O documento discute os desafios e possibilidades de ensinar leitura e escrita de forma efetiva na escola. Delia Lerner propõe que a escola deve formar estudantes como praticantes da cultura escrita, e não apenas como decifradores do sistema de escrita. Isso requer mudanças curriculares e nas práticas pedagógicas dos professores para tornar a leitura e escrita atividades significativas para os estudantes.
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Ler E Escrever Na Escola
1. LER E ESCREVER NA ESCOLA: O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO. Délia Lerner
2. Embora seja papel social da escola formar leitores e escritores autônomos, a instituição ainda não desenvolve essa tarefa com plenitude. Prova disso é o índice de alfabetismo rudimentar e básico, que permanece alto no Brasil e na América Latina há tempos. Apenas a minoria da população é plenamente alfabetizada - isto é, consegue ler e compreender textos complexos e expressar o que pensa de forma escrita. Revista Nova Escola Agosto 2008
3. Delia Lerner discute as tensões envolvidas nessa questão e propõe soluções para transformar o cenário. Com embasamento teórico consistente, ajuda os educadores na compreensão do que precisa ser ensinado quando se quer formar leitores e escritores de fato. Delia também explicita a importância de o professor criar condições para que os alunos participem ativamente da cultura escrita desde a alfabetização inicial, uma vez que constroem simultaneamente conhecimentos sobre o sistema de escrita e a linguagem que usamos para escrever. Com prefácio escrito por Emilia Ferreiro, é leitura obrigatória para quem trabalha com Educação Infantil, professores alfabetizadores e de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, estudantes de Pedagogia e formadores de professores alfabetizadores.
4. Por que ler - É um excelente ponto de partida para promover as práticas de leitura e escrita nas escolas. - Porque os comportamentos leitor e escritor são conteúdos de ensino. - Propõe fazer da escrita mais que um objeto de avaliação. - Explicita a importância de o professor ser leitor. - Permite a compreensão do processo de alfabetização inicial como acesso à cultura escrita. - Revela a necessidade da formação continuada, mas ressalta que ela não é suficiente para a mudança de propostas didáticas. - Esclarece quanto a produção escrita tem a colaborar para que o aluno se descubra praticante autônomo e independente e explica como ela deve ser trabalhada na escola, com revisão e rascunhos, por exemplo.
5. “Se a escola ensina a ler e escrever com o único propósito de que os alunos aprendam a fazê-lo, eles não aprenderão a ler e escrever para cumprir outras finalidades (essas que a leitura e a escrita cumprem na vida social); se a escola abandona os propósitos didáticos e assume os da prática social, estará abandonando ao mesmo tempo sua função ensinante”.
6. “Na escola (...) a leitura é antes de mais nada um objeto de ensino. Para que se transforme num objeto de aprendizagem, é necessário que tenha sentido do ponto de vista do aluno, o que significa – entre outras coisas – que deve cumprir um função para a realização de um propósito que ele conhece e valoriza. Para que a leitura como objeto de ensino não se afaste demasiado da prática social que se quer comunicar, é imprescindível “representar” – ou “reapresentar” -, na escola, os diversos usos que ela tem na vida social.”
7. Capítulo 1 LER E ESCREVER NA ESCOLA: O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO O que se põe como necessário para nós é o enfrentamento do real no intuito de formar alunos praticantes da cultura escrita. Para tanto é necessário redimensionar o ensino das práticas de leitura e escrita como práticas sociais.
8.
9. A maneira como se distribuem os direitos e obrigações entre o professor e os alunos, determina quais são os conhecimentos e estratégias que as crianças têm ou não a oportunidade de exercer e, portanto quais poderão ou não aprender.Como o dever do professor é avaliar, o aluno tem poucas oportunidades de auto controlar o que compreendem ao ler e de auto corrigir seus escritos.
10. O POSSÍVEL a fazer é aliar os propósitos da instituição escolar aos propósitos educativos de formar leitores e escritores, criando condições didáticas favoráveis a uma versão escolar mais próxima da versão social dessas práticas.
11.
12. Articulação dos objetivos didáticos com objetivos comunicativos, essa articulação pode efetivar-se através de uma modalidade organizativa sabida que são os projetos de produção-interpretação;
13. Os projetos orientam as ações para a realização de um objetivo compartilhado.É imprescindível compartilhar a função avaliadora.
14.
15. Formar seres humanos críticos aptos de ler entrelinhas e de adotar uma posição própria.
16.
17. Atingir produções de língua escrita conscientes da pertinência e da importância de dar certo tipo de mensagem em determinado tipo de posição social.
18. O desafio é que as crianças manejem com eficácia os diversos escritos que circulam na sociedade.
19. Obter que a escrita aceite de ser na escola apenas um objeto de avaliação para se constituir num objeto de ensino.
20.
21.
22. ACERCA DO “CONTRATO DIDÁTICO” O contrato didático serve para deixar claro aos professores e alunos suas parcelas de responsabilidades na escola e na relação ensino/aprendizagem. Estabelecer objetivo por ciclo para diminuir a fragmentação do conhecimento; Atribuir maior visibilidade aos objetivos gerais do que aos específicos; Evitar o estabelecimento de uma correspondência termo a termo entre os objetivos e atividades; Ultrapassar o tradicional isolamento entre a “apropriação do sistema de escrita” e “”desenvolvimento da leitura e escrita” Vale lembrar que as mudanças são possíveis se o coletivo escolar assim o fizer. A escola deve se tornar um ambiente de formação da comunidade leitora e escritora. No caso da alfabetização, duas questões são fundamentais: assegurar a formação de leitores e produtores de textos e considerar como eixo de formação o conhecimento didático
23. CAPÍTULO 3 APONTAMENTOS A PARTIR DA PERSPECTIVA CURRICULAR Os documentos curriculares devem aliar o objeto de ensino com as possibilidades do sujeito de atribuir um sentido pessoal a esse saber. Não devem se caracterizar documentos prescritivos. Os documentos curriculares devem ter como foco a adoção de decisões acerca de conteúdos que devem ser ensinados: importante decidir o que vai se ensinar com vistas no objeto social e com qual hierarquização, isto é, o que é prioritário. O que deve permear essas escolhas são os verdadeiros objetivos da educação: incorporar as crianças à comunidade de leitores e escritores, e formar cidadãos da cultura escrita. Lerner aponta que a leitura não deve ser sem um propósito específico. A leitura e a escrita nascem sempre interpoladas nas relações com as pessoas, supõem intercâmbios entre leitores acerca dos textos: interpretar, indicar, contestar, intercambiar e outros. Esse é o verdadeiro sentido social dessa prática. Os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos e não tarefas, porque são aspectos do que se espera que os alunos aprendam. Comportamento leitor: explanar, recomendar, repartir, confrontar, discutir, antecipar, reler, saltar, identificar, adaptar e outros. Comportamento do escritor: planejar, textualizar, revisar. A escola precisa permitir o acesso aos textos através da leitura em suas diferentes funções.
29. ACERCA DO CONTROLE: AVALIAR A LEITURA E ENSINAR A LER A avaliação é fundamental no processo escolar, pois possibilita verificar se os alunos aprenderam o que o professor se propôs ensinar. Para evitar que a pressão da avaliação se torne um obstáculo para a formação de leitores, é obrigatório, por um lado por em primeiro plano os propósitos referentes à aprendizagem de tal modo que não se subordinem ao controle e por outro lado criar modalidades de trabalho em o controle seja responsabilidade do aluno.
30. O professor como um ator no papel de leitor O professor como leitor proficiente é um modelo fundamental para os alunos. É necessário que leia e informe aos alunos tudo que é pertinente à leitura,: estratégias eficazes quando a leitura é compartilhada, como delegar a leitura, individual ou coletiva, às crianças , o professor está ensinando a ler Ele é modelo de leitor das crianças. Nesta capítulo a autora conclui: “É possível sim ler na escola se: se consegue produzir uma mudança qualitativa na gestão do tempo didático, se se concilia a necessidade de avaliar com as prioridades do ensino e da aprendizagem, se se redistribuem as responsabilidades de professor e alunos em relação à leitura para tornar possível a formação de leitores autônomos, se se desenvolvem na sala de aula e na instituição projetos que dêem sentido à leitura, que promovam o funcionamento da escola como uma microssociedade de leitores e escritores em que participem crianças, pai e professores, então..... sim é possível ler na escola”.
31. Capítulo 5: O PAPEL DO CONHECIMENTO DIDÁTICO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR A conceitualização da especificidade do conhecimento didático e a reflexão sobre a prática são apontadas pela autora como dois fatores importantes no trabalho de capacitação de professores. O saber didático ainda que se apóie em saberes produzidos por outras ciências, não pode ser deduzido simplesmente deles é também o resultado do estudo sistemático das interações que se produzem entre professor e aluno, os alunos e o objeto de ensino, é produto da análise das relações entre ensino e aprendizagem de cada conteúdo específico, é elaborado através da investigação rigorosa do funcionamento das situações didáticas. O registro realizado pelo professor é fundamental para dar vida ao conhecimento didático: quando se torna objeto de reflexão faz da prática do professor uma prática consciente e possível de mudança.
32.
33. Para a educadora, alguns estabelecimentos de educação têm como princípio ser uma escola alegre e lúdica. Isso pode ser bom se a alegria representar aquisição de conhecimento. Mas escola lúdica não é aceitável, pois não é essa sua função. A prática da escola deve ser o trabalho. E a provocação da aprendizagem é enfrentar desafios com o pressuposto de fazer esforços intelectuais e de empenhar-se intensamente. “A escola não precisa ser feia, nem triste, mas isso não quer dizer que se aprende de forma leve, brincando. A escola não pode se transformar em uma diversão, perdendo sua dimensão que é o ensinar.”
34. Délia Lerneréespecialista em didática da linguagem, coordenadora de planejamento curricular da área de práticas de linguagem da secretaria de educação da cidade de Buenos Aires, professora da Universidade de Buenos Aires, assessora do Ministério da Educação do Brasil e do Ministério da Educação da Venezuela.