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Nome:
Erico Verissimo
Nascimento:
17/12/1905
Natural:
Cruz Alta - RS
Morte:
28/11/1975
Menu do Autor
Erico Verissimo
―Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de sentimentos,
um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra
mais tarde, quase sempre penso ‘Não era bem isto o que queria dizer’.”
(O escritor diante do espelho)
Erico Lopes Verissimo nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 17 de dezembro de 1905,
filho de Sebastião Verissimo da Fonseca e Abegahy Lopes Verissimo.
Em 1909, com menos de 4 anos, vítima de meningite, agravada por uma
broncopneumonia, quase vem a falecer. Salva-se graças à interferência do Dr.
Olinto de Oliveira, renomado pediatra, que veio de Porto Alegre especialmente para
cuidar de seu problema.
Inicia seus estudos em 1912, freqüentando, simultaneamente, o Colégio Elementar
Venâncio Aires, daquela cidade, e a Aula Mista Particular, da professora Margarida
Pardelhas. Nas horas vagas vai o cinema Biógrafo Ideal ou vê passar o tempo na
Farmácia Brasileira, de seu pai.
Aos 13 anos, lê autores nacionais — Coelho Neto, Aluísio Azevedo, Joaquim Manoel
de Macedo, Afrânio Peixoto e Afonso Arinos. Com tempo livre, tendo em vista o
recesso escolar devido à gripe espanhola, dedica-se, também, aos autores
estrangeiros, lendo Walter Scott, Tolstoi, Eça de Queirós, Émile Zola e Dostoievski.
Em 1920, vai estudar, em regime de internato, no Colégio Cruzeiro do Sul, de
orientação protestante, localizado no bairro de Teresópolis, em Porto Alegre. Tem
bom desempenho nas aulas de literatura, inglês, francês e no estudo da Bíblia.
Seus pais separam-se em dezembro de 1922. Vão — sua mãe, o irmão e a filha
adotiva do casal, Maria, morar na casa da avó materna. Para ajudar no orçamento
doméstico, torna-se balconista no armazém do tio Americano Lopes. Os tempos
difíceis não o separam dos livros: lê Euclides da Cunha, faz traduções de trechos de
escritores ingleses e franceses e começa a escrever, escondido, seus primeiros
textos. Vai trabalhar no Banco Nacional do Comércio.
Continua devorando livros. Em 1923. Lê Monteiro Lobato, Oswald e Mário de
Andrade. Incentivado pelo tio materno João Raymundo, dedica-se à leitura das
obras de Stuart Mill, Nietzsche, Omar Khayyam, Ibsen, Verhaeren e Rabindranath
Tagore.
No ano seguinte, a família da mãe muda-se para Porto Alegre, a fim de que seu
irmão, Ênio, faça o ginásio no Colégio Cruzeiro do Sul. Infelizmente a mudança não
dá certo. O autor, que havia conseguido um lugar na matriz do Banco do Comércio,
tem problemas de saúde e perde o emprego. Após tratar-se, emprega-se numa
seguradora mas, por problemas de relacionamento com seus superiores, passa por
maus momentos. Morando num pequeno quarto de uma casa de cômodos e diante
de tantos insucessos, a família resolve voltar a Cruz Alta.
Erico volta a trabalhar no Banco do Comércio, como chefe da Carteira de
Descontos, em 1925. Toma gosto pela música lírica, que passa a ouvir na casa de
seus tios Catarino e Maria Augusta. Seus primos, Adriana e Rafael, filhos do casal,
seriam os primeiros a ler seus escritos.
Logo percebe que a vida de bancário não o satisfaz. Mesmo sem muita certeza de
sucesso, aceita a proposta de Lotário Muller, amigo de seu pai, de tornar-se sócio
da Pharmacia Central, naquela cidade, em 1926.
Em 1927, além dos afazeres de dono de botica, dá aulas particulares de literatura e
inglês. Lê Oscar Wilde e Bernard Shaw. Começa a sedimentar seus conhecimentos
da literatura mundial lendo, também, Anatole France, Katherine Mansfield,
Margareth Kennedy, Francis James, Norman Douglas e muitos outros mais. Começa
a namorar sua vizinha, Mafalda Halfen Volpe, de 15 anos.
O mensário ―Cruz Alta em Revista‖ publica, em 1929, ―Chico: um conto de Natal‖
que, por insistência do jornalista Prado Júnior, Erico havia consentido. O colega de
boticário e escritor Manoelito de Ornellas envia ao editor da ―Revista do Globo‖, em
Porto Alegre, os contos ―Ladrão de gado‖ e ―A tragédia dum homem gordo‖, onde,
aprovadas, foram publicadas.
Erico remete a De Souza Júnior, diretor do suplemento literário ―Correio do Povo‖, o
conto ―A lâmpada mágica‖. Esse, segundo testemunhas, o publica sem ler, o que dá
ao autor notoriedade no meio literário local.
Com a falência da farmácia, em 1930, o autor muda-se para Porto Alegre disposto
a viver de seus escritos. Passa a conviver com escritores já renomados, como Mario
Quintana, Augusto Meyer, Guilhermino César e outros. No final do ano é contratado
para ocupar o cargo de secretário de redação da ―Revista do Globo‖, cargo que
ocupa no início do ano seguinte.
Em 1931 casa-se, em Cruz Alta, com Mafalda Halfen Volpe. Lança sua primeira
tradução, ―O sineiro‖, de Edgar Wallace, pela Seção Editora da Livraria do Globo.
No mesmo ano traduz desse escritor ―O círculo vermelho‖ e ―A porta das sete
chaves‖. Colabora na página dominical dos jornais ―Diário de Notícias‖ e ―Correio do
Povo‖.
Em 1932, é promovido a Diretor da ―Revista do Globo‖, ocasião em que é
convidado por Henrique Bertaso, gerente do departamento editorial da ―Livraria do
Globo‖, a atuar naquela seção, indicando livros para tradução e publicação. Sua
obra de estréia, ―Fantoches‖, uma coletânea de histórias em sua maior parte na
forma de peças de teatro. Foram vendidos 400 exemplares dos 1.500 publicados. A
sobra, um incêndio queimou.
Traduz, em 1933, ―Contraponto‖, de Aldous Huxley, que só seria editado em 1935.
Seu primeiro romance, ―Clarissa‖, é lançado com tiragem de 7.000 exemplares.
Seu romance ―Música ao longe‖ o faz ser agraciado com o Prêmio Machado de
Assis, da Cia. Editora Nacional, em 1934. No ano seguinte, nasce sua filha Clarissa.
Outro romance, ―Caminhos cruzados‖, recebe o Prêmio Fundação Graça Aranha. O
autor admite a associação desse romance a ―Contraponto‖, de Aldo Huxley, o que
faz com que seja mal recebido pela direita e atice a curiosidade e a vigilância do
Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul, que chegou a
chamá-lo a depor, sob a acusação de comunismo. São publicados, ainda nesse ano,
―Música ao longe‖ e ―A vida de Joana d’Arc‖. Realiza sua primeira viagem ao Rio de
Janeiro (RJ), onde faz contato com Jorge Amado, Murilo Mendes, Augusto Frederico
Schmidt, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego e outros mais. Seu pai
falece.
Em 1936, publica seu primeiro livro infantil, ―As aventuras do avião vermelho‖.
Lança, também, ―Um lugar ao sol‖. Cria o programa de auditório para crianças,
―Clube dos três porquinhos‖, na Rádio Farroupilha, a pedido de Arnaldo Balvé.
Dessa idéia surge a ―Coleção Nanquinote‖, com os livros ―Os três porquinhos
pobres‖, ―Rosa Maria no castelo encantado‖ e ―Meu ABC‖. Lança a revista ―A
novela‖, que oferecia textos canônicos ao lado de outros, de puro entretenimento.
Nasce seu filho Luis Fernando. É eleito presidente da Associação Rio-Grandense de
Imprensa.
O DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, exige que o
autor submeta previamente àquele órgão as histórias apresentadas no programa de
rádio por ele criado, em 1937. Resistindo à censura prévia, encerra o programa.
Outra reação ao nacionalismo ufanista da ditadura Vargas se faz sentir na versão
para didática da história do Brasil em ―As aventuras de Tibicuera‖.
Um de seus maiores sucessos, ―Olhai os lírios do campo‖, é lançado em 1938.
Publica, nesse mesmo ano, ―O urso com música na barriga‖, da ―Coleção
Nanquinote‖.
Erico passa a dedicar a maior parte de seu tempo ao departamento editorial da
Globo, em 1939. Em companhia de seus companheiros Henrique Bertaso e Maurício
Rosenblatt, é responsável pelo sucesso estrondoso de coleções como a Nobel‖ e da
―Biblioteca dos Séculos‖, nas quais eram encontrados traduções de textos de
Virginia Wolf, Thomas Mann, Balzac e Proust. Mesmo assim, com todo esse
trabalho, arranja tempo para lançar, ainda da série infantil, ―A vida do elefante
Basílio‖ e ―Outra vez os três porquinhos‖, e o livro de ficção científica ―Viagem à
aurora do mundo‖.
Em 1940, lança ―Saga‖. Pronuncia conferências em São Paulo (SP). Traduz ―Ratos e
homens‖, de John Steinbeck; ―Adeus Mr. Chips‖ e ―Não estamos sós‖, de James
Hilton; ―Felicidade‖ e ―O meu primeiro baile‖, de Katherine Mansfield. Faz sua
primeira noite de autógrafos na Livraria Saraiva.
Passa três meses nos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado
americano, em 1941, proferindo conferências. As impressões dessa temporada
estão em seu livro ―Gato preto em campo de neve‖. Ele e seu irmão Enio são
testemunhas de um suicídio: uma mulher se atira do alto de um edifício quando
conversavam na praça da Alfândega, em Porto Alegre. Esse acontecimento é
aproveitado em seu livro ―O resto é silêncio‖.
A censura no estado novo continuava atenta. A Globo cria a Editora Meridiano, uma
subsidiária secreta para lançar obras que pudessem desagradar ao governo. Essa
editora publica ―As mãos de meu filho‖, reunião de contos e outros textos, em
1942.
No ano seguinte, publica ―O resto é silêncio‖, livro que merece críticas pesadas do
clero local. Temendo que a ditadura Vargas viesse a causar-lhe danos e á sua
família, aceita o convite para lecionar Literatura Brasileira na Universidade da
Califórnia feito pelo Departamento de Estado americano. Muda-se para Berkley com
toda a família.
O Mills College, de Oakland, Califórnia, onde dava aulas de Literatura e História do
Brasil, confere-lhe o título de doutor Honoris Causa, em 1944. É publicado o
compêndio ―Brazilian Literature: An Outline‖, baseado em palestras e cursos
ministrados durante sua estada na Califórnia. Esse livro foi publicado no Brasil, em
1955, com o título ―Breve história da literatura brasileira‖.
Passa o ano de 1945 fazendo conferências em diversos estados americanos.
Retorna ao Brasil.
Em 1946, publica ―A volta do gato preto‖, sobre sua vida nos Estados Unidos.
Inicia, em 1947, a escrever ―O tempo e o vento‖. Previsto para ter um só volume,
com aproximadamente 800 páginas, e ser escrito em três anos, acabou
ultrapassando as 2.200 páginas, sob a forma de trilogia, consumindo quinze anos
de trabalho. Traduz ―Mas não se mata cavalo‖, de Horace McCoy. Faz a primeira
adaptação para o cinema de uma obra de sua autoria: ―Mirad los lírios Del campo‖,
produção argentina dirigida por Ernesto Arancibia que tinha em seu elenco
Mauricio Jouvet e Jose Olarra.
No ano seguinte, dedica-se a ordenar as anotações que vinha guardando há tempos
e dar forma ao romance ―O continente‖. Traduz ―Maquiavel e a dama‖, de Somerset
Maugham.
‖O continente‖, primeiro volume de ―O tempo e o vento‖, é finalmente publicado,
em 1949, recebendo muitos elogios da crítica. Recebe o escritor franco-argelino
Albert Camus, autor de ―A peste‖, em sua passagem por Porto Alegre.
No ano de 1951, é lançado o segundo livro da trilogia ―O tempo e o vento‖: ―O
retrato‖. O trabalho não tão bem recebido pela crítica como o primeiro livro.
Assume, em 1953, a convite do governo brasileiro, em Washington, E.U.A., a
direção do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, na
Secretaria da Organização dos Estados Americanos, substituindo a Alceu Amoroso
Lima.
No ano seguinte, é agraciado com o prêmio Machado de Assis, concedido pela
Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Lança ―Noite‖, novela que
é traduzida na Noruega, França, Estados Unidos e Inglaterra. Visita, face às funções
assumidas junto à OEA, diversos países da América Latina, proferindo palestras e
conferências.
De volta ao Brasil, em 1956, lança ―Gente e bichos‖, coleção de livros para
crianças. Sua filha casa-se com David Jaffe e vai morar nos Estados Unidos. Dessa
união nasceriam seus netos Michael, Paul e Eddie.
Em 1957, publica ―México‖, onde conta as impressões da viagem que fizera àquele
país.
‖O arquipélago‖, terceiro livro da trilogia ―O tempo e o vento‖, começa a ser escrito
em 1958. Tem um mal-estar ao discursar na abertura de um congresso em Porto
Alegre. Consegue se refazer e disfarçar o ocorrido.
Acompanhado de sua mulher e do filho Luis Fernando, faz sua primeira viagem à
Europa, em 1959. Expõe sua defesa à democracia em palestras proferidas em
Portugal e entra em choque com a ditadura salazarista. Lança ―O ataque‖, que
reunia três contos: ―Sonata‖, ―Esquilos de outono‖ e ―A ponte‖, além de um capítulo
inédito de ―O arquipélago‖. Passa uma temporada na casa de sua filha, em
Washington.
Dedica-se, em 1960, a escrever ―O arquipélago‖.
Em 1961, sofre o primeiro infarto do miocárdio. Após dois meses de repouso
absoluto, volta aos Estados Unidos com sua mulher. Saem os primeiros tomos de
―O arquipélago‖.
O terceiro tomo de ―O Arquipélago‖ é publicado em 1962, concluindo o projeto de
―O tempo e o vento‖. O volume é considerado uma obra-prima. Visita a França,
Itália e a Grécia.
A mãe do biografado falece em 1963.
Em 1964, seu filho Luis Fernando casa-se com Lúcia Helena Massa, no Rio de
Janeiro, cidade para a qual ele se mudara em 1962. Dessa união nasceriam
Fernanda, Mariana e Pedro. Insurge-se contra o golpe militar e dirige manifesto a
seus leitores em defesa das instituições democráticas. Recebe o título de ―Cidadão
de Porto Alegre‖, conferido pela Câmara de Vereadores daquela cidade.
Ganha o Prêmio Jabuti – Categoria ―Romance‖, da Câmara Brasileira de Livros, em
1965, com o livro ―O senhor embaixador‖. Volta aos Estados Unidos.
A convite do governo de Israel, visita aquele país em 1966. Vai aos Estados Unidos,
mais uma vez, visitar seus familiares. Escreve ―O prisioneiro‖, que seria lançado em
1967. A Editora José Aguilar, do Rio de Janeiro, publica, em cinco volumes, o
conjunto de sua ficção completa. Desse conjunto faz parte uma pequena
autobiografia do autor, sob o título ―O escritor diante do espelho‖.
‖O tempo e o vento‖, sob a direção de Dionísio Azevedo, com adaptação de Teixeira
Filho, estréia na TV Excelsior, em 1967. No elenco, Carlos Zara, Geórgia Gomide e
Walter Avancini.
É agraciado com o prêmio ―Intelectual do ano‖ (Troféu Juca Pato‖), em 1968, em
concurso promovido pela ―Folha de São Paulo‖ e pela ―União Brasileira de
Escritores‖.
No ano seguinte, a casa onde Erico nascera, em Cruz Alta, é transformada em
Museu Casa de Erico Verissimo. Lança ―Israel em abril‖.
Em 1971, é editado o livro ―Incidente em Antares‖.
Em 1972, comemorando os 40 anos de lançamento de seu primeiro livro, relança
―Fantoches‖, onde o autor acrescentou notas e desenhos de sua autoria.
Amplia sua autobiografia, publicada em 1966, fazendo surgir suas memórias — sob
o título de ―Solo de clarineta‖ — cujo primeiro volume é publicado em 1973.
O escritor falece subitamente no dia 28 de novembro de 1975, deixando inacabada
a segunda parte do segundo volume de suas memórias, além de esboços de um
romance que se chamaria ―A hora do sétimo anjo‖.
Carlos Drummond de Andrade faz homenagem ao amigo fazendo publicar o
seguinte poema:
A falta de Erico Verissimo
Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.
Postumamente, é lançado, em 1976, ―Solo de clarineta – Memória 2‖, organizada
por Flávio Loureiro Chaves.
‖Olhai os lírios do campo‖, com adaptação de Geraldo Vietri e Wilson Aguiar Filho, é
a novela apresentada pela TV Globo, em 1980, sob a direção de Herval Rossano.
No elenco, Cláudio Marzo e Nívea Maria.
A esposa do autor, Mafalda, e a professora Maria da Glória Bordini, da PUC-RS,
iniciam a organização dos documentos por ele deixados, em 1982.
É instalado, no programa de Pós-Graduação em Letras da PUC-RS — como projeto
de pesquisa do CNpQ, o Acervo Literário de Erico Verissimo, em 1984. A
coordenação fica a cargo da professora Maria da Glória Bordini.
No ano seguinte, a Rede Globo leva ao ar a série ―O tempo e o vento‖, adaptação
de Doc Comparato e Regina Braga, direção de Paulo José, com Glória Pires,
Armando Bogus, Tarcísio Meira e Lima Duarte, entre outros.
Em 1986, o Museu de Cruz Alta torna-se Fundação Erico Verissimo.
O índice de toda a obra de Erico é informatizado através do Projeto Integrado CNpQ
– Fontes da Literatura Brasileira, que o disponibiliza para consulta, em 1991.
Em 1994, seu filho Luis Fernando assume a presidência da Associação Cultural
Acervo Literário de Erico Verissimo, entidade encarregada de cuidar de toda a
documentação literária do escritor. ―Incidente em Antares‖, adaptado por Charles
Peixoto e Nelson Nadotti, com direção de Paulo José e constando de seu elenco
Fernanda Montenegro,e Paulo Betti, é apresentada pela Rede Globo.
A UFRS homenageia o autor, pela passagem dos 90 anos de seu nascimento, com
uma mostra documental no salão de sua Reitoria. A PUC-RS realiza seminário
internacional, coordenado por seu Programa de Pós-Graduação em Letras, em
1995.
Organizada por Maria da Glória Bordini, publica-se, em 1997, ―A liberdade de
escrever‖, coletânea de entrevistas do autor sobre política e literatura.
Em 2002, a Globo inicia a edição definitiva da obra completa do autor. É
inaugurado o Centro Cultural Erico Verissimo, destinado à preservação do Acervo
Literário e da memória literária do Rio Grande do Sul.
Morre Mafalda Verissimo, viúva do escritor, em 2003.

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Literatura Brasileira: Romance Nordestino de 30.
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Erico verissimo 02

  • 1. Nome: Erico Verissimo Nascimento: 17/12/1905 Natural: Cruz Alta - RS Morte: 28/11/1975 Menu do Autor Erico Verissimo ―Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de sentimentos, um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra mais tarde, quase sempre penso ‘Não era bem isto o que queria dizer’.” (O escritor diante do espelho) Erico Lopes Verissimo nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 17 de dezembro de 1905, filho de Sebastião Verissimo da Fonseca e Abegahy Lopes Verissimo. Em 1909, com menos de 4 anos, vítima de meningite, agravada por uma broncopneumonia, quase vem a falecer. Salva-se graças à interferência do Dr. Olinto de Oliveira, renomado pediatra, que veio de Porto Alegre especialmente para cuidar de seu problema.
  • 2. Inicia seus estudos em 1912, freqüentando, simultaneamente, o Colégio Elementar Venâncio Aires, daquela cidade, e a Aula Mista Particular, da professora Margarida Pardelhas. Nas horas vagas vai o cinema Biógrafo Ideal ou vê passar o tempo na Farmácia Brasileira, de seu pai. Aos 13 anos, lê autores nacionais — Coelho Neto, Aluísio Azevedo, Joaquim Manoel de Macedo, Afrânio Peixoto e Afonso Arinos. Com tempo livre, tendo em vista o recesso escolar devido à gripe espanhola, dedica-se, também, aos autores estrangeiros, lendo Walter Scott, Tolstoi, Eça de Queirós, Émile Zola e Dostoievski. Em 1920, vai estudar, em regime de internato, no Colégio Cruzeiro do Sul, de orientação protestante, localizado no bairro de Teresópolis, em Porto Alegre. Tem bom desempenho nas aulas de literatura, inglês, francês e no estudo da Bíblia. Seus pais separam-se em dezembro de 1922. Vão — sua mãe, o irmão e a filha adotiva do casal, Maria, morar na casa da avó materna. Para ajudar no orçamento doméstico, torna-se balconista no armazém do tio Americano Lopes. Os tempos difíceis não o separam dos livros: lê Euclides da Cunha, faz traduções de trechos de escritores ingleses e franceses e começa a escrever, escondido, seus primeiros textos. Vai trabalhar no Banco Nacional do Comércio. Continua devorando livros. Em 1923. Lê Monteiro Lobato, Oswald e Mário de Andrade. Incentivado pelo tio materno João Raymundo, dedica-se à leitura das obras de Stuart Mill, Nietzsche, Omar Khayyam, Ibsen, Verhaeren e Rabindranath Tagore. No ano seguinte, a família da mãe muda-se para Porto Alegre, a fim de que seu irmão, Ênio, faça o ginásio no Colégio Cruzeiro do Sul. Infelizmente a mudança não dá certo. O autor, que havia conseguido um lugar na matriz do Banco do Comércio, tem problemas de saúde e perde o emprego. Após tratar-se, emprega-se numa seguradora mas, por problemas de relacionamento com seus superiores, passa por maus momentos. Morando num pequeno quarto de uma casa de cômodos e diante de tantos insucessos, a família resolve voltar a Cruz Alta. Erico volta a trabalhar no Banco do Comércio, como chefe da Carteira de Descontos, em 1925. Toma gosto pela música lírica, que passa a ouvir na casa de seus tios Catarino e Maria Augusta. Seus primos, Adriana e Rafael, filhos do casal, seriam os primeiros a ler seus escritos. Logo percebe que a vida de bancário não o satisfaz. Mesmo sem muita certeza de sucesso, aceita a proposta de Lotário Muller, amigo de seu pai, de tornar-se sócio da Pharmacia Central, naquela cidade, em 1926. Em 1927, além dos afazeres de dono de botica, dá aulas particulares de literatura e inglês. Lê Oscar Wilde e Bernard Shaw. Começa a sedimentar seus conhecimentos da literatura mundial lendo, também, Anatole France, Katherine Mansfield, Margareth Kennedy, Francis James, Norman Douglas e muitos outros mais. Começa a namorar sua vizinha, Mafalda Halfen Volpe, de 15 anos. O mensário ―Cruz Alta em Revista‖ publica, em 1929, ―Chico: um conto de Natal‖ que, por insistência do jornalista Prado Júnior, Erico havia consentido. O colega de boticário e escritor Manoelito de Ornellas envia ao editor da ―Revista do Globo‖, em Porto Alegre, os contos ―Ladrão de gado‖ e ―A tragédia dum homem gordo‖, onde, aprovadas, foram publicadas. Erico remete a De Souza Júnior, diretor do suplemento literário ―Correio do Povo‖, o conto ―A lâmpada mágica‖. Esse, segundo testemunhas, o publica sem ler, o que dá
  • 3. ao autor notoriedade no meio literário local. Com a falência da farmácia, em 1930, o autor muda-se para Porto Alegre disposto a viver de seus escritos. Passa a conviver com escritores já renomados, como Mario Quintana, Augusto Meyer, Guilhermino César e outros. No final do ano é contratado para ocupar o cargo de secretário de redação da ―Revista do Globo‖, cargo que ocupa no início do ano seguinte. Em 1931 casa-se, em Cruz Alta, com Mafalda Halfen Volpe. Lança sua primeira tradução, ―O sineiro‖, de Edgar Wallace, pela Seção Editora da Livraria do Globo. No mesmo ano traduz desse escritor ―O círculo vermelho‖ e ―A porta das sete chaves‖. Colabora na página dominical dos jornais ―Diário de Notícias‖ e ―Correio do Povo‖. Em 1932, é promovido a Diretor da ―Revista do Globo‖, ocasião em que é convidado por Henrique Bertaso, gerente do departamento editorial da ―Livraria do Globo‖, a atuar naquela seção, indicando livros para tradução e publicação. Sua obra de estréia, ―Fantoches‖, uma coletânea de histórias em sua maior parte na forma de peças de teatro. Foram vendidos 400 exemplares dos 1.500 publicados. A sobra, um incêndio queimou. Traduz, em 1933, ―Contraponto‖, de Aldous Huxley, que só seria editado em 1935. Seu primeiro romance, ―Clarissa‖, é lançado com tiragem de 7.000 exemplares. Seu romance ―Música ao longe‖ o faz ser agraciado com o Prêmio Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional, em 1934. No ano seguinte, nasce sua filha Clarissa. Outro romance, ―Caminhos cruzados‖, recebe o Prêmio Fundação Graça Aranha. O autor admite a associação desse romance a ―Contraponto‖, de Aldo Huxley, o que faz com que seja mal recebido pela direita e atice a curiosidade e a vigilância do Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul, que chegou a chamá-lo a depor, sob a acusação de comunismo. São publicados, ainda nesse ano, ―Música ao longe‖ e ―A vida de Joana d’Arc‖. Realiza sua primeira viagem ao Rio de Janeiro (RJ), onde faz contato com Jorge Amado, Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego e outros mais. Seu pai falece. Em 1936, publica seu primeiro livro infantil, ―As aventuras do avião vermelho‖. Lança, também, ―Um lugar ao sol‖. Cria o programa de auditório para crianças, ―Clube dos três porquinhos‖, na Rádio Farroupilha, a pedido de Arnaldo Balvé. Dessa idéia surge a ―Coleção Nanquinote‖, com os livros ―Os três porquinhos pobres‖, ―Rosa Maria no castelo encantado‖ e ―Meu ABC‖. Lança a revista ―A novela‖, que oferecia textos canônicos ao lado de outros, de puro entretenimento. Nasce seu filho Luis Fernando. É eleito presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa. O DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, exige que o autor submeta previamente àquele órgão as histórias apresentadas no programa de rádio por ele criado, em 1937. Resistindo à censura prévia, encerra o programa. Outra reação ao nacionalismo ufanista da ditadura Vargas se faz sentir na versão para didática da história do Brasil em ―As aventuras de Tibicuera‖. Um de seus maiores sucessos, ―Olhai os lírios do campo‖, é lançado em 1938. Publica, nesse mesmo ano, ―O urso com música na barriga‖, da ―Coleção Nanquinote‖. Erico passa a dedicar a maior parte de seu tempo ao departamento editorial da Globo, em 1939. Em companhia de seus companheiros Henrique Bertaso e Maurício
  • 4. Rosenblatt, é responsável pelo sucesso estrondoso de coleções como a Nobel‖ e da ―Biblioteca dos Séculos‖, nas quais eram encontrados traduções de textos de Virginia Wolf, Thomas Mann, Balzac e Proust. Mesmo assim, com todo esse trabalho, arranja tempo para lançar, ainda da série infantil, ―A vida do elefante Basílio‖ e ―Outra vez os três porquinhos‖, e o livro de ficção científica ―Viagem à aurora do mundo‖. Em 1940, lança ―Saga‖. Pronuncia conferências em São Paulo (SP). Traduz ―Ratos e homens‖, de John Steinbeck; ―Adeus Mr. Chips‖ e ―Não estamos sós‖, de James Hilton; ―Felicidade‖ e ―O meu primeiro baile‖, de Katherine Mansfield. Faz sua primeira noite de autógrafos na Livraria Saraiva. Passa três meses nos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado americano, em 1941, proferindo conferências. As impressões dessa temporada estão em seu livro ―Gato preto em campo de neve‖. Ele e seu irmão Enio são testemunhas de um suicídio: uma mulher se atira do alto de um edifício quando conversavam na praça da Alfândega, em Porto Alegre. Esse acontecimento é aproveitado em seu livro ―O resto é silêncio‖. A censura no estado novo continuava atenta. A Globo cria a Editora Meridiano, uma subsidiária secreta para lançar obras que pudessem desagradar ao governo. Essa editora publica ―As mãos de meu filho‖, reunião de contos e outros textos, em 1942. No ano seguinte, publica ―O resto é silêncio‖, livro que merece críticas pesadas do clero local. Temendo que a ditadura Vargas viesse a causar-lhe danos e á sua família, aceita o convite para lecionar Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia feito pelo Departamento de Estado americano. Muda-se para Berkley com toda a família. O Mills College, de Oakland, Califórnia, onde dava aulas de Literatura e História do Brasil, confere-lhe o título de doutor Honoris Causa, em 1944. É publicado o compêndio ―Brazilian Literature: An Outline‖, baseado em palestras e cursos ministrados durante sua estada na Califórnia. Esse livro foi publicado no Brasil, em 1955, com o título ―Breve história da literatura brasileira‖. Passa o ano de 1945 fazendo conferências em diversos estados americanos. Retorna ao Brasil. Em 1946, publica ―A volta do gato preto‖, sobre sua vida nos Estados Unidos. Inicia, em 1947, a escrever ―O tempo e o vento‖. Previsto para ter um só volume, com aproximadamente 800 páginas, e ser escrito em três anos, acabou ultrapassando as 2.200 páginas, sob a forma de trilogia, consumindo quinze anos de trabalho. Traduz ―Mas não se mata cavalo‖, de Horace McCoy. Faz a primeira adaptação para o cinema de uma obra de sua autoria: ―Mirad los lírios Del campo‖, produção argentina dirigida por Ernesto Arancibia que tinha em seu elenco Mauricio Jouvet e Jose Olarra. No ano seguinte, dedica-se a ordenar as anotações que vinha guardando há tempos e dar forma ao romance ―O continente‖. Traduz ―Maquiavel e a dama‖, de Somerset Maugham. ‖O continente‖, primeiro volume de ―O tempo e o vento‖, é finalmente publicado, em 1949, recebendo muitos elogios da crítica. Recebe o escritor franco-argelino Albert Camus, autor de ―A peste‖, em sua passagem por Porto Alegre.
  • 5. No ano de 1951, é lançado o segundo livro da trilogia ―O tempo e o vento‖: ―O retrato‖. O trabalho não tão bem recebido pela crítica como o primeiro livro. Assume, em 1953, a convite do governo brasileiro, em Washington, E.U.A., a direção do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, na Secretaria da Organização dos Estados Americanos, substituindo a Alceu Amoroso Lima. No ano seguinte, é agraciado com o prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Lança ―Noite‖, novela que é traduzida na Noruega, França, Estados Unidos e Inglaterra. Visita, face às funções assumidas junto à OEA, diversos países da América Latina, proferindo palestras e conferências. De volta ao Brasil, em 1956, lança ―Gente e bichos‖, coleção de livros para crianças. Sua filha casa-se com David Jaffe e vai morar nos Estados Unidos. Dessa união nasceriam seus netos Michael, Paul e Eddie. Em 1957, publica ―México‖, onde conta as impressões da viagem que fizera àquele país. ‖O arquipélago‖, terceiro livro da trilogia ―O tempo e o vento‖, começa a ser escrito em 1958. Tem um mal-estar ao discursar na abertura de um congresso em Porto Alegre. Consegue se refazer e disfarçar o ocorrido. Acompanhado de sua mulher e do filho Luis Fernando, faz sua primeira viagem à Europa, em 1959. Expõe sua defesa à democracia em palestras proferidas em Portugal e entra em choque com a ditadura salazarista. Lança ―O ataque‖, que reunia três contos: ―Sonata‖, ―Esquilos de outono‖ e ―A ponte‖, além de um capítulo inédito de ―O arquipélago‖. Passa uma temporada na casa de sua filha, em Washington. Dedica-se, em 1960, a escrever ―O arquipélago‖. Em 1961, sofre o primeiro infarto do miocárdio. Após dois meses de repouso absoluto, volta aos Estados Unidos com sua mulher. Saem os primeiros tomos de ―O arquipélago‖. O terceiro tomo de ―O Arquipélago‖ é publicado em 1962, concluindo o projeto de ―O tempo e o vento‖. O volume é considerado uma obra-prima. Visita a França, Itália e a Grécia. A mãe do biografado falece em 1963. Em 1964, seu filho Luis Fernando casa-se com Lúcia Helena Massa, no Rio de Janeiro, cidade para a qual ele se mudara em 1962. Dessa união nasceriam Fernanda, Mariana e Pedro. Insurge-se contra o golpe militar e dirige manifesto a seus leitores em defesa das instituições democráticas. Recebe o título de ―Cidadão de Porto Alegre‖, conferido pela Câmara de Vereadores daquela cidade. Ganha o Prêmio Jabuti – Categoria ―Romance‖, da Câmara Brasileira de Livros, em 1965, com o livro ―O senhor embaixador‖. Volta aos Estados Unidos. A convite do governo de Israel, visita aquele país em 1966. Vai aos Estados Unidos, mais uma vez, visitar seus familiares. Escreve ―O prisioneiro‖, que seria lançado em 1967. A Editora José Aguilar, do Rio de Janeiro, publica, em cinco volumes, o conjunto de sua ficção completa. Desse conjunto faz parte uma pequena
  • 6. autobiografia do autor, sob o título ―O escritor diante do espelho‖. ‖O tempo e o vento‖, sob a direção de Dionísio Azevedo, com adaptação de Teixeira Filho, estréia na TV Excelsior, em 1967. No elenco, Carlos Zara, Geórgia Gomide e Walter Avancini. É agraciado com o prêmio ―Intelectual do ano‖ (Troféu Juca Pato‖), em 1968, em concurso promovido pela ―Folha de São Paulo‖ e pela ―União Brasileira de Escritores‖. No ano seguinte, a casa onde Erico nascera, em Cruz Alta, é transformada em Museu Casa de Erico Verissimo. Lança ―Israel em abril‖. Em 1971, é editado o livro ―Incidente em Antares‖. Em 1972, comemorando os 40 anos de lançamento de seu primeiro livro, relança ―Fantoches‖, onde o autor acrescentou notas e desenhos de sua autoria. Amplia sua autobiografia, publicada em 1966, fazendo surgir suas memórias — sob o título de ―Solo de clarineta‖ — cujo primeiro volume é publicado em 1973. O escritor falece subitamente no dia 28 de novembro de 1975, deixando inacabada a segunda parte do segundo volume de suas memórias, além de esboços de um romance que se chamaria ―A hora do sétimo anjo‖. Carlos Drummond de Andrade faz homenagem ao amigo fazendo publicar o seguinte poema: A falta de Erico Verissimo Falta alguma coisa no Brasil depois da noite de sexta-feira. Falta aquele homem no escritório a tirar da máquina elétrica o destino dos seres, a explicação antiga da terra. Falta uma tristeza de menino bom caminhando entre adultos na esperança da justiça que tarda - como tarda! a clarear o mundo. Falta um boné, aquele jeito manso, aquela ternura contida, óleo a derramar-se lentamente. Falta o casal passeando no trigal. Falta um solo de clarineta. Postumamente, é lançado, em 1976, ―Solo de clarineta – Memória 2‖, organizada por Flávio Loureiro Chaves.
  • 7. ‖Olhai os lírios do campo‖, com adaptação de Geraldo Vietri e Wilson Aguiar Filho, é a novela apresentada pela TV Globo, em 1980, sob a direção de Herval Rossano. No elenco, Cláudio Marzo e Nívea Maria. A esposa do autor, Mafalda, e a professora Maria da Glória Bordini, da PUC-RS, iniciam a organização dos documentos por ele deixados, em 1982. É instalado, no programa de Pós-Graduação em Letras da PUC-RS — como projeto de pesquisa do CNpQ, o Acervo Literário de Erico Verissimo, em 1984. A coordenação fica a cargo da professora Maria da Glória Bordini. No ano seguinte, a Rede Globo leva ao ar a série ―O tempo e o vento‖, adaptação de Doc Comparato e Regina Braga, direção de Paulo José, com Glória Pires, Armando Bogus, Tarcísio Meira e Lima Duarte, entre outros. Em 1986, o Museu de Cruz Alta torna-se Fundação Erico Verissimo. O índice de toda a obra de Erico é informatizado através do Projeto Integrado CNpQ – Fontes da Literatura Brasileira, que o disponibiliza para consulta, em 1991. Em 1994, seu filho Luis Fernando assume a presidência da Associação Cultural Acervo Literário de Erico Verissimo, entidade encarregada de cuidar de toda a documentação literária do escritor. ―Incidente em Antares‖, adaptado por Charles Peixoto e Nelson Nadotti, com direção de Paulo José e constando de seu elenco Fernanda Montenegro,e Paulo Betti, é apresentada pela Rede Globo. A UFRS homenageia o autor, pela passagem dos 90 anos de seu nascimento, com uma mostra documental no salão de sua Reitoria. A PUC-RS realiza seminário internacional, coordenado por seu Programa de Pós-Graduação em Letras, em 1995. Organizada por Maria da Glória Bordini, publica-se, em 1997, ―A liberdade de escrever‖, coletânea de entrevistas do autor sobre política e literatura. Em 2002, a Globo inicia a edição definitiva da obra completa do autor. É inaugurado o Centro Cultural Erico Verissimo, destinado à preservação do Acervo Literário e da memória literária do Rio Grande do Sul. Morre Mafalda Verissimo, viúva do escritor, em 2003.