A relação entre mãe e bebé nos primeiros dias após o nascimento é extremamente importante para o desenvolvimento da criança. Esta relação influencia a personalidade, autoestima, confiança e capacidade de relacionamento interpessoal da criança. Existem diferentes tipos de vinculação que a criança desenvolve, incluindo vinculações primárias e subsidiárias.
2. Relação mãe - bebé
A quantidade e a qualidade do contacto mãe/bebé nos primeiros dias depois
do parto são de especial importância.
No primeiro ano de vida, esta relação é primordial ao desenvolvimento futuro
do bebé, a nível de:
Personalidade
Autoestima
Confiança em si próprio
nos outros
Relacionamento interpessoal
Capacidade de adaptação
A mãe comunica poeticamente com o bebé. Transforma as inquietações em
segurança, o desconforto em bem estar, torna tolerável a angústia, faz o bebé
sentir-se amado, compreendido e protegido. Esta relação desde sempre é
diferenciada dos outros relacionamentos.
É a partir deste ponto de partida que se irá estabelecer o primeiro contacto
com tudo o que o rodeia.
3. Figuras de vinculação
Todas as pessoas que estabelecem um vínculo afetivo com o bebé,
podendo este ser mais ou menos forte.
São identificados dois tipos de figuras vinculadoras:
Figuras de vinculação primária: todos aqueles que desenvolvem um
vínculo afetivo mais forte com a criança; geralmente a mãe, o pai ou os
irmãos, importantes agentes de segurança e de socialização para a
criança.
Figuras de vinculação subsidiária: todos aqueles que, apesar de
desenvolverem também um vínculo afetivo com a criança, não o
realizam com tanta intensidade como as figuras de vinculação
primária. São geralmente os tios, avós ou primos.
Estas figuras irão facilitar e permitir a realização do processo de
vinculação/desvinculação.
4. Comportamento de vinculação
É qualquer ato/ação que tem como resultado previsível estabelecer ou manter a
proximidade da criança com a figura vinculadora.
Segundo Bowlby, existem cinco comportamentos no bebé:
1. chupar
2. agarrar
3. seguir
4. chorar
5. sorrir
•Estes comportamentos visam ligar a criança à mãe, sendo através deles que chama a
atenção, por forma a obter resposta.
•A partir de certa idade, entre os seis e oito meses de idade, o bebé começa a saber quem
é a mãe; a partir de então, chora e inquieta-se quando a vê partir, torna-se dependente da
mãe.
•Estabelece com ela uma relação que vai ter um papel fundamental no seu
desenvolvimento físico e social subsequente.
•A proximidade com a mãe permite ao bebé responder às suas necessidades,
proporcionando-lhe um sentimento de segurança.
5. Tipos de Vinculação:
Vinculação Segura:
• A criança utiliza a mãe como base de segurança a
partir da qual explora o meio.
• Chora com pouca frequência. No entanto,
nos momentos de separação mostra-se
perturbada.
• Nos reencontros com a mãe, saúda-a ativamente,
sinaliza-a e procura o contacto com ela.
• Existe equilíbrio entre os comportamentos de
vinculação e de exploração.
6. Tipos de Vinculação (cont.):
Vinculação Insegura:
•A criança permanece junto da mãe; aparenta
alguma ansiedade e explora pouco o meio.
•Nos momentos de separação, mostra-se
muito perturbada.
•Nos reencontros com a mãe o seu
comportamento pode alternar entre tentativas de
contacto e contacto com sinais de rejeição.
•Após o reencontro com a mãe, a criança fica
vigilante.
•Os comportamentos de vinculação predominam face
aos comportamentos exploratórios.
7. As crianças com uma vinculação segura
parecem adaptar-se muito melhor à vida social.
No que diz respeito a tarefas cognitivas:
mais inseridas no jogo simbólico,
mais entusiastas,
mais fáceis de ensinar,
com mais resistência à frustração,
mais capazes de coordenar soluções de problemas,
crianças mais populares no infantário,
tomam mais vezes a iniciativa de estabelecer contactos
sociais,
são mais competentes a ajudar os outros.
Estas características refletem a sua autoestima.
8. Individualização
• Na primeira infância a vinculação tem um papel
importantíssimo, dominando as relações que a
criança mantém com os outros,
designadamente com os progenitores.
• Em articulação com o processo de vinculação,
desenvolve-se o processo de individualização.
• O conceito de individualização diz respeito à
necessidade primária do ser humano de criar a
sua própria identidade, a sua individualidade e
de se distinguir daqueles com quem mantém
laços de vinculação.
9. Bibliografia:
• Bowlby, J. 1988 O comportamento de vinculação - Um
modelo em dupla hélice do desenvolvimento psicológico:
vinculação/separação ao longo do ciclo de vida (texto
disponibilizado nesta UC).
• João Gomes-Pedro (2004) O que é ser criança? Da genética
ao comportamento, Análise Psicológica, 1 (XXII), pp. 33-42
(texto disponibilizado nesta UC).
• Matta, I. (2001). Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta. (Capítulo 4 -
parcial, pp. 284-332).
• Moraes, S. R. (1999). O desenvolvimento do processo
cognitivo na criança segundo J. Piaget. Econonom. Pesquisa,
1 (1), pp. 98-110.
• Tavares J., Pereira A, Gomes A., Monteiro S., Gomes A.
(2007) Manual de Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem. Porto: Porto Editora.