1) O documento discute modelos de comunicação humana, incluindo as teorias de Saussure, Jakobson e Malmberg.
2) É analisado o modelo linear da Teoria da Informação e modelos circulares que enfatizam a reciprocidade da comunicação.
3) As funções da linguagem proposta por Jakobson são explicadas, incluindo funções referencial, emotiva, conativa, fática, metalinguística e poética.
1. Introdução à Linguística
Letras – IFSP - Avaré
Profª Maria Glalcy Fequetia Dalcim
mariaglalcy@gmail.com
maria.dalcim@ifsp.edu.br
https://lingualem.wordpress.com
2. BARROS, D.P. A comunicação humana. In:
FIORIN, J. L. (org). Introdução à linguística
– objetos teóricos. 6ª ed., São Paulo:
Contexto, 2015.
3. Língua como instrumento de comunicação
Uma das funções da linguagem é a comunicação
Saussure – Língua é fundamentalmente um instrumento de comunicação.
Exame da comunicação: Roman Jakobson e Bertil Malmberg
4. O modelo de comunicação da teoria da
informação
Teoria da Informação – anos 1950
Solucionar problemas também de outra ordem – telecomunicações
Esquema de comunicação de Claude. F. Shannon
5. O modelo de comunicação da teoria da
informação
Antes da transmissão – operações de codificação
Entre recepção e destino – operações de decodificação
Ruídos – psicológicos, culturais, código, falta de conhecimento, etc.
Três dificuldades:
1. Simplificação excessiva da comunicação.
2. Modelo linear de comunicação
3. Caráter mecanicista do modelo.
6. Simplificação e “complementação”: as propostas
de B. Malmberg e R. Jakobson
Completar ou ampliar – comunicação verbal – “caixas” acrescentadas ou
excluídas.
Malmberg (1969)
Representação do código como um conjunto de elementos discretos – os
signos – guardados no cérebro
Relação de atualização das unidades linguísticas – entre o código e o emissor
Relação de estimulação – universo dos fenômenos extralinguísticos, contínuos
– e o emissor
Diferentes fases na codificação e decodificação.
8. Esquema de Jakobson
Há um remetente que envia uma mensagem a um destinatário;
Requer um contexto (ou “referente”) a que se refere;
Requer um código, total ou parcialmente comum a ambos;
Um contato – canal físico e um conexão psicológica ente o remetente e
o destinatário.
9. Representação mais detalhada – Ignácio Assis Silva
(1972)
O termo Código é utilizado em lugar de língua – para que haja comunicação,
dever ser parcialmente ou totalmente comum ao remetente e ao destinatário.
Os Subcódigos introduzem no esquema da comunicação a questão da
variação linguística – códigos diferentes impedem a comunicação.
Valoração dos diferentes códigos e subcódigos e da visão que o usuário tem
da sua língua e das variantes que usa – mais ou menos prestigiosas pelo
usuário.
O estudo da comunicação está relacionada com a questão da variedade de
funções da linguagem.
11. Funções da Linguagem
Jakobson – retoma o esquema triádico de Bühler – função
expressiva, função apelativa e função representativa – e
acrescenta mais três: função fática, metalinguística e
função poética.
Emotiva
(centrada no
remetente)
Referencial
(centrada no contexto ou referente)
Conativa
(centrada no
destinatário)
Poética
(centrada na mensagem)
Fática
(centrada no contato)
Metalinguística
(centrada no código)
12. Funções da Linguagem – Função Referencial
As mensagens não têm apenas uma função – mas várias ou mesmo
todas, hierarquizadas, ou seja, há em cada texto, uma função
dominante.
Função Referencial
3ª pessoa
Qualidades objetivas e concretas
Emprego de nomes próprios e de estratégias argumentativas lógicas
Fenômenos extralinguísticos de Malmberg
Experiências comunicadas de Assis Silva
13. Funções da Linguagem – Função Emotiva
Função Emotiva ou Expressiva
1ª pessoa
Qualidades subjetivas
Emprego de modalizadores relacionados com o saber –
eu acho, eu considero...
Verbos de “sentimento”
14. Funções da Linguagem – Função Conativa
Função Conativa ou Apelativa
2ª pessoa
Imperativo
Vocativo
Modalização deôntica (dever)
Estruturas de perguntas e respostas
15. Funções da Linguagem – Função Fática
Função Fática
Procedimentos prosódicos de pontuação da fala para
manter o contato físico e/ou psicológico entre os
interlocutores, para verificar se há contato ou não.
“Sustentar” o diálogo
Jakobson – 1ª função da linguagem que os homens usam
(conversas de bebê)
16. Funções da Linguagem – Função Metalinguística
Função Metalinguística
Verbos de existência (ser, parecer)
Verbos de existência da significação (significar, ter o
sentido de)
Presente do indicativo
Linguagem que fala de linguagem – efeito de
circularidade – linguagem que define outra linguagem.
17. Funções da Linguagem – Função Poética
Função Poética
Plano de expressão – reiteração de sons – traços dos fonemas,
sílabas, ritmos, entoações, etc.)
Duas rupturas:
a) Relação ao plano da expressão – em vez de expressar
“transparentemente”o conteúdo, chama a atenção enquanto
expressão “opaca” – sonoridade, ritmo, entoação.
b) Dois eixos de organização da linguagem – paradigmático
(similaridades) e sintagmático (contiguidades)
Os efeitos de sentido de ruptura da “normalidade” – novidade e
estesia.
18. Funções da Linguagem
“Em síntese, as principais contribuições de Jakobson para o estudo da
comunicação foram: a introdução das questões de variação linguística
no modelo de comunicação, por meio de códigos e subcódigos e de
suas intersecções na relação entre remetente e destinatário; o
reconhecimento de que os homens se comunicam com diferentes fins,
tendo em vista a variedade de funções da linguagem que ocorrem no
processo de comunicação, e de que essas funções predominantes ou
não; o exame das funções metalinguísticas e, principalmente, poética,
que contribui fortemente para o estudo dos textos poéticos na
perspectiva dos estudos da linguagem.” (p.41)
“(...) não examina adequadamente as relações sócio-históricas e
ideológicas da comunicação, e praticamente não trata da reciprocidade
característica da comunicação humana.
19. Modelo linear e modelo circular da comunicação:
interação verbal
Reciprocidade e circularidade – característica da comunicação humana.
B. Bateson, E. Hall e E. Goffman – modelo circular.
Teoria da Nova Comunicação – feedback, retroação e realimentação –
sistema interacional.
Bakhtin (1981)- estudo da interação ou do diálogo entre interlocutores
– interação verbal é a realidade fundamental da linguagem.
Percursores do dialogismo
Sociologia da Comunicação – Goffman (1967 e 1973) – procedimentos
de preservação da “face” na comunicação.
20. Modelo linear e modelo circular da comunicação:
interação verbal
Cinco aspectos merecem destaque no exame da comunicação como
interação:
1. No processo de comunicação, os falantes se constroem e constroem
juntos o texto;
2. A questão das imagens e simulacros que os interlocutores constroem
na interação;
3. O caráter contratual ou polêmico da comunicação;
4. Ao considerar a relação entre comunicação e interação não é mais
possível colocar a mensagem apenas no plano dos significantes ou da
expressão.
5. A questão do alargamento da circulação do dizer na sociedade.
21. Caráter mecanicista e caráter “humanizante das
concepções de comunicação
Caráter demasiadamente mecanicista dos modelos de comunicação – não
levam em consideração a inserção sócio-histórica e ideológica dos sujeitos
envolvidos na comunicação.
Dois aspectos de observação:
1. Competência modal dos sujeitos
2. Formações ideológicas – competência semântica
Greimas (1979 e 1990 – comunicação – atividades humanas desenvollvem-
se em dois eixos :
1. Eixo da produção ou da ação do homem sobre as coisas
2. Eixo da comunicação ou da ação do homem sobre outros homens
A comunicação entre os sujeitos ocorre mediante objetos de valor
22. Caráter mecanicista e caráter “humanizante das
concepções de comunicação
A comunicação entre os sujeitos ocorre mediante objetos de valor (os
discursos ou textos-mensagens) – “sujeitos competentes”;
Emissor (Destinador)
Receptor (Destinatário)
Qualidades que permitam a comunicação:
1. Modal – o querer, dever, saber, poder
2. Semântica - valores, projetos
Fazer-saber – fazer-crer – fazer-fazer – fazer emissivo – fazer persuasivo
(destinador)
Adquirir-saber – interpretar – fazer-receptivo – fazer-interpretativo
(destinatário)
23. Caráter mecanicista e caráter “humanizante das
concepções de comunicação
Nenhuma comunicação é neutra ou ingênua – valores ideológicos.
Duas questões de destaque:
1. Relação entre língua (enquanto sistema linguístico) e ideologia
2. Níveis de determinação ideológica do discurso
Bakhtin (1981) “ o discurso reflete as mais imperceptíveis alterações da
existência social” – na língua as modificações se processam lentamente.
Fiorin (1988) – a língua é determinada pelas condições sociais / goza de
certa autonomia em relação às formações sociais – separa “discurso” de
“fala”.
24. Caráter mecanicista e caráter “humanizante das
concepções de comunicação
“Os discursos são as combinações de elementos linguísticos usados
pelos falantes com o propósito de exprimir seus pensamentos, de falar
ao mundo exterior ou de seu mundo interior, de agir sobre o mundo. A
fala é a exteriorização psicofísico-fisiológica do discurso.”
Nível da Sintaxe do Discurso – processos de estruturação
Nível da Semântica Discursiva – preenchimento da organização
sintática com conteúdos, organizando-os em dois tipos:
a) Discursos temáticos – tratam os conteúdos de forma mais abstrata.
b) Discursos figurativos – concretizam sensorialmente os conteúdos
(formas, cores, sons, gestos, cheiros)