1. SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
O MUNDO MODERNO E A
Reinaldo Seriacopi
Gislane azevedo
em MoVIMENTOHistória
história • ENSINO MÉDIO • Manual do professor
2.
3. 2-ª edição
São Paulo, 2013
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
O MUNDO MODERNO E A
Reinaldo SeRiacopi
GiSlane azevedo
em
2MOVIMENTOHistória
Gislane azevedo
Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Professora universitária, pesquisadora e ex-professora de História dos ensinos Fundamental
e Médio nas redes privada e pública.
Coautora da coleção Teláris (Editora Ática), para alunos do Ensino Fundamental II.
Reinaldo seRiaCoPi
Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo e em Jornalismo pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS-SP).
Editor especializado na área de História.
Coautor da coleção Teláris (Editora Ática), para alunos do Ensino Fundamental II.
história • ENsiNO MÉDiO MaNual DO prOfEssOr
4. Diretoria editorial: Angélica Pizzutto Pozzani
Gerência de produção editorial: Hélia de Jesus Gonsaga
Editoria de Ciências Humanas e suas Tecnologias: Heloisa Pimentel
e Deborah D’Almeida Leanza
Editoras: Deborah D’Almeida Leanza; Priscila D’Almeida Manfrinati
e Mirna Acras Abed M. Imperatore (estag.)
Supervisão de arte e produção: Sérgio Yutaka
Editor de arte: André Gomes Vitale
Diagramador: Walmir S. Santos
Supervisão de criação: Didier Moraes
Design gráfico: Homem de Melo & Troia Design (capa)
Tyago Bonifácio da Silva (miolo)
Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Sandra Regina de Souza (prep.),
Ana Curci, Cátia de Almeida, Luís M. Bôa Nova, Sheila Folgueral,
Vanessa de Paula Santos e Gabriela Macedo de Andrade (estag.)
Supervisão de iconografia: Sílvio Kligin
Pesquisador iconográfico: Carlos Luvizari e Evelyn Torrecilla
Cartografia: Allmaps, Juliana Medeiros de Albuquerque,
Maps World e Márcio Santos de Souza
Tratamento de imagem: Cesar Wolf e Fernanda Crevin
Foto da capa: Zig Koch/Liga Ambientalista, Curitiba, Brasil.
Direitos desta edição cedidos à Editora Ática S.A.
Av. Otaviano Alves de Lima, 4400
6o
andar e andar intermediário ala A
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Azevedo, Gislane Campos
História em movimento / Gislane Campos Azevedo,
Reinaldo Seriacopi. – 2. ed. – São Paulo:Ática, 2013.
Conteúdo: v. 1. Dos primeiros humanos ao Estado
moderno – v. 2. O mundo moderno e a sociedade
contemporânea – v. 3. Do século XIX aos dias de hoje.
Bibliografia.
1. História (Ensino médio) I. Seriacopi, Reinaldo.
II.Título.
13–02432 CDD–907
Índice para catálogo sistemático:
1. História : Ensino médio 907
2013
ISBN 978 8508 16307-6 (AL)
ISBN 978 8508 16308-3 (PR)
Código da obra CL 712773
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Desenvolvimento do livro digital: Digital Pages
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5. Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira
Ferreira Gullar
Observe ao seu redor: praticamente tudo o que está à nossa volta e que utilizamos em nossa es-
cola, casa ou trabalho foi construído por seres humanos. Pense também no sistema político que rege
nossa sociedade, nas leis que regulam nossas relações e em tudo aquilo que consideramos justo ou
injusto, certo ou errado: todos esses princípios e valores também foram estabelecidos por pessoas ao
longo do tempo.
Estudar História não é apenas conhecer e entender os caminhos trilhados pelos seres hu-
manos no passado. Graças a esse estudo, podemos fazer uma leitura crítica de nosso presente
e compreender como e por que nossa sociedade encontra-se hoje constituída da maneira que a
conhecemos e não de outra forma.
Com base nessa visão, procuramos elaborar um livro que, ao tratar de assuntos do passado,
tivesse como ponto de partida o presente. Ao adotar essa proposta, você verá como a História
está intimamente relacionada com aspectos centrais do mundo contemporâneo e de nossa vida,
constituindo um assunto extremamente interessante e instigante.
O texto central do livro é complementado por boxes e seções. Alguns contêm escritos de
autores clássicos; outros, abordagens historiográficas recentes. Na seção No mundo das letras,
aprofundamos o diálogo entre Literatura e História. Na seção Eu também posso participar dis-
cutimos, com base em contextos históricos específicos, quanto os atos de cada um de nós pode
interferir no destino da humanidade. Uma terceira seção, intitulada Olho vivo e voltada para o
trabalho com imagens, oferece uma ampla leitura das informações contidas em pinturas, escul-
turas e outros materiais iconográficos. Na seção Patrimônio e diversidade, entramos em contato
com os aspectos históricos e culturais de cada um dos estados brasileiros.
Todos os volumes desta coleção estão permeados por imagens, mapas, documentos e ativi-
dades reflexivas que procuram enfatizar a permanente relação entre passado e presente.
Acreditamos que dessa maneira estamos lhe oferecendo instrumentos para interpretar e anali-
sar criticamente a realidade de nosso mundo. Você verá que a História exerce um papel privilegiado
no processo de consolidação da cidadania e na construção de um mundo mais solidário, fraterno
e tolerante.
Os autores
3
Apresentação
3
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6. Capítulo 1 Civilizações americanas..............................................................................................10
1. Os maias...............................................................................................................................11
2. Os astecas ............................................................................................................................12
3. O Império Inca......................................................................................................................14
Capítulo 2 Pindorama e seus habitantes ...................................................................................19
1. Uma constelação de povos ..................................................................................................20
2. Uma aldeia Tupi ...................................................................................................................20
Capítulo 3 A conquista espanhola...............................................................................................27
1. Ouro e sangue: a conquista espanhola ...............................................................................28
2. Os astecas subjugados.........................................................................................................28
3. A sujeição dos incas.............................................................................................................29
Capítulo 4 Portugal e sua colônia na América..........................................................................35
1. A chegada de Cabral ...........................................................................................................36
2. A ameaça francesa...............................................................................................................38
3. São Vicente e o começo da colonização..............................................................................38
4. As capitanias hereditárias ....................................................................................................39
5. As capitanias em xeque .......................................................................................................41
Capítulo 5 O Governo-Geral .........................................................................................................44
1. O lento fim das capitanias hereditárias................................................................................45
2. Os jesuítas em ação .............................................................................................................46
Fechando a unidade ......................................................................................................................52
Capítulo 6 O tráfico negreiro........................................................................................................56
1. A escravidão na África .........................................................................................................57
2. O tráfico em grande escala..................................................................................................59
Capítulo 7 Escravidão e resistência .............................................................................................63
Bantos e sudaneses..................................................................................................................64
Capítulo 8 Açúcar e escravidão na colônia portuguesa .........................................................74
O poder do açúcar ...................................................................................................................75
Capítulo 9 O avanço da colonização...........................................................................................80
1. A França Antártica ...............................................................................................................81
2. A França Equinocial..............................................................................................................83
3. A conquista do Sertão .........................................................................................................83
Sumário
4
Diversidade cultural
O trabalho
Unidade 1
Unidade 2
8
54
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7. Capítulo 12 Iluminismo ................................................................................................................106
1. Filosofia das Luzes..............................................................................................................107
2. Precursores do Iluminismo .................................................................................................107
3. Academias e salões............................................................................................................110
4. Os déspotas esclarecidos....................................................................................................111
5. O liberalismo econômico ...................................................................................................111
Capítulo 13 A Revolução Industrial...........................................................................................113
1. O surgimento da manufatura ............................................................................................114
2. A burguesia inglesa............................................................................................................114
3. O socialismo e a luta contra o capitalismo ........................................................................118
Capítulo 14 A independência dos Estados Unidos ................................................................121
1. Ingleses na América do Norte............................................................................................122
2. As Treze Colônias...............................................................................................................122
3. Rumo à independência ......................................................................................................125
Capítulo 15 A Revolução Francesa ............................................................................................128
1. Os três “estados”...............................................................................................................129
2. A queda da Bastilha...........................................................................................................130
3. A primeira Constituição francesa.......................................................................................130
4. Da monarquia à república..................................................................................................131
5. O Terror ..............................................................................................................................131
6. O Diretório .........................................................................................................................134
Capítulo 16 A França imperial ....................................................................................................137
1. Napoleão no poder............................................................................................................138
2. Um imperador para a França .............................................................................................138
3. O fim de uma era...............................................................................................................142
Capítulo 17 A independência da América espanhola ...........................................................144
1. A serviço da Espanha .........................................................................................................145
2. A organização social ..........................................................................................................145
3. América hispânica em guerra ............................................................................................146
4. O caudilhismo ....................................................................................................................147
Capítulo 18 Ouro e diamante na colônia portuguesa...........................................................149
1. A corrida pelo ouro............................................................................................................150
2. A Guerra dos Emboabas....................................................................................................150
3. Regulamentação e controle de riqueza .............................................................................151
4. Depois do ouro: diamante .................................................................................................154
Capítulo 10 O Nordeste sob domínio holandês .......................................................................89
1. A União Ibérica.....................................................................................................................90
2. A Insurreição Pernambucana ...............................................................................................93
Capítulo 11 Os bandeirantes ........................................................................................................95
1. Desbravando o Sertão..........................................................................................................96
2. Em busca de ouro ................................................................................................................97
Fechando a unidade ....................................................................................................................103
5
A luta pela cidadaniaUnidade 3 104
Sumário
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8. Capítulo 21 De colônia a sede do Império Português...........................................................178
1. O Brasil no começo do século XIX .....................................................................................179
2. A vinda da família real .......................................................................................................179
3. A abertura dos portos........................................................................................................181
Capítulo 22 O Brasil torna-se independente...........................................................................186
1. Impostos altos e gastos da Corte elevados........................................................................187
2. Elevação a Reino Unido......................................................................................................187
3. Revolução pernambucana..................................................................................................187
4. A Revolução do Porto ........................................................................................................188
5. A Independência................................................................................................................188
Capítulo 23 O Primeiro Reinado (1822-1831)..........................................................................194
1. A empolgação toma conta das ruas..................................................................................195
2. A Confederação do Equador .............................................................................................196
3. A abdicação de dom Pedro I..............................................................................................197
Capítulo 24 As Regências (1831-1840)......................................................................................200
1. A Regência Trina Provisória ................................................................................................201
2. A Regência Trina Permanente............................................................................................201
3. A Regência Una..................................................................................................................203
4. O Golpe da Maioridade .....................................................................................................203
Capítulo 25 Rebeliões provinciais..............................................................................................206
1. À beira do vulcão...............................................................................................................207
2. Cabanada (Pernambuco e Alagoas, 1832-1835) ..............................................................208
3. A Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840).............................................................................208
4. A Revolta dos Malês (Bahia, 1835) ....................................................................................209
5. A Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835-1845)...................................................209
6. A Sabinada (Bahia, 1837-1838).........................................................................................211
7. A Balaiada (Maranhão, 1838-1842) ..................................................................................212
Fechando a unidade ....................................................................................................................216
6
Unidade 4 176Política e participação
Capítulo 19 Insatisfação na colônia portuguesa....................................................................159
1. Monopólio português........................................................................................................160
2. Revolta dos Beckman (1684) .............................................................................................160
3. A Guerra dos Mascates (1710-1712).................................................................................161
4. Revolta de Vila Rica (1720) ................................................................................................163
Capítulo 20 O sonho da emancipação......................................................................................166
1. Influência iluminista ...........................................................................................................167
2. A Inconfidência Mineira (1789) .........................................................................................167
3. A Conjuração Baiana (1798)..............................................................................................169
Fechando a unidade ....................................................................................................................174
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9. GLOSSÁRIO....................................................................................................................................282
SUGESTÕES DE FILMES E DE LEITURAS COMPLEMENTARES..............................................285
BIBLIOGRAFIA BÁSICA ................................................................................................................285
ÍNDICE REMISSIVO .......................................................................................................................287
Capítulo 26 A Europa no século XIX .........................................................................................220
1. As revoluções do século XIX ..............................................................................................221
2. A segunda onda.................................................................................................................221
3. A terceira onda ou “A Primavera dos Povos”....................................................................221
4. A formação da Itália...........................................................................................................222
5. A unificação alemã.............................................................................................................226
Capítulo 27 Estados Unidos: a escravidão em xeque............................................................230
1. O avanço para o Oeste ......................................................................................................231
2. Escravistas versus antiescravistas........................................................................................231
3. A Guerra de Secessão (1861-1865)...................................................................................232
4. A expansão econômica......................................................................................................233
Capítulo 28 O imperialismo e o neocolonialismo ..................................................................236
1. Uma nova Revolução Industrial..........................................................................................237
2. A ação imperialista.............................................................................................................238
3. A África em pedaços..........................................................................................................241
4. Os europeus na Ásia ..........................................................................................................243
5. O Japão entra em cena......................................................................................................244
Capítulo 29 O Brasil sob dom Pedro II......................................................................................247
1. Um governo centralizado...................................................................................................248
2. A ambição “civilizatória”...................................................................................................248
3. A Guerra do Paraguai (1864-1870)...................................................................................249
Capítulo 30 Café, uma nova riqueza.........................................................................................255
1. Da Etiópia para o Brasil......................................................................................................256
2. A economia desloca-se do Nordeste para o Sudeste.........................................................256
3. Rumo ao Oeste paulista.....................................................................................................257
Capítulo 31 Liberdade e exclusão..............................................................................................263
1. O fim do tráfico negreiro ...................................................................................................264
2. Abolição lenta e gradual....................................................................................................265
3. O fim da escravidão ...........................................................................................................269
Capítulo 32 A Proclamação da República.................................................................................273
1. Ideias republicanas.............................................................................................................274
2. A Campanha Republicana .................................................................................................275
3. O fim do Império................................................................................................................275
Fechando a unidade ....................................................................................................................280
7
Unidade 5 218Terra e meio ambiente
Sumário
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10. 8
haroldoPaloJr./Acervodofotógrafo
Diversidade
cultural
Unidade
1
Olhe ao seu redor: os seres humanos são diferentes uns dos ou-
tros. Existem pessoas altas e baixas, de olhos puxados ou arre-
dondados, com os mais variados tons de pele, etc. As diferen-
ças, porém, não se limitam a características físicas. As pessoas também
têm hábitos, costumes, crenças religiosas, visões de mundo distintos.
Mesmo dentro de um país, as diferenças existem. No Brasil, por exem-
plo, nordestinos, sulistas e nortistas têm tradições e hábitos culturais
bem diversos.
A esse conjunto de diferenças damos o nome de diversidade cul-
tural; trata-se de uma das maiores riquezas das sociedades humanas.
Essa pluralidade é resultado do acúmulo de experiências e de proces-
sos de aprendizagem verificados ao longo do tempo. Grandes con-
quistas da humanidade resultam da troca de experiências entre povos
de culturas diversas. Em 2001, a Unesco aprovou a Declaração Univer-
sal sobre a Diversidade Cultural, na qual considera essa diversidade pa-
trimônio da humanidade.
No entanto, muitas pessoas insistem em ver o mundo de acordo
com a sua própria cultura apenas, e consideram seu modo de vida como
o mais correto. Para elas, hábitos e costumes diferentes dos seus consti-
tuem práticas absurdas, engraçadas e até imorais. Essa atitude é chama-
da de etnocentrismo e pode culminar em guerras e até em extermínio
de um povo pelo outro.
Nesta unidade, veremos como o desrespeito dos europeus pela
cultura dos povos que viviam no continente americano no século XVI
provocou um dos maiores genocídios da história da humanidade. Civi-
lizações inteiras foram extintas e muito do conhecimento desses povos
desapareceu para sempre.
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11. 9
COMEÇO DE CONVERSA
1. O que você entende por cultura? Cite exemplos de diferentes manifestações culturais que
você conhece.
2. Como você costuma reagir diante de culturas e valores muito diferentes dos seus?
Indígenas da etnia Kalapalo celebram o ritual Kuarup na Aldeia Aiha, em Querência (MT). Foto de 2009.
DelfimMartins/PulsarImagens
Indígenas da etnia
Ashaninka, Acre.
Foto de 2005.
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12. 10
Você já imaginou como os astronautas se
alimentam quando estão no espaço? As refeições
deles são muito parecidas com as nossas.
Isso porque a Nasa, agência espacial
norte-americana, submete os alimentos a um
processo de desidratação conhecido como
liofilização, que permite preservar qualquer tipo
de alimento por muitos anos.
Essa técnica é formada por duas etapas.
Primeiramente, o alimento é congelado, para que
a água que se encontra em suas células passe
do estado líquido para o sólido. Em seguida, o
alimento congelado é aquecido e submetido a
baixa pressão de ar. Com isso, a água, que estava
em estado sólido, muda imediatamente para o
estado gasoso.
Os produtos liofilizados não sofrem alterações
de aroma, de sabor, nem do teor de vitaminas,
sais minerais e proteínas.
Como são porosos, basta
adicionar um pouco de água
para que se reidratem e
sejam consumidos.
A técnica utilizada pela
Nasa é bastante antiga.
Os povos incas, que viveram
na América do Sul há mais
de 500 anos, praticavam a
liofilização dos alimentos
para garantir o sustento de
sua população.
nasa/Reuters/Latinstock
hervé hughes/hemis/Corbis/Latinstock
As palavras destacadas nesta cor
estão no Glossário, página 282.
Objetivos do capítulo
n Conhecer a variedade e a complexidade social,
cultural e tecnológica de algumas civilizações
pré-colombianas.
n Ampliar a compreensão sobre o conceito de
diversidade cultural, tanto no passado quanto
no presente.
n Desenvolver uma visão crítica sobre as
sociedades pré-colombianas, valorizando sua
diversidade e complexidade.
Civilizações americanas
Capítulo 1
Neste capítulo vamos conhecer mais sobre
os incas e outros povos americanos (também
chamados de pré-colombianos), que viviam na
América antes da chegada dos primeiros europeus.
Astronauta Akihiko Hoshide
prepara-se para comer uma
refeição desidratada na cozinha
do ônibus espacial Discovery.
Foto liberada pela Nasa
em junho de 2008.
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13. 11Civilizações americanas Capítulo 1
Os maias
Na região hoje conhecida como América Central
e na península de Yucatán, no sul do México atual,
floresceu uma cultura das mais singulares: a civiliza-
ção maia. Surgida por volta de 1800 a.C., essa socie-
dade perduraria por mais de 3 mil anos, chegando a
ocupar uma área de quase 500 mil quilômetros qua-
drados (veja o mapa ao lado).
A civilização maia atingiu
o apogeu entre 250 e 900 d.C.,
conquistando grandes avanços
científicos, tecnológicos, sociais e
artísticos. As cidades cresceram.
Algumas chegaram a abrigar até
60 mil pessoas, como Tikal, na
atual Guatemala. Outros impor-
tantes centros urbanos eram Ux-
mal, na península de Yucatán,
onde foi construído um grande
conjunto cerimonial, e Edzná (no
México atual), famosa por seu sis-
tema de canais para a captação de
água pluvial. Cada centro urbano
se constituía em cidade-Estado
autônoma, com um governo pró-
prio, sem que houvesse um poder
centralizado para toda a socieda-
de maia.
As atividades comerciais eram relativamente in-
tensas. Usando sementes de cacau como moeda, os
maias comercializavam com outros povos produtos
como obsidiana, jade, peles, baunilha, tecidos, sal,
etc. A observação dos astros tornou-se atividade sig-
nificativa. Como resultado de seus estudos, os astrô-
nomos maias mediram com precisão o ciclo do Sol,
da Lua e de Vênus e desenvolveram dois calendários:
um ritual, de 260 dias, e outro civil, de 365 dias. Além
disso, criaram seu próprio zodíaco, de 13 signos.
Nesse período, os maias instituíram um sistema
numérico que incluía o número zero e inventaram o
mais avançado sistema de escrita da América pré-
-colombiana. Essa escrita, de caracteres hieroglíficos,
é encontrada em códices, monumentos e estelas. A
arte ganhou impulso, destacando-se os objetos de
cerâmica, as esculturas de barro ou de jade e as pin-
turas murais que retratam diversos aspectos da vida
religiosa da população.
1 Sociedade e religião
A sociedade maia encontrava-se rigidamen-
te hierarquizada. No topo da pirâmide social fica-
vam o chefe de Estado e seus familiares. Conhecido
como halach-uinic, ele acumulava as funções de lí-
der civil, militar e religioso. Cada cidade-Estado ti-
nha seu próprio halach-uinic. Abaixo dele vinha a
nobreza, que ocupava os principais cargos adminis-
trativos, religiosos e militares. Dessa camada social
faziam parte também os grandes comerciantes. Em
A M É R I C A C E N T R A L
Palenque
Edzná
Tikal
Golfo do
México
Mar do
Caribe
Chichén Itzá
Uxmal
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
PENÍNSULA
DE YUCATÁN
Limites da sociedade maia
90º
18º
SOCIEDADE MAIA NO SÉCULO XV
Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
0 100
QUILÔMeTRoS
eSCALA
seguida, encontravam-se os guerreiros, artistas e ar-
tesãos. Na camada inferior situavam-se os campo-
neses e a população pobre. Na base da pirâmide es-
tavam os escravos, em geral prisioneiros de guerra.
A religião desempenhava papel preponderante en-
tre os maias. Politeístas, eles costumavam fazer oferen-
das e sacrifícios humanos a seus diversos deuses, entre
os quais sobressaíam Itzam Na, que simbolizava o céu e
a terra, Ixchel, deusa da Lua, e Chaac, divindade da chu-
va. Em homenagem a esses e a outros deuses, os maias
ergueram diversos templos e santuários religiosos.
Por volta de 900, a península de Yucatán come-
çou a sofrer invasões de outros povos, entre os quais
os toltecas. Quando os espanhóis chegaram, no fi-
nal do século XV, as cidades maias encontravam-se
abandonadas e seu povo, disperso. Fatores como a
escassez de alimentos, o desmatamento, alterações
climáticas e guerras são apontados como algumas
das razões do colapso da sociedade maia.
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14. 12 Unidade 1 Diversidade cultural
Orlando Sierra/Agência France-Presse
Rapaz guatemalteco sopra uma concha para anunciar
o início do Terceiro Congresso de Educação Maia,
realizado em agosto de 2002 no sítio arqueológico de
Zaculeu, em Huhuetenango, no oeste da Guatemala.
Ao fundo, pode-se ver uma pirâmide maia.
Esse colapso, entretanto, não signi-
ficou a extinção do povo maia. Seus des-
cendentes vivem atualmente nos territó-
rios ocupados pela antiga sociedade maia.
São cerca de 4 a 5 milhões de pessoas, a
maioria das quais formada por campone-
ses. Apesar da destruição de suas cidades,
as comunidades maias lutam ainda hoje
por conservar suas antigas crenças e tra-
dições (veja a foto ao lado).
Os astecas
Por volta do século XII, os astecas – que se auto-
denominavam mexicas – eram um dos tantos povos
nômades, caçadores e guerreiros que viviam no norte
do México atual.
Em razão das difíceis condições climáticas da re-
gião, os mexicas marcharam para o Sul em busca de
melhores terras. Iniciada por volta de 1168, a migra-
ção só terminou em 1325, aproximadamente, quan-
2 do eles se instalaram em uma ilha no lago Texcoco,
no planalto central do México atual. Ao chegarem,
foram subjugados pelos tepanecas, que já viviam na
região juntamente com outros povos.
Como a ilha não era grande o suficiente para to-
dos, os astecas construíram ao redor ilhas artificiais
conhecidas como chinampas. Da junção das chinam-
pas com a ilha central surgiria a cidade de Tenochti-
tlán, que seria mais tarde capital asteca e, séculos de-
pois, do próprio México, com o nome de Cidade do
México (veja o mapa abaixo).
A sujeição aos tepanecas du-
rou aproximadamente um século,
período no qual os mexicas assimi-
laram os conhecimentos técnicos,
científicos, militares e políticos tan-
to de seus dominadores quanto de
outros povos da região.
No decorrer desse processo,
os astecas se constituíram em so-
ciedade mais complexa, dotada
de uma monarquia hierárquica. Em
1428, liderados por Itzcóatl, eles
se rebelaram contra os tepanecas,
libertando-se do jugo. A partir de
então, passaram a dominar os po-
vos das regiões circunvizinhas.
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
Golfo do México
Império asteca
Afluência
Influência
Tenochtitlán
Lago
Chalco
20º N
90º O
LagoTexcoco
A M É R I C A
D O
N O R T E
A M É R I C A
C E N T R A L
IMPÉRIO ASTECA NO SÉCULO XVI
Fonte: GRAND atlas historique.
Paris: Larousse, 2006.
0 150
QUILÔMETROS
ESCALA
OCEANO
ATLÂNTICO
Golfo do México
Império asteca
Afluência
Influência
lán
90º O
goTexcoco
A M É R I C A
C E N T R A L
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15. 13Civilizações americanas Capítulo 1
Estrutura social
O governo asteca era exercido por um monarca
eleito entre a nobreza hereditária. Comandante su-
premo do exército, ele governava com o apoio de um
conselho constituído por chefes militares. Estes últi-
mos, juntamente com os altos funcionários públicos
e os religiosos, compunham a nobreza.
Abaixo dessa aristocracia, estavam os grandes
negociantes, conhecidos como pochtecas. Apenas
eles podiam chegar até a região do golfo do México
e à costa do Pacífico para vender seus produtos – er-
vas medicinais, joias, perfumes, etc. Ao retornarem,
traziam consigo pedras preciosas, peles de jaguar e
puma e plumas de quetzal, uma ave rara das flores-
tas. Como moeda, utilizavam sementes de cacau.
Abaixo dos pochtecas vinham os artesãos, gru-
po numeroso e respeitado, responsável pela confec-
ção das roupas e adornos do soberano e da nobreza,
assim como de objetos religiosos. A camada social a
seguir era a dos camponeses, que cultivavam as ter-
ras cedidas pelos nobres. Ali, eles plantavam milho,
feijão, abóbora, tomate e batata. Nas épocas em que
o trabalho nos campos diminuía, participavam das
construções públicas.
O último degrau da pirâmide social era ocupa-
do pelos escravos, geralmente indigentes, prisionei-
ros de guerra ou pessoas que não haviam conseguido
quitar suas dívidas.
A cidade de Tenochtitlán
A economia asteca tinha por base a agricultura,
mas o comércio e o artesanato eram igualmente im-
portantes. Além dessas fontes de renda, o Estado dis-
punha dos tributos periodicamente pagos pelos po-
vos subjugados. Graças a essas riquezas, Tenochtitlán
passou por profundas reformas urbanísticas, com a
ampliação do perímetro urbano e a abertura de ca-
nais fluviais navegáveis.
Ao mesmo tempo, engenheiros e trabalhadores
astecas construíram aquedutos de pedra destinados
ao transporte de água potável, além de pirâmides e
templos religiosos, uma vez que a religião desempe-
nhava papel primordial no dia a dia da população.
MuseoDelTemploMayor/gianniDagliorti/
TheArtArchive/Afp
Representação do deus asteca da chuva, Tlaloc, em vaso de
cerâmica policromado encontrado no México atual, com
datação provável do século XV. O vaso faz parte do acervo do
Museu Templo Maior, na Cidade do México. Foto de 2009.
g.Dagliorti/DeA/Album/Latinstock
Recortes de uma página do Pequeno livro das ervas medicinais
dos índios, descrevendo as propriedades medicinais de várias
plantas usadas pelos astecas. O livro foi traduzido da língua
asteca para o latim por Juan Badiano, por isso também é
conhecido como Manuscrito Badianus. O manuscrito, de
1552, esteve durante alguns séculos na Europa e foi devolvido
pelo papa João Paulo II ao México e está agora na biblioteca
do Instituto Nacional de Antropologia e História, na Cidade
do México.
Até 1521, ano em que Tenochtitlán foi conquis-
tada pelos espanhóis (tema abordado no capítulo 3),
a civilização asteca constituiu um verdadeiro império
que abarcava quase todo o centro do atual territó-
rio mexicano, estendendo-se do Pacífico até o Gol-
fo do México.
Cerca de 15 milhões de pessoas, espalhadas pe-
los campos e por 500 cidades, viviam no interior des-
se império. Em 1500, somente Tenochtitlán tinha
aproximadamente 200 mil habitantes, quase cinco
vezes mais do que Londres, a maior cidade europeia
da época.
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16. 14 Unidade 1 Diversidade cultural
Educação e religião
Particular importância tinha a educação. Pratica-
mente todas as crianças estudavam e a vida escolar
era uma das formas pelas quais os alunos aprendiam
os valores religiosos e morais da sociedade asteca. Os
professores também os ensinavam a ter uma preo-
cupação com o bem-estar da comunidade como
um todo (leia a seção Eu também posso participar,
na página seguinte). Os filhos de nobres e de gran-
des comerciantes tinham aulas em escolas reservadas
apenas para eles, as calmecac; as demais crianças es-
tudavam em instituições conhecidas como telpoch-
calli, que se espalhavam por todo o território asteca.
Os astecas utilizavam uma escrita pictográfica e
hieroglífica. Graças a ela, podemos hoje conhecer e
estudar vários aspectos de sua cultura. Também de-
senvolveram um calendário de 365 dias, divididos em
18 meses de 20 dias, mais cinco dias dedicados aos ri-
tuais de sacrifício em homenagem a suas divindades.
Os astecas acreditavam em diversos deuses.
Para eles, os deuses praticavam boas ações quando
recebiam presentes e homenagens. Por isso, ofere-
ciam-lhes sacrifícios, até mesmo humanos. A divin-
dade asteca mais importante era Huitzlopochtli, deus
da guerra e do Sol.
Todos os anos, cerca de 10 mil a 20 mil pes-
soas eram mortas em rituais religiosos realizados no
topo das pirâmides. Em situações de calamidade,
como uma seca ou uma guerra, os astecas chegavam
a imolar esse número de pessoas de uma única vez. Os
sacrificados assumiam um caráter quase divino, pois
eram vistos como mensageiros enviados aos deuses.
O Império Inca
Os incas, no século XII, eram apenas um dos di-
versos povos que viviam na América do Sul. No final
desse século, eles abandonaram a região e se esta-
beleceram no vale do Cuzco, em uma depressão da
cordilheira dos Andes.
Ali, viveram inicialmente subordinados a grupos
falantes da língua quéchua. No início do século XIV, já
haviam se tornado o mais importante grupo de uma
federação de povos andinos. Com um exército bem
organizado, apoiado na prestação de serviço militar
obrigatório, conquistaram pouco a pouco novos ter-
ritórios. Em menos de cem anos, seus antigos aliados
da federação haviam sido subjugados. Era o início do
Império Inca.
3
Em seu período de maior esplendor, no século
XVI, o Império Inca estendia-se por uma área de mais
de 1 milhão de quilômetros quadrados – englobando
territórios hoje pertencentes ao Peru, Equador, Bolí-
via, Colômbia, Chile e Argentina –, na qual viviam
cerca de 10 milhões de pessoas. A cidade de Cuzco –
que significa “umbigo do mundo” – era seu centro
político, religioso e cultural.
Terraço em degraus para o cultivo agrícola construído pelos
incas nas proximidades de Cuzco, no Peru atual, e ainda hoje
em uso, em foto de 2006.
RoberthardingPictureLibrary/Superstock/grupoKeystone
AMÉRICA
DO SUL
A N D E S
Machu Picchu
Chan Chan
Quito
Cuenca
Cuzco
Lago Titicaca
Tucumán
Extensão do
Império Inca em 1525
Estradas
OCEANO
PACÍFICO
Tumbes
Cajamarca
Trópico de Capricórnio
Equador
60º O
IMPÉRIO INCA NO SÉCULO XVI
Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
0 440
QUILÔMeTRoS
eSCALA
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17. 15Civilizações americanas Capítulo 1
Em nome da coletividade
Para os astecas, as aulas tinham por objeti-
vo transformar os jovens em excelentes súditos,
evitar que eles vivessem na ociosidade e treiná-
-los para a guerra.
Nas calmecac eram inscritos jovens destina-
dos a se tornar sacerdotes ou altos funcionários
do governo. Eles recebiam aulas de poesia, re-
tórica e astrologia; aprendiam o ciclo dos calen-
dários, tinham aulas sobre interpretação dos so-
nhos e entoavam cantos religiosos e cantos que
relatavam a história de seu povo.
Nas telpochcalli, onde estudava a maioria dos
jovens, a meta principal era formar guerreiros.
Embora os alunos tivessem aulas de religião, can-
to e dança, a maior parte de seu tempo era dedi-
cada a aprender o uso das armas, as técnicas bé-
licas e a assimilar a disciplina militar.
Os estudantes das telpochcalli trabalhavam
no cultivo das terras coletivas e na realização de
obras públicas, como reparos em valetas e canais
e na construção de novas casas ou templos. Além
disso, os alunos eram responsáveis pela conserva-
ção e limpeza de suas próprias escolas.
Essas tarefas mostram uma preocupação em
garantir a qualidade de vida da população por
meio da preservação do patrimônio público. Cha-
mamos hoje de patrimônio público os bens que
pertencem à coletividade, ou seja, não são pro-
priedade de uma determinada pessoa, empresa
ou entidade específica. Ruas, estradas, praças,
monumentos, meios de transporte coletivo, esco-
las, universidades e hospitais públicos, etc. per-
tencem à sociedade e beneficiam todas as pes-
soas que deles fazem uso.
Muitas vezes observamos que nem todas as
pessoas têm a preocupação de zelar por sua con-
servação e manutenção. É comum encontrarmos
pessoas que jogam lixo ou entulho nas ruas, dani-
ficam trens e metrôs, quebram os bancos de pra-
ças, depredam monumentos, etc. Quem faz isso
prejudica os outros e a si próprio. Mas essa situa-
ção pode ser mudada se em nosso dia a dia colo-
carmos em prática atitudes que ajudem a preser-
var o patrimônio público. Veja algumas a seguir:
• Não danifique e não permita que outras pes-
soas danifiquem um patrimônio público. Pre-
servá-lo é uma responsabilidade de cada um de
nós.
• Cuide bem das instalações de sua escola. Assim
como você, outros alunos estudam ou vão estu-
dar no futuro nesse mesmo espaço.
• Não deprede ônibus, trens ou metrôs. Milhares
de pessoas dependem dos transportes públicos
para se deslocarem de um lugar para o outro.
• Quando visitar um parque, praça, biblioteca ou
museu, respeite as regras e normas do local.
Fontes: SOUSTELLE, Jacques. Os astecas na véspera
da conquista espanhola. São Paulo: Companhia das Letras,
1990; BORDIN, Reginaldo Aliçandro e MELO, José Joaquim
Pereira. O telpochcalli e a educação do guerreiro asteca.
Disponível em: <www.ppe.uem.br/publicacao/sem_
ppe_2003/Trabalhos%20Completos/pdf/059.pdf>; MELO,
José Joaquim Pereira. A educação no império dos preferidos
do sol. Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/23/
textos/0228t.PDF>. Acesso em: 5 nov. 2012.
Sua comunidade
Reúna-se com seus colegas de grupo e, jun-
tos, façam uma lista citando três patrimônios pú-
blicos de sua cidade. Em seguida, descrevam o
estado de preservação de cada um deles, apon-
tando aspectos positivos e negativos. Para ter-
minar, elaborem um texto propondo medidas e
atitudes para garantir a preservação dos patri-
mônios selecionados.
Eu também posso participar
Moradores de Candangolândia, nos arredores de
Brasília, participam do projeto Mãos que Ajudam para
limpar e fazer reparos em escola pública durante o
feriado de 12 de outubro de 2009.
RenatoAraújo/AgênciaBrasil
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18. 16 Unidade 1 Diversidade cultural
A origem do Império
O Império Inca chegou a reunir cerca de cem
povos distintos. Todos eles encontravam-se subor-
dinados a um soberano, o Sapa Inca (único Inca) ou
Intip Cori (filho do Sol). Adorado como verdadeiro
deus, o Inca exercia o poder com a ajuda de um
conselho formado por pessoas de sua família. Seus
parentes ainda ocupavam os cargos mais elevados
da administração pública, como os de juiz, general
e sacerdote.
A maioria da população era formada por lavra-
dores, pois a produção agrícola era a base da vida
econômica. Ao casar-se, cada lavrador recebia um
lote de terra no qual cultivava principalmente milho,
batata-doce, abacate, quinoa, amendoim e batata.
Os camponeses eram obrigados a trabalhar nas obras
públicas e nas terras do Inca e prestar serviço militar.
As aldeias, chamadas de ayllu, constituíam a
comunidade básica da sociedade. Nelas viviam os
camponeses e suas famílias. Além dos lotes indivi-
duais, havia terras de uso coletivo, nas quais os cam-
poneses criavam a alpaca – mamífero do qual obti-
nham lã para a fabricação de tecidos – e a lhama,
utilizada principalmente como meio de transporte
de carga. Esses animais também eram aproveitados
como alimento.
Técnicos do governo dirigiam-se com frequên-
cia a essas aldeias para ensinar aos moradores os
melhores processos de criação de animais e para
orientá-los a respeito do preparo da terra e de ou-
tros afazeres, como o plantio, a irrigação, a co-
lheita e a conservação de alimentos. Para garantir
o sustento da população no inverno, muitos gê-
neros alimentícios eram desidratados e estocados.
Parte da colheita era usada como pagamento de
impostos.
Engenharia inca
O abastecimento das diversas regiões do Império
era feito por meio de um sistema de estradas que li-
gava o território inca de norte a sul e de leste a oeste.
Essas estradas totalizavam de 30 mil a 50 mil quilô-
metros de extensão.
Ao longo delas havia postos de correio sepa-
rados uns dos outros por alguns quilômetros. Em
cada posto havia um mensageiro, conhecido como
chaski. Quando ele recebia uma mensagem, corria
ao posto mais próximo e a retransmitia ao chaski
de plantão. Este, por sua vez, passava o comuni-
cado ao mensageiro do posto seguinte depois de
correr até ele, e assim sucessivamente até o desti-
no final.
Além de estradas, os en-
genheiros e trabalhadores in-
cas também ergueram cida-
des, templos e palácios. Eles
desenvolveram uma técnica
que permitia a superposição
e o encaixe de grandes blocos
de pedras sem a utilização de
nenhum tipo de argamassa.
As cidades mais desenvolvidas
contavam ainda com sistemas
de água encanada e esgoto.
Algumas dessas obras re-
sistiram à ação do tempo, ao
vandalismo e aos terremotos
e ainda estão de pé. Um dos
exemplos mais significativos é
Machu Picchu, cidade encrava-
da no alto de uma montanha
no Peru e considerada o prin-
cipal conjunto arquitetônico
pré-colombiano do continente
americano.
Antes da chegada dos europeus, os nativos da América desconheciam o cavalo e o boi.
Porém, outras cinco espécies animais haviam sido domesticadas. Uma dessas espécies era a
lhama, animal da família do camelo, muito utilizada pelos incas no Peru e na Bolívia atuais.
Na foto, lhama diante das ruínas de Machu Picchu, no Peru, em 2007.
Photos.com/Jupiter
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19. 17Civilizações americanas Capítulo 1
Os quipos
Os incas não desenvolveram uma escrita formal.
Para questões de contabilidade, porém, eles criaram
os quipos, sistema no qual as informações eram re-
gistradas por meio de feixes de cordas de tamanhos
e cores diferentes e com diversos nós. Os quipos per-
mitiam aos funcionários do Império armazenar infor-
mações relativas às safras agrícolas, ao pagamento
de impostos, etc.
Os incas se destacaram principalmente por seus
trabalhos de cerâmica, tecelagem e ourivesaria. Seus
artífices tinham grande experiência na manipulação da
Povos da América do Norte
Enquanto astecas e incas criaram sociedades
complexas e Estados altamente centralizados, a
América do Norte era ocupada por grupos nôma-
des e seminômades que viviam principalmente
da caça ao bisão, da pesca e, em alguns casos,
da agricultura de queimadas.
Por volta do século XVI, habitavam a região
povos como os apaches, sioux, navajos, co-
manches, moicanos, iro-
queses e outros. Juntos,
eles totalizavam cerca de
10 milhões de pessoas,
divididas em dezenas de
grupos linguísticos e cen-
tenas de aldeias.
De modo geral, os in-
dígenas norte-americanos
não conheciam os metais
e praticavam trabalhos
bastante rústicos de cerâ-
mica e tecelagem. Como
moradia, usavam princi-
palmente tendas de peles
em forma de cones. Em al-
guns lugares, como no Ca-
nadá atual, erguiam casas
de troncos; já no sudeste
dos atuais Estados Uni-
dos, chegaram a construir
aldeias com edificações
de tijolos de argila crua
secada ao sol (adobe).
De olho no mundo
Reúna-se com seu grupo de colegas e, juntos,
façam uma pesquisa de imagens sobre a atual si-
tuação dos indígenas do Canadá ou dos Estados
Unidos. Selecionem uma dessas imagens, pro-
duzam um cartaz e façam uma legenda. Depois,
montem uma exposição de cartazes na escola, di-
vulgando as diferentes etnias indígenas dessa re-
gião da América do Norte.
¡sso...Enquanto
DavidZalubowski/AssociatedPress
A conquista da América do Norte pelos europeus foi marcada pela violência e
pelo extermínio dos seus antigos habitantes. Na foto, nativos do povo cheyenne
reúnem-se diante da Assembleia Legislativa do Colorado, nos Estados Unidos, para
homenagear 150 indígenas mortos pela milícia do estado, em novembro de 1864.
Denver, capital do Colorado, novembro de 2000.
prata, sabiam fazer ligas de cobre e trabalhavam com
a platina, ainda desconhecida na Europa. Com o ouro
confeccionavam adornos, estátuas e ídolos religiosos.
O ouro também foi empregado na decoração de mui-
tos palácios e templos, principalmente os de Cuzco.
Politeístas, os incas mumificavam seus mortos
e acreditavam que todas as divindades haviam sido
criadas por um deus chamado Wiraqocha. No entan-
to, entre os muitos deuses de seu panteão, o Sol – Inti
– era a divindade de maior importância e a mais cul-
tuada. O imperador era considerado como o “único
filho do Sol”.
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20. 18 Unidade 1 Diversidade cultural
1. A civilização maia se estabeleceu na penínsu-
la de Yucatán (na América Central), por volta
de 1800 a.C. Quais foram as conquistas cien-
tíficas e tecnológicas dessa civilização durante
seu período de maior esplendor, entre 250 e
900 d.C.?
2. Escreva um texto sobre a importância de Teno-
chtitlán como centro da sociedade asteca.
3. Organize um quadro comparando a estrutura so-
cial dos maias e a dos astecas.
4. A educação era uma prática extremamente va-
lorizada pelos astecas. Por isso quase todas as
crianças estudavam. Explique como funcionava o
sistema educacional asteca.
5. Os incas construíram um grande império na região
andina da América do Sul a partir do século XIV, sub-
jugando os outros povos da região. Qual era a or-
ganização política e administrativa do Império Inca?
6. O domínio dos incas sobre os demais povos
dependia não apenas do controle político e
administrativo, mas também de outras ações
dos agentes do Império sobre os territórios
habitados por esses povos. Descreva como
funcionava o abastecimento, o transporte e
as comunicações no vasto território sob do-
mínio inca.
7. Em linhas gerais, quais eram as características
das religiões asteca e inca?
Organizando as ideias Atenção: não escreva no livro. Responda sempre no caderno.
Mundo virtual
n Panoramas.dk – Visitas virtuais a diferentes cidades do mundo. Oferece visão em 360º da antiga cidade
maia de Chichén Itzá, no atual México. Disponível em: <www.panoramas.dk/7-wonders/Chichen-Itza.html>.
Acesso em: 8 nov. 2012.
Um dos aspectos mais importantes das culturas
andinas era a produção de tecidos, como o man-
to reproduzido na fotografia ao lado. Feitos de al-
godão ou lã de alpaca, esses tecidos serviam não
apenas de vestimentas, mas tinham também função
religiosa e indicavam a posição social de quem os
utilizava. Observe a imagem do manto paraca e faça
as atividades propostas.
Interpretando dOCUMeNTOs
1. Faça uma descrição da imagem desenhada no
manto paraca e procure identificar os diversos
elementos que compõem esse manto.
2. O desenho do manto é de um ser humano ou de
um ser mitológico-religioso? Justifique sua respos-
ta com base nos elementos da própria imagem.
3. Com base nas informações do capítulo sobre as
diversas religiões pré-colombianas, procure ex-
plicar os possíveis significados da figura estam-
pada no tecido.
Os paracas viveram no território do atual Peru entre
os séculos IX a.C. e II d.C. Na imagem, um manto
confeccionado por artesãos paracas. Foto de 2006.
ALVA,W.;LonghenA,M.GrandesCivilizaçõesdoPassado:PeruAntigo.Barcelona:edicionesFolio,2006.
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21. 19
No começo, o mundo era habitado
apenas pelos homens-onça. Até que surgiu
Arcome, espírito criador dos seres humanos.
Os homens-onça perseguiram Arcome
que, ao fugir, caiu várias vezes. As quedas
foram marcadas por pedras. Nelas, Arcome,
transmitiu seus conhecimentos aos indígenas,
entre os quais os saberes tradicionais da pesca.
Segundo a lenda, as pedras que marcaram
as quedas de Arcome encontram-se na
cachoeira do Iauaretê, no alto rio Negro, na
região hoje conhecida como Amazônia. Elas
são consideradas sagradas pelos Tariano e
pelos Tukano, povos indígenas que vivem
às margens do rio Uaupés, numa região
fronteiriça entre o Brasil e a Colômbia.
Desde 2007 a cachoeira do Iauaretê é
considerada patrimônio cultural imaterial
Cachoeira do Iauaretê no alto rio Negro, região Amazônica, 2008. Apesar do nome, não se trata propriamente de uma
queda-d’água, mas de uma corredeira (trecho de rio no qual as águas correm com maior rapidez em razão da inclinação
do terreno). Os povos indígenas Tukano e Tariano a consideram um lugar sagrado.
Vincent Carelli/Acervo do fotógrafo
Edson Grandisoli/Pulsar Imagens
Capítulo 2
Pindorama e seus habitantes
Objetivos do capítulo
n Conhecer a história e a diversidade cultural dos
povos indígenas brasileiros.
n Identificar algumas manifestações do
patrimônio cultural imaterial relacionadas às
sociedades indígenas.
n Compreender alguns fatores que afetam
diretamente a sobrevivência das sociedades
indígenas atuais, como os conflitos pela posse
de terras.
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) do Brasil, uma vez que para os
4 mil índios que vivem na região ela conserva os
segredos e a história da origem do mundo.
Os Tariano e os Tukano são dois dos mais de
duzentos povos indígenas do Brasil. Neste capítulo
conheceremos alguns aspectos das sociedades
indígenas de hoje e das que existiam antes de
1500 no que viria a ser o atual território brasileiro.
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22. 20 Unidade 1 Diversidade cultural
Uma constelação de povos
A falta de dados mais precisos impede afirmar
com certeza quantas pessoas habitavam o atual terri-
tório brasileiro à época da chegada dos portugueses.
As cifras variam de 1 milhão a até 8,5 milhões. Se-
gundo alguns especialistas, no século XVI esses nati-
vos dividiam-se em mais de mil povos, com crenças,
hábitos, costumes e formas de organização específi-
cos. Eles falavam cerca de 1300 línguas distintas, a
maioria delas agrupadas em dois troncos linguísticos
principais, o tupi e o macro-jê.
Entre os principais povos Tupi encontravam-se os
Guarani, os Tupinambá, os Tabajara, os Carijó e os Ta-
moio. Esses povos ocupavam praticamente toda a atual
costa brasileira, desde o Ceará até o Rio Grande do Sul.
Já os do tronco linguístico macro-jê encontravam-se
predominantemente nos cerrados, como ocorria com
os Bororo e os Carajá, por exemplo. Os Tupi costuma-
vam chamar todas essas populações de tapuias, palavra
genérica e de sentido pejorativo usada para designar os
povos que falavam línguas diferentes da deles.
A maioria dos colonizadores que aqui chegaram a
partir de 1500 viveu no litoral em razão das dificulda-
des de avançar em direção ao interior. Assim, a maior
parte das informações a respeito das sociedades indí-
genas daquele período refere-se sobretudo aos Tupi,
com os quais os portugueses travaram maior contato.
Eram eles que chamavam o território em que viviam
de Pindorama, que quer dizer “Terra das Palmeiras”.
A quantidade de relatos sobre os povos indíge-
nas do interior é bem menor. Entre eles, podemos ci-
tar os do padre capuchinho francês Martinho de Nan-
tes, que, no século XVII, viveu entre os Cariri, no atual
território paraibano, e o do viajante holandês Joan
Nieuhof (1618-1672), que também no século XVII co-
nheceu os índios Tarairiú, no Sertão nordestino.
Por meio de textos como esses é possível recu-
perar informações valiosas a respeito dos hábitos e
costumes de alguns povos indígenas do interior. Um
trabalho de resgate mais consistente da vida e do co-
tidiano dos povos indígenas, no entanto, só começou
a se verificar a partir do final do século XIX, quando
alguns especialistas iniciaram pesquisas etnológicas
com os povos nativos. Porém, nessa época, muitas
etnias já estavam extintas e outras se encontravam
em vias de extinção.
1 Hoje, vivem no Brasil cerca de duzentos povos in-
dígenas, cada qual com seus hábitos e costumes pró-
prios (ver seção Passado presente a seguir). Na seção
Patrimônio e diversidade, na página 21, conheceremos
os Wajãpi, povo que vive no estado do Amapá e rea-
liza uma pintura corporal reconhecida mundialmente.
Uma aldeia Tupi
Apesar de contarem com muitos hábitos e cos-
tumes em comum, os povos Tupi tinham particulari-
dades que os diferenciavam uns dos outros. Por isso,
embora muitas das informações a seguir sejam gene-
ralizações, elas nos dão uma ideia das principais ca-
racterísticas desses grupos. Entretanto, isso não quer
dizer que todos os povos Tupi agissem rigorosamente
da maneira aqui descrita.
Os povos Tupi viviam em pequenas aldeias. Até
onde se sabe, a organização das aldeias seguia um
modelo comum: de quatro a sete malocas distribuí-
das em um grande círculo. Feitas de madeira e cober-
tas por folhas de palmeira, as malocas eram grandes
habitações coletivas sem divisões internas, que abri-
gavam de trinta a cem pessoas cada.
Na parte central do círculo formado pelas ma-
locas havia um terreiro conhecido como ocara. Era o
espaço principal da aldeia, pois nele aconteciam as
cerimônias religiosas, festas e rituais. Também eram
realizadas ali reuniões nas quais se discutiam ques-
tões de interesse da comunidade.
2
Gravura de Hans Staden, de cerca de 1556, que ilustra
a agricultura e os costumes dos índios tupi em publicação
de seu diário de viagem.
Akg-Images/Album/Latinstock
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23. 21Pindorama e seus habitantes Capítulo 2
Entre os diversos povos indígenas que
vivem hoje no território brasileiro, um deles
alcançou recentemente destaque internacional:
os Wajãpi, do Amapá. Pertencentes ao tronco
linguístico dos Tupi, os Wajãpi ganharam
projeção por manterem viva a arte kusiwa,
ou seja, o tradicional costume de pintar os
próprios corpos.
Usando urucum e suco de jenipapo para
obter as cores vermelha e preta com as quais
pintam o corpo, os Wajãpi desenvolveram
uma linguagem gráfica própria. Por meio dela
representam aspectos de sua mitologia e o
mundo que os cerca.
O domínio da técnica de pintura com
kusiwa é um conhecimento que os mais
velhos transmitem aos mais jovens, geração
após geração. Hoje, os Wajãpi lutam para
que esse saber não seja abandonado e
desapareça para sempre. Em 2001, a
importância da arte kusiwa foi reconhecida
internacionalmente. Naquele ano, a Unesco,
órgão da Organização das Nações Unidas
(ONU), definiu essa forma de expressão dos
indígenas Wajãpi como uma “obra-prima do
patrimônio oral e imaterial da humanidade”.
Até 2008, apenas noventa manifestações
culturais do mundo inteiro haviam obtido
reconhecimento semelhante.
Os Wajãpi são apenas um dos muitos povos
indígenas que vivem no Amapá. Além deles,
são encontrados grupos de outras etnias, como
os Galibi, Karipuna, Palikur e Galibi-Marworno.
Todos esses povos vivem em terras demarcadas.
Com isso, os povos indígenas do Amapá têm
suas terras asseguradas por lei.
Situado na região Norte, o Amapá é
cortado pela linha imaginária do equador
bem na altura de sua capital, Macapá. Nessa
cidade, encontra-se o Forte São José de
Macapá, construído entre 1764 e 1782 com
mão de obra formada por africanos e indígenas
escravizados. Localizado na margem esquerda
do rio Amazonas, é a maior fortaleza projetada
pelos portugueses em terras brasileiras no
período colonial e tinha por objetivo impedir
invasões pelo rio Amazonas.
Tombado pelo patrimônio histórico em
1950, o forte foi reaberto ao público em 2006,
depois de ter passado mais de uma década
fechado para escavações arqueológicas e obras
de restauração.
Patrimônio e diversidade Amapá
Os Wajãpi e a kusiwa
AntônioMilena/Arquivodaeditora
Capital do Amapá,
Macapá é vista aqui
em foto aérea de
1999. No primeiro
plano, debruçado
sobre as águas do
Rio Amazonas,
ergue-se o forte de
São José de Macapá.
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24. 22 Unidade 1 Diversidade cultural
A diversidade indígena
Estima-se que existam hoje no mundo pelo
menos 5 mil povos indígenas, somando cerca de
350 milhões de pessoas.
No Brasil, de acordo com o censo de 2010, os
indígenas somam 817 mil indivíduos, ou seja,
0,4% da população brasileira.
A maioria dos povos indígenas do Brasil (52%)
não tem mais do que quinhentos integrantes.
Apenas três deles, os Ticuna, os Guarani e os
Kaingang, contam com mais de 25 mil pessoas.
Tamanha variedade de povos faz com que o
Brasil seja um dos países com maior diversidade
étnica e cultural do planeta. Estima-se que sejam
faladas pelo menos 170 línguas indígenas no ter-
ritório brasileiro. Esse número, em um passado re-
cente, já foi maior, uma vez que diversos povos,
como os Pancararé (BA), os Xocó (CE), os Tupini-
quim (ES), os Krenak (MG), os Carapotó (AL), os
Cambeba (AM) e muitos outros deixaram de falar
seu idioma original, adotando o português ou a
língua de algum outro povo indígena com o qual
travaram contato.
Hábitos e costumes também variam de um
povo para outro. Um grande número de socieda-
des indígenas, por exemplo, constrói aldeias dis-
pondo suas casas em círculos, como os Bororo
(MT) e os Timbira (MA). Outros constroem suas
aldeias dispondo as casas em forma de U, como
os Xavante (MT), os Asurini (PA) e os Suruí (PA).
Já os Karajá (GO, MT, PA e TO) e os Munduruku
(AM, MT e PA) erguem suas residências em filas
paralelas umas às outras.
O modo pelo qual as decisões são tomadas nas
aldeias varia conforme a etnia. Os chefes Xavan-
te e Canela (MA), por exemplo, tomam suas deci-
sões com o auxílio de um conselho. Já nas aldeias
Krahô (TO) o chefe escolhe um indivíduo de sua
confiança para assessorá-lo e substituí-lo em sua
ausência; além disso, cada aldeia tem dois auxi-
liares: um deles cuida das atividades da aldeia
durante a estação seca e o outro, durante a esta-
ção chuvosa.
Fontes: MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil.
São Paulo: Edusp, 2007; MUNDURUKU, Daniel.
Coisas de índio. São Paulo: Callis, 1999; FERNANDES, Joana.
Índio – esse nosso desconhecido. Cuiabá:
Editora da UFMT, 1993; Instituto Socioambiental.
Povos indígenas do Brasil. Disponível em:
<http://pib.socioambiental.org>.
Acesso em: 6 nov. 2012.
De olho no mundo
Atualmente, diversas nações indígenas têm pro-
duzido experiências em vídeo, nas quais os pró-
prios indígenas aprendem a manipular uma câ-
mera e contar uma história. Juntamente com seus
colegas de grupo, faça uma pesquisa na internet,
selecione alguns vídeos e organize uma pequena
mostra desses filmes para a classe ou para a escola.
Passado Presente
Indígenas de uma aldeia do Acre que nunca tiveram
contato com os brancos disparam flechas contra o avião
do qual foi tirada esta foto, em maio de 2008. No Brasil,
46 povos nunca tiveram contato com não indígenas.
Funai/Reuters
A pessoa mais respeitada da aldeia era o pajé,
que desempenhava as funções de médico e sacerdote.
O líder da aldeia Tupi era chamado de morubixa-
ba. Ele não impunha ordens ou determinações ao gru-
po. Seu papel era servir de conselheiro, intermedian-
do as relações entre as pessoas para evitar conflitos.
Quando havia questões importantes a serem resolvi-
das, como declarar guerra a uma aldeia vizinha, forma-
va-se um conselho composto dos chefes das grandes
famílias, cujas decisões eram adotadas coletivamente.
A base material sobre a qual se apoiavam as so-
ciedades indígenas em geral, antes da chegada dos
portugueses, era a apropriação coletiva da natureza.
A terra, a floresta, a água, os animais pertenciam a
todos, não existindo a figura da propriedade privada
da terra ou de qualquer outro recurso natural.
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25. 23Pindorama e seus habitantes Capítulo 2
A ausência de propriedade privada, aliada à ine-
xistência de um poder político forte e centralizado,
imprimiu às comunidades indígenas um caráter alta-
mente igualitário.
Ou seja, de modo
geral, não existiam
privilégios, nem di-
visão de classes,
nem desigualdades
sociais.
FábioRodriguesPozzebom/ABR
Crianças indígenas
da etnia Kayapó com
pinturas corporais.
Belém, capital do
estado do Pará,
janeiro de 2009.
ta e da fabricação de utensílios domésticos. Os bens
assim produzidos pertenciam a toda a comunidade.
Tanto as armas como os objetos de uso diário eram
feitos de pedra, osso, madeira ou barro.
Os que viviam junto aos rios e ao mar tinham
na pesca um de seus principais meios de subsistên-
cia. Aqueles instalados no meio da floresta pratica-
vam mais a caça.
Alguns povos das planícies dedicavam-se tam-
bém à agricultura, plantando milho, mandioca, abó-
bora, inhame, batata-doce. Um dos alimentos mais
importantes, a mandioca tornou-se comestível gra-
ças ao fato de os índios terem descoberto como
extrair o veneno existente em sua raiz. Esse vene-
no era utilizado na ponta das flechas para torná-las
ainda mais mortais. Extraído o veneno, a mandioca
era transformada em farinha seca, tapioca, beiju e
outras iguarias. Em 2008, uma pesquisa desenvolvi-
da pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) constatou que a “domesticação” da man-
dioca ocorreu há mais de 8 mil anos, tendo começa-
do na região amazônica, em área hoje pertencente
aos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso.
Quando o solo se esgotava, o grupo que ocupa-
va a região abandonava a aldeia e se estabelecia em
outro lugar (veja a seção Passado presente, a seguir).
A divisão sexual do trabalho
A divisão do trabalho era feita de acordo com
o sexo e a idade. Geralmente, atividades como der-
rubar árvores, caçar, pescar, preparar a terra para o
plantio, construir malocas, armas e canoas ficavam a
cargo dos homens.
Além de cozinhar, as mulheres cuidavam das
crianças, da coleta de frutos, da plantação, da colhei-
A luta pela terra
Segundo a Constituição brasileira, as terras
onde os povos indígenas se encontram perten-
cem à União, mas os índios detêm o direito de
usufruto desses territórios. A garantia desse di-
reito se consolida após um longo processo no qual
agentes do governo federal identificam o territó-
rio e demarcam seus limites. Com a homologação
do processo pela Presidência da República, as ter-
ras são registradas em cartório. Atualmente, exis-
tem 685 terras indígenas (TIs), ocupando 13,3%
do território brasileiro, mas nem todas foram ain-
da registradas em cartório.
A Constituição proíbe que as terras indígenas
sejam ocupadas por terceiros. Afinal, é delas que
os índios retiram seu sustento por meio da caça,
da pesca, do cultivo de alimentos, etc. Por essa ra-
zão, para os povos indígenas é extremamente im-
portante que os recursos ambientais de seus terri-
tórios sejam preservados.
Nesse aspecto, porém, a Constituição nem
sempre é respeitada. O território dos Xacriabá,
em Minas Gerais, por exemplo, foi demarcado
numa área de transição do cerrado para a caatin-
ga, numa região desprovida de nascentes e que
chega a enfrentar até oito meses de seca por ano.
Em outros lugares, as terras indígenas são cons-
tantemente invadidas* por madeireiras interessa-
das na derrubada das ár-
vores ou por garimpeiros
em busca de ouro e dia-
mantes.
Esse processo de invasão se acentuou nas úl-
timas décadas em razão da grande valorização
das chamadas commodities agrícolas. Com
essa valorização, diversas áreas indígenas pas-
saram a ser ocupadas por agricultores que derru-
Passado Presente
* Veja o filme Serras
da desordem, de
Andrea Tonacci, 2005.
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26. 24 Unidade 1 Diversidade cultural
bam as matas para plantar produtos como soja e arroz.
Embora essa disputa pela terra dos índios ocorra em
diversos lugares do Brasil, é na região Norte que esse
processo é mais acentuado.
Em Roraima, indígenas da reserva Raposa Serra do
Sol conseguiram, em 2009, após longa batalha judicial, a
expulsão dos invasores de sua terra, em um caso de gran-
de repercussão no Brasil e no exterior.
Fontes: FAUSTO Boris e FAUSTO, Carlos.
Surto anti-indígena. O Estado de S. Paulo, 28 abr. 2008; GESISKY,
Jaime. Esperança nas aldeias xacriabás. Ciência Hoje, jan.-fev., 2008;
Comendo a Amazônia. Disponível em: <www.greenpeace.org.br/
amazonia/comendoamz_sumexec.pdf>. Acesso em: 6 nov. 2012.
Costumes indígenas
Muitas aldeias estabeleciam alianças com aldeias
vizinhas, fosse por meio de casamentos ou de acor-
dos informais.
Mas nem sempre imperavam relações amisto-
sas entre as aldeias. Não eram raras as guerras entre
elas. Um dos desdobramentos desses conflitos era a
captura de inimigos e a rea-
lização de rituais antropo-
fágicos, nos quais os prisio-
neiros eram devorados por
seus captores.
A antropofagia* tinha
sempre um significado ri-
tual para os indígenas, mas havia algumas diferen-
ças de conotação de grupo para grupo. Os Tupi, por
exemplo, comiam seus inimigos como forma de ho-
menageá-los, pois acreditavam que ao fazê-lo assi-
milavam sua força e valentia. Já para diversos povos
indígenas que viviam no interior, ingerir a carne de
um familiar morto por causas naturais transferia para
aqueles que a consumiam suas virtudes e qualidades.
No século XVI, muitos europeus viram na antro-
pofagia dos indígenas americanos um sinal de barba-
rismo e passaram a julgar as populações do continen-
te como incapazes de se autogovernar. Esse foi um
dos argumentos usados para justificar a colonização
da América.
AlanMarques/FolhaImagem
Os aborígines australianos
Por volta de 1788, ano em que os europeus chegaram à
Austrália atual, viviam ali de 500 mil a 700 mil aborígines (de-
nominação atribuída aos povos nativos australianos), dividi-
dos em aproximadamente quinhentos grupos que falavam cer-
ca de 250 línguas diferentes. Cada povo tinha seu território e
suas próprias regras. Todos, porém, eram nômades ou semi-
nômades. Viviam principalmente da caça e da coleta, embora
tivessem conhecimentos de agricultura. As trocas comerciais
eram relativamente intensas.
Com a chegada dos europeus, eclodi-
ram conflitos* pela posse das terras, que
provocaram o extermínio de grande par-
te da população aborígine. Em 1900, ela
estava reduzida a apenas 50 mil pessoas.
Graças a uma elevada taxa de natalidade, o número de aborígi-
nes voltou a crescer, totalizando hoje cerca de 350 mil pessoas.
¡sso...Enquanto
* Veja o filme Onde
sonham as formigas
verdes, de Werner
Herzog, 1984.
Jovens aborígines australianos dançam no
Festival Laura de Dança Aborígine, realizado
na península do Cabo de York, na Austrália,
em junho de 2011. A celebração cultural,
que acontece bienalmente, é sagrada para a
comunidade autóctone.
Mark Kolbe/Tourism Queensland/Getty Images
* Veja os filmes
Hans Staden, de Luiz
Alberto Pereira, 1998,
e Como era gostoso
o meu francês, de
Nelson Pereira dos
Santos, 1972.
Na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília,
a advogada indígena Joênia Batista Carvalho, do povo
Wapichana, prepara-se para defender a demarcação
contínua das terras da reserva Raposa Serra do Sol,
situada no estado de Roraima. Brasília, 27 ago. 2008.
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27. 25Pindorama e seus habitantes Capítulo 2
O que você vai ver e ler a seguir são duas repre-
sentações dos índios brasileiros produzidas por euro-
peus no século XVII. A primeira é a tela Dança Tapuia,
do pintor holandês Albert Eckhout (1610-1666). Ta-
puia era o termo utilizado pelos Tupi para designar in-
distintamente todos os povos que não pertencessem
à sua etnia. Hoje sabemos que os índios representa-
dos nesse quadro pertenciam na verdade ao povo
Tarairiú, que vivia no Sertão nordestino.
A segunda representação é uma descrição desse
mesmo povo feita por Elias Herckmans (1596-1644),
geógrafo holandês que governou a Capitania da
Paraíba entre 1636 e 1639, sob as ordens da Com-
panhia das Índias Ocidentais, durante o período de
dominação holandesa naquela região (sobre o as-
sunto, leia o capítulo 10). Observe a imagem abaixo,
leia o documento escrito e reflita sobre eles tendo
em mente as questões propostas.
Interpretando DOCUMENTOS
1. Em linhas gerais, como estava organizada a vida so-
cial e política em uma aldeia Tupi no século XVI?
2. Por que podemos afirmar que as sociedades indí-
genas eram, de modo geral, “igualitárias” quan-
do os portugueses chegaram ao território hoje
conhecido como Brasil?
3. Nas sociedades indígenas do século XVI ha-
via uma divisão de trabalho muito clara. De que
modo era realizada essa divisão e quais eram
suas características?
4. Quais eram as fontes de alimentação mais impor-
tantes das sociedades indígenas do atual territó-
rio brasileiro no século XVI?
5. Diversos povos indígenas realizavam rituais an-
tropofágicos, nos quais comiam prisioneiros de
guerra ou familiares mortos. Que significados ti-
nham esses rituais?
6. Atualmente, estima-se que existam no Brasil entre
450 mil e 700 mil indígenas, divididos entre povos
de etnias diversas. Essa variedade de etnias carac-
teriza o Brasil como um dos países de maior diver-
sidade cultural do planeta. Defina pelo menos três
aspectos da vida social e política que exemplifi-
cam as diferenças entre os povos indígenas.
7. A Constituição brasileira estabelece que as ter-
ras ocupadas tradicionalmente pelos povos in-
dígenas pertencem à União e apenas eles têm
direito ao usufruto dessas terras, que consti-
tuem cerca de 13,3% do território brasileiro.
Apesar disso, vêm ocorrendo conflitos em torno
de terras indígenas envolvendo o Estado, gru-
pos indígenas e vários interesses econômicos.
Faça uma síntese descritiva desses conflitos.
Organizando aS iDEiaS
Documento 1
Dança Tapuia, quadro
(óleo sobre tela)
do pintor holandês
Albert Eckhout,
executado por volta
de 1641. Também
conhecida como
Dança dos Tarairiú,
a obra encontra-se
hoje no Museu de
Copenhague, na
Dinamarca.
AlbertEckhout/MuseudeCopenhague,Dinamarca
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28. 26 Unidade 1 Diversidade cultural
Mundo virtual
n Biblioteca Digital Mundial – Site com documentos de diferentes lugares e períodos históricos.
Destacamos o acervo latino-americano. Disponível em: <www.wdl.org/pt/search/gallery/?regions=
latin-america-and-the-caribbean>. Acesso em: 8 nov. 2012.
n Museu do Índio – Desenvolve trabalhos de pesquisa e divulgação das culturas indígenas brasileiras em
parceria com as diversas etnias. No site do museu é possível encontrar fotografias, vídeos e textos sobre o
tema. Disponível em: <www.museudoindio.org.br/>. Acesso em: 5 nov. 2012.
Os indígenas representam hoje cerca de 0,4%
da população brasileira e ocupam uma área que
corresponde a 13,3% do território nacional. São
cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados,
área equivalente ao dobro da França. Reúna-se
com seu grupo de colegas e, juntos, debatam as
seguintes questões: qual é a importância de re-
servar grandes extensões de terra para essas co-
munidades? Como isso se choca com os interes-
ses de grupos econômicos e de comunidades não
indígenas? Se essas reservas fossem reduzidas, a
cultura indígena estaria ameaçada?
Tendo em mente essas questões e a reflexão
do grupo, montem uma pequena cena teatral que
dramatize a situação. Sob orientação do profes-
sor, apresentem a cena à classe.
Hora DE REFLETiR
Documento 2
Esse povo é robusto de corpo, de grande esta-
tura, a ossatura grossa e forte, a cabeça grande e
larga; [...] Andam inteiramente nus, exceto em algu-
mas ocasiões de festa, ou quando vão à guerra, por-
que então geralmente cobrem o corpo de penas de
arara [...], de maracanãs [aves da família dos papa-
gaios], papagaios e periquitos. [...]
Como esse povo anda nu [...], não se pode distin-
guir o rei e os maiores senhores pela excelência dos
vestidos. Mas somente pelo cabelo e pelas unhas
dos dedos. O cabelo do rei é cortado na cabeça
como uma coroa, e em ambos os polegares ele traz
as unhas compridas, o que, exceto ele, ninguém
mais pode trazer. Os seus amigos e capitães têm
as unhas compridas em todos os dedos, exceto nos
polegares, cujas unhas cortam rente para não min-
guar [reduzir] a honra do rei.
HERCKMANS, Elias. Descrição geral da Capitania da
Paraíba. In: MEDEIROS, Manuel Batista de. Capitania
holandesa da Paraíba numa visão do século XVII.
João Pessoa: Unipê, 2003. p. 212-214.
1. Faça uma descrição do quadro Dança Tapuia,
identificando as ações dos Tarairiú representados
e os objetos pintados na cena.
2. Que aspectos da descrição no texto de Herckmans
se aproximam da representação de Eckhout e
que aspectos divergem do quadro?
3. Com base nos dois documentos, levante uma hi-
pótese para explicar por que os índios estariam
dançando da forma representada no quadro.
4. Os autores dos dois documentos registraram
suas impressões (escritas ou pictóricas) sobre
os Tarairiú. Naturalmente, ao fazerem seus re-
gistros os autores imprimiram a eles seus pró-
prios valores e pontos de vista preconcebidos.
Assinale aspectos de ambas as obras que evi-
denciam esse olhar europeu preconcebido so-
bre os indígenas.
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29. 27
Todos os anos, nos meses de agosto e
setembro, milhares de pessoas vão às ruas da
cidade de Carhuamayo, na província de Junín,
no Peru, para assistir à tradicional Festa Patronal.
Trata-se de uma celebração realizada há mais
de um século, marcada por apresentações de
danças e músicas tradicionais, corridas de touros,
cerimônias religiosas e outros eventos.
Um dos pontos altos da festividade é a
encenação de uma peça de teatro ambientada
no início do século XVI. Essa história tem base,
principalmente, nas narrativas orais. Descreve o
encontro entre o imperador inca Atahualpa e um
grupo de conquistadores espanhóis. O ápice da
peça ocorre com a representação da captura e da
morte do imperador inca.
A tensão observada no encontro entre
Atahualpa e os espanhóis não é ficção.
Festa Patronal de Carhuamayo,
na província de Junin, Peru.
Foto de 2011.
Carhuamayo.com/Arquivodaeditora
Capítulo 3
A conquista espanhola
Objetivos do capítulo
n Identificar a expansão do cristianismo e
a exploração de metais preciosos como
alguns dos principais fatores que motivaram
a colonização espanhola no continente
americano.
n Compreender as principais causas do
extermínio de grande parte da população
indígena.
n Conhecer as estratégias de resistência dos
povos nativos ao domínio espanhol.
n Ampliar a compreensão em torno de conceitos
como etnocentrismo e da diversidade cultural.
Diego Rivera/Corbis/Latinstock/Foto: Charles and Losette Lenars
O encontro entre a população indígena, que vivia
no continente americano, e os espanhóis, que
desembarcaram no continente a partir de 1492,
foi extremamente violento e culminou em guerras
e mortes.
Neste capítulo veremos como foi a chegada
dos espanhóis na América e quais foram os
impactos da conquista para os povos indígenas.
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30. 28 Unidade 1 Diversidade cultural
Ouro e sangue: a conquista
espanhola
A notícia de que os índios de Hispaniola – onde
Cristóvão Colombo desembarcara em 1492 – usavam
adereços de ouro provocou alvoroço entre os espa-
nhóis. Motivados pelo desejo de enriquecimento fá-
cil, muitos deles se deslocaram para lá: em fins de
1493, tinha início a exploração aurífera na região. A
Igreja católica também enviou religiosos com o obje-
tivo de converter os nativos à fé cristã.
Ao chegar a Hispaniola, os espanhóis não pou-
param seus habitantes. Os que não foram extermina-
dos passaram à condição de escravos, sendo obriga-
dos a trabalhar na extração de ouro.
Parte da população indígena morreu ao entrar
em contato com doenças levadas pelos europeus e
contra as quais não tinha anticorpos. Segundo alguns
pesquisadores, essas doenças foram um dos princi-
pais responsáveis pela mortandade da população as-
teca, que diminuiu de cerca de 25 milhões de pessoas
em 1518 para 700 mil em 1623.
Com o esgotamento do ouro de Hispaniola,
as atenções dos espanhóis se voltaram para outras
ilhas próximas. A partir de 1502, Hispaniola tornou-
-se prioritariamente um centro administrativo e pon-
to de abastecimento dos exploradores que partiam
para outras regiões em busca de ouro.
Os espanhóis implantaram um sistema de colo-
nização conhecido como encomienda. Esse modelo
de exploração consistia em conceder a um colono o
direito de escravizar certo número de indígenas para
fazê-los trabalhar na exploração de ouro, na agricul-
tura ou em serviços domésticos. Em troca, o colono
deveria pagar um tributo à metrópole e cristianizar os
nativos sob seu controle.
1 Os astecas subjugados
Entre os espanhóis que chegaram a Hispaniola
em 1504 estava um jovem de apenas 19 anos chama-
do Hernán Cortez. Quinze anos depois, em fevereiro
de 1519, Cortez atravessaria o golfo do México para
conquistar o território asteca. Levava consigo mais de
600 homens, 32 cavalos e dez canhões e sua princi-
pal motivação era o ouro que se dizia existir nas cida-
des dos antigos mexicas.
Ao desembarcarem em território hoje perten-
cente ao México, em abril do mesmo ano, Cortez e
seus homens tiveram o primeiro contato com os aste-
cas. Eram emissários do imperador Montezuma.
Segundo uma antiga profecia asteca, naquele
ano deveria chegar à região o deus Quetzalcátl, a ser-
pente emplumada. Por isso, no começo os astecas
pensaram que os espanhóis eram deuses e os presen-
tearam com ouro.
Por meio de intérpretes, Cortez descobriu a exis-
tência de um grande número de povos subjugados
pelos astecas. Muitos deles estavam descontentes
com os altos tributos que lhes eram cobrados e pelo
fato de os astecas sacrificarem seus principais guerrei-
ros em rituais religiosos (sobre os tributos, veja a se-
ção Olho vivo, na página 30).
Conforme avançava em direção à cidade de Te-
nochtitlán, Cortez procurava conquistar a confiança
dos povos subjugados, prometendo-lhes a liberdade.
Obteve assim o apoio de muitos deles.
No dia 8 de novembro de 1519, Cortez e seus
homens se encontraram pela primeira vez com Mon-
tezuma. Embora já desconfiasse que eles não eram
deuses, o imperador lhes deu boa acolhida. Seis dias
depois, Cortez aprisionou o governante asteca.
2
Representação do encontro de
Hernán Cortez com o governante
asteca Montezuma em miniatura
do manuscrito Historia de los
indios, de Diego Durán, 1579.
À direita, Cortez recebe presentes
de Montezuma.
DiegoDurán,1579/BibliotecaNacional,Madri/TheBridgemanArtLibrary
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31. 29A conquista espanhola Capítulo 3
Posteriormente, em 30 de
maio de 1521, Cortez, à fren-
te de suas tropas e de aproxima-
damente 80 mil indígenas alia-
dos, sitia Tenochtitlán. A cidade
resistiu durante três meses, mas
acabou ocupada e arrasada pe-
los invasores. O território aste-
ca passou então para o domí-
nio espanhol sob o nome de
Nova Espanha (veja o mapa ao
lado com as colônias espanholas
na América).
A partir de 1523, Cortez
passou a ter como objetivo a
conquista do território maia, lo-
calizado em áreas hoje perten-
centes a Guatemala, Honduras
e México (veja o capítulo 1). Em
1547, depois de sucessivas guer-
ras, os espanhóis conquistaram o
território maia e dizimaram sua
população.
A sujeição dos incas
Em 1519, os espanhóis fundaram na América
Central a cidade do Panamá, que logo se tornaria
uma de suas sedes administrativas. Três anos depois,
o governador da região entregou a Francisco Pizarro
a chefia de uma expedição que deveria rumar para o
Sul, em direção ao Império Inca, onde, segundo infor-
mações recebidas, haveria muito ouro.
Pizarro faria três incursões na América do Sul. A
primeira (1524) fracassou na costa da Colômbia a-
tual, vítima de ataques dos indígenas e da falta de
água e comida. Na segunda (1526-1528), o aven-
tureiro chegou até a cidade de Tumbes, no litoral
do atual Peru, onde ele e seus homens encontra-
ram excelentes estradas, casas de pedra e templos
decorados com peças de ouro e prata de excelen-
te acabamento.
3
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
VICE-REINO
DA
NOVA ESPANHA
(1535)
VICE-REINO
DE
NOVA GRANADA
(1717)
VICE-REINO
DO
RIO DA PRATA
(1776)
VICE-REINO
DO PERU
(1543)
CAPITANIA-GERAL
DA FLÓRIDA
CAPITANIA-GERAL
DE CUBA
CAPITANIA-GERAL
DA VENEZUELA
CAPITANIA-GERAL
DA GUATEMALA
CAPITANIA-GERAL
DO CHILE
GUIANAS
Trópico de Câncer
Equador
60º O
Trópico de Capricórnio
0º
COLÔNIAS ESPANHOLAS NA AMÉRICA
0 920
QUILÔMETROS
ESCALA
1840
Fonte: WORLD History Atlas: Mapping the Human Journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
A invasão do Império
Entre 1528 e 1529, Pizarro deu início à sua ter-
ceira expedição em busca do Império Inca. Ao chegar
em Tumbes, encontrou a cidade completamente de-
serta: grande parte da população havia sido dizimada
por uma doença “que deixava marcas na pele”: era
varíola, transmitida aos nativos pelos espanhóis da se-
gunda expedição. Até mesmo o imperador Huayana
Cápac falecera vítima da epidemia. Sua morte deixa-
ra o Império Inca em guerra, provocada pela disputa
do poder entre seus dois filhos, Atahualpa e Huascar.
Ao saber dessas notícias, Pizarro seguiu para Ca-
jamarca, cidade a 2750 metros acima do nível do
mar, onde estava Atahualpa. O encontro entre ambos
ocorreu no dia 16 de novembro de 1532. O inca se
fazia acompanhar de um exército de cerca de 80 mil
guerreiros. Pizarro contava com 168 homens apenas.
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32. 30 Unidade 1 Diversidade cultural
As imagens reproduzidas nesta seção são uma das principais fontes de informação a
respeito dos astecas. Trata-se de uma página do Códice Mendoza. Escrita entre 1541 e
1542, a obra tinha por objetivo manter o rei da Espanha, Carlos I, informado sobre os aste-
cas. O códice tem esse nome por ter sido encomendado pelo primeiro Vice-Rei da Nova Es-
panha (nome pelo qual os espanhóis passaram a chamar o atual território mexicano), dom
Antonio de Mendoza.
O Códice Mendoza – que hoje se encontra na biblioteca da Universidade de Oxford, na
Inglaterra – foi elaborado com os pictogramas da escrita asteca; ao lado deles, os espanhóis
escreveram sua tradução. A obra está dividida em três partes: na primeira são contadas as
origens de Tenochtitlán, e a história de seus governantes e de suas respectivas conquistas.
A segunda parte relaciona as cidades que deveriam pagar tributos a Tenochtitlán e informa
qual o tipo de imposto a ser pago e em que quantidade. Na última parte, temos relatos da
vida cotidiana dos astecas.
Os tributos variavam de acordo com a região, mas de modo geral eram produtos têxteis,
roupas de guerreiros, alimentos e matérias-primas, como podemos ver nas imagens.
Olho vivo Os astecas e seus impostos
Mantas de algodão com motivos específicos.
Entre os astecas, o número de mantas que cada
indivíduo podia portar era estabelecido por lei.
Nesta coluna estão os nomes das cidades que pagavam impostos aos astecas. No Códice
Mendoza há uma lista de 326 cidades.
BETANCOURT, Luz Maria Mohar. La escritura en el México antiguo. Ciudad de México: Plaza y Valdés, 1990;
RAMOS, Laura Bety Zagoya. Análisis de los trajes de guerreros y escudos representados en el Códice Mendocino.
Disponível em: <http://swadesh.unam.mx/actualidades/Actualidades/24/textos24/trajes.html>.
Acesso em: 7 jan. 2010.
Traje guerreiro composto de uma vestimenta, um cocar e um escudo enfeitado com plumas de
quetzal, ave típica da América Central. O traje identificava o nível hierárquico do guerreiro. Este
é o Quetzalpatzactli, reservado à elite.
Colar de chalchihuite, uma espécie de jade verde.
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33. 31A conquista espanhola Capítulo 3
Feixes de plumas
de quetzal. O
uso de plumas
estava vinculado
ao culto religioso
e assinalava
posições na
hierarquia social:
apenas nobres,
reis, guerreiros e
sacerdotes podiam
usar roupas de
algodão cobertas
com plumas.
Numeral pictográfico: cada polegar
equivalia a uma unidade.
Numeral pictográfico: cada bandeira
equivalia a 20 unidades.
Peça feita de
“plumas ricas”.
Usado como pagamento de
tributos, o ouro em pó era
medido em xícaras.
Tradução para
o espanhol da
escrita asteca.
Entre os astecas
havia pelo menos
doze diferentes
tipos de trajes
guerreiros. Este é
conhecido como
tozcololl, uma
divisa que se levava
amarrada às costas
enfeitada com
penas de quetzal.
Huipil, uma espécie
de bata usada
pelas mulheres.
Espécie de tanga,
conhecida como maxtlatl.
Numeral pictográfico: cada pluma
equivalia a 400 unidades.
OxfordUniversityLibraries/WikimediaCommons
Fólio (folha dupla) 43 do Códice Mendoza
com ilustrações de vestimentas e adornos
utilizados pelos astecas.
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34. 32 Unidade 1 Diversidade cultural
Armados de espadas e arcabuzes e montados
em cavalos, animais que os incas desconheciam, os
homens de Pizarro mataram milhares de guerrei-
ros incas e tiveram apenas cinco baixas. Capturado,
Atahualpa foi preso e assassinado no ano seguinte.
Quando Atahualpa morreu, em julho de 1533, seu
irmão, Huascar, também já estava morto. Assim, os
incas escolheram um novo líder, Manco Cápac, eleito
com o aval dos espanhóis.
Matança dos habitantes
da cidade inca de Cuzco
por Francisco Pizarro e seus
homens. Gravura de autor
desconhecido da “Escola
Germânica”, 1532.
Giraudon/TheBridgemanArtLibrary/Keystone
Nas regiões mais tarde conhecidas como Méxi-
co e Peru, os espanhóis entraram em contato com
uma grande e densa população controlada por ins-
tituições centralizadas e já por longo tempo acos-
tumadas a produzir um excedente econômico em
benefício do grupo dominante.
Já nas extensas fronteiras situadas nas perife-
rias desses estados, a colonização espanhola fra-
cassou quando se defrontou com nativos em sua
maioria nômades, que não produziam excedentes
e que, devido à sua mobilidade, escapavam a qual-
quer controle. Nesses lugares encontraram feroz re-
sistência, que em alguns casos duraram até o início
do século XX.
Na região hoje conhecida como Bolívia, alguns
povos nativos, como os chiriguanos, resistiram
por três séculos à colonização espanhola. Durante
a segunda metade do século XVI, mesmo Potosí
e La Plata (atual Sucre), ambas na Bolívia atual,
e centros nervosos do vice-reino, viram-se várias
vezes ameaçados por povos insubmissos ao domí-
nio espanhol.
A resistência indígena
Cápac logo percebeu que os espanhóis procura-
vam manipulá-lo para ter total controle sobre o Im-
pério. Revoltado, rebelou-se contra os invasores. Em
represália, os espanhóis passaram a matar os nativos
indiscriminadamente.Calcula-sequequase8milhões
deles foram mortos até 1572, ano em que morreu
Tupac Amaru, último soberano inca (veja no boxe a
seguir texto sobre a resistência dos povos indígenas
ao domínio espanhol).
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35. 33A conquista espanhola Capítulo 3
1. A conquista espanhola de terras americanas
começou em Hispaniola, ilha onde Cristóvão
Colombo desembarcou em 1492. De lá, os es-
panhóis seguiram para outras ilhas e para o
continente no início do século XVI. Explique o
que motivou os espanhóis e descreva os pri-
meiros passos dessa conquista.
2. Faça uma linha do tempo com os principais fa-
tos que culminaram na conquista espanhola da
sociedade asteca.
3. A cidade do Panamá, na América Central, foi
fundada em 1519. Dela partiram as expedições
de Francisco Pizarro para a conquista do Impé-
rio Inca. Quais foram essas expedições e que
resultados obtiveram?
4. Como se realizou o encontro entre Pizarro e
o imperador inca, Atahualpa, e quais foram as
consequências desse evento?
5. Nos conflitos que levaram os espanhóis ao do-
mínio dos territórios americanos, havia uma
evidente inferioridade numérica do exército in-
vasor. Além da superioridade técnica e militar
(armas de fogo, cavalos, etc.), que outros fato-
res ajudam a explicar as vitórias dos espanhóis
sobre os povos americanos?
6. Além da guerra e da escravidão, parte da po-
pulação indígena foi morta pelas doenças tra-
zidas pelos espanhóis. Como essas doenças
foram capazes de dizimar milhões de ameri-
canos?
7. Observe novamente o mapa Colônias espa-
nholas na América (p. 29) e identifique os dois
primeiros vice-reinos a serem fundados. Iden-
tifique também a que processo de dominação
corresponderam esses dois vice-reinos.
Organizando as ideias
No Chile atual, na extremidade sul do continen-
te americano, os araucanos lutaram tão ferozmen-
te quanto os chiriguanos. Os araucanos transfor-
maram seus métodos de combate para adaptá-los
à luta contra os espanhóis. Para resistir às inves-
tidas da cavalaria espanhola, os guerreiros arau-
canos aumentaram o comprimento de suas lanças
para até seis metros e muniram suas pontas com
lâminas agudas, usando para isso as espadas, as
adagas ou facas capturadas do inimigo. Mais im-
portante: os araucanos passaram
a imitar os espanhóis, usando
cavalos – no final da década de
1560, a cavalaria nativa rivalizava
com a dos espanhóis.
Adaptado de: WACHTEL, Natham.
Os índios e a conquista espanhola.
In: BETHELL, Leslie (Org.). História da
América Latina: América Latina colonial.
São Paulo/Brasília: Edusp/Funag,
2004. v. 1, p. 227-236.
Fac-símile de um códice colonial
produzido na segunda metade do
século XVI intitulado Lienzo de
Tlaxcala. Os habitantes de Tlaxcala
eram aliados indígenas dos espanhóis
durante a conquista. Na imagem está
reproduzida a Batalha de Michoacan,
entre espanhóis e seus aliados contra
os astecas, que resistiam.
Litografiacolorida.Coleçãoparticular/foto:ArchivesCharmet/TheBridgemanArtLibrary/Keystone
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