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Não foi um
Sonho...

I
II
Não foi um
Sonho...
Conceição de Maria Moreira Batista

EDITORA

III
©2001
Todos os direitos reservados:
EDITORA

Editora Bahá’í do Brasil
C.P. 198
13800-970 - Mogi Mirim - SP

www.bahai.org.br/editora

1ª. EDIÇÃO: 2001

Capa: Gustavo Pallone de Figueiredo

Impressão: R. Vieira Gráfica e Editora Ltda
Campinas

IV
Dedico:
Aos nossos pais, pela vida que nos deram,
à Casa Universal de Justiça e
a Deus pela Sua Misericórdia Eterna.

V
Agradecimentos:
Ao Conselheiro Gabriel Marques, à
Conselheira Catarina Monajjem e
aos Membros do Centro
Internacional de Ensino: Dr.
Fereidoou Javaheri,
Sr. Rolf Von Czékus e
Sr. Kaiser Barnes.

VI
Índice

*

Introdução

XI

por Aneri Santiago

3

por Bárbara Rothschild

11

por Conceição de Maria M. Batista

19

por Diógenes Andrade

29

por Guitty Masrour Milani

35

por Maria Antonia Gonçalves

41

por Maria de Fátima F. de Faria Fernandes

47

por Touba Maani Hessari

59

por Valdeci de Jesus Rosa

67

Conclusão

69

Apêndice

72

*Relatos por ordem alfabética

VII
VIII
““Apressa-te ó Carmelo,
pois eis a luz do
semblante de Deus,
Quem rege o
Reino dos Nomes
e moldou os céus
sobre ti se ergueu.””
Bahá’’u’’lláh

IX
X
Introdução
A aventura teve início com o anúncio de que seríamos
convidados para a inauguração do Centro Internacional de Ensino
no Monte Carmelo. Inicialmente o comentário corria de um para
outro Membro do Corpo Auxiliar. Por fim, o anúncio de que
receberíamos uma carta convite da Casa Universal de Justiça.
Durante alguns meses, ficamos falando no assunto como
crianças, cheias de um misto de ansiedade e temor de não poder
viajar, isto para aqueles de poder aquisitivo mais baixo, no qual
estou inserida.
Transcrevo a carta na sua íntegra para que tenhas idéia da
nossa emoção ao recebê-la.
1 de junho de 2000
““A todos os Membros do Corpo Auxiliar
Queridos amigos bahá’’ís,
É com muita alegria e felicidade que
estendemos a cada um de vocês o convite da Casa
Universal de Justiça para participar da conferência
que marcará a inauguração do edifício do Centro

XI
NÃO FOI UM SONHO...

Internacional de Ensino, no Centro Mundial Bahá’’í,
de 8 de janeiro - segunda-feira, a 17 de janeiro de
2001 - quarta-feira. Vocês estarão se reunindo com
os Conselheiros Continentais na Terra Santa nesta
histórica ocasião.
O registro será feito em 8 de janeiro. Na terçafeira pela manhã, dia 9 de janeiro, vocês iniciarão
um infinitamente precioso programa de cinco dias
para visitar os Sepulcros e os Lugares Sagrados, que
serão imediatamente seguidos por uma conferência
marcando a inauguração do edifício do Centro
Internacional de Ensino. Para organizarmos esta
peregrinação especial, recomendamos que todos
planejem o seu itinerário, a fim de chegar em tempo,
para que possam participar do programa inteiro.
Favor observar que este convite é apenas para
os Membros do Corpo Auxiliar; nenhum outro
visitante bahá’’í terá permissão para vir a Israel
durante este período.
Pedimos que todos cheguem em Haifa ao
entardecer da segunda-feira, e devem deixar as
proximidades de Haifa ao pôr do sol de quarta-feira,
dia 17 de janeiro. Quem precisar ter flexibilidade
extra, devido ao seu vôo, é benvindo para passar
um tempo a mais na Terra Santa, fora da área de
Haifa/Akká, tanto antes quanto depois de 8 a 17 de
janeiro.
Junto desta carta vai um livreto, um formulário
de registro, e outros materiais pertinentes aos
eventos da inauguração. Importantes informações
serão encontradas no livreto, a respeito de sua
participação. Informações adicionais para facilitar
seu comparecimento foi providenciado a cada

XII
INTRODUÇÃO

Conselheiro do Corpo Continental. Durante o
registro receberão o horário detalhado dos eventos
e um pacote com informações.
Devido à aproximação de janeiro de 2001, nós
proveremos aos Corpos Continentais novas
informações. Por favor, dirijam quaisquer dúvidas
ao seu Conselheiro do Corpo Continental.
Estejam certos de nossas preces nos Limiares
Sagrados pela continuação de seu serviço a Sua
Poderosa Causa.
com amorosas saudações bahá’’ís,
assinado Centro Internacional de Ensino
cc: Mãos da Causa de Deus;
todos os Conselheiros Continentais.

Compreender a importância desse convite faz-se necessária
uma retrospectiva de alguns fatos históricos da nossa amada Causa.
Os Membros do Corpo Auxiliar foram indicados pela primeira
vez durante o Ridván de 1954, portanto quatorze anos antes de
ser instituído O Corpo Continental de Conselheiros. Naquele ano
o Guardião anunciava:
CONVOCO AS QUINZE MÃOS CINCO CONTINENTES, VIRTUDE
SUA SUPREMA FUNÇÃO COMO INSTRUMENTO, ESCOLHIDOS
PROPAGAÇÃO F É , INAUGURAREM HISTÓRICA MISSÃO
ATRAVÉS INDICAÇÃO, DURANTE RIDVÁN, 1954, CINCO
CORPOS AUXILIARES...
XIII
NÃO FOI UM SONHO...

Assim, estavam indicados pelas Mãos da Causa, os primeiros
Membros do Corpo Auxiliar que tinham como tarefa fortalecer o
serviço de ensino. O Guardião diz com suas próprias palavras que
deixaria o período de função e os detalhes em relação ao
funcionamento dos Membros do Corpo Auxiliar a cargo das Mãos
da Causa residentes fora da Terra Santa.
A Casa Universal de Justiça, em um telegrama de 5 de junho
de 1973 afirma:
A NUNCIAMOS

ESTABELECIMENTO

LONGAMENTE PREVISTO

E NSINO

DESTINADO

T ERRA S ANTA

C ENTRO I NTERNACIONAL DE
TORNA - SE UMA DAQUELAS

INSTITUIÇÕES ADMINISTRATIVAS QUE ABALARÃO E DIRIGIRÃO
O MUNDO, ORDENADAS POR

BAHÁ’’U’’LLÁH PREVISTA
‘‘ABDU’’L-BAHÁ ELUCIDADAS POR SHOGHI EFFENDI.

POR

Em outra mensagem de 8 de julho de 1973 a Casa anuncia:
“Este Centro Internacional, agora estabelecido
funcionará em seu devido tempo, naquele edifício designado
pelo Guardião como a sede para as Mãos da Causa, o qual
há de ser erigido sobre o arco no Monte Carmelo, nas
proximidades da sede da Casa Universal de Justiça.”
Ao longo de décadas, ocorreram muitas transformações e a
Ordem Administrativa da Causa caminhou a passos largos para o
amadurecimento. Nesse processo de evolução das Instituições os
XIV
INTRODUÇÃO

setenta e dois Membros do Corpo Auxiliar que haviam por ocasião
do passamento de Shoghi Effendi chegaram a novecentos e noventa.
Portanto os novecentos e noventa foram convidados a irem à Terra
Santa para a Inauguração do Edifício do Centro Internacional de
Ensino. Lá estavam 849 de 172 países, personificando a assertiva
da Casa Universal de Justiça em sua mensagem de 14 de janeiro
de 2001.

“Em vocês, os Membros do Corpo Auxiliar aqui
reunidos, está refletido todo o mundo da humanidade.
Vocês vieram de remotas regiões geográficas e
passados culturais o que torna vocês verdadeiramente
representativos da variedade da família humana.”
Queridos leitores, o conjunto de relatos que compõem este
livro, foram escritos por pessoas diferentes que certamente tiveram
emoções diferenciadas, mas que, ao final, constitui um único texto.

XV
XVI
Não foi um
Sonho...

XVII
XVIII
por Aneri Santiago

1
2
ANERI SANTIAGO

Minha Viagem à Casa do Pai
Encontrei meus amigos de viagem à Terra Santa em São Paulo,
e todos estávamos tão felizes! Mas, eu especialmente estava muito
cansada. Os dias antes de viajar foram muito desgastantes. Parece
que Deus havia me colocado em um triturador de alma; minha
aparência era irreconhecível. Leny de Lamuta me perguntou se eu
estava bem, pois minha aparência era estranha. Em Guarulhos,
quando estávamos entrando no avião, a polícia federal me parou
na frente de todos e me revistou. Isso me confirmou o que me
disse a querida Leny.
Ao chegar à Terra Santa, minha bagagem, a de Jorge Muniz,
a de Glória e Diógenes foram perdidas; elas só chegaram dois
dias depois pela manhã.
Ao entrar no Santuário do Abençoado Báb pela primeira vez,
não conseguir ficar lá muito tempo, pois minhas lágrimas jorravam
torrencialmente pela minha face! Lamentei-me e saí em prantos, a
guardiã do Santuário me olhou com tanto carinho e me ofereceu
lenços de papel. Então, fui dar a volta no Santuário e lá atrás,
onde ninguém podia me ver, ajoelhei-me no solo e me curvei e
depois deitei me em reverência. As lágrimas me jorraram mais
intensamente, e em meus lábios estavam as palavras: Obrigado,
obrigado! Não me tires por justiça o que me deste por graça! E
como amante eu sussurrava: eu Te amo!

3
NÃO FOI UM SONHO...

Então compreendi que minhas lágrimas eram de gratidão e o
mesmo se repetiu no Santuário da Abençoada Beleza, quando a
nossa guia veio amorosamente me tirar do Santuário. Comecei a
andar e quando faltavam dois metros da porta de saída, as lágrimas me
tomaram com aquele choro compulsivo que vem do centro do coração!
Voltei junto com alguns amigos pela Segunda vez ao Santuário
de Bahá’u’lláh e fiquei lá dentro, mais que uma hora, e eu tinha
tanta vontade de me jogar no chão em súplica, tive a sorte de ir ao
quarto que está dentro do Santuário, e conseguir realizar minha
súplica. Neste dia me vesti em preto e vermelho. O preto em
homenagem aos estandartes negro dos Mártires, e o vermelho
para lembrar o sacrifício deles no caminho do Bem Amado. Após
conhecer a casa de Bahjí, andei pelos jardins, com a nítida sensação
que estava caminhando no céu. Tentava pensar, mas em minha
cabeça não ficavam pensamentos, eu era só sentimentos,
sentimentos de gratidão por tanta graça, eu sentia o céu dentro de
mim e a minha volta.

Subindo para o Céu
Chegou o dia de subir os patamares e a mim coube o horário
de oito horas. Após ter visto com que rapidez que tinha sido
concluído o primeiro patamar. Lá estávamos, cada um de um lugar
diferente da Terra, com toda nossa beleza e diversidade, era
realmente uma cena impressionante! Foi avisado para não falar,
só cumprimentar com um sorriso.
4
ANERI SANTIAGO

Depois de subir o primeiro patamar, lá estava aquele senhor
iraniano, com seu jeito meigo e forte, nos explicando a visão de
Shoghi Effendi, e outras coisas. Em seguida começamos a subir, e
em cada patamar havia uma centena de anjos invisíveis, e dois
visíveis com um lindo sorriso para nos ajudar no que precisássemos.
À medida que eu ia subindo, ia dedicando a cada amigo, filhos,
pais, ajudantes e comunidades. Depois me lembrei de um sonho
em que eu subia as escadas para o céu. Logo me lembrei da poesia
de Amatu’l-Bahá que diz:
Ó Deus Altíssimo! Três coisas eu Te dei:
Amor, lealdade e esforço, e nisso eu não falhei.
Porém ó Bem Amado, quantos pecados se
entramaram em meus esforços! Quanta indignidade
mesclada em cada átomo de meu amor! Que pobre
a lealdade! Dada com toda a afeição que eu tinha!
Mas pode alguém dar mais do que o que ele possui?
Cada flor desabrocha conforme sua natureza; cada
lâmpada brilha Sua própria medida de óleo. Ah,
fosse eu de melhor natureza e o tesouro á Tua porta
seria de jóias com brilho de estrelas! Como uma
criança que brinca ao lado da vastidão do oceano
e reúne suas conchas e seixos- sua pequena loja no encontro das ondas com praia, e traz esses
brindes de bugigangas para o colo de sua mãe,
assim eu trouxe a Ti tudo que eu tinha! Ó Deus
aceita-o em Tua graça, perdoa Tua filha e toma-a
em Teus braços!

5
NÃO FOI UM SONHO...

Enquanto pensava nisso, vi uma senhora com uma grande
sacola subindo os patamares. Subitamente peguei a sacola como
símbolo de meus pecados, para tornar minha subida mais dura,
pois realmente sei que nossos pecados tornam nossos passos mais
lentos no caminho de Deus.
Ao chegar ao décimo oitavo patamar já tinha vontade de beijar
o chão, mas me segurei. Quando cheguei ao décimo nono me joguei
ao chão e beijei o último degrau em gratidão ao Bem Amado por
Ter me concedido a graça de pela segunda vez subir aquelas escadas,
ser chamada de Sua serva e por me haver concedido a honra, eu
tão fraca, estar entre aos seus servos fortes, de estar naquele lugar
abençoado e neste evento tão ímpar na historia desta Causa.
Pela Segunda vez circundei o Santuário do Bem Amado Báb.
Desta vez com os Membros do Corpo Auxiliar do mundo, a
emoção daquele momento não posso transformar em palavras.
Aquele ambiente, aquela reverência, aquelas lágrimas, os amigos,
de joelhos. Mesmo que fosse em pensamento, foi realmente um
momento celestial!
Ainda em silêncio subimos em procissão para o Centro
Internacional de Ensino, onde nos encantamos com a simplicidade
e nobreza combinada de todos os lindos prédios das construções
do Arco. Lá, após conhecer o prédio e desfrutarmos da cortesia
dos anjos do Carmelo, tivemos um lanche natural na companhia
dos amigos do mundo e fomos para o início da conferência de três
dias na sede da Casa Universal de Justiça.
Na noite anterior ao último dia da conferência tive um lindo e
comovedor sonho!
6
ANERI SANTIAGO

Sonhei que estava orando no jardim em Bahjí e logo após
minhas orações entrava na casa de Bahjí e a porteira da casa dizia:
temos uma surpresa! Eu olhava em volta e via a Abençoada
presença de Bahá’u’lláh descendo as escadas e atrás Dele, o
Mestre e o Guardião. Ele presenteava a dois artistas presentes e
se dirigia a mim com algumas palavras e me presenteava um cartão
com a imagem do Sol, e dentro tinha uma linda poesia de amor
com ornamentos de Mishkín- Qalam (distinto calígrafo e
companheiro de exílio de Bahá’u’lláh).
No dia seguinte eu vi o significado deste sonho. Quando no
final da conferência a Casa Universal de Justiça desceu as escadas
e leu para nós uma verdadeira carta de amor à humanidade. A
carta que entra na história como a carta de 16 de janeiro de 2001,
anunciando que havia chegado a Quinta Época da Idade Formativa.
O meu choro, no sonho, era representado pelo choro que todos
nós, os Conselheiros e os Membros de Corpo Auxiliar do mundo,
deixamos brotar em nossa face naquele momento grandioso.
Louvado seja Deus por aqueles dias extraordinários, louvado
seja Deus por nos conceder a graça de provarmos do Seu doce
amor!
Enquanto um membro da Casa Universal de Justiça estava
lendo, um silêncio do outro mundo invadia a sala e quando foi
anunciado que o mundo bahá´í havia entrado na quinta época um...
ohhhhhhh!..., tomou conta do salão. Foi realmente transcendental,
nada deste mundo! Após a leitura da carta e de uma Epístola de
‘Abdu’l-Bahá, a Casa Universal de Justiça saiu e o sentimento era
que havia ficado vazio o salão - parecia um sentimento de
7
NÃO FOI UM SONHO...

esvaziamento muito forte, era como se a força, o poder tivessem
ido! Então todos começamos a nos abraçar e dizer: sejam bem
vindos à Quinta Época da Idade Formativa. Foram realmente dias
memoráveis aqueles! Louvado seja Deus!

8
por Bárbara Rothschild

9
10
BÁRBARA ROTHSCHILD

T

udo começou quando a carta com data de 1o de junho
de 2000 da Casa Universal de Justiça chegou, convidando a mim
e a todos os outros Membros do Corpo Auxiliar no mundo para
irmos à Haifa. A ocasião era a abertura do Prédio do Centro
Internacional de Ensino junto com o primeiro grupo de pessoas a
subir os nove belos Terraços que levam ao Santuário do Báb.
Eu, é claro, havia lido nas escrituras bahá’ís que os Reis do
futuro tirariam suas coroas e subiriam aos Terraços, mas eu nunca
imaginei, nos meus sonhos mais ousados, que eu teria a honra de
ser uma das primeiras a fazê-lo.
A aventura começou ao voar para Israel. Eu estava viajando
sozinha e, com o coração palpitante, cheguei a Tel Aviv. Imaginava
como acharia a mesa de recepção e a equipe do Centro Mundial,
que supostamente daria as boas-vindas aos MCA’s recémchegados no dia 8 de janeiro. Esperando na fila para passar pelo
controle de passaporte, reparei em algumas pessoas à minha frente
que começaram a falar, rir e se abraçar! Então, as pessoas atrás
delas fizeram o mesmo, depois a senhora seguinte e assim por
diante até chegar a mim. Perguntei se eles eram bahá’ís chegando
para a Conferência de Haifa. Sim, eles declararam com sorrisos
de alegria de onde eu era? Brasil! Oh! Brasil. Eles eram da Austrália,
Nova Zelândia, E.U.A., Alemanha, Canadá e Hong Kong. Os
outros passageiros ficaram surpresos e curiosos, quando todos

11
NÃO FOI UM SONHO...

nós começamos a formar um grupo e a tirar fotos uns dos outros.
Era um início perfeito para os nove dias na Terra Santa.
Para descrever tudo que aconteceu durante esta peregrinação
histórica, eu precisaria de um livro inteiro. Mas muitas ocasiões
preciosas permanecem na minha memória. Uma delas foi na
segunda tarde, na antiga Casa dos Peregrinos. Soube-se que o Sr.
Ali Akbar Furútan, Mão da Causa de Deus, viria às 5:30h da
tarde para dar uma palestra. Todos os lugares foram rapidamente
ocupados em torno da área central, e ninguém se moveu nas duas
horas seguintes, com medo de perder estes assentos tão almejados.
Ele chegou com grande dignidade e caminhou majestosamente
através da multidão silenciosa de Membros do Corpo Auxiliar até
o seu assento. Em poucos minutos, com seu relógio de bolso e
lenço na mão, ele fez todos rirem e ouvirem avidamente as suas
palavras de sabedoria, conselhos amorosos e antídotos. Nós todos
amamos estar perto dele.
Aos 95 anos de idade, Sr. Furútan ainda é um palestrante
capaz e explicou a cada um de nós, homem, mulher ou criança
bahá’í, que ensinar nossa Fé preciosa é nossa obrigação, não uma
escolha. Suas palavras, mais todo o amor que a Casa Universal
de Justiça estavam nos dando, nos tocaram para compreendermos
a grande responsabilidade que eles estavam gentilmente colocando
sobre nossos ombros. Este é certamente um momento muito
especial.
Em outra dessas maravilhosas tardes, creio que o Sr. Furútan
recebeu um presente de alguns dos amigos. A delegação russa,
em torno de dez, no total, estava sentada aos seus pés. Estas
12
BÁRBARA ROTHSCHILD

pessoas eram especiais para ele porque ele serviu como pioneiro
na Rússia e fala russo fluentemente. Quando este grupo agradável
cantou em coro uma canção russa, havia lágrimas em seus olhos e
nos de muitas outras pessoas, como eu mesma. É que em 1992,
em Nova York, os russos não tinham permissão de sair do país.
Só tínhamos notícias deles via satélite. Então, em Haifa, na Terra
Santa, nesta ocasião especial, eles estavam conosco cantando em
perfeita harmonia e sendo tão bem-vindos.
Nos primeiros cinco dias, enquanto os 87 Conselheiros
mundiais estavam em conferência, os 847 Membros do Corpo
Auxiliar foram divididos em grupos para as visitas peregrinas
agendadas. Todos os dias, nós, os 25 brasileiros, nos juntávamos
a pessoas de diferentes países. Visitamos Bahjí com os europeus.
Em outro dia, estivemos com os africanos, e assim por diante e,
em parte de cada dia, estávamos livres para visitar os Santuários e
conversar com novos amigos na nova Casa dos Peregrinos, onde
deliciosos biscoitos, chá, café e grandes vasilhas com laranjas
estavam sempre esperando por nós. A cada dia, perguntávamos
uns aos outros onde tínhamos ido hoje e aonde iríamos amanhã.
Para minha grata surpresa, todos falavam em inglês perfeito! Os
destaques para nós foram a viagem para Bahjí e o Sepulcro de
Bahá’u’lláh, a visita ao prédio dos Arquivos e a contemplação da
foto do nosso amado Senhor em Sua digna moldura prateada e
dourada.
Antes de deixar o Brasil, eu havia dito aos bahá’ís que faria
orações especiais para eles nos Santuários, se eles me dessem
seus desejos por escrito em um pedaço de papel. Bem, eu recebi
13
NÃO FOI UM SONHO...

muitos pedidos. Um deles foi um telefonema de um bahá’í, cuja
esposa está doente, pedindo-me para trazer pétalas do Santuário
de Bahá’u’lláh para fazer chá para ela. Claro que prontamente
concordei, mas foi muito mais fácil falar do que fazer. Durante
minha estada em Haifa, não vi e nem ouvi falar de alguém pegando
as pétalas que, algumas vezes, são ofertadas em outras visitas.
Então, pensei: “bem, quando for a Bahjí, eu mesma as apanharei,
só não sei onde.”
Eu tinha observado nos Santuários do Báb e ‘Abdu’l-Bahá
que, na soleira onde os peregrinos se ajoelham e apóiam suas
cabeças em reverência, as pétalas dispostas lá com tanto amor e
cuidado artístico eram poucas, pois outras pessoas também tinham
tido a idéia de leva-las como recordação. Porém, no Santuário de
Bahá’u’lláh, eu senti uma reverência tão assoberbante que tirou
toda a minha coragem de apanhar as pétalas muito preciosas de
um local tão sagrado, mas uma promessa é uma promessa.
O sábado, 15 de janeiro de 2001, chegou finalmente. O dia
pelo qual 1.000 pessoas de todos os cantos do mundo haviam
vindo. Era o dia em que subiríamos os Terraços construídos com
tanto amor, carinho e dedicação pelos bahá’ís do mundo. Deixamos
nossos hotéis às 7:30h da manhã, para pegar o ônibus especial até
o pé do Monte Carmelo, para nos reunirmos no Terraço um. O
dia foi mágico, com céu azul claro e sol quente. Sentimos que
Deus estava sorrindo para nós. Não foram permitidas fotos. Cada
pessoa subiu em silêncio, acompanhada pelos seus próprios
pensamentos, em meio à grande multidão no alto e segurando a
Mão de Deus. Parecia um sonho. Estávamos todos solitários, mas
14
BÁRBARA ROTHSCHILD

cheios de alegria em nossos corações. Uma etapa nas profecias
estava se tornando realidade! Um momento da história estava sendo
criado! Choramos lágrimas de alegria e afirmamos nossa fé, nosso
comprometimento com Bahá’u’lláh e nosso amor a Deus no céu,
para que o mundo se torne tão feliz, tanto quanto todos nós
estávamos naquele dia muito especial. Após a circunvolução ao
Santuário do Báb, que nunca pareceu ser tão belo, seguimos em
fila, lenta e silenciosamente, para o recém-construído Centro
Internacional de Ensino, em um tour a este prédio magnífico. Mais
tarde, após as devoções finais, nos reunimos nos degraus em frente
à cúpula, iluminada de dourado, do Santuário do Báb, em contraste
com um céu crepuscular azul índigo, o Sr. Furútan entoou a Epístola
de Visitação em árabe e o Sr. Glenford Mitchell, em inglês. Foi um
entardecer muito especial com 1000 diferentes, mas unidos, bahá’ís,
sob a bandeira da guia da Abençoada Beleza. Caminhamos
devagar pelos jardins em direção aos ônibus, não querendo que
esse belo dia acabasse.
Caros leitores, vocês podem imaginar como estávamos nos
sentindo? Bem, ainda havia mais emoção e bênçãos por vir! No
último dia da conferência, no hall central lotado da Casa Universal
de Justiça, com os 9 membros da Casa Universal de Justiça
presentes, o Sr. Furútam e o Sr. Ali Muhammed Vaquá, as duas
Mãos da Causa de Deus remanescentes, os Conselheiros mundiais
e 849 Membros do Corpo Auxiliar de todas as partes distantes
do globo, quando o Membro da Casa leu a última carta endereçada
aos bahá’ís do mundo e disse que um marco na história da Fé
Bahá’í foi alcançado e declarou à audiência encantada a Quinta
15
NÃO FOI UM SONHO...

Época como na visão do nosso amado Guardião Shoghi Effendi.
Este anúncio provocou uma ovação, de pé, com gritos de alegria,
abraços, lágrimas e risos. Nunca esquecerei este dia histórico e o
fato de que Deus me permitiu testemunhá-lo.
Em uma carta da Casa Universal de Justiça, um pouco antes
de deixar o Brasil, foi sugerido que levássemos guarda-chuva
conosco para Haifa, pois janeiro era uma estação chuvosa. No
último dia em que estávamos lá, mencionei este fato para um dos
membros permanentes no Centro Mundial. Nós estávamos
recordando o quão maravilhoso o tempo havia estado, céu azul
todos os dias, sol e nenhum vento. Sim, disse esta querida senhora,
até vocês chegarem, estava muito frio, úmido e com vento. O que
está nos preocupando é que amanhã vocês todos estarão
retornando para casa.
Foi extremamente difícil dizer adeus.

16
por Conceição de Maria
M. Batista

17
18
CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA

Águia
Tinha visto fotos com águias nos cartões dos lugares Sagrados
da Fé. Mas não tinha idéia da marca de força que ela transmite.
Passei alguns momentos observando uma que fica em frente ao
santuário do Báb. Foi logo na primeira noite que fui ao Santuário.
Ela fica no primeiro patamar dos nove depois do Santuário. Ao
fundo fica o porto. Não sei como pode um ser inanimado simbolizar
tanta força e poder. Esta dúvida levou-me a buscar a etimologia
da palavra. Um dos sentidos é pessoa perspicaz, pessoa de grande
talento. Investiguei perspicaz: pessoa que tem agudeza de espírito.
Não sei se tu, amigo leitor, compreendes o que é ficar diante
de algo enigmático. Será que minha estranheza é fruto de uma
imaginação vã e deslumbrada? Ou será que há mais mistério nas
simbologias das coisas do que nossa vã fantasia pode imaginar?
As águias estão lá, pousadas em estratégicos lugares da Terra
Santa. Contagiadas pela essência do lugar, imóveis, imponentes,
lá. Foi por isso que surgiu o desejo imenso de tornar-me uma
águia para ficar também lá. Mas se eu sozinha me tornasse águia,
não teríamos como vivenciar aquela unidade tão bem demonstrada
pela harmonia das inúmeras diferenças, aquele espírito de
fraternidade, a explosão de amor, a certeza de estar na Casa do
Pai e no Colo do Pai.
A solução seria todos nos transformarmos em águias. Imaginem,
oitocentos e quarenta e nove águias povoando os jardins dos patamares...
19
NÃO FOI UM SONHO...

Mistério no Céu de Haifa
A previsão de tempo em Haifa é que choveria bastante. Eu e
Guitty ficamos juntas no hotel Beth Shalon. Estávamos atentas ao
tempo. Não queríamos ficar doentes. O tempo estava bom. De
repente ficava nublado, chuviscava. Pensamos que ia cair uma
grande chuva. Nada! Algumas vezes, Guitty perguntava pela
previsão do tempo, para nos prevenirmos, e assim fizemos, mas
não foi necessário. Não choveu.
Havia uma cumplicidade nos céus de Haifa para fazer bom
tempo. Porque era chegado o dia:
... um Dia em que o semblante do Ancião dos
Dias se volve para Sua sede santa.
Bahá’u’lláh

... Em verdade, Ele ama o lugar que se fez sede
de Seu trono, que Seus pés pisaram, ao qual foi
conferida a honra de Sua presença, donde ergueu
Seu chamado e sobre o qual derramou Suas
lágrimas.
Bahá’u’lláh

Ao fim de cada dia tínhamos a confirmação. Ali estavam muito
mais de mil almas amantes de Sua Santidade Bahá’u’lláh, em estado
de oração.

20
CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA

Caro leitor, como posso dizer o que sentíamos quando
andávamos pelos patamares e sentíamos o perfume de flores? Um
perfume indescritível. Um cheiro de amor, de Sagrado. Algo que
inebria, que tira o calor, a fome, o cansaço, que cura a doença,
que passa a dor e que deixa leve. Como descrever a emoção de
escutar a voz grave do Sr. Furútan; de vê-lo rir? De ver de que
forma um corpo já com certas limitações transporta um espírito
forte e uma alma sábia.
Por três vezes tive o privilégio de assistir sua palestra no final
da tarde, na casa de Peregrinos. Impressionante como um senhor
da idade dele possa ser tão lúcido como um cientista, tão amoroso
como um pai e tão jovial na forma de perceber a realidade de um
mundo tão moderno.
Nenhum ser, por mais rico que seja seu vocabulário, conseguirá
com facilidade transmitir a extensão da emoção vivenciada durante
nossa estada em Haifa. Mil anos vivêssemos, não seriam suficientes
para rendermos graças a Deus pelos momentos de felicidade que
este convite proporcionou. Contudo, percebemos que sobre
nossos ombros recai agora uma grande responsabilidade. Construir
a partir de nossas ações, sermos pessoas melhores do que éramos
e não esquecer que este período em Haifa representa a unidade
na diversidade, quando 172 países se faziam representar por
pessoas de tipos mais variados. E para que este momento
acontecesse o tempo fez-se Tempo.

21
NÃO FOI UM SONHO...

As Colunas do meu Sonho
Há uns vinte anos atrás, queria respostas imediatas para tudo.
Em 1982, estava numa Conferência em Recife e após assistir a
uma projeção de slides sobre a Fé Bahá’í todos muito emocionados
queriam sonhar com ‘Abdu’l-Bahá. Eu também queria. Lembro
que o dormitório foi improvisado com um tecido grosso que
separava os homens das mulheres, Ao amanhecer, todos contavam,
cheios de felicidades, seus sonhos. Eu fiquei muito triste porque
não havia sonhado com ‘Abdu’l-Bahá, mas com algumas colunas
iguais as que costumava ver nos postais dos Templos Bahá’ís.
Alguns amigos tentavam me consolar, entre eles Vitor, Sales
e Aneri. Mas eu, triste, fiquei com um grande mau humor.
O tempo passou. Continuei pedindo para sonhar com ‘Abdu’lBahá, mas nunca sonhei. Em 1995, andava angustiada com a vida.
Comecei fazer orações pedindo a Bahá’u’lláh ajuda para a minha
comunidade. Era por essa época, ajudante do Membro do Corpo
Auxiliar Luis Gonzaga, e antes havia sido da Sra. Safa e da Sra.
Shahla.
Começo de 1996, recebi um convite do Conselheiro Rolf
para servir como Membro do Corpo Auxiliar. Ele disse que poderia
pensar para dar a resposta. Não foi necessário. Desde lá estou
como Membro do Corpo Auxiliar. E como Membro do Corpo
Auxiliar, agora eu estava em Haifa. O que parecia impossível
materializou-se.
A nossa agenda consistia de visita à Casa do Mestre; ao
terraço e seus jardins, ao Arquivo, à Casa Universal de Justiça, a
22
CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA

prisão de Akká, Casa de ‘Abbúd, Casa de ‘Abdu’l-Bahá,
Santuário do Báb, Mansão de Bahjí, Casa dos Peregrinos e outros
compromissos.
No dia 10, descíamos o 19º Patamar quando de um
determinado ângulo vi: as colunas do meu sonho. Podia ver
claramente as colunas do Arquivo. Era o mesmo ângulo, parecia
um filme. Tudo voltou. Fiquei inebriada de felicidade. Qualquer
palavra que eu use para descrever essa emoção torna-se débil.
Qualquer manifestação artística por mais aguçada, não conseguiria
evidenciar a emoção e o estado de reverência em que me
encontrava. Era como se algo tivesse sido ligado para que o filme
passasse novamente.

Heroína
Eu sabia que todos os Membros do Corpo Auxiliar iam à
Terra Santa. Havia antes ligado para alguns amigos para confirmar
se iriam. Tudo estava confirmado. Agora só a vontade de Deus
nos impediria de ir. Como? Se íamos pela Sua benevolência? Nós,
pobres servos, cheios de incoerências humanas convidados para
o grande banquete espiritual? Se merecíamos comer as migalhas
debaixo das mesas, fomos convidados a sentar e degustar do
banquete, por Sua misericórdia.
Dificuldade? Muitas! Cada um tinha uma para contar. Mas
ela superou-se. Viajou dias antes. Na viagem perdeu a mala.
Chegou à Terra Santa com a bagagem de mão. Passou dias
23
NÃO FOI UM SONHO...

reclamando da empresa aérea uma solução. Após cinco dias sua
mala chegou.
Muitos amigos ficaram por alguns dias sem suas malas. Assim
foi com Glória, Aneri, Diógenes e Jorge. Alguns receberam uma
quantia em dólar para minimizar as dificuldades que enfrentariam
sem roupa.
Ela precisou comprar algumas peças e das poucas que tinha,
generosamente, emprestou-me seu casaco para frio.
Após cinco dias sua mala chegou, mas com a mala também
chegou, provavelmente ocasionada pelo estado de cansaço, por
tantas atividades e preocupação, uma gripe. A heroína resistiu
dores, cansaço, indisposição, enfim, os sintomas de uma gripe em
um organismo que luta para sarar. Resistia. Caminhava e visitava
os Lugares Sagrados...
Nós estávamos no mesmo quarto de hotel. Tentava não passar
minha preocupação, mas temia e orava.
Estava um pouco assustada porque na minha pequenez
humana havia pedido a Bahá’u’lláh que, durante minha estada na
Terra Santa, meu pai não morresse.
Ela é forte e por isso começou a melhorar aos poucos, e
ainda cumpriu quase toda a programação.
No último dia da Conferência da Inauguração do Edifício do
Centro Internacional de Ensino, saí sozinha para comprar uma bolsa
e outras coisinhas. Perdi-me em Haifa. Dei umas voltas no ônibus,
falei meu inglês “impecável” e por fim achei-me. De volta, passei
no hotel. Ela estava lá e um pouco melhor. Fomos juntas para o
encerramento da Conferência, porém antes passamos no serviço
24
CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA

de urgência médica. Neste exato momento, Antonia estava sendo
atendida por um médico que não falava português, o que
impossibilitava a comunicação. O médico precisava saber o que
Antonia sentia, mas ela não fala inglês. No impasse, ela chegou e
acudiu na hora certa. Explicou o que precisava. Antonia foi para o
hospital fazer exames mais precisos a fim de esclarecer seu estado
de saúde.
Nós duas fomos para a Casa Universal de Justiça para o
encerramento da Conferência. Emoção indescritível... Um
momento que só o Verbo pode definir:
Apressa-te ó Carmelo, pois eis, a luz do
semblante de Deus –– Quem rege o Reino dos
Nomes e moldou os céus –– sobre ti se ergueu.
Bahá’u’lláh

À noite eu partia, ela ficava, pois partiria no dia seguinte. Um
abraço apertado no meio da noite...
Guitty, parabéns pela tua força de viver!

25
26
por Diógenes Andrade

27
28
DIÓGENES ANDRADE

P

alavras fogem ao tentar descrever o meu sentimento
quando estava na Terra Santa naquela ocasião histórica da
inauguração do edifício do Centro Internacional de Ensino. O
carinho e a atenção da parte dos membros da Casa Universal de
Justiça, dos membros do Centro Internacional de Ensino, dos
Conselheiros e de todos os funcionários com quem tive contato,
estão gravados perenemente em meu coração. Amorosa
hospitalidade reinou durante toda a minha estadia naquela
abençoada Cidade. Uma fragrância de perfeição e excelência era
sentido em cada detalhe. Eu me sentia como um filho único,
cercado de toda bondade. A organização, a disciplina espiritual
me deixou encantado. Toda a programação fluía com uma
pontualidade, uma serenidade e uma alegria que me emocionava a
cada momento.
Os edifícios, os terraços, os jardins, são de uma formosura e
uma beleza digna do Trono de Deus na Terra, um verdadeiro paraíso
celestial.
As visitas aos Lugares Sagrados, em uma atmosfera de
respeito e reverência, as orações e súplicas realizadas no Santuário
Sagrado do Báb e no Santuário Sagrado de Bahá’u’lláh, me
prepararam espiritualmente para os momentosos e grandiosos
acontecimentos que se seguiram:

29
NÃO FOI UM SONHO...

A procissão solene de subida aos terraços, a circunvolução
ao Santuário do Báb, chamado por caminho dos reis, e a visita ao
magnífico edifício inaugurado da sede do Centro Internacional de
Ensino, foi algo indescritível de uma majestade e dignidade que,
com certeza, impressionaria a um verdadeiro rei, imagina eu, um
simples e humilde servo.
As reuniões plenárias e as reuniões continentais me deram
uma visão da dimensão e da influência unificada e global da Causa
de Deus. Pude presenciar e testemunhar uma parcela da
humanidade unida pelo amor de Bahá’u’lláh. A unidade mundial,
em caráter embrionário, já é uma realidade, com a guia da Casa
Universal de Justiça.
As duas palestras dos remanescentes queridos e amados
Mãos da Causa de Deus, nos transmitiram, de uma forma clara e
amorosa, a necessidade de obedecer às orientações e as leis da
nossa Amada Causa para o benefício da humanidade e progresso
de nossa alma.
E finalmente no último dia, foi a experiência espiritual,
sobrenatural, mais marcante de minha vida, quando foi revelada a
mensagem da Casa Universal de Justiça (anunciando a entrada da
Quinta Época da Idade Formativa da Causa de Bahá’u’lláh) e em
seguida foi lida uma epístola e uma oração revelada por ‘Abdu’lBahá. Naquele momento, o Poder e a Grandeza da Causa de
Deus estavam ali manifestos, diante de nossos olhos em lágrimas.
Foi extraordinário! Senti as fragrâncias da misericórdia divina
manando sobre todos nós. Que bênção! Estar ali naquele instante
e perceber a luz do Semblante de Deus e ter a certeza de que
30
DIÓGENES ANDRADE

aquele era o lugar do Sagrado Trono de Deus. Eu estava realmente
extasiado de júbilo, pois eu sentia a Presença de Deus. A leitura
da mensagem soou como o trombetear da voz encantadora de
Bahá, revelando os mistérios ocultos provenientes dos tesouros
do Criador. Que maravilha! Eu Te agradeço, ó meu Senhor, de
todo o meu coração; por saber que Deus está presente diante de
nós em Seu Trono; por ter a honra de mover em volta de Sua
Presença; por poder proclamar a todos a beleza de Sua Glória;
por poder relatar e anunciar a todos As Boas Novas desta
Revelação que irá transformar as tristezas da humanidade em
alegria e júbilo; por tudo isso, ó meu Deus, eu só tenho é que
agradecer.
Muito obrigado Senhor!

31
32
por Guitty Masrour
Milani

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34
GUITTY MASROUR MILANI

Uma Peregrinação Especial
ó Filho da Justiça!
Aonde pode ir o apaixonado senão á terra de
sua bem-amada? E aquele que procura poderá ele
ficar tranqüilo longe do desejo de seu coração?
Para quem ama verdadeiramente, a união é vida e
a separação morte. Vazio de paciência está seu
peito; privado de paz seu coração. A miríades de
vidas ele renunciaria a fim de se apressar para onde
se encontra a bem-amada.
Bahá’u’lláh

Desde criança o meu maior sonho era visitar a Terra Santa.
Em 1952, meus pais e o meu irmão mais novo receberam a benção
especial de fazer parte dos primeiros grupos de peregrinos iranianos
que tiveram o privilégio de visitar os Lugares sagrados em Haifa e
Akká e a honra de serem recepcionados pelo amado Guardião.
Os relatos de meus pais sobre esta oportunidade única, aumentaram
ainda mais o meu desejo de um dia poder viajar a Terra Santa. A
espera foi longa e sofrida... Finalmente em março de 1970, pela
primeira vez, tive o privilégio de fazer uma peregrinação de 9 dias.
A felicidade foi tamanha que não posso descrever. Mas ter a
oportunidade de saborear a magia e o encanto de estar virtualmente

35
NÃO FOI UM SONHO...

no paraíso e ter um vislumbre do Reino de Abhá aumentou ainda
mais o desejo de pisar novamente na Terra Sagrada onde tantos
profetas e eleitos de Deus viveram em épocas passadas. Esta
mesma terra que mais recentemente foi abençoada com as pegadas
do Bem-Amado do mundo! Respirar o ar que Ele tinha respirado
e talvez conseguir ouvir o som melodioso de sua voz pelas
reverberações ainda existentes nos lugares sagrados...
Pela Sua infinita misericórdia, Ele me concedeu esta bênção
várias vezes e cada peregrinação ou visita teve sua doçura especial
e foi uma experiência ímpar!
Mas nem nos meus mais loucos delírios, poderia eu pensar ou
imaginar que um dia seria convidada pela Casa Universal de Justiça
a fazer uma peregrinação especial como Membro do Corpo Auxiliar
participar da “Conferência que assinalou a inauguração do Edifício
do Centro Internacional de Ensino com a participação de todos
os Conselheiros Continentais e seus Membros do Corpo Auxiliar,
no alvorecer do novo milênio!
Junto a alegria, exaltação e regozijo que tomaram conta do meu
coração, senti uma imensa angústia com a inevitável pergunta que
ficou martelando na minha cabeça: “Como teria eu a coragem de me
dirigir novamente àquelas Santas Plagas com as mãos vazias”?...
Novamente a espera foi longa e sofrida, e havia uma nova
preocupação: eu não era mais a jovem sonhadora e plena de energia...
Tinha até dúvidas se o meu estado de saúde permitiria a longa
viagem! Mas o amor e a misericórdia de Deus são realmente infinitos
porque consegui chegar bem apesar de vários problemas na viagem
e a espera de cinco dias em Haifa para receber a minha bagagem!
36
GUITTY MASROUR MILANI

Na minha primeira visita ao Túmulo Sagrado de Bahá’u’lláh,
quando consegui finalmente me ajoelhar diante do Limiar Sagrado,
despida de todas as vaidades e futilidades da vida, mas consciente
de que estava na presença do meu amado Senhor e Criador, esqueci
que mais uma vez “as minhas mãos estavam vazias” porque não
tinha realizado nada que fosse digno de apresentar no Seu altar!
Então, me curvei em êxtase e adoração, esquecida de tudo e
até de mim mesma! Estava tão exultante e feliz que cometi uma
grave imprudência. Após as orações de louvor e agradecimento
por mais esta bênção e oportunidade, abri meu coração para o
Bem-Amado e disse: “Estou tão completamente feliz e realizada e
com o coração em paz que não me importaria se esta fosse a
minha última peregrinação!”
Falei de todo coração e com pureza de alma e isso me deu a
serenidade necessária para prosseguir com regozijo e sem
preocupações o programa maravilhoso estabelecido pelo Centro
Mundial para a nossa peregrinação.
O ponto alto e o início da Conferência dos Conselheiros e
dos Membros do Corpo Auxiliar era a subida dos patamares,
desde o primeiro, na avenida Ben Gurion, até o Santuário Sagrado
do Báb, a circunvolução do mesmo e a subida pelo Arco até o
Centro Internacional de Ensino.
Todos estávamos ansiosos para este dia chegar, porque seria
a primeira procissão oficial nos patamares...
Infelizmente, naquele dia, amanheci com febre e a médica do
Centro Mundial me proibiu de subir os patamares, sugerindo que
deveria começar a minha caminhada com a circunvolução do
37
NÃO FOI UM SONHO...

Túmulo do Báb! Se o arrependimento matasse, eu teria morrido
naquele momento porque além da grande tristeza que tomou conta
de mim, lembrei-me claramente da promessa feita no primeiro dia!
Mas esta provação, ou melhor, dizendo privação, me
proporcionou uma experiência singular. Havia mais algumas pessoas
que por variadas razões também foram privadas do privilégio de
subir os patamares, então enquanto esperávamos no portão
principal que conduz ao Santuário, tivemos a mais fantástica visão
que se pode imaginar: os bem-amados do Senhor, representando
praticamente todos os povos e raças da terra, muitos em seus
trajes típicos, passando majestosamente em pequenos grupos, em
absoluto silêncio, em atitude de reverência e beatitude! Os seus
rostos radiantes refletiam uma grande emoção e um observador
atento podia facilmente ver o brilho especial que as lágrimas de
alegria produzem no olhar dos apaixonados!
Foi um espetáculo inesquecível. A montanha de Deus estava
literalmente coberta de flores multicolores em forma de plantas e pessoas.
Nunca esquecerei esta visão porque eram, na verdade, um
vislumbre do Reino de Deus na Terra!
Também chorei de alegria e emoção e agradeci do fundo do
meu coração por mais esta bênção e oportunidade... e então criei
coragem para pedir a permissão de voltar, um dia, e subir todos
os patamares degrau por degrau... e completar esta
PEREGRINAÇÃO ESPECIAL.

38
por Maria Antonia
Gonçalves

39
40
MARIA ANTONIA GONÇALVES

O Abraço de um Pai
É com muita alegria que compartilho com vocês algumas das
muitas emoções que vivi na minha viagem à Terra Santa em janeiro
de 2001, quando se deu a inauguração do Centro Internacional
de Ensino no Monte Carmelo.
Amigos, a chegada a Israel se deu a meio de brincadeiras e
gozações ocasionadas no decorrer da viagem, mas o mais
importante é que estávamos chegando à Terra Santa para vivermos
dias maravilhosos, sem dúvida. Logo que chegamos ao hotel
dormimos um pouco. Pela manhã era grande a minha ansiedade.
Era a primeira vez, e não via a hora de avistar a Cúpula do Santuário
do Báb. Como me foi dito pela minha amiga Fátima que era a
primeira vista da avenida que nos levaria ao Carmelo. Eu fiquei a
viagem inteira desde o hotel até o momento que avistei do lado
esquerdo do ônibus e falei em pensamento: ali está a Rainha do
Carmelo que por muitos anos só tentei imaginar como era esta
vista e agora está em minha frente e não era mais imaginação.
Logo depois daquela emoção tão grande, chegamos ao portão
que nos levaria aos terraços do Centro de Estudo de Textos – A
Casa dos Peregrinos. Não imaginava que lá seria o nosso ponto
de encontro regado com deliciosos chás e cafés com biscoitinhos
durante aqueles dias. Ah! Que saudade!
Depois daquela maravilhosa recepção na casa dos peregrinos
41
NÃO FOI UM SONHO...

voltamos ao grupo e continuamos nossa visita. A emoção era tanta
que na medida em que seguíamos o guia, eu queria prestar atenção
em tudo por onde passávamos que nem me dei conta, para onde
estávamos nos dirigindo, quando me deparei em frente de uma
porta, que por alguns minutos esperamos alguém abrir para então
podermos entrar. Quando entrei naquele salão, fiquei perplexa,
olhando para todos totalmente despercebida de que lugar era
aquele. Foi quando escutei a voz de um amigo sussurrando: “Onde
está a foto de Bahá’u’lláh?” Eu tremi, meu Deus! A foto de
Bahá’u’lláh. Lembrei de meus filhos que tanto gostariam de estar
ali; aproximei-me de uma pequena fila para que eu pudesse
observar Sua Face. Queria perceber todos os Seus traços, para
que eu pudesse falar para eles; ter essa sensação me fez voltar
várias vezes diante da Sua foto. Tudo o mais naquele lugar era de
tão grande emoção. Ver a jovem roupa do Báb; a desgastada e
pobre roupa de Bahá’u’lláh; os pequenos abás do Mestre e Seus
sapatos em forma de chinelos com os calcanhares desgastados,
era emocionante demais.
No dia seguinte, visitei a prisão de Akká. As lembranças
contidas na história de nossa Fé foram para mim como um filme
em minha mente no momento em que o guia falou para o grupo
que em meio aquele chão a Sagrada Beleza, Bahá’u’lláh, ergue
Sua tenda para seu filho Mirzá Mihdí por ocasião de sua queda da
clarabóia. Pude sentir o sofrimento físico daquele Espírito Santo e
de todos aqueles que O acompanhavam naqueles dias de
perseguição e aprisionamento.
Em visita a casa de ‘Abbúd, a emoção de conhecer a sala
42
MARIA ANTONIA GONÇALVES

onde ‘Abdu’l-Bahá respondeu as perguntas que constam no livro
O Esplendor da Verdade, foi grande para mim, por ser o livro
que esclareceu meu coração.
As emoções eram constantes a cada sala, a cada quarto, nos
revelavam grandes surpresas. O quarto da Folha Mais Sagrada,
ver seus objetos é sentir sua presença, sua dedicação em
salvaguardar os restos mortais do Báb por dez longos anos. Um
exemplo de coragem e perseverança em sua missão, que muito
alegra minha alma em pensar nela. Sinto não poder me alongar
mais. Outras coisas maravilhosas vocês vão ter o prazer de ler
nesses relatos a respeito de Akká.
A chegada a Bahjí era de enorme sensação de encontrar
com Bahá’u’lláh, de estar em Sua presença, de poder ficar perto
Dele. Por exemplo: em minha vida diária converso com Ele em
minhas orações, baixinho em silêncio, em pensamento, mas ali,
naquele momento, a sensação era mesmo de estar em Sua
presença. Foi com esse sentimento que meu coração pulsava forte
em meu peito e me fez imaginar em Seu colo falando das minhas
dificuldades, rogando por Sua proteção e amparo, pela Sua
misericórdia para comigo e meus filhos em reconhecer Sua
Mensagem, pelo nosso fortalecimento e de nossa comunidade,
que as lágrimas caíram incessantemente em minha face curvada
diante de Seu Limiar, em meio a outros amigos que ali estavam
como eu, sentindo-se na presença de Seu Amado Pai. Foi a
primeira vez em minha vida que senti o abraço de um Pai e foi de
uma emoção nunca sentida, que não poderia ser de um pai biológico.
A lembrança desse momento levarei para a eternidade e permita43
NÃO FOI UM SONHO...

me Deus, eu chegue a presença de Sua Sagrada Beleza, Bahá’u’lláh.
Depois desses dias maravilhosos de pleno regozijo é chegado
o início da Conferência. O desejo de conhecer as Mãos da Causa
e os Membros da Casa Universal de Justiça. Acredito que a essa
expectativa por parte deles era recíproca, pois reuniram, no
coração da Casa de Justiça, 849 Membros do Corpo Auxiliar
para dar aquele abraço afetuoso, como pudemos sentir na sua
mensagem de 14 de janeiro de 2001.
É chegado o dia do término da Conferência. A organização
para foto, uma multidão de mil pessoas talvez ali concentradas.
Era contagiante a alegria em cada rosto.
Queria muito compartilhar com vocês as emoções finais, mas
não me foi possível, logo nas primeiras horas da tarde senti um
forte aperto no peito o que me levou a atender forçosamente a
recomendação médica de fazer alguns exames em um hospital, o
que me afastou daquele momento, sem dúvida, gratificante para
todos nós que fomos à Terra Santa. Apesar de ter pessoas ao
meu lado, me cercando de atenção e cuidados, como a Sra.
Elizabeth e outros amigos vindo da Casa Universal de Justiça, a
minha preocupação era saber se a conferência continuava, mas,
infelizmente, as amigas me disseram que já tinha se encerrado.
Essa foi sem dúvida para mim a maior dor no meu peito.
Obrigada pela atenção de vocês para com esses relatos. Da
amiga e colaboradora na Causa de Bahá’u’lláh.

44
por Maria de Fatima
F. de Faria Fernandes

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46
MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES

Uma Benção Inesquecível
O encontro com os amigos, Membros do Corpo Auxiliar,
vindos de várias partes do país, no aeroporto de Guarulhos, em
São Paulo, foi o início de uma série de emoções incomparáveis,
no percurso à Terra Santa, em Janeiro de 2001. Somadas à alegria
do encontro e a euforia da viagem, aconteceram, neste ambiente
de grande público, coisas muito interessantes, pitorescas. Jorge
Muniz, vindo da Bahia, no seu jeito descansado e tranqüilo,
contava, pedia assinatura, e, em seguida, distribuía, o envelope
com os dólares repassados pela Instituição do Corpo Continental
de Conselheiros, como adiantamento para suprir possíveis
despesas em Haifa, Israel. As amigas que recebiam o envelope
partiam para o toalete, em busca de roupas de frio trazidas de
Brasília por Glória, a pedido de Guitty. No toalete, era um
verdadeiro desfile! As demais visitantes olhavam, discretamente,
e saiam sem entender o que se passava. Nós, já em estado de
êxtase, não nos dávamos conta de que estávamos sendo
observadas.
No embarque, parecíamos um exército em marcha pelo túnel
em direção ao avião, quando Aneri, sendo seguida por agentes da
Polícia Federal, foi interpelada. Como se recebesse um comando
que vinha do Alto, todos paramos ao mesmo tempo, em fila, um
em frente ao outro, no meio do corredor que dá acesso à aeronave,
47
NÃO FOI UM SONHO...

e respondíamos, em coro, tudo que a ela, era perguntado: “de
onde você é”? “para onde está indo”? “Qual é o motivo da viagem”?
“onde estão os documentos”? Só faltou todos entregarmos, em
bloco, a carta convite da Casa Universal de Justiça, texto que fez
um pelotão de duas pessoas, renderem-se ao batalhão de
prontidão, do Senhor das Hostes. Viajamos “nas nuvens”, em todos
os sentidos!
Em Amsterdã, fizemos conexão e tivemos um dia no aeroporto.
Ah! Aí tem muitos fatos! Todos estavam muito eufóricos, ansiosos!
Mahrou e Diógenes Marcondes, resolverem sair à procura de um
citytour; eu, Aneri, Leny, Orisson, Luiz Gonzaga (Lú) e Sadat,
decidimos pegar um trem até o centro da cidade; Jorge Muniz,
Glória, Márcia, Antônia, Valdeci e Conceição, disseram que
ficariam, por medidas de economia, pois não sabiam o que
encontrariam pela frente.
No toalete deste aeroporto, eu e Leny avistamos no balcão
das pias, uma luva preta, muito chique, de pelica. Lamentamos o
fato de que alguém houvera perdido aquele fino objeto e, claro, lá
o deixamos, sem saber que a luva era de Mahrou, tendo ela a
esquecido em algum lugar. Esta é uma incrível história, que só ela
sabe contar!
Na parte térrea do aeroporto, o grupo se “batia” à procura
da estação ferroviária que nos levaria à estação central. No vai e
vem, nos defrontamos com uma jovem, muito simpática, de estilo
persa, a quem nos dirigimos pedindo informações. Gentilmente,
resolveu o que precisávamos e disse que estava indo na mesma
direção. Enquanto eu e Orisson, muito entusiasmados com a
48
MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES

simpatia e semelhança daquela garota com as jovens persas,
animadamente investigávamos sua vida e dizíamos quem nós
éramos e para onde íamos. Durante o percurso de trem, Luiz
Gonzaga (Lú) nos olhava apavorado, diante da nossa indiscreta
“ingenuidade”. Retornamos, imediatamente, da Estação Central,
depois de um caprichado lanche, pois a chuva e frio eram intensos.
Os amigos que ficaram tinham razão: só fizemos gastar!
E agora, como Orisson e Lú retornariam ao encontro dos
amigos neste aeroporto, se os cartões de embarque e passaportes
foram esquecidos nas suas bagagens? Ficaram retidos na barreira
da Polícia Federal, junto aos amigos Sadat e Aneri, que, solidários,
aguardavam com os dois, o meu retorno de Leny que entraram
com a missão de buscar os documentos. Foi fatídico para todos,
pois as horas passavam e nós duas, perdidas no aeroporto,
procurávamos em vão, o ponto de origem, onde estavam os amigos
e as bagagens. Desesperadas pelas horas já passadas, pedimos auxílio
ao condutor de um pequeno carro de limpeza interna, que nos conduziu
em passeio pelo aeroporto até que, finalmente, chegamos ao local:
nem amigos, nem bagagem. Anunciamos no serviço de som do
aeroporto e era muito engraçado a forma como pronunciavam o nome
dos amigos. Era evidente, que jamais eles se identificariam naqueles
chamados! Horas passaram-se, até que todos estivessem mais uma
vez reunidos e os ânimos acalmados. Novamente “nas nuvens”, agora
sim, voando em direção ao Mais Sagrado.
No aeroporto de Tel-Aviv, o coração batia forte, e nos
perguntávamos curiosos e desejosos: são todos bahá’ís?! A fila
era grande, para as informações e apresentação dos documentos.
49
NÃO FOI UM SONHO...

Rapidamente, vimos Sadat, pela estranheza do seu nome, ser
conduzido para interrogatório, numa sala reservada. Ficamos
apreensivos, enquanto ele, muito tranqüilo. Não podíamos agir
como em São Paulo com Aneri. Já estávamos em Israel, portanto,
extremamente discretos e ocupados em corresponder ao máximo,
às expectativas da nossa amada anfitriã – Casa Universal de Justiça.
A emoção foi grande ao avistar o cavalete com cartaz de
identificação da Conferência Bahá’í, tendo ao lado um Sr. que
estava para nos recepcionar, junto a outros bahá’ís, que, como
nós, acabavam de chegar. Fomos conduzidos em grupos, por Hotel.
Eu fiquei no Shulamite. Antônia, amiga muito querida, dizia da sua
alegria em ficarmos juntas em um mesmo apartamento do Hotel a maioria das pessoas que dividiram apartamentos, não se
conheciam. Dizia, referindo-se à sua felicidade: “isso é coisa dos
Conselheiros Rolf e Gabriel, que sabiam que eu não podia ficar de
qualquer jeito, sem ao menos falar a língua, perdida nesse Hotel...”
A escolha da minha companhia, também deixou muito feliz meu
coração!
Falando deste maravilhoso convívio, e ainda no espaço
apropriado aos fatos pitorescos da viagem, vou compartilhar algo,
ocorrido nos últimos dias em Haifa, e que foi motivo de muitas
risadas, apesar da experiência constrangedora. Saímos, eu e
Antônia, pouco agasalhada, para desfrutar do sol maravilhoso do
dia, esquecidas do que poderia nos reservar aquela noite. Depois
de cumprida a programação oficial, desejávamos estar com os
amigos um pouco mais, tomar um chá..., mas sentíamos muito frio.
Tentei tranqüilizar Antônia, lembrando que alguém falara, que
50
MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES

haviam roupas de frio para uso temporário, na Casa dos Peregrinos
e que, portanto, poderíamos nos beneficiar desses abnegados
préstimos. Fomos, alegre e rapidamente, resolver esta nossa
necessidade, ao tempo em que eu lhe dizia no caminho: “mas..., a
Casa de Justiça pensou mesmo em tudo, para que não nos faltasse
nada, não é incrível?!” Chegando na nova Casa dos Peregrinos,
nos dirigimos imediatamente ao ambiente onde descansavam as
roupas de frio, em cabides. Observamos a variedade um pouco à
distância, quando me dirigi, com o meu inglês muito
desembaraçado, recorrer a duas bahá’is do setor de informação.
“Por favor, estas roupas de frio, penduradas, podem ser usadas,
como empréstimo?”; ao que responderam (eu entendi)
amorosamente: “Sim, sim, podem, sim”. Então, lhe disse: “Puxa,
aqui estamos vivendo mesmo um outro mundo, não?!”. “Sim, sim,
estamos vivendo um outro mundo!” “Obrigada!” Passamos, eu e
Antônia, depois que lhe transmiti o diálogo, a escolher as roupas
que mais nos agradasse e melhor combinasse com o que vestíamos
na ocasião. Cada uma cuidava de deixar a outra, mais arrumada
possível. Antônia, ficou mesmo com uma bonita capa preta do
tipo que só se encontra em Paris e eu, com uma outra de cor pink,
muito bem combinada com a roupa preta que vestia. Descansamos
os pertences sobre o braço, pois íamos primeiro ao imperdível
chá com biscoitos finos, no refeitório. A Mão protetora de
Bahá’u’lláh, colocou na nossa frente uma amiga bahá’í que
convidou-nos a sentar um pouco, para relatar algumas das suas
alegrias daquele dia. Sentadas descontraídamente, em frente ao
local das roupas, aproxima-se Vahid Masrour, filho do Conselheiro
51
NÃO FOI UM SONHO...

Hervé, e de forma bastante delicada, aborda Antônia: “desculpa,
não houve engano, esta capa não é a minha?” Nós duas dissemos
ao mesmo tempo: “Ai, meu Deus, tem alguma coisa errada!” Como
eu já conhecia Vahid e ele entendia perfeitamente o meu portanhol,
pude explicar todo o mal entendido e ele, sorrindo, nos desculpar.
Mas... que constrangimento!!!
Tudo era surpresa e alegria! Logo cedo, no Hotel, recebemos
do pessoal do Staff do Centro Mundial, as nossas pastas contendo
todo o material que precisávamos, com programa, orientações,
etc. Qual foi a emoção para nós brasileiros, ao encontrar junto ao
material recebido, um delicado e florido cartão do casal Von
Czékus, convidando-nos para um jantar em sua residência, em
cujo encontro estariam os membros da Casa Universal de Justiça
- o nosso muito amado Sr. Kaiser Barnes e o Sr. Hopper Dambar.
Neste encontro, tudo era deliciosamente encantador: o convívio;
as conversas; a visão do Santuário do Báb; as iguarias; o carinho
em nos servir dos quatro jovens brasileiros, servindo em Haifa; as
fotos na sala, na cozinha; as risadas com os relatos dos fatos
pitorescos ocorridos na viagem; a lavagem da louça; etc. Estávamos
em estado de graça!
O anúncio de que teríamos ônibus diariamente, a cada vinte
minutos, para nos recolher no hotel em direção à Casa dos
Peregrinos e no retorno ao hotel, já nos impressionou, mas, o mais
incrível, foi perceber o carinho e a delicadeza incansáveis, daqueles
jovens bahá’ís do Centro Mundial, nos recebendo, durante todos
aqueles dias, no ônibus, junto ao hotel ou em algum ponto da
cidade, dando boas vindas, prestando informações, solícitos à
52
MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES

qualquer orientação. A mesma amorosidade e consideração vinham
daqueles que nos conduziam em visitas aos Lugares Sagrados. Os
fatos e Textos relacionados ao local da visita eram compartilhados,
e o nós, espiritualmente preparados. Ao chegar no ônibus que nos
conduziam a essas visitas, o lanche e água fresca, já nos esperavam
e eram, calorosamente, repassados.
Os integrantes dos grupos em visitas eram revezadas
continuamente, de modo que todos pudessem se acercar de um
maior número possível de pessoas, vindas de tantas partes do
mundo, e assim, pouco a pouco fossemos conhecendo a
representação da nossa família humana. Cada Lugar que visitávamos
suscitava uma oração, cada ambiente uma emoção. Nossos
espíritos se alegravam e entristeciam constantemente, em
sentimentos entrelaçados pelas marcas do sofrimento e das vitórias
da história da nossa Amada Fé. Como a querer refrescar o nosso
espírito, após cada visita que fazíamos nas dependências dos
Lugares em Akká e Bahjí, um singelo e saboroso lanche nos
aguardava, servido com tanta simplicidade pelas mãos amorosas
daqueles que nos aguardavam, em meio a tanta dignidade.
Estar no Monte Carmelo, subir os Terraços, respirar a
atmosfera espiritual daqueles Jardins, fazer orações no interior e
circundar os Santuários do Báb e ‘Abdu’l-Bahá, percorrer o
caminho do Arco, entrar nos Arquivos Internacionais, visitar o
Centro de Estudo dos Textos, adentrar o Centro Internacional de
Ensino, andar no interior da Casa Universal de Justiça, viajar a
Akká, orar ao por do sol, contar as ondas dAquele mar, entrar na
Maior Prisão, na Casa de Abbúd, de Abdú’lláh Páshá, ir a Bahjí,
53
NÃO FOI UM SONHO...

penetrar Sua Mansão, ultrapassar aquela porta do Ponto de
Adoração, inalar o cheiro de rosas, receber o Abraço esperado,
pisar cada ambiente, conhecer o significado de cada Lugar,
contemplar cada Objeto, concentrar nas marcas visíveis e invisíveis
de uma História de coragem, vitórias e de dor... é indiscritível!!! E
o que dizer e com que palavras, sobre aquele momento tão
acalentado, quando me vi diante da imagem dAquele que é o Desejo
do Mundo, A Beleza Antiga?!!!... Se me prostrava em adoração
e reverência, diante dAquela Figura incomparável, logo me erguia,
buscando fixar meu olhar em cada detalhe do Seu semblante como a querer gravar na minha mente e coração, Algo de que
nós, mortais, só apreende um lampejo; rendida, mais uma vez me
curvava agradecida.
A nossa subida pela Montanha de Deus - quase mil pessoas
em procissão solene, em passos lentos e porte de reverência, desde
o primeiro Patamar, percorrendo cada Terraço, onde estavam
apostos amigos bahá’ís em serviço, nos acolhendo apenas com
um doce olhar e sorriso discreto de boas vindas, ao som melodioso
da água que percorria às bordas das escadarias, a visão majestosa
à nossa frente - a Rainha do Carmelo - fazia daquela ocasião um
momento mágico... quase irreal... Ainda em preparação para esta
escalada, quando recebíamos as primeiras orientações, aqueles
amigos que nos conduziam ao primeiro Patamar, dizendo
oficialmente do significado daquele momento, expressou nestas
palavras: “vocês, são primeiros crentes, a fazerem o percurso, que
de acordo com a Profecia, reis e governantes farão um dia”. É
muita emoção!
54
MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES

Que impacto senti, quando me vi, no interior daquele Local,
preparado tão dignamente, para receber os dignitários. Meu
Deus!!!... Que Poder, extraordinário! Que Força absoluta!...
Quando lembro, me vem lágrimas aos olhos e meu coração sente
dor de emoção! Esta experiência afetou profundamente todo o
meu ser!... Não posso esquecer aquela hora, aquela experiência...
a luz do sol refletida do Carmelo, aquele Ambiente, a Presença
Poderosa e Soberana de Bahá’u’lláh..., os meus pensamentos...:
“é impossível alguém aqui, não se render por inteiro, de pronto!..”
É..., toda uma trajetória, que nos conduzia ao momento
ansiosamente esperado, quando, finalmente, todos nós, a
representação da humanidade, estava reunida por três dias, como
um grande e variado ramalhete de flores retiradas de um único
Jardim, no recinto da Casa Universal de Justiça. Todos, de todas
as partes, membros de todas as Instituições presentes na Terra
Santa – Casa Universal de Justiça, Mãos da Causa de Deus,
Centro Internacional de Ensino, Corpo Continental de
Conselheiros, Corpo Auxiliar – e amigos em serviço no Centro
Mundial, em uma única platéia, atentos, silenciosos, emocionados,
agradecidos. Yá’Bahá’u’l-Abhá!!!

55
56
por Touba Maani
Hessari

57
58
TOUBA MAANI HESSARI

Ó

Bahá’u’lláh, com que língua posso expressar a minha

gratidão?
Desde 1970 fui designada um Membro do Corpo Auxiliar do
Brasil, quando o Brasil apenas tinha dois Membros do Corpo
Auxiliar. Jamais sonhava que um dia Membros do Corpo Auxiliar
pudessem ser convidados pela Casa Universal de Justiça. Com
esta última, são oito vezes que eu peregrinei à Terra Santa, mas,
desta vez foi diferente, por que as Promessas de Bahá’u’lláh no
Kitáb-i-Aqdas já tinham sido cumpridas, as construções do Arco
estavam prontos, e mostravam a Sua Divindade Administrativa
que guiará o mundo pelo menos por mil anos.
A cada passo, naquela Terra cheia de Santidade, desejava
que todos nossos irmãos bahá’ís do mundo um dia pudessem
peregrinar para este Mundo do Malakut, ou o Reino de Deus aqui
na terra.
Andávamos como uns loucos ou bêbados espirituais; não
sentíamos cansaço nenhum; programa atrás de programa; éramos
como uma pessoa com sede, que quanto mais tomava água, mais
pedia, porque no fogo do coração a sede aumenta cada momento
mais e mais.
Ó Bahá’u’lláh, se a humanidade tivesse um pouco de justiça e
eqüidade, jamais negaria a vinda do Seu Pai Celestial, Aquele que

59
NÃO FOI UM SONHO...

se não fosse Ele, nenhum Mensageiro vestia o Seu Manto de
Manifestação. Que grande pena que o preconceito tapou os olhos
interiores do povo, não permitindo que enxergassem a Luz do Sol
da Verdade, e perderam a sua entrada no Reino de Deus no mundo
do além.
Já que falei da vinda do Pai, quero expressar o meu sentimento
quando peregrinei ao Santuário de Bahá’u’lláh:
Eu tinha um ano de idade quando perdi meu pai. Sempre na
minha vida senti a falta dele, até que um dia eu estava lendo as histórias
que Ashbashi escreveu sobre a vida de Bahá’u’lláh em Bagdá.
Ele escreveu que um dia, um dos crentes estava chorando.
Bahá’u’lláh, com muito carinho, colocou sua cabeça em Seu Colo
dizendo: “Seu verdadeiro Pai sou Eu, por que está chorando?”
Então, no Santuário, eu entrei no Tabernáculo do Meu Pai, muito
amável, conversei secretamente com Ele, dizendo: Tu falaste:
“aonde pode ir o apaixonado senão à Terra de sua bem-amada?
E aquele que procura, poderá ele ficar tranqüilo longe do desejo
de seu coração? Para quem ama verdadeiramente, a união é vida
e a separação morte.” E Ele me respondeu: “Com as mãos do
poder Eu te fiz; com os dedos da firmeza Eu te criei; e dentro de ti
coloquei a essência de Minha Luz. Que estejas contente com isto
e nada mais busques. Pois é perfeita Minha obra e inexorável Meu
mandamento. Não questiones, nem alimentes dúvida sobre isto.”
Pois, a lição foi dada, e me deixou contente, embora as lágrimas
estivessem correndo sem parar ao sair do Santuário, e pensando:
será que pode existir honra mais preciosa do que de estar dentro
do Santuário do Mais Bem Amado?
60
TOUBA MAANI HESSARI

Quando estávamos subindo as escadas dos patamares,
pensava comigo dizendo: Ó Násiri’d-Dín Sháh, onde estás? Vês
esta Majestade? Sublimidade e Grandeza? Como, com seu orgulho
e crueldade, martirizou o Bem Amado do mundo com 750 tiros?
Hoje onde tu estás? E onde está Ele. Os Reis subirão no futuro
estes patamares, para peregrinar o Santuário do Báb, mas antes
de começarem subir as escadas dos patamares deixarão suas
coroas na entrada das escadas, aquela coroa que te deixou tão
orgulhoso e que finalmente te fez perder a vida eterna no outro
mundo.
Na subida das escadas estávamos vendo tanta Beleza e
Majestade que só as lágrimas correntes podiam mostrar os
sentimentos espirituais, que língua e pena não poderiam.
Visitamos as quatro construções do Arco. A Bíblia diz:
“Naquela época as Palavras de Deus sairão de Israel”. Hoje
estamos vendo com nossos olhos o local do Centro de Estudos
dos Textos Sagrados, onde todas as Palavras exatas e sagradas
sairão de lá.
No dia determinado em que deveríamos participar da
inauguração do Centro Internacional de Ensino, descemos os nove
patamares, na verdade voamos até chegarmos ao Santuário do
Báb. Só peregrinamos por fora, continuamos até o Centro
Internacional de Ensino. Sentimos a nossa responsabilidade diante
da humanidade, no dia em que os Membros do Corpo Auxiliar
das Américas se reuniram no auditório do Centro Internacional de
Ensino. Alguns membros de diversos países faziam seus relatos e,
sentíamos como o Instituto Ruhí unificou todos os países na parte
61
NÃO FOI UM SONHO...

de consolidação, e sem a menor dúvida, na Entrada em Tropas
estaremos prontos para receber os novos crentes com braços
abertos, graças a este curso Ruhí.
Na Casa Universal de Justiça, a ordem, a beleza, a disciplina,
algo que desde a criação até agora não existia igual, sentíamos
como se não tivesse corpo, e sim com espírito, voando, admirando,
agradecendo a Bahá’u’lláh que nos criou nesta época, que era o
propósito da criação de Deus, chegar a presença da Glória de
Deus. A Mão da Causa Sr. Furútan e os Membros da Casa
Universal de Justiça chegaram e iluminaram o ambiente mais e
mais. Sr. Furútan falou a respeito do amor a Bahá’u’lláh e a Casa
Universal de Justiça, e a necessidade de mostrar o nosso amor
com obediência. Disse que tanto Bahá’u’lláh no Kitáb-i-Aqdas,
afirma que é o dever do povo de Bahá, como hoje, a Casa Universal
de Justiça pede do povo de Bahá, que ensine a Fé, e não escolham
idade, isto é, criança, adolescente, jovem, adulto, velho, todos
somos - Povo de Bahá, que com obediência e servitude podemos
mostrar o nosso amor a Eles.
Era noite, todos os presentes, mais de 1000 pessoas, saímos
do salão. A Rainha do Carmelo (Santuário do Báb) estava
iluminando com ajuda das estrelas. Os membros da Casa Universal
de Justiça em pé e os demais atrás deles, o silêncio era tão grande
que a gente não acreditava que 1000 pessoas estavam assistindo
aquele sonho juntos, apenas estávamos ouvindo a brisa do vento,
que trazia e levava a fragrância Divina e espalhava em todo o
mundo. Neste momento, o querido Mão da Causa tirou o chapéu
e na direção do Santuário do Báb entoou a Epístola de Visitação.
62
TOUBA MAANI HESSARI

Não posso expressar o estado em que eu e todos nós estávamos.
Assistindo ao próprio Reino de Deus aqui na terra. Neste momento
em que a respiração estava presa, implorei a Bahá’u’lláh, para me
ajudar e me dar confirmação para que eu possa guardar a minha
servitude e obediência até o fim da minha vida neste mundo, para
que, também, eu seja capaz de assistir este Reino de Deus no
mundo do além. Quando abri meus olhos era de madrugada.
Que sonhos agradáveis tivemos, e agora deixou uma lembrança
inesquecível.

63
64
por Valdeci de Jesus
Rosa

65
66
VALDECI DE JESUS ROSA

Momento Único
Visitar a Terra Santa na conferência de janeiro de 2001 foi
sem dúvida um acontecimento inesquecível. Para mim, um valioso
presente vindo dos céus. Imaginava um dia visitar Israel, mas esse
dia chegou como um chamado sem perguntas, sem imposições,
apenas solicitando que estivéssemos lá na data marcada. E foi
grande a felicidade de quem respondeu o chamado da Casa
Universal de Justiça.
Não é fácil descrever as emoções vividas, sentidas, a cada
lugar Sagrado visitado. Entrar no Santuário do Báb foi algo que
me marcou profundamente. Eu chorava como nunca chorei em
minha vida, aquelas lágrimas eram de alegria, arrependimento,
perdão, pois estava diante dos restos mortais do Báb e ‘Abdu’lBahá. Nunca meus olhos tinham presenciado jardins tão belos, o
silêncio, a paz, o poder daquele lugar era algo transformador e
percebia-se essa transformação em cada rosto.
Em Akká vivi momentos de muita emoção e tristeza pelo fato
de não podermos entrar. Era feriado e os portões estavam fechados
por isso o grupo não pode entrar. Naquele momento todos
choraram e lamentaram, pois queriam ver de perto a prisão que
Bahá’u’lláh descreveu como sendo um dos piores lugares e de
muito sofrimento. Assim acontecia com os peregrinos quando
chegavam para visitar o seu grande Mestre e não podiam entrar.

67
NÃO FOI UM SONHO...

Depois de cinco dias de peregrinação, os três dias de
conferência também foram marcantes. Começaram com a subida
aos Patamares, caminho que os reis da Terra farão e reconhecerão
a posição do Báb e desta Causa. A palestra sobre as crianças, a
chegada dos Membros da Casa Universal de Justiça e a
Mensagem lida no último dia da conferência onde todos os
presentes choraram, realmente nenhuma palavra define os
sentimentos daquele momento.
O imenso amor da Casa Universal de Justiça, a forma como
acolheu os Membros do Corpo Auxiliar me fez sentir protegida,
nobre e importante para o mundo, como bahá’í e como um braço
da Instituição do Corpo Continental de Conselheiros.
Expresso aqui os meus sentimentos de amor, respeito e
felicidade a essa Instituição maior da Causa de Deus na Terra:
A Casa Universal de Justiça.

68
Conclusão
Minha intenção em organizar esses relatos sobre a viagem à
Terra Santa é uma forma de registrar nossas impressões e
sentimentos.
O momento que vivemos foi de suma importância em nossas
vidas e por isto, também, de importância para todos aqueles que
nos cercam. Hoje, somos Membros do Corpo Auxiliar e estamos
juntos. Não conhecemos os desígnios de Deus. É possível que
daqui a alguns anos estejamos ainda presentes neste mundo
material, e relembrando estes fatos maravilhosos, mas também é
possível que não estejamos fisicamente próximos e então estes
relatos serão as lembranças vivas e significativas, uns dos outros.
Nada muda a vontade de Deus. O curso do caminho pode
até variar, mas o ponto de chegada sempre será o mesmo.
Dentre milhões de amantes de Sua Santidade Bahá’ú’lláh,
dedicados servos, com anos de significativos serviços pela
misericórdia divina, 990 foram convidados para a conferência da
inauguração do edifício do Centro Internacional de Ensino, e lá
estavam 849.
Do Brasil éramos 25. Alguns de outros países tinham um mês
de nomeação.
Na mensagem de 14 de janeiro de 2001, a Casa Universal de
69
NÃO FOI UM SONHO...

Justiça faz referência ao valor de nossos futuros serviços para o
avanço do processo de entradas em tropas. Não podemos e não
devemos ser negligentes.
Em sua sabedoria, a Casa Universal de Justiça tomou uma
ação para garantir o sucesso da Instituição. Chama – A Terra
Santa para nutri-la com “o espírito rarefeito dos Santuários
Sagrados”.
O momento é descrito pela Casa Universal de Justiça como:
““O início daquilo que futuras gerações irão se
refletir como um esplêndido capítulo nos anais de
nossa Fé.””

Quando chegamos lá éramos um tipo de pessoa. Ao deixar a
Terra Santa, milhões de reflexões eram feitas.
Numa das palestras do Sr. Furútan, ele contou que uma criança
bahá’í estudava em uma classe e cada vez que a professora entrava,
ele punha-se de pé, de forma muito respeitadora. Depois de alguns
dias a professora, certamente achando estranho, perguntou ao
aluno por que levantava todas as vezes que ela chegava, já que os
demais não costumavam fazer isso. Ele respondeu: “Eu sou uma
criança bahá’í. E então meteu a mão no bolso, puxou um folheto e
deu a professora.”
As palestras da Mão da Causa de Deus Sr. Ali-Akbar Furútan
foram verdadeiramente um presente de Deus para nós.
Cada exemplo que era dado, era uma lição de vida. Não
temos dúvida disso. Assim como não temos dúvida das orações
70
CONCLUSÃO

da Casa Universal de Justiça para o sucesso em nossos serviços.
Oxalá sejamos dignos...
Não poderíamos deixar de registrar nosso respeito e
admiração pela organização do evento na presteza dos serviços
oferecidos, a humildade das pessoas que desempenharam as mais
diversas funções no sentido de garantir nosso conforto. Foi a
personificação da excelência.
Nossos agradecimentos aos jardineiros que cuidam dos
patamares e a cada pessoa que amorosamente nos atendia, nos
ônibus, na casa dos Peregrinos, nos Lugares Sagrados, enfim em
cada lugar que estivemos.
De forma especial à Casa Universal de Justiça e ao Centro
Internacional de Ensino e as Mãos da Causa de Deus, Senhores
“Alí-Akbar Furútan” e “Alí-Muhammad Vargá”.
Que Sua Santidade Bahá’ú’lláh nos faça firmes em Seu
Caminho neste dia.
““O Dia em que as fragrâncias da misericórdia
manaram sobre todas as coisas criadas, um Dia tão
abençoado que as eras passadas e os séculos idos
não podem esperar jamais o rivalizar...””
Bahá’ú’lláh

71
NÃO FOI UM SONHO...

Apêndice
O Pitoresco da Viagem à Haifa
Caro leitor, é impossível quatorze pessoas viajarem juntas do
Brasil a Haifa sem passarem por situações no mínimo engraçadas.
Alguns amigos viajaram no mesmo dia, mas em companhias aéreas
diferentes. Nosso vôo era pela KLM. Juntos estavam Luís
Gonzaga, Jorge, Sadat, Orisson, Diógenes Andrade, Srª Mahrou,
Aneri, Márcia, Fátima, Antonia, Glória, Valdeci, Leni e Conceição.
Nos encontramos em São Paulo para fazermos o vôo juntos para
Amsterdam. Logo que cheguei, descobri que estava com o cartão
de vacina contra Hepatite e não contra febre amarela. Foi um
sacrifício fazer o funcionário do Ministério da Saúde por meus
dados numa carteira para que eu levasse. Só colocou graças a
ajuda de Glória, com seu tino diplomático. Eu estava justamente
procurando o Ministério da Saúde quando encontrei Gloria e
Orisson no aeroporto. Estava muito eufórica por isso devo ter
dito que procurava o Ministério Público. Pronto! Foi o suficiente
para Orisson ficar contando para todos que queria tirar carteira
de Saúde no Ministério Público.
Ao embarcar para Amsterdam deu-se o primeiro contratempo.
Foi algo inexplicável. O serviço de som chamou Jorge para um

72
APÊNDICE

determinado guichê. Luis Gonzaga, Sadat, Orisson, Sra. Mahrou
e Diógenes seguiram em frente. Então um policial federal pediu de
forma ríspida que Aneri encostasse na parede. Alguns minutos
antes, Aneri, havia descoberto que não estava com sua carta convite.
Orisson tinha cópia e tirou uma e deu para Aneri, que
providencialmente entregou ao policial que a interpelava. Éramos
oito mulheres e ficamos também na parede em companhia de Aneri.
Os demais passageiros passavam nos olhando interrogativamente.
Outro policial pegou a carta leu e disse para o colega que íamos a
Haifa a convite de uma instituição. Parece que o inglês dele não
era muito bom. Mas pelo menos era mais gentil. Fomos então
liberados. Jorge havia sido chamado por nada. Ele se apresentou
no guichê, mas ninguém queria falar com ele. Seguimos nossa
viagem. Não sabemos ao certo o que houve.
Passamos a noite inteira no vôo.
Durante a viagem quem ficou na roda do riso, foi Valdeci por
não ter entendido a pergunta em inglês da aeromoça.
No aeroporto de Amsterdam, após uma noite inteira de vôo,
havia a possibilidade de haver um passeio de trem pela cidade e
de barco pelo canal. Mas o custo era um pouquinho caro e o
tempo estava muito frio.
O grupo se dividiu. Alguns saíram e outros ficaram.O que
saiu era formado por Luís, Fátima, Leni, Sadat, Orisson e Aneri.
Eles certamente esqueceram que não estavam no Brasil não
levaram passaporte. Inexperiência de “marinheiro de primeira
viagem”, porém nem todos eram. O resultado da inexperiência é
que ficaram detidos por quase três horas correndo o risco de serem
73
NÃO FOI UM SONHO...

mandados de volta para o Brasil. Fátima e Leni ficaram liberadas
para pegar o passaporte dos que não haviam levado.
Após andarem até os pés doerem, conseguiram carona num
carrinho, que atende os funcionários, para nos encontrar, mas como
havíamos mudado de lugar - fomos ao McDonalds não nos
encontramos. Tentaram chamar Jorge pelo serviço de comunicação
do aeroporto, mas a pronúncia da moça falando em espanhol não
era audível.
Nos encontramos por acaso no aeroporto. Jorge foi levar o
passaporte para liberá-los. Algum tempo depois, Márcia foi
chamada também para atender um chamado de Orisson. Eu e Val,
que tínhamos sido motivo de riso, e que antes dissemos à Márcia
para não ir ao encontro deles, sugerimos que agora fosse. Ela foi o
mais rápido possível. Foi muito engraçado esse momento. Luís e
Orisson e Sadat chegaram por um setor; Aneri, quase em
desespero, pelo outro. E Márcia? Logo aparece do mesmo lado
que foi, mas um homem uniformizado diz que deve voltar e entrar
pelo outro lado. Ela obedeceu. Depois de alguns longos minutos
estamos todos juntos. É quase hora de fazer o chek-in para o vôo
de Haifa. Embarcamos.
É madrugada quando chegamos a Tel Aviv.
Fila para carimbar passaporte. Na mesma fila está Luís, Sadat
e eu. Luís sai pra um guichê vazio, Sadat chega ao guichê. A moça
que o atende se comunica com outra no guichê ao lado apontando
para o nome no passaporte, fala num aparelho, chegam varias
pessoas, levam-no para um lugar reservado. Ao terminar meu visto
vou avisar que levaram Sadat. Márcia e outros estão indo ver o
74
APÊNDICE

que aconteceu, mas logo aparece Sadat, que tinha sido liberado.
O sobrenome tinha sido suficiente justificativa.
Vamos enfim receber as malas. Quatro malas não chegaram.
A de Aneri, Diógenes Andrade, Jorge e Glória e a de Leni estava
arrombada, mas só sumiu o livro de orações. Tivemos que enfrentar
uma longa espera para que os amigos preenchessem formulários e
recebessem uma quantia em dinheiro para providenciar algumas
peças de roupas até que as malas aparecessem.
A chegada no hotel daria um capítulo à parte.
Com relação ao nome Sadat, ficou proibido de ser
pronunciado em Haifa ou era pronunciado baixinho.
Houve um momento que até levei um susto. Foi quando Glória
falando com Sadat chamou:
- Chiquinho venha!
Eu perguntei?
- Quem é Chiquinho? (Ora, no grupo não havia nenhum
Chiquinho)
- Quem poderia ser? Que nome não podemos falar?
- Ah!
E ela continuou:
- Venha Chiquinho? (riso...riso...)
Muito riso.......

75
76
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Não foi um sonho... conceição de maria moreira batista

  • 1.
  • 2.
  • 4. II
  • 5. Não foi um Sonho... Conceição de Maria Moreira Batista EDITORA III
  • 6. ©2001 Todos os direitos reservados: EDITORA Editora Bahá’í do Brasil C.P. 198 13800-970 - Mogi Mirim - SP www.bahai.org.br/editora 1ª. EDIÇÃO: 2001 Capa: Gustavo Pallone de Figueiredo Impressão: R. Vieira Gráfica e Editora Ltda Campinas IV
  • 7. Dedico: Aos nossos pais, pela vida que nos deram, à Casa Universal de Justiça e a Deus pela Sua Misericórdia Eterna. V
  • 8. Agradecimentos: Ao Conselheiro Gabriel Marques, à Conselheira Catarina Monajjem e aos Membros do Centro Internacional de Ensino: Dr. Fereidoou Javaheri, Sr. Rolf Von Czékus e Sr. Kaiser Barnes. VI
  • 9. Índice * Introdução XI por Aneri Santiago 3 por Bárbara Rothschild 11 por Conceição de Maria M. Batista 19 por Diógenes Andrade 29 por Guitty Masrour Milani 35 por Maria Antonia Gonçalves 41 por Maria de Fátima F. de Faria Fernandes 47 por Touba Maani Hessari 59 por Valdeci de Jesus Rosa 67 Conclusão 69 Apêndice 72 *Relatos por ordem alfabética VII
  • 10. VIII
  • 11. ““Apressa-te ó Carmelo, pois eis a luz do semblante de Deus, Quem rege o Reino dos Nomes e moldou os céus sobre ti se ergueu.”” Bahá’’u’’lláh IX
  • 12. X
  • 13. Introdução A aventura teve início com o anúncio de que seríamos convidados para a inauguração do Centro Internacional de Ensino no Monte Carmelo. Inicialmente o comentário corria de um para outro Membro do Corpo Auxiliar. Por fim, o anúncio de que receberíamos uma carta convite da Casa Universal de Justiça. Durante alguns meses, ficamos falando no assunto como crianças, cheias de um misto de ansiedade e temor de não poder viajar, isto para aqueles de poder aquisitivo mais baixo, no qual estou inserida. Transcrevo a carta na sua íntegra para que tenhas idéia da nossa emoção ao recebê-la. 1 de junho de 2000 ““A todos os Membros do Corpo Auxiliar Queridos amigos bahá’’ís, É com muita alegria e felicidade que estendemos a cada um de vocês o convite da Casa Universal de Justiça para participar da conferência que marcará a inauguração do edifício do Centro XI
  • 14. NÃO FOI UM SONHO... Internacional de Ensino, no Centro Mundial Bahá’’í, de 8 de janeiro - segunda-feira, a 17 de janeiro de 2001 - quarta-feira. Vocês estarão se reunindo com os Conselheiros Continentais na Terra Santa nesta histórica ocasião. O registro será feito em 8 de janeiro. Na terçafeira pela manhã, dia 9 de janeiro, vocês iniciarão um infinitamente precioso programa de cinco dias para visitar os Sepulcros e os Lugares Sagrados, que serão imediatamente seguidos por uma conferência marcando a inauguração do edifício do Centro Internacional de Ensino. Para organizarmos esta peregrinação especial, recomendamos que todos planejem o seu itinerário, a fim de chegar em tempo, para que possam participar do programa inteiro. Favor observar que este convite é apenas para os Membros do Corpo Auxiliar; nenhum outro visitante bahá’’í terá permissão para vir a Israel durante este período. Pedimos que todos cheguem em Haifa ao entardecer da segunda-feira, e devem deixar as proximidades de Haifa ao pôr do sol de quarta-feira, dia 17 de janeiro. Quem precisar ter flexibilidade extra, devido ao seu vôo, é benvindo para passar um tempo a mais na Terra Santa, fora da área de Haifa/Akká, tanto antes quanto depois de 8 a 17 de janeiro. Junto desta carta vai um livreto, um formulário de registro, e outros materiais pertinentes aos eventos da inauguração. Importantes informações serão encontradas no livreto, a respeito de sua participação. Informações adicionais para facilitar seu comparecimento foi providenciado a cada XII
  • 15. INTRODUÇÃO Conselheiro do Corpo Continental. Durante o registro receberão o horário detalhado dos eventos e um pacote com informações. Devido à aproximação de janeiro de 2001, nós proveremos aos Corpos Continentais novas informações. Por favor, dirijam quaisquer dúvidas ao seu Conselheiro do Corpo Continental. Estejam certos de nossas preces nos Limiares Sagrados pela continuação de seu serviço a Sua Poderosa Causa. com amorosas saudações bahá’’ís, assinado Centro Internacional de Ensino cc: Mãos da Causa de Deus; todos os Conselheiros Continentais. Compreender a importância desse convite faz-se necessária uma retrospectiva de alguns fatos históricos da nossa amada Causa. Os Membros do Corpo Auxiliar foram indicados pela primeira vez durante o Ridván de 1954, portanto quatorze anos antes de ser instituído O Corpo Continental de Conselheiros. Naquele ano o Guardião anunciava: CONVOCO AS QUINZE MÃOS CINCO CONTINENTES, VIRTUDE SUA SUPREMA FUNÇÃO COMO INSTRUMENTO, ESCOLHIDOS PROPAGAÇÃO F É , INAUGURAREM HISTÓRICA MISSÃO ATRAVÉS INDICAÇÃO, DURANTE RIDVÁN, 1954, CINCO CORPOS AUXILIARES... XIII
  • 16. NÃO FOI UM SONHO... Assim, estavam indicados pelas Mãos da Causa, os primeiros Membros do Corpo Auxiliar que tinham como tarefa fortalecer o serviço de ensino. O Guardião diz com suas próprias palavras que deixaria o período de função e os detalhes em relação ao funcionamento dos Membros do Corpo Auxiliar a cargo das Mãos da Causa residentes fora da Terra Santa. A Casa Universal de Justiça, em um telegrama de 5 de junho de 1973 afirma: A NUNCIAMOS ESTABELECIMENTO LONGAMENTE PREVISTO E NSINO DESTINADO T ERRA S ANTA C ENTRO I NTERNACIONAL DE TORNA - SE UMA DAQUELAS INSTITUIÇÕES ADMINISTRATIVAS QUE ABALARÃO E DIRIGIRÃO O MUNDO, ORDENADAS POR BAHÁ’’U’’LLÁH PREVISTA ‘‘ABDU’’L-BAHÁ ELUCIDADAS POR SHOGHI EFFENDI. POR Em outra mensagem de 8 de julho de 1973 a Casa anuncia: “Este Centro Internacional, agora estabelecido funcionará em seu devido tempo, naquele edifício designado pelo Guardião como a sede para as Mãos da Causa, o qual há de ser erigido sobre o arco no Monte Carmelo, nas proximidades da sede da Casa Universal de Justiça.” Ao longo de décadas, ocorreram muitas transformações e a Ordem Administrativa da Causa caminhou a passos largos para o amadurecimento. Nesse processo de evolução das Instituições os XIV
  • 17. INTRODUÇÃO setenta e dois Membros do Corpo Auxiliar que haviam por ocasião do passamento de Shoghi Effendi chegaram a novecentos e noventa. Portanto os novecentos e noventa foram convidados a irem à Terra Santa para a Inauguração do Edifício do Centro Internacional de Ensino. Lá estavam 849 de 172 países, personificando a assertiva da Casa Universal de Justiça em sua mensagem de 14 de janeiro de 2001. “Em vocês, os Membros do Corpo Auxiliar aqui reunidos, está refletido todo o mundo da humanidade. Vocês vieram de remotas regiões geográficas e passados culturais o que torna vocês verdadeiramente representativos da variedade da família humana.” Queridos leitores, o conjunto de relatos que compõem este livro, foram escritos por pessoas diferentes que certamente tiveram emoções diferenciadas, mas que, ao final, constitui um único texto. XV
  • 18. XVI
  • 20. XVIII
  • 22. 2
  • 23. ANERI SANTIAGO Minha Viagem à Casa do Pai Encontrei meus amigos de viagem à Terra Santa em São Paulo, e todos estávamos tão felizes! Mas, eu especialmente estava muito cansada. Os dias antes de viajar foram muito desgastantes. Parece que Deus havia me colocado em um triturador de alma; minha aparência era irreconhecível. Leny de Lamuta me perguntou se eu estava bem, pois minha aparência era estranha. Em Guarulhos, quando estávamos entrando no avião, a polícia federal me parou na frente de todos e me revistou. Isso me confirmou o que me disse a querida Leny. Ao chegar à Terra Santa, minha bagagem, a de Jorge Muniz, a de Glória e Diógenes foram perdidas; elas só chegaram dois dias depois pela manhã. Ao entrar no Santuário do Abençoado Báb pela primeira vez, não conseguir ficar lá muito tempo, pois minhas lágrimas jorravam torrencialmente pela minha face! Lamentei-me e saí em prantos, a guardiã do Santuário me olhou com tanto carinho e me ofereceu lenços de papel. Então, fui dar a volta no Santuário e lá atrás, onde ninguém podia me ver, ajoelhei-me no solo e me curvei e depois deitei me em reverência. As lágrimas me jorraram mais intensamente, e em meus lábios estavam as palavras: Obrigado, obrigado! Não me tires por justiça o que me deste por graça! E como amante eu sussurrava: eu Te amo! 3
  • 24. NÃO FOI UM SONHO... Então compreendi que minhas lágrimas eram de gratidão e o mesmo se repetiu no Santuário da Abençoada Beleza, quando a nossa guia veio amorosamente me tirar do Santuário. Comecei a andar e quando faltavam dois metros da porta de saída, as lágrimas me tomaram com aquele choro compulsivo que vem do centro do coração! Voltei junto com alguns amigos pela Segunda vez ao Santuário de Bahá’u’lláh e fiquei lá dentro, mais que uma hora, e eu tinha tanta vontade de me jogar no chão em súplica, tive a sorte de ir ao quarto que está dentro do Santuário, e conseguir realizar minha súplica. Neste dia me vesti em preto e vermelho. O preto em homenagem aos estandartes negro dos Mártires, e o vermelho para lembrar o sacrifício deles no caminho do Bem Amado. Após conhecer a casa de Bahjí, andei pelos jardins, com a nítida sensação que estava caminhando no céu. Tentava pensar, mas em minha cabeça não ficavam pensamentos, eu era só sentimentos, sentimentos de gratidão por tanta graça, eu sentia o céu dentro de mim e a minha volta. Subindo para o Céu Chegou o dia de subir os patamares e a mim coube o horário de oito horas. Após ter visto com que rapidez que tinha sido concluído o primeiro patamar. Lá estávamos, cada um de um lugar diferente da Terra, com toda nossa beleza e diversidade, era realmente uma cena impressionante! Foi avisado para não falar, só cumprimentar com um sorriso. 4
  • 25. ANERI SANTIAGO Depois de subir o primeiro patamar, lá estava aquele senhor iraniano, com seu jeito meigo e forte, nos explicando a visão de Shoghi Effendi, e outras coisas. Em seguida começamos a subir, e em cada patamar havia uma centena de anjos invisíveis, e dois visíveis com um lindo sorriso para nos ajudar no que precisássemos. À medida que eu ia subindo, ia dedicando a cada amigo, filhos, pais, ajudantes e comunidades. Depois me lembrei de um sonho em que eu subia as escadas para o céu. Logo me lembrei da poesia de Amatu’l-Bahá que diz: Ó Deus Altíssimo! Três coisas eu Te dei: Amor, lealdade e esforço, e nisso eu não falhei. Porém ó Bem Amado, quantos pecados se entramaram em meus esforços! Quanta indignidade mesclada em cada átomo de meu amor! Que pobre a lealdade! Dada com toda a afeição que eu tinha! Mas pode alguém dar mais do que o que ele possui? Cada flor desabrocha conforme sua natureza; cada lâmpada brilha Sua própria medida de óleo. Ah, fosse eu de melhor natureza e o tesouro á Tua porta seria de jóias com brilho de estrelas! Como uma criança que brinca ao lado da vastidão do oceano e reúne suas conchas e seixos- sua pequena loja no encontro das ondas com praia, e traz esses brindes de bugigangas para o colo de sua mãe, assim eu trouxe a Ti tudo que eu tinha! Ó Deus aceita-o em Tua graça, perdoa Tua filha e toma-a em Teus braços! 5
  • 26. NÃO FOI UM SONHO... Enquanto pensava nisso, vi uma senhora com uma grande sacola subindo os patamares. Subitamente peguei a sacola como símbolo de meus pecados, para tornar minha subida mais dura, pois realmente sei que nossos pecados tornam nossos passos mais lentos no caminho de Deus. Ao chegar ao décimo oitavo patamar já tinha vontade de beijar o chão, mas me segurei. Quando cheguei ao décimo nono me joguei ao chão e beijei o último degrau em gratidão ao Bem Amado por Ter me concedido a graça de pela segunda vez subir aquelas escadas, ser chamada de Sua serva e por me haver concedido a honra, eu tão fraca, estar entre aos seus servos fortes, de estar naquele lugar abençoado e neste evento tão ímpar na historia desta Causa. Pela Segunda vez circundei o Santuário do Bem Amado Báb. Desta vez com os Membros do Corpo Auxiliar do mundo, a emoção daquele momento não posso transformar em palavras. Aquele ambiente, aquela reverência, aquelas lágrimas, os amigos, de joelhos. Mesmo que fosse em pensamento, foi realmente um momento celestial! Ainda em silêncio subimos em procissão para o Centro Internacional de Ensino, onde nos encantamos com a simplicidade e nobreza combinada de todos os lindos prédios das construções do Arco. Lá, após conhecer o prédio e desfrutarmos da cortesia dos anjos do Carmelo, tivemos um lanche natural na companhia dos amigos do mundo e fomos para o início da conferência de três dias na sede da Casa Universal de Justiça. Na noite anterior ao último dia da conferência tive um lindo e comovedor sonho! 6
  • 27. ANERI SANTIAGO Sonhei que estava orando no jardim em Bahjí e logo após minhas orações entrava na casa de Bahjí e a porteira da casa dizia: temos uma surpresa! Eu olhava em volta e via a Abençoada presença de Bahá’u’lláh descendo as escadas e atrás Dele, o Mestre e o Guardião. Ele presenteava a dois artistas presentes e se dirigia a mim com algumas palavras e me presenteava um cartão com a imagem do Sol, e dentro tinha uma linda poesia de amor com ornamentos de Mishkín- Qalam (distinto calígrafo e companheiro de exílio de Bahá’u’lláh). No dia seguinte eu vi o significado deste sonho. Quando no final da conferência a Casa Universal de Justiça desceu as escadas e leu para nós uma verdadeira carta de amor à humanidade. A carta que entra na história como a carta de 16 de janeiro de 2001, anunciando que havia chegado a Quinta Época da Idade Formativa. O meu choro, no sonho, era representado pelo choro que todos nós, os Conselheiros e os Membros de Corpo Auxiliar do mundo, deixamos brotar em nossa face naquele momento grandioso. Louvado seja Deus por aqueles dias extraordinários, louvado seja Deus por nos conceder a graça de provarmos do Seu doce amor! Enquanto um membro da Casa Universal de Justiça estava lendo, um silêncio do outro mundo invadia a sala e quando foi anunciado que o mundo bahá´í havia entrado na quinta época um... ohhhhhhh!..., tomou conta do salão. Foi realmente transcendental, nada deste mundo! Após a leitura da carta e de uma Epístola de ‘Abdu’l-Bahá, a Casa Universal de Justiça saiu e o sentimento era que havia ficado vazio o salão - parecia um sentimento de 7
  • 28. NÃO FOI UM SONHO... esvaziamento muito forte, era como se a força, o poder tivessem ido! Então todos começamos a nos abraçar e dizer: sejam bem vindos à Quinta Época da Idade Formativa. Foram realmente dias memoráveis aqueles! Louvado seja Deus! 8
  • 30. 10
  • 31. BÁRBARA ROTHSCHILD T udo começou quando a carta com data de 1o de junho de 2000 da Casa Universal de Justiça chegou, convidando a mim e a todos os outros Membros do Corpo Auxiliar no mundo para irmos à Haifa. A ocasião era a abertura do Prédio do Centro Internacional de Ensino junto com o primeiro grupo de pessoas a subir os nove belos Terraços que levam ao Santuário do Báb. Eu, é claro, havia lido nas escrituras bahá’ís que os Reis do futuro tirariam suas coroas e subiriam aos Terraços, mas eu nunca imaginei, nos meus sonhos mais ousados, que eu teria a honra de ser uma das primeiras a fazê-lo. A aventura começou ao voar para Israel. Eu estava viajando sozinha e, com o coração palpitante, cheguei a Tel Aviv. Imaginava como acharia a mesa de recepção e a equipe do Centro Mundial, que supostamente daria as boas-vindas aos MCA’s recémchegados no dia 8 de janeiro. Esperando na fila para passar pelo controle de passaporte, reparei em algumas pessoas à minha frente que começaram a falar, rir e se abraçar! Então, as pessoas atrás delas fizeram o mesmo, depois a senhora seguinte e assim por diante até chegar a mim. Perguntei se eles eram bahá’ís chegando para a Conferência de Haifa. Sim, eles declararam com sorrisos de alegria de onde eu era? Brasil! Oh! Brasil. Eles eram da Austrália, Nova Zelândia, E.U.A., Alemanha, Canadá e Hong Kong. Os outros passageiros ficaram surpresos e curiosos, quando todos 11
  • 32. NÃO FOI UM SONHO... nós começamos a formar um grupo e a tirar fotos uns dos outros. Era um início perfeito para os nove dias na Terra Santa. Para descrever tudo que aconteceu durante esta peregrinação histórica, eu precisaria de um livro inteiro. Mas muitas ocasiões preciosas permanecem na minha memória. Uma delas foi na segunda tarde, na antiga Casa dos Peregrinos. Soube-se que o Sr. Ali Akbar Furútan, Mão da Causa de Deus, viria às 5:30h da tarde para dar uma palestra. Todos os lugares foram rapidamente ocupados em torno da área central, e ninguém se moveu nas duas horas seguintes, com medo de perder estes assentos tão almejados. Ele chegou com grande dignidade e caminhou majestosamente através da multidão silenciosa de Membros do Corpo Auxiliar até o seu assento. Em poucos minutos, com seu relógio de bolso e lenço na mão, ele fez todos rirem e ouvirem avidamente as suas palavras de sabedoria, conselhos amorosos e antídotos. Nós todos amamos estar perto dele. Aos 95 anos de idade, Sr. Furútan ainda é um palestrante capaz e explicou a cada um de nós, homem, mulher ou criança bahá’í, que ensinar nossa Fé preciosa é nossa obrigação, não uma escolha. Suas palavras, mais todo o amor que a Casa Universal de Justiça estavam nos dando, nos tocaram para compreendermos a grande responsabilidade que eles estavam gentilmente colocando sobre nossos ombros. Este é certamente um momento muito especial. Em outra dessas maravilhosas tardes, creio que o Sr. Furútan recebeu um presente de alguns dos amigos. A delegação russa, em torno de dez, no total, estava sentada aos seus pés. Estas 12
  • 33. BÁRBARA ROTHSCHILD pessoas eram especiais para ele porque ele serviu como pioneiro na Rússia e fala russo fluentemente. Quando este grupo agradável cantou em coro uma canção russa, havia lágrimas em seus olhos e nos de muitas outras pessoas, como eu mesma. É que em 1992, em Nova York, os russos não tinham permissão de sair do país. Só tínhamos notícias deles via satélite. Então, em Haifa, na Terra Santa, nesta ocasião especial, eles estavam conosco cantando em perfeita harmonia e sendo tão bem-vindos. Nos primeiros cinco dias, enquanto os 87 Conselheiros mundiais estavam em conferência, os 847 Membros do Corpo Auxiliar foram divididos em grupos para as visitas peregrinas agendadas. Todos os dias, nós, os 25 brasileiros, nos juntávamos a pessoas de diferentes países. Visitamos Bahjí com os europeus. Em outro dia, estivemos com os africanos, e assim por diante e, em parte de cada dia, estávamos livres para visitar os Santuários e conversar com novos amigos na nova Casa dos Peregrinos, onde deliciosos biscoitos, chá, café e grandes vasilhas com laranjas estavam sempre esperando por nós. A cada dia, perguntávamos uns aos outros onde tínhamos ido hoje e aonde iríamos amanhã. Para minha grata surpresa, todos falavam em inglês perfeito! Os destaques para nós foram a viagem para Bahjí e o Sepulcro de Bahá’u’lláh, a visita ao prédio dos Arquivos e a contemplação da foto do nosso amado Senhor em Sua digna moldura prateada e dourada. Antes de deixar o Brasil, eu havia dito aos bahá’ís que faria orações especiais para eles nos Santuários, se eles me dessem seus desejos por escrito em um pedaço de papel. Bem, eu recebi 13
  • 34. NÃO FOI UM SONHO... muitos pedidos. Um deles foi um telefonema de um bahá’í, cuja esposa está doente, pedindo-me para trazer pétalas do Santuário de Bahá’u’lláh para fazer chá para ela. Claro que prontamente concordei, mas foi muito mais fácil falar do que fazer. Durante minha estada em Haifa, não vi e nem ouvi falar de alguém pegando as pétalas que, algumas vezes, são ofertadas em outras visitas. Então, pensei: “bem, quando for a Bahjí, eu mesma as apanharei, só não sei onde.” Eu tinha observado nos Santuários do Báb e ‘Abdu’l-Bahá que, na soleira onde os peregrinos se ajoelham e apóiam suas cabeças em reverência, as pétalas dispostas lá com tanto amor e cuidado artístico eram poucas, pois outras pessoas também tinham tido a idéia de leva-las como recordação. Porém, no Santuário de Bahá’u’lláh, eu senti uma reverência tão assoberbante que tirou toda a minha coragem de apanhar as pétalas muito preciosas de um local tão sagrado, mas uma promessa é uma promessa. O sábado, 15 de janeiro de 2001, chegou finalmente. O dia pelo qual 1.000 pessoas de todos os cantos do mundo haviam vindo. Era o dia em que subiríamos os Terraços construídos com tanto amor, carinho e dedicação pelos bahá’ís do mundo. Deixamos nossos hotéis às 7:30h da manhã, para pegar o ônibus especial até o pé do Monte Carmelo, para nos reunirmos no Terraço um. O dia foi mágico, com céu azul claro e sol quente. Sentimos que Deus estava sorrindo para nós. Não foram permitidas fotos. Cada pessoa subiu em silêncio, acompanhada pelos seus próprios pensamentos, em meio à grande multidão no alto e segurando a Mão de Deus. Parecia um sonho. Estávamos todos solitários, mas 14
  • 35. BÁRBARA ROTHSCHILD cheios de alegria em nossos corações. Uma etapa nas profecias estava se tornando realidade! Um momento da história estava sendo criado! Choramos lágrimas de alegria e afirmamos nossa fé, nosso comprometimento com Bahá’u’lláh e nosso amor a Deus no céu, para que o mundo se torne tão feliz, tanto quanto todos nós estávamos naquele dia muito especial. Após a circunvolução ao Santuário do Báb, que nunca pareceu ser tão belo, seguimos em fila, lenta e silenciosamente, para o recém-construído Centro Internacional de Ensino, em um tour a este prédio magnífico. Mais tarde, após as devoções finais, nos reunimos nos degraus em frente à cúpula, iluminada de dourado, do Santuário do Báb, em contraste com um céu crepuscular azul índigo, o Sr. Furútan entoou a Epístola de Visitação em árabe e o Sr. Glenford Mitchell, em inglês. Foi um entardecer muito especial com 1000 diferentes, mas unidos, bahá’ís, sob a bandeira da guia da Abençoada Beleza. Caminhamos devagar pelos jardins em direção aos ônibus, não querendo que esse belo dia acabasse. Caros leitores, vocês podem imaginar como estávamos nos sentindo? Bem, ainda havia mais emoção e bênçãos por vir! No último dia da conferência, no hall central lotado da Casa Universal de Justiça, com os 9 membros da Casa Universal de Justiça presentes, o Sr. Furútam e o Sr. Ali Muhammed Vaquá, as duas Mãos da Causa de Deus remanescentes, os Conselheiros mundiais e 849 Membros do Corpo Auxiliar de todas as partes distantes do globo, quando o Membro da Casa leu a última carta endereçada aos bahá’ís do mundo e disse que um marco na história da Fé Bahá’í foi alcançado e declarou à audiência encantada a Quinta 15
  • 36. NÃO FOI UM SONHO... Época como na visão do nosso amado Guardião Shoghi Effendi. Este anúncio provocou uma ovação, de pé, com gritos de alegria, abraços, lágrimas e risos. Nunca esquecerei este dia histórico e o fato de que Deus me permitiu testemunhá-lo. Em uma carta da Casa Universal de Justiça, um pouco antes de deixar o Brasil, foi sugerido que levássemos guarda-chuva conosco para Haifa, pois janeiro era uma estação chuvosa. No último dia em que estávamos lá, mencionei este fato para um dos membros permanentes no Centro Mundial. Nós estávamos recordando o quão maravilhoso o tempo havia estado, céu azul todos os dias, sol e nenhum vento. Sim, disse esta querida senhora, até vocês chegarem, estava muito frio, úmido e com vento. O que está nos preocupando é que amanhã vocês todos estarão retornando para casa. Foi extremamente difícil dizer adeus. 16
  • 37. por Conceição de Maria M. Batista 17
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  • 39. CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA Águia Tinha visto fotos com águias nos cartões dos lugares Sagrados da Fé. Mas não tinha idéia da marca de força que ela transmite. Passei alguns momentos observando uma que fica em frente ao santuário do Báb. Foi logo na primeira noite que fui ao Santuário. Ela fica no primeiro patamar dos nove depois do Santuário. Ao fundo fica o porto. Não sei como pode um ser inanimado simbolizar tanta força e poder. Esta dúvida levou-me a buscar a etimologia da palavra. Um dos sentidos é pessoa perspicaz, pessoa de grande talento. Investiguei perspicaz: pessoa que tem agudeza de espírito. Não sei se tu, amigo leitor, compreendes o que é ficar diante de algo enigmático. Será que minha estranheza é fruto de uma imaginação vã e deslumbrada? Ou será que há mais mistério nas simbologias das coisas do que nossa vã fantasia pode imaginar? As águias estão lá, pousadas em estratégicos lugares da Terra Santa. Contagiadas pela essência do lugar, imóveis, imponentes, lá. Foi por isso que surgiu o desejo imenso de tornar-me uma águia para ficar também lá. Mas se eu sozinha me tornasse águia, não teríamos como vivenciar aquela unidade tão bem demonstrada pela harmonia das inúmeras diferenças, aquele espírito de fraternidade, a explosão de amor, a certeza de estar na Casa do Pai e no Colo do Pai. A solução seria todos nos transformarmos em águias. Imaginem, oitocentos e quarenta e nove águias povoando os jardins dos patamares... 19
  • 40. NÃO FOI UM SONHO... Mistério no Céu de Haifa A previsão de tempo em Haifa é que choveria bastante. Eu e Guitty ficamos juntas no hotel Beth Shalon. Estávamos atentas ao tempo. Não queríamos ficar doentes. O tempo estava bom. De repente ficava nublado, chuviscava. Pensamos que ia cair uma grande chuva. Nada! Algumas vezes, Guitty perguntava pela previsão do tempo, para nos prevenirmos, e assim fizemos, mas não foi necessário. Não choveu. Havia uma cumplicidade nos céus de Haifa para fazer bom tempo. Porque era chegado o dia: ... um Dia em que o semblante do Ancião dos Dias se volve para Sua sede santa. Bahá’u’lláh ... Em verdade, Ele ama o lugar que se fez sede de Seu trono, que Seus pés pisaram, ao qual foi conferida a honra de Sua presença, donde ergueu Seu chamado e sobre o qual derramou Suas lágrimas. Bahá’u’lláh Ao fim de cada dia tínhamos a confirmação. Ali estavam muito mais de mil almas amantes de Sua Santidade Bahá’u’lláh, em estado de oração. 20
  • 41. CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA Caro leitor, como posso dizer o que sentíamos quando andávamos pelos patamares e sentíamos o perfume de flores? Um perfume indescritível. Um cheiro de amor, de Sagrado. Algo que inebria, que tira o calor, a fome, o cansaço, que cura a doença, que passa a dor e que deixa leve. Como descrever a emoção de escutar a voz grave do Sr. Furútan; de vê-lo rir? De ver de que forma um corpo já com certas limitações transporta um espírito forte e uma alma sábia. Por três vezes tive o privilégio de assistir sua palestra no final da tarde, na casa de Peregrinos. Impressionante como um senhor da idade dele possa ser tão lúcido como um cientista, tão amoroso como um pai e tão jovial na forma de perceber a realidade de um mundo tão moderno. Nenhum ser, por mais rico que seja seu vocabulário, conseguirá com facilidade transmitir a extensão da emoção vivenciada durante nossa estada em Haifa. Mil anos vivêssemos, não seriam suficientes para rendermos graças a Deus pelos momentos de felicidade que este convite proporcionou. Contudo, percebemos que sobre nossos ombros recai agora uma grande responsabilidade. Construir a partir de nossas ações, sermos pessoas melhores do que éramos e não esquecer que este período em Haifa representa a unidade na diversidade, quando 172 países se faziam representar por pessoas de tipos mais variados. E para que este momento acontecesse o tempo fez-se Tempo. 21
  • 42. NÃO FOI UM SONHO... As Colunas do meu Sonho Há uns vinte anos atrás, queria respostas imediatas para tudo. Em 1982, estava numa Conferência em Recife e após assistir a uma projeção de slides sobre a Fé Bahá’í todos muito emocionados queriam sonhar com ‘Abdu’l-Bahá. Eu também queria. Lembro que o dormitório foi improvisado com um tecido grosso que separava os homens das mulheres, Ao amanhecer, todos contavam, cheios de felicidades, seus sonhos. Eu fiquei muito triste porque não havia sonhado com ‘Abdu’l-Bahá, mas com algumas colunas iguais as que costumava ver nos postais dos Templos Bahá’ís. Alguns amigos tentavam me consolar, entre eles Vitor, Sales e Aneri. Mas eu, triste, fiquei com um grande mau humor. O tempo passou. Continuei pedindo para sonhar com ‘Abdu’lBahá, mas nunca sonhei. Em 1995, andava angustiada com a vida. Comecei fazer orações pedindo a Bahá’u’lláh ajuda para a minha comunidade. Era por essa época, ajudante do Membro do Corpo Auxiliar Luis Gonzaga, e antes havia sido da Sra. Safa e da Sra. Shahla. Começo de 1996, recebi um convite do Conselheiro Rolf para servir como Membro do Corpo Auxiliar. Ele disse que poderia pensar para dar a resposta. Não foi necessário. Desde lá estou como Membro do Corpo Auxiliar. E como Membro do Corpo Auxiliar, agora eu estava em Haifa. O que parecia impossível materializou-se. A nossa agenda consistia de visita à Casa do Mestre; ao terraço e seus jardins, ao Arquivo, à Casa Universal de Justiça, a 22
  • 43. CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA prisão de Akká, Casa de ‘Abbúd, Casa de ‘Abdu’l-Bahá, Santuário do Báb, Mansão de Bahjí, Casa dos Peregrinos e outros compromissos. No dia 10, descíamos o 19º Patamar quando de um determinado ângulo vi: as colunas do meu sonho. Podia ver claramente as colunas do Arquivo. Era o mesmo ângulo, parecia um filme. Tudo voltou. Fiquei inebriada de felicidade. Qualquer palavra que eu use para descrever essa emoção torna-se débil. Qualquer manifestação artística por mais aguçada, não conseguiria evidenciar a emoção e o estado de reverência em que me encontrava. Era como se algo tivesse sido ligado para que o filme passasse novamente. Heroína Eu sabia que todos os Membros do Corpo Auxiliar iam à Terra Santa. Havia antes ligado para alguns amigos para confirmar se iriam. Tudo estava confirmado. Agora só a vontade de Deus nos impediria de ir. Como? Se íamos pela Sua benevolência? Nós, pobres servos, cheios de incoerências humanas convidados para o grande banquete espiritual? Se merecíamos comer as migalhas debaixo das mesas, fomos convidados a sentar e degustar do banquete, por Sua misericórdia. Dificuldade? Muitas! Cada um tinha uma para contar. Mas ela superou-se. Viajou dias antes. Na viagem perdeu a mala. Chegou à Terra Santa com a bagagem de mão. Passou dias 23
  • 44. NÃO FOI UM SONHO... reclamando da empresa aérea uma solução. Após cinco dias sua mala chegou. Muitos amigos ficaram por alguns dias sem suas malas. Assim foi com Glória, Aneri, Diógenes e Jorge. Alguns receberam uma quantia em dólar para minimizar as dificuldades que enfrentariam sem roupa. Ela precisou comprar algumas peças e das poucas que tinha, generosamente, emprestou-me seu casaco para frio. Após cinco dias sua mala chegou, mas com a mala também chegou, provavelmente ocasionada pelo estado de cansaço, por tantas atividades e preocupação, uma gripe. A heroína resistiu dores, cansaço, indisposição, enfim, os sintomas de uma gripe em um organismo que luta para sarar. Resistia. Caminhava e visitava os Lugares Sagrados... Nós estávamos no mesmo quarto de hotel. Tentava não passar minha preocupação, mas temia e orava. Estava um pouco assustada porque na minha pequenez humana havia pedido a Bahá’u’lláh que, durante minha estada na Terra Santa, meu pai não morresse. Ela é forte e por isso começou a melhorar aos poucos, e ainda cumpriu quase toda a programação. No último dia da Conferência da Inauguração do Edifício do Centro Internacional de Ensino, saí sozinha para comprar uma bolsa e outras coisinhas. Perdi-me em Haifa. Dei umas voltas no ônibus, falei meu inglês “impecável” e por fim achei-me. De volta, passei no hotel. Ela estava lá e um pouco melhor. Fomos juntas para o encerramento da Conferência, porém antes passamos no serviço 24
  • 45. CONCEIÇÃO DE MARIA M. BATISTA de urgência médica. Neste exato momento, Antonia estava sendo atendida por um médico que não falava português, o que impossibilitava a comunicação. O médico precisava saber o que Antonia sentia, mas ela não fala inglês. No impasse, ela chegou e acudiu na hora certa. Explicou o que precisava. Antonia foi para o hospital fazer exames mais precisos a fim de esclarecer seu estado de saúde. Nós duas fomos para a Casa Universal de Justiça para o encerramento da Conferência. Emoção indescritível... Um momento que só o Verbo pode definir: Apressa-te ó Carmelo, pois eis, a luz do semblante de Deus –– Quem rege o Reino dos Nomes e moldou os céus –– sobre ti se ergueu. Bahá’u’lláh À noite eu partia, ela ficava, pois partiria no dia seguinte. Um abraço apertado no meio da noite... Guitty, parabéns pela tua força de viver! 25
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  • 49. DIÓGENES ANDRADE P alavras fogem ao tentar descrever o meu sentimento quando estava na Terra Santa naquela ocasião histórica da inauguração do edifício do Centro Internacional de Ensino. O carinho e a atenção da parte dos membros da Casa Universal de Justiça, dos membros do Centro Internacional de Ensino, dos Conselheiros e de todos os funcionários com quem tive contato, estão gravados perenemente em meu coração. Amorosa hospitalidade reinou durante toda a minha estadia naquela abençoada Cidade. Uma fragrância de perfeição e excelência era sentido em cada detalhe. Eu me sentia como um filho único, cercado de toda bondade. A organização, a disciplina espiritual me deixou encantado. Toda a programação fluía com uma pontualidade, uma serenidade e uma alegria que me emocionava a cada momento. Os edifícios, os terraços, os jardins, são de uma formosura e uma beleza digna do Trono de Deus na Terra, um verdadeiro paraíso celestial. As visitas aos Lugares Sagrados, em uma atmosfera de respeito e reverência, as orações e súplicas realizadas no Santuário Sagrado do Báb e no Santuário Sagrado de Bahá’u’lláh, me prepararam espiritualmente para os momentosos e grandiosos acontecimentos que se seguiram: 29
  • 50. NÃO FOI UM SONHO... A procissão solene de subida aos terraços, a circunvolução ao Santuário do Báb, chamado por caminho dos reis, e a visita ao magnífico edifício inaugurado da sede do Centro Internacional de Ensino, foi algo indescritível de uma majestade e dignidade que, com certeza, impressionaria a um verdadeiro rei, imagina eu, um simples e humilde servo. As reuniões plenárias e as reuniões continentais me deram uma visão da dimensão e da influência unificada e global da Causa de Deus. Pude presenciar e testemunhar uma parcela da humanidade unida pelo amor de Bahá’u’lláh. A unidade mundial, em caráter embrionário, já é uma realidade, com a guia da Casa Universal de Justiça. As duas palestras dos remanescentes queridos e amados Mãos da Causa de Deus, nos transmitiram, de uma forma clara e amorosa, a necessidade de obedecer às orientações e as leis da nossa Amada Causa para o benefício da humanidade e progresso de nossa alma. E finalmente no último dia, foi a experiência espiritual, sobrenatural, mais marcante de minha vida, quando foi revelada a mensagem da Casa Universal de Justiça (anunciando a entrada da Quinta Época da Idade Formativa da Causa de Bahá’u’lláh) e em seguida foi lida uma epístola e uma oração revelada por ‘Abdu’lBahá. Naquele momento, o Poder e a Grandeza da Causa de Deus estavam ali manifestos, diante de nossos olhos em lágrimas. Foi extraordinário! Senti as fragrâncias da misericórdia divina manando sobre todos nós. Que bênção! Estar ali naquele instante e perceber a luz do Semblante de Deus e ter a certeza de que 30
  • 51. DIÓGENES ANDRADE aquele era o lugar do Sagrado Trono de Deus. Eu estava realmente extasiado de júbilo, pois eu sentia a Presença de Deus. A leitura da mensagem soou como o trombetear da voz encantadora de Bahá, revelando os mistérios ocultos provenientes dos tesouros do Criador. Que maravilha! Eu Te agradeço, ó meu Senhor, de todo o meu coração; por saber que Deus está presente diante de nós em Seu Trono; por ter a honra de mover em volta de Sua Presença; por poder proclamar a todos a beleza de Sua Glória; por poder relatar e anunciar a todos As Boas Novas desta Revelação que irá transformar as tristezas da humanidade em alegria e júbilo; por tudo isso, ó meu Deus, eu só tenho é que agradecer. Muito obrigado Senhor! 31
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  • 55. GUITTY MASROUR MILANI Uma Peregrinação Especial ó Filho da Justiça! Aonde pode ir o apaixonado senão á terra de sua bem-amada? E aquele que procura poderá ele ficar tranqüilo longe do desejo de seu coração? Para quem ama verdadeiramente, a união é vida e a separação morte. Vazio de paciência está seu peito; privado de paz seu coração. A miríades de vidas ele renunciaria a fim de se apressar para onde se encontra a bem-amada. Bahá’u’lláh Desde criança o meu maior sonho era visitar a Terra Santa. Em 1952, meus pais e o meu irmão mais novo receberam a benção especial de fazer parte dos primeiros grupos de peregrinos iranianos que tiveram o privilégio de visitar os Lugares sagrados em Haifa e Akká e a honra de serem recepcionados pelo amado Guardião. Os relatos de meus pais sobre esta oportunidade única, aumentaram ainda mais o meu desejo de um dia poder viajar a Terra Santa. A espera foi longa e sofrida... Finalmente em março de 1970, pela primeira vez, tive o privilégio de fazer uma peregrinação de 9 dias. A felicidade foi tamanha que não posso descrever. Mas ter a oportunidade de saborear a magia e o encanto de estar virtualmente 35
  • 56. NÃO FOI UM SONHO... no paraíso e ter um vislumbre do Reino de Abhá aumentou ainda mais o desejo de pisar novamente na Terra Sagrada onde tantos profetas e eleitos de Deus viveram em épocas passadas. Esta mesma terra que mais recentemente foi abençoada com as pegadas do Bem-Amado do mundo! Respirar o ar que Ele tinha respirado e talvez conseguir ouvir o som melodioso de sua voz pelas reverberações ainda existentes nos lugares sagrados... Pela Sua infinita misericórdia, Ele me concedeu esta bênção várias vezes e cada peregrinação ou visita teve sua doçura especial e foi uma experiência ímpar! Mas nem nos meus mais loucos delírios, poderia eu pensar ou imaginar que um dia seria convidada pela Casa Universal de Justiça a fazer uma peregrinação especial como Membro do Corpo Auxiliar participar da “Conferência que assinalou a inauguração do Edifício do Centro Internacional de Ensino com a participação de todos os Conselheiros Continentais e seus Membros do Corpo Auxiliar, no alvorecer do novo milênio! Junto a alegria, exaltação e regozijo que tomaram conta do meu coração, senti uma imensa angústia com a inevitável pergunta que ficou martelando na minha cabeça: “Como teria eu a coragem de me dirigir novamente àquelas Santas Plagas com as mãos vazias”?... Novamente a espera foi longa e sofrida, e havia uma nova preocupação: eu não era mais a jovem sonhadora e plena de energia... Tinha até dúvidas se o meu estado de saúde permitiria a longa viagem! Mas o amor e a misericórdia de Deus são realmente infinitos porque consegui chegar bem apesar de vários problemas na viagem e a espera de cinco dias em Haifa para receber a minha bagagem! 36
  • 57. GUITTY MASROUR MILANI Na minha primeira visita ao Túmulo Sagrado de Bahá’u’lláh, quando consegui finalmente me ajoelhar diante do Limiar Sagrado, despida de todas as vaidades e futilidades da vida, mas consciente de que estava na presença do meu amado Senhor e Criador, esqueci que mais uma vez “as minhas mãos estavam vazias” porque não tinha realizado nada que fosse digno de apresentar no Seu altar! Então, me curvei em êxtase e adoração, esquecida de tudo e até de mim mesma! Estava tão exultante e feliz que cometi uma grave imprudência. Após as orações de louvor e agradecimento por mais esta bênção e oportunidade, abri meu coração para o Bem-Amado e disse: “Estou tão completamente feliz e realizada e com o coração em paz que não me importaria se esta fosse a minha última peregrinação!” Falei de todo coração e com pureza de alma e isso me deu a serenidade necessária para prosseguir com regozijo e sem preocupações o programa maravilhoso estabelecido pelo Centro Mundial para a nossa peregrinação. O ponto alto e o início da Conferência dos Conselheiros e dos Membros do Corpo Auxiliar era a subida dos patamares, desde o primeiro, na avenida Ben Gurion, até o Santuário Sagrado do Báb, a circunvolução do mesmo e a subida pelo Arco até o Centro Internacional de Ensino. Todos estávamos ansiosos para este dia chegar, porque seria a primeira procissão oficial nos patamares... Infelizmente, naquele dia, amanheci com febre e a médica do Centro Mundial me proibiu de subir os patamares, sugerindo que deveria começar a minha caminhada com a circunvolução do 37
  • 58. NÃO FOI UM SONHO... Túmulo do Báb! Se o arrependimento matasse, eu teria morrido naquele momento porque além da grande tristeza que tomou conta de mim, lembrei-me claramente da promessa feita no primeiro dia! Mas esta provação, ou melhor, dizendo privação, me proporcionou uma experiência singular. Havia mais algumas pessoas que por variadas razões também foram privadas do privilégio de subir os patamares, então enquanto esperávamos no portão principal que conduz ao Santuário, tivemos a mais fantástica visão que se pode imaginar: os bem-amados do Senhor, representando praticamente todos os povos e raças da terra, muitos em seus trajes típicos, passando majestosamente em pequenos grupos, em absoluto silêncio, em atitude de reverência e beatitude! Os seus rostos radiantes refletiam uma grande emoção e um observador atento podia facilmente ver o brilho especial que as lágrimas de alegria produzem no olhar dos apaixonados! Foi um espetáculo inesquecível. A montanha de Deus estava literalmente coberta de flores multicolores em forma de plantas e pessoas. Nunca esquecerei esta visão porque eram, na verdade, um vislumbre do Reino de Deus na Terra! Também chorei de alegria e emoção e agradeci do fundo do meu coração por mais esta bênção e oportunidade... e então criei coragem para pedir a permissão de voltar, um dia, e subir todos os patamares degrau por degrau... e completar esta PEREGRINAÇÃO ESPECIAL. 38
  • 60. 40
  • 61. MARIA ANTONIA GONÇALVES O Abraço de um Pai É com muita alegria que compartilho com vocês algumas das muitas emoções que vivi na minha viagem à Terra Santa em janeiro de 2001, quando se deu a inauguração do Centro Internacional de Ensino no Monte Carmelo. Amigos, a chegada a Israel se deu a meio de brincadeiras e gozações ocasionadas no decorrer da viagem, mas o mais importante é que estávamos chegando à Terra Santa para vivermos dias maravilhosos, sem dúvida. Logo que chegamos ao hotel dormimos um pouco. Pela manhã era grande a minha ansiedade. Era a primeira vez, e não via a hora de avistar a Cúpula do Santuário do Báb. Como me foi dito pela minha amiga Fátima que era a primeira vista da avenida que nos levaria ao Carmelo. Eu fiquei a viagem inteira desde o hotel até o momento que avistei do lado esquerdo do ônibus e falei em pensamento: ali está a Rainha do Carmelo que por muitos anos só tentei imaginar como era esta vista e agora está em minha frente e não era mais imaginação. Logo depois daquela emoção tão grande, chegamos ao portão que nos levaria aos terraços do Centro de Estudo de Textos – A Casa dos Peregrinos. Não imaginava que lá seria o nosso ponto de encontro regado com deliciosos chás e cafés com biscoitinhos durante aqueles dias. Ah! Que saudade! Depois daquela maravilhosa recepção na casa dos peregrinos 41
  • 62. NÃO FOI UM SONHO... voltamos ao grupo e continuamos nossa visita. A emoção era tanta que na medida em que seguíamos o guia, eu queria prestar atenção em tudo por onde passávamos que nem me dei conta, para onde estávamos nos dirigindo, quando me deparei em frente de uma porta, que por alguns minutos esperamos alguém abrir para então podermos entrar. Quando entrei naquele salão, fiquei perplexa, olhando para todos totalmente despercebida de que lugar era aquele. Foi quando escutei a voz de um amigo sussurrando: “Onde está a foto de Bahá’u’lláh?” Eu tremi, meu Deus! A foto de Bahá’u’lláh. Lembrei de meus filhos que tanto gostariam de estar ali; aproximei-me de uma pequena fila para que eu pudesse observar Sua Face. Queria perceber todos os Seus traços, para que eu pudesse falar para eles; ter essa sensação me fez voltar várias vezes diante da Sua foto. Tudo o mais naquele lugar era de tão grande emoção. Ver a jovem roupa do Báb; a desgastada e pobre roupa de Bahá’u’lláh; os pequenos abás do Mestre e Seus sapatos em forma de chinelos com os calcanhares desgastados, era emocionante demais. No dia seguinte, visitei a prisão de Akká. As lembranças contidas na história de nossa Fé foram para mim como um filme em minha mente no momento em que o guia falou para o grupo que em meio aquele chão a Sagrada Beleza, Bahá’u’lláh, ergue Sua tenda para seu filho Mirzá Mihdí por ocasião de sua queda da clarabóia. Pude sentir o sofrimento físico daquele Espírito Santo e de todos aqueles que O acompanhavam naqueles dias de perseguição e aprisionamento. Em visita a casa de ‘Abbúd, a emoção de conhecer a sala 42
  • 63. MARIA ANTONIA GONÇALVES onde ‘Abdu’l-Bahá respondeu as perguntas que constam no livro O Esplendor da Verdade, foi grande para mim, por ser o livro que esclareceu meu coração. As emoções eram constantes a cada sala, a cada quarto, nos revelavam grandes surpresas. O quarto da Folha Mais Sagrada, ver seus objetos é sentir sua presença, sua dedicação em salvaguardar os restos mortais do Báb por dez longos anos. Um exemplo de coragem e perseverança em sua missão, que muito alegra minha alma em pensar nela. Sinto não poder me alongar mais. Outras coisas maravilhosas vocês vão ter o prazer de ler nesses relatos a respeito de Akká. A chegada a Bahjí era de enorme sensação de encontrar com Bahá’u’lláh, de estar em Sua presença, de poder ficar perto Dele. Por exemplo: em minha vida diária converso com Ele em minhas orações, baixinho em silêncio, em pensamento, mas ali, naquele momento, a sensação era mesmo de estar em Sua presença. Foi com esse sentimento que meu coração pulsava forte em meu peito e me fez imaginar em Seu colo falando das minhas dificuldades, rogando por Sua proteção e amparo, pela Sua misericórdia para comigo e meus filhos em reconhecer Sua Mensagem, pelo nosso fortalecimento e de nossa comunidade, que as lágrimas caíram incessantemente em minha face curvada diante de Seu Limiar, em meio a outros amigos que ali estavam como eu, sentindo-se na presença de Seu Amado Pai. Foi a primeira vez em minha vida que senti o abraço de um Pai e foi de uma emoção nunca sentida, que não poderia ser de um pai biológico. A lembrança desse momento levarei para a eternidade e permita43
  • 64. NÃO FOI UM SONHO... me Deus, eu chegue a presença de Sua Sagrada Beleza, Bahá’u’lláh. Depois desses dias maravilhosos de pleno regozijo é chegado o início da Conferência. O desejo de conhecer as Mãos da Causa e os Membros da Casa Universal de Justiça. Acredito que a essa expectativa por parte deles era recíproca, pois reuniram, no coração da Casa de Justiça, 849 Membros do Corpo Auxiliar para dar aquele abraço afetuoso, como pudemos sentir na sua mensagem de 14 de janeiro de 2001. É chegado o dia do término da Conferência. A organização para foto, uma multidão de mil pessoas talvez ali concentradas. Era contagiante a alegria em cada rosto. Queria muito compartilhar com vocês as emoções finais, mas não me foi possível, logo nas primeiras horas da tarde senti um forte aperto no peito o que me levou a atender forçosamente a recomendação médica de fazer alguns exames em um hospital, o que me afastou daquele momento, sem dúvida, gratificante para todos nós que fomos à Terra Santa. Apesar de ter pessoas ao meu lado, me cercando de atenção e cuidados, como a Sra. Elizabeth e outros amigos vindo da Casa Universal de Justiça, a minha preocupação era saber se a conferência continuava, mas, infelizmente, as amigas me disseram que já tinha se encerrado. Essa foi sem dúvida para mim a maior dor no meu peito. Obrigada pela atenção de vocês para com esses relatos. Da amiga e colaboradora na Causa de Bahá’u’lláh. 44
  • 65. por Maria de Fatima F. de Faria Fernandes 45
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  • 67. MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES Uma Benção Inesquecível O encontro com os amigos, Membros do Corpo Auxiliar, vindos de várias partes do país, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi o início de uma série de emoções incomparáveis, no percurso à Terra Santa, em Janeiro de 2001. Somadas à alegria do encontro e a euforia da viagem, aconteceram, neste ambiente de grande público, coisas muito interessantes, pitorescas. Jorge Muniz, vindo da Bahia, no seu jeito descansado e tranqüilo, contava, pedia assinatura, e, em seguida, distribuía, o envelope com os dólares repassados pela Instituição do Corpo Continental de Conselheiros, como adiantamento para suprir possíveis despesas em Haifa, Israel. As amigas que recebiam o envelope partiam para o toalete, em busca de roupas de frio trazidas de Brasília por Glória, a pedido de Guitty. No toalete, era um verdadeiro desfile! As demais visitantes olhavam, discretamente, e saiam sem entender o que se passava. Nós, já em estado de êxtase, não nos dávamos conta de que estávamos sendo observadas. No embarque, parecíamos um exército em marcha pelo túnel em direção ao avião, quando Aneri, sendo seguida por agentes da Polícia Federal, foi interpelada. Como se recebesse um comando que vinha do Alto, todos paramos ao mesmo tempo, em fila, um em frente ao outro, no meio do corredor que dá acesso à aeronave, 47
  • 68. NÃO FOI UM SONHO... e respondíamos, em coro, tudo que a ela, era perguntado: “de onde você é”? “para onde está indo”? “Qual é o motivo da viagem”? “onde estão os documentos”? Só faltou todos entregarmos, em bloco, a carta convite da Casa Universal de Justiça, texto que fez um pelotão de duas pessoas, renderem-se ao batalhão de prontidão, do Senhor das Hostes. Viajamos “nas nuvens”, em todos os sentidos! Em Amsterdã, fizemos conexão e tivemos um dia no aeroporto. Ah! Aí tem muitos fatos! Todos estavam muito eufóricos, ansiosos! Mahrou e Diógenes Marcondes, resolverem sair à procura de um citytour; eu, Aneri, Leny, Orisson, Luiz Gonzaga (Lú) e Sadat, decidimos pegar um trem até o centro da cidade; Jorge Muniz, Glória, Márcia, Antônia, Valdeci e Conceição, disseram que ficariam, por medidas de economia, pois não sabiam o que encontrariam pela frente. No toalete deste aeroporto, eu e Leny avistamos no balcão das pias, uma luva preta, muito chique, de pelica. Lamentamos o fato de que alguém houvera perdido aquele fino objeto e, claro, lá o deixamos, sem saber que a luva era de Mahrou, tendo ela a esquecido em algum lugar. Esta é uma incrível história, que só ela sabe contar! Na parte térrea do aeroporto, o grupo se “batia” à procura da estação ferroviária que nos levaria à estação central. No vai e vem, nos defrontamos com uma jovem, muito simpática, de estilo persa, a quem nos dirigimos pedindo informações. Gentilmente, resolveu o que precisávamos e disse que estava indo na mesma direção. Enquanto eu e Orisson, muito entusiasmados com a 48
  • 69. MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES simpatia e semelhança daquela garota com as jovens persas, animadamente investigávamos sua vida e dizíamos quem nós éramos e para onde íamos. Durante o percurso de trem, Luiz Gonzaga (Lú) nos olhava apavorado, diante da nossa indiscreta “ingenuidade”. Retornamos, imediatamente, da Estação Central, depois de um caprichado lanche, pois a chuva e frio eram intensos. Os amigos que ficaram tinham razão: só fizemos gastar! E agora, como Orisson e Lú retornariam ao encontro dos amigos neste aeroporto, se os cartões de embarque e passaportes foram esquecidos nas suas bagagens? Ficaram retidos na barreira da Polícia Federal, junto aos amigos Sadat e Aneri, que, solidários, aguardavam com os dois, o meu retorno de Leny que entraram com a missão de buscar os documentos. Foi fatídico para todos, pois as horas passavam e nós duas, perdidas no aeroporto, procurávamos em vão, o ponto de origem, onde estavam os amigos e as bagagens. Desesperadas pelas horas já passadas, pedimos auxílio ao condutor de um pequeno carro de limpeza interna, que nos conduziu em passeio pelo aeroporto até que, finalmente, chegamos ao local: nem amigos, nem bagagem. Anunciamos no serviço de som do aeroporto e era muito engraçado a forma como pronunciavam o nome dos amigos. Era evidente, que jamais eles se identificariam naqueles chamados! Horas passaram-se, até que todos estivessem mais uma vez reunidos e os ânimos acalmados. Novamente “nas nuvens”, agora sim, voando em direção ao Mais Sagrado. No aeroporto de Tel-Aviv, o coração batia forte, e nos perguntávamos curiosos e desejosos: são todos bahá’ís?! A fila era grande, para as informações e apresentação dos documentos. 49
  • 70. NÃO FOI UM SONHO... Rapidamente, vimos Sadat, pela estranheza do seu nome, ser conduzido para interrogatório, numa sala reservada. Ficamos apreensivos, enquanto ele, muito tranqüilo. Não podíamos agir como em São Paulo com Aneri. Já estávamos em Israel, portanto, extremamente discretos e ocupados em corresponder ao máximo, às expectativas da nossa amada anfitriã – Casa Universal de Justiça. A emoção foi grande ao avistar o cavalete com cartaz de identificação da Conferência Bahá’í, tendo ao lado um Sr. que estava para nos recepcionar, junto a outros bahá’ís, que, como nós, acabavam de chegar. Fomos conduzidos em grupos, por Hotel. Eu fiquei no Shulamite. Antônia, amiga muito querida, dizia da sua alegria em ficarmos juntas em um mesmo apartamento do Hotel a maioria das pessoas que dividiram apartamentos, não se conheciam. Dizia, referindo-se à sua felicidade: “isso é coisa dos Conselheiros Rolf e Gabriel, que sabiam que eu não podia ficar de qualquer jeito, sem ao menos falar a língua, perdida nesse Hotel...” A escolha da minha companhia, também deixou muito feliz meu coração! Falando deste maravilhoso convívio, e ainda no espaço apropriado aos fatos pitorescos da viagem, vou compartilhar algo, ocorrido nos últimos dias em Haifa, e que foi motivo de muitas risadas, apesar da experiência constrangedora. Saímos, eu e Antônia, pouco agasalhada, para desfrutar do sol maravilhoso do dia, esquecidas do que poderia nos reservar aquela noite. Depois de cumprida a programação oficial, desejávamos estar com os amigos um pouco mais, tomar um chá..., mas sentíamos muito frio. Tentei tranqüilizar Antônia, lembrando que alguém falara, que 50
  • 71. MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES haviam roupas de frio para uso temporário, na Casa dos Peregrinos e que, portanto, poderíamos nos beneficiar desses abnegados préstimos. Fomos, alegre e rapidamente, resolver esta nossa necessidade, ao tempo em que eu lhe dizia no caminho: “mas..., a Casa de Justiça pensou mesmo em tudo, para que não nos faltasse nada, não é incrível?!” Chegando na nova Casa dos Peregrinos, nos dirigimos imediatamente ao ambiente onde descansavam as roupas de frio, em cabides. Observamos a variedade um pouco à distância, quando me dirigi, com o meu inglês muito desembaraçado, recorrer a duas bahá’is do setor de informação. “Por favor, estas roupas de frio, penduradas, podem ser usadas, como empréstimo?”; ao que responderam (eu entendi) amorosamente: “Sim, sim, podem, sim”. Então, lhe disse: “Puxa, aqui estamos vivendo mesmo um outro mundo, não?!”. “Sim, sim, estamos vivendo um outro mundo!” “Obrigada!” Passamos, eu e Antônia, depois que lhe transmiti o diálogo, a escolher as roupas que mais nos agradasse e melhor combinasse com o que vestíamos na ocasião. Cada uma cuidava de deixar a outra, mais arrumada possível. Antônia, ficou mesmo com uma bonita capa preta do tipo que só se encontra em Paris e eu, com uma outra de cor pink, muito bem combinada com a roupa preta que vestia. Descansamos os pertences sobre o braço, pois íamos primeiro ao imperdível chá com biscoitos finos, no refeitório. A Mão protetora de Bahá’u’lláh, colocou na nossa frente uma amiga bahá’í que convidou-nos a sentar um pouco, para relatar algumas das suas alegrias daquele dia. Sentadas descontraídamente, em frente ao local das roupas, aproxima-se Vahid Masrour, filho do Conselheiro 51
  • 72. NÃO FOI UM SONHO... Hervé, e de forma bastante delicada, aborda Antônia: “desculpa, não houve engano, esta capa não é a minha?” Nós duas dissemos ao mesmo tempo: “Ai, meu Deus, tem alguma coisa errada!” Como eu já conhecia Vahid e ele entendia perfeitamente o meu portanhol, pude explicar todo o mal entendido e ele, sorrindo, nos desculpar. Mas... que constrangimento!!! Tudo era surpresa e alegria! Logo cedo, no Hotel, recebemos do pessoal do Staff do Centro Mundial, as nossas pastas contendo todo o material que precisávamos, com programa, orientações, etc. Qual foi a emoção para nós brasileiros, ao encontrar junto ao material recebido, um delicado e florido cartão do casal Von Czékus, convidando-nos para um jantar em sua residência, em cujo encontro estariam os membros da Casa Universal de Justiça - o nosso muito amado Sr. Kaiser Barnes e o Sr. Hopper Dambar. Neste encontro, tudo era deliciosamente encantador: o convívio; as conversas; a visão do Santuário do Báb; as iguarias; o carinho em nos servir dos quatro jovens brasileiros, servindo em Haifa; as fotos na sala, na cozinha; as risadas com os relatos dos fatos pitorescos ocorridos na viagem; a lavagem da louça; etc. Estávamos em estado de graça! O anúncio de que teríamos ônibus diariamente, a cada vinte minutos, para nos recolher no hotel em direção à Casa dos Peregrinos e no retorno ao hotel, já nos impressionou, mas, o mais incrível, foi perceber o carinho e a delicadeza incansáveis, daqueles jovens bahá’ís do Centro Mundial, nos recebendo, durante todos aqueles dias, no ônibus, junto ao hotel ou em algum ponto da cidade, dando boas vindas, prestando informações, solícitos à 52
  • 73. MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES qualquer orientação. A mesma amorosidade e consideração vinham daqueles que nos conduziam em visitas aos Lugares Sagrados. Os fatos e Textos relacionados ao local da visita eram compartilhados, e o nós, espiritualmente preparados. Ao chegar no ônibus que nos conduziam a essas visitas, o lanche e água fresca, já nos esperavam e eram, calorosamente, repassados. Os integrantes dos grupos em visitas eram revezadas continuamente, de modo que todos pudessem se acercar de um maior número possível de pessoas, vindas de tantas partes do mundo, e assim, pouco a pouco fossemos conhecendo a representação da nossa família humana. Cada Lugar que visitávamos suscitava uma oração, cada ambiente uma emoção. Nossos espíritos se alegravam e entristeciam constantemente, em sentimentos entrelaçados pelas marcas do sofrimento e das vitórias da história da nossa Amada Fé. Como a querer refrescar o nosso espírito, após cada visita que fazíamos nas dependências dos Lugares em Akká e Bahjí, um singelo e saboroso lanche nos aguardava, servido com tanta simplicidade pelas mãos amorosas daqueles que nos aguardavam, em meio a tanta dignidade. Estar no Monte Carmelo, subir os Terraços, respirar a atmosfera espiritual daqueles Jardins, fazer orações no interior e circundar os Santuários do Báb e ‘Abdu’l-Bahá, percorrer o caminho do Arco, entrar nos Arquivos Internacionais, visitar o Centro de Estudo dos Textos, adentrar o Centro Internacional de Ensino, andar no interior da Casa Universal de Justiça, viajar a Akká, orar ao por do sol, contar as ondas dAquele mar, entrar na Maior Prisão, na Casa de Abbúd, de Abdú’lláh Páshá, ir a Bahjí, 53
  • 74. NÃO FOI UM SONHO... penetrar Sua Mansão, ultrapassar aquela porta do Ponto de Adoração, inalar o cheiro de rosas, receber o Abraço esperado, pisar cada ambiente, conhecer o significado de cada Lugar, contemplar cada Objeto, concentrar nas marcas visíveis e invisíveis de uma História de coragem, vitórias e de dor... é indiscritível!!! E o que dizer e com que palavras, sobre aquele momento tão acalentado, quando me vi diante da imagem dAquele que é o Desejo do Mundo, A Beleza Antiga?!!!... Se me prostrava em adoração e reverência, diante dAquela Figura incomparável, logo me erguia, buscando fixar meu olhar em cada detalhe do Seu semblante como a querer gravar na minha mente e coração, Algo de que nós, mortais, só apreende um lampejo; rendida, mais uma vez me curvava agradecida. A nossa subida pela Montanha de Deus - quase mil pessoas em procissão solene, em passos lentos e porte de reverência, desde o primeiro Patamar, percorrendo cada Terraço, onde estavam apostos amigos bahá’ís em serviço, nos acolhendo apenas com um doce olhar e sorriso discreto de boas vindas, ao som melodioso da água que percorria às bordas das escadarias, a visão majestosa à nossa frente - a Rainha do Carmelo - fazia daquela ocasião um momento mágico... quase irreal... Ainda em preparação para esta escalada, quando recebíamos as primeiras orientações, aqueles amigos que nos conduziam ao primeiro Patamar, dizendo oficialmente do significado daquele momento, expressou nestas palavras: “vocês, são primeiros crentes, a fazerem o percurso, que de acordo com a Profecia, reis e governantes farão um dia”. É muita emoção! 54
  • 75. MARIA DE FÁTIMA F. DE FARIAS FERNANDES Que impacto senti, quando me vi, no interior daquele Local, preparado tão dignamente, para receber os dignitários. Meu Deus!!!... Que Poder, extraordinário! Que Força absoluta!... Quando lembro, me vem lágrimas aos olhos e meu coração sente dor de emoção! Esta experiência afetou profundamente todo o meu ser!... Não posso esquecer aquela hora, aquela experiência... a luz do sol refletida do Carmelo, aquele Ambiente, a Presença Poderosa e Soberana de Bahá’u’lláh..., os meus pensamentos...: “é impossível alguém aqui, não se render por inteiro, de pronto!..” É..., toda uma trajetória, que nos conduzia ao momento ansiosamente esperado, quando, finalmente, todos nós, a representação da humanidade, estava reunida por três dias, como um grande e variado ramalhete de flores retiradas de um único Jardim, no recinto da Casa Universal de Justiça. Todos, de todas as partes, membros de todas as Instituições presentes na Terra Santa – Casa Universal de Justiça, Mãos da Causa de Deus, Centro Internacional de Ensino, Corpo Continental de Conselheiros, Corpo Auxiliar – e amigos em serviço no Centro Mundial, em uma única platéia, atentos, silenciosos, emocionados, agradecidos. Yá’Bahá’u’l-Abhá!!! 55
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  • 79. TOUBA MAANI HESSARI Ó Bahá’u’lláh, com que língua posso expressar a minha gratidão? Desde 1970 fui designada um Membro do Corpo Auxiliar do Brasil, quando o Brasil apenas tinha dois Membros do Corpo Auxiliar. Jamais sonhava que um dia Membros do Corpo Auxiliar pudessem ser convidados pela Casa Universal de Justiça. Com esta última, são oito vezes que eu peregrinei à Terra Santa, mas, desta vez foi diferente, por que as Promessas de Bahá’u’lláh no Kitáb-i-Aqdas já tinham sido cumpridas, as construções do Arco estavam prontos, e mostravam a Sua Divindade Administrativa que guiará o mundo pelo menos por mil anos. A cada passo, naquela Terra cheia de Santidade, desejava que todos nossos irmãos bahá’ís do mundo um dia pudessem peregrinar para este Mundo do Malakut, ou o Reino de Deus aqui na terra. Andávamos como uns loucos ou bêbados espirituais; não sentíamos cansaço nenhum; programa atrás de programa; éramos como uma pessoa com sede, que quanto mais tomava água, mais pedia, porque no fogo do coração a sede aumenta cada momento mais e mais. Ó Bahá’u’lláh, se a humanidade tivesse um pouco de justiça e eqüidade, jamais negaria a vinda do Seu Pai Celestial, Aquele que 59
  • 80. NÃO FOI UM SONHO... se não fosse Ele, nenhum Mensageiro vestia o Seu Manto de Manifestação. Que grande pena que o preconceito tapou os olhos interiores do povo, não permitindo que enxergassem a Luz do Sol da Verdade, e perderam a sua entrada no Reino de Deus no mundo do além. Já que falei da vinda do Pai, quero expressar o meu sentimento quando peregrinei ao Santuário de Bahá’u’lláh: Eu tinha um ano de idade quando perdi meu pai. Sempre na minha vida senti a falta dele, até que um dia eu estava lendo as histórias que Ashbashi escreveu sobre a vida de Bahá’u’lláh em Bagdá. Ele escreveu que um dia, um dos crentes estava chorando. Bahá’u’lláh, com muito carinho, colocou sua cabeça em Seu Colo dizendo: “Seu verdadeiro Pai sou Eu, por que está chorando?” Então, no Santuário, eu entrei no Tabernáculo do Meu Pai, muito amável, conversei secretamente com Ele, dizendo: Tu falaste: “aonde pode ir o apaixonado senão à Terra de sua bem-amada? E aquele que procura, poderá ele ficar tranqüilo longe do desejo de seu coração? Para quem ama verdadeiramente, a união é vida e a separação morte.” E Ele me respondeu: “Com as mãos do poder Eu te fiz; com os dedos da firmeza Eu te criei; e dentro de ti coloquei a essência de Minha Luz. Que estejas contente com isto e nada mais busques. Pois é perfeita Minha obra e inexorável Meu mandamento. Não questiones, nem alimentes dúvida sobre isto.” Pois, a lição foi dada, e me deixou contente, embora as lágrimas estivessem correndo sem parar ao sair do Santuário, e pensando: será que pode existir honra mais preciosa do que de estar dentro do Santuário do Mais Bem Amado? 60
  • 81. TOUBA MAANI HESSARI Quando estávamos subindo as escadas dos patamares, pensava comigo dizendo: Ó Násiri’d-Dín Sháh, onde estás? Vês esta Majestade? Sublimidade e Grandeza? Como, com seu orgulho e crueldade, martirizou o Bem Amado do mundo com 750 tiros? Hoje onde tu estás? E onde está Ele. Os Reis subirão no futuro estes patamares, para peregrinar o Santuário do Báb, mas antes de começarem subir as escadas dos patamares deixarão suas coroas na entrada das escadas, aquela coroa que te deixou tão orgulhoso e que finalmente te fez perder a vida eterna no outro mundo. Na subida das escadas estávamos vendo tanta Beleza e Majestade que só as lágrimas correntes podiam mostrar os sentimentos espirituais, que língua e pena não poderiam. Visitamos as quatro construções do Arco. A Bíblia diz: “Naquela época as Palavras de Deus sairão de Israel”. Hoje estamos vendo com nossos olhos o local do Centro de Estudos dos Textos Sagrados, onde todas as Palavras exatas e sagradas sairão de lá. No dia determinado em que deveríamos participar da inauguração do Centro Internacional de Ensino, descemos os nove patamares, na verdade voamos até chegarmos ao Santuário do Báb. Só peregrinamos por fora, continuamos até o Centro Internacional de Ensino. Sentimos a nossa responsabilidade diante da humanidade, no dia em que os Membros do Corpo Auxiliar das Américas se reuniram no auditório do Centro Internacional de Ensino. Alguns membros de diversos países faziam seus relatos e, sentíamos como o Instituto Ruhí unificou todos os países na parte 61
  • 82. NÃO FOI UM SONHO... de consolidação, e sem a menor dúvida, na Entrada em Tropas estaremos prontos para receber os novos crentes com braços abertos, graças a este curso Ruhí. Na Casa Universal de Justiça, a ordem, a beleza, a disciplina, algo que desde a criação até agora não existia igual, sentíamos como se não tivesse corpo, e sim com espírito, voando, admirando, agradecendo a Bahá’u’lláh que nos criou nesta época, que era o propósito da criação de Deus, chegar a presença da Glória de Deus. A Mão da Causa Sr. Furútan e os Membros da Casa Universal de Justiça chegaram e iluminaram o ambiente mais e mais. Sr. Furútan falou a respeito do amor a Bahá’u’lláh e a Casa Universal de Justiça, e a necessidade de mostrar o nosso amor com obediência. Disse que tanto Bahá’u’lláh no Kitáb-i-Aqdas, afirma que é o dever do povo de Bahá, como hoje, a Casa Universal de Justiça pede do povo de Bahá, que ensine a Fé, e não escolham idade, isto é, criança, adolescente, jovem, adulto, velho, todos somos - Povo de Bahá, que com obediência e servitude podemos mostrar o nosso amor a Eles. Era noite, todos os presentes, mais de 1000 pessoas, saímos do salão. A Rainha do Carmelo (Santuário do Báb) estava iluminando com ajuda das estrelas. Os membros da Casa Universal de Justiça em pé e os demais atrás deles, o silêncio era tão grande que a gente não acreditava que 1000 pessoas estavam assistindo aquele sonho juntos, apenas estávamos ouvindo a brisa do vento, que trazia e levava a fragrância Divina e espalhava em todo o mundo. Neste momento, o querido Mão da Causa tirou o chapéu e na direção do Santuário do Báb entoou a Epístola de Visitação. 62
  • 83. TOUBA MAANI HESSARI Não posso expressar o estado em que eu e todos nós estávamos. Assistindo ao próprio Reino de Deus aqui na terra. Neste momento em que a respiração estava presa, implorei a Bahá’u’lláh, para me ajudar e me dar confirmação para que eu possa guardar a minha servitude e obediência até o fim da minha vida neste mundo, para que, também, eu seja capaz de assistir este Reino de Deus no mundo do além. Quando abri meus olhos era de madrugada. Que sonhos agradáveis tivemos, e agora deixou uma lembrança inesquecível. 63
  • 84. 64
  • 85. por Valdeci de Jesus Rosa 65
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  • 87. VALDECI DE JESUS ROSA Momento Único Visitar a Terra Santa na conferência de janeiro de 2001 foi sem dúvida um acontecimento inesquecível. Para mim, um valioso presente vindo dos céus. Imaginava um dia visitar Israel, mas esse dia chegou como um chamado sem perguntas, sem imposições, apenas solicitando que estivéssemos lá na data marcada. E foi grande a felicidade de quem respondeu o chamado da Casa Universal de Justiça. Não é fácil descrever as emoções vividas, sentidas, a cada lugar Sagrado visitado. Entrar no Santuário do Báb foi algo que me marcou profundamente. Eu chorava como nunca chorei em minha vida, aquelas lágrimas eram de alegria, arrependimento, perdão, pois estava diante dos restos mortais do Báb e ‘Abdu’lBahá. Nunca meus olhos tinham presenciado jardins tão belos, o silêncio, a paz, o poder daquele lugar era algo transformador e percebia-se essa transformação em cada rosto. Em Akká vivi momentos de muita emoção e tristeza pelo fato de não podermos entrar. Era feriado e os portões estavam fechados por isso o grupo não pode entrar. Naquele momento todos choraram e lamentaram, pois queriam ver de perto a prisão que Bahá’u’lláh descreveu como sendo um dos piores lugares e de muito sofrimento. Assim acontecia com os peregrinos quando chegavam para visitar o seu grande Mestre e não podiam entrar. 67
  • 88. NÃO FOI UM SONHO... Depois de cinco dias de peregrinação, os três dias de conferência também foram marcantes. Começaram com a subida aos Patamares, caminho que os reis da Terra farão e reconhecerão a posição do Báb e desta Causa. A palestra sobre as crianças, a chegada dos Membros da Casa Universal de Justiça e a Mensagem lida no último dia da conferência onde todos os presentes choraram, realmente nenhuma palavra define os sentimentos daquele momento. O imenso amor da Casa Universal de Justiça, a forma como acolheu os Membros do Corpo Auxiliar me fez sentir protegida, nobre e importante para o mundo, como bahá’í e como um braço da Instituição do Corpo Continental de Conselheiros. Expresso aqui os meus sentimentos de amor, respeito e felicidade a essa Instituição maior da Causa de Deus na Terra: A Casa Universal de Justiça. 68
  • 89. Conclusão Minha intenção em organizar esses relatos sobre a viagem à Terra Santa é uma forma de registrar nossas impressões e sentimentos. O momento que vivemos foi de suma importância em nossas vidas e por isto, também, de importância para todos aqueles que nos cercam. Hoje, somos Membros do Corpo Auxiliar e estamos juntos. Não conhecemos os desígnios de Deus. É possível que daqui a alguns anos estejamos ainda presentes neste mundo material, e relembrando estes fatos maravilhosos, mas também é possível que não estejamos fisicamente próximos e então estes relatos serão as lembranças vivas e significativas, uns dos outros. Nada muda a vontade de Deus. O curso do caminho pode até variar, mas o ponto de chegada sempre será o mesmo. Dentre milhões de amantes de Sua Santidade Bahá’ú’lláh, dedicados servos, com anos de significativos serviços pela misericórdia divina, 990 foram convidados para a conferência da inauguração do edifício do Centro Internacional de Ensino, e lá estavam 849. Do Brasil éramos 25. Alguns de outros países tinham um mês de nomeação. Na mensagem de 14 de janeiro de 2001, a Casa Universal de 69
  • 90. NÃO FOI UM SONHO... Justiça faz referência ao valor de nossos futuros serviços para o avanço do processo de entradas em tropas. Não podemos e não devemos ser negligentes. Em sua sabedoria, a Casa Universal de Justiça tomou uma ação para garantir o sucesso da Instituição. Chama – A Terra Santa para nutri-la com “o espírito rarefeito dos Santuários Sagrados”. O momento é descrito pela Casa Universal de Justiça como: ““O início daquilo que futuras gerações irão se refletir como um esplêndido capítulo nos anais de nossa Fé.”” Quando chegamos lá éramos um tipo de pessoa. Ao deixar a Terra Santa, milhões de reflexões eram feitas. Numa das palestras do Sr. Furútan, ele contou que uma criança bahá’í estudava em uma classe e cada vez que a professora entrava, ele punha-se de pé, de forma muito respeitadora. Depois de alguns dias a professora, certamente achando estranho, perguntou ao aluno por que levantava todas as vezes que ela chegava, já que os demais não costumavam fazer isso. Ele respondeu: “Eu sou uma criança bahá’í. E então meteu a mão no bolso, puxou um folheto e deu a professora.” As palestras da Mão da Causa de Deus Sr. Ali-Akbar Furútan foram verdadeiramente um presente de Deus para nós. Cada exemplo que era dado, era uma lição de vida. Não temos dúvida disso. Assim como não temos dúvida das orações 70
  • 91. CONCLUSÃO da Casa Universal de Justiça para o sucesso em nossos serviços. Oxalá sejamos dignos... Não poderíamos deixar de registrar nosso respeito e admiração pela organização do evento na presteza dos serviços oferecidos, a humildade das pessoas que desempenharam as mais diversas funções no sentido de garantir nosso conforto. Foi a personificação da excelência. Nossos agradecimentos aos jardineiros que cuidam dos patamares e a cada pessoa que amorosamente nos atendia, nos ônibus, na casa dos Peregrinos, nos Lugares Sagrados, enfim em cada lugar que estivemos. De forma especial à Casa Universal de Justiça e ao Centro Internacional de Ensino e as Mãos da Causa de Deus, Senhores “Alí-Akbar Furútan” e “Alí-Muhammad Vargá”. Que Sua Santidade Bahá’ú’lláh nos faça firmes em Seu Caminho neste dia. ““O Dia em que as fragrâncias da misericórdia manaram sobre todas as coisas criadas, um Dia tão abençoado que as eras passadas e os séculos idos não podem esperar jamais o rivalizar...”” Bahá’ú’lláh 71
  • 92. NÃO FOI UM SONHO... Apêndice O Pitoresco da Viagem à Haifa Caro leitor, é impossível quatorze pessoas viajarem juntas do Brasil a Haifa sem passarem por situações no mínimo engraçadas. Alguns amigos viajaram no mesmo dia, mas em companhias aéreas diferentes. Nosso vôo era pela KLM. Juntos estavam Luís Gonzaga, Jorge, Sadat, Orisson, Diógenes Andrade, Srª Mahrou, Aneri, Márcia, Fátima, Antonia, Glória, Valdeci, Leni e Conceição. Nos encontramos em São Paulo para fazermos o vôo juntos para Amsterdam. Logo que cheguei, descobri que estava com o cartão de vacina contra Hepatite e não contra febre amarela. Foi um sacrifício fazer o funcionário do Ministério da Saúde por meus dados numa carteira para que eu levasse. Só colocou graças a ajuda de Glória, com seu tino diplomático. Eu estava justamente procurando o Ministério da Saúde quando encontrei Gloria e Orisson no aeroporto. Estava muito eufórica por isso devo ter dito que procurava o Ministério Público. Pronto! Foi o suficiente para Orisson ficar contando para todos que queria tirar carteira de Saúde no Ministério Público. Ao embarcar para Amsterdam deu-se o primeiro contratempo. Foi algo inexplicável. O serviço de som chamou Jorge para um 72
  • 93. APÊNDICE determinado guichê. Luis Gonzaga, Sadat, Orisson, Sra. Mahrou e Diógenes seguiram em frente. Então um policial federal pediu de forma ríspida que Aneri encostasse na parede. Alguns minutos antes, Aneri, havia descoberto que não estava com sua carta convite. Orisson tinha cópia e tirou uma e deu para Aneri, que providencialmente entregou ao policial que a interpelava. Éramos oito mulheres e ficamos também na parede em companhia de Aneri. Os demais passageiros passavam nos olhando interrogativamente. Outro policial pegou a carta leu e disse para o colega que íamos a Haifa a convite de uma instituição. Parece que o inglês dele não era muito bom. Mas pelo menos era mais gentil. Fomos então liberados. Jorge havia sido chamado por nada. Ele se apresentou no guichê, mas ninguém queria falar com ele. Seguimos nossa viagem. Não sabemos ao certo o que houve. Passamos a noite inteira no vôo. Durante a viagem quem ficou na roda do riso, foi Valdeci por não ter entendido a pergunta em inglês da aeromoça. No aeroporto de Amsterdam, após uma noite inteira de vôo, havia a possibilidade de haver um passeio de trem pela cidade e de barco pelo canal. Mas o custo era um pouquinho caro e o tempo estava muito frio. O grupo se dividiu. Alguns saíram e outros ficaram.O que saiu era formado por Luís, Fátima, Leni, Sadat, Orisson e Aneri. Eles certamente esqueceram que não estavam no Brasil não levaram passaporte. Inexperiência de “marinheiro de primeira viagem”, porém nem todos eram. O resultado da inexperiência é que ficaram detidos por quase três horas correndo o risco de serem 73
  • 94. NÃO FOI UM SONHO... mandados de volta para o Brasil. Fátima e Leni ficaram liberadas para pegar o passaporte dos que não haviam levado. Após andarem até os pés doerem, conseguiram carona num carrinho, que atende os funcionários, para nos encontrar, mas como havíamos mudado de lugar - fomos ao McDonalds não nos encontramos. Tentaram chamar Jorge pelo serviço de comunicação do aeroporto, mas a pronúncia da moça falando em espanhol não era audível. Nos encontramos por acaso no aeroporto. Jorge foi levar o passaporte para liberá-los. Algum tempo depois, Márcia foi chamada também para atender um chamado de Orisson. Eu e Val, que tínhamos sido motivo de riso, e que antes dissemos à Márcia para não ir ao encontro deles, sugerimos que agora fosse. Ela foi o mais rápido possível. Foi muito engraçado esse momento. Luís e Orisson e Sadat chegaram por um setor; Aneri, quase em desespero, pelo outro. E Márcia? Logo aparece do mesmo lado que foi, mas um homem uniformizado diz que deve voltar e entrar pelo outro lado. Ela obedeceu. Depois de alguns longos minutos estamos todos juntos. É quase hora de fazer o chek-in para o vôo de Haifa. Embarcamos. É madrugada quando chegamos a Tel Aviv. Fila para carimbar passaporte. Na mesma fila está Luís, Sadat e eu. Luís sai pra um guichê vazio, Sadat chega ao guichê. A moça que o atende se comunica com outra no guichê ao lado apontando para o nome no passaporte, fala num aparelho, chegam varias pessoas, levam-no para um lugar reservado. Ao terminar meu visto vou avisar que levaram Sadat. Márcia e outros estão indo ver o 74
  • 95. APÊNDICE que aconteceu, mas logo aparece Sadat, que tinha sido liberado. O sobrenome tinha sido suficiente justificativa. Vamos enfim receber as malas. Quatro malas não chegaram. A de Aneri, Diógenes Andrade, Jorge e Glória e a de Leni estava arrombada, mas só sumiu o livro de orações. Tivemos que enfrentar uma longa espera para que os amigos preenchessem formulários e recebessem uma quantia em dinheiro para providenciar algumas peças de roupas até que as malas aparecessem. A chegada no hotel daria um capítulo à parte. Com relação ao nome Sadat, ficou proibido de ser pronunciado em Haifa ou era pronunciado baixinho. Houve um momento que até levei um susto. Foi quando Glória falando com Sadat chamou: - Chiquinho venha! Eu perguntei? - Quem é Chiquinho? (Ora, no grupo não havia nenhum Chiquinho) - Quem poderia ser? Que nome não podemos falar? - Ah! E ela continuou: - Venha Chiquinho? (riso...riso...) Muito riso....... 75
  • 96. 76