1. Sintaxe
Profª Maria Glalcy Fequetia Dalcim
mariaglalcy@gmail.com
maria.dalcim@ifsp.edu.br
https://lingualem.wordpress.com
2. BERLINCK, R. A.; AUGUSTO, M.R.A.; SCHER, A.P.
Sintaxe. In :MUSSALIN, F.; BENTES, A. N.
Introdução à linguística: domínios e fronteiras.
São Paulo: Cortez, 2012.
BAGNO, M. Gramática pedagógica do
português brasileiro. São Paulo: Parábola
Editorial, 2011.
3. Sintaxe
Do grego syntaxis (ordem, disposição), o termo remete à parte da
Gramática dedicada à descrição do modo como as palavras são
combinadas para compor sentenças, sendo essa descrição organizada
sob a forma de regras.
É preciso ressaltar que nossas gramáticas se mostram, por vezes,
distantes da realidade linguística, porque seu objetivo não é, em geral,
descrever a língua em toda a sua complexidade. Elas pretendem
apresentar as regras que caracterizam uma das modalidades da língua
– a norma culta, ou seja, aquela variedade utilizada em contextos de
maior formalidade, que é principalmente escrita e que, na visão
tradicional, corresponde à manifestação mais “correta” da língua
4. Sintaxe
Estatuto dos Estudos Sintáticos – História da Disciplina - John Ries
(1894) Was is Syntax?; Ferdinand Saussure, início do século XX; A
sintaxe se distingue claramente tanto da fonologia como da
morfologia pela unidade linguística que constitui seu foco de análise –
a sentença. Destaque para as duas grandes tendências de estudos –
Formalismo e Funcionalismo.
A visão Formalista
O estudo das características internas à língua, tais como a natureza de
seus constituintes e da relação entre eles, o seja, do aspecto formal da
língua, caracteriza a abordagem formalista de análise linguística.
Dedica-se a questões relacionadas à estrutura linguística, sem se voltar
especialmente para as relações entre a língua e o contexto (situação
comunicativa).
5. Sintaxe
A visão formalista II
Chomsky – programa de investigação da gramática gerativa – a língua
é um sistema de conhecimentos interiorizados na mente humana –
quatro questões principais:
a) no que consiste o sistema de conhecimentos do falante de uma
determinada língua em particular?
b) como se dá o desenvolvimento de tal sistema de conhecimentos na
mente do falante?
c) de que forma o falante utiliza tal sistema em situações discursivas
concretas?
d) que mecanismos físicos do cérebro do falante servem de base a tal
sistema de conhecimento?
6. Sintaxe
A análise da ordem sob a perspectiva gerativista
A ordem linear dos itens lexicais em uma sentença obedece a uma
competência do falante em organizar estruturalmente os constituintes
básicos que se distribuem pela sentença.
Gramática Universal (GU) – o “estado inicial da faculdade da
linguagem (S₀) e a gramática do indivíduo constitui seu estado final,
firme e estável”- a competência é a gramática interiorizada do falante,
enquanto o desempenho designa o uso concreto que o falante faz
desse seu conhecimento internalizado.
7. Sintaxe
A análise da ordem sob a perspectiva gerativista – II
Modelo de Princípios e Parâmetros (Chomsky, 1981) – “estudo da
natureza e das propriedades exatas da Gramática Universal”,
preocupando-se principalmente em explicar as propriedades
específicas do conhecimento dos falantes (a competência), que
restringem por outro lado , as possibilidades de variação
translinguística. Para descrever a organização dos constituintes básicos
da sentença – a estrutura de constituintes – classificam-se os
elementos que a compõem em categorias sintagmáticas (sintagmas
verbal, nominal, flexional, complementizador).
8. Sintaxe
A visão Funcionalista
Vê a linguagem como um sistema não autônomo que nasce da
necessidade de comunicação entre os membros de uma comunidade,
que está sujeito às limitações impostas pela capacidade humana de
adquirir e processar o conhecimento e que está continuamente se
modificando para cumprir novas necessidades comunicativas.
Halliday - “tenta-se explicar a natureza da linguagem, a usa
organização interna, em termos das funções que ela desenvolveu para
servir na vida do homem social”.
9. Sintaxe
A análise da ordem sob a perspectiva funcionalista
Assume a existência de alternativas de ordenação, sem atribuir-lhes
nenhum tipo de hierarquia. Concebe-se que os elementos
constitutivos da sentença podem ser ordenados segundo diversos
padrões, gramaticalmente equivalentes. Não há uma ordem primeira,
básica, mas sim a coexistência de várias construções.
Hetzron (1975) – Construções Apresentativas – introdução de um novo
tópico no discurso com o termo referente a essa entidade no fim da
sentença. Henri Weil (1844) – dois componentes principais para a frase
– ponto de partida (ou noção inicial) e enunciação – estando na base
de várias dicotomias propostas posteriormente para explicar a
organização da sentença, tais como tema/rema, tópico/comentário,
dado/novo
10. Sintaxe
A análise da ordem sob a perspectiva funcionalista – II
Simon Dik (1981, 1989) – a oração possui uma estrutura abstrata
especificada em uma predicação – uma estrutura de predicado e os
termos previstos pela sua significação.
As sequências de constituintes que se realizam nos enunciados são
determinadas pela interação de uma série de Princípios de Ordenação.
No Domínio, esses princípios dizem respeito à organização da
informação.
11. Sintaxe
A análise da ordem sob a perspectiva funcionalista – III
O universo da análise é a língua em uso.
Assume-se que são as condições e exigências do uso que moldam a
estrutura.
Esta existe para cumprir funções, essencialmente comunicativas.
Isso não nos impede de perceber como essa estrutura se compõe e
como seus elementos estão organizados, hierarquicamente.
Mas o objetivo do pesquisador não será tanto descrever essa
organização interna, mas identificar de que modo a forma realiza suas
funções.
12. Sintaxe
O filósofo americano Charles W. Morris – propôs num livro publicado
em 1938, três níveis de análise dos signos / símbolos:
1. A relação dos símbolos com outros símbolos
2. A relação dos símbolos com os objetos do mundo
3. A relação dos símbolos com as pessoas.
A cada uma dessas relações, ele atribui um nome:
1. Sintaxe
2. Semântica
3. Pragmática
13. Sintaxe
“A tradição gramatical clássica, herdada dos gregos, se concentrou
basicamente na sintaxe, pincelando seus postulados com toques de
semântica (até porque é praticamente impossível desvincular as
palavras e as sentenças de seu significado). Essa composição, no
entanto, nunca foi coerente nem regular, e uma das críticas mais
frequentes à gramatica tradicional é precisamente sua instabilidade de
conceitos: ora do ponto de vista semântico, ora mesclando as duas
coisas. Por causa de sua origem nas investigações dos antigos
filósofos, a gramática tradicional se vale com grande frequência de
definições “metafísicas” que são, no fundo, semânticas, uma vez que
tentam demonstrar a relação das palavras com o mundo.” (BAGNO,
p.482, 2011)
14. Sintaxe
“Numa linguística que se interessa pela língua como um fenômeno
especificamente humano e – inevitavelmente – social, cognitivo,
interacional, cultural, etc., o estudo da atividade verbal sob a ótica
tripla da sintaxe, da semântica e da pragmática é muito produtivo.”
“Os funcionalistas, no entanto, levaram adiante a proposta pioneira de
Morrris e introduziram na análise o conceito importantíssimo de
discurso. O discurso é a língua em uso, a língua como atividade
sociocognitiva, intrinsecamente dialógica. Assim, a sintaxe, a semântica
e a pragmática se combinam precisamente para a produção do
discurso, que implica sempre, pelo menos, dois interlocutores, mesmo
que um deles seja virtual (...)” (BAGNO, p. 483, 2011)