O documento resume o contexto histórico e as principais características do período barroco, incluindo a contrarreforma católica, o dualismo entre o mundo material e espiritual, e o uso excessivo de figuras de linguagem. O documento também analisa um soneto de Gregório de Matos que ilustra temas comuns da arte barroca como a fé em Deus e a mortalidade.
4. • A Reforma Católica ou Contrarreforma
• Século XIV – Crise na Igreja Católica;
• Apogeu do Absolutismo e da
Contrarreforma;
• Dualismo: Teocentrismo e
Antropocentrismo;
• Fusionismo: mitologia pagã e cristã;
• Sinuosidade labiríntica.
5. • Os sentimentos se exaltam, não são mais
controlados pela razão;
• A antítese da vida e morte está no centro da
arte barroca;
• Surge em um momento histórico conturbado,
da contrarreforma e de muitas guerras.
6. • A tela do pintor francês registra a fatídica noite de 1572 em que
milhares de protestantes foram mortos em Paris, a mando dos reis
católicos franceses.
MassacredeSãoBartolomeu(Foto:Pintura:
FrançoisDubois/Reprodução)
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/
movimentos-literarios/barroco.html.Acessoem
05/07/2014
8. • Oposição entre o mundo material e o mundo
espiritual; visão trágica da vida;
• Conflito entre fé e razão;
• Morbidez;
• Idealização amorosa; sensualismo e sentimento
de culpa cristão;
• Consciência da efemeridade do tempo;
• Gosto por raciocínios complexos, intrincados,
desenvolvidos em parábolas e narrativas
bíblicas.
• Carpe Diem.
10. • Gosto pelo soneto;
• Emprego da medida nova
(poesia);
• Gosto pelas inversões e por
construções complexas e raras;
• Emprego frequente e excessivo
de figuras de linguagem.
11. Antitese
Oposição entre duas ideias, termos ou palavras, sem que,
entretanto, haja um contrassenso, ou seja, algo que vá
contra a lógica, a razão. E.: “Nasce o sol e não dura mais
que um dia”. Esse verso de Gregório de Matos não
constitui um absurdo: de fato o Sol “nasce” (torna-se
visível no céu), mas essa vida (de intenso brilho), não
ultrapassa o período breve de um único dia. Talvez na
Islândia essa afirmação seja disparate, mas não no
contexto em que o poema foi produzido, ou seja, em
nosso país, onde o sol nasce e se põe no espaço de 12
horas. São ideias opostas, mas factíveis, isto é, que podem
12. paradoxo
Oposição de ideias que leva a um contrassenso,
um absurdo. Ex.: “Amor é fogo que arde sem
se ver/ é ferida que dói e não se sente”. Os
dois versos de Camões indicam algo que é
impossível no plano do real: se o “fogo arde”,
como não o ver? Se a “ferida dói e não se
sente”, como podemos detectar como dor
aquilo que não nos apercebemos?
13. Oximoro
Conflito de ideias que leva a um
contrassenso como o do paradoxo,
mas que difere deste no modo como
se estrutura: tem de ser,
necessariamente, formados de duas
formas:
14. a) Pela oposição entre um substantivo e
um adjetivo (e vice-versa, não importa a
ordem dos termos), como ocorrem em:
“[o amor] é um contentamento
descontente”. Perceba que nesse verso o
substantivo “contentamento” tem seu
sentido nuclear contrariado, ou anulado,
pelo adjetivo “descontente”, que o
acompanha.
15. b) Pela oposição entre um advérbio e um
adjetivo, como ocorre em: “ Ele ficou
tristemente alegre com a herança”. Note que
nesse caso, a relação estabelecida entre o
advérbio e o adjetivo dá validade a dois
sentidos antagônicos: ele ficou triste com a
herança porque, para recebê-la, teve de
perder o doador dela, a quem queria bem;
contudo, a entrada do dinheiro necessário, o
aliviou, o deixou alegre.
16. Metafora
Comparação de ordem subjetiva em que o termo adquire
o sentido de outro por finalidade de característica(s).
Ex.: “Seus dois sóis me contemplavam”. “Sóis” é uma
metáfora de “olhos”, e a característica que os aproxima é
o formato circular e o brilho intenso. Fazendo uma
analogia com a teoria dos conjuntos da Matemática, a
metáfora é uma espécie de intersecção entre os conjuntos
das características de dois elementos, no caso, “sóis” e
“olhos”, em que são assinaladas as características que eles
têm em comum: o brilho, a luz, o formato, o fato de
estar no centro.
17. hiperbole
Expressão exagerada de uma ideia.
Ex.: “[...] e das naus, que dos portos
do Mar Atlântico estão sucessivamente
entrando nestes nossos, com maior
razão podemos dizer que trazem a
Etiópia ao Brasil” (Padre Antônio
Vieira)
18. Hiperbatos
As palavras em português apresentam uma
ordem considerada natural dentro de uma
oração: sujeito + verbo+ objeto+ adjunto
adverbial. Quando, por razões expressivas,
ocorre uma inversão dessa ordem, há um
hipérbato. Exemplo: “Ontem, amar-vos me
dispus” (Gregório de Matos). Em ordem
direta, teríamos: Dispus-me a amar-vos
19. Gosto pelo rebuscamento formal, caracterizado
por jogos de palavras, grande números de
figuras de linguagem e vocabulário sofisticado, e
pela exploração de efeitos sensoriais, tais
como cor, som, forma, volume, sonoridade,
imagens violentas e fantasiosas
Cultismo
21. A Cristo S. N. crucificado estando o poeta na última hora de sua
vida
Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme, inteiro
Mui grande é vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo pecar,
E não o vosso amor que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É meu Jesus, a hora de ser ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.
MATOS, Gregório de. In: poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1997.p 298.
22. A Cristo S. N. crucificado estando o
poeta na última hora de sua vida
1. O poema apresenta desde o título
uma temática muito comum na arte
barroca. Qual é ela?
Título
23. Primeira estrofe
Meu Deus, que estais pendente de um
madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme, inteiro
A primeira estrofe dos sonetos geralmente
apresenta, de maneira concentrada, a
questão central do poema: nesse caso a fé
que o eu lírico deseja professar.
24. Segunda estrofe
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É meu Jesus, a hora de ser ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.
Na segunda estrofe, a questão apresentada na primeira é
desenvolvida com a incorporação de novos elementos. Aqui
surgem a referência explícita ao estado moribundo do eu
lírico e o elogio à bondade do pai celestial.
25. Quarta estrofe
O soneto se fecha com uma chave de ouro, um final
marcante, que pode aparecer na última estrofe inteira.
Aqui o eu lírico retoma o salto da terceira estrofe e
constrói um final impactante, que revela a razão de
todo jogo de ideias das estrofes anteriores.
Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar
26. Terceira estrofe
Mui grande é vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo pecar,
E não o vosso amor que é infinito.
Na terceira estrofe dos sonetos costuma ser decisiva. É
onde ocorre um salto em direção a uma conclusão do
que vinha sendo dito ou uma negação da construção
anterior. Nesse soneto, qual desses caminhos é adotado
pela terceira estrofe? Justifique.
27. MIGUEL D’ AMORIM
Antes de tudo, poeta.
Professor de Literatura.
Licenciatura em Letras: habilitação Português e
Inglês e suas respectivas literaturas (FAFOPAI).
Bacharel em Filosofia (IFTAOR).
Especialização em Literaturas da Língua Portuguesa
(FAFOPAI).