2. Introdução
O presente trabalho tem como tema a Imprensa na 2ª metade do séc. XIX e o seu
surgimento e importância em Portugal. Pretendemos assim desenvolver o trabalho com
base nos seguintes objetivos: compreender o impulso de jornais impressos, o despertar
de tal acontecimento, explorar a sua multiplicação e sobretudo, quem se encarregou de
ajudar e criar este fenómeno.
“A imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança
personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une
o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que
transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza as suas
formas brutas.” Karl Marx
A Imprensa na 2ª metade do séc. XIX
Mais de metade da
população era considerada
ignorante, porque não tinha
conhecimento de certos e
variados assuntos. A
intervenção pública era quase
escassa. Mas tudo mudou
quando surgiu um impulso de
3. jornais impressos em Portugal, pois esse impulso deveu-se àquilo a que chamamos de
Revolução Cultural. Passou a existir interesse de uma elite intelectual, mais
precisamente denominada como Geração de 70. A Geração de 70 consistia num
movimento académico na cidade de Coimbra, digamos que num ambiente boémio, onde
jovens intelectuais discutiam temas da atualidade, ligados à política, literatura, educação
e até de religião. Faziam parte deste movimento célebres nomes como o de Eça de
Queiroz, Ramalho Ortigão, Camilo Castelo Branco e Rafael Bordalo Pinheiro,
considerados os maiores escritores da História Portuguesa. Este grupo tinha como
objetivo ajudar à renovação da vida política bem como a vida cultural portuguesa. Uma
elite que o é, não por herança social ou cultural mas por ter arriscado e desafiado a
história e a si própria. Com isto, permitiu então uma “onda” cultural e literária na 2ª
metade do séc. XIX.
“É a imprensa que reforça e purifica a voz da
opinião” Fialhode Almeida
É durante o século XIX que surge as primeiras grandes inovações do jornal. Este
impulso na imprensa. Os fatores que contribuíram para esse fenómeno foram:
a) Ajuda dos poetas e escritores da geração de 70 que reavivaram a imprensa no
nosso país. O grupo era caracterizado por uma grande apetência cultural.
Tiveram um papel bastante importante na transmissão de conhecimento derivado
ao seu contacto com outros países da Europa, que tinham uma cultura mais
avançada, nunca antes vista em Portugal, o que de alguma forma, despertou a
curiosidade e interesse de muitos leitores. O inconformismo do grupo Geração
de 70 manifestava-se em diversas ocasiões que tinham repercussões públicas
dignas de registo. Seja como for, a Geração de 70 permitiu uma capacidade
crítica nas pessoas que liam os respetivos textos de opinião e começaram a
questionar-se sobre temas que antes estavam limitados de um romantismo, onde
parecia não existir problemas nacionais;
b) A imprensa também permitiu que as mulheres do século XIX tivessem a
oportunidade de ter acesso à informação, que lhes permitiu a participação na
vida pública;
c) A expansão da imprensa está também relacionada com a grande produção dos
jornais onde vários escritores puderam contribuir com artigos, novelas e
romances nos folhetins dos jornais diários. Os jornais da época ganharam muitos
leitores pela diversidade de conteúdos, onde as mulheres faziam parte dos novos
leitores devido aos romances que apareciam nos jornais;
d) d) O impulso dos jornais foi gerado também pela liberdade através de direitos
fundamentais tais como o pensamento e a opinião e também da nova forma de
governo, a Democracia. A procura da população de ter conhecimento dessas
mesmas opiniões por parte da elite intelectual levou ao aumento substancial de
publicações. A imprensa suscitou o interesse público por esta ser um meio de
denunciar mazelas e injustiças sociais.
4. Ramalho Ortigão com esta citação pretendia de certo modo, resumir toda a atitude cultural, isto é,a sua condenação de tudo
o que era irracional. A imprensa permitia que quem lesse ficasse informado, instruído e culto. Presenciamos então uma
sobrevalorização da parte de Ramalho Ortigão que teceu incondicionais elogios à imprensa em Portugal.
“Do fundo tenebroso da Idade Média tinham saído três factos
fundamentais da civilização moderna – a
bússola, a imprensa e a pólvora.”
Ramalho Ortigão
As mulheres e os jornais
Os jornais contribuíram muito para o público feminino porque
as ajudou a abrir a sua mentalidade e despertou-lhes o interesse pela leitura feminina
disponível nos jornais na segunda metade do século XIX.
Os artigos que liam ajudavam-nas a aprender a ler e a tornarem-se cultas. Os jornais
também permitiram uma abertura na entrada da mulher na vida pública pois esta tinha
acesso a mais informação o que era complementado com o acesso ao ensino e que fazia
com que elas deixassem de estar presas ao domínio familiar.
As leitoras liam principalmente contos e novelas, normalmente estes eram exibidos em
episódios na imprensa nas revistas e jornais. Apesar de nem todas as mulheres terem
possibilidades na compra de revistas e jornais, as que podiam liam os artigos ligados ao
romance. Um dos jornais importantes na época para educar e abrir as mentalidades das
mulheres foi o Diário de notícias.
Mas as mulheres não eram apenas leitoras, havia algumas que se destacavam no mundo
jornalístico, como por exemplo Antónia Gertrudes Pusich que foi a primeira mulher
portuguesa a assumir a direção de um jornal periódico tendo fundando três revistas, A
AssembléaLitteraria, A Beneficencia e A Cruzada.
Diário de notícias seculo XIX
Diário de Notícias apresentava-se no século XIX como um jornal exclusivamente
informativo que servia para transmitir “com a possível verdade todos os
acontecimentos, deixando ao leitor, quaisquer que sejam os seus princípios e opiniões, o
comentá-los ao seu sabor”.
Eduardo Coelho, o fundador do jornal, caracterizava o jornal como este sendo “(…)uma
compilação cuidadosa de todas as notícias do dia, de todos os Países, de todas as
especialidades, um noticiário universal.”
O jornal da época era constituído com uma paginação de quatro colunas e não a duas ou
mesmo a uma, conforme era habitual noutros jornais, este continha anúncios de
publicidade e telegramas das agências internacionais, pois era uma forma de conseguir
mais lucro. As notícias que eram noticiadas estavam associadas à vida em Lisboa, aos
5. acontecimentos internacionais, à política, à economia, noticiava também crimes e a vida
cultural da sociedade da época.
Conclusão
Concluímos que apesar da pouca capacidade cultural da população, ainda existiu quem
a quisesse retirar desse estado. O conhecimento, documentado em jornais, passou a ser
comum a todos, e de uma forma, a que pudessem questionar certos assuntos e basear o
seu raciocínio com argumentos para que fundamentassem a opinião digerida pelos
jornais. Houve um despertar de interesse nunca antes visto, e foi graças aos inúmeros
fatores que conseguimos apurar.
Bibliografia
A. Campos Matos, (1988) Dicionário de Eça de Queirós, Caminho
http://www.dnescolas.dn.pt/index.php?a=historia&p=2
http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-pedro-um-inovador-no-jornalismo-portugues-
oitocentista.pdf
https://run.unl.pt/bitstream/10362/6015/2/gina.pdf
Última consulta - 10-6-17