1. Esquema da palestra: Encontro com Cristo
1. Olhando a realidade
1.1. Realidade social
1.2. Realidade religiosa
1.3. Importância do encontro
1.4. O discípulo nasce do encontro
2. Encontro pessoal com Jesus Cristo: o caminho da missão
2.1. Adesão dos primeiros discípulos de Jesus (Jo 1,35-51)
2.2. Exemplos de encontros de Jesus com as pessoas
2.3. Exemplos de encontros que não resultavam em conversão
3. Como e onde podemos fazer um encontro pessoal ou comunitário com Jesus Cristo?
3.1. Escuta da Palavra de Deus
3.2. Liturgia, principalmente a Eucaristia
3.3. Oração pessoal e comunitária
3.4. Os pobres, aflitos e enfermos
4. Conclusão
2. Encontro com Cristo
“Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou por uma grande idéia, mas
através de um encontro... com uma pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma
orientação decisiva” (DCE, 12)
1. Olhando a realidade
1.1. Realidade social
Grande número de pessoas perdeu o sentido de sua vida e agora tenta reconstruir sozinho,
num individualismo decepcionado, algum sentido, o que contribui para o crescimento do
desinteresse político de muitos, do relativismo, do consumismo desenfreado na vida
quotidiana, do cinismo diante da vida, do “cuide cada um de si mesmo”, da corrupção na política
e portanto da desvalorização da ética. A fragmentação da sociedade cresceu, com a consequência
do desgaste das grandes instituições públicas, incluídas as grandes religiões.
1.2. Realidade religiosa
É neste contexto que hoje a sociedade consumista oferece também uma espécie de
supermercado de religiões, principalmente nas áreas urbanas, onde os indivíduos isolados e
decepcionados, até mesmo com sua própria religião, buscam novos refúgios e novos coletivos.
Mas, há também um outro movimento: muitas religiões ou igrejas, especialmente as de origem
mais recente, vão em busca dessas pessoas isoladas. Trata-se de pessoas de todas as classes
sociais, que se sentem sem amparo e sem rumo, mas sobretudo nas grandes periferias urbanas
pobres, onde além da falta de um claro objetivo para suas vidas as pessoas e famílias sofrem
sozinhas toda sorte de carências, como falta de trabalho, de escola, de saúde, de moradia,
chegando a passar fome e miséria extrema.
1.3. Importância do encontro
Essas religiões, aqui entre nós principalmente as chamadas igrejas de crentes ou evangélicas-
pentecostais e neo-pentecostais, vão ao encontro dessas pessoas, de todas as classes sociais, mas,
sobretudo das pessoas pobres, e procuram levá-las a suas comunidades. Vão visitar as famílias,
fazem um encontro com as pessoas e assim convertem a muitos. Percebemos facilmente que
o fator “encontro com as pessoas” é decisivo.
1.4. O discípulo nasce do encontro
De fato, o discípulo nasce do encontro. Encontrar as pessoas e levá-las a ter um encontro
forte e pessoal com Jesus Cristo. Este é o caminho da missão, que Jesus entregou aos seus
apóstolos e a nós, hoje, quando disse: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda
criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo”(Mc 16,15-16); “fazei que todas as nações se
tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
2. Encontro pessoal com Jesus Cristo: o caminho da missão
Nos Evangelhos vemos como o próprio Jesus converte as pessoas em discípulos seus através de
encontros fortes com elas.
2.1. Adesão dos primeiros discípulos de Jesus (Jo 1,35-51)
No texto de Jo 1,35-51se narra como ocorre a adesão dos primeiros discípulos de Jesus. Jesus
havia sido batizado por João, no rio Jordão. No dia seguinte, João Batista estava de novo ali com
dois de seus discípulos. Acontece que também Jesus naquele momento passou novamente por
lá. João ao vê-lo, o proclamou, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus”. Ouvindo isso, os dois
discípulos de João Batista se aproximam de Jesus e lhe perguntam: “Onde moras?”. Disse-lhes
3. Jesus: “Vinde e vede”. Eles então foram com Jesus, viram onde morava e permaneceram com
Ele o resto do dia.
Foi um encontro pessoal muito forte dos dois com Jesus. Um encontro que Jesus espera que
também nós façamos e renovemos, um encontro forte e pessoal com Ele, para renovar nosso
discipulado.
Foi um encontro face a face, de tu a tu. De fato, os dois discípulos de João que se encontraram
com Jesus, deixaram-se atrair e envolver pessoalmente. Saíram deste encontro
transformados, iluminados, entusiasmados. Haviam-se deixado alcançar por Jesus e este os
havia impressionado intensamente. Eles creram em Jesus. Aderiram a Ele com todo seu ser.
Tinham a certeza de que este era o enviado de Deus, o Messias prometido, e isto os fazia vibrar
de emoção e alegria espiritual. Estavam prontos a segui-lo e investir tudo nele. Ele seria daqui
para frente seu Mestre e seu caminho, sua certeza e sua felicidade. Tornaram-se seus discípulos,
para nunca mais o deixarem.
O texto do Documento de Aparecida sublinha este aspecto quando diz que Jesus “despertava as
aspirações profundas de seus discípulos e os atraía a si, maravilhados. O seguimento é fruto de
uma fascinação que responde ao desejo de realização humana, ao desejo de vida plena. O
discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como o mestre que o conduz e
acompanha” (DAp 277).
Como o apóstolo Paulo dirá mais tarde, também eles podiam dizer: “Quem nos separará do
amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada?
... Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o
presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura, nem a profundeza, nem qualquer outra
criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm
8, 35 e 38-39).
Essas também devem ser as palavras que devem brotar de nosso coração quando nos
encontramos com Cristo. Mas para isso é preciso sempre de novo deixar-nos alcançar por Ele,
de coração aberto e disponível. Devemos poder dizer com o apóstolo Paulo: “Eu já fui
alcançado por Cristo Jesus” (Fip 3,12). Quando é que eu me senti alcançado por Cristo?
Diz o Documento de Aparecida: “Conhecer Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa
pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossa vida, e fazê-lo conhecido com
nossas palavras e obras é nossa alegria” (DAp 29).
O evento da adesão dos dois primeiros discípulos continua narrando como eles saíram deste
encontro para contar a seus companheiros tudo o que experimentaram e levá-los, por sua vez, a
fazer um encontro com Jesus.
Diz o texto que André era um dos dois. Ele saiu do encontro com Jesus e foi depressa
procurar seu irmão Simão Pedro, para dizer-lhe ainda emocionado e feliz: “Encontramos o
Messias”. Esta afirmação simples e entusiasmada de André deve ter surpreendido
profundamente Simão Pedro. Sim; toda Israel esperava o Messias há séculos. Os profetas de
época em época lembravam isso ao povo. Mas agora, ouvir tão abruptamente da boca de seu
irmão: “Encontramos o Messias”, deve ter sido um abalo muito intenso.
Pedro aceita ir com André para encontrar-se com Jesus. Ao chegarem, Jesus fita Pedro nos
olhos e penetra todo o seu íntimo e depois diz: “Tu és Simão, filho de Jonas; chamar-te-ás
Cefas (que quer dizer Pedra)”. O encontro com certeza se prolongou. Ao saírem de junto de
Jesus, Pedro e André haviam sido conquistados para sempre. Suas vidas daqui para frente
mudariam totalmente. Serão discípulos deste Jesus, em quem reconheceram o Messias.
No dia seguinte, Jesus encontra Felipe, que – como diz o texto - morava na mesma cidade que
Pedro e André. De novo se repete esta extraordinária transformação, que faz de Filipe mais um
discípulo. E ele, também, assim como André fez com seu irmão Pedro, Felipe vai em busca de
alguém que possa ouvi-lo e a quem possa transmitir a maravilhosa experiência, o forte encontro
4. que mudou sua vida e seu futuro. Vai buscar Natanael e lhe diz: “Encontramos aquele de quem
escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”.
Também Natanael se sente sacudido pela surpreendente declaração de Felipe e acaba indo com
ele ao encontro de Jesus. Este o recebe com uma declaração que faz Natanael sentir-se
imediatamente acolhido como se fosse um familiar, um conhecido e amigo. Jesus lhe diz: “Eis
verdadeiramente um israelita em quem não há falsidade”. No transcorrer deste encontro,
também Natanael se sente transformado, atraído e iluminado. Sente-se envolvido
pessoalmente e percebe que Jesus o vincula a si para sempre. Natanael adere a Jesus e crê
que este Jesus é o Messias prometido e exclama: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de
Israel”.
“Quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só
Ele nos salva (cf. At 4,12). De fato, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há
esperança, não há amor, não há futuro” (DAp 146).
2.2. Exemplos de encontros de Jesus com as pessoas
Os Evangelhos trazem muitos exemplos destes encontros de Jesus com pessoas, que acabam
crendo em Jesus, aderindo a ele totalmente, tornando-se seus discípulos e discípulas, capazes de
investir toda sua vida nele e no seu Reino.
Podemos citar os encontros com:
• os irmãos Lázaro, Marta e Maria, de Betânia (Lc 10,38-42; Jo 11,1-45),
• Nicodemos (Jo 3,1-21; 19,38-42)
• a Samaritana (Jo 4,5-42)
• Mateus (Levi) (Mt 9,9),
• o cego de Jericó (Lc 18,35-43),
• o rico Zaqueu (Lc 19,1-10).
Em todos, ocorre aquela extraordinária transformação interior, a adesão, a fé, a prontidão
em seguir Jesus e ser seu discípulo.
Não podemos deixar de mencionar os encontros que ocorreram depois da ressurreição de Jesus
Cristo. Esses encontros renovaram e aprofundaram a adesão dos discípulos e discípulas, os
quais são então fortalecidos e consolidados na sua fé e discipulado com o dom do Espírito
Santo. Lembremos os encontros de Jesus ressuscitado com:
• Maria Madalena (Jo 20,11-18),
• as outras mulheres (Lc 24,1-11),
• Simão Pedro (Jo 21,15-19),
• os apóstolos reunidos (Jo 20,19-23; Lc 24,36-49),
• Tomé (Jo 20,24-29),
• os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35),
• a multidão de discípulos reunidos na hora de sua ascensão ao céu (Lc 24,50-53),
• o apóstolo Paulo, no caminho de Damasco (At 9,1-19; 22,6-21; 26,12-18).
Sempre de novo trata-se de encontros pessoais e agora também comunitários, ou seja, com a
comunidade que Jesus fundara e agora se consolidara com sua ressurreição e o dom do Espírito
Santo.
2.3. Exemplos de encontros que não resultavam em conversão
Mas quando faltavam certas condições de disponibilidade interior e de desapego, quando
outros interesses de poder, dinheiro ou prestígio continuavam prevalecendo, o encontro não
resultava em conversão, como aconteceu no caso do jovem rico (Mt 19,16-22; Mc 10,17-22),
a quem o apego à riqueza impediu de seguir o Mestre. O inverso aconteceu com Zaqueu, que
também era rico, mas se converteu, devolveu ao quádruplo tudo que havia adquirido ilicitamente
e do que lhe sobrou deu a metade aos pobres. Mesmo um dos Doze, Judas Iscariotes (Jo
12,1-8; 13 21-30; Mt 27,1-10), nunca se converteu de verdade. João o acusa de ser ladrão.
5. Alguns pensam que ele tinha outro projeto de poder e dominação, que não coincidia com o
projeto de Jesus. Acabou traindo o Mestre e entregando-o para ser morto, recebendo em troca
trinta moedas. Por fim, desesperado, enforcou-se.
3. Como e onde podemos fazer um encontro pessoal ou comunitário
com Jesus Cristo?
O papa João Paulo II, na Ecclesia in América (n.10), orienta como fazer o encontro com Jesus
Cristo após sua ascensão ao céu, no tempo da Igreja, portanto, também hoje. Encontrar a Cristo
é um dom de Deus e não simplesmente resultado de nossos esforços humanos. Na verdade, é
Ele quem nos busca e nos amou primeiro. Ele bate à nossa porta. Mas somos nós que
devemos acolhê-lo livremente. O apóstolo Paulo, por isso, diz com razão: “Eu já fui alcançado
por Jesus Cristo” (Fl 3,12). Jesus Cristo o buscou e Paulo lhe abriu a porta.
Onde pode dar-se hoje este nosso encontro ou re-encontro? Devemos sempre de novo re-
encontrar-nos. Reconstruir e consolidar nossa adesão de discípulos de Jesus Cristo.
João Paulo II, na Ecclesia in América (n.10), e o Documento de Aparecida (DAp 246-257) nos
indicam algumas situações privilegiadas, em que isso pode acontecer. Entre os lugares do nosso
encontro ou re-encontro com Jesus Cristo podemos destacar:
3.1. Escuta da Palavra de Deus
O encontro com Jesus Cristo pode acontecer na escuta da Palavra de Deus, seja ouvindo de
novo a pregação do querigma fundamental, pois, como escreve Paulo: “a fé nasce da pregação”
(Rm 10,17), seja lendo a Palavra de Deus.
Desconhecer a Bíblia é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Daí o convite de
Bento XVI: “Ao iniciar a nova etapa que a Igreja missionária da América Latina e do Caribe se
dispõe a empreender [...] é condição indispensável o conhecimento profundo e vivencial da
Palavra de Deus. Por isto, é necessário educar o povo na leitura e na meditação da palavra:
que ela se converta em seu alimento para que, por experiência própria, vejam que as palavras
de Jesus são espírito e vida (cf. Jo 6,63). Do contrário, como vão anunciar uma mensagem cujo
conteúdo e espírito não conhecem profundamente? É preciso fundamentar nosso compromisso
missionário e toda nossa vida na rocha da Palavra de Deus” (DAp 247).
Entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, a Lectio divina ou exercício de
leitura orante da Sagrada Escritura é a mais recomendada. Esta leitura orante conduz ao encontro
com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus-Messias, à comunhão com Jesus-Filho
de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do universo. Com seus quatro momentos (leitura,
meditação, oração, contemplação), a leitura orante favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo
semelhante ao modo de tantos personagens do evangelho. Todos eles, graças a este encontro,
foram iluminados e recriados porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se
oferece por sua Palavra de verdade e vida. Não abriram seu coração para algo do Messias, mas
ao próprio Messias.
3.2. Liturgia, principalmente a Eucaristia
Outro lugar em que posso fazer o encontro com Cristo é na liturgia, diz João Paulo II. A
Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. “Com este
Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao
próximo. Há um estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e
viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo, que a existência cristã adquira verdadeiramente
uma forma eucarística. A Eucaristia, fonte da vocação cristã é, ao mesmo tempo, fonte do
impulso missionário. Ali, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a
vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido” (DAp 251).
6. Em consequência, também as visitas ao Santíssimo Sacramento, fora da Missa, são
oportunidades excelentes de um encontro com Cristo.
Os fiéis que não têm a oportunidade de participar da Eucaristia dominical, também eles podem e
devem viver “segundo o domingo”, participando da celebração dominical da Palavra, que faz
presente o Mistério Pascal no amor que congrega, na Palavra acolhida e na oração comunitária.
O sacramento da reconciliação é o lugar onde o pecador experimenta de maneira singular o
encontro com Jesus Cristo, que se compadece de nós e nos dá o dom de seu perdão
misericordioso, faz-nos sentir que o amor é mais forte que o pecado cometido e nos devolve o
entusiasmo de anunciá-lo aos demais com o coração aberto e generoso.
3.3. Oração pessoal e comunitária
Outro lugar de encontro é certamente a oração tanto pessoal como comunitária. A oração pode
constituir-se em um tempo de profunda intimidade com Cristo e de compromisso.
A oração é o lugar onde o discípulo, alimentado pela Palavra e pela Eucaristia, procura assumir a
vontade do Pai. A oração diária é um sinal do primado da graça no caminho do discípulo
missionário. “Também hoje o encontro dos discípulos com Jesus na intimidade é indispensável
para alimentar a vida comunitária e a atividade missionária” (DAp 154).
Jesus está presente também em meio a uma comunidade que se reúne na fé e no amor fraterno.
Nela, Ele cumpre sua promessa: “Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no
meio deles” (Mt 18,20). Os discípulos experimentam a força de sua ressurreição até se identificar
profundamente com Ele: “Já não vivo eu, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Por isso,
estar em comunidade, participar dela, rezar e celebrar com os irmãos, pode se tornar um lugar de
uma forte experiência de encontro com Cristo.
3.4. Os pobres, aflitos e enfermos
Segundo o papa João Paulo II e o Documento de Aparecida, os pobres, nos quais Cristo quer
ser identificado, são também lugares de encontro com Cristo. O amor aos irmãos é sempre uma
forma de amar a Deus e unir-se a Jesus Cristo como discípulo. Ele mesmo disse: “Nisto
reconhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Mas
entre os irmãos, os pobres e sofridos de todo tipo devem ter a prioridade em nosso amor e
solidariedade. Contudo, só veremos Jesus nos pobres, se tivermos conseguido construir um
relacionamento pessoal muito forte e consciente com Cristo.
“O discípulo missionário é chamado a contemplar nos rostos sofredores de nossos irmãos, o
rosto de Cristo que o chama a servi-lo neles. Os rostos sofredores dos pobres são rostos
sofredores de Cristo. Tudo o que tenha relação com Cristo, tem relação com os pobres e tudo o
que está relacionado com os pobres reivindica a Jesus Cristo: ‘Quando fizeram a um destes
meus irmãos menores, fizeram a mim’ (Mt 25,40)” (DAp 393).
Da contemplação do rosto sofredor de Cristo nos pobres e do encontro com Ele nos aflitos e
marginalizados surge nossa opção por eles. A mesma união a Jesus Cristo é a que nos faz amigos
dos pobres e solidários com seu destino.
3.5 A piedade popular
A piedade popular é indispensável ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e
se faça mais fecunda. Entre as expressões dessa piedade encontramos: as festas patronais, as
novenas, os rosários, via-sacras, as procissões, as danças, carinho dos santos e aos anjos, as
promessas, as orações em família.
A forte experiência de Cristo acontece nas peregrinações para os Santuários. A peregrinação é
uma confissão de fé onde os peregrinos experimentam a presença de Cristo na fraternidade, no
7. caminhar juntos. Nos Santuários, muitos peregrinos convertendo-se tomam decisões que marcam
suas vidas.
4. Conclusão
O discípulo nasce do encontro forte e pessoal com Cristo. É preciso que sempre de novo
renovemos este encontro para consolidar-nos como discípulos seus.
Contudo, os discípulos não vivem isolados, mas Cristo os reúne em comunidade, a partir da
comunidade dos Doze Apóstolos. Assim, por sua vez os apóstolos, após a volta de Cristo ao Pai,
quando fazem novos discípulos por sua pregação e testemunho, formam novas comunidades.
Desse modo, o encontro com Cristo, na Igreja, deve também sempre acabar tornando-se um
encontro comunitário.