O documento resume as competições de dança moderna/contemporânea e jazz no 17o Festival de Dança de Joinville, destacando a apresentação da dupla Fernanda Diniz e André Valadão e o solo da bailarina Beth Risoléu como atração convidada.
1. Momentos
Fernanda Diniz e André Valadão, agora como Competi çõ es
profissionais, reviveram a dupla que mais venceu em
Joinville Festival descalça sapatilha e dá
Foto: Croma Imagem passagem para o moderno e o jazz
As modalidades moderno/contemporâneo
propiciam sempre grandes surpresas
Fernanda e André, enfim durante o Festival
Programa ção
Regulamento
juntos Paulo César Ruiz
Noticiário do
terceiro dia : Reencontro dos jovens bailarinos mineiros que cresceram Começam hoje as competições nas modalidades
Fernanda e Andr é,
enfim juntos competindo juntos foi calorosamente aplaudido moderno/contemporâneo e jazz e as sapatilhas de
Noticiário do ponta são deixadas, por hora, de lado, no 17º Festival
segundo dia : Suzana Braga de Dança de Joinville. Dança moderna é um termo
Esmeralda maliciosa, surgido nos Estados Unidos para designar o contr ário
exuberante Cec ília da dança acadêmica. Engloba uma variedade de estilos
Uma nova geração vai ganhando status de ídolo em Joinville. Pedestal que, até bem
Noticiário da que têm em comum não usar sapatilhas ou o
abertura : Ana Maria
pouco tempo atrás, era reservado apenas a Ana Botafogo e Cec ília Kerche, como
vocabulário da dança clássica, buscando também
Cheia de Gra ça indiscutíveis estrelas brasileiras, e grandes astros internacionais, às vezes nem tão
temas mais identificados com sua época atual. No
Noticiário do dia
grandes assim.
século 20 a abstração foi aceita como conceito e a
20/07: Cec ília Kerche, dança buscou uma estrutura e equilíbrio capazes de
a bailarina cigana Fernanda Diniz e André Valadão mostraram, com muita clareza, que a própria geração realizar o abstrato. Foram desenvolvidos novos
Noticiário do dia formada pelo Festival já é exemplo para as próximas. Que um dia, esperamos, também princípios revigorando os movimentos de modo a
19/07: Giselle, mulher ocupem esse lugar no pódio. O reencontro dos dois jovens mineiros, que cresceram
tornálos capazes de revelar sentidos de modo n ão
de corpo e alma juntos competindo neste Festival e que hoje são bailarinos profissionais de altíssima literal. A dança moderna foi buscar na natureza
Leia também: qualidade, foi bonito, emocionante e recebido com estrondosa ova ção por parte do intrínseca do movimento o espaço, o tempo, a textura
16º Festival de Dan ça público. e a dinâmica, aplicando a faculdade dos sentidos aos
de Joinville 1998
movimentos.
Com o Grand pasdedeux de "O Cisne Negro", a dupla deu um show de beleza
técnica. Fernanda foi uma Odile esplendorosa, cheia de estilo, com um atrevimento A dança contemporânea lida com a realidade imediata
técnico só permitido aos "jovens eleitos". É uma bailarina cheia de luz e muito do ser humano, é influenciada por outras artes como
chique. Interpretou o personagem no ponto certo do pasdedeux à coda. Foi cinema, vídeo, teatro, artes plásticas, buscando manter
perfeita. uma sintonia fina com o seu tempo. Com seu amplo
leque de possibilidades expressivas, a modalidade
André, por sua vez, encarou o desafio e fez a sua mais bela apresentação em moderna/contemporânea propicia sempre grandes
Joinville. Cuidadoso como partner, elegante e técnico na variação, deu o seu "olé" surpresas nas disputas durante o Festival de Joinville.
na coda, dobrando o tempo dos seus jet és (no manège), o que fez com charme e
exatidão. Muito bom. Como sempre, a disputa promete ser acirrada, até
porque as academias têm se preparado quase que
A dupla, atendendo ao público, bisou a coda, e Fernanda, mais uma vez, exorbitou exclusivamente para participar do festival. Têm
nos seus fout és duplos. Lindos! contratado professores, alguns at é importados e
investindo na qualidade da formação do bailarino.
Afinal, ganhar um prêmio em Joinville significa uma
A natureza demiúrgica da excelente estratégica de marketing às academias.
dança que nos religa a Deus
A noite promete ser quente. No início, três grupos de
Fernanda Diniz é um compasso na mão de uma criança: as duas pernas retilíneas, cidades vizinhas disputam um prêmio no Júnior. Aliás,
agudas, descrevem uma abertura de 180 graus. De um lado a agulha, do outro a dois catarinenses de Joinville sobem ao palco a
grafite. Juvenil da Escola Municipal de Ballet, que vem com a
coreografia "Weltlos Fragmentos", do competente
A cada giro, risca um mundo novo, e ela nem toca a terra com os pés. Seu elemento é Marcos Sage, sobre o tema "Chroniques Barbaries". A
o éter. Fazse a luz, a música entra e, em um instante, a realidade deixa de existir no Escola Municipal já levou um primeiro prêmio ano
palco. passado. É bom ficar de olho nela.
Um Deus perdulário concedeu a Fernanda seu poder de encantamento, tanta gra ça Marcos Sage costuma beliscar prêmios com suas
posta fora e indefinidamente refeita. Já sem fôlego, quando deveria vir a exaustão, ela delicadas e tramadas coreografias onde se vê, lá no
ressurge em sua natureza demiúrgica. Num hausto devolvenos a alma, e ficamos fundo, uma pitada de Balanchine. De Jaraguá do Sul, o
com sua imagem nas mãos, latejante, sem saber onde botála. A tua dança nos religa Dança & Cia vem com a coreografia "Préhistória", de
ao deus no instante mesmo da criação. O gáudio da tua dança preenche a vida Adriany Maciel, em cima de uma colagem musical. O
inteira. Sparring de deidades, André Valadão, se mede com o infinito. (Joel Gehlen) grupo curitibano, Juvenil do Guaíra, escola que já
faturou muitos prêmios em Joinville no clássico,
apresenta a coreografia "Natação", de Rosemeri
Rochae Cinthia Andrade.
Passagens No Avançado 2, nove grupos disputam o pódio. Entre
intensamente líricas os mais conhecidos estão o Cia do Mato (UFMS),
escola do Ginga, que vem com a coreografia "Fases",
de Chico Neller, por sinal um velho conhecido em
Bailarina paulista Beth Risoléu apresenta "Cantata da Meia Joinville. Habituês do Festival sabem das qualidades
Noite", como a atração convidada desta sábado estéticas das coreografias criadas por Chico Neller,
pautadas por idéias e movimentos sensíveis e
Ana Francisca Ponzio inteligentes.
Um solo intimista, interpretado por uma das melhores bailarinas do Brasil a paulista Na disputa, outro pesopesado: o Grupo de Dança
A Notícia Beth Risoléu é a atração convidada do programa deste sábado, no 17º Festival de Roseli Rodriguies, de São Paulo, que apresenta a
Dança de Joinville. Com música de Vivaldi, o solo de Beth é um excerto do balé coreografia "Kronos", de Ivonice Satie, profissional
NOTICIÁRIO
"Cantata da MeiaNoite", criado em 1989 para o grupo Cisne Negro, de São Paulo, que acaba de assumir a direção do Balé da Cidade de
Capa São Paulo. Pedreira. Correndo por fora, a Cia Cylene
Opinião por Gigi Caciuleanu, um dos mais importantes coreógrafos da chamada nova dança
francesa, movimento que floresceu a partir dos anos 80. Penhavel, também de SãoPaulo, que entra em campo
Economia
Política com a coreografia "Gabriel", de Marcelo Bucoff (veja
País lista completa dos concorrentes na página 3).
Nascido na Romênia, Caciuleanu fixouse na França para desenvolver sua carreira.
Mundo
Polícia
"Uso a dança para observar o mundo e recriar a vida, sem fazer de meus espetáculos
uma anedota literária. Por meio de alusões ágeis e profundas sobre o cotidiano, Terminadas as competições de
Geral
Esporte procuro impregnar de significados uma mistura de ritmos e gestos, permeada de moderno/contemporâneo, começam as de jazz, grande
sensa ção das noites do festival, só perdendo em
2. NOTICIÁRIO Dança de Joinville. Com música de Vivaldi, o solo de Beth é um excerto do balé
"Cantata da MeiaNoite", criado em 1989 para o grupo Cisne Negro, de São Paulo, que acaba de assumir a direção do Balé da Cidade de
Capa São Paulo. Pedreira. Correndo por fora, a Cia Cylene
Opinião por Gigi Caciuleanu, um dos mais importantes coreógrafos da chamada nova dança
francesa, movimento que floresceu a partir dos anos 80. Penhavel, também de SãoPaulo, que entra em campo
Economia
Política com a coreografia "Gabriel", de Marcelo Bucoff (veja
País lista completa dos concorrentes na página 3).
Nascido na Romênia, Caciuleanu fixouse na França para desenvolver sua carreira.
Mundo
Polícia
"Uso a dança para observar o mundo e recriar a vida, sem fazer de meus espetáculos
uma anedota literária. Por meio de alusões ágeis e profundas sobre o cotidiano, Terminadas as competições de
Geral
Esporte procuro impregnar de significados uma mistura de ritmos e gestos, permeada de moderno/contemporâneo, começam as de jazz, grande
Fórmula 1 impulsos mecânicos, confrontos bruscos, mas também de passagens intensamente sensa ção das noites do festival, só perdendo em
Fórmula Indy líricas. Apesar do sentido psicológico e social que adquirem, minhas coreografias popularidade para as do street. O jazz sempre agrada
COLUNAS nunca deixam de ser dança", declarou o coreógrafo certa vez, sobre sua proposta. pelo seu ritmo quente, alegre, animado e brincalhão,
Alça de Mira ou então pelo clima leve, envolvente e sedutor.
Informal A convite de Hulda Bittencourt, diretora do grupo Cisne Negro, Caciuleanu inseriu o
Moacir Pereira São 23 coreografias concorrendo nessa primeira noite
Espaço Virtual
Brasil em sua trajetória. Além de "Cantata da MeiaNoite", ele também remontou para
o grupo paulista as coreografias "Equinoxe" e "Mozart íssimo". Todas essas obras de jazz. Nos últimos anos, o espetáculo tem sido
Cl áudio Prisco
AN Bras ília contaram com a participação marcante de Beth Risoléu, que foi uma das principais arranhado pela escolha musical, que nem sempre é fiel
Livre Mercado bailarinas do Cisne Negro entre 1980 e 1993. Durante este período, Beth revelou o à modalidade. Jazz, que é bom, é raríssimo se ouvir
Raul Sartori vigor de sua personalidade artística, interpretando com densidade obras de nessas noites marcadas por colagens musicais e temas
CADERNOS diferentes autores. pops.
Anexo
Cr ônicas Logo após se desligar do Cisne Negro, Beth ingressou no República da Dança, O Grupo de Jazz Carlota Portella, do Rio de Janeiro,
Cinema filho do grupo profissional conhecido e respeitado
AN Cidade
grupo dirigido por Ana Mondini, que marcou a cena paulistana entre 1994 e 1995,
mas que acabou se desintegrando por causa de um problema crônico no Brasil: a Carlota Portela, apresenta a coreografia
AN Inform ática
AN Veículos falta de patrocínios. Daí em diante, Beth assumiu a condição freelance, já que nunca "Amorosamente", de Alice Vasques. Outro que vem
AN Economia lhe faltaram convites para estar em cena. Disputada por grupos e coreógrafos, Beth se dando bem na história do Festival, o Experimental
AN Tevê vem protagonizando espetáculos de Ivaldo Bertazzo, Mirian Druwe, Sandro Borelli, Expressart Ribeirão Preto, que disputa com a
ESPECIAIS Laudnei Delgado, Ismael Guiser. Ao lado de um superstar da dança, o bailarino coreografia "Imitar? Iludir? Tudo é dançar", de Valérie
Copa 98 argentino Julio Bocca, Beth eletrizou platéias em Buenos Aires, em temporadas que Marlene Vieta.
Grandes Entrevistas superlotaram locais como o Luna Park, onde cabem 6.000 espectadores.
Cruz e Sousa No sênior, além do Carlota Portela que volta pela
Joinville 148 anos segunda vez na noite, o grupo Versátil de Fortaleza,
Festival de Dan ça A partir deste mês, no entanto, Beth já não estará tão disponível para os criadores
Recicle que pretendem têla em seus espetáculos. A convite de Ivonice Satie, que acaba de entra em cena com "Pássaros Noturnos". Dirigido por
SERVIÇOS reassumir a direção artística do Balé da Cidade de São Paulo, Beth passa agora a Vera Passos, o grupo já papou alguns prêmios em
integrar o elenco "oficial" da capital paulista, junto ao qual também atuará como outros festivais.
AN Pergunta
AN Pesquisa assistente de coreografia. Contudo, os projetos paralelos não serão abandonados,
Como anunciar como a montagem do espetáculo "Camille", inspirado na escultora francesa Camille No avançado 2, outra disputa promete. VD Mascotte
Classificados Claudel, que ela pretende estrear ainda este ano, em parceria com Laudnei Delgado e (também de CarlotaPortella), entra com a coreografia
Assinatura Mário Nascimento. "Nostálgico", sobre um tema do genial compositor
Mensagem argentino Astor Piazolla, e, novamente, o Grupo de
Edições 1999
Edições 1998 "Gosto de interpretar idéias", diz Beth sobre sua afinidade em captar e expressar com Dança Roseli Rodrigues, com a peça "Fontana di
Edições 1997 refinado talento as inquietações de criadores contemporâneos. Para coreógrafos e Amore, da própria Roseli. Vale um destaque, no
AN Chat diretores cênicos, Beth representa hoje a bailarina de amplos recursos, capaz de Avançado 1, para o Grupo Mery Rosa, de Itajaí, com
Loterias enriquecer produções com a maturidade de seu desempenho art ístico. Sobre a "Desire",de Mery Rosa, que vem aparecendo com
INFO apresentação de hoje à noite, no Festival de Joinville, Beth demonstra, entretanto, dignidade e brilho nas disputas dejazz nos últimos
Índice uma preocupação: as dimensões gigantescas do teatro, que não favorecem o tom festivais.
Expediente introspectivo exigido por seu solo. Mas, mesmo em pequenas doses, as
Institucional apresentações de Beth sempre permitem ao público entrar em sintonia com Resultados da segunda noite competitiva
AN Capital interpretações muito especiais, que deixam a clara sensação de que valeu a pena.
NOTICIÁRIO
Ballet Repertório feminino
Capa
Geral
Nova geração profissional Variação feminina Sênior
Última Página concorre mesmo premiada internacionalmente
COLUNAS 1º lugar Grupo Especial
Ricardinho Machado Existe toda uma geração de bons bailarinos competindo em Joinville,todos com 2º lugar Ballet Cristina Helena
Fala Mané experiência internacional, o que, de certa forma, demonstra que vencer no Festival 3º lugar Thalhe Escola de Ballet
tem uma grande importância para esses jovens, independente das medalhas que já
receberam em competições em outros países ou mesmo seus estágios e recentes Ballet Repertório masculino
contratos internacionais. A encantadora dupla Maria Lucia Segali e Breno Variação masculina Sênior
Bittencourt, ambos de 17 anos e ambos de Florianópolis pertence hoje ao Le Jeunne
Ballet de France, de Paris, entretanto, com o apoio da Fundação Franklin Cascaes, 1º lugar Cia Jovem Paula Castro
conseguiram chegar até Joinville e concorrer no Festival, de uma forma inusitada,
sem academia por trás, uma produção independente. O "D. Quixote" apresentado Ballet de Repertório
pelo casalzinho, recebeu o terceiro lugar. Voltam para Paris, com a medalha e cheios Sênior
de felicidade.
1º lugar Ballet Cristina Helena
Já Yosvani Ramos foi prata em Varna, ouro em Paris,prata no Japão, prata em 2º lugar Thalhe Escola de Ballet
Jaksnon mas um pequeno escorregão na sua preciosa variação de "Cisne Negro" 3º lugar Cia Mineira de Danças
tirou o seu ouro este ano em Joinville. O rapaz chorou a prata (o segundo lugar que
recebeu) inconsolável, até às 5 horas da manhã.
Ballet Repertório
GrandPasde Deux Sênior
André Portásio, hoje no English National Ballet, aos 17 anos, voltou a joinville para
ganhar a medalha de ouro que tanto sonhou. Conseguiu. O mesmo aconteceu com
Jaime Dias e Heward Quintella, ambos com passagem pelo "Jeunne Ballet de France" 1º lugar Especial Academia de Ballet
e laureados internacionalmente. 2º lugar Ballet Cristina Helena
3º lugar Thalhe Escola de Ballet
Ballet Repertório
Variação masculina Avançado I
O bailarinointérprete
Marcelo Misailidis 1º lugar Ballet Aracy de Almeida
Integrante do Ballet Theatro Municipal do Rio de Janeiro, apresta Ballet Repertório
Variação feminina Avançado II
as armas de ator para compor seus personagens
1º lugar Paula Castro Cia de Dança
Adriana Zoch
Ballet Repertório
Raros bailarinos no mundo conseguiram construir, em sua trajetória artística, uma Variação masculina Avançado II
história de sucesso tão rápido como o fez Marcelo Misailidis, hoje um dos primeiros
bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ). Ele participou da 17ª
edição do Festival de Dança dançando os papéis de Albrecht e Louis, no balé 1º lugar Paula Castro Cia de Dança
"Giselle", ao lado de Ana Botafogo. 2º lugar Escola de Danças Clássicas Teatro Guaíra
Misailidis começou a estudar balé em 1986 e já em 1991 desembarcou em Joinville Ballet Repertório
para dividir o palco com a primeira bailarina do (TMRJ) Ana Botafogo, no pasde Avançado II
deux "Dom Quixote". Marcelo julgou ser aquele encontro com Ana, na noite de
abertura da 9ª edição do Festival de Dança de Joinville, a sua grande oportunidade 1º lugar Paula Castro Cia de Dança
de alçar vôos maiores na carreira. Mas nem de perto imaginava que aquele ano lhe 2º lugar Ballet Aracy de Almeida
3º lugar Studio D1
3. bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ). Ele participou da 17ª
edição do Festival de Dança dançando os papéis de Albrecht e Louis, no balé 1º lugar Paula Castro Cia de Dança
"Giselle", ao lado de Ana Botafogo. 2º lugar Escola de Danças Clássicas Teatro Guaíra
Misailidis começou a estudar balé em 1986 e já em 1991 desembarcou em Joinville Ballet Repertório
para dividir o palco com a primeira bailarina do (TMRJ) Ana Botafogo, no pasde Avançado II
deux "Dom Quixote". Marcelo julgou ser aquele encontro com Ana, na noite de
abertura da 9ª edição do Festival de Dança de Joinville, a sua grande oportunidade 1º lugar Paula Castro Cia de Dança
de alçar vôos maiores na carreira. Mas nem de perto imaginava que aquele ano lhe 2º lugar Ballet Aracy de Almeida
reservaria outros momentos gloriosos. Não dançou apenas com Ana Botafogo. 3º lugar Studio D1
Substituiu, na noite seguinte, o partner de Cec ília Kerche. Com um único ensaio, 3º lugar Grupo Passo a Passo
realizado na manhã do dia da apresentação, Marcelo subiu ao palco do festival pela
segunda vez naquele ano, e fez bonito.
Mas o destinou ainda reservaria outra realização para o bailarino. Marcelo veio a
dançar ainda uma terceira noite, naquele mesmo festival, com Nora Esteves. Uma
Richard Cragun cria novo grupo de
soma inédita: ter três das primeiras bailarinas do TMRJ como parceiras de palco, em escola de dança em Curitiba
um espaço de tempo de três dias. A notoriedade obtida a partir daí credenciou
Misailidis, então com 23 anos, para integrar a mais tradicional companhia do País, do O bailarino Richard Cragun, parceiro antológico de
Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Marcia Haydée quando ambos integravam o Ballet de
Stuttgart na Alemanha, está se mudando para o Brasil
Marcelo tem a resposta na ponta da língua, para explicar sua rápida ascensão: "Foi a para dirigir, em Curitiba, uma nova e grande
qualidade da minha formação", afirma, uma boa base técnica em pasdedeux, graças companhia de dança. The Anima, nome que Cragun
às aulas, entre 87 e 91, com o primeiro bailarino do Royal Ballet, Desmond Doyle, um escolheu para o grupo, deverá reunir cerca de 30
dos principais maitres do balé, que integrou o corpo de baile do TMRJ na década bailarinos em um elenco de caráter multinacional.
passada. Marcelo atribui sua sólida formação também à exbailarina russa Eugênia Segundo Cragun, intérpretes de diferentes partes do
Feudorova e a Aldo Lotufo, na época primeiro bailarino do TMRJ. Foi Lotufo, diz mundo deverão se juntar a brasileiros para compor
Misailidis, quem lhe proporcionou uma bagagem do comportamental de um primeiro uma companhia de repertório neoclássico e
bailarino e da tradição da dança clássica. "Fui privilegiado. Aprendi desde cedo com contemporâneo.
quem tinha muito gabarito".
Para garantir a estabilidade do novo grupo, o bailarino
Mas só passar conhecimento era ainda muito pouco. "O que aprendi mais foi o está contando com patrocínios privados, sendo que
feelling de saber explorar. Eles sabem como absorver o seu potencial, puxam de voc ê um dos mais expressivos seria da empresa
o intérprete, o lado técnico". Para Marcelo Misailidis, o mais marcante na sua automobilística alemã MercedesBenz. "Estamos em
formação se deve à coreógrafa Dalal Achcar. "Foi ela quem lançou a Ana (Botafogo) estágio muito adiantado de negociações", diz o
e eu". Dalal, resume, tem uma sensibilidade especial para desenvolver e trabalhar os bailarino. Contudo, o principal parceiro de Cragun
elementos característicos de quem tem talento para a dança. para a fundação da nova companhia é o governo do
Estado do Paraná. O governador paranaense, Jaime
Lerner, através de sua Secretaria de Estado da Cultura,
Inclinação atualmente dirigida por Lucia Camargo, deverá ceder
uma sede para The Anima, em local a ser definido. "A
O que mais chamou a atenção do público e da crítica na noite de abertura do 17º partir do projeto de Cragun, queremos ter em Curitiba
Festival de Dança de Joinville foi o intérprete que se revelou Misailidis nos dois uma escola internacional de balé", diz Lucia, que
personagens que encarnou em "Giselle". O bailarino diz que sempre teve inclinação também convidou o bailarino para ser consultor
para o lado artístico. "Quando busquei a dança, foi pela emoção que proporciona". artístico do Ballet Guaíra. "Ao contrário de cidades
Teve oportunidade de conviver com várias personalidades do teatro nacional, como como São Paulo e Rio de Janeiro, que por serem
Sérgio Brito e Gabriel Vilela, "coadjuvantes" na sua transformação em bailarino centros maiores acabam gerando certa dispersão entre
intérprete. Há três anos, estreou como ator fazendo papel de bailarino em um curta os bailarinos, Curitiba tem melhores condições de
metragem dirigido por Alberto Savá. Uma experiência múltipla capaz de lhe conferir o favorecer a concentração de uma equipe. Queremos
ar teatral com que interpreta seus personagens em palco. trazer para o Paraná artistas de todo o Brasil, inclusive
porque pretendemos estimular a formação e o
Projetos novos fazem parte do seu diaadia, apesar de reconhecidamente, por ele desenvolvimento de cenógrafos, músicos e demais
mesmo, levar uma vida desregrada, dividindo o tempo entre a dança, a família, mulher profissionais dispostos a trabalhar em conjunto com a
e filha. Agora, desenvolve um de seus mais desafiadores trabalhos, o Dança Comigo. dança", afirma Cragun.
Para se ter uma idéia do desafio, basta mencionar que o projeto vem sendo
executado com outros dois personagens da dança, de estilos bem diferentes, Por conta de seu trânsito internacional, Cragun diz
Carlinhos de Jesus e Steven Harper. Tudo dirigido pela exatriz Cininha de Paula e que terá facilidade de convidar coreógrafos de
montado com base em roteiro de Flávio Marinho. A estréia prevista para o ano que prestígio, como William Forsythe e Jiri Kylian para
vem. trabalharem com o grupo brasileiro. No entanto, ele
pretende contar, na maior parte, com profissionais
Outro projeto que vem tocando este ano estréia no Carnaval de 2000. Está montando brasileiros. "Quero motivar a formação de novos
a coreografia da comissão de frente da escola de samba do Rio Unidos da Tijuca, criadores, quem sabe através de workshops anuais de
como já tinha feito anteriormente, conquistando no quesito o primeiro lugar. Vai coreógrafos", acrescenta Cragun.
assinar também a direção artística dos personagens que estarão nos carros
alegóricos da escola, em um trabalho cênico com o carnavalesco Chico Espinosa. Roberto de Oliveira, coreógrafo brasileiro que vive na
"Vou tentar engajar os artistas no enredo", missão inédita. Europa desde 1986, deverá ser o coreógraforesidente
da companhia The Anima. Exbailarino da Cia. de
Apesar de flagrantemente polivalente, o que, segundo ele, contribui para ampliar o Maurice Béjart e do Balletto de Toscana, Oliveira
repertório, Misailidis enfatiza: "Minha linha central é a dança, mas atuo como ator. O dançou durante seis anos no Ballet de Stuttgart, onde
contrário seria impossível. É como um instrumentista popular que não conseguiria se revelou como coreógrafo. "Em novembro
tocar em uma sinfônica, mas que, sendo de uma sinfônica, não teria problemas para pretendemos percorrer cidades brasileiras para fazer
instrumentalizar uma música popular", explica, fazendo uma analogia. "O que faço é audições em busca de bailarinos que comporão o
transportar para a dança minha experiência teatral". elenco de The Anima. A idéia é começar a trabalhar
com a companhia em janeiro e estrear o primeiro
O diferencial também é a época. "O balé evoluiu muito. Por este motivo, não dá mais espetáculo em abril de 2.000", anuncia Oliveira. (Ana
para construir com a mesma linha de interpretação, antes mais teatral, hoje mais Francisca Ponzio)
sutil". Hoje você mantém o mesmo estilo da dança do século passado, mas
imprimindo um ritmo mais atual. É preciso atuar com objetividade e espontaneidade.
Os detalhes, as nuances, as sutilezas são mais importantes hoje. Temos que captar
esta influência para não estacionar".
História da bicicleta é tema de
Essa, segundo Misailidis, foi a característica da versão de "Giselle" apresentada na
mostra no Cau Hansen
noite de abertura do Festival de Dança onde conseguiu fazer com que o público
acompanhasse a história dos personagens, participando do drama. Aten ção e A capital da dança também é a cidade das bicicletas.
participação consideradas surpreendentes pelos críticos, considerando o gênero e o Para mostrar esta tradição, exemplares antigos desse
tempo do espetáculo, relativamente longo para um público que não está muito veículo estão sendo exibidos em uma mostra inédita
acostumado a isso. "Demos uma lição didática da importância do intérprete na dança no Centro de Eventos, durante o Festival de Dan ça .
e mostramos como esses balés continuam tão atuais quanto há 150 anos". Foi Tratase do "Museu da Bicicleta", que reúne dezenas
também educativo para os bailarinos concorrentes do festival, complementa, no de modelos de bicicletas e 15 mil itens relacionados ao
sentido de que mostrou como um corpo de baile potencializa a harmonização em tema, todos pertencentes ao colecionador e
cena, respondendo e correspondendo às ações dos primeiros bailarinos. "A pesquisador radicado em Santa Catarina Valter F.
contribuição artística do corpo de baile é fundamental. A tradição é feita dessa Busto.
convivência", registra enfaticamente Marcelo Misailidis.
Na mostra, o colecionador conta um pouco da história
Limite da bicicleta por intermédio de textos e modelos
retirados do acervo. Todos os textos também foram
impressos em braile, para estimular a visitação de
Da técnica, o bailarino do TMRJ tira proveito principalmente para segurar uma grupos da Associação Joinvilsense de Deficientes
bailarina como se fosse leve tal uma pena. "Fora a técnica do pasdedeux, existe a Visuais (Ajidevi).
importância de você priorizar o personagem que está desenvolvendo. Priorizar a arte
4. contribuição artística do corpo de baile é fundamental. A tradição é feita dessa Busto.
convivência", registra enfaticamente Marcelo Misailidis.
Na mostra, o colecionador conta um pouco da história
Limite da bicicleta por intermédio de textos e modelos
retirados do acervo. Todos os textos também foram
impressos em braile, para estimular a visitação de
Da técnica, o bailarino do TMRJ tira proveito principalmente para segurar uma grupos da Associação Joinvilsense de Deficientes
bailarina como se fosse leve tal uma pena. "Fora a técnica do pasdedeux, existe a Visuais (Ajidevi).
importância de você priorizar o personagem que está desenvolvendo. Priorizar a arte
pelos componentes técnicos. Porque o que você passa para o público é o
.. personagem. A técnica passa a ser apenas mais um elemento", explica o bailarino. A Mostra, aberta ao público, é o embrião de uma ..
Segundo ele, é importante saber controlar aquele frio na barriga. "Nunca as coisas proposta que prevê a criação, em Joinville, do 1º
são fáceis na dança. Elas vão ficando até mais difíceis, porque aumentam as suas Museu Brasileiro da Bicicleta. O Museu da Bicicleta é
próprias exigências, para se superar, pelo prazer da profissão. O seu limite é o seu uma iniciativa da Bogotur e do Instituto 150 anos de
último espetáculo", diz. Joinville, apoiado por empresas, visa estimular a
comunidade a investir para garantir a permanência
deste acervo na "Cidade das Bicicletas".
De quebra, ele tomou para si outra missão árdua, a de tentar popularizar a dança
masculina. O preconceito em relação à sexualidade do bailarino se encarregou de
criar uma diferença em relação às bailarinas, muito mais valorizadas. Mesmo
artisticamente, os bailarinos foram vistos muito tempo como meros partners. "Quero
dignificar a carreira, mostrar que ela é séria. Desvincular dessa idéia estereotipada de Ingressos Os dias mais concorridos com
que bailarino é homossexual. É o que inibe o ingresso de novos bailarinos na pouqu íssimos ingressos restando, são 29 e 30. Para o
profissão", afirma. Mas isso está mudando. O número de bailarinos vem aumentando dia 24, só tem cadeiras plásticas, e para o dia 30,
muito, o que demonstra que o receio pela profissionalização na área por causa do cadeiras estofadas e plásticas. O número total de
preconceito está, aos poucos, se diluindo. Essa missão de desmistificador, segundo vendas de ingressos at é hoje é de 40.575. Os preços
Misailidis, é o que o mantém dançando nos palcos brasileiros. "Quero fixar no variam de R$ 3,00 a R$ 15,00 as poltronas estofadas.
público uma imagem de seriedade do bailarino como profissional". Os espetáculos começam diariamente às 19 horas.
Mercado Mundo Mix
põem o pé em Joinville AN Manchetes
Rola hoje e amanhã o evento fashion, que reúne todas as tribos: de
skatistas a drags passam por lá
Hildy Vieira
Detonado em dezembro de 1994 num galpão industrial de 200 metros quadrados, na
cidade de São Paulo, o Mercado Mundo Mix pode ser definido como um movimento
de reunião de tudo aquilo que se alvoroça pelas margens "do social ao comercial",
conquistando adeptos e gerando tendências. Desde sua primeira realização até
agora, o evento tem sido o trampolim de lançamento de grandes nomes do circuito
da moda, como Alexandre Hercowich, da Zoomp, Marcelo Sommer, da Zapping, e
Jeziel Moraes, da Ellus.
Foi para a moda, na verdade, que o Mundo Mix nasceu. Um dos mentores do
espaço, o publisher Beto Lago conta que a idéia surgiu da percepção de uma lacuna
existente nesse segmento. "Nossa intenção era criar uma alternativa que pudesse dar
a novos estilistas e designers a oportunidade de testarem seus produtos antes de
possuir sua própria", ressalta. Na visão dos seus idealizadores, deveria ser um
evento capaz de derrubar preconceitos. "Queríamos algo que reunisse todas as
tribos de minoria, como skatistas, tatuados, clubers, gays, lésbicas, drag queens e
outros mais", comenta.
Eles conseguiram, sem dúvida. E na rabeira dessas tribos vieram também suas
concepções, seus estilos, sua maneira de se impor ao mundo. E o Mercado Mundo
Mix absorveu, incorporou, difundiu. Por ali passou a onda das calças cáquis, das
numerações extraextraextra largas e dos bonés de lã. A chamada moda hip hop,
nascida com os DJs, grafiteiros e break dancers do Bronx de Nova Iorque, e hoje
deflagrada por grifes de peso no mundo das passarelas. Foi o ponto de partida que
inspirou o estilo da personagem Vilminha, da novela "Pecado Capital", da rede
Globo. De lá para cá, piercing, roupas pretas e acess órios excêntricos passaram a
fazer parte da moda, a moda dos avessos ao trivial.
Mas o MMM é muito mais. É um evento de pura imaginação, que traduz toda a
rebeldia presente nesse final de século e, ao mesmo tempo, promove o maior
intercâmbio já visto entre as tribos de um Brasil que é, acima de tudo, também global.
Não foi à toa que o literato Haroldo de Campos comentou: "Desde a Tropic ália não
se via um movimento tão forte de jovens, como o deflagrado pelo Mundo Mix".
Ao contrário do que normalmente acontece com as formas mais revolucionárias de
expressão, essa desafia o tempo, e se impõe, sem se misturar e se tornar apenas
usual. Uma prova disso é a maneira como vem se difundindo. O MM possui luz
própria. Aproveita o que é comum e transforma em inusitado. Uma das crias do
movimento, a revista "Mundo Mix Magazine", comprova isso. Pela primeira vez, num
comentário trazido pela "Isto É" na semana passada, a atriz e modelo Ana Paula
Arósio é definida como estando realmente ousada numa sess ão de fotos. "A Mundo
Mix Magazine segue os moldes das revistas inglesas "The Face" e "I.D". e foi
concebida para levar às pessoas todos os conceitos que envolvem o MM", ressalta
Beto.
E as conquistas vão ainda mais longe. No ano que vem, o Mercado decola para o
exterior. A primeira escala acontece em Buenos Aires, Argentina. Depois é a vez da
capital da Inglaterra, Londres. A previsão, de acordo com Beto, é que o MM aterrize
num dos maiores redutos de movimentos jovens do planeta no segundo semestre do
ano 2000. Outra realização conseguida é o Mundo Mix Music, o primeiro selo de
música eletrônica do Brasil, pela Sony Music. "Fomos visionários em acreditar
naquela idéia. Deu certo", diz.
Tendência
Hoje, podese definir o MMM como uma espécie de gen para novos segmentos de
mercado que se afiguram no País: o dos clubers, da Internet, da est ética, das opções
alternativas, enfim. Cada idéia apresentada ali corre o risco de se tornar uma
tendência. Coisas que incorporam conceitos práticos e econômicos, como o do
multiuso; uma propensão inegável dos tempos modernos. Imagine um vestido que