Este artigo apresenta fotografias de várias aves urbanas comuns, como gaivotas, melros e pombos, tiradas pela autora na cidade de Almada e Seixal, Portugal. A autora descreve como a paixão pela fotografia de aves a levou a redescobrir estas espécies comuns que costumamos ignorar. Ela espera que as fotos despertem o interesse do leitor nestas aves e o incentive a observá-las com mais atenção.
2. “Esses pequenos
e ligeiros músicos
do ar, que
gorjeiam as suas
curiosas cantigas,
com as quais a
natureza os dotou
para vergonha da
arte.”
Izaak Walton
3.
4. 4 MUNDO DOS ANIMAIS
18
Os Animais A
Fotografias em
estão a receb
timou milhare
domésticos.
42
Foto-Report
Vivemos rode
mo-nos à sua
de considerá
nelas.
60
Crias de And
Entre Maio e
crias caídas d
Descubra nes
volver à natur
Fotografia de capa: Madis Veskimeister via Wikimedia Commons
68
Pulgas: Com
Conheça mel
minar com su
ção, da sua ca
o reaparecime
5. Após o Desastre no Nepal
mocionantes da ajuda que os animais
ber no Nepal, após um sismo que vi-
es de pessoas e incontáveis animais
tagem: Aves Urbanas
eados destas aves comuns e habituá-
a presença e ao seu canto, ao ponto
á-las banais e deixarmos de reparar
dorinhão
e Agosto muita gente se depara com
dos ninhos e não sabe o que fazer.
ste artigo como tratar delas e as de-
reza.
BEM-VINDO(A)
A vida urbana tende a afastar-
-nos de diversas formas do mun-
do natural. Parques e quintas
são substituídos por blocos de
cimento e estradas de alcatrão
com muito pouco de natureza
neles. Mas estaremos assim tão
isolados?
A nossa autora convidada Elisa-
bete Rodrigues mostra-nos que
não. Focando-se particularmen-
te nas aves, mostra-nos através
da arte da fotografia que muitos
animais que pensamos viverem
longe, estão na verdade à nos-
sa volta: mas nós não os vemos.
Porque uma coisa é olhar, outra
é VER (pág. 42).
E por falar em aves, a biólo-
ga Marta Fonseca explica-nos
o que deve fazer se encontrar
uma cria de andorinhão caída do
ninho, algo que acontece com
alguma frequência entre Maio e
Agosto. Dispenda uns minutos,
pode vir a ter o papel de salvar
uma vida em breve (pág. 60).
Carlos Gandra
mo Eliminar
lhor as pulgas para as conseguir eli-
ucesso, dos seus animais de estima-
asa e ainda as medidas para prevenir
ento.
7. Três rinocerontes-brancos
fotografados no Ziwa Rhino
Sanctuary, no Uganda.
O rinoceronte-branco
(Ceratotherium simum)
é a maior espécie de
rinoceronte e o segundo
maior animal terrestre do
planeta. A subespécie do
norte (Ceratotherium simum
cottoni) é um dos animais
mais raros do planeta e a
população está limitada
a cinco animais: quatro
fêmeas e um macho, todos
em cativeiro.
Stefane Berube, National
Geographic Your Shot
7
8. 8 MUNDO DOS ANIMAIS
Um koala bebé agarrado à sua mãe enquanto esta era submetida a
uma cirurgia no Australia Zoo Wildlife Hospital.
A mãe koala, Lizzy, foi atropelada por um carro numa autoestrada
australiana enquanto carregava o seu bebé, Phantom. Lizzy sofreu
um traumatismo craniano e colapso pulmonar, pelo que teve de ser
operada. A cirurgia, sempre acompanhada pelo bebé, correu bem e
a mãe koala encontra-se em recuperação.
Australia Zoo Wildlife Hospital
10. O cordeirinho Friday (Sexta-feira, em português) com o seu
amigo felino no santuário Edgar’s Mission. O pequeno Friday foi
encontrado junto da sua mãe falecida, cheio de frio, desidratado e
por sua conta com apenas poucos dias de vida. Encontra-se em
recuperação e tudo está a correr bem com o pequeno. Bem merece.
Edgar’s Mission
11. Um urso-pardo bebé a aprender técnicas de escalada com a sua
mamã, no parque natural de Cabárceno em Cantábria, Espanha.
Solent News / Rex Shutterstock
12. Um polvo tão fofinho e adorável que os cientistas equacionam batizá-
lo oficialmente de “Adorabilis”. Para ser mais preciso, Opisthotheusis
adorabilis.
O pequeno polvo cor-de-rosa e olhar de cachorrinho, vive a cerca de
500 metros de profundidade e estende os seus oito tentáculos como
se estivesse a abrir um paraquedas, uma vez que tem uma membrana
extensa a ligar todos os membros.
MBARI
13.
14.
15. Um corvo “apanha boleia” de uma águia em pleno voo nos céus de
Seabeck, em Washington.
Phoo Chan, Media Drum World
16. Uma raposinha sobe amigavelmente para as costas do seu protetor,
o fotógrafo de vida selvagem Richard Bowler, no País de Gales. A
imagem foi amplamente difundida através do Twitter com a hashtag
#KeepTheBan, que marca a forte oposição de Richard à caça das
raposas praticada no país.
Richard Bowler tem a seu cargo três raposas que já não podem ser
devolvidas à natureza: duas adultas, Rosie e Fen e ainda a pequena
Hetty, na fotografia.
Richard Bowler
17. Veja mais imagens em destaque no Mundo dos Animais:
- http://www.mundodosanimais.pt/fotos/imagens-da-
semana/
17
18. Os Animais
Após o Desastre
no Nepal
Texto Carlos Gandra
O
terrível sismo que ocorreu no Nepal
em Abril – mais as réplicas – vitimou
mais de 8 mil pessoas, 20 mil ficaram
feridas e deixou cidades inteiras em
ruínas. A tragédia foi coberta ao detalhe em in-
contáveis reportagens e diversos meios de aju-
da humanitária foram prontamente acionados.
A resposta, que nunca é suficiente nestas ca-
tástrofes, mostrou ainda assim que aprendemos
com os erros cometidos no Haiti em 2010, quan-
do o número de voluntários que se deslocaram
para o país para ajudar foi tão grande que dei-
xou de haver alimentação suficiente para todos.
Mas o que nos leva a abordar o sismo do Nepal
aqui são naturalmente os animais.
18 MUNDO DOS ANIMAIS
24. T
al como aconteceu no
desastre nuclear em
Fukushima e em muitas
outras catástrofes, os
animais, em particular animais
domésticos, são igualmente ví-
timas e precisam igualmente de
ajuda.
Nas zonas rurais do Nepal, os
animais domésticos costumam
ser alojados sob as habitações
e como se pode imaginar, mui-
tos morreram quando as habi-
tações colapsaram.
Os que sobreviveram, incluin-
do animais de estimação como
gatos e cães, ficaram sozinhos
sem ninguém para tomar conta
deles.
A falta de alimentação, higiene
básica e o stress que os animais
sentem nestas condições dimi-
nui o sistema imunitário, que
por sua vez promove a disse-
minação de doenças infeciosas
entre os animais, uma situação
que se descontrola rapidamen-
te. Ferimentos provocados pe-
los colapsos podem revelar-se
fatais sem tratamento.
Algumas organizações, como a
Humane Society International
e a Animal Welfare Network of
Nepal (mais à frente deixamos-
-lhe uma lista de organizações
e como as pode ajudar), res-
ponderam com equipas de res-
gate e salvamento para tentar
chegar aos animais sobreviven-
tes e providenciar-lhes alimen-
tação e cuidados veterinários.
Para além dos animais, estas
equipas também procuram dar
apoio às pessoas que sobrevi-
veram e que têm uma ligação
forte com os seus animais, ar-
riscando a sua vida para tentar
salvar os amigos de quatro pa-
tas.
“As pessoas estão dis-
postas a colocar a sua
vida em risco para ficar
com os seus animais
de companhia. São
membros da família.”
– Joann Lindenmayer, Humane
Society International
24 MUNDO DOS ANIMAIS
34. A homenagem da
«mãe dos cachor-
ros» de Catmandu
G
yani Deula, conhecida como
a «mãe dos cachorros» de
Catmandu, capital do Nepal,
organizou um ritual hindu em
memória de todos os animais vítimas
do sismo.
Conhecida por ser a protetora dos ani-
mais de rua, incluiu na cerimónia vá-
rios pratos para alimentar os animais
abandonados – que, com a morte de
muitos dos donos, não têm literalmen-
te para onde ir.
A cerimónia inclui também a distribui-
ção de comida pelos animais noutros
pontos da cidade. O staff da Humane
Society International participou na ini-
ciativa.
34 MUNDO DOS ANIMAIS
40. 40 MUNDO DOS ANIMAIS
Humane Society Internationa
41. Como Ajudar os Animais no Nepal
É comum pensar-se que a ajuda apenas é necessária
nas primeiras semanas após uma catástrofe. Pegando
novamente no exemplo do Haiti, 5 anos depois ainda
existe mais por fazer do que o que está realmente feito.
Por esse motivo, mesmo que esteja a ler esta Revista
vários meses ou mesmo anos depois de ter ocorrido o
sismo do Nepal, não deixe de visitar as ligações que lhe
deixamos em baixo para conhecer o ponto de situação e
o tipo de ajuda que é mais necessária:
Humane Society International’s International Disas-
ter Relief Fund
http://www.hsi.org/news/press_releases/2015/04/nepal-
-earthquake-disaster-response-042515.html
Animal Welfare Network Nepal
http://www.awnnepal.org/donate.php
Society for Animal Welfare and Management
http://www.sawmnepal.org.np/
Animal Nepal
https://animalnepal.wordpress.com/donations/
World Vets Disaster Response Team
http://worldvets.org/2015/04/world-vets-nepal-animal-
-rescue-updates-2/
World Animal Protection – Disaster Response Vets
http://www.worldanimalprotection.org/our-work/animals-
-disasters
41OS ANIMAIS APÓS O DESASTRE NO NEPAL
al
42. 42 MUNDO DOS ANIMAIS
AVES URBANAS
F O T O - R E P O R TA G E M
Texto e Fotos Elisabete Rodrigues
46. F
otografia quer dizer, lite-
ralmente, escrever com
a luz, captar o que se vê
(e também o que se não
vê) com um mero clique num
botão.
É como fazer magia… Num ins-
tante posso mostrar o mundo
como o vejo e sinto e ver esse
mesmo mundo através dos
olhos de outros. Posso apreciar
a beleza dos grandes planos
ou deter-me demoradamente
nos pequenos pormenores que
a olho nu jamais poderiam ser
vistos… e o melhor de tudo é
poder eternizar um momento,
quase sempre irrepetível, que
deoutraforma,apoucoepouco,
se desvaneceria da memória,
como que perdido no tempo…
É uma arte tão diversificada
quanto os objectos a fotogra-
far e se praticamente todos os
seus campos me prendem a
atenção, nenhum me cativa ou
fascina tanto quanto a fotogra-
fia de natureza, e dentro desta,
a fotografia das aves.
Desde pequena, pela mão do
meu avô fui habituada ao conví-
vio com as aves, cresci rodeada
de mil e um pássaros e aprendi
a conhecê-los, a cuidar deles
e a apreciar a sua companhia,
a admirar a sua beleza, o seu
canto e a sua presença.
Com quase vinte anos, veio pa-
rar à minha mão um livro cheio
de simbolismo que contava a
história de uma Gaivota, cha-
mada Fernão Capelo, que acha-
va que voar era muito mais do
que ir de um ponto ao outro e,
apesar de ser uma estória com
uma carga espiritual e filosófi-
ca que usava as aves apenas
para construir metáforas sobre
liberdade, fez crescer o meu in-
teresse pelas aves comuns.
Vivemos rodeados destas aves
comuns e habituámo-nos à sua
presença e ao seu canto ao
ponto de considerá-las banais
e deixarmos de reparar nelas,
numa eterna cegueira (e sur-
dez) do dia-a-dia…
46 MUNDO DOS ANIMAIS
48. Quase espezinhamos um pom-
bo ao passar na rua e não da-
mos conta do canto doce do
melro pousado no telhado. Não
vemos o ninho de andorinhas
debaixo de uma varanda, nem
a dança alegre dos pardais nas
cordas de um estendal de rou-
pa. Já não levantamos os olhos
para o céu para ver o vôo ma-
jestoso de uma gaivota… E
nem mesmo a exuberância de
uma poupa ou a elegância de
um rabirruivo parecem desper-
tar-nos deste adormecimento
profundo.
A coexistência dessas duas
49. paixões, a fotografia e as aves,
uma alimentando a outra, ines-
peradamente conduziram-me a
redescobrir a cidade para onde
vim morar há cerca de dez anos,
e obrigaram-me a VER com um
olhar renovado cada recanto e
pormenor, revelando-me uma
biodiversidade e uma beleza
que até então me haviam pas-
sado despercebidas…
Acada clique fui querendo saber
mais e fazer melhor, “escrever
com luz” o que via com o cora-
ção… por isso quis trazer aqui
um pouquinho dessa magia que
nos cerca e para a qual devería-
mos despertar. Parar. Respirar.
Contemplar o que nos rodeia…
A natureza e as aves, sobretu-
do as comuns, podem-nos sur-
preender todos os dias e está
tudo aqui ao lado, é só olhar
com olhos de VER, porque no
fundo, tinha razão o poeta Afon-
so Lopes Vieira, quando dizia:
“De aquele que não admira
Já nada de bom se tira
Pois quem não sabe admirar
Não sabe amar…”
Rola-turca (Streptopelia decaocto)
Almada – 22/02/2014
49AVES URBANAS
61. *exceção: Klaus Roggel via Wikimedia Commons
as de Andorinhão
O QUE FAZER SE ENCONTRAR UMA
Texto e Fotos* Marta Fonseca
62.
63. A
pesar do que muitas
pessoas pensam, as
andorinhas e os ando-
rinhões não são espé-
cies próximas, pertencem a fa-
mílias distintas. As andorinhas
pertencem à família Hirundini-
dae enquanto os andorinhões
pertencem à família Apodidae.
É evolução convergente que as
espécies sofreram ao longo da
história evolutiva que leva mui-
tas vezes as pessoas a pensa-
rem que são próximas. Isto é,
estes passeriformes desenvol-
veram características seme-
lhantes tendo origens diferen-
tes, sendo o resultado de terem
hábitos de vida semelhantes.
Os andorinhões têm uma plu-
magem castanha escura pare-
cendo por vezes preta. São dis-
tintos e identificados pelo seu
voo rápido e ágil, que é conse-
guido pela forma do seu corpo.
Têm corpo aerodinâmico e asas
compridas e estreitas em forma
de foice, excedendo a cauda bi-
furcada. As suas patas são pe-
quenas, pois a sua alimentação
dá-se durante o voo, sendo ex-
clusivamente insectívoros, por
esse motivo têm pouca neces-
sidade de pousar.
Todas estas características são
facilmente visíveis a um obser-
vador de natureza, ou apenas a
alguém que ao passear na rua
despenda um pouco de tempo
a observá-los.
Em Portugal é uma espécie es-
tival, podendo ser visto entre os
meses de Maio a Agosto e nidi-
fica de Maio a Julho. É durante
estes meses que muita gente
se depara com crias caídas dos
ninhos e não sabe o que fazer.
A minha experiência no Cen-
tro de Recuperação de Animais
Silvestres de Lisboa (LxCRAS)
permitiu-me aprender como tra-
tar destes passeriformes para
depois os devolver à natureza,
onde pertencem e são felizes.
É esta aprendizagem que irei
descrever no restante artigo.
1. Entrega a entidades
competentes
Quando nos deparamos com
crias de andorinhão, o melhor
procedimento é levá-los a um
centro de recuperação próximo
da zona ou contactar o SEPNA,
que está encarregue de entre-
gar animais silvestres aos cen-
tros de recuperação.
63CRIAS DE ANDORINHÃO
64. A higiene na caixa também é
importante, caso contrário po-
dem ficar com as asas danifica-
das. Deverá ter jornal no fundo
e ser mudado diariamente.
Antes da se proceder à ali-
mentação pode-se exercitar
um pouco os músculos de voo.
Deve segurar-se as patas pela
base com os dedos, colocando
o dedo indicador entre as patas
e fazer movimentos na vertical,
movimento que será suficiente
2. Como mantê-los e recu-
perá-los
Os andorinhões ficam bem em
caixas de cartão com panos
ou mantas presas nas laterais,
para que lhes seja possível
empoleirar-se. Esta é a melhor
opção, pois os andorinhões ao
contrário das andorinhas não
conseguem equilibrar-se em
poleiros, apenas conseguem
prender-se na vertical devido
ás patas diminuídas.
65. para o andorinhão bater as
asas. Este procedimento deve
ser feito com cuidado pois as
suas patas frágeis podem cor-
rer o risco de partir.
Para se ter uma noção precisa
da recuperação da cria, deve-se
periodicamente pesar para veri-
ficar se há aumento de peso.
Uma vez que são insectívoros,
na sua alimentação podem ser
usadosZophobamorio,também
conhecidos como tenébrio gi-
gante, ou então grilos mortos.
Este alimento pode ser encon-
trado em lojas de animais exóti-
cos ou de répteis.
Como já referido, os andori-
nhões apenas se alimentam
em voo e por isso não comem
na mão. Para os alimentar é
necessário partir os tenébrios
ao meio, abrir o bico do ando-
rinhão e colocar meio tenébrio
no fundo da cavidade bocal.
66. Os andorinhões podem por vá-
rias vezes rejeitar o alimento,
mas é necessário insistir com
paciência. Também se deve dar
água com a ajuda de uma se-
ringa. Com a experiência torna-
-se mais fácil alimentá-los e de
forma mais rápida.
A alimentação deve ser feita
pelo menos três vezes por dia.
Caso sejam crias muito novas a
alimentação deve ser mais fre-
quente, idealmente de duas em
duas horas.
Por fim, qualquer animal silves-
tre tratado para ser devolvido
à natureza deve ter o mínimo
contacto com pessoas, por isso
só devem estar em contacto
durante a alimentação.
Veja mais sobre aves em:
- http://www.mundodosanimais.pt/aves/
66 MUNDO DOS ANIMAIS
67.
68. Pulgas
Como Eliminar
Texto Sara Guiomar e Sara Bastos
A
s pulgas são um dos maiores pesade-
los que assombram os donos de cães e
gatos. Principalmente nos meses mais
quentes, como no Verão, conseguem
infestar rapidamente um animal e a casa intei-
ra onde ele vive. Não é por acaso que a pulga
é “apenas” o parasita externo mais comum que
existe em cães e gatos.
Apesar de ser uma praga mais antiga que o pró-
prio ser humano, muitas pessoas com animais
de estimação não sabem como eliminar as pul-
gas de forma segura e eficaz. Existe uma vasta
gama de produtos destinados a eliminar pulgas,
mas só funcionam quando bem escolhidos ten-
do em conta o animal, o ambiente e as diferen-
tes etapas da infestação. Uma má escolha do
produto pode inclusive colocar em risco a saúde
do seu amigo, pelo que não deve descuidar este
assunto.
Mas então, o que é preciso fazer para conseguir
acabar com as pulgas? Antes demais, temos de
perceber o que são pulgas.
70. A
s pulgas são insetos
que gostam de tempe-
raturas quentes, humi-
dade e que se alimen-
tam do sangue (hematófagos)
de animais com sangue quen-
te, especialmente cães, gatos,
coelhos, esquilos, guaxinins,
ratos e sim, seres humanos.
Apesar de poderem parecer
todas iguais – castanhas escu-
ras e do tamanho da cabeça de
um alfinete – já foram descritas
mais de duas mil espécies de
pulgas em todo o mundo.
Uma das principais caracterís-
ticas das pulgas é a sua enor-
me capacidade de salto: con-
seguem catapultar-se até cerca
de 200 vezes o seu próprio ta-
manho. Quando encontra uma
pulga e a tenta apanhar, o sal-
to é a sua arma de defesa para
escapar.
Uma pulga pode viver até um
ano (ou mais em determinadas
condições) e, no caso das fê-
meas, pôr mais de dois mil ovos
durante a sua vida. Não admira
que o número de pulgas numa
infestação aumente tão rapida-
mente.
As pulgas transmitem-se pelo
contacto com animais infeta-
dos ou com ambientes onde
elas estejam presentes. As pul-
gas que parasitam cães e ga-
tos não estão relacionadas com
qualquer tipo de classe social
ou condições de higiene, pois
basta passear com o seu cão
num jardim onde tenha passa-
do anteriormente outro animal
com pulgas, para as poder tra-
zer para casa.
Uma vez em casa, basta uma
pulga fêmea colocar ovos para
dar início à infestação.
Os ovos caem do pêlo do seu
animal e ficam instalados em
frestas de soalho, carpetes, a
cama do animal, o seu jardim
(se for o caso), ou outros locais
menos acessíveis. Estes ovos
desenvolvem-se e deles nas-
cem larvas, que se deslocam
para locais quentes ao abrigo
da luz, sendo as frestas dos
soalhos os seus locais de elei-
ção.
As larvas vão-se alimentando
da matéria orgânica que encon-
tram pelo chão, principalmente
nopó.Estaslarvasevoluempara
um casulo, onde aguardam con-
dições favoráveis para eclodir.
70 MUNDO DOS ANIMAIS
71. Basta pressentirem um ligeiro
aumento de temperatura, ou a
respiração (dióxido de carbono)
de um animal, para eclodirem
em pulgas adultas. Como o ci-
clo de vida das pulgas, desde
o ovo à pulga adulta, está de-
pendente das condições que
encontra no meio, a limpeza e
desinfeção da casa é um dos
passos mais importantes para
as eliminar. Já lá vamos.
71PULGAS: COMO ELIMINAR
72. Os Perigos das Pulgas
Para a Saúde
As pulgas não são simplesmente parasitas incó-
modos. Podem mesmo causar doenças e trans-
mitir parasitas internos:
• A saliva que a pulga injeta para melhor sugar
o sangue, pode provocar irritação, eczemas e
outras doenças cutâneas, como a DAPP (Der-
matite Alérgica à Picada da Pulga);
• Se o número de pulgas for elevado, o ani-
mal pode ficar anémico devido à quantidade
de sangue perdida;
• As pulgas podem transmitir parasitas inter-
nos como é o caso do verme intestinal Dipyli-
dium caninum, que além de infetar o intestino
dos cães e dos gatos, também é transmitido a
seres humanos, em especial crianças;
• O constante desassossego do animal, em
stress com a comichão incessante, pode levar
o animal a comer menos, tornar-se deprimido
e até agressivo, dependendo da sua persona-
lidade.
74. U
m dos erros que as
pessoas frequente-
mente cometem ao
tentar eliminar as pul-
gas, é só desparasitarem os
seus animais.
A verdade é que quando en-
contra uma pulga no pêlo do
seu animal, isso significa que a
sua casa já terá uma infestação
em curso. Dizem as estimativas
que os animais possuem ape-
nas entre 5 a 10% das pulgas
presentes em casa.
Portanto vamos começar pelo
ambiente / casa.
• Aspire tudo o que for possí-
vel: chão (principalmente frin-
chas), carpetes, móveis (por
baixo e nos cantos), caixas de
transporte, tapetes, almofadas,
sofás, porão (se for o caso), etc;
• Tenha especial atenção em
zonas mais húmidas e que não
estejam muito expostas à luz
do Sol, pois é onde as larvas
se refugiam até se tornarem
pulgas adultas;
• Quando terminar de aspirar,
coloque o saco do aspirador
dentro de outro saco ou reci-
piente isolado (para evitar fuga
de pulgas) e deposite-o fora de
casa no ponto de recolha de
lixo habitual;
• Lave toda a roupa em que o
animal tenha estado em con-
tacto, em especial das camas
(a dele e a sua), com água bem
quente;
• Note que a eliminação das
pulgas pode demorar um par de
semanas ou mesmo um mês,
pelo que as lavagens e aspira-
ções devem ser repetidas com
frequência até que não existam
quaisquer pulgas no ambiente;
• Se for uma infestação mais
grave, poderá ter de recorrer
a um inseticida antipulgas em
casa, sendo mais recomenda-
do o Biokill. Caso escolha outro
produto, tenha muita atenção
aos rótulos para se certificar
que não corre o risco de into-
xicação de pessoas e animais;
• Em casos de gravidade ex-
trema, recorrer aos serviços de
uma empresa de desinfestação
poderá ser a solução para re-
solver de vez o problema.
74 MUNDO DOS ANIMAIS
75. A desparasitação nos ani-
mais deve começar após ter
feito a primeira aspiração e lim-
peza em casa. Todos os cães e
gatos em casa devem ser tra-
tados, mesmo que acredite que
apenas um deles está com pul-
gas.
Apesar de existirem diversos
tipos de produtos, não acon-
selhamos o uso de sabonetes
ou champôs antipulgas (salvo
recomendação do seu veteriná-
rio), devido ao fraco efeito resi-
dual assim que é enxaguado e
por alguns riscos associados a
animais idosos ou debilitados.
Tenha atenção a talcos antipul-
gas ou outros venenos inseti-
cidas, pois podem ser tóxicos
para os animais e criar proble-
mas sérios, inclusivamente fa-
tais. Tenha também especial
cuidado com alguns antipulgas
para cães, como o Advantix e
o Pulvex, pois são altamente
tóxicos para gatos.
Certifique-se que o produto que
vai utilizar é 1) de uso veteri-
nário e 2) indicado para o ani-
mal que pretende desparasitar.
Consulte primeiro o seu veteri-
nário para dissipar qualquer dú-
vida.
77. Como Evitar o Reaparecimento
A
pós eliminar com su-
cesso as pulgas do
seu animal e da sua
casa, deve adotar me-
didas preventivas para que es-
tas não reapareçam. Como em
muitos problemas, a prevenção
é o melhor remédio.
Existem algumas dicas práticas
que pode aplicar, para evitar
que as pulgas voltem a entrar
em sua casa. Nomeadamente:
• Manter o ambiente limpo e
arejado, evitando a humidade
excessiva;
• Aspirar frequentemente a
casa e ter especial atenção a
cestas e roupas em contacto
com os animais (como as ca-
mas deles);
• Encerar os soalhos, pois a
cera é tóxica para as pulgas;
• No jardim / exterior, pode apli-
car produtos biodegradáveis
contra pulgas.
Quanto ao seu animal, certi-
fique-se de que lhe dá banho
frequentemente (nos cães, me-
nos frequente nos gatos) e de
que não entra em contacto com
outros animais que possam ter
pulgas.
Caso tenha dúvidas sobre qual
o produto mais aconselhável
para o seu animal, ou se o seu
animal foi afetado por outros
problemas associados a uma
infestação de pulgas (como
alergias e parasitas internos),
deve consultar o veterinário as-
sistente, que saberá qual a me-
lhor estratégia a adotar.
Leia mais sobre animais de estimação em:
- http://www.mundodosanimais.pt/animais-
estimacao/
77PULGAS: COMO ELIMINAR