1. Energia Nuclear
O que é?
Energia nuclear é a energia libertada através de uma reação nuclear, ou seja, através de
processosde transformaçãode núcleos atómicos.Aoseremdivididos,os átomos liberam uma
determinada energia. Para a produção de energia elétrica destinada ao consumo, ficou
convencionadoque osmelhoresátomos a serem divididos seriam os dos elementos urânio e
o plutónio. A liberação de energia dos átomos desses elementos é de uma grandeza maior,
podendo assim, ter um melhor aproveitamento. Baseia-se no princípio da equivalência de
energiae massa(observadoporAlbertEinstein), segundoaqual durante as reações nucleares
ocorre a transformação de massa em energia.
A tecnologianucleartemcomoumadas principaisfinalidadesgerarenergiaelétrica.Aproveita
o calor que é emitidonareação para aquecera água até se tornar vapor,assimmovimentando
um turbogerador. A reação nuclear pode acontecer controladamente num reator de usina
nuclear ou descontroladamente num bomba atómica(causando uma reação chamada reação
em cadeia).
Vantagens e Desvantagens
A energia nuclear é uma energia não renovável, que como todas as outras tem as suas
vantagens e desvantagens.
Vantagens:
Não contribui parao efeitode estufa(principal) e nãopolui oar com gasesde enxofre,
nitrogénio,particulados,etc.;
Não utilizagrandesáreasde terreno:acentral requerpequenosespaçosparasua
instalação;
Não depende dasazonalidade climática(nemdaschuvas,nemdosventos);
Poucoou quase nenhumimpactosobre abiosfera;
É a fonte maisconcentradade geraçãode energia;
A quantidade de resíduosradioativosgeradosé extremamente pequenae compacta;
A tecnologiadoprocessoé bastante conhecida;
O risco de transporte docombustível é significativamente menorquandocomparado
ao gás e ao óleodastermoelétricas;
Não necessitade armazenamentodaenergiaproduzidaembaterias;
É consideravelmente maisbaratoque muitosoutros(porexemplo:opetróleo);
Permite reduzirodéfice comercial;
Permite aumentaracompetitividade.
2. Desvantagens:
É necessárioarmazenaroresíduonuclearemlocaisisoladose protegidos,existindo
muitasdificuldades paratal;
É necessário isolaracentral após o seuencerramento;
Existe umgrande riscode acidente na central nuclear;
Por seruma energianãorenovável orecursoutilizadoparaproduzireste tipode
energiaesgotar-se-áfuturamente;
As elevadastemperaturasdaáguautilizadanoaquecimentocausaa poluiçãotérmica
sendolançadaaos riose nasribeiras,destruindo ecossistemas;
O risco de acidente,vistoque qualquerfalhahumana,outécnicapoderácausar uma
catástrofe semretorno.Atualmentejáexistemsistemasde segurançabastante
elevados;
A formaçãode resíduosnuclearesperigosos e a emissãocausal de radiaçõescausama
poluiçãoradioativa;
Pode serutilizadaparafinsbélicos,para aconstrução de armas nucleares;
Acaba por tambémseruma energiacara,vistoque tantoo investimentoinicial,como
a manutençãodas energiasnuclearessãode elevadoscustos;
O plutónio utilizadoleva24.000 anospara que a sua radioatividade reduzapara
metade,e cerca de 50.000 anos para se tornar inócuo.
Este tipo de energia, ao longo das décadas, tem levantado diversas questões, pondo-se em
causa a segurança na sua utilização. Hoje em dia, quando se inauguram centrais energéticas
que se utilizem da energia termonuclear são cercadas de polêmica e protestos vindos de
diversascorrentes da sociedade,devidoao alto risco, sempre presente,deste tipode energia
escapar ao controle dos operadores e causar destruição e morte às áreas vizinhas.
Desastres:
Desastre de Chernobyl:
O desastre de Chernobyl foi um acidente nuclear catastrófico que ocorreu a 26 de Abril de
1986 na central elétricadaUsina Nuclearde Chernobyl.Esta estava sob a jurisdição direta das
autoridades centrais da União Soviética. Uma explosão e um incêndio lançaram grandes
quantidades de partículas radioativas na atmosfera, que se espalhou por boa parte da União
Soviéticae daEuropa ocidental.Odesastre é opior acidente nucleardahistória em termos de
custo e de mortesresultantes, além de ser um dos dois únicos classificados como um evento
de nível 7 (classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares.
A batalha para
contera contaminaçãoradioativae evitarumacatástrofe maior
3. envolveu mais de 500 mil trabalhadores e um elevado custo. Durante o acidente em si, 31
pessoas morreram e passaram a existir efeitos a longo prazo, como cancro e deformações,
ainda hoje existentes.
Existem duas teorias oficiais, mas contraditórias, sobre a causa do acidente. A primeira,
publicada em Agosto de 1986, atribuiu a culpa, exclusivamente, aos operadores da usina. A
segunda, publicada em 1991, atribuiu o acidente a defeitos no projeto do reator RBMK, mais
concretamente defeitos nashastesde controlo. Ambas as teorias foram fortemente apoiadas
por diferentesgrupos,comopelosconstrutoresdos reatores, pelos trabalhadores da usina de
Chernobil e pelo governo. Atualmente, alguns especialistas acreditam que nenhuma das
teorias esteja completamente certa. Na realidade, o que aconteceu foi a junção das duas
teorias,sendoque apossibilidadede existirumdefeitono reator acabou por ser agravado por
erro humano.
Desastre de Hiroshima e Nagasaki:
Os bombardeamentos atômicos decorridos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki foram
realizadospelos EstadosUnidos contraoImpériodoJapão no fimda SegundaGuerra Mundial,
em agosto de 1945. Foi o primeiro e único momento em toda a história em que foram
utilizadas armasnucleares emguerras e contraalvoscivis. Depoisde váriosbombardeamentos
destruidores de várias cidades japonesas, os Aliados prepararam-se para uma invasão ao
Japão. A guerra na Europa só terminou quando a Alemanha nazista assinou o acordo de
rendição a 8 de Maio de 1945, mas a Guerra do Pacífico continuou. Juntamente com Reino
Unido e China, os Estados Unidos pediram a rendição incondicional das forças armadas
japonesas na Declaração de Potsdam a 26 de julho de 1945, ameaçando que causariam uma
"destruição rápida e total".
A agosto de 1945, o Projeto
Manhattan dos Aliados testou, com sucesso, um artefacto atômico, produzindo armas com
base em dois projetos alternativos. A bomba atômica de urânio, designada de Little Boy, foi
lançada sobre Hiroshima a 6 de Agosto de 1945, seguida por uma explosão de uma bomba
nuclearde plutônio,designada de Fat Man, sobre a cidade
Localização
4. de Nagasaki a 9 de agosto. Dentro dos primeiros 2-4 meses após os ataques atômicos, os
efeitosde ambas asexplosõesmataram entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e 60 mil
e 80 mil em Nagasaki, em que cerca de metade das mortes em cada cidade ocorreu no
primeiro dia. Durante os meses seguintes, cresceram as mortes devido aos efeitos de
queimaduras, ao envenenamento através da radioatividade, entre outras lesões. Noutras
cidades,amaioriados mortoseramcivis,embora Hiroshima tivesse muitos militares. A 15 de
Agosto,poucosdias apóso bombardeamentoem Nagasaki e dadeclaraçãode guerra da União
Soviética, o Japão anunciou a sua rendição aos Aliados. A 2 de Setembro, o governo japonês
assinou o acordo de rendição, acabando assim com a Segunda Guerra Mundial.
Desastre de Fukushima:
O acidente nuclear de Fukushima foi um desastre nuclear ocorrido na Central Nuclear de
Fukushima a 11 de Março de 2011, causado pelo derretimento de três dos seis reatores
nucleares dausina. A falhaocorreuquandoa usinafoi atingidaporum tsunami,provocadopor
um terremoto de magnitude 9,0. A usinaacabou por libertargrandesquantidades de material
radioativo, tornando-se,assim,omaiordesastre nuclearregistadodesde oacidente nuclearde
Chernobyl,e osegundoachegar ao nível 7 na Escala Internacional de AcidentesNucleares. Em
agosto de 2013, registou-se uma enorme quantidade de água radioativa no local, sendo um
dos problemas mais urgentes para resolver, pois afetou o processo de limpeza do local.
Deram-se contínuos vazamentos de água contaminada na usina e alguns no mar. Os
trabalhadoresdafábricaestãoa tentarreduzirestes vazamentosatravésde algumasmedidas,
como a construção de muros subterrâneos químicos. Embora não exista nenhuma morte
registada por exposição à radiação cerca de 300 mil pessoas foram evacuadas da área,
15.884 pessoas morreram devido ao terremoto e ao tsunami e, aproximadamente 1.600
pessoas morreram devido às condições
de evacuação.
Devido à falta de arrefecimento, os reatores, mesmo desativados, aqueceram, levando a
uma fusão parcial do núcleo. Múltiplas explosões de hidrogênio destruíram o revestimento
superiordosedifíciosde alojamento,umaexplosãodanificouoconfinamentodentrodoreator
2; e múltiplos incêndios eclodiram no reator 4. Além disso, as barras de combustível
armazenado em piscinas começaram a sobreaquecer os níveis de água nas piscinas
abandonadas. Comoexistiamreceiosde vazamentosde radiação evacuaram o local e 2000 km
em redor.
5. Os trabalhadores da fábrica sofreram uma elevada exposição à radiação e foram
temporariamente evacuados em vários momentos. Em agosto de 2013, quase dois anos e
meio após o acidente nuclear, verificaram-se vários vazamentos de material radioativo e a
possibilidade de um grande transbordamento de água contaminada com material
radioativo parao OceanoPacífico,colocandoemestadode emergênciaocomplexonuclearde
Fukushima.
José Delgado Domingos
Apresentação:
DelgadoDomingostinha79 anose dedicouamaior parte da sua vida profissional ao IST, onde
se licenciou comoengenheiromecânicoem 1959. Em 1965 já eracatedrático,estatuto ao qual
acedeu por concurso com provas públicas. No final dos anos 70, foi um dos protagonistas da
luta contra a instalação de uma central nuclear em Portugal, em Ferrel. Ao protesto Delgado
Domingosemprestouoseuconhecimentocientífico,descodificando os argumentos que eram
entãoinvocadospara justificar a central e explicando à população o que estava em causa. No
IST, DelgadoDomingosfoi umdoscriadoresdocurso de EngenhariadoAmbiente,noprincípio
dos anos 1990.
Delgado Domingos e a Energia Nuclear:
DelgadoDomingostornou-se conhecido no final da década de 1970, quando, em Portugal, se
começou a discutir a hipótese de construir uma central nuclear, que chegou a estar prevista
para Ferrel, perto de Peniche. Nessa altura foi a voz científica da contestação a essa opção,
tendopublicadoumaobrade referência:“InteligênciaouSubserviênciaNacional?”.Foi umdos
rostos da oposição ao nuclear, mas também um crítico das alterações climáticas. Os seus
alertas relativamente à segurança das centrais nucleares começaram a ser feitos antes de os
acidentesde Three Mile Islande Chernobylteremmudadoradicalmente aperceçãopúblicado
problema. Noseusite oficial discute,eminúmerosartigos, sobre as centrais nucleares e a sua
importância em Portugal.
Delgado Domingos e a Energia Nuclear em Portugal:
6. O ProblemadaEnergiaemPortugal é que estaé muitobaixae ineficiente, e existe a ausência
de uma politica energética coerente e sustentada que estimule a concorrência e a
transparência do mercado.
A intensidade energética da economia portuguesa degradou-se continuamente desde 1970.
Entre 1992 e 2002 Portugal teve o maior crescimento no consumo de energia primária e de
energiaeléctricapercapitanaEuropa. Quantomaioré a intensidadeenergéticadasatividades
económicas maior a sua vulnerabilidade à flutuação dos preços da energia. Para Portugal, o
problemadoabastecimentoemcombustíveisfosseisnãoreside nasuaeventual escassez,mas
sim na ausência de meios para os adquirir. Com uma situação tão grave no que toca à
eficiêncianousoda energia,sófazsentidodiscutira introdução da energia nuclear no âmbito
global de uma politicaenergética. O não cumprimento das metas do protocolo de Quioto (dá-
se um aumento do custo da energia com a aplicação deste Protocolo e um sobrecusto com o
mercadodo carbono) levaà ineficiênciaenergética.Resolvereste problema é resolver aquele
de modo muito mais eficaz e sustentável. Defender, em Portugal, a energia nuclear para
cumprir Quioto ou para reduzir as multas por excesso de emissão de gases com efeito de
estufa “é uma ilusão”, não só por ignorar os custos de oportunidade como pelos problemas
que pode criar e/ou agravar.
Dado o atraso de Portugal na eficiência energética relativamente às médias comunitárias, os
seusganhosseriambemsuperiores.Muitasdasmedidas aplicadas já constavam de propostas
apresentadas em 1983 e figuram também no Plano Nacional para as Alterações Climáticas
(PNAC).Exemplodissoé que aco-geraçãonãofoi permitidaemPortugal até meados dos anos
80 e que, só recentemente, por força de diretivas comunitárias, foi promulgada a legislação
sobre a energia nos edifícios e energias renováveis. A cultura económica, tecnológica e
empresarial que defendeu tal status continua em vigor, para mal da saúde da economia
nacional.
A energia elétrica representa apenas 20 % do consumo energético, e a energia nuclear só
serve para a sua produção. Esta pode ser obtida a partir do petróleo, proveniente de todo o
mundo, residual em Portugal e em vias de desaparecimento. A segurança do abastecimento
será tanto maior quanto maior for a percentagem de fontes endógenas. Para a produção de
eletricidade existem recursos suficientes de energia eólica, que deveria de ser mais
aproveitada(Parasatisfazeras oscilações diárias do consumo tem de recorrer a centrais a gás
ou a barragens de acumulação assim como a eólica). O maior problema energético são os
Evolução da Intensidade
Energética da Economia na EU15
7. transportes, pois a médio prazo o combustível utilizado será o hidrogénio produzido
localmente.Uma produção centralizada a partir de reatores nucleares não seria competitiva.
A energianuclear,devidoàrigidezna -temde ocupara base dodiagrama de cargas retirando
espaçoàs energiasrenováveismaiscompetitivase àcogeração. Assimé necessárioimportar
eletricidade. Devidoàsobrecapacidadeinstaladae à rigidezdaprodução nuclear,a França
estabeleceucontratosde fornecimentoalongoprazocomItália, Espanha,Inglaterra,mas
importa,sobretudo,daAlemanhaapreçomuitosuperior.Éracionalidade económicaimportar
durante a noite,comoPortugal faze só nãoimporta a preçosaindamaisbaixosporque a
ligaçãoa Espanha não o permite e opreçofica congeladoporisso.Emcontrapartida,vende
nas horas de pontaa preçomaiselevado,sendoa capacidade de produçãoinstaladaem
Portugal é suficiente paraabasteceropaís.
Mitos:
A produçãode urâniosó existe numnúmeroreduzidode paísese o seu
enriquecimentoé praticomonopóliodaspotenciasnucleares;
Todo o urânioconsumidonaeuropaé praticamente importado;
França depende inteiramentedourânioimportado;
Cerca de 50% da energianuclearnaEuropaé de origemfrancesa,masa França
importaquase 50% da energiaque utiliza,sobretudopetróleo;
Nosanos 50 prometia-se energianucleartãobarata que não se justificavam
contadores;
Nosanos 70, quandoosgrandesprogramas de centraisforamlançados,que o
problemadosresíduosseriaembreve reduzido;
Em 2009, apesardos biliõesgastoseminvestigaçãocontinuaporresolvere a França,
campeãdo nuclear,ao qual dedicoue continuaadedicarcerca de 75% das verbaspara
investigaçãoaindanemsequerencontrouumlocal para uma deposiçãodefinitiva.