Slides relativos à discussão sobre Funcionalismo baseada na leitura do texto "Funcionalismo" de Angélica Furtado da Cunha no livro Manual de Linguística de Mário Eduardo Martelotta.
2. CUNHA, A.F. Funcionalismo. In: MARTELOTTA,
Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São
Paulo: Contexto, 2016.
Angélica Furtado da Cunha Mário Eduardo Martelotta
3. FUNCIONALISMO
Oposição ao estruturalismo e ao gerativismo
Preocupa-se em estudar a relação entre a estrutura
gramatical das línguas e os diferentes contextos de
comunicativos em que elas são usadas.
Funcionalistas concebem a linguagem como instrumento de
interação social, alinhando-se, assim, à tendência que
analisa a relação entre linguagem e sociedade
Situação Comunicativa
Interlocutores Propósitos
Contexto
4. FUNCIONALISMO
Explicar as regularidades no uso interativo da língua
Situação comunicativa típica de réplica
Só faz sentido no contexto
Dados reais de fala e escrita retirados de contextos efetivos
de comunicação.
Você é desonesto.
Desonesto é você.
5. FUNCIONALISMO X GERATIVISMO
Gerativismo Funcionalismo
Universais linguísticos derivam de uma
herança linguística genética
Universais linguísticos derivam da
universalidade de usos a que a linguagem
serve nas sociedades
Aquisição da linguagem – capacidade
humana específica
Aquisição da linguagem –
desenvolvimentos das necessidades e
habilidades comunicativas da crianças na
sociedade – dados linguísticos a que é
exposta em situação de interação
Linguagem – constituída de um
conhecimento específico
Linguagem – conjunto complexo de
atividades comunicativas, sociais e
cognitivas integradas ao resto da
psicologia humana
6. FUNCIONALISMO
Modelo funcionalista de análise linguística
a) A língua desempenha funções que são externas ao sistema linguístico
em si;
b) As funções externas influenciam a organização interna do sistema
linguístico.
Diferentes visões funcionalistas
a) Modelos mais antigos – focalizam funções associadas à organização
interna do sistema linguístico.
b) Modelos mais recentes – focalizam as funções que a linguagem pode
desempenhar nas situações comunicativas.
7. Funcionalismo Europeu
Surge como um movimento dentro do estruturalismo – função
das unidades linguísticas (funcional)
Escola de Praga – Círculo Linguístico de Praga por Vilém
Mathesius(1926)
Nikolaj Trubetzkoy – contraste funcional na distinção entre
fonética e fonologia
8. Funcionalismo Europeu
Nikolaj Trubetzkoy – contraste funcional na distinção entre
fonética e fonologia
Função distintiva - /p/ oclusivo, bilabial, surdo
/b/ - oclusivo, bilabial, sonoro (+ ou -)
Função demarcadora – fronteira entres formas na cadeia da
fala (fábrica – fabrica)
Função expressiva – estado de espírito, sentimentos ou atitudes
do falante – pronúncia enfática (/liiiiiindooo/)
Romam Jakobson – conceito de marcação na morfologia
(plural - + ou -)
Mathesius – análise de termos da informação transmitida na
organização das palavras.
9. Funcionalismo Europeu
Conceito de informação na linguística – processo de interação
entre o que já é conhecido ou predizível ou o que é novo ou
imprevisto (Halliday, 1985)
“Eu já li esse livro”
“Esse livro eu já li”
Funcionalistas – a organização sintática da cláusula é motivada
pelo contexto discursivo
= Semântico ≠ Pragmático
Significado Prática - Funcionamento
10. Funcionalismo Europeu
Jan Firbas – 1960 – modelo estrutura informacional da sentença
que buscava analisar sentenças efetivamente enunciadas para
determinar a função comunicativa
Informação
dada
Tema
- Dinamismo
comunicativ
o
Informação
nova
Rema
+ Dinamismo
comunicativo
A: O que Maria comprou?
B: Maria comprou uma bolsa
preta.
11. Funcionalismo Europeu
Escola de Genebra – Charles Bally , Henri Frei
Charles Bally – interesse na relação entre o pensamento e sua
expressão linguística – Estilística – o estudo dos elementos afetivos
da linguagem
Henri Frei – interesse nos desvios da gramática normativa como
reflexivos das tendências resultantes da necessidade de comunicação ,
associando fatos linguísticos a determinadas funções.
Escola de Londres – Michael K. Halliday (1970)
Michael Halliday – seus estudos centram-se em um conceito amplo
de função (de enunciados e textos a unidades dentro de uma
estrutura. Defende a tese de que a natureza da linguagem, enquanto
sistema semiótico, e seu desenvolvimento em cada indivíduo devem
ser estudados no contexto dos papéis sociais que desempenham.
12. Funcionalismo Europeu
Semiótica - A semiótica é o estudo dos signos e da semiose (termo
introduzido por Charles Sanders Peirce para designar o processo de
significação, a produção de significados), que estuda todos os fenômenos
culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de
significação.
Grupo Holandês – Simon Dik (1970) – desenvolvimento de um modelo
de sintaxe funcional em que as funções em uma sentença são analisadas
em três níveis distintos – Sintático, Semântico e Pragmático.
João chegou cedo.
Função sintática de Sujeito
Função semântica de Agente
Função pragmática de Tema
13. Funcionalismo Europeu
Simon Dik (1970)- “ A linguística, portanto, tem que tratar de dois tipos
de sistemas de regras: de um lado, as regras semânticas, sintáticas,
morfológicas e fonológicas (responsáveis pela constituição das estruturas
linguísticas), de outro lado, as regras pragmáticas (responsáveis pelos
modelos de interação verbal em que as estruturas lingísticas são usadas)”.
(p.163)
O principal interesse de uma linguística funcionalista está nos
processos relacionados ao êxito dos falantes ao se comunicarem por
meio de expressões linguísticas.
14. Funcionalismo Norte-americano
Tendência formalista (Leonard Bloomfield) e linguística gerativa
Tendência funcionalista – etnolinguistas – Franz Boas, Edward Sapir,
Benjamim Lee Whorf, Dwight Bolinger,
Etnolinguística - Área da linguística que estuda tanto a variação da
língua em relação a cultura, como os aspectos dos usos linguísticos
relacionado com a identidade étnica. Procura conhecer as diferenças
entre as culturas e épocas históricas.
Dwight Bolinger – atenta para o fato dos fatores pragmáticos operarem
em determinados fenômenos linguísticos estudados pelos estruturalistas
e gerativistas – A pragmática da ordenação das palavras na cláusula.
15. Funcionalismo Norte-americano
1975 – “Os funcionalistas norte-americanos advogam que uma dada
estrutura da língua não pode ser proveitosamente estudada, descrita ou
explicada sem referência à sua função comunicativa, o que, aliás,
caracteriza todos os funcionalismos até aqui mencionados”. (p.163)
Explicar a língua com base no contexto linguístico e na situação
extralinguística – Vinculação entre discurso e gramática : a sintaxe é uma
estrutura em constante mutação em consequência das vicissitudes do
discurso.
Gramática como um organismo maleável, que se adapta às necessidades
comunicativas e cognitivas dos falantes
“Gramática Emergente” (Hopper, 1998)
“Sistema Adaptativo” (Du Bois, 1985)
16. Funcionalismo Norte-americano
Regras gramaticais modificadas pelo uso – observar a língua como ela é falada.
1976 – The Origins of Syntax in Discourse – Gillian Sankoff e Penelope Brown
1979 – From Discourse to Syntax – Talmy Givón
1980 – Transitivity in gramar and discourse – Paul Hopper
1987 – Perspectiva Funcional da frase portuguesa – Rodolfo Ilari
Grupos de estudos:
- Projeto Norma Urbana Culta
- Projeto de Estudo do Uso da Língua
- Grupo de Estudos Discurso & Gramática
No Brasil
17. Princípios e Categorias Centrais
Informatividade
- Focaliza o conhecimento que os interlocutores compartilham (ou
supõem) na interação verbal.
- Status Informacional dos referentes nominais (sintagmas nominais)
a) Dado (ou velho)
b) Novo
c) Disponível
d) Inferível
18. Princípios e Categorias Centrais
Iconicidade
- Correlação natural e motivada entre a forma e a função, isto é, entre o
código linguístico (expressão) e seu significado (conteúdo)
- Versão original – iconicidade postula uma relação isomórfica de uma
para um – entre forma e conteúdo (Bolinger, 1977)
- Processos de variação e mudança – relação entre forma e significado
é aparentemente arbitrária
Exemplos:
Entretanto (valor opositivo) – Entre tantos acontecimentos (valor
temporal)
Embora (valor concessivo) – Em boa hora – valor temporal
19. Princípios e Categorias Centrais
Iconicidade
- A iconicidade do código linguístico está sujeita a pressões diacrônicas
corrosivas tanto na forma quanto na função.:
a) O código (forma) – erosão pelo atrito fonológico – “em boa hora” –
“embora”
b) A mensagem (função) – alterada pela elaboração criativa através de
processos metafóricos e metonímicos
- Manifesta-se em 3 subprincípios:
1) Subprincípio da Quantidade de Informação
2) Subprincípio da Integração
3) Subprincípio de ordenação sequencial
20. Princípios e Categorias Centrais
Subprincípio da Quantidade de Informação: a complexidade do
pensamento tende a refletir-se na complexidade da expressão
- Palavras derivadas – belo – embelezar – embelezamento
- Repetição – aspecto interativo ou intensidade
Subprincípio da Integração: correlaciona na distância linear entre
expressões à distância conceptual entre as ideais que elas representam.
- Maria ordenou: fique aqui (-)
- A filha não queria ficar ali (+)
Subprincípio da ordenação sequencial: subdivide-se entre
- Ordenação linear – sequência temporal dos eventos
- Relação entre ordem sequencial e topicalidade – tipo de informação
veiculada por um elemento e a ordenação que assume.
21. Princípios e Categorias Centrais
Marcação
Contraste entre dois elementos de uma mesma categoria linguística –
fonológica, morfológica ou sintática – (+ marcado) (- marcado)
- Exemplo:
Eu uso esta roupa / Esta roupa eu uso.
- Uma forma linguística mais corriqueira, que apresenta alta frequência
de uso, tende a ser conceptualizada de modo mais automatizado pelo
usuário da língua e isso significa que essa forma tem pouca
expressividade.
22. Princípios e Categorias Centrais
Transitividade e Plano discursivo
Gramática tradicional – transitividade é uma propriedade dos verbos.
Hopper e Thompson (1980)- transitividade como propriedade escalar que
focaliza diferentes ângulos de transferência da ação de uma agente para um
paciente em diferentes porções da oração.
Transitividade associada a uma função pragmática – o modo como o falante
organiza seu texto – orações com alta transitividade assinalam porções
centrais no texto – orações com baixa transitividade marcam porções
periféricas.
a) Então o Pinguim chegou a festa.
a) Batmam derrubou o Pinguin com um soco.
23. Princípios e Categorias Centrais
Gramaticalização
Concepção dinâmica do funcionamento das línguas;
Gramática como um organismo maleável, que se adapta às
necessidades comunicativas e cognitivas dos falantes.
É um fenômeno relacionado a essa necessidade de se refazer que
toda gramática apresenta
Exemplos:
- Verbo “querer” como conjunção alternativa – “quer chova quer faça
sol”
- Substantivo “mente” (intelecto) passa a ser sufixo formador de
advérbio – “tranquilamente”