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estrangeiros). Principalmente, o         mento proativo", por exemplo, si-




Como                                                                   caso mostra como denunciamos
                                                                       quem somos pelo modo como nos
                                                                       expressamos. A imagem que espe-
                                                                       ramos imprimir sobre nós mesmos
                                                                       está, sempre, ligada à forma co-
                                                                                                                naliza que compartilha o universo
                                                                                                                de referência dos treinamentos em-
                                                                                                                presariais e "entrega" o jogo sobre .,1
                                                                                                                quem é. Pode fazer isso de forma de- .•..
                                                                                                                liberada, consciente. Em boa parte
                                                                                                                                                              Micos·.de gl'afia
                                                                                                                                                                    souívoco
                                                                                                                                                                        Advinhar
                                                                                                                                                                                                    CORREÇÃO

                                                                                                                                                                                                       Adivirihar




evitar··o
                                                                       mo articulamos a linguagem, ào           das vezes em que nos expressamos;                       Ascenção                   . Ascensão'
                                                                       domínio dosisterna da língua e às        no entanto, emitimos sinais invo- ~,
                                                                                                                                                                        Apropiado                 . Apropriado
                                                                       variantes do idioma que adotamos         luntãrios de nossa formação e do-
                                                                       em-cada situação comunicativa.           mínio do idioma. Se desarmados de                  Benefidente.                '. Beneficente
                                                                           Quando falamos, temos a ilusão       intenção retórica; quando falamos                                                                               ..
  •
                                                                                                                                                                         Dis'toar                        Destoar




mlco
                                                                       de achar que comunicamos só um           revelamos muito ao dizer qualquer ~
                                                                       conteúdo intencional, mas há outras      coisa, simplesmente somando síg- .?                     êxcessão                        Exçêção
       Os tropeços de                                                  informações transmitidas enquanto        nificados ao sentido literal.        )              Encapuçado                      Encapuzado
       grafia, regência e                                              se fala. Não diz apenas aquilo que diz       Assim, .que~ dirige a alguém       i
                                                                       (desculpe o truísrno) quem fala "pro-    palavras doces transmite 1) o sig- .1                   •Frustado                      frustrado
       concordância                                                    brerna" ou "a nível de", apela para o    nificado literal de seu enunciado + i                   Flagrância                    Fragrância
       que m.ais                                                       gerundismo ("vou estar providen-         2) sua capacidade de ser doce. Tal"
                                                                                                                                                                        Im,pecilhà .                  Empecilho           1
                                                                       ciando") ou tropeça na concordân-        como aquele que, ao' usar um dado
       comprometem                                                     cia do verbo "haver" ("houveram          tom de vozIenfadonho, magnetí-                          Parallzar                      Paralisar
       a nossa im.agem.                                                reuniões em que nada se decidiu").       zante, irritante], imprime ao que
                                                                                                                                                                        Pertubar                       Perturbar
                                                                           Uma parte' do que dizemos de         diz uma imagem de pessoa chata .'
                                                                       nós mesmos ao enunciarmos algo           ou interessante.                    '.'                 Previlégio                     Privilégio
                                                                       revela o nosso ponto de observa-             O problema é quando a enuncia- .
                                                                                                                                                                          Xuxu                          Chuchu
                                                                       ção do mundo. Quem muito em-             ção é marcada por cacoetes de lin-
                                                                       prega expressões como "comporta-         guagem usados à exaustão num dado

       O
                 exército dos efraimitas, uma das 12 tribos de Is-                                                                                          ;~~1".~,u;t;4t;,#,t;.'r~~:it,*
                                                                                                                                                                                       .•.
                                                                                                                                                                                         !.':;li:"'!i·~~~·"~"""'·"';'

                 rael, cruzou o rio [ordão para enfrentar [efré, o




                                                                                      ~_V
          .      chefe militar de Gileade. Exigia de [efté o di-
         reito de dividir a glória - e, por óbvio, a pilhagem - da
        guerra amonita.smesmo sem ter participado do com-
        bate. Em resposta, o general abriu guerra. Venceu. Em
                                                                                                  6)                                                           A
        fuga, os efraimitas tentaram cruzar o jordão, de volta
        para casa. Deram de cara com os homens de J efré, que                                                                                               ,,j.-:,i"
        tinham ordens de executar os fugitivos.                                                           ~
             E é então gu o episódio bíblico, contido no Li-                          f~Zt:IVl                                                                                                                           -
                                                                                                                                                                                                                         :~t
         vro os [utzes (12,6,
       'ClõnããeSfêrãaa
                                    o Antigo Testamento, aban-
                              lenda para maravil ar a ciência
                                                                        --~      pt:Z        IVlt:St:S                                   QUEREMOS
        da linguagem.                                                                 Q(]t:   "l~Jt:l
             Para peneirar a fronteira, os gileaditas obrigaram                                                                          ASCENÇÃO
      . cada passante a dizer a palavra "chibolete" (translite-
        ração de "espiga" em hebraíco), que sabiam de diftctl
        pronúncia a quem usasse o dialeto da tribo de Efraim.
                                                                                                                                              SOCIAL
                                                                                                                                                  .!:',-: .:
        Dito e feito: os efraimitas foram constrangidos a passar
        pelo teste. Por mais que evitassem, enunciavam "síbo-




                                                                                                                                          II
        lere", Ao todo, 42 mil foram mortos no ato, à medida
       que articulavam a palavra.

I
~
            O relato virou uma metáfora do idioma como
       marca de identidade (o mais famoso chíbolete por-
       tuguês é o ditongo nasal "ão", impronunciável por
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  • 1. estrangeiros). Principalmente, o mento proativo", por exemplo, si- Como caso mostra como denunciamos quem somos pelo modo como nos expressamos. A imagem que espe- ramos imprimir sobre nós mesmos está, sempre, ligada à forma co- naliza que compartilha o universo de referência dos treinamentos em- presariais e "entrega" o jogo sobre .,1 quem é. Pode fazer isso de forma de- .•.. liberada, consciente. Em boa parte Micos·.de gl'afia souívoco Advinhar CORREÇÃO Adivirihar evitar··o mo articulamos a linguagem, ào das vezes em que nos expressamos; Ascenção . Ascensão' domínio dosisterna da língua e às no entanto, emitimos sinais invo- ~, Apropiado . Apropriado variantes do idioma que adotamos luntãrios de nossa formação e do- em-cada situação comunicativa. mínio do idioma. Se desarmados de Benefidente. '. Beneficente Quando falamos, temos a ilusão intenção retórica; quando falamos .. • Dis'toar Destoar mlco de achar que comunicamos só um revelamos muito ao dizer qualquer ~ conteúdo intencional, mas há outras coisa, simplesmente somando síg- .? êxcessão Exçêção Os tropeços de informações transmitidas enquanto nificados ao sentido literal. ) Encapuçado Encapuzado grafia, regência e se fala. Não diz apenas aquilo que diz Assim, .que~ dirige a alguém i (desculpe o truísrno) quem fala "pro- palavras doces transmite 1) o sig- .1 •Frustado frustrado concordância brerna" ou "a nível de", apela para o nificado literal de seu enunciado + i Flagrância Fragrância que m.ais gerundismo ("vou estar providen- 2) sua capacidade de ser doce. Tal" Im,pecilhà . Empecilho 1 ciando") ou tropeça na concordân- como aquele que, ao' usar um dado comprometem cia do verbo "haver" ("houveram tom de vozIenfadonho, magnetí- Parallzar Paralisar a nossa im.agem. reuniões em que nada se decidiu"). zante, irritante], imprime ao que Pertubar Perturbar Uma parte' do que dizemos de diz uma imagem de pessoa chata .' nós mesmos ao enunciarmos algo ou interessante. '.' Previlégio Privilégio revela o nosso ponto de observa- O problema é quando a enuncia- . Xuxu Chuchu ção do mundo. Quem muito em- ção é marcada por cacoetes de lin- prega expressões como "comporta- guagem usados à exaustão num dado O exército dos efraimitas, uma das 12 tribos de Is- ;~~1".~,u;t;4t;,#,t;.'r~~:it,* .•. !.':;li:"'!i·~~~·"~"""'·"';' rael, cruzou o rio [ordão para enfrentar [efré, o ~_V . chefe militar de Gileade. Exigia de [efté o di- reito de dividir a glória - e, por óbvio, a pilhagem - da guerra amonita.smesmo sem ter participado do com- bate. Em resposta, o general abriu guerra. Venceu. Em 6) A fuga, os efraimitas tentaram cruzar o jordão, de volta para casa. Deram de cara com os homens de J efré, que ,,j.-:,i" tinham ordens de executar os fugitivos. ~ E é então gu o episódio bíblico, contido no Li- f~Zt:IVl - :~t vro os [utzes (12,6, 'ClõnããeSfêrãaa o Antigo Testamento, aban- lenda para maravil ar a ciência --~ pt:Z IVlt:St:S QUEREMOS da linguagem. Q(]t: "l~Jt:l Para peneirar a fronteira, os gileaditas obrigaram ASCENÇÃO . cada passante a dizer a palavra "chibolete" (translite- ração de "espiga" em hebraíco), que sabiam de diftctl pronúncia a quem usasse o dialeto da tribo de Efraim. SOCIAL .!:',-: .: Dito e feito: os efraimitas foram constrangidos a passar pelo teste. Por mais que evitassem, enunciavam "síbo- II lere", Ao todo, 42 mil foram mortos no ato, à medida que articulavam a palavra. I ~ O relato virou uma metáfora do idioma como marca de identidade (o mais famoso chíbolete por- tuguês é o ditongo nasal "ão", impronunciável por . " .~ . 41 ,_._'.-'--"'-- ..- --------------_.