O documento descreve a música na Idade Média, incluindo:
1) A influência da Igreja Católica na música medieval através da criação do canto gregoriano e dos diferentes estilos regionais como o canto ambrosiano.
2) A organização dos cantos litúrgicos por São Gregório Magno no século VI através da Schola Cantorum.
3) Os diferentes tipos de cantos religiosos como antífonas, himnos e salmos.
1. A MÚSICA NA IDADE MÉDIA
MARCOS FILHO
Universidade Federal de São João del-Rei
Departamento de Música
2. P R O F. M A R C O S F I L H O
HILÁRIO, Franco Júnior. A Idade Média, nascimento do
ocidente. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.
Novas pesquisas historiográficas no século XX
desmistificam os preconceitos referentes à Idade
Média. (Heranças na cultura ocidental)
O termo “ medieval ” vem da expressão latina
"medium aevum" (época intermediária) dada
pelos historiadores renascentistas ao período
compreendido entre o desaparecimento do
Império Romano e os novos interesses pela
cultura greco-romana no século 15.
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3. P R O F. M A R C O S F I L H O
Divisão tradicional da Idade Média adotada
por alguns historiadores:
Primeira Idade Média: Séc. IV a meados do século VIII.
Fundamentos da Idade Média (herança romana clássica, herança
germânica, cristianismo.
Alta Idade Média: (meados do séc. VIII – fins do X). Nova unidade
política de Carlos Magno. Dinastia Carolíngia. Aumento do poder da
Igreja Católica.
Idade Média Central: (XI-XIII). Feudalismo. Expansão territorial.
Expansão populacional. Cruzadas.
Baixa Idade Média: (XIV- meados do séc. XVI). “Crises e rearranjos
parto dos novos tempos, a Modernidade”.
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4. P R O F. M A R C O S F I L H O
Estruturas políticas, econômicas e sociais
Estruturas políticas: Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e
suserania. A sucessão dos grandes imperadores se dava por via hereditária e sob o aval da
Igreja Católica.
Estruturas econômicas: A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura.
Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e
mercadorias eram comuns na economia feudal. O artesanato também era praticado na
Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram
extremamente rudimentares.
Estruturas sociais: A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e
hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes).
O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois eram responsáveis pela
proteção espiritual da sociedade. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos
(camponeses) e pequenos artesãos.
Educação, artes e cultura: A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres
estudavam. Marcada pela influência da Igreja, aprendiam o latim, ensinamentos religiosos e
táticas de guerras. Pode-se afirmar que toda a “produção artística” da Idade Média sofreu
completa influência da Igreja.
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5. P R O F. M A R C O S F I L H O
As Guerras: A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter
poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e o poder.
As Cruzadas: No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os
muçulmanos conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém. Diante dessa situação, o papa
Urbano II convocou a Primeira Cruzada (1096), com o objetivo de expulsar os "infiéis"
(árabes) da Terra Santa.
Peste Negra ou Peste Bubônica: Em meados do século XIV, uma doença devastou a
população européia. Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes
morreram desta doença.
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6. P R O F. M A R C O S F I L H O
Informações acerca do histórico da Igreja Católica
O cristianismo tem início com Saulo (Paulo de Tarso). Inúmeras
viagens e disseminação das idéias de Cristo pelo Império Romano
do oriente e do ocidente.
Nos primeiros séculos perseguição aos cristãos. Proibição dos
cantos.
Séc. I, II e III representava apenas grupos dispersos.
Inexistência de uma doutrina específica unificada.
Séc. III proibição da Igreja por parte do Império.
Séc. IV (313) Decreto de autorização. A Igreja é permitida pelo
Império Romano.
Séc. IV (381) A Igreja é decretada a Religião oficial do Império
Romano.
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7. P R O F. M A R C O S F I L H O
Informações acerca do histórico da Igreja Católica (cont.)
Ano 395 Separação dos Impérios Romano Ocidental e Oriental.
Com o fim do Império Romano (476), a grosso modo, a Igreja
torna-se a verdadeira grande herdeira do Império.
Séc. IV-V processo de unificação das diversas doutrinas e ritos.
Criação da hierarquia episcopal (mais tarde Bispos,
presbíteros, diáconos). Cerimônias e rituais (missa - missão, cantos).
Santo Agostinho (Séc. IV). Grande teólogo. Criador de muitas
doutrinas da Igreja. Escreveu as “Confissões” e “Cidade de Deus”
(livro que trata basicamente da questão do Céu e do Inferno)*.
* O purgatório foi criado no século XIV.
Séc. V-VI tem o início da vida monástica (monastérios seguindo
os preceitos de Jesus Cristo). São Bento e os beneditinos em
Nápoles regras bem definidas de conduta (ca. 520).
8. P R O F. M A R C O S F I L H O
Informações acerca do histórico da Igreja Católica (cont.)
Gregório I (O Magno – séc. VI-VII) torna as regras dos
monastérios beneditinos como normas gerais para os demais
monastérios. Organiza os cantos. Coro papal.
Roma “Schola Cantorum” (por volta do séc. VIII). “Grupo
determinado de cantores e maestros a quem se confiava o
ensinamento de crianças e homens para fazer deles músicos
eclesiásticos”.
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9. P R O F. M A R C O S F I L H O
Modalismo
Conforme nos observa K. Jeppesen em seu livro de
contraponto, o sistema modal, instituído para reger a
organização mélica do Canto Gregoriano, deve ser
entendido como “um princípio disciplinador”, com o auxilio
do qual se tratava de estabelecer uma ordem adequada no
universo ainda caótico e incontrolável do material sonoro
musical.
O fator social e político do canto monódico cristão.
Influência do Oriente: O apóstolo Pedro chegou em Roma
no ano 54 trazendo melodias da Antióquia, no Oriente, onde
viveu muito tempo. Essas melodias acabaram ligadas aos
cânticos sagrados dos judeus.
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10. Santo Ambrosio (Milão)
Papa Ambrósio (? – 397 d.C.) – Escolheu 4 modos
gregos, sol – fá – mi – ré, os inverteu, ré – mi – fá – sol, e
chamou esse modo de Authentus. Tornou-se obrigatório,
em Milão, para a composição do canto litúrgico. Surgiram,
a partir daí, os Cantos Ambrosianos de forte influência
oriental.
Séc. IV Santo Hilário compunha na Gália (atual França) uma música
de características diferentes - o chamado estilo galicano.
E três séculos depois, na Espanha visigótica, Santo Isidoro seguiria uma
terceira tendência - o estilo mozárabe.
Sul da Itália, canto benaventino.
Em Roma, canto romano antigo.
Região de Milão, o canto ambrosiano.
16. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Ambrosiano (Canto para missas)
“Ante Evangelium: In Bethlehem Judae”
Capela Musical do Domo de Milão/Migliavacca/Benedetti
17. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Ambrosiano (Canto para missas)
“Ingressa: Respice in me”
Capela Musical do Domo de Milão/Migliavacca/Benedetti
18. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano (Canto para missas)
“Kyrie” aprox. séc. XII
Coro de Monges de Nossa Senhora de Fontgombault/Duchêne
19. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano
São Gregório I (Séc. VI – VII)
21. P R O F. M A R C O S F I L H O
Papa Gregório (cont.)
recolher, escolher, pôr em ordem as peças e dar-lhes um
lugar no Calendário litúrgico para formar o Antifonário
oficial;
reformar e aperfeiçoar os cantos já existentes e em uso;
fundar a Schola Cantorum (Escola Superior de Musica
Sacra).
Organização de vários poemas e canções, que foram reunidos nos
livros:
- Graduale (cantos solos e corais para todas as festas católicas)
- Kyriale (cantos para as partes fixas das missas)
- Antiphonale (cantos, hinos e orações dos monges)
22. P R O F. M A R C O S F I L H O
o termo cantochão (“cantus planus”) surge para
diferenciação do que chamaríamos mais tarde “canto
mensurado”.
23. P R O F. M A R C O S F I L H O
Classes, formas e tipos de canto religioso
Os cantos podem ter textos bíblicos e não bíblicos em prosa e
poéticos.
Classificação 1: Antifonas (coros alternados), de responsorio
(alternam solistas e coro) ou diretos (sem alternância).
Classificação 2: Quanto à relação entre notas e sílabas
silábicos e melismáticos. Fusão canto neumático.
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24. P R O F. M A R C O S F I L H O
Tipos principais do canto religioso
Antífonas: cantos curtos de fácil assimilação que introduzem um salmo
ou responsório. Em geral cantados por coro.
Himnodias (textos não bíblicos): Cantos estróficos em que a mesma
melodia serve para se cantarem todas as estrofes do texto.
Salmodias (textos bíblicos – Salmos): forma responsorial. Duas partes
bem equilibradas.
Troppos: surgiram nos séculos X e XI e desapareceram no séc. XII.
Originalmente eram compostos com texto poético e estilo neumático,
servindo de prefácio aos cantos protocolares ou interpolações entre o
texto e a música de uma missa.
Seqüencia: Passagens melódicas extensas e com forma definida, que
aparecem em diversos contextos de uma missa sempre sem grandes
modificações (exceto em certos momentos em que podem aparecer sem
texto). Esta classe de melodias era tipicamente francesa, ainda que
algumas das mais antigas tenham sido adaptadas de modelos romanos.
Eram melodias amplamente utilizadas e conhecidas, a apareciam de
forma melismática ou com adaptações com diversos textos subjacentes.
25. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano
(Ofício de Segunda Véspera, Natividade de Nosso Senhor)
“Antífona: Tecum principium”
Cantores Yalenses; Craig Wright, diretor
26. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano
(Ofício de Segunda Véspera, Natividade de Nosso Senhor)
“Salmo 109: Dixit Dominus”
Cantores Yalenses; Craig Wright, diretor
27. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano
(Seqüencia para a Missa Solene de Páscoa)
“Victimae paschali laudes”
Schola Cantorum de Amsterdam; Wim van Gerven, diretor
28. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano
“Tropo: Quem quaeritis in praesepe”
Schola Hungarica; Laszlo Dobszay e Janka Szendrei, diretores
31. P R O F. M A R C O S F I L H O
Missa *
“A missa é o serviço principal da Igreja Católica. A palavra missa se
origina da frase final do serviço: Ite missa est (Ide, a missa está
terminada). Missa = missão. Também conhecida como a eucaristia, a
liturgia, a santa comunhão entre outros. O ponto principal da missa é
a comemoração ou representação da Última Ceia e da consagração
do pão e do vinho.
Missal = é o livro onde está descrito os diversos rituais da missa
seguindo o calendário anual de celebrações da Igreja. (1570 Pio
V).
Algumas partes da missa são variáveis (Próprio da missa – Proprium
Missae) e segue determinadas comemorações e festividades. Outras
são invariáveis (Ordinário da missa – Ordinarium Missae)
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32. P R O F. M A R C O S F I L H O
Divisão tradicional da missa
Próprio Ordinário
Introdução Introito
Kyrie
Gloria
Coleta
Liturgia da palavra Epístola
Gradual
Aleluia/tracto
Seqüencia
Evangelho
(Sermão)
Credo
Liturgia da eucaristia Ofertório
Prefácio
Sanctus
Agnus Dei
Comunhão
Pós-comunhão
Ite missa est
33. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano (Missa de Natal)
“Introito: Puer natus est nobis”
Choralschola der Wiener Hofburgkapelle; Hubert Dopt, diretor
(P) 1986 Philips Classics Productions.
34. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano (Missa de Natal)
“Alleluia”
Choralschola der Wiener Hofburgkapelle; Hubert Dopt, diretor
(P) 1986 Philips Classics Productions.
35. P R O F. M A R C O S F I L H O
Principais Características:
• é o canto oficial da Igreja Católica;
• o texto é em latim;
• a importância é dada ao texto e não à música (objetivo é propagar a fé);
• deve ser cantado, obrigatoriamente, só por homens;
• não pode ter acompanhamento instrumental de qualquer espécie;
• é prosódico (um tipo de canto falado);
• melodias simples com pouca mudança de notas e uma tessitura menor que uma
oitava;
• monofônico (uma única linha melódica);
• diatônico (escalas sem alteração cromática ou microtonal);
• modal;
• o ritmo depende das palavras, portanto é livre de fórmulas de compasso;
• não tem preocupação com a dinâmica, andamento;
• os compositores são anônimos, pertencentes ao clero.
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36. P R O F. M A R C O S F I L H O
“Quando me lembro das lágrimas derramadas ao ouvir os cânticos da
vossa igreja nos primórdios da minha conversão à fé, e ao sentir-me agora
atraído, não pela música, mas pelas letras dessas melodias, cantadas em
voz límpida e modulação apropriada, reconheço, de novo, a grande
utilidade deste costume. Assim flutuo entre o perigo do prazer e os
salutares benefícios que a experiência nos mostra. Portanto, sem proferir
uma sentença irrevogável, inclino-me a aprovar o costume de cantar na
Igreja, para que, pelos deleites do ouvido, o espírito, demasiadamente
fraco, se eleve até aos afetos de piedade. Quando, às vezes, a música me
sensibiliza mais do que as letras que se cantam, confesso com dor que
pequei. Neste caso, por castigo, preferiria não ouvir cantar. Eis em que
estado me encontro. Chorai comigo, chorai por mim, vós que praticais o
bem no vosso interior, donde nascem as boas ações. Estas coisas, Senhor,
não Vos podem impressionar, porque as sentis. Porém, ó meu Senhor e
meu Deus, olhai por mim, ouvi-me, vede-me, compadecei-vos de mim e
curai-me. Sob o Vosso olhar transformei-me, para mim mesmo, num
enigma que é a minha própria enfermidade.”
SANTO AGOSTINHO. Confissões. Coleção Os Pensadores. São Paulo:
Nova Cultural, 2000. Cap. 33: “O Prazer do Ouvido”.
37. P R O F. M A R C O S F I L H O
NOTAÇÃO
MUSICAL
Manuscrito: “Uma criança havia nascido para nós e o filho nos é dado”.
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38. P R O F. M A R C O S F I L H O
Surge um princípio de notação musical na Igreja do Oriente
utilizando neumas, antigos símbolos egípcios, gregos e armênios.
Porém essa notação não era exata em relação a altura e duração
das notas.
Guido d'Arezzo (995-1050), monge que adotou uma pauta de quatro
linhas (tetragrama) e definiu as claves de fá e dó para registrar a
altura dos sons. O "pentagrama”, as atuais cinco linhas, só foi
inventado no século 12 para escrever as primeiras músicas
polifônicas e canções e danças profanas. As linhas suplementares
só surgiram no século 16.
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39. P R O F. M A R C O S F I L H O
Exemplos de neumas simples:
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40. P R O F. M A R C O S F I L H O
Guido d'Arezzo deu nome às notas, tirando as sílabas iniciais de um
hino a São João Batista:
Ut queant laxis (Para que possam)
REsonare fibris (ressoar as maravilhas)
MIra gestorum (de teus feitos)
FAmuli tuorum (com largos cantos)
SOLve polluti (apaga os erros)
LAbii reatum (dos lábios manchados)
Sancte Ioannes (Ó São João)
(O UT mais tarde passou a chamar-se DÓ. Mas não se sabe quem o
batizou, assim como se ignora quem foi o padrinho do SI.)
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41. P R O F. M A R C O S F I L H O
A questao do bemol be molle (b suave) abaixar em meio tom o B
para evitar o tritono.
Quando queriam a nota natural escreviam o be quadratum
(bequadro)
Sustenido (elevado em latim), surgiu da necessidade de alterar o
fá em meio tom.
O uso sistemático dos acidentes só se deu no século 17. A grafia
das durações ainda não era uma preocupação fundamental dos
padres e só foi desenvolvida a partir do século 13, adaptada dos
antigos neumas.
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49. P R O F. M A R C O S F I L H O
Canto Gregoriano (Missa de Natal)
“Kyrie”
Choralschola der Wiener Hofburgkapelle; Hubert Dopt, diretor
(P) 1986 Philips Classics Productions.
51. P R O F. M A R C O S F I L H O
Schola Cantorum Bogotensis (em inglês e espanhol)
http://interletras.com/canticum
52. P R O F. M A R C O S F I L H O
ARS ANTIQUA
Séc. XII – XIII
Principais manifestações: organum, o conductus e o moteto.
Pode-se afirmar que entre os séculos XII e XIII na França, se
desenvolveram formas musicais e sistemas de notação que culminaram em
linguagens musicais polifônicas, o desenvolvimento do “ punctus contra
punctus”, ou contraponto. O motivo mais provável para o surgimento da
polifonia na França e não em Roma é justamente a presença, do forte poder
clerical, que impedia a ascensão de elementos diferentes daqueles que
eram empregados já vários séculos nos monastérios e igrejas católicas.
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53. P R O F. M A R C O S F I L H O
Organum: A primeira noção que se tem de organum data do séc. IX. O tratado
anônimo Musica enchriadis (Manual de Música) e o Scolica enchiriadis,
descreve uma maneira distinta de “cantar junto”. Os primórdios do Organum,
composto de melodias (vox principalis e vox organalis) sobrepostas em
movimento paralelo, em oitavas, quintas e quartas, e também com uma
melodia sobreposta a um bordão. Organum do séc. XI já demonstravam uma
crescente independência entre as vozes.
Mensuralismo: A Ars Mensurabilis – arte medida – surgiu da necessidade de
dar a cada som uma duração exata. Esta teoria começou com os Modos
Rítmicos, mas o sistema foi lançado por Franco de Cologne que criou regras
para os valores.
Escola de Notre Dame: A prática polifônica dá um salto com a música
desenvolvida por compositores que atuam junto à Catedral de Notre-Dame.
Notação Musical evoluída (notas e ritmos). Mestre Leonin e Perotin, o Grande,
são os dois principais compositores dessa escola, entre 1180 e 1230. Ambos,
em seu modo de composição rítmica, além da elaboração de vozes novas
sobre organa dados, se abrem para composições autônomas. Abandonam o
fluxo rítmico do texto religioso, obedecido no canto gregoriano, em troca de
divisões racionais, criando a base para escolas futuras.
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57. P R O F. M A R C O S F I L H O
Léonin
Canto Gregoriano e primeiras elaborações polifônicas
Alleluia Pascha nostrum
Gordon Jones and Paul Hillier
Organum Florido ou Melismático – Aqui o canto chão original é sempre na
voz mais grave. Cada nota é prolongada assim a voz de cima canta frases de
durações variadas contra uma nota.
Uma nota na vox principalis contra mais de uma na vox organalis.
Vox principalis passa a ser Cantus Firmus que é uma melodia (o canto chão)
usada como base para uma composição polifônica.
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65. P R O F. M A R C O S F I L H O
Conductus: O conductus do século XIII difere do organum, principalmente
pela menor diferenciação rítmica entre as vozes, sendo as contraposições de
vozes praticamente homorítmicas. Esta característica aparecia também em
vários exemplos de hinos, seqüências e baladas. Outra característica é o fato
de os textos utilizados nos conductus serem articulados de forma silábica, e
uma última característica fundamental é que o tenor já não procedia de uma
fonte eclesiástica preexistente, sendo uma composição original.
Moteto é uma palavra que vem do francês e significa "palavra”. Em música
passou a significar música com palavras, ou, especificamente, melodia em
que foi acrescentado um texto original. No início, consistiu na substituição do
texto religioso de um organum por um texto novo. Depois desenvolveu-se
com a superposição ou a criação de novos textos e melodias acima das
vozes originais.
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66. P R O F. M A R C O S F I L H O
Conductus
Ave virgo virginum
Lionheart
67. P R O F. M A R C O S F I L H O
Moteto
Salve, salus hominum/Oradians stella/nostrum
Lionheart
70. P R O F. M A R C O S F I L H O
ARS NOVA
Séc. XIV – XV
A “ NOVA ARTE ” – título de um tratado
escrito entre 1316-18 pelo compositor e
poeta francês: Philippe de Vitry (1291-1361)
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71. P R O F. M A R C O S F I L H O
Principais características do ars nova
A característica mais marcante no séc. XIV foi a transferência de ênfase do
sacro para o profano, usando técnicas adequadas ao gênero que começavam
a se desenvolver, principalmente adotando na rítmica a binaridade típica da
dança. ( Binaridade = profanidade)
a polifonia contrapontística domina todos os gêneros de composições
religiosas;
uso de melodia profana ou criada pelo compositor como cantus firmus;
técnica do falso bordão (expressão derivada do francês medieval: fors bordon -
literalmente "fora do grave"): é uma técnica de composição, harmonização e
improvisação oriunda da Inglaterra, que consiste em colocar o cantus firmus no
agudo e acrescentar duas linhas melódicas inferiores;
acompanhamento instrumental dobrando e substituindo as vozes;
como as músicas tornaram-se mais complexas, foi necessário alguém para
coordenar todo o grupo: apareceu então a figura do mestre de capela
(literalmente um professor de música de uma igreja) que dirigia com a solfa.
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72. P R O F. M A R C O S F I L H O
Desenvolvimento da técnica composicional
Organização rítmica
Emprego de Isorritmia (no séc. XIV (França) encontramos o Moteto isorrítmico);
Talea = padrão rítmico se repetindo. Utilização de aumentações e diminuições.
Organização das alturas
Inversões. Retrógrados. Intervalos de consonâncias imperfeitas – 3ª.s e 6ª.s
começam a ocorrer com bem mais freqüência em tempos fortes, embora a
sonoridade final seja a 8ª., o uníssono ou a 5ª.
Formas e técnicas
Caccia – (caça - 2 vozes em cânone perfeito) – 1 voz livre.
Hoqueto – Troca de sílabas. Voz intercalada de pausas e complementaridade em
outra voz.
Inícios das Cadências (pontos de articulação independentes do texto).
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73. P R O F. M A R C O S F I L H O
Principais compositores
Guillaume de Machaut (1300 ? – 1377)
Considerado o maior mestre de seu tempo. Também foi poeta. Serviu como padre e funcionário público a
vários membros importantes da corte francesa.
Escreveu: Motetos, Rondeau (forma de dança), Virelai (Balada Medieval cantada e dançada).
Missa de Notre Dame – Missa à 4 vozes. Esta Missa, composta por Machaut foi a 1a Missa totalmente
polifônica feita exclusivamente para o “Ordinarium” romano.
Philip de Vitry (1291 – 1361)
Compositor e poeta francês. Foi bispo e funcionário público de vários reis franceses. Também foi
diplomata. Publicou um livro sobre a música da época e desenvolveu a teoria e a grafia sobre o ritmo. Só
nos restam dele 12 motetos religiosos.
Francesco Landini (1325 – 1397)
O mais destacado mestre da Ars Nova Italiana.
Na Itália, a música homofônica ainda era a mais utilizada. A polifonia do séc. XIV era então muito
improvisada. Eles não tinham muito interesse nas complexidades do Moteto, do Hoqueto e etc.
Compôs Baladas (Árias para bailar e cantar), Madrigais (composição feita com uma poesia e com
acompanhamento de instrumentos).
John Dunstable (1385 – 1453)
A característica marcante na Inglaterra é o emprego do gymel, que é a polifonia à 2 vozes baseada no
emprego de terças, sextas e décimas. O termo é usado também para definir polifonia à 2 vozes baseada
em terças paralelas (ou diretas – de acordo com o termo brasileiro usado na Harmonia do séc. XVIII) .
O emprego do Gymel se desenvolveu até surgir o Fauxbourdon (Falso-baixo). A definição de Fauxbourdon
tem gerado muitas controvérsias. O importante é que foi uma técnica surgida na França e que foi bastante
utilizada no séc XV. Na minha opinião, é o emprego da 1a inversão.
Carol (forma musical feita com um poema religioso, em estilo popular. Celebra as estações do ano e as
festas de Natal).
74. P R O F. M A R C O S F I L H O
Guillaume de Machaut
Messe Nostre Dame à 4: Gloria
Cathédrale de Reims. Deller-Consort, London
Collegium Aureum, Alfred Deller (diretor)
75. P R O F. M A R C O S F I L H O
Guillaume de Machaut
Moteto: Hoquetus David
76. P R O F. M A R C O S F I L H O
John Dunstable
Moteto: Quam pulchra es
The Hilliard Ensemble; Paul Hillier, diretor
77. P R O F. M A R C O S F I L H O
Moteto (Anônimo)
Amours mi font/Em mai/ Flos Filius eius
Barbara Thornton and Margriet Tindemans, diretores
(P) 1987 USA Harmonia Mundi S.A.
78. P R O F. M A R C O S F I L H O
Beatriz de Dia
Canso: A chantar
Pilar Figueras, soprano
(P) 1987 USA Harmonia Mundi S.A.
80. P R O F. M A R C O S F I L H O
Bibliografia
FREDERICO, Edson. Música: breve história. São Paulo: Irmãos Vitale, 1999.
GROUT, Donald J. PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental. Gradiva.
JEPPESEN, Knud. Counterpoint: The Polyphonic Vocal Style of the Sixteenth
Century. Trans. Glen Haydon. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1939.
MAGNANI, Sergio. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música. 2.
ed. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
SANTO AGOSTINHO. Confissões. Coleção os Pensadores. São Paulo: Nova
Cultural, 2000.
SCHURMANN, Ernst F. A música como linguagem: uma abordagem histórica.
São Paulo: Brasiliense / CNPq, 1989.
SCHOLA CANTORUM BOGOTENSIS. http://interletras.com/canticum
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Departamento de Música
Notes de l'éditeur
Durante o século VII e o princípio do século VIII o controle da Europa ocidental estava repartido entre Lombardos, Francos e Godos, e cada uma destas divisões políticas tinha o seu repertório de cânticos. Na Gália - território que correspondia, aproximadamente, à França atual - havia o canto galicano, no Sul da Itália, o benaventino, em Roma, o canto romano antigo, em Espanha, o visigótico ou moçárabe, na região de Milão, o ambrosiano. (Mais tarde a Inglaterra desenvolveu o seu dialeto do canto gregoriano, chamado sarum, e que subsistiu do final da Idade Média até à Reforma.
A liturgia galicana, que incluía elementos célicos e bizantinos, esteve em vigor entre os Francos quase até ao final do século VIII, momento em que foi suprimida por Pepino e pelo seu filho Carlos Magno, que impuseram o canto gregoriano nos seus domínios. Esta liturgia foi tão radicalmente suprimida que pouca se sabe acerca dela.
Já os cantos hispânicos foram conservados em um tipo de notação rudimentar que tornou-se obsoleto antes do canto passar a ser registrado em linhas de pauta. Os usos hispânicos tomaram forma definida no Concilio de Toledo de 633, e após conquista mulçumana do século VIII esta liturgia recebeu o seu nome de moçarabe. O rito hispânico so foi substituído pelo rito romano em 1071, mas ainda subsiste em igrejas de Toledo, Salamanca e Valladolid.O canto romano antigo é um reportorio que subsiste em manuscritos de Roma com datas que vão do século XI ao século XIII, mas cujas origens remontam pelo menos ao século VIII.