Ranchinho era uma pessoa com deficiências que encontrou na pintura uma forma de expressão. Ele produziu mais de 2 mil obras ao longo da vida retratando cenas da roça e da cidade de Assis. Após sua morte em 2003, suas obras passaram a fazer parte de um centro cultural em sua homenagem.
2. Sebastião Theodoro Paulino da Silva,
mais conhecido como Ranchinho, era uma
pessoa muito especial. Nasceu no dia 7 de
janeiro de 1923, às 4h da madrugada, em
uma pequena fazenda em Assis interior
de São Paulo. Seus pais Zé Paulino e
Maria Flauzina, eram bóias frias.
3. Ranchinho era uma criança com muita
dificuldade de locomoção, fala e audição.
Mas sempre ajudava sua família.
Ranchinho perdeu seu pai em um
acidente de trabalho, aos 50 anos.
Daí então sua mãe e seus irmão mais
velhos tiveram que trabalhar para
sustentar a família.. Nas horas livres que
não eram muitas, ele rabiscava em
pequenos cadernos seus primeiros
desenhos, usando tocos de lápis.
4. Anos mais tarde Sebastião aos 22 anos, conseguiu
seu primeiro emprego fixo. Começou a trabalhar
com o amigo João Romeiro, movimentando a
manivela que moía a cana para fazer o caldo, bebida
conhecida como garapa, vendida em frente aos
cinemas de Assis. Sebastião ficou muito abalado com
a morte de sua mãe. Sebastião então se muda para a
residência de seu amigo, o responsável por sua
primeira viagem de trem.
Seu amigo o levou para conhecer uma locomotiva
em pleno funcionamento, uma das fontes de
imaginação artística de Ranchinho.
5. Anos mais tarde em 1954, sofreu uma nova perda
marcante: João Romeiro, seu melhor amigo.
Depois de perder seu pai, sua mãe, seu irmão mais
velho, e seu amigo, Ranchinho estava agora
sozinho no mundo. Para se sustentar voltou então
a fazer pequenos serviços, como tirar água de
poço, limpar quintais e etc.
Sem moradia Sebastião passou a dormir em
ranchos abandonados perto de Assis. Por isso ficou
conhecido como Ranchinho.
Ranchinho passou então a ter um vizinho: José
Alves da Silva, o ZUZA, que o ajudou muito.
6. Logo após Ranchinho perdeu em um incêndio sua
casinha que tanto gostava. E passou a morar de
favor na casa do irmão Antônio e de sua esposa
Isaura. Morar na casa do irmão foi ótimo para
Ranchinho: começou a comer melhor e passou a
freqüentar com regularidade igrejas, missas, rezas,
velórios, casamentos e enterros, deixando de andar
pelas ruas catando papéis, latas, garrafas e ferros
velhos.
Como fazia desde criança, Ranchinho continuava a
desenhando.
7. Ranchinho andava pelas ruas de Assis com uma
sacolinha no ombro com seus tocos de lápis,
canetinhas, canetas esferográficas, etc.. Quando
assistia um fato interessante, tirava do bolso algum
papel surrado e registrava a cena.
Foi o corretor de imóveis José Nazareno Mimessi,
que estudava artistas autodidatas que descobriu
Ranchinho.
Quatro anos depois, incluiu trabalhos do pintor
estreante na primeira exposição de Artes Plásticas
de Assis.
Foi um sucesso, Ranchinho ganhou MENÇÃO
HONROSA e estímulo para continuar pintando.
8. Em 1974, ele realizou sua primeira exposição
individual, com 71 quadros. Todos foram vendidos.
Seus quadros mostravam modas de viola, imagens
da roça e da cidade de Assis: Quintais, rodeios,
carros de boi, caminhões com galinhas, etc..
Ranchinho ficou famoso por seus quadros e por
suas manias, como a de freqüentar a missa duas
vezes ao dia, na Catedral de Assis, e não perder
nenhum casamento ou um velório. Ele se sentava
sempre no mesmo lugar, na primeira fileira, à
esquerda, em frente ao altar-mor.
9. Muitos achavam que Ranchinho, como falava
com dificuldade, não ouvia. Isso não era verdade.
O que ocorreu foi que a maioria da população de
Assis acreditava que ele era incapaz de diferenciar
sons e deixou de falar com ele. Assim,ranchinho
foi progressivamente se isolando e encontrou na
pintura a sua forma de expressar uma rica
individualidade.
Com o sucesso conquistado pelos quadros
Ranchinho passou a ser um verdadeiro cidadão,
embora não tivesse nenhum documento.
10. Com a ajuda da família por quem era muito
querido conseguiu tirar seus documentos. Mesmo
assim continuou analfabeto. A família o ensinou a
assinar “Sebastião”. Mas depois começou a assinar
por Ranchinho.
Com seu talento, Ranchinho começou a ter
reconhecimento da crítica de arte. Foi convidado
para realizar exposições em diversos municípios.
Oito anos depois, foi homenageado na SEMANART
da Escola Estadual José Augusto Ribeiro. Participou
daí então de vários prêmios importantes, como em
2000 teve trabalhos escolhidos para participarem da
Mostra do Redescobrimento, evento que selecionou
o que foi produzido de melhor na arte brasileira até
então.
11. Ranchinho nunca parou de pintar. Ele
terminou seu último quadro pouco antes de
seu falecimento, ocorrido em 2 de fevereiro de
2003, às 23h, no hospital Regional de Assis. Ele
tinha 80 anos e estava internado desde o dia 16
de janeiro, a morte ocorreu após um acidente
vascular cerebral. O velório não podia ser em
outro lugar: a Catedral de Assis. Mas o nome
Ranchinho jamais será esquecido, suas mais de
2mil obras estão no centro cultural Dona Pimpa
de Assis, num agradável pátio chamado
Ranchinho onde ele pode ser lembrado como o
grande artista que foi.
12.
13. Colégio Estadual Visconde de Itaboraí
Disciplina: Arte-Educação
Professora: Cris Rosa
Turma: cn.4002
Alunas: Adiane July de Souza
Letícia Marins Moura
Natasha Fernandes da Silva
Thairine Silva Coutinho