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Universidade Estadual de Goiás
Unidade de Ciências Exatas e Tecnológicas- UNUCET
Curso de Licenciatura em Química
1) Identificação
Acadêmicas: Milka, Thaís e Ana Maria
Disciplina: Didática II
Docente: Lorena Alcântara
2-Introdução
A presença do livro didático como orientador dos trabalhos em sala de aula é uma realidade. A
necessidade de diminuir as distâncias entre a ciência da escola e a ciência do cotidiano do aluno resultou
na busca de diferentes maneiras de resolver esta situação. Uma das maneiras encontradas para motivar os
alunos e para se ter um ensino crítico-social em ciências foi a contextualização dos conteúdos.
A difusão desta nova postura defendida por alguns grupos de pesquisa alcançou o mercado editorial,
inicialmente com raros livros didáticos alternativos e agora, com a produção massiva de livros com ênfase
no cotidiano do aluno.
Para realizar a análise do livro didático no momento de decidir qual escolher para indicar para os
alunos, devem-se levar em consideração alguns questionamentos relevantes, dentre eles quem são os
autores dos livros didáticos? São professores em exercício ou autores profissionais? Seus métodos de
trabalho são científicos ou meramente empíricos? Existe uma pesquisa que justifique a forma de livro que
está sendo colocado para o publico? O livro possui uma proposta pedagógica identificável?
O professor deve também observar o que está colocado no livro o currículo oculto, quais as ideias
morais e sociais que o livro tem em suas entrelinhas? As figuras estão de acordo com o texto ou trazem
uma visão social diferenciada? Deve se levar em consideração também o contexto histórico-social do
aluno, bem como sua disponibilidade para se dedicar aos estudos e principalmente quais são seus hábitos
culturais, e se este livro foi bem aceito pelo público-alvo no caso os alunos.
A análise do livro didático não estará completa sem uma verificação da forma de encadeamento
padrão do micro para o macro até um enfoque mais político e atualizado.
Sendo a química uma ciência extremamente abstrata um dos cuidados principais que se pode ter ao
trabalhar o conteúdo é coloca-lo numa ordem crescente de dificuldade, no entanto, existem duas ordens
crescentes de complexidades distintas: a ordem crescente do concreto ao abstrato. São estas duas formas
de estruturação dos conteúdos num livro didático.
Segundo a teoria de Piaget o aluno que está cursando o ensino médio ainda não é capaz de entender
as abstrações microscópicas da química. Para que o relacionamento entre esta ciência e o adolescente não
se faça de modo traumático se sugere que o conhecimento do macroscópico seja utilizado para ajudar o
aluno a abstrair e consequentemente entender o microscópico. De acordo com essa teoria, seria
interessante que a estruturação do conteúdo de desse do concreto para o abstrato, sendo relevante a
importância da investigação através da experimentação e a relação do conhecimento com o cotidiano do
aluno e a contextualização dos conteúdos químicos com a vida do aluno.[1]
A disciplina escolar Química está presente nos currículos brasileiros desde as primeiras décadas do
século XX, tendo-se instituído como um componente curricular com a Reforma Francisco Campos(1931),
a qual já apontava, naquele momento, a necessidade de pensar um ensino de Química que fosse articulado
com o cotidiano. Durante as décadas posteriores do século XX, a Química, como área de ensino,
estabeleceu-se na escola, primeiro, no ensino secundário, que depois veio a ser chamado de 2º. grau e,
finalmente, de ensino médio.
No contexto histórico educacional brasileiro, ao longo do século XX, o ensino de Química foi-se
reconfigurando, de modo a atender as demandas que se colocavam ao longo do período. Estabeleceu-se
um ensino de Química voltado para a formação de técnicos e, especialmente a partir dos anos 70, com a
crescente demanda pelos cursos superiores e mudanças no sistema de ingresso nas universidades
brasileiras, observou-se no ensino de Química uma influência dos modelos gestados nos cursos
preparatórios e pré-vestibulares.
Hoje, no Brasil, não só no contexto universitário, mas também no mercado editorial, há um espectro
amplo de publicações na forma de livros didáticos que materializam diferentes propostas para o ensino de
Química. [2]
3-Metodologia
Para efetuar a análise do livro foram observados os seguintes pontos:
- Os títulos que devem ser maiores e mais vistosos;
- Os subtítulos que devem ser menores e mais discretos;
- Se a distribuição do texto está relacionada com o espaçamento entre as palavras, entre as frases e o
tamanho das linhas;
- Poluição visual, que pode ser definida como o excesso de ilustrações em uma mesma página;
- Recursos pedagógicos, bem como quais os tipos de obstáculos epistemológicos estão presentes no livro.
- A proposta pedagógica defendida pelo autor, se está em coerência com o livro do aluno e se satisfaz os
temas atualmente abordados pelo ensino de química;
- Qual a forma em que estão colocados no livro as questões sociais e morais;
- Se existe a presença de analogias que levem os alunos a ideias equivocadas a respeito da ciência.
- E se o manual do professor fornece os subsídios necessários para que o professor venha a exercer seu
papel de mediador do conhecimento.
4-Resultados e Discussões
BLOCO 1: ESTRUTURA EDITORIAL E PROJETO GRÁFICO
Adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico aos objetivos didático-pedagógicos da obra.
Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não
1.1 A obra é organizada de forma clara, coerente e funcional em
relação à proposta didático-pedagógica. X
1.2. A obra apresenta legibilidade adequada para o nível de
escolaridade a que se destina (desenho, tamanho e espaçamento
de letras, palavras e linhas; títulos e subtítulos hierarquizados;
formato, dimensões e disposição dos textos na página).
X
1.3 A impressão do texto principal está em preto e branco. X
1.4 As ilustrações retratam adequadamente a diversidade étnica da
população brasileira, a pluralidade social e cultural do país.
X
1.5 As ilustrações de caráter científico respeitam proporções entre
objetos ou seres representados.
X
1.8 A obra apresenta referências bibliográficas. X
1.9 A obra apresenta indicação de leituras complementares. X
1.10 A obra apresenta sumário que reflita claramente a organização
dos conteúdos e das atividades propostas.
X
BLOCO 2: LEGISLAÇÃO E CIDADANIA
Adequação da obra em relação ao respeito à legislação, às diretrizes e às normas oficiais relativas para o
ensino médio (Constituição Brasileira; ECA, LDB 1996; DCNEM; Resoluções e Pareceres do CNE).
Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não
2.1 A obra respeita o caráter laico e
autônomo do ensino público. X
2.2. A obra respeita a diversidade
de credo, de regionalidade, local de
moradia, gênero, orientação sexual,
etnia e classe social (princípio de
igualdade).
X
2.3. A obra é isenta de ilustrações,
fotografias, legendas, crônicas ou
anúncios de bebidas alcoólicas,
tabacos, armas e munições,
respeitando os valores éticos e
sociais da pessoa e da família
(ECA).
QUÍMICA
13
X
2.4. A obra é isenta de ilustrações
e/ou mensagens que veiculam
publicidade difundindo marcas,
produtos ou serviços comerciais.
X
Quadro de exemplos localizados na análise da obra
Indicadores Localização Descrição e comentário
2.4 Volume Página Não há veiculação de
marcas.1 358
BLOCO 3: ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA E PROPOSTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Coerência e adequação da abordagem teórico-metodológica da obra em relação à abordagem do
conhecimento químico escolar destinado ao ensino médio.
Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não
Indicadores Localização Descrição e comentário
1.1 Volume Página Não há contextualização dos conteúdos, por
exemplo o conteúdo processo de separação de
misturas poderia ter sido relacionado com o
tratamento de água, no entanto vem um conteúdo
distante do cotidiano do aluno.
1 66 e 67
1.2 1 31 A fonte é muito pequena e há um excesso de
ilustrações.
1.5 1 174 O átomo sendo tratado de forma macroscópica e
concreta quando é somente uma representação, um
modelo criado pela comunidade científica para
explicar os fenômenos da natureza.
1.9 1 255 Há um excesso de exercícios e nenhuma leitura
complementar para o aluno.
3.3. A obra evita a
compartimentalização dos conceitos
centrais da Química, abordando-os
em diferentes contextos e/ou
situações do cotidiano.
X
3.4. A obra considera para a
aprendizagem a linguagem como
constitutiva do pensamento científico
por meio de códigos próprios
(símbolos, nomes científicos,
diagramas e imagens).
X
3.6. A obra apresenta discussões
sobre as relações entre ciência,
tecnologia e sociedade, criando
condições para que os jovens entrem
em contato com a cultura científica
atual.
X
3.7. A obra apresenta uma
abordagem do conhecimento
químico com a valorização de uma
visão interdisciplinar e
contextualizada.
X
Quadro de exemplos localizados na análise da obra
Indicadores Localização Descrição e comentário
3.4 Volume Página Há ilustrações como
gráficos e símbolos.1 244
BLOCO 4: CORREÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE CONCEITOS, INFORMAÇÕES E
PROCEDIMENTOS.
Adequação da obra em termos de conteúdo, atualização de conceitos, informações e
procedimentos.
Indicadores Sim Raramente Não
4.6. A obra evita a utilização de
metáforas e analogias que induzam a
elaborações conceituais incorretas.
X
Quadro de exemplos localizados na análise da obra
Indicadores Localização Descrição e comentário
4.6 Volume Página
1 18 Apresenta uma ilustração com uma
visão ridicularizada da ciência como
se todos os cientistas fossem insanos
e não soubessem o que fazem,
induzindo o aluno a uma visão.
BLOCO 5: MANUAL DO PROFESSOR
Adequação do Manual do Professor à obra didática em termos teórico-metodológicos.
Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não
5.2. O Manual do Professor
apresenta pressupostos teórico-
metodológicos coerentes com o livro
do aluno.
X
5.4. O Manual do Professor
apresenta uma proposta pedagógica
que valoriza o papel mediador do
professor de Química. X
5.7. O Manual do Professor
apresenta propostas de atividades
experimentais complementares.
X
Quadro de exemplos localizados na análise da obra
Indicadores Localização Descrição e comentário
5.2 Volume Página O manual do professor traz uma proposta de
contextualização e interdisciplinaridade, mas o
livro do aluno traz exercícios tradicionais e
conteúdos lineares sem relação com o cotidiano
do aluno.
1 250
5-Conclusões
Na análise do livro didático entre os fatores destacados acima se constatou uma poluição visual
muito acentuada em todo o livro bem como uma deficiência de leituras complementares e
contextualizadas em concordância com a proposta pedagógica adotada pelo ensino médio de uma forma
geral, bem como um excesso de exercícios que não exploram a capacidade de raciocínio do aluno e nem
são contextualizados. Pode se destacar também a existência de obstáculos realistas como a existência de
metáforas que são extremamente realistas o que pode causar uma perda de sentido aos conceitos que se
pretende introduzir ao aluno bem como a sua inserção em um mundo simbólico e extremamente abstrato.
A existência do currículo oculto no livro também pode ser observada na forma de uma visão
ridicularizada da ciência, onde o cientista é manifestado como uma pessoa insana, levando o aluno a uma
visão equivocada de ciência. Dessa forma levando em consideração que o livro didático é um instrumento
formador de opiniões e que seu público alvo são jovens e adolescentes em processos de formação
cultural, moral e social pode se concluir que este livro não seria adequado para ser adotado em sala de
aula, ele precisaria se adequar a proposta pedagógica defendida neste trabalho e estar em conformidade
com os critérios estabelecidos pelo Programa Nacional do Livro Didático.
6-Bibliografia
[1] LOGUERCIO, Rochele, DEL PINO, José Claudio; Livros didáticos mais do que uma escolha, uma
decisão que pode orientar os trabalhos em sala de aula.
[2] Guia de livros didáticos: PNLD 2012: Química. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2011. 52 p.: il. ISBN 978-85-7783-054-1
1. Livros didáticos. 2. Química. 3. Ensino Médio. I. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria
de Educação Básica.
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  • 1. Universidade Estadual de Goiás Unidade de Ciências Exatas e Tecnológicas- UNUCET Curso de Licenciatura em Química 1) Identificação Acadêmicas: Milka, Thaís e Ana Maria Disciplina: Didática II Docente: Lorena Alcântara
  • 2. 2-Introdução A presença do livro didático como orientador dos trabalhos em sala de aula é uma realidade. A necessidade de diminuir as distâncias entre a ciência da escola e a ciência do cotidiano do aluno resultou na busca de diferentes maneiras de resolver esta situação. Uma das maneiras encontradas para motivar os alunos e para se ter um ensino crítico-social em ciências foi a contextualização dos conteúdos. A difusão desta nova postura defendida por alguns grupos de pesquisa alcançou o mercado editorial, inicialmente com raros livros didáticos alternativos e agora, com a produção massiva de livros com ênfase no cotidiano do aluno. Para realizar a análise do livro didático no momento de decidir qual escolher para indicar para os alunos, devem-se levar em consideração alguns questionamentos relevantes, dentre eles quem são os autores dos livros didáticos? São professores em exercício ou autores profissionais? Seus métodos de trabalho são científicos ou meramente empíricos? Existe uma pesquisa que justifique a forma de livro que está sendo colocado para o publico? O livro possui uma proposta pedagógica identificável? O professor deve também observar o que está colocado no livro o currículo oculto, quais as ideias morais e sociais que o livro tem em suas entrelinhas? As figuras estão de acordo com o texto ou trazem uma visão social diferenciada? Deve se levar em consideração também o contexto histórico-social do aluno, bem como sua disponibilidade para se dedicar aos estudos e principalmente quais são seus hábitos culturais, e se este livro foi bem aceito pelo público-alvo no caso os alunos. A análise do livro didático não estará completa sem uma verificação da forma de encadeamento padrão do micro para o macro até um enfoque mais político e atualizado. Sendo a química uma ciência extremamente abstrata um dos cuidados principais que se pode ter ao trabalhar o conteúdo é coloca-lo numa ordem crescente de dificuldade, no entanto, existem duas ordens crescentes de complexidades distintas: a ordem crescente do concreto ao abstrato. São estas duas formas de estruturação dos conteúdos num livro didático. Segundo a teoria de Piaget o aluno que está cursando o ensino médio ainda não é capaz de entender as abstrações microscópicas da química. Para que o relacionamento entre esta ciência e o adolescente não se faça de modo traumático se sugere que o conhecimento do macroscópico seja utilizado para ajudar o aluno a abstrair e consequentemente entender o microscópico. De acordo com essa teoria, seria interessante que a estruturação do conteúdo de desse do concreto para o abstrato, sendo relevante a importância da investigação através da experimentação e a relação do conhecimento com o cotidiano do aluno e a contextualização dos conteúdos químicos com a vida do aluno.[1] A disciplina escolar Química está presente nos currículos brasileiros desde as primeiras décadas do século XX, tendo-se instituído como um componente curricular com a Reforma Francisco Campos(1931), a qual já apontava, naquele momento, a necessidade de pensar um ensino de Química que fosse articulado com o cotidiano. Durante as décadas posteriores do século XX, a Química, como área de ensino, estabeleceu-se na escola, primeiro, no ensino secundário, que depois veio a ser chamado de 2º. grau e, finalmente, de ensino médio. No contexto histórico educacional brasileiro, ao longo do século XX, o ensino de Química foi-se reconfigurando, de modo a atender as demandas que se colocavam ao longo do período. Estabeleceu-se um ensino de Química voltado para a formação de técnicos e, especialmente a partir dos anos 70, com a crescente demanda pelos cursos superiores e mudanças no sistema de ingresso nas universidades brasileiras, observou-se no ensino de Química uma influência dos modelos gestados nos cursos preparatórios e pré-vestibulares. Hoje, no Brasil, não só no contexto universitário, mas também no mercado editorial, há um espectro amplo de publicações na forma de livros didáticos que materializam diferentes propostas para o ensino de Química. [2] 3-Metodologia
  • 3. Para efetuar a análise do livro foram observados os seguintes pontos: - Os títulos que devem ser maiores e mais vistosos; - Os subtítulos que devem ser menores e mais discretos; - Se a distribuição do texto está relacionada com o espaçamento entre as palavras, entre as frases e o tamanho das linhas; - Poluição visual, que pode ser definida como o excesso de ilustrações em uma mesma página; - Recursos pedagógicos, bem como quais os tipos de obstáculos epistemológicos estão presentes no livro. - A proposta pedagógica defendida pelo autor, se está em coerência com o livro do aluno e se satisfaz os temas atualmente abordados pelo ensino de química; - Qual a forma em que estão colocados no livro as questões sociais e morais; - Se existe a presença de analogias que levem os alunos a ideias equivocadas a respeito da ciência. - E se o manual do professor fornece os subsídios necessários para que o professor venha a exercer seu papel de mediador do conhecimento. 4-Resultados e Discussões BLOCO 1: ESTRUTURA EDITORIAL E PROJETO GRÁFICO Adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico aos objetivos didático-pedagógicos da obra. Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não 1.1 A obra é organizada de forma clara, coerente e funcional em relação à proposta didático-pedagógica. X 1.2. A obra apresenta legibilidade adequada para o nível de escolaridade a que se destina (desenho, tamanho e espaçamento de letras, palavras e linhas; títulos e subtítulos hierarquizados; formato, dimensões e disposição dos textos na página). X 1.3 A impressão do texto principal está em preto e branco. X 1.4 As ilustrações retratam adequadamente a diversidade étnica da população brasileira, a pluralidade social e cultural do país. X 1.5 As ilustrações de caráter científico respeitam proporções entre objetos ou seres representados. X 1.8 A obra apresenta referências bibliográficas. X 1.9 A obra apresenta indicação de leituras complementares. X 1.10 A obra apresenta sumário que reflita claramente a organização dos conteúdos e das atividades propostas. X
  • 4. BLOCO 2: LEGISLAÇÃO E CIDADANIA Adequação da obra em relação ao respeito à legislação, às diretrizes e às normas oficiais relativas para o ensino médio (Constituição Brasileira; ECA, LDB 1996; DCNEM; Resoluções e Pareceres do CNE). Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não 2.1 A obra respeita o caráter laico e autônomo do ensino público. X 2.2. A obra respeita a diversidade de credo, de regionalidade, local de moradia, gênero, orientação sexual, etnia e classe social (princípio de igualdade). X 2.3. A obra é isenta de ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabacos, armas e munições, respeitando os valores éticos e sociais da pessoa e da família (ECA). QUÍMICA 13 X 2.4. A obra é isenta de ilustrações e/ou mensagens que veiculam publicidade difundindo marcas, produtos ou serviços comerciais. X Quadro de exemplos localizados na análise da obra Indicadores Localização Descrição e comentário 2.4 Volume Página Não há veiculação de marcas.1 358 BLOCO 3: ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA E PROPOSTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA Coerência e adequação da abordagem teórico-metodológica da obra em relação à abordagem do conhecimento químico escolar destinado ao ensino médio. Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não Indicadores Localização Descrição e comentário 1.1 Volume Página Não há contextualização dos conteúdos, por exemplo o conteúdo processo de separação de misturas poderia ter sido relacionado com o tratamento de água, no entanto vem um conteúdo distante do cotidiano do aluno. 1 66 e 67 1.2 1 31 A fonte é muito pequena e há um excesso de ilustrações. 1.5 1 174 O átomo sendo tratado de forma macroscópica e concreta quando é somente uma representação, um modelo criado pela comunidade científica para explicar os fenômenos da natureza. 1.9 1 255 Há um excesso de exercícios e nenhuma leitura complementar para o aluno.
  • 5. 3.3. A obra evita a compartimentalização dos conceitos centrais da Química, abordando-os em diferentes contextos e/ou situações do cotidiano. X 3.4. A obra considera para a aprendizagem a linguagem como constitutiva do pensamento científico por meio de códigos próprios (símbolos, nomes científicos, diagramas e imagens). X 3.6. A obra apresenta discussões sobre as relações entre ciência, tecnologia e sociedade, criando condições para que os jovens entrem em contato com a cultura científica atual. X 3.7. A obra apresenta uma abordagem do conhecimento químico com a valorização de uma visão interdisciplinar e contextualizada. X Quadro de exemplos localizados na análise da obra Indicadores Localização Descrição e comentário 3.4 Volume Página Há ilustrações como gráficos e símbolos.1 244 BLOCO 4: CORREÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE CONCEITOS, INFORMAÇÕES E PROCEDIMENTOS. Adequação da obra em termos de conteúdo, atualização de conceitos, informações e procedimentos. Indicadores Sim Raramente Não 4.6. A obra evita a utilização de metáforas e analogias que induzam a elaborações conceituais incorretas. X Quadro de exemplos localizados na análise da obra Indicadores Localização Descrição e comentário 4.6 Volume Página 1 18 Apresenta uma ilustração com uma visão ridicularizada da ciência como se todos os cientistas fossem insanos e não soubessem o que fazem, induzindo o aluno a uma visão. BLOCO 5: MANUAL DO PROFESSOR Adequação do Manual do Professor à obra didática em termos teórico-metodológicos. Indicadores Sim Frequentemente Raramente Não
  • 6. 5.2. O Manual do Professor apresenta pressupostos teórico- metodológicos coerentes com o livro do aluno. X 5.4. O Manual do Professor apresenta uma proposta pedagógica que valoriza o papel mediador do professor de Química. X 5.7. O Manual do Professor apresenta propostas de atividades experimentais complementares. X Quadro de exemplos localizados na análise da obra Indicadores Localização Descrição e comentário 5.2 Volume Página O manual do professor traz uma proposta de contextualização e interdisciplinaridade, mas o livro do aluno traz exercícios tradicionais e conteúdos lineares sem relação com o cotidiano do aluno. 1 250 5-Conclusões Na análise do livro didático entre os fatores destacados acima se constatou uma poluição visual muito acentuada em todo o livro bem como uma deficiência de leituras complementares e contextualizadas em concordância com a proposta pedagógica adotada pelo ensino médio de uma forma geral, bem como um excesso de exercícios que não exploram a capacidade de raciocínio do aluno e nem são contextualizados. Pode se destacar também a existência de obstáculos realistas como a existência de metáforas que são extremamente realistas o que pode causar uma perda de sentido aos conceitos que se pretende introduzir ao aluno bem como a sua inserção em um mundo simbólico e extremamente abstrato. A existência do currículo oculto no livro também pode ser observada na forma de uma visão ridicularizada da ciência, onde o cientista é manifestado como uma pessoa insana, levando o aluno a uma visão equivocada de ciência. Dessa forma levando em consideração que o livro didático é um instrumento formador de opiniões e que seu público alvo são jovens e adolescentes em processos de formação cultural, moral e social pode se concluir que este livro não seria adequado para ser adotado em sala de aula, ele precisaria se adequar a proposta pedagógica defendida neste trabalho e estar em conformidade com os critérios estabelecidos pelo Programa Nacional do Livro Didático. 6-Bibliografia [1] LOGUERCIO, Rochele, DEL PINO, José Claudio; Livros didáticos mais do que uma escolha, uma decisão que pode orientar os trabalhos em sala de aula. [2] Guia de livros didáticos: PNLD 2012: Química. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2011. 52 p.: il. ISBN 978-85-7783-054-1 1. Livros didáticos. 2. Química. 3. Ensino Médio. I. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.