conhecedor (se
a pontuação das
resposta do
questionário for
de 70-100
pontos).
Não conhecedor
(se a pontuação
das resposta do
questionário for
abaixo de 70
pontos).
Prática de
actividade
física
Qualitativa ordinal
dicotómica
De acordo com o
nível de actividade
física praticada
Activo
Inactivo
ACTIVO: pessoa
que pratica
actividade física
moderada por,
pelo menos, 30
minutos, 5 vezes
por semana, ou
actividade física
vigorosa por,
pelo menos, 20
minutos, 3 vezes
por semana.
INATIVO: pessoa
45
que pratica
actividade física
moderada ou
vigorosa por
menos de 10
minutos
contínuos por
semana.
Peso
Quantitativa
contínua
Segundo índice da
massa corporal
(IMC):
Peso insuficiente
Normopeso
Sobrepeso de grau I
Sobrepeso de grau II
De acordo ao
valor obtido se
classifica em:
Peso insuficiente:
<18,5
Normopeso: 18,5
- 24,9
Sobrepeso de
grau I: 25,0 - 26,9
Sobrepeso de
grau II (pré
obesidade): 27,0
– 29,0
Número de
refeições
diárias
Quantitativa
descontínua
Frequência de
número de refeições
passada por dia
Duas: se tiver
almoço e jantar.
Três: se tiver
46
Duas
Três
Quatro
Seis
Almoço, jantar e
mata-bicho.
Quatro: se tiver
mata-bicho,
almoço, lanche
da tarde e jantar.
Seis: se tiver
mata-bicho,
lanche da
manha, almoço
lanche da tarde,
jantar e ceia.
Tipo de
alimento
ingerido
Qualitativa ordinal De acordo com o
grupo de alimentos
ingeridos nas
refeições diárias:
Construtor
Energéticos
Reguladores
Plástica ou
construtora
(proteínas): são
importantes para
a construção do
organismo, como
os nossos ossos,
pele e músculos.
Energéticos
(carboidratos e
gorduras):
fornecem energia
para as
47
actividades do
dia-a-dia.
Reguladores
(vitaminas e sais
minerais): são
necessários ao
bom
funcionamento
do organismo,
auxiliando na
prevenção de
doenças e no
crescimento.
Patologia que
podem
comprometer a
alimentação do
paciente
Qualitativa ordinal De acordo com a
frequência das
patologias:
Diarreia
Anemia
Candidíase oral e
esofágica
Anorexia
Diarreia:
Evacuação
frequente de
fezes líquidas e
abundantes; fluxo
de ventre
Anemia:
Deficiência de
hemácias ou
hemoglobina no
sangue
circulante.
48
Candidíase:
Infecção devida a
fungos do género
Candida;
monilíase
Anorexia:
Redução ou
perda de apetite;
inapetência.
Nível de
escolaridade
do profissional
Qualitativa ordinal
Segundo o último
grau atingido:
Técnico básico
Técnico médio
Técnico superior
Licenciado ou
médico
-Técnico básico
(se frequentou
um curso básico
de saúde)
-Técnico médio
(se frequentou
um curso médio
de saúde)
-Técnico superior
Licenciado ou
médico (se
frequentou um
curso superior de
saúde)
49
Tempo de
serviço dos
profissionais
Quantitativa
continua
<1 Ano
1-3 Anos
4-6 Anos
7-10 Anos
>10
Segundo o tempo
de serviço de
cada funcionário
no centro numero
3
Nível
Conhecimento
nutricional do
profissional que
atendem os
pacientes com
HIV-SIDA
Qualitativa ordinal
De acordo com as
respostas do
questionário no
apêndice II:
-Mau
-Regular
-Bom
Mau (se a
pontuação das
resposta do
questionário for
abaixo de 70
pontos).
Regular (se a
pontuação das
resposta do
questionário for
de 70-90 pontos)
Bom (se a
pontuação das
resposta do
questionário for
de 90-100
pontos).
50
O IMC (Índice de massa corporal) obteve-se calculando e aplicando a
fórmula segundo Quetelet:
IMC = P/T2
onde: P = Peso (Kg) e T2
= quadrado da altura (m)
De acordo ao valor obtido classificou-se conforme ilustra a tabela de
variáveis acima.
5.6. TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS
Como técnicas de recolha de dados da pesquisa, utilizou-se
instrumentos específicos que ajudaram no alcance dos objectivos propostos
como:
O Questionário, o formulário e revisão do historial clínico colectados e
revisão bibliográfica.
Questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma
serie ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo
informante, sem a presença do pesquisador. As perguntas podem ser abertas
ou fechadas. (GERHARDT & SILVEIRA, 2009).
O questionário foi aplicado aos funcionários como instrumento de colecta
de dados sem a presença do pesquisador.
Formulário é o nome geralmente usado para designar uma colecção de
questões que são formuladas e anotadas por um entrevistador, numa situação
face a face com o entrevistado (GERHARDT & SILVEIRA, 2009).
O Formulário foi aplicado aos pacientes do centro de saúde número 3
seleccionados como amostra da pesquisa como um instrumento de colecta de
dados na presença do pesquisador.
51
A revisão do historial clínico dos pacientes foi aplicada para recolher
dados referente a nutrição ou outros dados pertinentes a elaboração do
programa já patenteados sobre os pacientes, que os mesmos não tenham
fornecido por diversos motivos durante a entrevista.
A revisão bibliográfica foi útil para a actualização de informação
nutricional a este grupo específico de pacientes sempre que necessário.
5.6.1. Procedimentos Metodológicos da Pesquisa
Para levar a cabo a elaboração da proposta do programa de educação
sanitária alimentar em pacientes portadores de HIV-SIDA definiu-se como base
os conhecimentos bromatológicos e a bibliografia do Ministério de Saúde
Brasileira com titulo “Alimentação e Nutrição para pessoas vivendo com HIV-
SIDA” adaptando-o de acordo com as condições da população Moçambicana e
as particularidades do sistema de saúde de Moçambique.
Na 1ª fase da pesquisa, recolheu-se os dados referentes às variáveis
como a idade, o sexo, nível de escolaridade, nível económico, nível de
conhecimento nutricional, numero de refeições diárias, tipo de alimentos
ingeridos, prática de actividade física, peso e patologias que comprometem a
alimentação dos portadores de HIV-SIDA usando um formulário (apêndice II) e
para a execução da entrevista aos pacientes seleccionados como amostra, os
mesmo tiveram que assinar o consentimento informado (apêndice I) para
participar da pesquisa. Em algumas circunstâncias teve-se que rever as
histórias clínicas dos pacientes para colectar ou confrontar os dados
colectados. Com estes dados caracterizou-se a amostra em estudo segundo
essas mesmas variáveis acima citadas, que foi útil para identificação do estilo
de vida alimentar, a frequência de patologia que comprometem a alimentação e
52
determinação dos problemas associados a alimentação e com isso facilitou o
desenho e elaboração da proposta do programa em questão.
O nível de conhecimento nutricional dos pacientes foi obtido de acordo
com as respostas dadas pelos pacientes na secção dois (2) do formulário
(apêndice III) e foram classificados em: conhecedor se a pontuação fosse de
70-100 e não conhecedor se a pontuação fosse abaixo de 70 pontos.
Entretanto, enquanto se executava as entrevistas aos pacientes, ao
mesmo tempo distribuiu-se o questionário (apêndice II) aos profissionais com o
objectivo de colectar dados referentes ao tempo de serviço, idade, sexo, nível
de escolaridade, nível de conhecimento nutricional dos mesmos sem a
presença do pesquisador.
O nível de conhecimento dos funcionários foi avaliado de acordo as
respostas dadas na segunda secção do questionário no apêndice II com base
nas pontuações adquirida nas respostas certas em: Mau (se a pontuação das
resposta do questionário for abaixo de 70 pontos), Regular (se a pontuação das
resposta do questionário for de 70-90 pontos) e Bom (se a pontuação das
resposta do questionário for de 90-100 pontos).
Dados que depois de colectados e processados contribuíram para
adequação do programa em questão e estabelecimento de prioridade da
informação ou mensagem que entraram nos folhetos que foram usados para a
promoção de saúde alimentar a esses pacientes.
A 2ª fase concentrou-se na elaboração da proposta do programa de
educação sanitária alimentar para pacientes portadores de HIV-SIDA de acordo
com as condições analisadas nos dados colectados.
53
Este programa como fase inicial, se executaria através dos seguintes
passos:
1. Incorporar materiais (dípticos) orientadores para colocar nas
histórias clínicas dos ambulatórios onde se abordará:
a) O que é uma alimentação saudável;
b) Alimentos que deve ingerir em sua dieta diária;
c) Higiene de alimento;
d) A medicação e a alimentação.
2. Fazer actividade de promoção e educação a nível das consultas
externas do centro de saúde com apoio do pessoal enfermeiro para promover
uma alimentação saudável, baseada na queixa principal (HIVSIDA) do
paciente.
3. Capacitar in situ o pessoal enfermeiro e médicos com atenção
directa a estes pacientes em tema de nutrição para que eles orientem
sistematicamente aos pacientes quanto ao que devem incorporar em sua
alimentação fixa diária.
Também contemplaria nesta fase, o serviço de promoção de saúde a
esses pacientes com base em folhetos retratando acerca da alimentação
saudável.
5.7. ANALISE E PROCESSAMENTO DE DADOS
Toda a informação que obteve-se, foi depositada em uma base de dados
e realizou-se o processamento da mesma de forma computadorizada e, os
resultados numéricos ou percentuais foram apresentados em tabelas e gráficos
utilizando o Microsoft Office Excel.
54
5.8. ASPECTOS ÉTICOS
O estudo foi realizado após a aprovação pelo Conselho de Ética e
Cientifico da Universidade Zambeze – Faculdade de Ciências de Saúde, sem a
identificação dos pacientes e dos profissionais da equipa de saúde envolvidos
na pesquisa e foi assegurado o sigilo e a confidencialidade.
55
CAPITULO II- RESULTADOS E DISCUSSÕES
1. RESULTADOS
1.1. Organização do centro de saúde número 3 de tete
O centro de saúde número 3 de tete conta com 10 serviços principais
como os de laboratório, farmácia, banco de socorro, consultas externas, TARV,
PNCTL, SMI, PAV, CCR e ATS. Para a execução destas actividades contam
com um total de 44 funcionários dos quais 10 são técnicos médios, 17 técnicos
básicos, 2 digitadores (nos computadores), 10 agentes de serviço 4 auxiliares e
1 fenda. Dentre esses funcionários 10 são homens e 34 são mulheres. Todos
esses funcionários são administrados por um Director do centro de saúde e um
Director clínico do centro de saúde que coordenam e orientam essas
actividades sob a orientação da Direcção Provincial de Saúde de TETE.
1.2. Estrutura do serviço nutricional do centro de saúde número 3
O serviço de nutrição do centro de saúde número 3 de Tete, esta
inserida dentro dos serviços de C.C.R do centro. Por sua vez, de modo a
permitir o acesso a este serviço nutricional a outros pacientes, os funcionários
do serviço de C.C.R têm recebido pacientes portadores de HIV-SIDA, TB, PAV
e outros em ambulatório.
56
É de referir que esses pacientes em particular os portadores de HIV-
SIDA só tem acesso a esses serviço nutricional quando a avaliação do IMC for
menor ou igual a 16g/m2 i,
isto é, desnutrição grave. Dentre os serviços
nutricional oferecido encontrava-se:
- O suplemento alimentar
Este serviço consiste em submeter os pacientes no consumo de
alimentos já programado com suporte energético como a soja e papinate. De
referir que esses pacientes são submetidos a um controle mensal do seu IMC
durante seis meses para avaliar se os mesmos atingiram ou não os valores
considerados normais para voltarem a dieta normal.
- Programa mundial de alimentação
O centro de saúde número 3 de Tete, tem acesso ao programa mundial
de alimentação, no entanto, esse programa chega ao centro de saúde através
do INSS de modo a oferecer alimentos a pessoas carentes avaliados como
desnutridos gravemente. Dentre os alimentos disponibilizados aos pacientes
encontravam-se: farinha de milho, leite, feijão, sumo, óleo, amendoim, etc..
Entretanto, existe um défice de informações e serviço sobre nutrição regrada
por não possuir um nutricionista ou profissionais peritos no assunto e muito
menos para acompanhar a avaliação nutricional dos pacientes portadores de
HIV-SIDA.
57
1.3. RESULTADO DA PRIMEIRA FASE
Para a elaboração do programa de educação sanitária alimentar para
pacientes portadores de HIV-SIDA foi necessário a identificação e
caracterização dos pacientes incluídos no estudo para melhor adequação
do programa.
1.3.1. Identificação e caracterização dos pacientes incluídos no estudo
Para efectivar-se a elaboração do programa, selecionou-se os pacientes
adultos portadores de HIV-SIDA de ambos os sexos atendidos nas consultas
externas, durante o período de estudo, como se reflecte na tabela I. Incluiu-se
um total de 245 pacientes (100%). Dos quais 156 foram Feminino (63,7%) e 89
foram Masculino (36,3%), onde revelou-se um número elevado para o sexo
Feminino.
Tabela I: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA atendidos
segundo o sexo
Pacientes
atendidos
Sexo
Total
Feminino Masculino
N◦ % N◦ % N◦ %
245 156 63.7 89 36.3 245 100.0
Fonte: Formulário
Na tabela II pode-se observar a prevalência do grupo etário entre 23-27
anos (26,5%) e ainda o mesmo grupo etário com 14,7 % do sexo feminino e
11,8% no sexo masculino do total de pacientes avaliados (245 pacientes).
58
Tabela II: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA segundo
grupo etário e sexo
Grupo
Etário
Sexo
TotalFeminino Masculino
N◦ % N◦ % N◦ %
18-22 30 12.2 18 7.3 48 19.6
23-27 36 14.7 29 11.8 65 26.5
28-32 19 7.8 17 6.9 36 14.7
33-37 23 9.4 2 0.8 25 10.2
38-42 13 5.3 15 6.1 28 11.4
43-47 35 14.3 8 3.3 43 17.6
Total 156 63.7 89 36.3 245 100.0
Fonte: Formulário
Relacionando o nível de escolaridade por sexo, observou-se que no
nível de escolaridade predominante (o primário com 33,5%) o sexo feminino foi
elevado com 22,4% do total de 245 pacientes. Alem disso, comparando entre
os totais do sexo feminino e masculino que não tem nenhum nível de
escolaridade, o sexo feminino lidera com 16,7% conforme mostra a tabela III.
59
Tabela III: Relação do nível de escolaridade dos pacientes portadores
de HIV-SIDA com sexo
Nível de
escolaridade
Sexo
TotalFeminino Masculino
N◦ % N◦ % N◦ %
Primário 55 22.4 27 11.0 82 33.5
Secundário 41 16.7 36 14.7 77 31.4
Pré-universitário 18 7.3 9 3.7 27 11.0
Universitário 1 0.4 0 0.0 1 0.4
Nenhum nível 41 16.7 17 6.9 58 23.7
Total 156 63.7 89 36.3 245 100.0
Fonte: Formulário.
De uma forma mais ilustrativa pode-se observar no gráfico 1 a
predominância de nível de escolaridade dos pacientes entrevistados.
60
Gráfico 1: Predomínio de nível de escolaridade dos pacientes.
Fonte: Tabela III
Observando ainda o nível de escolaridade mais baixo com elevado
número (o primário com 33,5%) por grupo de idade, 8,6% é a percentagem
mais alta de todos os grupos etários e que neste caso pertence aos de idade
43-47 e, analisando ainda os que não possuem nenhum nível de escolaridade,
este mesmo grupo de idade lidera com 5,7% do total de pacientes conforme
mostra a tabela IV. É algo para se afirmar que o nível baixo de escolaridade
reside no grupo de idade de 43-47.
61
Tabela IV: Comportamento do nível de escolaridade segundo grupo de
idade.
Grupo
Etário
Nível de escolaridade
TotalPrimário Secundário
Pré-
universitário Universitário Nenhum
N◦ % N◦ % N◦ % N◦ % N◦ % N◦ %
18-22 10 4.1 32 13.1 3 1.2 1 0.4 2 0.8 48 19.6
23-27 19 7.8 23 9.4 5 2.0 0 0.0 18 7.3 65 26.5
28-32 19 7.8 9 3.7 2 0.8 0 0.0 6 2.4 36 14.7
33-37 5 2.0 1 0.4 9 3.7 0 0.0 10 4.1 25 10.2
38-42 8 3.3 6 2.4 6 2.4 0 0.0 8 3.3 28 11.4
43-47 21 8.6 6 2.4 2 0.8 0 0.0 14 5.7 43 17.6
Total 82 33.5 77 31.4 27 11.0 1 0.4 58 23.7 245 100.0
Fonte: Formulário
Em relação ao nível económico dos pacientes estudados, mostrou um
valor elevado para os que tem um nível económico baixo (45%), seguido de
35% para os pacientes com um nível económico regular e 20% para os de nível
económico alto segundo o rendimento mensal como mostra a tabela V e ilustra
a o gráfico 2.
62
Tabela V: Comportamento do nível económico dos pacientes
entrevistados.
Nível Económico Número de pacientes Percentagem
Alto 49 20.0%
Regular 85 34.7%
Baixo 111 45.3%
TOTAL 245 100.0%
Fonte: Formulário
Gráfico 2: Relação do nível económico da amostra estudada
Fonte: tabela V
Analisando o nível de conhecimento nutricional dos pacientes, verificou-
se que 77% dos pacientes entrevistados não possuíam o conhecimento
63
nutricional e 23% é que possuíam o conhecimento nutricional básico, de um
total de 245 pacientes. Analisando ainda o nível de conhecimento nutricional
por sexo do total dos pacientes envolvidos no estudo, notou-se um valor
percentual dos que possuem o conhecimento nutricional de 13,9% para o sexo
feminino e 9% masculino e, dos que não possuem o conhecimento nutricional
49,8% correspondiam ao sexo feminino e 27,3% para masculino de acordo
com a tabela VI.
Tabela VI: Comportamento do nível de conhecimento nutricional
segundo sexo
Sexo
Nível de conhecimento nutricional
Total
Conhecedor Não conhecedor
N◦ % N◦ % N◦ %
Feminino 34 13.9 122 49.8 156 63.7
Masculino 22 9.0 67 27.3 89 36.3
Total 56 22.9 189 77.1 245 100.0
Fonte: Formulário
Distribuindo o nível de conhecimento nutricional por grupo de idade
notou-se quanto aos que possuíam o conhecimento nutricional, os de faixa
etária de 18-22 anos (5,7%) eram os que possuíam maior número em relação a
outras faixas etária e dos que não possuíam o conhecimento nutricional, 21,6%
foi o valor percentual mais alto em relação as outras faixas etárias e pertencia a
faixa etária de 23-27 anos conforme mostra a tabela VI.
64
Tabela VII: Comportamento do nível de conhecimento nutricional
segundo grupo de idade.
Grupo etário
Nível de conhecimento nutricional
Total
Conhecedor Não conhecedor
N◦ % N◦ % N◦ %
18-22 14 5.7 34 13.9 48 19.6
23-27 12 4.9 53 21.6 65 26.5
28-32 6 2.4 30 12.2 36 14.7
33-37 8 3.3 17 6.9 25 10.2
38-42 9 3.7 19 7.8 28 11.4
43-47 7 2.9 36 14.7 43 17.6
Total 56 22.9 189 77.1 245 100.0
Fonte: Formulário
Quanto ao hábito de prática de actividade física, dos pacientes
entrevistados, 80% mostraram a prática de actividade física inactiva dos quais
52% são do sexo feminino e, 20% afirmaram possuir a prática de actividade
física activa conforme mostra a tabela VIII.
65
Tabela VIII: Comportamento do hábito de prática de actividade física nos
pacientes.
Sexo
Prática de actividade física
TOTAL
Activo Inactivo
N % N % N %
Feminino 28 11% 128 52% 156 63.7
Masculino 21 9% 68 28% 89 36.3
Total 49 20% 196 80% 245 100.0
Fonte: Formulário.
1.3.2. Determinação da frequência das patologias que comprometem a
alimentação dos pacientes portadores de HIV-SIDA.
Muitas vezes os pacientes portadores de HIV-SIDA têm afeções que
lhes pode comprometer na alimentação como a candidiase, a diarreia, a
anorexia, a fadiga, a anemia entre outras. A tabela IX a seguir, mostra algumas
patologias sofridas pelos pacientes em estudo e que podem de uma ou de
outra maneira afectar na nutrição dos mesmos, onde a anorexia predomina
com 35,1% de seguida a diarreia com 15,9% posteriormente vem 8,8% da
anemia, 3,3% da candidíase e associação de outras patologias múltiplas
37,1%.
66
Tabela IX: Comportamento de frequência das patologias que
comprometem na alimentação dos pacientes entrevistados.
Patologias Frequências (n) %
Anemia 21 8.6%
Anorexia 86 35.1%
Candidiase 8 3.3%
Diarreia 39 15.9%
Outras patologias 91 37.1%
TOTAL 245 100.0%
Fonte: Formulário
1.3.3. Identificação do estilo de vida alimentar dos pacientes com HIV-
SIDA.
Para a identificação do estilo de vida alimentar dos pacientes com HIV-
SIDA entrevistados, tornou-se importante usar um dos dados antropométricos,
neste caso foi o IMC, de seguida, a situação económica (gráfico 2), número de
refeições por dia, e alimentos consumidos diariamente, dos quais obteve-se os
seguintes resultados:
A avaliação do peso a partir de IMC permitiu predizer que 26% da
amostra estavam com normopeso, 63% com peso insuficiente, 7% com
sobrepeso grau I e 4% com sobrepeso grau II (gráfico 3). Na tabela X destaca-
se a predominância do sexo feminino com peso insuficiente (42%) e sobrepeso
do grau II 3,7%.
67
Tabela X. Comportamento do IMC segundo sexo
Sexo
IMC
Peso
insuficiente
Normopeso
sobrepeso
grau I
sobrepeso
grau II
Total
N % N % N % N % N %
Feminino 103 42.0% 34 13.9% 10 4.1% 9 3.7% 156 63.7%
Masculino 52 21.2% 31 12.7% 6 2.4% 0 0.0% 89 36.3%
Total 155 63.3% 65 26.5% 16 6.5% 9 3.7% 245 100.0%
Fonte: Formulário
Gráfico 3. Comportamento do IMC na amostra avaliada
Fonte: tabela X
A frequência de número de refeições que cada paciente tem passado
por dia da avaliação feita obteve-se 15,9% para os que tem passado duas
refeições diárias, 60,4% para os que tem passado três refeições diárias, 22,9%
para os que tem quatro refeições diárias e simplesmente 0,8% com seis
refeições diárias como mostra a gráfico 4 e tabela XI. E ainda na tabela XI
68
pode-se ver que os de sexo feminino sempre se destacaram com maior
percentagem em cada número de refeições passadas diariamente.
Tabela XI: Frequência de número de refeições diárias
Sexo
Número de refeições diário
Duas Três Quatro Seis Total
N % N % N % N % N %
Feminino 35 14.3% 86 35.1% 33 13.5% 2 0.8% 156 63.7%
Masculino 4 1.6% 62 25.3% 23 9.4% 0 0.0% 89 36.3%
Total 39 15.9% 148 60.4% 56 22.9% 2 0.8% 245 100.0%
Fonte: Formulário
Gráfico 4. Frequência de número de refeições diária na amostra
avaliada.
Fonte: Tabela XI
69
Ao avaliar-se a frequência de número de refeições tomada diariamente
tornou-se importante observar também a frequência de tipo de alimentos
ingeridos diariamente de acordo com o grupo de alimentos que são:
construtores, energéticos e protetores, onde revelou-se que todos os pacientes
(245) conseguiam ter alimentos energéticos mas para alimentos construtores
só 242 conseguiam ter diariamente e para alimentos protetores 130
demostraram que conseguiam ter nas refeições diárias, como demonstra a
tabela XII a seguir.
Tabela XII: Frequência de consumo de alimentos diários segundo o tipo
de alimentos.
Tipo de
alimento
Frequência de
consumo
Construtores 242
Energético 245
Reguladores 130
Fonte: Formulário
1.3.4. Determinação dos problemas que compromentem com
alimentação.
Dentre os problema que comprometem com a alimentação pode-se
notar de acordo com os resultados acima explanados os seguintes:
 Baixas Condições económicas;
 Baixo Nível de escolaridade;
 Fraco conhecimento nutricional;
70
 Presença frequente de patologias que comprometem na
alimentação com destaque para anorexia;
1.3.5. Caracterização dos funcionários do centro de saúde número 3 que
atendem os pacientes HIV-SIDA directamente
O centro de saúde número 3 de Tete, conta com 14 funcionários que
lidam directamente com os pacientes portadores de HIV-SIDA nas consultas
externas, laboratório e Farmácia, dos quais 10 são mulheres e 4 são homens.
Do questionário aplicado foi possível saber que o Centro de Saúde
número 3 de Tete funciona com 8 técnicos médios e 6 técnicos básicos e no
entanto zero (0) técnicos superior e licenciados respectivamente dos 14 que
trabalham directamente com PVHS conforme mostra a tabela XIII sobre o nível
de escolaridade dos funcionários,
Tabela XIII: Relação de nível de escolaridade, nível de conhecimento
nutricional e tempo de serviço dos funcionários do centro de saúde numero 3.
Funcionários
do centro
numero 3
Nível de escolaridade
Nível de
conhecimento
nutricional
Tempo de serviço
Técnico
básico
Técnico
médio
Técnico
superior
Mau
Regular
Bom
>1Ano
1-3Anos
4-6Anos
7-10Anos
<10Anos
N N N N N N N N N N N
14 6 8 0 6 8 0 4 4 2 4 0
Fonte: questionário
Quanto ao tempo de serviço dos funcionários do centro de saúde
numero 3 de Tete verificou-se que 29% eram os de menos de 1 ano de serviço,
71
29% eram de 1-3 anos de serviço 29% eram de 7-10 anos e 4-6 anos eram
14% bem como 0% eram os de mais de 10 anos de serviço como mostra a
Tabela XIII.,
Os funcionários bem como os pacientes foram unânimes em afirmar que
seria muito importante a existência de um programa de educação sanitária
alimentar direccionado aos pacientes portadores de HIV-SIDA e bem como
para outros tipos de patologias com o intuito de melhoria de estilo de vida e da
saúde dos mesmos dada a grande importância que os alimentos têm para a
saúde humana.
1.4. RESULTADOS DA SEGUNDA FASE
1.4.1. Elaboração da proposta de programa de educação sanitária
alimentar aos pacientes portadores de HIV-SIDA.
Tendo em conta os problemas encontrados na população em estudo o
programa estará composto da seguinte maneira:
1. Introdução
O programa de educação sanitária alimentar em pacientes adultos
portadores de HIV-SIDA, tem como objectivo trazer informações sobre
alimentação e nutrição para pessoas vivendo com HIV/SIDA que auxilie no seu
dia-a-dia trazendo orientações sobre pratica alimentares mais saudáveis, como
se alimentar em situações especiais, cuidar melhor da higiene e segurança
alimentar, aproveitando melhor os alimentos, educando-as a ter hábitos de vida
alimentar mais saudável positivamente ajudando a elevar a boa cultura
alimentar, contribuindo assim na melhoria da qualidade de vida dos mesmos
72
2. Desenvolvimento
Este programa se executa através dos seguintes passos:
1. Capacitação in situ regular do pessoal do centro de saúde.
Esta fase consiste em capacitar o pessoal de enfermagem,
farmacêuticos e médicos com atenção directa a estes pacientes em
tema de nutrição para que eles orientem sistematicamente aos
pacientes quanto ao que devem incorporar em sua alimentação diária.
Plano de acção
Actividade Objectivo Métodos Intervenientes Executor Meios Prazo
Capacitação Incutir nos
capacitados
informações
sobre
alimentação
e nutrição
para pessoas
vivendo com
HIV/SIDA
Expositivo
(recorrend
o a
palestra e
seminários
)
Médicos,
farmacêuticos,
enfermeiros e
ativistas
Responsáveis
pelo programa
Manuais
de
nutrição
, data
show,
comput
ador,
folham
A4
esferogr
áficas
Uma
seman
a em
cada
três
meses
Reconhecim
ento de
alimentos
mais
Reconhecer
de alimentos
mais
importante
Ilustrativo/
observaçã
o
(visitando
Médicos,
farmacêuticos,
enfermeiros e
ativistas
Responsáveis
pelo programa
Fotograf
ias,
transpor
te
Uma
vez
em
cada
73
importante
existente na
região
existente na
região a ser
recomendado
aos pacientes
os
mercados)
seman
a
2. Incorporar materiais (dípticos) orientadores nas histórias clínicas
dos pacientes ambulatórios onde aborda (Apêndice IV):
a) O que é uma alimentação saudável;
b) Alimentos que deve ingerir em sua dieta diária;
c) Higiene de alimento;
d) A medicação e a alimentação.
3. Execução de actividade de promoção e educação nutricional a nível
das consultas externas do centro de saúde.
Plano de acção
Actividade Objectivo Métodos Intervenientes Executor Meios Prazo
Promoção e
educação
nutricional em
pacientes
portadores de
HIV/SIDA
Incutir nos
pacientes
vivendo
com
HIV/SIDA
informaçõe
s sobre
alimentaçã
Expositivo
(recorrendo a
palestra e
conversa
particular)
Pacientes
portadores de
HIV/SIDA e
familiares
Responsáv
eis pelo
programa
Médicos,
farmacêutic
os,
enfermeiros
e ativistas
Manua
is de
nutriçã
o,
retropr
ojetor,
compu
tador,
Perma
nente
74
o e
nutrição e
cuidados
especiais
capacitados folhas
A4
esfero
gráfica
s
Reconhecime
nto de
alimentos
mais
importante
existente na
região
Reconhece
r de
alimentos
mais
importante
existente
na região a
ser
recomenda
do aos
pacientes
Ilustrativo/obs
ervação
(visitando os
mercados)
Pacientes
portadores de
HIV/SIDA e
familiares
Responsáv
eis pelo
programa,
Médicos,
farmacêutic
os,
enfermeiros
e ativistas
capacitados
Fotogr
afias,
transp
orte
Uma
vez em
cada
seman
a
Também contempla nesta fase o serviço de promoção de saúde a esses
pacientes e seus familiares com base em folhetos e acção comunitária
radiofónico e porta a porta retratando acerca da alimentação saudável.
75
2. DISCUSSÕES
Caracterizando a população estudada durante o período da pesquisa
para a elaboração do programa a partir dos resultados acima obtidos, dos 245
pacientes adultos de ambos os sexos atendidos nas consultas externas no
centro de saúde numero 3, portadores de HIV-SIDA, 156 eram de sexo
Feminino (63,7%) e 89 eram de sexo Masculino (36,3%), onde revelou-se um
numero elevado para o sexo Feminino o que reflecte um fenómeno de
feminização do HIV-SIDA em Moçambique, este fenómeno coincide com os
resultados do INSIDA (2009) que indicavam em 11.5% dos Moçambicanos
adultos de 15-49 anos de idade infectados por HIV-SIDA da população total do
pais, havia mais mulheres infectadas (13.1%) comparativamente aos homens
(9.2%). Um estudo realizado por ROCHA & SCHUCH (2009) no Brasil com o
titulo “Perfil alimentar e nutricional dos pacientes VIH positivo atendidos em um
serviço público de saúde de Porto Alegre” também revelou uma tendência a
feminização do HIV/SIDA com uma percentagem de 47%. Facto que leva a
afirmar-se que a cada tempo que passa o VIH infecta cada vez mais as
mulheres
A Prevalência do HIV-SIDA por grupo etário atingiu o pico mais alto
entre 23-27 anos de idade (26,5%) e ainda no mesmo grupo etário notificou-se
com um elevado numero para o sexo feminino com 14,7 % em relação ao sexo
masculino com 11,8%. Esses resultados estão de acordo com o INSIDA (2009)
que mostra que a prevalência entre mulheres e homens cresce com a idade até
atingir o pico máximo, que para as mulheres foi entre os 25-29 anos (16.8%) e
só se contraria para os homens que eram da faixa etária de 35-39 anos
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Proposta de programa de educação sanitária alimentar em pacientes adultos portadores de hiv dissertacao marcos fernando cerveja (completo)

  • 1. PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA ALIMENTAR EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE HIV/SIDA EM TETE Marcos Fernando Cerveja
  • 2. I UNIVERSIDADE ZAMBEZE - FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA ALIMENTAR EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE HIV/SIDA EM TETE Marcos Fernando Cerveja TETE 2015
  • 3. II UNIVERSIDADE ZAMBEZE - FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE PROPOSTA DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA ALIMENTAR EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE HIV/SIDA EM TETE Marcos Fernando Cerveja Orientadora: Dra. Msc. Maria Isabel Pérez Carvajal Dissertação submetida à Faculdade de Ciências de Saúde, Universidade Zambeze, Tete, em parcial cumprimento dos requisitos para a obtenção do Grau de Mestre em Farmácia. Tete, 2015
  • 4. III DECLARAÇÃO Eu, Marcos Fernando Cerveja declaro que esta dissertação é resultado do meu próprio trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Mestre na Universidade Zambeze, Tete. Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra universidade. __________________________________ (Marcos Fernando Cerveja) Tete, 25 de Março de 2015
  • 5. IV DEDICATÓRIA Aos meus pais pela atenção encorajamento e apoio que me vêm dando ao longo da minha vida e pela força e esperança depositada em mim; Falo exatamente da guerreira Catarina José Muchanga e do herói Alberto Lucas Traquino Chico. Em especial ao meu falecido pai Fernando Manuel Cerveja (1955-2005) que tão cedo partiu para o mundo celestial, sem antes ver um dos seus maiores desejo cumprido, o de “ver o seu filho a ingressar numa Universidade e singrar na vida”; Aos meus irmãos menores Máguida Cerveja e Cerveja Lucas pelo amor, força, encorajamento e carinho; À minha orientadora pelo amor, apoio e acompanhamento.
  • 6. V AGRADECIMENTOS Em primeira instância, Agradeço a Deus o meu eterno pai todo-poderoso, por ter-me dado a dádiva da vida, por guiar-me e proteger os meus passos. À minha orientadora Msc. Maria Isabel Pérez Carvajal, pela melodiosa convivência, pela contribuição incalculável do seu saber no trabalho realizado, bem como também na minha formação profissional e dicas da vida. Agradeço pelo apoio, tolerância e afeição e por ser um exemplo de humildade na sociedade. Ao Mestre Manuel Américo Canivete pelas contribuições, dedicação, encorajamento e abertura e por ser também um exemplo de modéstia na sociedade. A equipe de trabalho do centro de saúde número três (3) principalmente na pessoa de Técnico Pordino Cherene e o Técnico Rassul Joaquim Alfinete, o Director do Centro de Saúde e o Director Clínico do Centro de Saúde respectivamente e as (os) enfermeiras (os) e restantes funcionários pelas contribuições na recolha de dados e nas assistências aos pacientes. À minha mãe, Catarina e meu segundo pai Alberto Lucas por ser as pessoas que são e por todos os sacrifícios que fizeram e fazem ao longo das suas vidas, em prol da educação dos seus filhos sempre incentivando o espírito de crescimento e de sonhos tão alto na vida e, dizendo que “tudo nesta vida é possível desde que tenhamos fé e coragem de enfrentar com serenidade e licitamente”. Obrigado, mãe e pai! À todos que por algum motivo, acção ou palavra incentivaram-me a chegar até aqui e os que directa ou indirectamente torceram por mim. O MEU LEAL OBRIGADO!
  • 7. VI SUMÁRIO RESUMO.........................................................................................................VIII ABSTRACT .......................................................................................................IX LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................X LISTA DE TABELAS .........................................................................................XI LISTA DE QUADRO........................................................................................XIII LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ..........................................................XIV CAPITULO I – INTRODUÇÃO ........................................................................... 1 1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1 2. HIPÓTESE................................................................................................... 5 3. OBJECTIVOS................................................................................................. 6 4. REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 7 5. MATERIAL E MÉTODO............................................................................. 40 CAPITULO II- RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................. 55 1. RESULTADOS .......................................................................................... 55 1.3. RESULTADO DA PRIMEIRA FASE.................................................... 57 1.4. RESULTADOS DA SEGUNDA FASE................................................. 71 2. DISCUSSÕES ........................................................................................... 75 CAPITULO – III: CONCLUSÕES ..................................................................... 84 1. CONCLUSÕES.......................................................................................... 84 2. RECOMENDAÇÕES ................................................................................. 86
  • 8. VII REFERENCIAS E BIBLIOGRAFIA................................................................... 87 Apêndices......................................................................................................... 94 ÍNDICE ........................................................................................................... 106
  • 9. VIII RESUMO O objectivo deste estudo foi propor um programa de educação sanitária alimentar em pacientes portadores de HIV-SIDA, para ajudar na elevação da boa cultura alimentar, contribuindo na melhoria da qualidade de vida desses pacientes baseando-se na bibliografia Brasileira intitulado “Alimentação e Nutrição para pessoas vivendo com HIV-SIDA” aprimorando-o a realidade Moçambicana. Realizou-se um estudo qualitativo, descritivo, longitudinal e prospectivo, recorrendo ao método científico indutivo, em que entrevistou-se 245 pacientes de faixa etária de 18-47anos, assistidos de Agosto/Novembro de 2014 que mediram o seu IMC. O resultado apresentou maior índice para o sexo feminino, baixo nível de escolaridade, conhecimento nutricional e económico; presença frequente de patologias que comprometem na alimentação como a anorexia e diarreias e, perfil nutricional inadequado com elevação em peso insuficiente. Elaborou-se a proposta de programa de educação sanitária alimentar para portadores de HIV/SIDA. Recomendou-se o uso do programa elaborado na prática rotineira nas instituições nacionais de saúde, onde existe o segmento dos portadores de HIV/SIDA. Palavras-chave: HIV/SIDA; educação sanitária alimentar; perfil nutricional e alimentar em HIV/SIDA;
  • 10. IX ABSTRACT The objective of this study was to propose a food hygiene education program in patients with HIV-AIDS, to help in raising the good food culture, contributing to improve the quality of life of these patients based on the Brazilian bibliography entitled "Food and Nutrition people living with HIV-AIDS "tweaking it the Mozambican reality. We conducted a qualitative, descriptive, longitudinal and prospective using the inductive scientific method, where was interviewed 245 older patients of 18-47years, assisted August / November 2014 that measured their BMI. The result showed a higher rate for females, low level of education, nutrition and economic knowledge; frequent presence of diseases that compromise in power as anorexia and diarrhea and inadequate nutritional profile with an increase in underweight. We prepared the proposal of food hygiene education program for people with HIV / AIDS. It was recommended the use of elaborate program in routine practice in national health institutions, where there is a segment of people with HIV / AIDS. Key-words: HIV / AIDS; food health education; nutritional and dietary profile in HIV / AIDS;
  • 11. X LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Predomínio de nível de escolaridade dos pacientes…………..…….60 Gráfico 2: Relação do nível económico da amostra estudada…..……...………62 Gráfico 3: Comportamento do IMC na amostra avaliada………...……..……….67 Gráfico 4. Frequência de número de refeições diária na amostra avaliada…...68
  • 12. XI LISTA DE TABELAS Tabela I: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA atendidos segundo o sexo……………………………………………………...……………….57 Tabela II: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA segundo grupo etário e sexo…………………………………………….…………………………….58 Tabela III: Relação do nível de escolaridade dos pacientes portadores de HIV- SIDA segundo sexo………………………………………………………………….59 Tabela IV: Comportamento do nível de escolaridade segundo grupo de idade…………………………………………………………………………………...61 Tabela V: Comportamento do nível económico dos pacientes entrevistados………………………………………………………………………….62 Tabela VI: Comportamento do nível de conhecimento nutricional segundo sexo………………………….……..………………………………………………….63 Tabela VII: Comportamento do nível de conhecimento nutricional segundo grupo de idade…………………………………….………………………………….64 Tabela VIII: Comportamento do hábito de prática de actividade física nos pacientes………………………………………………………………………………65 Tabela IX: Comportamento de frequência das patologias que comprometem na alimentação dos pacientes entrevistados……………………...………………….66 Tabela X. Comportamento do IMC segundo sexo……………………..………...67 Tabela XI: frequência de número de refeições diárias…………………………..68 Tabela XII: frequência de consumo de alimentos diários segundo o tipo de alimentos……………………………………………………………………………. 69
  • 13. XII Tabela XIII: relação de nível de escolaridade, nível de conhecimento nutricional e tempo de serviço dos funcionários do centro de saúde numero 3……..…… 70
  • 14. XIII LISTA DE QUADRO Quadro 1: Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC………….37 Quadro 2: operacionalização das variáveis da pesquisa……………..…………42
  • 15. XIV LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AIDS Acquired Immnunodeficiency Syndrome ADN Ácido desoxirribonucleico ARN Ácido ribonucleico ARV Anti-retroviral ATP Adenosina trifosfato ATS Aconselhamento e testagem em saúde CCR Consulta de crianças de risco CD4 Cluster of diferentation(inglês) ou grupamento de diferenciação 4 CPLP Comunidade de Países falante de Língua Portuguesa DST/SIDA Doenças sexualmente transmissíveis ou síndrome de imunodeficiência adquirida. ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (inglês) é um teste imunoenzimático que permite a detecção de anticorpos específicos. Ex Exemplo FMN Flavina mononucleótido HIV Human Immunodeficiency Virus HIV/SIDA Human Immunodeficiency Virus ou síndrome de imunodeficiência adquirida IMC Índice de massa corporal INSIDA Inquérito nacional de prevalência de SIDA INSS Instituto nacional de segurança social Kg Quilograma
  • 16. XV MISAU Ministério da saúde NAD+ Nicotinamida adenina dinucleotídeo Oxidado NADH Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido NADP+ Dinucleótido de nicotinamida-adenina fosfato oxidado NADPH Dinucleótido de nicotinamida-adenina fosfato reduzido OMS Organização mundial de saúde PAV Programa alargado de vacinação PNCTL Programa nacional de combate a tuberculose e lepra PVHS Pessoas vivendo com HIV/SIDA RLUV Raio da luz ultra-violeta SIDA Síndrome de imunodeficiência adquirida SMI Serviço materno infantil TARV Tratamento antiretroviral TB Tuberculose TPP Tiamina pirofosfatase VIH Vírus de imunodeficiência humana VIH1 Vírus de imunodeficiência humana tipo 1 VIH2 Vírus de imunodeficiência humana tipo 2 Vit Vitamina VO2 Volume de oxigénio
  • 17. 1 CAPITULO I – INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO A síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA), se tem transfigurado em um problema Mundial já que trata-se de uma pandemia, que não tem livrado nenhum continente (GALVÁN, 2011). Actualmente considera-se um dos maiores problemas de saúde, tanto por sua transcendência sanitária como por sua repercussão social (SAUDE, 2009 e GALVÁN, 2011). A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) ou Acquired Immnunodeficiency Syndrome (AIDS) é uma doença infecto-contagiosa causada pelo vírus Human Immunodeficiency Vírus (HIV), o qual afecta a função e o número dos linfócitos T CD4+, tendo como característica mais marcante a alteração imunológica (CASTRO, 2009 e PAULA et al, 2010). A SIDA, destaca-se entre as enfermidades infecciosas emergentes, pela grande magnitude e extensão dos danos causados às populações do mundo todo, desde a sua origem, cada uma de suas características e repercussões tem sido exaustivamente discutida pela comunidade científica e pela sociedade em geral (CASTRO, 2009 e PAULA et al, 2010). A SIDA comporta-se como uma doença degenerativa, crónica e de carácter progressivo, que é acompanhada durante a sua evolução por perda de
  • 18. 2 peso e desnutrição, de origem multifactorial na maioria dos casos (PAULA et al, 2010). Segundo LEITE (2009), a desnutrição é uma consequência complicada e importante em indivíduos com SIDA, e as mortes por definhamento têm aumentado. Os problemas que levam à desnutrição podem envolver a ingestão, absorção, metabolismo e o uso de nutrientes; estes influenciam a competência imunológica, a saúde, a função reprodutiva, a actividade física, o desempenho no trabalho e a cognição. É evidente, portanto a relação entre SIDA e nutrição, de forma que a assistência nutricional pode ajudar pessoas vivendo com HIV/SIDA (PVHS) a lidar com as complicações relacionadas à doença, promover boas respostas ao tratamento, melhorar a qualidade de vida do indivíduo pela manutenção do nível de funcionalidade e dignidade humana (PAULA et al, 2010). Tendo em vista o aumento da prevalência da SIDA, a importância da nutrição no estado de saúde das pessoas vivendo com HIV/SIDA (PVHS) e na evolução da doença e suas co-morbidades, são de grande importância na criação ou elaboração de programas de educação sanitária envolvendo conhecimento bromatológicos ou nutricionais e dietoterápicos envolvidos neste tipo de patologia. É um dos aspectos que deve ser considerado pelos profissionais que prestam atendimento às PVHS, na perspectiva de ampliar a percepção do conjunto de vulnerabilidades a que possam estar expostas e, assim como também, aprimorar a qualidade da atenção à saúde (PAULA et al, 2010).
  • 19. 3 Muitos nutricionistas que actuam em projectos ou serviços especializados em DTS/SIDA precisam de conhecimentos específicos nessa área, demandando material técnico que satisfaça suas necessidades de informação acerca do tratamento das PVHS (PAULA et al, 2010). A importância da alimentação e nutrição é tão relevante, que muitos autores defendem que estas deveriam ser tratadas com a mesma atenção que as análises laboratoriais e carga viral, tanto pelas características da infecção pelo VIH quanto pelos possíveis efeitos adversos das medicações anti-retrovirais (PAULA et al, 2010 e SAUDE, 2014). Fontes de informação sobre a ingestão alimentar, riscos antropométricos e necessidade de nutrientes específicos são imprescindíveis para ajudar os programas e serviços de saúde a identificar os adultos e as crianças vivendo com DST/SIDA que são vulneráveis do ponto de vista nutricional. As informações para adequação da alimentação da PVHS são essenciais para o trabalho de manutenção e/ou recuperação do bom estado nutricional, para a diminuição dos efeitos colaterais da terapia anti-retroviral e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes (PAULA et al, 2010). Segundo a CPLP-UNAIDS (2010), a prevalência da infecção pelo VIH dentro da comunidade de países falantes de língua portuguesa (CPLP), os valores alto até 2010 apontam para Moçambique na ordem de 11,50%. Em Tete a prevalência no mesmo ano é de 7% com tendências a aumentar devido a factores demográficos. O governo moçambicano tem vindo a realizar diversa actividade para a mitigação dessa pandemia.
  • 20. 4 Um estudo retrospectivo em Moçambique identificou que, num coorte nacionalmente representativo de 2,596 adultos VIH positivos a iniciarem o tratamento anti-retroviral (TARV) entre 2004 e 2007, entre os 1,200 adultos cujos registos clínicos continham dados do índice de massa corporal (IMC), 28% estavam desnutridos (IMC <18.5 kg/m2 ) (Auld et al. 2011 apud REMANE, 2013). Torna-se evidente a importância de educação para saúde alimentar para este grupo de paciente em particular, para melhorar qualidade de vida com suportes nutricionais adequados e diminuir a situação de morbimortalidade por esta doença. Observando o atendimento aos pacientes portadores de HIV-SIDA nos centros de saúde de Tete notou-se uma fraca aplicabilidade de actividades de educação para a saúde no âmbito de alimento para este grupo de pacientes adultos. Partindo das vantagens que a Educação sanitária alimentar a um grupo específico de paciente oferece, e a necessidade de promover a boa saúde nos pacientes adultos portadores de HIV-SIDA em Tete, assim como a carência de serviços deste tipo no centro de saúde numero 3 de Tete que dê solução as distintas problemáticas nutricionais que enfrentam este grupo de paciente, levou-se a cabo uma pesquisa com o tema “ Proposta de Programa de Educação Sanitária Alimentar em pacientes adultos portadores de HIV-SIDA em Teteʺ. A pesquisa teve como área científica de abrangência a educação sanitária alimentar com recurso aos conhecimentos bromatológicos ou nutricionais em pacientes portadores de HIV/SIDA na Província de Tete
  • 21. 5 concretamente no Centro de Saúde número 3 localizado no Bairro Francisco Manyanga, Unidade Armando Tivane, na zona Sul da cidade de Tete, limitado a Norte pelo Bairro Josina Machel, a Este pelo rio Zambeze e a Oeste pelo Bairro Mateus Sansão Muthemba. Para propor o programa tomou-se como base os conhecimentos Bromatológicos e a bibliografia do Ministério de Saúde Brasileira com titulo “Alimentação e Nutrição para pessoas vivendo com HIV- SIDA” aprimorando-o a realidade Moçambicana para sua elaboração. A pesquisa teve como população abrangência, os pacientes adulto de 18 á 49 anos de idade portadores de HIV/SIDA atendidos nas consultas externas do centro de saúde numero 3 em Tete e, decorreu num período compreendido entre Agosto a Novembro de 2014 e teve como problema de partida: Não se leva a cabo um programa de educação sanitária alimentar específico em pacientes adultos portadores de HIV-SIDA no Centro Saúde número 3 da cidade Tete. 2. HIPÓTESE Propondo um programa de educação sanitária alimentar em pacientes adultos portadores de HIV-SIDA ajudaria a elevar a boa cultura alimentar, contribuindo assim na melhoria da qualidade de vida dos mesmos.
  • 22. 6 3. OBJECTIVOS 3.1. OBJECTIVO GERAL  Propor um programa de educação sanitária alimentar aos pacientes portadores de HIV-SIDA assistido no centro de saúde número 3 da cidade de Tete. 3.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS  Caracterizar a amostra de estudo segundo variáveis: idade, sexo, nível de escolaridade, nível económico, nível de conhecimento nutricional e prática de actividade física.  Identificar o estilo de vida alimentar dos pacientes adultos portadores de HIV-SIDA de acordo com o índice da massa corporal, número de refeições diária e tipo de alimento ingerido.  Determinar a frequência das patologias que comprometem a alimentação dos pacientes portadores de HIV-SIDA em estudo.  Caracterizar os funcionários que trabalham com pacientes portadores de HIV/SIDA do centro de saúde número 3 em Tete segundo nível de escolaridade, nível de conhecimento nutricional e tempo de serviço.
  • 23. 7 4. REVISÃO DA LITERATURA 4.1. HIV/SIDA 4.1.1. Definição do SIDA O SIDA é uma etapa avançada da infecção pelo Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH). Se trata de um retrovírus que ataca as defensas do organismo e altera a capacidade para defender-se das enfermidades ocasionadas por outros vírus, bactérias, parasitas e fungos (GALVÁN, 2011). O sistema imunológico agrupa diversos tipos de células, entre elas, os glóbulos brancos encarregados de lutar contra os agressores externos. O VIH concretamente mata a um tipo de células, os linfócitos T CD4 que integram o sistema imunológico (GALVÁN, 2011). 4.1.2. Significado da palavra SIDA Segundo GALVÁN (2011) a palavra SIDA forma-se com as iniciais da expressão "Síndrome de Imunodeficiência Adquirida." Síndrome: conjunto de sinais e sintomas. Inumo: relativo ao sistema de defesas. Deficiência: diminuição. Adquirida: refere ao carácter não congénito.
  • 24. 8 Quer dizer que, tem-se desenvolvido o SIDA só quando apresenta-se um conjunto de sinais e sintomas que indicam que as defensas estão diminuídas, porque se contagiou por vírus (GALVÁN, 2011). O mesmo autor ainda diz que, é possível estar infectado com o VIH, isto é, ser VIH positivo ou portador do vírus, e todavia não ter desenvolvido o SIDA. Desde momento em que o vírus ingressa ao corpo ate que aparecem os sintomas pode passar muito tempo, entre 10 e 12 anos, período que pode estender-se se começar um tratamento á tempo. No entanto, é necessário ter em conta que trata-se de prazos globais que variam de país em país e modificam-se substancialmente com o próprio desenvolvimento da epidemia em cada lugar e com a evolução dos tratamentos (GALVÁN, 2011). 4.1.3. Etiologia O vírus descobriu-se em 1983 e, demonstrou-se que era o agente causal do SIDA em 1985, desenvolveu-se a primeira prova de ELISA (Ensaio por imune absorção ligado a enzimas). O vírus VIH1 compreende vários subtipos, o 2 se identificou no ano 1986 em África ocidental, ambas são infecções zoonóticas (GALVÁN, 2011). O VIH1 é um vírus da sub-família lentiviridae (vírus lentos) causador do SIDA e VIH2, da família dos retroviridae, que infecta principalmente aos invertebrados, se codificam em ARN ao invés de ADN, contem una polimerase de ADN dependente do ARN, é uma transcriptase inversa que dirige as sínteses, depois de infectar a célula hospedeira (GALVÁN, 2011).
  • 25. 9 As célula infectadas transformam-se em maligna e induz a um estado de imunodeficiência, que da lugar a enfermidades produzidas por microrganismos oportunistas (GALVÁN, 2011). O vírus VIH1 se transmite de mãe ao filho por meio de leite materno principalmente, pela actividade sexual sendo mais frequente entre homens e mulheres a transmissão e pelo sangue (transfusões, uso de seringas infectadas etc.), em pessoas infectadas o vírus se encontra em todos os líquidos biológicos como no sémen e nas secreções vaginais (GALVÁN, 2011) 4.1.4. Situação do HIV-SIDA em Moçambique Segundo MISAU (2012) a prevalência da infecção por VIH em adultos de 15-49 anos de idade é de 11.5%, sendo superior nas mulheres (13.1%), comparativamente aos homens (9.2%). A prevalência é também mais elevada nas áreas urbanas (15.9%) em relação às áreas rurais (9.2%). Entre adultos de 50-64 anos de idade a prevalência de VIH é de 8.5% e bastante baixa entre adolescentes de 12-14 anos de idade (1.8%). A prevalência entre mulheres jovens de 15-24 anos de idade é mais elevada (11.1%) comparativamente à dos homens da mesma faixa etária (3.7%). Entre crianças de 0-11 anos de idade a prevalência é de 1.4% e entre crianças menores de um ano é de 2.3%. A prevalência de VIH entre adultos de 15-49 anos de idade apresenta grande variação por Província, partindo de um mínimo de 3.7% na Província de Niassa (norte do país) para um máximo de 25.1% na Província de Gaza (sul do país). A prevalência varia com o nível de escolaridade: 9.8% nas mulheres sem qualquer nível de escolaridade contra 15.0% nas mulheres de nível secundário e superior; para homens, a prevalência varia de 7.2% para 10.1% para os mesmos níveis de escolaridade. A prevalência de VIH está igualmente
  • 26. 10 associada ao nível socioeconómico, com 6.0% de adultos que vivem em agregados do nível socioeconómico mais baixo infectados por VIH, comparativamente a 17.4% dos indivíduos do nível socioeconómico mais elevado. Pelo menos 1 em cada 7 casais moçambicanos (15.2%) têm um dos parceiros ou ambos com infecção por VIH. Em 5% dos casais a mulher está infectada, em 5% o homem está infectado e em 5% ambos estão infectados. 4.2. ALIMENTAÇÃO 4.2.1. Conceitos relacionados Alimentos: são substâncias que visam promover o crescimento e a produção de energia necessária para as diversas funções do organismo (URBANA, 2003 AGRAWAL, 2010, BRASIL, 2006). Alimentar-se: acto voluntário e consciente (URBANA, 2003). Nutrientes: substâncias que estão presentes nos alimentos, e são utilizadas pelo organismo. Os nutrientes são: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais (URBANA, 2003, PACHECO, 2010 e PASTORE, 2010). Nutrir-se: acto involuntário e inconsciente (URBANA, 2003). Bromatologia é a disciplina científica que estuda integralmente os alimentos. Permite conhecer a sua composição qualitativa e quantitativa; o significado higiénico e toxicológico das alterações e contaminações, como e porque ocorrem e como evitá-las; qual é a tecnologia mais apropriada para tratá-los e como aplicá-la; como utilizar a legislação; segurança alimentar; protecção dos alimentos e do consumidor; quais os métodos analíticos a aplicar para determinar a sua composição e para determinar a sua qualidade. A
  • 27. 11 análise de alimentos é uma área muito importante no ensino das ciências que estudam alimentos, pois ela actua em vários segmentos do controle de qualidade, do processamento e do armazenamento dos alimentos processados. A palavra Bromatologia deriva do grego: Broma, Bromatos significa “dos alimentos”; e Logos significa Ciência. Portanto, por extensão dos termos BROMATOS e LOGOS, pode-se definir Bromatologia como a ciência que estuda os alimentos (LOPES, 2014). A Bromatologia estuda os alimentos, sua composição química, sua acção no organismo, seu valor alimentício e calórico, suas propriedades físicas, químicas, toxicológicas e também adulterantes, contaminantes, fraudes, etc. (LOPES, 2014) . A Bromatologia relaciona-se com tudo aquilo que, de alguma forma, é alimento para os seres humanos, tem a ver com o alimento desde a produção, colecta, transporte da matéria-prima, até a venda como alimento natural ou industrializado, verifica se o alimento enquadra-se nas especificações legais, detecta a presença de adulterantes, aditivos que são prejudiciais à saúde, se a esterilização é adequada, se existiu contaminação com tipo e tamanho de embalagens, rótulos, desenhos e tipos de letras e tintas utilizadas. Enfim, tem a ver com todos os diferentes aspectos que envolvem um alimento, com isso permitindo o juízo sobre a qualidade do mesmo (LOPES, 2014). 4.2.2. Função dos nutrientes Segundo PACHECO (2010), PASTORE (2010) AGRAWAL (2010), BRASIL (2006) e URBANA (2003) as funções dos nutrientes são:
  • 28. 12 Plástica ou construtora (proteínas): são importantes para a construção do organismo, como os nossos ossos, pele e músculos. Energéticos (carboidratos e gorduras): fornecem energia para as actividades do dia-a-dia. Reguladores (vitaminas e sais minerais): são necessários ao bom funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de doenças e no crescimento. 4.2.3. Fontes dos nutrientes nos alimentos e suas funções no organismo Vitaminas são Compostos orgânico sem semelhanças químicas com funções similar no metabolismo: biocatalizadores dos processos vitais actuando como coenzimas, grupos prostéticos de enzimas ou como substâncias antioxidantes Indispensáveis para o crescimento, reprodução e manter o estado sanitário não substituíveis entre si e não sintetizáveis pelos animais (BAUZA, 2010). Sua necessidade no organismo não é tão alto, porem o seu defeito ou deficit ou ainda excesso pode causar enfermidade como a hipovitaminose e a hipervitaminoses (BAUZA, 2010). Segundo BAUZA (2010), as vitaminas podem ser lipossolúveis como A, D, E e K e hidrossolúveis como vitaminas C e o complexo B.
  • 29. 13 4.2.3.1. Vitaminas hidrossolúveis a) Vitaminas do complexo B I.Vitamina B1 (Tiamina) É a vitamina antiberiberica também conhecida como tiamina, molécula formada por um anel de pirimidina e outro de tiazol. A forma é o pirofosfato de tiamina (TPP) ou difosfofato de tiamina (BAUZA, 2010). A tiamina absorve-se por um mecanismo passivo (a doses alta) e por um mecanismo activo (a doses baixas) e neste processo se fosforila. Uma vez absorvida circula unida a albumina e eritrócito. Se deposita principalmente em forma de pirofosfato de tiamina, armazena-se em músculo, coração, fígado, rins e cérebro. Se inactiva em meio acido ou alcalino (BAUZA, 2010). Funções: actuam como coenzima no metabolismo dos hidratos de carbono, participa na síntese de substâncias que regulam o sistema nervoso, na síntese de pentoses, melhora a produção de insulina e tem relação com o funcionamento da tiróide e as suprarrenais. Em deficiência pode causar BIriberi e em excesso intoxicação (BAUZA, 2010). Fontes vegetais: legumes, cereais integrais, frutos secos, milho, arroz enriquecido, trigo, etc. (BAUZA, 2010). Fontes animais: leveduras, carne de porco e de vaca, ovos, fígado (BAUZA, 2010).
  • 30. 14 II. Vitamina B2 (Riboflavina) É uma vitamina de cor amarela constituída por um anel complexo de isoaloxacina que se une a ribitol um álcool derivado da ribose (BAUZA, 2010). A riboflavina tem-se combinado maioritariamente formando parte das coenzimas, e FAD (flavin adenin dinucleotido) e FMN (flavin mononucleotido), denominado coenzimas flavinicos. Se destroem facilmente em meio alcalino e a luz (BAUZA, 2010). Funções: intervêm no processo enzimático relacionados com a respiração celular, junto com a vitamina A forma os bastões visuais, manutenção dos tecidos, etc. Sua deficiência pode causar transtornos ocular, bucal e cutâneas, cicatrização lenta e fadiga (BAUZA, 2010). Fontes vegetais: cereais, chiles seco (BAUZA, 2010). Fontes animais: carnes, leite, queijo, clara de ovos fungos e leveduras vísceras (BAUZA, 2010). III.Vitamina B3 (Niacina ou Acido nicótico) É uma vitamina cujo os derivados NADH, NAD+ , NADPH, NADP+ , jogam um papel essencial no metabolismo energético da célula e da reparação de ADN (BAUZA, 2010). A designação da Vitamina B3 também inclui a correspondente amida a nicotinamida, o nacinamida com a fórmula química C6H6NO2 (BAUZA, 2010). A actividade da niacina nos alimentos se define como concentração do ácido nicotínico formado pela conversão do triptofano contido nos alimentos em niacina (BAUZA, 2010).
  • 31. 15 O processo de nixtamalização fase que se libera essa vitamina (BAUZA, 2010). Funções: são precursoras de duas coenzimas que intervêm em quase todas as reacções de oxidação-redução: NAD+ e NADP+; intervém no crescimento, é essencial para a transformação da fenilalanina em tirosina, sua principal função é anabólica. A sua deficiência pode causar sintomas neurológicos e pelagra e em excesso pode causar hipotensão ou vasodilatação (BAUZA, 2010). Fontes principais: Leveduras, fígados, aves, carne sem graxas, fruta seca, legumes. O triptofano encontra-se na carne, leite e ovos (BAUZA, 2010). IV. Vitamina B5 (acido pantoténico) É um seguimento da coenzima sumamente importante porque participa na liberação de energia dos hidratos de carbono, lípidos, proteínas e na síntese de aminoácidos, ácidos graxos, esteróis e hormonas esteróis (BAUZA, 2010). Funções: intervêm como componente da coenzima A e de outras moléculas importantes, desempenha um papel muito importante no funcionamento do metabolismo celular e do sistema nervoso e imunitário e se usa no tratamento de alopecias (BAUZA, 2010). O mesmo autor diz que a sua deficiência pode causar infertilidade e insuficiência adrenal, aumento da fadiga e stress, queda de cabelo, feridas e úlceras cutâneas e alteração da sensibilidade dos pés.
  • 32. 16 Fontes principais: Ovo de aves e de pescados, fígado, rins, lactios e leveduras, pimento doce, arroz integral, amêndoas e semente de girassol (BAUZA, 2010). V.Vitamina B6 (piridoxina) É um conjunto de três compostos químicos: a piridoxamina, piridoxal e piridoxina (BAUZA, 2010). É solúvel em água e em álcool e relativamente estável ao calor e a oxidação mas é sensível a luz (BAUZA, 2010). Se acumula em rins, fígado e os músculos (BAUZA, 2010). Funções: desempenham funções de coenzima, participa em muitas reacções enzimáticas do metabolismo dos aminoácidos e sua função principal é a transferência de grupo amino, é um factor de crescimento, intervêm na produção de glóbulos vermelhos e em funções do sistema nervoso, intervêm na conversão de triptofano em niacina e para uma adequada absorção de vitamina B12 e do magnésio e ferro bem como na formação de mielina (BAUZA, 2010). Fontes principais: Carne de porco, germe de trigo, leguminosas, farinha de milho e avena, papas e gemas de ovo (BAUZA, 2010). VI.Vitamina B8 (Biotina) A biotina, vitamina H, vitamina B7, e as vezes também, chamada vitamina B8, é uma vitamina estável ao calor solúvel em água e álcool e
  • 33. 17 susceptível a oxidação, que intervêm no metabolismo dos hidratos de carbono, graxas e aminoácidos e purinas (BAUZA, 2010). Se sintetiza no intestino mas não se absorve portanto a fonte é exógena (BAUZA, 2010). Funções: como coenzima actua na transferência de dióxido de carbono em numerosas carboxilases; participa na produção de glóbulos vermelhos. A sua deficiência pode ocasionar colitis, glositis atróficas, anorexia, anemia leve (BAUZA, 2010). Fontes principais: Rins, fígado, gema de ovos, fungos, papa, frutas, leveduras, leite, amêndoas, pescados (BAUZA, 2010)., VII.Vitamina B9 (acido fólico) Consta de três componentes ligados: um grupo pteridina, acido paraminobenzoico e acido glutâmico (um aminoácido) a forma activa é o ácido fólinico. Oxida-se facilmente e é sensível a luz, perde-se em grandes quantidades em alimentos armazenados a temperatura ambiente e durante os processos de cozedura. Se absorve todo no intestino grosso principalmente em jejuno. Se armazena no fígado e são necessário ingerir diariamente (BAUZA, 2010). Funções: actua como transportador intermediário de grupos com um átomo de carbono, especialmente grupos formilo, que se precisa em sínteses de purinas, compostos que fazem parte dos nucleótidos substancias presentes no ADN e o ARN e necessárias para a sua síntese na fase S do ciclo celular e
  • 34. 18 divisão celular, também actua na transferência do grupo metilo e metileno (BAUZA, 2010). Fontes principais: Se encontra nas vísceras de animais, verduras de folhas verde, legumes, frutos secos, amêndoas, e levedura de cerveja (BAUZA, 2010). VIII.Vitamina B12 (Cobalamina) As vitaminas hidrossolúveis não podem ser armazenadas pelo corpo mas a vitamina B12 é especial porque o corpo pode armazenar por anos em fígado. É a molécula mais complexa e ligeiramente solúvel em agua estável em calor mas se inactiva com, as soluções acidas ou alcalinas (BAUZA, 2010). Funções: intervêm na síntese de ADN, ARN, metionina e colina, é necessária na formação de nucleoproteinas, proteínas, glóbulos vermelhos, funcionamento do sistema nervoso para o desenvolvimento intelectual e de carácter; estimula o crescimento e participa na movilização das graxas e na manutenção de reservas energética dos músculos. A sua deficiência ocasiona anemia perniciosa (BAUZA, 2010). Fontes principais: Pescados, rins, ovos, queijo, leite, carnes, os produtos vegetais não proporcionam a vitamina B12 (BAUZA, 2010). b) Vitamina C (acido ascórbico) É um composto branco cristalino de estrutura relativamente simples que se sintetiza a partir da glicose. Se destrói com muita facilidade com a luz, calor e tempo. O homem e outros mamíferos não podem sintetizar. Se absorve na parte superior ou próximal do intestino delgado (BAUZA, 2010).
  • 35. 19 Funções: formação de substâncias intercelulares como: colageno, hidrólises de prolina e a lisina para formar hidroxiprolina e hidroxilisina; intervêm na cicatrização, esta relacionada com a respiração célula, facilita a absorção do ferro e a liberação do mesmo da transferina, se necessita na transformação do ácido fólico a forma activa; síntese de hormanas esteroidais a partir do colesterol, Aumenta a resistência do organismo evitando gripes e resfriados, protege a gengiva (BAUZA, 2010). A sua deficiência pode causar deformação do colageno, dores nas articulações, irritabilidade, anemia perda de peso cicatrização lenta das feridas aumento de infecções, etc. e o seu excesso causa gastrites e cálculos urinários (URBANA, 2003). Fontes principais: É amplamente encontrada nas frutas cítricas e folha de vegetais crus. As melhores fontes são: acerola, laranja, limão, morango, brócolis, repolho e espinafre (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). 4.2.3.2. Vitaminas Lipossolúveis a) Vitamina A A vitamina A é uma das primeiras vitaminas lipossolúvel que se descobriu, Steembock na Universidade Wisconsin demonstrou que o pigmento amarelo nas plantas, caroteno tinha actividade da vitamina A. os carotenos se conhece agora como provitaminas A ou precursor da vitamina A. também se conhece como retinol ou antixeroftalmica, para que se absorva no intestino delgado, se necessita a presença da vitamina E (BAUZA, 2010). Funções: É importante para o bom desempenho da visão, para o crescimento, para a vitalidade da pele e cabelo, desenvolvimento ósseo (activação de osteoblastos), antioxidante, sínteses de hormonas sexuais e
  • 36. 20 supra-renais (URBANA, 2003, AGRAWAL, 2010, BAUZA, 2010). Os mesmos autores ainda dizem que para que seja bem absorvida pelo organismo, é necessário consumir alimentos que contenham gorduras e que, a falta da vitamina A pode causar cegueira nocturna (maior dificuldade de adaptação da visão no escuro), secura da pele e maior risco de contrair infecções. Fontes de origem animal: fígado, gema de ovo, leite integral e derivados, óleo de fígado de alguns peixes, como bacalhau (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). Fontes de origem vegetal: margarina, óleo de dendê e do buriti, frutas e hortaliças de cor amarelo-alaranjada, como cenoura, morango, abóbora madura, manga e mamão ou de cor verde-escura: mostarda, couve, agrião e almeirão, etc. (URBANA, 2003). b) Vitamina E Compreende um grupo de oito substâncias semelhantes denominadas tocoferóis, sendo a mais importante o alfa-tocoferol. Se inactiva ao expor-se a luz (RUV) e se destrói em contacto com o chumbo e ferro. Impede a oxidação de algum alimento pelo que protege a vitamina A. Destaca-se pelo facto de adiar o aparecimento de Alzheimer (BAUZA, 2010). Funções: antioxidante, protege a integridade das membranas celulares, participa na formação de glóbulos vermelhos, músculos e outros tecidos, se necessita para a formação de células sexuais masculinas (BAUZA, 2010). Segundo URBANA (2003) esta vitamina retarda o envelhecimento e auxilia no aproveitamento da vitamina A.
  • 37. 21 Fontes principais: Germe de trigo, amêndoas e avelãs. Encontram- se em óleos vegetais, como os de germe de trigo, girassol, caroço de algodão, dendê, amendoim milho e soja (URBANA, 2003). c) Vitamina K É uma substancia amarela e cristalina. Na natureza se dão três tipos: K1 ou filoquinona, K2 ou menaquinona e a K3 ou menadiona (tóxica por via oral). Resistente ao calor mas não a luz; Se produz no colon onde é absorvida, se consumirmos se absorve no intestino delgado (BAUZA, 2010). Funções: intervêm no 4º passo da síntese de proteína protrombina que participa na coagulação do sangue e faz parte da enzima carboxilase (BAUZA, 2010). Segundo URBANA (2003) esta vitamina ajuda na cicatrização e evita sangramentos. Fontes: Leite e derivados, carnes, ovos, sardinha, amêndoa, semente de gergelim e hortaliças verdes (URBANA, 2003). d) Vitamina D São produzidas ao irradiar um precursor RLUV ou simplesmente aos raios do sol. É absorvida no intestino delgado e jejuno com a bílis e os quilomicroes, chega ao fígado onde se transforma (BAUZA, 2010). Função: regula a absorção de fósforo e cálcio, calcificação dos ossos, absorção de fósforo nos tubulos renais, regulação da actividade da enzima fosfatase alcalina, participa na reabsorção óssea para manter a concentração de cálcio e fósforo no sangue (BAUZA, 2010).
  • 38. 22 Essencial para a formação dos ossos e dentes, deixando-os mais resistentes. Sua ausência pode provocar raquitismo e amolecimento dos ossos (osteomalácia) (BAUZA, 2010). Fontes: Gema de ovo, fígado, manteiga e pescados gordos (arenque e cavala). Encontra-se teores de vitamina D nas sardinhas e no atum (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). 4.2.4. Água e Sais minerais (reguladores) Minerais são compostos de origem inorgânica necessários para uma série de funções bioquímicas importantes como, por exemplo, cofatores de reacções enzimáticas, factores da coagulação, regulação do equilíbrio hidro- eletrolítico e ácido básico, elementos estruturais, transporte e muitas outras funções (BAUZA, 2010). 4.2.4.1. Classificação dos minerais Macrominerais: cálcio, cloro, magnésio, fósforo, potássio, sódio, enxofre (BAUZA, 2010). Microminerais: alumínio, arsénico, cobalto, cobre, fluor, iodo, ferro, manganês, molibdeno, Níquel, selénio, Silicon, titânio, vanádio e zinco (BAUZA, 2010). a) Sódio É um catião altamente reactivo, mas no corpo esta presente em forma de sais abundante no líquido extra-celular (BAUZA, 2010). Funções: regula a pressão osmotica, o equilíbrio acido-base, no intestino delgado ajuda na absorção de glicose, é importante na irritabilidade
  • 39. 23 nervosa (bomba Na-K) e evita fraqueza e desidratação (BAUZA, 2010). Na sua deficiência pode causar transtornos cardíacos e cerebrais e em excesso origina hipertensão e edema (URBANA, 2003). Fontes principais: Cloreto de sódio ou sal de cozinha. Alimentos proteicos contêm mais sódio que outros tipos de alimentos, portanto, geralmente não é necessário o acréscimo de sal em algumas preparações (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). A quantidade necessária de sal por pessoa é de ¼ de colher de chá por dia (URBANA, 2003). b) Potássio É um catião altamente reactivo igual ao sódio, em que no corpo esta presente em forma de sais, aproximadamente a 70% se encontra em tecidos e principalmente em fluido extra-celular(BAUZA, 2010). Funções: síntese de glicogénios e proteínas, equilíbrio osmótico, é essencial para as reacções enzimáticas, é excitante das fibras musculares, diminui a energia da contracção cardíaca e baixa a pressão arterial, evita a fraqueza muscular e controla os batimentos do coração (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). Fontes principais: Frutas, leite, carnes, cereais, vegetais e legumes (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). c) Cloro Existe no corpo como cloreto se encontra combinado com o sódio no líquido extra-celular e com o potássio no interior das células (BAUZA, 2010).
  • 40. 24 Funções: pressão osmótica e equilíbrio ácido-base, se encontra no suco gástrico formando parte do HCl, activador de algumas enzimas, na contracção muscular e na transmissão nervosa (BAUZA, 2010). Fontes principais: sal de mesa (BAUZA, 2010). d) Cálcio É um elemento metálico reactivo e branco o qual encontramos e 98% em ossos e 2% nos dentes, bílis tendões. Sua absorção se eleva a cabo no duodeno e necessita de vitamina D, fósforo, magnésio (em proporção de 2 a 1) e vitamina C. e recomendado em consumi–los nas noites e não combina-los com cafeína, bebidas alcoólica e gasosas (BAUZA, 2010). Função: estrutural nos ossos e dentes, no processo de coagulação de sangue, transmissão dos impulsos nervosos, contracção muscular e cardíaca, secreção de hormonas e enzimas, é um relaxante muscular. Sua ausência pode provocar deformidades ósseas (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). Fontes: Leite, queijo, gema de ovo, carnes (como boi, peixes e aves), cereais de trigo integral, legumes e castanha (URBANA, 2003). e) Fósforo O fósforo se encontra em forma de fosfato, em um adulto a quantidade e de 500 a 600mg, do qual o 75% se encontra como fosfato tricálcico insolúvel e fosfato de magnésio em ossos e dentes. Sua absorção se leva a cabo no intestino delgado e compete com o cálcio (BAUZA, 2010).
  • 41. 25 Funções: junto com o cálcio formam os ossos e dentes, regulam o equilíbrio ácido-base, faz parte das moléculas de ATP, ajudam na secreção de leite materno e ajuda na memória (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). Fontes principais: carnes desidratadas, fígado, bacalhau seco, atum em azeite, sardinhas, iogurte, queijo, soja, amêndoa, legumes e grãos (URBANA, 2003, BAUZA, 2010). f) Magnésio E um metal alcalino terroso branco prateado, é o segundo catião intercelular mais importante depois do potássio e o quinto em abundância, 65% estrutural e 35% com função reguladora (BAUZA, 2010). Funções: bloqueador do processo de absorção do cálcio, relaxante muscular, intervêm na coagulação do sangue e na produção de ATP, ajuda a controlar as migranha e a hipertensão, reacções enzimáticas relacionados com o metabolismo de carboidratos e proteínas, síntese de ADN, modula o potencial eléctrico das membranas celulares (BAUZA, 2010). Fontes principais: Coco, trigo e Leguminosas, os cereais, as frutas, os vegetais de folha. As oleaginosas, o leite e seus derivados (BAUZA, 2010). g) Enxofre E um elemento não metálico insípido, esta presente em moléculas comum a variedade de substâncias em diferentes tecidos do organismo, forma parte de queratina e na formação de insulina a hemoglobina e os anticorpos. Para a sua absorção necessita de uma proteína como a albumina (BAUZA, 2010).
  • 42. 26 Funções: forma parte das proteínas em diferentes tecidos, principalmente com a histidina, lisina e arginina, participa na síntese de colagenos, intervêm no metabolismo de hidrato de carbono e lipidos. A sua deficiência retarda o crescimento (BAUZA, 2010). Fontes principais: Leite, ovo e carne. Os alhos, a cebola, rábanos, repolho, trigo, amêndoa, arroz integral, a avena e a cevada (BAUZA, 2010). h) Ferro É um elemento metálico, magnético, maleável e de cor branco prateado. O conteúdo total de ferro no corpo de um adulto de 65kg é de 2.5 a 5g, cerca de 70% se encontra em hemoglobina e outro 30% se encontra no fígado, músculos e pele (BAUZA, 2010). O ferro pede se classificar em hemico e não hemico, o primeiro é de origem animal e se absorve de 20 a 30%. O segundo provem dos vegetais e ovo é absorvido em 3 a 8% (BAUZA, 2010). A absorção se melhora para a vitamina B já que junto com ácido clorídrico e láctico, transforma a forma férrica e na ferrosa. O suplemento ocasiona extrenemento e os antiácidos interferem com a absorção (BAUZA, 2010). Função: reacção redox, é cofactor de muitas enzimas que intervêm no metabolismo da glicose e ácidos gordos, é um elemento de oxidação na digestão, transporta oxigénio e dióxido de carbono, intervêm no transporte de electrões na cadeia respiratória (BAUZA, 2010). De acordo com URBANA (2003), o ferro é Importante na formação das células vermelhas, prevenindo a
  • 43. 27 anemia. E ainda diz que quando fornecido pelas carnes, este mineral é melhor absorvido do que os de origem vegetal. A mesma obra referiu que a falta de ferro é a mais comum de todas as deficiências nutricionais, principalmente para crianças menores de 2 anos, meninas adolescentes, grávidas e idosos (BAUZA, 2010). Fontes principais: Fígado, carnes, gema de ovo, feijão, frutas secas, cereais, lentilha, folhas verde-escuras e beterraba (BAUZA, 2010). Os refrigerantes a base de cola reduzem a absorção do ferro se consumidos durante a refeição (URBANA, 2003). i) Flúor O flúor se encontra na forma de fluoreto de cálcio e se encontra principalmente nos ossos e dentes (BAUZA, 2010). Função: faz parte dos ossos e dentes, mantendo os dentes mais lisos e oferecendo-lhes resistências contra a cárie, ajudam a fortalecer os ossos (BAUZA, 2010). Fontes principais: Na agua dependendo do lugar de origem, mariscos, folhas de chã, pescado que se ingere com osso como a sardinha (BAUZA, 2010). j) Iodo É um oligoelemento que constitui um nutrimento essencial (BAUZA, 2010).
  • 44. 28 Funções: funcionamento da glândula tiróide e por conseguinte da hormona tiroidea (BAUZA, 2010). Fontes principais: Sal iodado, produtos de origem no mar: marisco, algas, pescado, etc. (BAUZA, 2010). k) Fibras Função: Sua função é estimular o funcionamento intestinal. Absorvem líquidos e ligam substâncias, por isso previnem a prisão de ventre, eliminando também elementos tóxicos do organismo (URBANA, 2003). Comendo poucas fibras pode-se ter doenças como: hipertensão, colesterol alto, obesidade, inflamação da hemorróida e câncer de intestino (URBANA, 2003). Fontes: Pão integral, frutas com casca, vegetais crus, grãos, leguminosas e cereais integrais (URBANA, 2003). l) Água A água é uma molécula formada por dois átomos de hidrogénios e um de oxigénio unidos por uma ligação polar, o que determina em boa medida suas propriedades como dissolvente (BAUZA, 2010). Funções: é dissolvente universal, intervêm na digestão, absorção, circulação, metabolismo e excreção, é um meio de transporte para os nutrimentos, enzimas, hormonas (BAUZA, 2010). A água também regula nosso organismo e nos hidrata. O corpo perde água naturalmente, através da pele com a transpiração, dos rins com a urina e pelo intestino com as fezes (URBANA, 2003).
  • 45. 29 Por isso, devemos repor líquidos, preferencialmente, através da ingestão de água; e também através de frutas como melancia e melão (que possuem 80 e 60% de água respectivamente) (URBANA, 2003). A reposição de água deve ser de 2,5 litros/dia, ou de 8 a 10 copos/dia (URBANA, 2003). Fontes principais: Água para beber e todos os alimentos (BAUZA, 2010). 4.3. RELAÇÃO ENTRE A NUTRIÇÃO E O HIV/SIDA A desnutrição e o HIV/SIDA são dois grandes problemas de saúde em Moçambique, e estes dois problemas estão interligados; se por um lado o HIV agrava o estado de desnutrição, através do seu impacto no consumo, digestão, absorção, e utilização dos nutrientes, por outro a desnutrição acelera a progressão do estado de infecção para doença (MOÇAMBIQUE, 2009/2010) Para combater qualquer infecção o organismo necessita de mais energia, o que significa que a pessoa precisa de comer mais, mas ao mesmo tempo uma pessoa doente tem falta de apetite, o que poderá resultar num défice nutricional. No caso do HIV/SIDA a situação não é diferente (MOÇAMBIQUE, 2009/2010) É reconhecido por diferentes implementadores de programas de cuidados e tratamento de pessoas vivendo com HIV/SIDA (PVHS), que assim como o tratamento clínico, é também importante ter-se uma dieta alimentar adequada, quer para retardar a progressão da infecção assim como para prolongar a mobilidade física, e subsequentemente melhorar a qualidade de vida (MOÇAMBIQUE, 2009/2010).
  • 46. 30 Está também comprovado que os alimentos contribuem para uma maior tolerância e aderência ao tratamento com os anti-retrovirais (MOÇAMBIQUE, 2009/2010). a) Porque uma boa Nutrição? “A alimentação não é o remédio milagroso e não vai impedir que se morra de SIDA, mas pode ajudar os doentes a viverem melhor e durante mais tempo, e a continuarem a ser produtivos (William Clay, FAO)” (MOÇAMBIQUE, 2009/2010). Uma boa nutrição ajuda a manter o peso e previne a perda da massa muscular, ajuda a repor os nutrientes perdidos, fortalece o sistema imunológico, ajudando assim a recuperação das infecções, reduz os efeitos secundários dos medicamentos, e por último melhora o bem-estar geral da pessoa, mantendo-a activa por mais tempo (MOÇAMBIQUE, 2009/2010, FALCO, 2011 e DEON, 2012). b) O que é uma boa Nutrição? A referência MOÇAMBIQUE (2009/2010) e ROCHA (2007) dizem que uma boa nutrição significa comer alimentos que fornecem ao corpo todos os nutrientes (macro e micronutrientes) necessários diariamente, de modo a este funcionar bem; isto é consumir duma dieta equilibrada, em termos de qualidade (diferentes grupos de alimentos) e quantidade (necessidades individuais diárias), na frequência adequada (várias refeições ao longo do dia). Nenhum alimento contém todos os nutrientes que o corpo precisa, por isso recomenda- se que se coma uma variedade de alimentos. É também importante o consumo de líquidos (MOÇAMBIQUE, 2009/2010).
  • 47. 31 4.3.1. Efeitos positivos de uma boa nutrição Segundo SAUDE (2014) e MOÇAMBIQUE (2009/2010), os efeitos positivos de boa nutrição podem ser destacados nas alíneas a seguir: a) Manutenção do corpo – Evita a perda da massa muscular /Mantém o peso estável – Repõe os nutrientes perdidos, prevenindo a desnutrição b) Bem-estar – Mantém as pessoas activas – Melhora a sensação de bem-estar e a qualidade de vida c) Luta contra infecções – Estimula a capacidade do corpo combater as infecções oportunistas, melhorando a cicatrização das feridas – Retarda a progressão do VIH e melhora a recuperação das infecções. d) Eficácia do tratamento – Melhorar a eficácia dos tratamentos 4.4. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA AS PESSOAS VIVENDO COM HIV/SIDA O importante numa pessoa com VIH é manter o peso, porque um peso muscular extra ajuda a suportar a infecção. É perigoso que uma pessoa com VIH perca peso (perda de 10% do peso corporal ou cerca de 6-7 kg durante um mês) (ALVES, 2009 SILVESTRE (2009) e FALCO, 2012). Os mesmos autores dizem que de modo a manter o peso corporal é extremamente importante que a pessoa coma mais. E ainda afirma que a OMS
  • 48. 32 recomenda que um portador de VIH tenha um aumento de 10-30% no consumo energético (o que equivale a 2420 kcal – 2860 kcal, assumindo que uma pessoa sã consuma 2.200 kcal/dia). De acordo com R. at al (2006), SILVESTRE (2009), UNICEF (2009) e MOÇAMBIQUE (2009/2010), para além de aumentar o consumo é também importante que a pessoa coma uma variedade de alimentos, isto é que tenha uma dieta equilibrada (2.200 kcal/dia = ± 500g cereal, 50g legumes, 20g açúcar e 20 óleo). E a mesma literatura diz que, para responder as 2.200 kcal/dia, e de modo a ter-se uma dieta equilibrada é preciso que se consuma pelo menos um alimento de cada um dos grupos de alimentos abaixo apresentados:  Alimentos energéticos de base (hidratos de carbono, representam 50-60%). Cereais e tubérculos. Ex. Milho, arroz, mapira, mandioca, batata- doce, pão, etc.  Alimentos proteicos (proteína vegetal e animal, representam 10- 15%; ou 0.7-0.8g/kg de peso). Ex. Carne, peixe, ovos, leite, amendoim, feijão, ervilhas secas, castanha, etc.  Alimentos ricos em energia concentrada (gorduras, representam 15-30%). Ex. Óleo, manteiga, sementes secas (melancia, pepino, gergelim), Açúcar, mel, etc  Alimentos ricos em micronutrientes (vitaminas - ex. Vit. A, C, B, etc. e minerais - ex. selénio, zinco, ferro, cálcio, etc., que protegem contra as doenças). Ex. Vegetais e frutas (folhas verdes, abóbora, papaia, laranja. Banana, etc.)  Líquidos. Água, sumo de fruta, etc. (8 copos por dia, no mínimo).
  • 49. 33 A OMS recomenda que a suplementação com suplementos de multi- micronutrientes só seja feita caso se comprove a existência de deficiência de micronutrientes, como numa pessoa não portadora de VIH. Os suplementos de multi-micronutrientes não devem substituir uma alimentação equilibrada. Outro aspecto importante é a manutenção da actividade física, que irá contribuir para o aumento da massa muscular e do apetite. É também importante ter cuidados com a higiene alimentar (conservação e preparação adequada dos alimentos para prevenir intoxicações alimentares que poderão provocar diarreias), pessoal e do ambiente. 4.4.1. Aspectos de saúde específicas ligadas as PVHS 4.4.1.1. Perda de peso Segundo RIBEIRO, (2010 e SANTOS, (2012) é extremamente perigoso para PVHS, perderem o peso, porque diminui a imunidade, tornando-as mais vulneráveis as infecções, o que poderá levar a uma morte precoce. O que se deve fazer quando a pessoa começa a registar perda de peso:  Aumentar a quantidade de alimentos e de refeições (fazer lanches, ou comer mais vezes ao longo do dia)  Aumentar (se possível) as proteínas de origem animal, assim como as proteínas vegetais.  Manter-se activa para fortalecer os músculos
  • 50. 34 4.4.1.2. Perda de Apetite Segundo MOÇAMBIQUE (2009/2010), a perda de apetite pode acontecer por várias razões, como por exemplo mal-estar moral e físico, efeitos das infecções (febres), ou devido o efeitos dos medicamentos. O que fazer quando a pessoa tem perda de apetite?  Sempre que possível comer junto com a família e amigos  Comer quando a pessoa tem vontade; comer pequenas porções mais vezes ao dia  Sempre que possível comer comida que a pessoa goste  Evitar o consumo de álcool (o álcool diminui o apetite)  Tomar bebidas energéticas (leite, maheu, papas fermentadas), que fornecem mais energia. 4.4.1.3.Feridas na boca e/ou garganta (candidíase) A candidíase ou herpes podem provocar feridas na boca e na garganta, e comer pode tornar-se muito doloroso e desagradável (MOÇAMBIQUE, 2009/2010). O que fazer quando a pessoa tem feridas na boca e/ou na garganta? De acordo com MOÇAMBIQUE (2009/2010) deve-se:  Comer alimentos leves, macios ou húmidos, como papas, puré, massas, sopas, etc.  Evitar comer alimentos pegajosos (muito açucarados), duros (torradas, biscoitos), comidas ásperas,
  • 51. 35  Evitar comer alimentos ácidos (tomate, ananás, sumo de fruta cítrica, etc.).  Tomar bebidas suaves (sumo de frutas, leite) Se necessário usar uma palhinha para beber.  Mastigar pequenos pedaços de papaia para aliviar a dor 4.4.1.4. Mudanças do paladar De acordo com MOÇAMBIQUE (2009/2010)., as mudanças no paladar podem ser causadas pelos efeitos dos medicamentos, por uma nutrição deficiente, ou pelas Infecções. O que fazer quando a pessoa sofre mudanças no seu paladar? A mesma bibliografia acima diz que deve-se:  Melhorar o sabor dos alimentos através do uso de temperos (salsa, coentros, etc.)  Adicionar sumo de limão na comida, sempre que não tenha feridas na boca  Praticar uma boa higiene oral.  No caso particular da carne, se esta amargar, substitua por outras proteínas, como o feijão, amendoim, leite, aves, etc. 4.4.1.5.Diarreia BRASIL (2006) 60 p e BRASIL (2006) 88 p dizem que, a diarreia pode levar a desidratação e desnutrição, caso os líquidos e nutrientes perdidos não sejam repostos. O que fazer quando uma pessoa tem diarreia?
  • 52. 36 As mesmas referências dizem que deve-se:  Tomar muitos líquidos, entre as refeições e após cada evacuação.  Repor os sais minerais; para tal poderá comer banana, ananás, melão e batata.  Comer alimentos feculentos (arroz, massas, banana), fruta e legumes descascados e cozidos  Evitar comer determinado tipo de fibras (pão integral, legumes crus, peles de fruta, feijão seco).  Evitar o leite e lacticínios  Comer pequenas porções, mais com maior frequência  Reduzir o consumo de gorduras e de açúcares (apenas quando a pessoa tem diarreia). 4.5. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) É uma medida internacional comummente usada para classificação de baixo peso, sobrepeso e obesidade. Seus valores são idade e sexo – independentes. É considerada como uma ferramenta útil para identificar desnutrição ou obesidade (MOÇAMBIQUE, 2009/2010). SEGUNDO MOÇAMBIQUE (2009/2010) o IMC, embora simples e prático, não deve ser utilizado de forma independente para a avaliação nutricional. Quando este é usado associado a outros factores como avaliação clínica, idade, sexo, etnia e nível de aptidão, é mais fidedigno. O IMC é calculado através da divisão entre peso (kg) pela altura (m) 2. A Classificação do IMC pode ser visto no quadro 1 que se segue.
  • 53. 37 Quadro 1: Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC: Classificação IMC: peso (kg)/altura (cm)2 Desnutrição < 18,5 Severa < 16 Moderada 16 a 16,99 Leve 17 a 18,49 Normal 18,5 a 24,99 Sobrepeso ≥ 25 Pré obesidade 25 a 29,99 Obesidade ≥ 30 4.6. BENEFÍCIOS DA PRATICA DE ACTIVIDADES FÍSICAS PARA PVHA A prática regular de actividade física é considerada uma das principais estratégias para a promoção da saúde e prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão arterial, obesidade, depressão e osteoporose (BRASIL, 2012). Com base nos conceitos mais amplos de pratica de actividades físicas nos domínios do lazer e do trabalho, como forma de locomoção/deslocamento e no âmbito domestico, alguns estudos mais recentes tem mostrado benefícios dessas praticas para pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA) (BRASIL, 2012). FLORINDO et al.(apud BRASIL, 2012) verificaram as relações entre gordura centrípeta e a pratica de actividade física no lazer em PVHA que faziam uso de TARV, incluindo exercícios físicos e exportes e como forma de
  • 54. 38 deslocamento mediante bicicleta ou caminhada. Os mesmos autores ainda dizem que, as pessoas que relataram praticar mais exercícios físicos e exportes no tempo de lazer e utilizar a bicicleta ou a caminhada como forma de deslocamento tiveram benefícios na diminuição da gordura centrípeta. De acordo com BRASIL (2012) a maioria dos estudos sobre actividade física para PVHA descreve os benefícios da prática de exercícios físicos sobre o estado clínico geral, capacidade funcional e aptidão física relacionada a saúde, assim como sobre diversos aspectos psicológicos. A mesma literatura diz que, apesar de algumas limitações nos estudos, principalmente quanto a falta de um grupo-controle para a comparação, vale destacar que os principais benefícios evidenciados da prática do exercício físico para as PVHA são: − Não diminui a contagem do numero de linfocitos T CD4+, quando bem orientado e prescrito, com acompanhamento; − Melhora a composição corporal tanto de pacientes em TARV como dos que não fazem uso desta, com diminuição da gordura da região central e da massa gorda total (gordura) e aumento da massa magra total (muscular); − Melhora a aptidão cardiorrespiratória, aumentando o VO2 máximo; − Melhora a forca e a resistência muscular; − Diminui a ansiedade e depressão; − Estimula a aquisição de hábitos de vida saudáveis.
  • 55. 39 4.7. EDUCAÇÃO E ACONSELHAMENTO PARA MODOS DE VIDA SAUDÁVEIS Segundo DIAZ (2010) e THE WORLD BANK (2008), a educação com vista a seguir modos de vida saudáveis pode ajudar a prevenir infecções e melhorar a qualidade de vida das PVHS, e deve incluir informação sobre:  Higiene, como, por exemplo, segurança alimentar e da água, saneamento e higiene pessoal.  Hábitos de estilos de vida, tais como fumam, álcool e abuso de droga, e seus efeitos prejudiciais sobre o consumo, a absorção e o uso de alimentos.  A importância e promoção da quantidade adequada de actividade física, dado que esta mantém a massa muscular, estimula o apetite e aumenta a sensação de bem-estar. Os indivíduos muito ou excessivamente activos podem ter de reduzir o seu nível de actividade física.  A importância de sono adequado e descanso adicional.  A importância e a promoção de práticas de sexo segura a fim de evitar a transmissão do VIH a outras pessoas e prevenir a re-infecção. Apoio psicossocial, uma vez que este reduz a depressão, o estigma e o stress, e melhora a qualidade de vida, muitas vezes com impactos positivos sobre o apetite e o consumo nutricional.  O reconhecimento e tratamento imediato de doenças, bem como a identificação de fontes apropriadas e acessíveis de cuidados. Uma vez que as PVHS, muitas vezes, ficam doentes, com doenças que afectam o consumo e o estado nutricionais, qualquer doença deve ser tratada rapidamente.
  • 56. 40 5. MATERIAL E MÉTODO 5.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Para atingir os objectivos propostos, a pesquisa baseou-se no método científico indutivo. Este estudo classificou-se: − Segundo a natureza das variáveis como qualitativo. − Segundo estado do conhecimento e alcance de resultados como descritivo. − Segundo a direcção no tempo como longitudinal e prospectivo 5.2. PLANO AMOSTRAL 5.2.1. Universo Constituiu o universo do estudo, todos pacientes adultos portadores de HIV-SIDA assistidos nas consultas externas de centro de saúde número 3 da cidade de Tete no período da pesquisa. Desta feita o universo foi constituído por 2900 pacientes. 5.2.2. Amostra Foram seleccionados como amostra todos pacientes que foram submetidos a medição do índice da massa corporal (IMC) e os que deram o seu consentimento informado. Neste caso, a amostra seleccionada foi de 245 pacientes.
  • 57. 41 5.2.3. Tipo de Amostragem A amostragem foi de conveniência não probabilístico e intencional. Por isso que não se realizou o cálculo amostral neste estudo. 5.3. Critérios de Inclusão: − Ser pacientes portadores de HIV-SIDA do Centro de Saúde número 3 em Tete atendidos nas consultas externas; − Ser medido o IMC no momento da consulta; − Ser de Idade compreendida entre 18 a 47 anos de ambos sexos; − Assinar o termo consentimento informado, para participarem da pesquisa; − Ser pacientes aptos mentalmente 5.4. Critério de Exclusão − Ser pacientes com idade inferior e superior a escala de 18-47 anos; − Abandonar o estudo por diferentes motivos; − Não assinar o termo de consentimento informado por forma a participar da pesquisa no período da pesquisa. − Não ser medido o IMC no momento da consulta − Ser mulher grávida portadora de HIV-SIDA − Ser paciente sem o processo clínico no Centro de Saúde número 3 de Tete − Estar em tratamento da TB mas sendo PVHS.
  • 58. 42 5.5. VARIÁVEIS Variáveis biossociais: a idade e o sexo, nível de escolaridade do paciente e Professional e o nível de conhecimento nutricional dos mesmos, nível económico familiar. Variáveis clínicas: peso, patologias que comprometem a alimentação dos pacientes, número de refeições diário, tipo de alimentos ingeridos e prática de actividade física. 5.5.1. Variáveis e sua Operacionalização A operacionalização das variáveis usadas na pesquisa está no quadro 2 a seguir: Quadro 2: operacionalização das variáveis da pesquisa. Variáveis Tipos Escala Descrição Idade Quantitativa contínua 18-22 23-27 28-32 33-37 38-42 43-47 Segundo a idade adulta que possui Sexo Qualitativa nominal dicotómica Masculino Feminino Segundo o género biológico que pertence Segundo o consumo de cada refeição Baixo (Abaixo de 1 dólar por cada
  • 59. 43 Nível Económico dos pacientes Quantitativa discreta diário de cada paciente ou família refeição diária) <30,00mt Regular (Um dólar por cada refeição diária) ≈30,00mt Alto (Acima de um dólar por cada refeição diária)> 30,00mt Baixo Regular Alto Nível de escolaridade do paciente Qualitativa ordinal Segundo o último grau atingido: Primário (se frequentou da 1ª a 7ª classe) Secundário (se frequentou da 8ª a 10ª classe) Pré-universitário (se frequentou da 11ª a 12ª classe) Universitário (se frequentou um curso de nível superior) Primário Secundário Pré-universitário Universitário
  • 60. 44 Nível de Conhecimento nutricional do paciente Qualitativa ordinal dicotómica De acordo com as respostas do questionário no apêndice III: -Conhecedor -Não conhecedor Conhecedor (se a pontuação das resposta do questionário for de 70-100 pontos). Não conhecedor (se a pontuação das resposta do questionário for abaixo de 70 pontos). Prática de actividade física Qualitativa ordinal dicotómica De acordo com o nível de actividade física praticada Activo Inactivo ACTIVO: pessoa que pratica actividade física moderada por, pelo menos, 30 minutos, 5 vezes por semana, ou actividade física vigorosa por, pelo menos, 20 minutos, 3 vezes por semana. INATIVO: pessoa
  • 61. 45 que pratica actividade física moderada ou vigorosa por menos de 10 minutos contínuos por semana. Peso Quantitativa contínua Segundo índice da massa corporal (IMC): Peso insuficiente Normopeso Sobrepeso de grau I Sobrepeso de grau II De acordo ao valor obtido se classifica em: Peso insuficiente: <18,5 Normopeso: 18,5 - 24,9 Sobrepeso de grau I: 25,0 - 26,9 Sobrepeso de grau II (pré obesidade): 27,0 – 29,0 Número de refeições diárias Quantitativa descontínua Frequência de número de refeições passada por dia Duas: se tiver almoço e jantar. Três: se tiver
  • 62. 46 Duas Três Quatro Seis Almoço, jantar e mata-bicho. Quatro: se tiver mata-bicho, almoço, lanche da tarde e jantar. Seis: se tiver mata-bicho, lanche da manha, almoço lanche da tarde, jantar e ceia. Tipo de alimento ingerido Qualitativa ordinal De acordo com o grupo de alimentos ingeridos nas refeições diárias: Construtor Energéticos Reguladores Plástica ou construtora (proteínas): são importantes para a construção do organismo, como os nossos ossos, pele e músculos. Energéticos (carboidratos e gorduras): fornecem energia para as
  • 63. 47 actividades do dia-a-dia. Reguladores (vitaminas e sais minerais): são necessários ao bom funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de doenças e no crescimento. Patologia que podem comprometer a alimentação do paciente Qualitativa ordinal De acordo com a frequência das patologias: Diarreia Anemia Candidíase oral e esofágica Anorexia Diarreia: Evacuação frequente de fezes líquidas e abundantes; fluxo de ventre Anemia: Deficiência de hemácias ou hemoglobina no sangue circulante.
  • 64. 48 Candidíase: Infecção devida a fungos do género Candida; monilíase Anorexia: Redução ou perda de apetite; inapetência. Nível de escolaridade do profissional Qualitativa ordinal Segundo o último grau atingido: Técnico básico Técnico médio Técnico superior Licenciado ou médico -Técnico básico (se frequentou um curso básico de saúde) -Técnico médio (se frequentou um curso médio de saúde) -Técnico superior Licenciado ou médico (se frequentou um curso superior de saúde)
  • 65. 49 Tempo de serviço dos profissionais Quantitativa continua <1 Ano 1-3 Anos 4-6 Anos 7-10 Anos >10 Segundo o tempo de serviço de cada funcionário no centro numero 3 Nível Conhecimento nutricional do profissional que atendem os pacientes com HIV-SIDA Qualitativa ordinal De acordo com as respostas do questionário no apêndice II: -Mau -Regular -Bom Mau (se a pontuação das resposta do questionário for abaixo de 70 pontos). Regular (se a pontuação das resposta do questionário for de 70-90 pontos) Bom (se a pontuação das resposta do questionário for de 90-100 pontos).
  • 66. 50 O IMC (Índice de massa corporal) obteve-se calculando e aplicando a fórmula segundo Quetelet: IMC = P/T2 onde: P = Peso (Kg) e T2 = quadrado da altura (m) De acordo ao valor obtido classificou-se conforme ilustra a tabela de variáveis acima. 5.6. TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS Como técnicas de recolha de dados da pesquisa, utilizou-se instrumentos específicos que ajudaram no alcance dos objectivos propostos como: O Questionário, o formulário e revisão do historial clínico colectados e revisão bibliográfica. Questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma serie ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante, sem a presença do pesquisador. As perguntas podem ser abertas ou fechadas. (GERHARDT & SILVEIRA, 2009). O questionário foi aplicado aos funcionários como instrumento de colecta de dados sem a presença do pesquisador. Formulário é o nome geralmente usado para designar uma colecção de questões que são formuladas e anotadas por um entrevistador, numa situação face a face com o entrevistado (GERHARDT & SILVEIRA, 2009). O Formulário foi aplicado aos pacientes do centro de saúde número 3 seleccionados como amostra da pesquisa como um instrumento de colecta de dados na presença do pesquisador.
  • 67. 51 A revisão do historial clínico dos pacientes foi aplicada para recolher dados referente a nutrição ou outros dados pertinentes a elaboração do programa já patenteados sobre os pacientes, que os mesmos não tenham fornecido por diversos motivos durante a entrevista. A revisão bibliográfica foi útil para a actualização de informação nutricional a este grupo específico de pacientes sempre que necessário. 5.6.1. Procedimentos Metodológicos da Pesquisa Para levar a cabo a elaboração da proposta do programa de educação sanitária alimentar em pacientes portadores de HIV-SIDA definiu-se como base os conhecimentos bromatológicos e a bibliografia do Ministério de Saúde Brasileira com titulo “Alimentação e Nutrição para pessoas vivendo com HIV- SIDA” adaptando-o de acordo com as condições da população Moçambicana e as particularidades do sistema de saúde de Moçambique. Na 1ª fase da pesquisa, recolheu-se os dados referentes às variáveis como a idade, o sexo, nível de escolaridade, nível económico, nível de conhecimento nutricional, numero de refeições diárias, tipo de alimentos ingeridos, prática de actividade física, peso e patologias que comprometem a alimentação dos portadores de HIV-SIDA usando um formulário (apêndice II) e para a execução da entrevista aos pacientes seleccionados como amostra, os mesmo tiveram que assinar o consentimento informado (apêndice I) para participar da pesquisa. Em algumas circunstâncias teve-se que rever as histórias clínicas dos pacientes para colectar ou confrontar os dados colectados. Com estes dados caracterizou-se a amostra em estudo segundo essas mesmas variáveis acima citadas, que foi útil para identificação do estilo de vida alimentar, a frequência de patologia que comprometem a alimentação e
  • 68. 52 determinação dos problemas associados a alimentação e com isso facilitou o desenho e elaboração da proposta do programa em questão. O nível de conhecimento nutricional dos pacientes foi obtido de acordo com as respostas dadas pelos pacientes na secção dois (2) do formulário (apêndice III) e foram classificados em: conhecedor se a pontuação fosse de 70-100 e não conhecedor se a pontuação fosse abaixo de 70 pontos. Entretanto, enquanto se executava as entrevistas aos pacientes, ao mesmo tempo distribuiu-se o questionário (apêndice II) aos profissionais com o objectivo de colectar dados referentes ao tempo de serviço, idade, sexo, nível de escolaridade, nível de conhecimento nutricional dos mesmos sem a presença do pesquisador. O nível de conhecimento dos funcionários foi avaliado de acordo as respostas dadas na segunda secção do questionário no apêndice II com base nas pontuações adquirida nas respostas certas em: Mau (se a pontuação das resposta do questionário for abaixo de 70 pontos), Regular (se a pontuação das resposta do questionário for de 70-90 pontos) e Bom (se a pontuação das resposta do questionário for de 90-100 pontos). Dados que depois de colectados e processados contribuíram para adequação do programa em questão e estabelecimento de prioridade da informação ou mensagem que entraram nos folhetos que foram usados para a promoção de saúde alimentar a esses pacientes. A 2ª fase concentrou-se na elaboração da proposta do programa de educação sanitária alimentar para pacientes portadores de HIV-SIDA de acordo com as condições analisadas nos dados colectados.
  • 69. 53 Este programa como fase inicial, se executaria através dos seguintes passos: 1. Incorporar materiais (dípticos) orientadores para colocar nas histórias clínicas dos ambulatórios onde se abordará: a) O que é uma alimentação saudável; b) Alimentos que deve ingerir em sua dieta diária; c) Higiene de alimento; d) A medicação e a alimentação. 2. Fazer actividade de promoção e educação a nível das consultas externas do centro de saúde com apoio do pessoal enfermeiro para promover uma alimentação saudável, baseada na queixa principal (HIVSIDA) do paciente. 3. Capacitar in situ o pessoal enfermeiro e médicos com atenção directa a estes pacientes em tema de nutrição para que eles orientem sistematicamente aos pacientes quanto ao que devem incorporar em sua alimentação fixa diária. Também contemplaria nesta fase, o serviço de promoção de saúde a esses pacientes com base em folhetos retratando acerca da alimentação saudável. 5.7. ANALISE E PROCESSAMENTO DE DADOS Toda a informação que obteve-se, foi depositada em uma base de dados e realizou-se o processamento da mesma de forma computadorizada e, os resultados numéricos ou percentuais foram apresentados em tabelas e gráficos utilizando o Microsoft Office Excel.
  • 70. 54 5.8. ASPECTOS ÉTICOS O estudo foi realizado após a aprovação pelo Conselho de Ética e Cientifico da Universidade Zambeze – Faculdade de Ciências de Saúde, sem a identificação dos pacientes e dos profissionais da equipa de saúde envolvidos na pesquisa e foi assegurado o sigilo e a confidencialidade.
  • 71. 55 CAPITULO II- RESULTADOS E DISCUSSÕES 1. RESULTADOS 1.1. Organização do centro de saúde número 3 de tete O centro de saúde número 3 de tete conta com 10 serviços principais como os de laboratório, farmácia, banco de socorro, consultas externas, TARV, PNCTL, SMI, PAV, CCR e ATS. Para a execução destas actividades contam com um total de 44 funcionários dos quais 10 são técnicos médios, 17 técnicos básicos, 2 digitadores (nos computadores), 10 agentes de serviço 4 auxiliares e 1 fenda. Dentre esses funcionários 10 são homens e 34 são mulheres. Todos esses funcionários são administrados por um Director do centro de saúde e um Director clínico do centro de saúde que coordenam e orientam essas actividades sob a orientação da Direcção Provincial de Saúde de TETE. 1.2. Estrutura do serviço nutricional do centro de saúde número 3 O serviço de nutrição do centro de saúde número 3 de Tete, esta inserida dentro dos serviços de C.C.R do centro. Por sua vez, de modo a permitir o acesso a este serviço nutricional a outros pacientes, os funcionários do serviço de C.C.R têm recebido pacientes portadores de HIV-SIDA, TB, PAV e outros em ambulatório.
  • 72. 56 É de referir que esses pacientes em particular os portadores de HIV- SIDA só tem acesso a esses serviço nutricional quando a avaliação do IMC for menor ou igual a 16g/m2 i, isto é, desnutrição grave. Dentre os serviços nutricional oferecido encontrava-se: - O suplemento alimentar Este serviço consiste em submeter os pacientes no consumo de alimentos já programado com suporte energético como a soja e papinate. De referir que esses pacientes são submetidos a um controle mensal do seu IMC durante seis meses para avaliar se os mesmos atingiram ou não os valores considerados normais para voltarem a dieta normal. - Programa mundial de alimentação O centro de saúde número 3 de Tete, tem acesso ao programa mundial de alimentação, no entanto, esse programa chega ao centro de saúde através do INSS de modo a oferecer alimentos a pessoas carentes avaliados como desnutridos gravemente. Dentre os alimentos disponibilizados aos pacientes encontravam-se: farinha de milho, leite, feijão, sumo, óleo, amendoim, etc.. Entretanto, existe um défice de informações e serviço sobre nutrição regrada por não possuir um nutricionista ou profissionais peritos no assunto e muito menos para acompanhar a avaliação nutricional dos pacientes portadores de HIV-SIDA.
  • 73. 57 1.3. RESULTADO DA PRIMEIRA FASE Para a elaboração do programa de educação sanitária alimentar para pacientes portadores de HIV-SIDA foi necessário a identificação e caracterização dos pacientes incluídos no estudo para melhor adequação do programa. 1.3.1. Identificação e caracterização dos pacientes incluídos no estudo Para efectivar-se a elaboração do programa, selecionou-se os pacientes adultos portadores de HIV-SIDA de ambos os sexos atendidos nas consultas externas, durante o período de estudo, como se reflecte na tabela I. Incluiu-se um total de 245 pacientes (100%). Dos quais 156 foram Feminino (63,7%) e 89 foram Masculino (36,3%), onde revelou-se um número elevado para o sexo Feminino. Tabela I: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA atendidos segundo o sexo Pacientes atendidos Sexo Total Feminino Masculino N◦ % N◦ % N◦ % 245 156 63.7 89 36.3 245 100.0 Fonte: Formulário Na tabela II pode-se observar a prevalência do grupo etário entre 23-27 anos (26,5%) e ainda o mesmo grupo etário com 14,7 % do sexo feminino e 11,8% no sexo masculino do total de pacientes avaliados (245 pacientes).
  • 74. 58 Tabela II: Distribuição dos pacientes portadores de HIV-SIDA segundo grupo etário e sexo Grupo Etário Sexo TotalFeminino Masculino N◦ % N◦ % N◦ % 18-22 30 12.2 18 7.3 48 19.6 23-27 36 14.7 29 11.8 65 26.5 28-32 19 7.8 17 6.9 36 14.7 33-37 23 9.4 2 0.8 25 10.2 38-42 13 5.3 15 6.1 28 11.4 43-47 35 14.3 8 3.3 43 17.6 Total 156 63.7 89 36.3 245 100.0 Fonte: Formulário Relacionando o nível de escolaridade por sexo, observou-se que no nível de escolaridade predominante (o primário com 33,5%) o sexo feminino foi elevado com 22,4% do total de 245 pacientes. Alem disso, comparando entre os totais do sexo feminino e masculino que não tem nenhum nível de escolaridade, o sexo feminino lidera com 16,7% conforme mostra a tabela III.
  • 75. 59 Tabela III: Relação do nível de escolaridade dos pacientes portadores de HIV-SIDA com sexo Nível de escolaridade Sexo TotalFeminino Masculino N◦ % N◦ % N◦ % Primário 55 22.4 27 11.0 82 33.5 Secundário 41 16.7 36 14.7 77 31.4 Pré-universitário 18 7.3 9 3.7 27 11.0 Universitário 1 0.4 0 0.0 1 0.4 Nenhum nível 41 16.7 17 6.9 58 23.7 Total 156 63.7 89 36.3 245 100.0 Fonte: Formulário. De uma forma mais ilustrativa pode-se observar no gráfico 1 a predominância de nível de escolaridade dos pacientes entrevistados.
  • 76. 60 Gráfico 1: Predomínio de nível de escolaridade dos pacientes. Fonte: Tabela III Observando ainda o nível de escolaridade mais baixo com elevado número (o primário com 33,5%) por grupo de idade, 8,6% é a percentagem mais alta de todos os grupos etários e que neste caso pertence aos de idade 43-47 e, analisando ainda os que não possuem nenhum nível de escolaridade, este mesmo grupo de idade lidera com 5,7% do total de pacientes conforme mostra a tabela IV. É algo para se afirmar que o nível baixo de escolaridade reside no grupo de idade de 43-47.
  • 77. 61 Tabela IV: Comportamento do nível de escolaridade segundo grupo de idade. Grupo Etário Nível de escolaridade TotalPrimário Secundário Pré- universitário Universitário Nenhum N◦ % N◦ % N◦ % N◦ % N◦ % N◦ % 18-22 10 4.1 32 13.1 3 1.2 1 0.4 2 0.8 48 19.6 23-27 19 7.8 23 9.4 5 2.0 0 0.0 18 7.3 65 26.5 28-32 19 7.8 9 3.7 2 0.8 0 0.0 6 2.4 36 14.7 33-37 5 2.0 1 0.4 9 3.7 0 0.0 10 4.1 25 10.2 38-42 8 3.3 6 2.4 6 2.4 0 0.0 8 3.3 28 11.4 43-47 21 8.6 6 2.4 2 0.8 0 0.0 14 5.7 43 17.6 Total 82 33.5 77 31.4 27 11.0 1 0.4 58 23.7 245 100.0 Fonte: Formulário Em relação ao nível económico dos pacientes estudados, mostrou um valor elevado para os que tem um nível económico baixo (45%), seguido de 35% para os pacientes com um nível económico regular e 20% para os de nível económico alto segundo o rendimento mensal como mostra a tabela V e ilustra a o gráfico 2.
  • 78. 62 Tabela V: Comportamento do nível económico dos pacientes entrevistados. Nível Económico Número de pacientes Percentagem Alto 49 20.0% Regular 85 34.7% Baixo 111 45.3% TOTAL 245 100.0% Fonte: Formulário Gráfico 2: Relação do nível económico da amostra estudada Fonte: tabela V Analisando o nível de conhecimento nutricional dos pacientes, verificou- se que 77% dos pacientes entrevistados não possuíam o conhecimento
  • 79. 63 nutricional e 23% é que possuíam o conhecimento nutricional básico, de um total de 245 pacientes. Analisando ainda o nível de conhecimento nutricional por sexo do total dos pacientes envolvidos no estudo, notou-se um valor percentual dos que possuem o conhecimento nutricional de 13,9% para o sexo feminino e 9% masculino e, dos que não possuem o conhecimento nutricional 49,8% correspondiam ao sexo feminino e 27,3% para masculino de acordo com a tabela VI. Tabela VI: Comportamento do nível de conhecimento nutricional segundo sexo Sexo Nível de conhecimento nutricional Total Conhecedor Não conhecedor N◦ % N◦ % N◦ % Feminino 34 13.9 122 49.8 156 63.7 Masculino 22 9.0 67 27.3 89 36.3 Total 56 22.9 189 77.1 245 100.0 Fonte: Formulário Distribuindo o nível de conhecimento nutricional por grupo de idade notou-se quanto aos que possuíam o conhecimento nutricional, os de faixa etária de 18-22 anos (5,7%) eram os que possuíam maior número em relação a outras faixas etária e dos que não possuíam o conhecimento nutricional, 21,6% foi o valor percentual mais alto em relação as outras faixas etárias e pertencia a faixa etária de 23-27 anos conforme mostra a tabela VI.
  • 80. 64 Tabela VII: Comportamento do nível de conhecimento nutricional segundo grupo de idade. Grupo etário Nível de conhecimento nutricional Total Conhecedor Não conhecedor N◦ % N◦ % N◦ % 18-22 14 5.7 34 13.9 48 19.6 23-27 12 4.9 53 21.6 65 26.5 28-32 6 2.4 30 12.2 36 14.7 33-37 8 3.3 17 6.9 25 10.2 38-42 9 3.7 19 7.8 28 11.4 43-47 7 2.9 36 14.7 43 17.6 Total 56 22.9 189 77.1 245 100.0 Fonte: Formulário Quanto ao hábito de prática de actividade física, dos pacientes entrevistados, 80% mostraram a prática de actividade física inactiva dos quais 52% são do sexo feminino e, 20% afirmaram possuir a prática de actividade física activa conforme mostra a tabela VIII.
  • 81. 65 Tabela VIII: Comportamento do hábito de prática de actividade física nos pacientes. Sexo Prática de actividade física TOTAL Activo Inactivo N % N % N % Feminino 28 11% 128 52% 156 63.7 Masculino 21 9% 68 28% 89 36.3 Total 49 20% 196 80% 245 100.0 Fonte: Formulário. 1.3.2. Determinação da frequência das patologias que comprometem a alimentação dos pacientes portadores de HIV-SIDA. Muitas vezes os pacientes portadores de HIV-SIDA têm afeções que lhes pode comprometer na alimentação como a candidiase, a diarreia, a anorexia, a fadiga, a anemia entre outras. A tabela IX a seguir, mostra algumas patologias sofridas pelos pacientes em estudo e que podem de uma ou de outra maneira afectar na nutrição dos mesmos, onde a anorexia predomina com 35,1% de seguida a diarreia com 15,9% posteriormente vem 8,8% da anemia, 3,3% da candidíase e associação de outras patologias múltiplas 37,1%.
  • 82. 66 Tabela IX: Comportamento de frequência das patologias que comprometem na alimentação dos pacientes entrevistados. Patologias Frequências (n) % Anemia 21 8.6% Anorexia 86 35.1% Candidiase 8 3.3% Diarreia 39 15.9% Outras patologias 91 37.1% TOTAL 245 100.0% Fonte: Formulário 1.3.3. Identificação do estilo de vida alimentar dos pacientes com HIV- SIDA. Para a identificação do estilo de vida alimentar dos pacientes com HIV- SIDA entrevistados, tornou-se importante usar um dos dados antropométricos, neste caso foi o IMC, de seguida, a situação económica (gráfico 2), número de refeições por dia, e alimentos consumidos diariamente, dos quais obteve-se os seguintes resultados: A avaliação do peso a partir de IMC permitiu predizer que 26% da amostra estavam com normopeso, 63% com peso insuficiente, 7% com sobrepeso grau I e 4% com sobrepeso grau II (gráfico 3). Na tabela X destaca- se a predominância do sexo feminino com peso insuficiente (42%) e sobrepeso do grau II 3,7%.
  • 83. 67 Tabela X. Comportamento do IMC segundo sexo Sexo IMC Peso insuficiente Normopeso sobrepeso grau I sobrepeso grau II Total N % N % N % N % N % Feminino 103 42.0% 34 13.9% 10 4.1% 9 3.7% 156 63.7% Masculino 52 21.2% 31 12.7% 6 2.4% 0 0.0% 89 36.3% Total 155 63.3% 65 26.5% 16 6.5% 9 3.7% 245 100.0% Fonte: Formulário Gráfico 3. Comportamento do IMC na amostra avaliada Fonte: tabela X A frequência de número de refeições que cada paciente tem passado por dia da avaliação feita obteve-se 15,9% para os que tem passado duas refeições diárias, 60,4% para os que tem passado três refeições diárias, 22,9% para os que tem quatro refeições diárias e simplesmente 0,8% com seis refeições diárias como mostra a gráfico 4 e tabela XI. E ainda na tabela XI
  • 84. 68 pode-se ver que os de sexo feminino sempre se destacaram com maior percentagem em cada número de refeições passadas diariamente. Tabela XI: Frequência de número de refeições diárias Sexo Número de refeições diário Duas Três Quatro Seis Total N % N % N % N % N % Feminino 35 14.3% 86 35.1% 33 13.5% 2 0.8% 156 63.7% Masculino 4 1.6% 62 25.3% 23 9.4% 0 0.0% 89 36.3% Total 39 15.9% 148 60.4% 56 22.9% 2 0.8% 245 100.0% Fonte: Formulário Gráfico 4. Frequência de número de refeições diária na amostra avaliada. Fonte: Tabela XI
  • 85. 69 Ao avaliar-se a frequência de número de refeições tomada diariamente tornou-se importante observar também a frequência de tipo de alimentos ingeridos diariamente de acordo com o grupo de alimentos que são: construtores, energéticos e protetores, onde revelou-se que todos os pacientes (245) conseguiam ter alimentos energéticos mas para alimentos construtores só 242 conseguiam ter diariamente e para alimentos protetores 130 demostraram que conseguiam ter nas refeições diárias, como demonstra a tabela XII a seguir. Tabela XII: Frequência de consumo de alimentos diários segundo o tipo de alimentos. Tipo de alimento Frequência de consumo Construtores 242 Energético 245 Reguladores 130 Fonte: Formulário 1.3.4. Determinação dos problemas que compromentem com alimentação. Dentre os problema que comprometem com a alimentação pode-se notar de acordo com os resultados acima explanados os seguintes:  Baixas Condições económicas;  Baixo Nível de escolaridade;  Fraco conhecimento nutricional;
  • 86. 70  Presença frequente de patologias que comprometem na alimentação com destaque para anorexia; 1.3.5. Caracterização dos funcionários do centro de saúde número 3 que atendem os pacientes HIV-SIDA directamente O centro de saúde número 3 de Tete, conta com 14 funcionários que lidam directamente com os pacientes portadores de HIV-SIDA nas consultas externas, laboratório e Farmácia, dos quais 10 são mulheres e 4 são homens. Do questionário aplicado foi possível saber que o Centro de Saúde número 3 de Tete funciona com 8 técnicos médios e 6 técnicos básicos e no entanto zero (0) técnicos superior e licenciados respectivamente dos 14 que trabalham directamente com PVHS conforme mostra a tabela XIII sobre o nível de escolaridade dos funcionários, Tabela XIII: Relação de nível de escolaridade, nível de conhecimento nutricional e tempo de serviço dos funcionários do centro de saúde numero 3. Funcionários do centro numero 3 Nível de escolaridade Nível de conhecimento nutricional Tempo de serviço Técnico básico Técnico médio Técnico superior Mau Regular Bom >1Ano 1-3Anos 4-6Anos 7-10Anos <10Anos N N N N N N N N N N N 14 6 8 0 6 8 0 4 4 2 4 0 Fonte: questionário Quanto ao tempo de serviço dos funcionários do centro de saúde numero 3 de Tete verificou-se que 29% eram os de menos de 1 ano de serviço,
  • 87. 71 29% eram de 1-3 anos de serviço 29% eram de 7-10 anos e 4-6 anos eram 14% bem como 0% eram os de mais de 10 anos de serviço como mostra a Tabela XIII., Os funcionários bem como os pacientes foram unânimes em afirmar que seria muito importante a existência de um programa de educação sanitária alimentar direccionado aos pacientes portadores de HIV-SIDA e bem como para outros tipos de patologias com o intuito de melhoria de estilo de vida e da saúde dos mesmos dada a grande importância que os alimentos têm para a saúde humana. 1.4. RESULTADOS DA SEGUNDA FASE 1.4.1. Elaboração da proposta de programa de educação sanitária alimentar aos pacientes portadores de HIV-SIDA. Tendo em conta os problemas encontrados na população em estudo o programa estará composto da seguinte maneira: 1. Introdução O programa de educação sanitária alimentar em pacientes adultos portadores de HIV-SIDA, tem como objectivo trazer informações sobre alimentação e nutrição para pessoas vivendo com HIV/SIDA que auxilie no seu dia-a-dia trazendo orientações sobre pratica alimentares mais saudáveis, como se alimentar em situações especiais, cuidar melhor da higiene e segurança alimentar, aproveitando melhor os alimentos, educando-as a ter hábitos de vida alimentar mais saudável positivamente ajudando a elevar a boa cultura alimentar, contribuindo assim na melhoria da qualidade de vida dos mesmos
  • 88. 72 2. Desenvolvimento Este programa se executa através dos seguintes passos: 1. Capacitação in situ regular do pessoal do centro de saúde. Esta fase consiste em capacitar o pessoal de enfermagem, farmacêuticos e médicos com atenção directa a estes pacientes em tema de nutrição para que eles orientem sistematicamente aos pacientes quanto ao que devem incorporar em sua alimentação diária. Plano de acção Actividade Objectivo Métodos Intervenientes Executor Meios Prazo Capacitação Incutir nos capacitados informações sobre alimentação e nutrição para pessoas vivendo com HIV/SIDA Expositivo (recorrend o a palestra e seminários ) Médicos, farmacêuticos, enfermeiros e ativistas Responsáveis pelo programa Manuais de nutrição , data show, comput ador, folham A4 esferogr áficas Uma seman a em cada três meses Reconhecim ento de alimentos mais Reconhecer de alimentos mais importante Ilustrativo/ observaçã o (visitando Médicos, farmacêuticos, enfermeiros e ativistas Responsáveis pelo programa Fotograf ias, transpor te Uma vez em cada
  • 89. 73 importante existente na região existente na região a ser recomendado aos pacientes os mercados) seman a 2. Incorporar materiais (dípticos) orientadores nas histórias clínicas dos pacientes ambulatórios onde aborda (Apêndice IV): a) O que é uma alimentação saudável; b) Alimentos que deve ingerir em sua dieta diária; c) Higiene de alimento; d) A medicação e a alimentação. 3. Execução de actividade de promoção e educação nutricional a nível das consultas externas do centro de saúde. Plano de acção Actividade Objectivo Métodos Intervenientes Executor Meios Prazo Promoção e educação nutricional em pacientes portadores de HIV/SIDA Incutir nos pacientes vivendo com HIV/SIDA informaçõe s sobre alimentaçã Expositivo (recorrendo a palestra e conversa particular) Pacientes portadores de HIV/SIDA e familiares Responsáv eis pelo programa Médicos, farmacêutic os, enfermeiros e ativistas Manua is de nutriçã o, retropr ojetor, compu tador, Perma nente
  • 90. 74 o e nutrição e cuidados especiais capacitados folhas A4 esfero gráfica s Reconhecime nto de alimentos mais importante existente na região Reconhece r de alimentos mais importante existente na região a ser recomenda do aos pacientes Ilustrativo/obs ervação (visitando os mercados) Pacientes portadores de HIV/SIDA e familiares Responsáv eis pelo programa, Médicos, farmacêutic os, enfermeiros e ativistas capacitados Fotogr afias, transp orte Uma vez em cada seman a Também contempla nesta fase o serviço de promoção de saúde a esses pacientes e seus familiares com base em folhetos e acção comunitária radiofónico e porta a porta retratando acerca da alimentação saudável.
  • 91. 75 2. DISCUSSÕES Caracterizando a população estudada durante o período da pesquisa para a elaboração do programa a partir dos resultados acima obtidos, dos 245 pacientes adultos de ambos os sexos atendidos nas consultas externas no centro de saúde numero 3, portadores de HIV-SIDA, 156 eram de sexo Feminino (63,7%) e 89 eram de sexo Masculino (36,3%), onde revelou-se um numero elevado para o sexo Feminino o que reflecte um fenómeno de feminização do HIV-SIDA em Moçambique, este fenómeno coincide com os resultados do INSIDA (2009) que indicavam em 11.5% dos Moçambicanos adultos de 15-49 anos de idade infectados por HIV-SIDA da população total do pais, havia mais mulheres infectadas (13.1%) comparativamente aos homens (9.2%). Um estudo realizado por ROCHA & SCHUCH (2009) no Brasil com o titulo “Perfil alimentar e nutricional dos pacientes VIH positivo atendidos em um serviço público de saúde de Porto Alegre” também revelou uma tendência a feminização do HIV/SIDA com uma percentagem de 47%. Facto que leva a afirmar-se que a cada tempo que passa o VIH infecta cada vez mais as mulheres A Prevalência do HIV-SIDA por grupo etário atingiu o pico mais alto entre 23-27 anos de idade (26,5%) e ainda no mesmo grupo etário notificou-se com um elevado numero para o sexo feminino com 14,7 % em relação ao sexo masculino com 11,8%. Esses resultados estão de acordo com o INSIDA (2009) que mostra que a prevalência entre mulheres e homens cresce com a idade até atingir o pico máximo, que para as mulheres foi entre os 25-29 anos (16.8%) e só se contraria para os homens que eram da faixa etária de 35-39 anos