2. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho: Geografia, História e Trabalho: 8o
ano/
3o
termo do Ensino Fundamental. São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia (SDECT), 2013.
il. (EJA – Mundo do Trabalho)
Conteúdo: Caderno do Estudante.
ISBN: 978-85-65278-61-4 (Impresso)
978-85-65278-62-1 (Digital)
1. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Fundamental 2. Geografia – Estudo e ensino 3. História
– Estudo e ensino 4. Trabalho – Estudo e ensino I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia II. Título III. Série.
CDD: 372
FICHA CATALOGRÁFICA
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Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
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sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e
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3. Geraldo Alckmin
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História: Fábio Luis Barbosa dos Santos. Inglês:
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Editorial: Adriana Ayami Takimoto, Airton Dantas de
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Patrícia Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana,
Paulo Mendes e Tatiana Pavanelli Valsi
Direitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco,
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Russo (Capa)
CTP, Impressão e Acabamento
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Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
Coordenação Geral do Projeto
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Equipe Técnica
Cibele Rodrigues Silva e João Mota Jr.
Concepção do programa e elaboração de conteúdos
Gestão do processo de produção editorial
5. Caro(a) estudante,
É com grande satisfação que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência e Tecnologia, em parceria com a Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo, apresenta os Cadernos do Estudante do Programa Educação de
Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho, em atendimento a uma justa rei-
vindicação dos educadores e da sociedade. A proposta é oferecer um material
pedagógico de fácil compreensão, para complementar suas atuais necessidades
de conhecimento.
Sabemos quanto é difícil para quem trabalha ou procura um emprego se dedi-
car aos estudos, principalmente quando se retorna à escola após algum tempo.
O Programa nasceu da constatação de que os estudantes jovens e adultos
têm experiências pessoais que devem ser consideradas no processo de aprendi-
zagem em sala de aula. Trata-se de um conjunto de experiências, conhecimen-
tos e convicções que se formou ao longo da vida. Dessa forma, procuramos
respeitar a trajetória daqueles que apostaram na educação como o caminho
para a conquista de um futuro melhor.
Nos Cadernos e vídeos que fazem parte do seu material de estudo, você
perceberá a nossa preocupação em estabelecer um diálogo com o universo do
trabalho. Além disso, foi acrescentada ao currículo a disciplina Trabalho para
tratar de questões relacionadas a esse tema.
Nessa disciplina, você terá acesso a conteúdos que poderão auxiliá-lo na
procura do primeiro ou de um novo emprego. Vai aprender a elaborar o seu
currículo observando as diversas formas de seleção utilizadas pelas empresas.
Compreenderá também os aspectos mais gerais do mundo do trabalho, como as
causas do desemprego, os direitos trabalhistas e os dados relativos ao mercado
de trabalho na região em que vive. Além disso, você conhecerá algumas estra-
tégias que poderão ajudá-lo a abrir um negócio próprio, entre outros assuntos.
Esperamos que neste Programa você conclua o Ensino Fundamental e, pos-
teriormente, continue estudando e buscando conhecimentos importantes para
seu desenvolvimento e para sua participação na sociedade. Afinal, o conheci-
mento é o bem mais valioso que adquirimos na vida e o único que se acumula
por toda a nossa existência.
Bons estudos!
Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência e Tecnologia
Secretaria da Educação
6. Sumário
Geografia..........................................................................................................................7
Unidade 1
Capitalismo e espaço geográfico: antecedentes
do mundo em que vivemos 9
Unidade 2
As transformações do espaço geográfico
mundial pós-2a
Guerra 27
Unidade 3
A globalização e seus efeitos 41
Unidade 4
A América Latina e a globalização 59
História............................................................................................................................ 73
Unidade 1
O início do século XX: a 1a
Guerra Mundial e
a Revolução Russa 75
Unidade 2
O período entreguerras 93
Unidade 3
2a Guerra Mundial e Guerra Fria 107
Unidade 4
Revolução e Contrarrevolução no mundo da Guerra Fria 127
Trabalho......................................................................................................................143
Unidade 1
Sobre os direitos de cidadania 145
Unidade 2
Direitos do trabalho 163
Unidade 3
Trabalho e saúde 177
Unidade 4
A saúde mental e o trabalho 189
7.
8. História
Caro(a) estudante,
Este Caderno será dedicado ao século XX. Após ter estudado o feudalismo e a forma-
ção e desenvolvimento do capitalismo até o século XIX, você vai entrar em contato com
alguns temas da história contemporânea.
Inicialmente, será discutida a 1a
Guerra Mundial (1914-1918), assunto ligado ao impe-
rialismo, último tema abordado no Caderno do 7o
ano/2o
termo. Em seguida, você estudará
a Revolução Russa. Essa revolução política, econômica e social – que eclodiu no final da
guerra – teve grande impacto no mundo todo, e não apenas no Ocidente. Você também verá
que uma revolução resulta sempre de um processo que leva tempo para amadurecer.
Ao final da 1a
Guerra Mundial, outras conturbações emergiram no cenário mundial.
A experiência russa, que pretendia instalar um Estado de operários e camponeses para
construir o comunismo, despertou sentimentos contraditórios: inspirou trabalhadores que
queriam seguir esse caminho, ao mesmo tempo que gerou pânico entre aqueles que defen-
diam a ordem capitalista. Essa conjuntura ficou mais delicada com a crise econômica do
capitalismo, precipitada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929.
Como uma resposta à crise, reforçou-se o papel do Estado nos países capitalistas,
particularmente onde prevalecia a tradição liberal, como nos Estados Unidos e na Grã-
-Bretanha. Em outros casos, foram instituídos regimes autoritários, como o fascismo ita-
liano, liderado por Benito Mussolini, e o nazismo alemão, comandado por Adolf Hitler.
Quando o nazismo começou a se expandir pela Europa, estourou a 2a
Guerra Mun-
dial. Esse conflito envolveu diversas motivações, algumas antigas, como a disputa imperia-
lista, aliada a outras novas, como o anticomunismo. Terminado o confronto, os Estados
Unidos emergiram como uma grande potência, pois a Europa estava fragilizada pelos
esforços de guerra. Além do mais, eles desenvolveram a bomba atômica.
A tecnologia nuclear, logo alcançada também pela União Soviética, fez com que as
duas potências evitassem um confronto direto. Porém, o antagonismo entre o capitalismo
e o socialismo soviético desencadeou o que ficou conhecido na história como Guerra Fria,
influenciando as lutas sociais em vários países do mundo após o fim da 2a
Guerra Mundial.
Na Ásia e na África, diversas lutas pelo fim da dominação colonial direta dos países
europeus se tornaram vitoriosas.
Na América Latina, considerada pelos Estados Unidos uma área sob sua influência geo-
política, a Guerra Fria acentuou-se após o triunfo da Revolução Cubana em 1959. Nos anos
seguintes, golpes militares que instalaram ditaduras foram apoiados pelos Estados Unidos,
sob a alegação de combate ao comunismo. Isso aconteceu no Brasil, na Argentina, no Chile,
no Uruguai e no Paraguai, apenas para citar alguns países, interrompendo inúmeros pro-
cessos de mudança social que questionavam totalmente, ou em parte, o modelo capitalista e
que se configuravam com base em um processo democrático e legal.
Como você pode perceber por essa breve apresentação, o século XX, que será estu-
dado neste Caderno, foi bastante intenso do ponto de vista social, político e econômico, e
definiu o modo como vivemos e organizamos o mundo do trabalho hoje em dia.
Bom estudo!
8o
ANO
3o
TERMO
9. Na primeira parte da Unidade, será apresentada a 1a
Guerra Mun-
dial (1914-1918). Na sequência, será analisada a Revolução Russa.
Ao estudar a Grande Guerra, você verá que o desgaste gerado por um
conflito que sacrificava milhões de camponeses e operários provocou
comoções sociais em muitas partes. A mais radical delas foi na Rússia,
onde ocorreu um fato inédito na história: a tomada do poder por
trabalhadores, difundindo um clima de insegurança entre as classes
dominantes no mundo todo.
Na Alemanha, país que contava com o movimento operário mais
avançado do continente, o temor de uma revolução social foi um dos
fatores que precipitaram o final da guerra. Para compreender o signi-
ficado desses movimentos, será analisado com maior detalhe o que
aconteceu na Rússia.
Para iniciar...
Recorde o percurso do Caderno do 7o
ano/2o
termo: as primeiras
Unidades concentraram-se na Europa, porque foi nesse continente
que o capitalismo se formou. Ao abordar o imperialismo, a área
geográfica de seu estudo começou a se ampliar, porque o alcance do
próprio capitalismo se estendeu. Como consequência, quando os
países que lideravam a expansão do capitalismo entraram em con-
flito entre si, envolveram todos os continentes, ainda que o centro
dos acontecimentos tenha sido a Europa. Foi o que ocorreu na
1a
Guerra Mundial.
• Você já tinha ouvido falar dessa guerra? O que sabe a respeito
dela? Quando e onde ela aconteceu?
• Quais foram os principais países envolvidos nesse conflito?
• Quais eram os problemas econômicos e políticos da época?
Antecedentes da guerra
A Europa entrou no século XX com um equilíbrio de forças
muito delicado entre os países. As disputas territoriais, a política
Oinício do século XX:a 1a
Guerra
Mundial e a Revolução Russa
1
75
10. expansionista e as competições econômicas que haviam caracterizado
o fim do século XIX se acentuavam. Somando-se a isso, as ideolo-
gias nacionalistas contribuíam para acirrar os preconceitos étnicos em
todo o continente.
A raiz da tensão que fez eclodir a 1a
Guerra Mundial está nesses
interesses conflitantes entre as principais potências europeias, que dispu-
tavam a dominação econômica e política de diferentes regiões, na Europa
e em outros continentes.
Por que essas tensões, que existiram por algumas décadas, explo-
diram em 1914?
No final do século XIX, o equilíbrio político-econômico europeu
era mantido por meio de um elaborado jogo de alianças políticas.
Seu principal articulador foi o chanceler alemão Otto von Bismarck
(1815-1898), que tinha uma reputada habilidade em construir com-
plicados arranjos diplomáticos. Esses acordos evitaram que a tensão
estourasse, mas não diminuíram a “voltagem” da situação. É como
se houvesse muitos fios de alta tensão embaralhados e qualquer um
desencapado pudesse provocar um incêndio.
Durante muitos anos, a diplomacia teve êxito em conter as ten-
sões, mas não pôde diminuí-las. Ao contrário, cresciam na medida em
que os interesses dos países europeus chocavam-se entre si em outros
continentes, em razão das políticas imperialistas praticadas. Em suma,
as disputas econômicas e políticas na Europa eram inflamadas pelo
sentimento nacional, em um arranjo político de delicadas alianças
diplomáticas.
Tal tensão explodiu com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, em Sarajevo, em
1914. Seu algoz foi um nacionalista sérvio que protestava contra o
domínio da Áustria-Hungria sobre suas províncias eslavas.
Esse evento provocou o rompimento das frágeis relações diplo-
máticas vigentes na Europa, e as nações, insufladas por sentimentos
nacionalistas, entraram em conflito. Dessa maneira, o Império Austro-
-Húngaro aproveitou o atentado contra o arquiduque Francisco
Ferdinando e, dando vazão às suas pretensões de expansão imperia-
lista, declarou guerra à Sérvia.
A Rússia enviou tropas em defesa da Sérvia, motivada pela ideia
da união dos povos eslavos. A Alemanha, aliada do Império Austro-
-Húngaro, pôs-se ao seu lado. A França, motivada por conflitos
76
História – Unidade 1
12. Preencha o quadro a seguir, indicando quais países estavam de
cada lado:
Tríplice Entente Tríplice Aliança
2. Agora, discuta com seus colegas o que motivou cada país envol-
vido a entrar na guerra e a escolha por um dos lados do conflito.
Registre as conclusões da turma.
O conflito
A 1a
Guerra Mundial foi um conflito de escala sem precedentes
na história. Embora outros confrontos durassem mais anos, nenhum
envolveu tantas pessoas, direta ou indiretamente. Protagonizada por
alguns dos países industriais mais avançados do mundo, a guerra
mobilizou toda a estrutura econômica e social das nações que dela
participavam. Isso significa que, até aquele momento, nunca se havia
lutado com tantos recursos. E esses recursos apoiavam-se em um
desenvolvimento tecnológico que ampliava o alcance e a escala da
destruição. Estima-se que mais de 8,5 milhões de pessoas tenham
morrido na guerra (cf. PBS, disponível em: <http://www.pbs.org/greatwar/
resources/casdeath_pop.html>. Acesso em: 12 nov. 2012.).
Os principais países europeus alinharam-se em dois blocos rivais:
de um lado, formou-se a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria
78
História – Unidade 1
14. Depois de 1917, os Estados Unidos, que até então só participavam
do esforço econômico da guerra, apoiando principalmente os ingleses e
os franceses, entraram no confronto aliando-se à Tríplice Entente. Foi
uma mudança decisiva: a entrada de tropas novas, apoiadas por uma
das maiores potências econômicas mundiais, desempatou a contenda.
Por outro lado, em outubro de 1917, operários e camponeses
tomaram o poder na Rússia, que também participava da guerra. O
exemplo da Revolução Russa tornou-se um estímulo para muitos sol-
dados e operários de outros países e, ao mesmo tempo, foi motivo de
preocupação para diversos chefes de Estado aliados à classe burguesa
dominante.
A situação foi particularmente delicada na Alemanha, país
que contava com a organização socialista mais forte da Europa no
começo do século XX, e que estava em contato direto com os russos
nas trincheiras. As pressões exercidas pelo movimento operário ale-
mão, sob influência do que acontecia na Rússia, levaram setores da
classe dominante na Alemanha a favorecer o término da guerra. No
final de 1918, o exército alemão enfrentava crescentes dificuldades,
assim como seus aliados, mas não estava completamente vencido.
Por exemplo, havia tropas alemãs em território francês. Mas, além
da situação militar desfavorável, havia o temor de um desfecho que,
na visão das classes dominantes, seria pior do que a derrota nacio-
nal: a revolução social. Com a queda do Império Alemão e a procla-
mação da República, em novembro de 1918, chegou a seu término
a 1a
Guerra Mundial.
O desfecho da guerra
Do ponto de vista econômico, os Estados Unidos emergiram como
a principal potência mundial. Abastecendo alguns dos mais importan-
tes mercados europeus ao longo da guerra, o país crescera muito, sem
sofrer com a destruição doméstica causada por uma guerra que não
atingiu o seu território.
A Europa, que havia sido o centro do capitalismo, passou da condição
de credora à de devedora dos Estados Unidos. Essa situação foi reforçada
pela necessidade de reconstrução do continente nos anos seguintes.
A desmoralização política e militar do Império Russo facilitou o
triunfo da revolução socialista naquele país. A formação da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que será trabalhada mais à
frente neste Caderno, marcaria o século XX.
Você sabia
que a queda do
Império Alemão e o
estabelecimento da
República na Alemanha
foram impulsionados
por uma revolução?
Essa revolução foi
organizada pelo Partido
Social-Democrata
Alemão, com o apoio
dos comunistas e
socialistas – já que
ambos sempre atuaram
na oposição ao regime
imperial –, obrigando o
imperador Guilherme II a
ir para o exílio.
80
História – Unidade 1
15. O desenlace da 1a
Guerra Mundial precipitou a queda de diver-
sos impérios. Além do Império Alemão, caíram também os impé-
rios Russo, Turco-Otomano e Austro-Húngaro. Diversos Estados
nacionais nasceram (ou renasceram) como resultado desses desmem-
bramentos, como Polônia, Hungria, Finlândia, Tchecoslováquia e
Iugoslávia. A Turquia e diversos países do Oriente Médio surgiram
em decorrência do esfacelamento do Império Turco-Otomano, que
apoiou a Tríplice Aliança. A Itália, que mudou de lado ao longo do
confronto, não foi atendida em suas reivindicações territoriais ao final
da guerra, o que seria explorado posteriormente pelo fascismo. Os
mapas europeus a seguir mostram tais mudanças.
Com o fim da guerra, as nações vencedoras reuniram-se na cha-
mada Conferência de Paris, a fim de discutir sobre as condições que
levariam ao estabelecimento da paz na Europa. O principal resultado
desse encontro foi a assinatura do Tratado de Versalhes, que impôs
severas perdas aos alemães, a quem os vencedores atribuíram a respon-
sabilidade pela destruição causada aos adversários durante a guerra.
Para muitos alemães, a assinatura do tratado significou uma
humilhação que deveria ser reparada assim que possível. Esse foi um
dos aspectos que favoreceram a ascensão do nazismo, a ser estudada
na próxima Unidade.
Fonte: Veja como a Primeira Guerra mudou o mapa da Europa. Folha Online, 11 nov. 2008. Disponível:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u466294.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2012.
Oceano
Atlântico
Oceano
Atlântico
Mar MediterrâneoMar Mediterrâneo
Rússia
Alemanha Alemanha
URSS
Espanha Espanha
PortugalPortugal
SuíçaSuíça
ItáliaItália
BélgicaBélgica
Luxemburgo
Luxemburgo
FrançaFrança
Áustria-Hungria Áustria Hungria
Sérvia
Albânia
Montenegro
Albânia
Grécia Turquia
Império
Otomano
Grécia
Bulgária Bulgária
Romênia
Romênia
Reino UnidoReino Unido
DinamarcaDinamarca
HolandaHolanda
NoruegaNoruega
SuéciaSuécia
Iugoslávia
Tchecoslováquia
Polônia
Prússia
Letônia
Lituânia
Estônia
FinlândiaOceano
Atlântico
Oceano
Atlântico
Mar MediterrâneoMar Mediterrâneo
Rússia
Alemanha Alemanha
URSS
Espanha Espanha
PortugalPortugal
SuíçaSuíça
ItáliaItália
BélgicaBélgica
Luxemburgo
Luxemburgo
FrançaFrança
Áustria-Hungria Áustria Hungria
Sérvia
Albânia
Montenegro
Albânia
Grécia Turquia
Império
Otomano
Grécia
Bulgária Bulgária
Romênia
Romênia
Reino UnidoReino Unido
DinamarcaDinamarca
HolandaHolanda
NoruegaNoruega
SuéciaSuécia
Iugoslávia
Tchecoslováquia
Polônia
Prússia
Letônia
Lituânia
Estônia
Finlândia
Europa antes da Primeira Guerra (1914) Europa depois da Primeira Guerra (1919)
EduardoDutenkefer
História – Unidade 1
81
16. Atividade 2 O porquê das guerras
1. Você conheceu até agora os vários motivos que levaram à 1a
Guerra
Mundial e também as consequências econômicas, políticas, sociais
e psicológicas dessa guerra, sem contar a enorme perda de vidas
humanas e as destruições materiais. Em grupos e tendo como base
o que foi apresentado:
a) Relembrem os motivos que levaram à 1a
Guerra Mundial.
b) Realizem uma pesquisa sobre as guerras atuais e comparem-
-nas com a 1a
Guerra Mundial. Os motivos que levaram às
guerras foram os mesmos?
c) Discutam o que a mídia destaca sobre as guerras atuais e ve-
jam se está de acordo com o que já concluíram sobre os moti-
vos das guerras.
d) Apresentem para a turma as conclusões a que vocês chegaram.
2. Aproveitem o momento para refletir e respondam: Há maneiras
pacíficas de povos e nações resolverem os problemas que motivaram
a 1a
Guerra Mundial? Em caso de resposta positiva, quais?
A Revolução Russa
Embora a eclosão da Revolução Russa de outubro de 1917 esteja
relacionada à 1a
Guerra Mundial, suas raízes são mais profundas e
suas consequências para o mundo foram duradouras. A tentativa de
construir uma sociedade diferente do capitalismo, e que fosse orien-
tada inicialmente por valores comunistas, polarizou a política ao
longo do século XX: as opiniões dividiram-se entre os que se sentiam
estimulados pelo exemplo russo e os que nele enxergaram uma tragé-
dia que deveria ser evitada.
Seu objetivo agora será entender como foi possível acontecer uma
revolução operária na Rússia, um dos países mais desiguais e menos
desenvolvidos da Europa no começo do século XX. Você verá que, ao
contrário do que se possa imaginar, uma revolução não é um aconte-
cimento pontual, mas o desfecho de longos processos históricos.
82
História – Unidade 1
18. O que era a Rússia no começo do século XX?
O imenso território russo situa-se em dois continentes: o europeu
e o asiático, abarcando uma variedade de etnias. Essa imensa nação
era, no século XIX, uma das mais atrasadas da Europa do ponto de
vista econômico e social. Assim mesmo, a Rússia era considerada uma
potência, como Inglaterra, França, Alemanha e Áustria, por causa de
sua vasta extensão territorial e da unidade política do império, contro-
lado pelos czares.
A maioria da sua população era camponesa e sofria a exploração
dos grandes proprietários rurais, que submetiam essa enorme massa
de trabalhadores à servidão, abolida apenas em 1861. O Império
Russo era considerado uma das monarquias mais conservadoras da
Europa, sob diversos aspectos: pela repressão às liberdades civis; pelo
apoio à exploração do trabalho camponês e operário; pela opressão
às minorias nacionais e aos judeus em seu território; e por ter a Igreja
Ortodoxa como religião oficial.
No entanto, o atraso político e social da Rússia governada pelo
czar não impedia o florescimento de importantes concentrações
industriais, principalmente em torno das cidades de São Petersburgo
e Moscou, sobretudo após a segunda metade do século XIX. Essa
industrialização era muitas vezes baseada em capital estrangeiro
e explorava os abundantes recursos naturais do país. Desse modo,
conviviam na Rússia uma população rural que trabalhava a terra em
condições de atraso técnico e opressão senhorial, e um crescente ope-
rariado envolvido com as indústrias mais modernas daquele tempo.
Essa forma de desenvolvimento, que associava a exploração dos
trabalhadores rurais e urbanos sob a dominação despótica do czar,
foi definida por Leon Trotski, um dos principais pensadores e líderes
socialistas, como “desenvolvimento desigual e combinado”. E gerou
agudas contradições sociais, que constituíram o pano de fundo das
revoluções ocorridas na Rússia no começo do século XX, culminando
na Revolução Bolchevique.
O processo revolucionário
Em 1905, manifestações populares massivas atenuaram o despo-
tismo com que o czar governava: um Parlamento foi criado e convo-
cou-se uma Assembleia Constituinte. A monarquia absolutista, na
qual o poder do imperador não tinha limites jurídicos, cedeu lugar
para a monarquia constitucional. Nesse contexto, foi formalmente
admitida a atuação de partidos políticos.
84
História – Unidade 1
20. Enquanto o Governo Provisório, comandado por políticos con-
vencionais, assumia a condução política do país, crescia o prestígio
dos sovietes como expressão legítima do poder dos trabalhadores.
A convivência desses dois órgãos nos meses posteriores à queda
do czar expressava uma dualidade de poderes na sociedade russa:
nenhum dos dois organismos tinha força ou legitimidade para exer-
cer o poder absoluto. No entanto, na medida em que representavam
interesses divergentes, essa dualidade não poderia sustentar-se para
sempre. O que decidiria a situação seria novamente a intervenção do
povo na política.
Em um primeiro momento, o Governo Provisório adotou medidas
liberais, como liberdade de expressão, anistia aos presos políticos,
além de redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Tam-
bém convocou uma Assembleia Constituinte, que deveria ser eleita no
final do ano por meio do voto universal.
No entanto, havia dois pontos cruciais para o povo russo que o
Governo Provisório se mostrou incapaz de resolver: a reforma agrária
e a retirada do país da guerra. Esses motivos alimentavam a esperança
de que os sovietes, compostos de trabalhadores, pudessem ser um ins-
trumento de mudança social eficaz.
Em meio a essa situação, líderes revolucionários, como Lênin,
aproveitaram-se da anistia concedida pelo Governo Provisório, dei-
xaram o exílio e voltaram para a Rússia. Defendendo a bandeira de
“Paz, terra e pão”, a influência dos bolcheviques crescia sobre os
sovietes, apoiada na relação de confiança que estabeleceram com
organizações operárias sob o czarismo.
Conscientes da debilidade do Governo Provisório e do potencial
dos conselhos de trabalhadores, os bolcheviques estimularam a for-
mação de sovietes de soldados, camponeses e operários por todo o
país. Eles fizeram isso porque vislumbraram uma possibilidade de
revolução inédita na história da humanidade: uma sociedade gover-
nada diretamente pelos trabalhadores, na qual o poder seria exer-
cido em especial por meio desses conselhos. Fortaleceu-se, então, uma
segunda bandeira revolucionária: “Todo poder aos sovietes”. O pres-
tígio dos bolcheviques nos sovietes crescia a cada mês.
Em agosto de 1917 houve uma tentativa de golpe militar na Rús-
sia, que só pôde ser barrada pela atuação decidida dos sovietes. Como
resultado do fracasso do golpe, duas coisas ficaram claras para os
revolucionários: a debilidade do Governo Provisório e a força dos
86
História – Unidade 1
21. sovietes. Assim, naquele momento, sob a liderança dos bolcheviques,
os sovietes começaram a articular uma ação para a tomada efetiva
do poder, realizada em 25 de outubro daquele ano. Nesse dia, tropas
populares lideradas por Trotski ocuparam os principais edifícios da
capital e o governo provisório foi obrigado a renunciar.
Era o fim da dualidade de poder e, pela primeira vez na história, uma
revolução de operários e camponeses assumia o comando de um país.
Atividade 3 Os sovietes
Baseado no texto a seguir, discuta com seus colegas qual foi a
importância dos sovietes no desenvolvimento da Revolução Russa.
Registre no caderno algumas das conclusões.
A história dos sovietes
O Estado dos Sovietes baseou-se nos Sovietes – ou Conselhos – dos operários
e camponeses.
Estes conselhos – instituição característica da Revolução Russa – fizeram a
sua aparição em 1905, quando, durante a primeira greve geral dos operários,
as fábricas de Petrogrado e as organizações sindicais enviaram delegados a um
comitê central.
Este comitê de greve foi chamado de “Conselho dos Deputados Operários”. Ele
organizou no fim de 1905 a segunda greve geral, enviou emissários através de
toda a Rússia e, durante um breve espaço de tempo, foi reconhecido pelo governo
imperial como órgão oficial e autorizado da classe operária revolucionária russa.
Quando a Revolução de 1905 fracassou, uma parte dos membros do Conselho
pôs-se em fuga enquanto os outros foram enviados para a Sibéria. Mas este tipo
de organização unitária mostrou-se tão extraordinariamente eficaz, enquanto
organismo político, que todos os partidos revolucionários incluíram um Conselho
dos Deputados Operários no seu programa para a próxima sublevação.
Em março de 1917, quando, perante toda a Rússia agitada como um mar em
fúria, o czar abdicou, o grão-duque Miguel renunciou e a frágil Duma [Parlamento]
foi forçada a tomar nas mãos as rédeas do governo, o Conselho dos Deputados
Operários surgiu de novo, completamente estruturado. Em poucos dias, ampliou-
-se de modo a incluir também delegados do exército e passou a chamar-se “Con-
selho dos Deputados Operários e Soldados”. Por outro lado, o Comitê da Duma
era composto – com a exceção de Kerenski – por burgueses e não tinha qual-
quer relação com as massas revolucionárias.
[...] pouco depois formaram-se Sovietes de camponeses. [...]
REED, John. A história dos sovietes. In: Como funcionam os sovietes (Escrito entre 1918-1919).
Centro de Mídia Independente. Disponível em: <http://www.midiaindependente.org/pt/
blue/2004/07/286750.shtml>. Acesso em: 12 nov. 2012.
História – Unidade 1
87
22. A Rússia revolucionária
Os revolucionários russos que assumiram o poder em outubro de
1917, liderados por Lênin, defendiam um projeto político inspirado
nas ideias de Karl Marx, crítico radical do capitalismo. Como subs-
tituição ao sistema econômico capitalista, eles propunham a constru-
ção de uma sociedade comunista, sem patrões nem empregados, sem
propriedade privada e sem Estado, como um projeto para o mundo, e
não somente para um país.
No entanto, você também viu, no Caderno do 7o
ano/2o
termo, que
não se imaginava a construção do comunismo como uma realização ime-
diata, do dia para a noite, mas como um longo processo histórico, que
poderia durar séculos, tal qual havia sido a passagem do feudalismo para
o capitalismo. A transição entre o capitalismo e o comunismo, na visão
original dos revolucionários russos, seria o socialismo, que apresentaria
elementos da sociedade passada (o capitalismo), com outros da sociedade
futura (o comunismo).
O Estado socialista, ao invés de desaparecer, concentraria os meios de
produção, que anteriormente pertenciam aos capitalistas. Em outras pala-
vras, o Estado seria o principal proprietário de terras, fábricas, bancos
etc., representando os interesses dos trabalhadores, e não dos capitalistas.
No quadro a seguir, foram esquematizadas as diferenças entre capi-
talismo e comunismo, bem como a proposta imediata para o socialismo.
Capitalismo Comunismo Socialismo
Propriedade privada.
Propriedade coletiva ou comum;
fim da propriedade privada dos
meios de produção.
Propriedade estatal gerida por
trabalhadores.
Estado burguês.
Gestão econômica, social e política
direta dos trabalhadores, por meio
de comunas, conselhos e outras
associações de livres produtores.
Estado dos trabalhadores.
Divisão de classe.
Fim das classes sociais:
todos são produtores.
Expropriação dos capitalistas e
divisão dos recursos por meio de
serviços estatais.
Com o triunfo da revolução, os bolcheviques, fiéis a esses ideais,
imediatamente propuseram:
• uma reforma agrária, expropriando as grandes propriedades e divi-
dindo a terra entre os camponeses pobres;
88
História – Unidade 1
24. Assim, os bolcheviques não tiveram uma trégua. Antes mesmo de que
se encerrasse a 1a
Guerra Mundial, a revolução precisara formar um exér-
cito popular, conhecido como Exército Vermelho, para enfrentar os con-
trarrevolucionários russos que sustentavam o Exército Branco, que era
apoiado por ingleses, estadunidenses, franceses e japoneses, entre outros.
Com a intenção de defender a revolução, os bolcheviques orienta-
ram a produção industrial e agrícola para o esforço de guerra, o que
fez com que a população civil sofresse terríveis privações. Em muitos
casos, o governo revolucionário enfrentou um dilema: para assegurar
a eficiência no combate à contrarrevolução, precisava centralizar deci-
sões e implementá-las com rigorosa disciplina. Isso colocava em risco,
muitas vezes, os princípios democráticos da revolução. No entanto,
para os bolcheviques, tratava-se de uma questão crucial: não haveria
chance de democracia se a revolução fosse derrotada.
Em 1921, consumou-se a vitória do Exército Vermelho. A revolu-
ção havia sobrevivido. No entanto, o país estava arrasado: plantações
foram queimadas, cidades foram destruídas e muitas vidas, ceifadas.
O governo revolucionário deveria enfrentar então o desafio de, em um
contexto de hostilidade mundial, reconstruir uma sociedade devastada.
Essa não seria uma tarefa fácil. Com a morte de Lênin, em 1924,
o país perdeu sua liderança revolucionária indiscutível. E com a pro-
gressiva ascensão do líder revolucionário Josef Stálin, que se tornou
secretário-geral do Partido Comunista quando Lênin ainda estava
vivo, o processo revolucionário russo avançaria em uma direção dife-
rente daquela prevista por seus idealizadores. A utopia da revolução
mundial deu lugar a uma política de defesa dos interesses do novo
país, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Nas políticas econômicas internas, investiu-se no desenvolvimento
industrial e na mecanização do campo. Visto por esse ângulo, o
regime liderado por Stálin foi um sucesso: em pouco tempo, a União
Soviética tornou-se uma potência econômica mundial. Mas, do ponto
de vista social, pagou um alto preço por isso: a realização dos progra-
mas do governo muitas vezes contrariou os trabalhadores e os ideais
comunistas. O Estado tornou-se uma estrutura opressora e o regime
stalinista perseguiu implacavelmente seus dissidentes.
Assim, a experiência do chamado “socialismo real” acabaria dis-
tanciando-se de seus propósitos originais. Apesar disso, a União Sovié-
tica seria, ao longo do século XX, uma referência para trabalhadores e
intelectuais no mundo inteiro, que acreditavam na necessidade de cons-
trução de uma sociedade diferente da capitalista. E foi também uma
referência negativa para aqueles que temiam uma revolução social e
que combateram a experiência soviética de todas as maneiras possíveis.
Doutor Jivago (Doctor
Zhivago, direção de
David Lean, 1965). O
filme é baseado no livro
homônimo do escritor
russo Boris Pasternak,
um crítico da Revolução
de Outubro.
Reds (Reds, direção de
Warren Beatty, 1981).
Esse filme conta a
história do jornalista
americano John Reed.
Ele estava na Rússia
quando estourou a
Revolução de Outubro e
escreveu o famoso livro
Os dez dias que abalaram
o mundo, simpático
ao movimento.
Fica a dica
90
História – Unidade 1
25. Conforme visto nos Cadernos anteriores, o Estado constituiu-se com base na con-
centração do poder político nas mãos de um monarca absoluto. Após sua consolidação,
tornou-se objeto de disputa de diferentes grupos e classes sociais que pretendiam assumir
o governo da sociedade em que viviam. Assim, dependendo da orientação ideológica e
dos interesses dos grupos que assumem o poder, a máquina estatal pode ser usada para
implementar preferencialmente certas políticas em detrimento de outras.
Se, por exemplo, a classe burguesa estiver no poder, a tendência é que o Estado
seja usado para garantir a proteção da propriedade privada e promover o livre merca-
do, bem como garantir determinados direitos civis, e talvez políticos. Se, no entanto,
o Estado estiver sob orientação socialista, provavelmente o governo promoverá o que
conhecemos como direitos econômicos e sociais, defendendo os interesses do trabalha-
dor por meio da promoção de serviços públicos de qualidade, como saúde, educação e
assistência social, bem como regulando o mercado de acordo com as necessidades da
maioria da população, estipulando e controlando salários e turnos de trabalho, juros
e câmbio, entre outros.
Nas sociedades democráticas, nas quais os poderes Legislativo e Executivo definem o
rumo político da sociedade pela votação de leis e estipulação de políticas a serem imple-
mentadas, tende a haver maior pluralidade de grupos e classes sociais no poder político.
Por isso o aparato estatal é usado em diferentes direções, tanto mais opressivas como
mais promotoras dos interesses coletivos.
Atividade 4 As consequências mundiais da revolução
A Revolução Russa, primeira revolução que levou a classe tra-
balhadora ao poder, influenciou intelectuais, partidos, movimentos
sociais e outras organizações políticas no mundo inteiro. Ainda que
tenha seguido rumos diferentes daquele inicialmente planejado por
seus primeiros líderes, essa revolução ficou marcada na história como
a principal ameaça ao sistema capitalista vigente, fazendo polarizar a
política no mundo inteiro ao longo do século XX.
1. Pesquise partidos, movimentos sociais e outras organizações
políticas, do Brasil e do mundo, que foram influenciados pela
Revolução Russa.
2. Debata com seus colegas, na sala de aula, se os motivos e as práticas
dessa revolução ainda fazem sentido no mundo de hoje e por quê.
História – Unidade 1
91
26. Você estudou
As causas da 1a
Guerra Mundial (1914-1918) estão vinculadas à concorrência entre
as nações no contexto da expansão do capitalismo pelo mundo. Ou seja, estão relacio-
nadas ao imperialismo. O delicado sistema de alianças cultivado pelo chanceler alemão
Bismarck no final do século XIX foi eficaz para adiar as hostilidades entre as nações
europeias, mas não para acabar com elas. Quando o confronto finalmente eclodiu, em
1914, os países envolvidos comprometeram seus recursos humanos e econômicos em um
esforço de guerra total, alimentado pelo nacionalismo. A consequência foi uma destrui-
ção territorial e humana sem precedentes na história mundial.
Após alguns anos de enfrentamento, nenhum dos blocos inimigos conseguiu se impor ao
adversário. O impasse bélico foi desfeito por uma conjunção de dois fatores: do ponto de vista
militar, a entrada dos Estados Unidos na guerra desequilibrou a correlação de forças contra os
alemães. Do ponto de vista social, o triunfo da Revolução Bolchevique na Rússia encorajou
movimentos de trabalhadores em todo o mundo, principalmente na Alemanha, país em que a
organização socialista tinha grande força. Com a queda do Império Alemão e a proclamação
da República, a guerra chegou ao fim. No entanto, perdas impostas aos alemães pelo Tratado
de Versalhes não assegurariam uma paz duradoura no continente europeu.
Você estudou que a famosa Revolução de Outubro, liderada pelos bolcheviques,
foi na realidade o resultado de três revoluções: em 1905, o protesto dos trabalhadores
foi frustrado, mas conseguiu o estabelecimento da monarquia constitucional; no início
de 1917, caiu o czar, mas o Governo Provisório foi incapaz de resolver os problemas
relacionados à necessidade de uma reforma agrária e ao fim da participação russa na
1a
Guerra Mundial; em outubro de 1917, os bolcheviques tomaram o poder, instituindo
o primeiro Estado comandado por trabalhadores na história.
Após uma guerra civil que exauriu o país, a revolução sobreviveu. Consumida pelo
esforço de guerra, a sociedade russa foi incapaz de consumar o ideário revolucionário
original, progressivamente deturpado pela ascensão de Stálin ao poder.
A destruição causada nos territórios e nas sociedades envolvidas na 1a
Guerra Mundial moti-
vou a formação da Liga das Nações, organização internacional que deveria impedir a eclosão de
confrontos similares. No entanto, ela foi impotente para evitar que, poucos anos depois, eclodisse
a 2a
Guerra Mundial. A Liga foi dissolvida em 18 de abril de 1946, mas sua experiência foi uma
referência para a formação da atual Organização das Nações Unidas (ONU).
Na sua percepção, a ONU tem feito um trabalho eficaz para o estabelecimento da paz
mundial e a efetivação dos direitos humanos?
Pense sobre
92
História – Unidade 1
27. Hegemonia
Segundo o filósofo
e cientista político
Antonio Gramsci,
hegemonia pode ser
entendida como o
controle e a direção
político-ideológica
de uma classe/grupo
dirigente sobre o
restante da população,
colocando esta última
a serviço dos interesses
socioeconômicos da
primeira, buscando
aprovação, em toda
a sociedade, de sua
concepção de mundo
até esta concepção se
tornar senso comum.
2 O período entreguerras
Nesta Unidade, você estudará um período turbulento da história
mundial: os anos entre a 1a
e a 2a
Guerra Mundial. Na Unidade ante-
rior, você pôde ver que as causas da 1a
Guerra estavam vinculadas ao
imperialismo, que, por sua vez, foi um desenvolvimento do próprio
capitalismo. Você aprendeu também que, depois de alguns anos de
confronto, triunfou na Rússia uma revolução que se opunha ao sis-
tema capitalista. Ao final da 1a
Guerra Mundial, em 1918, as potên-
cias capitalistas não resolveram suas desavenças; ao contrário, estas
ficaram mais complexas.
Para que você possa compreender esse momento da história, a Uni-
dade será dedicada, inicialmente, ao estudo da crise do capitalismo, em
1929. Em seguida, será analisada a ascensão dos regimes fascistas, que
logo colocariam a Europa novamente no centro de um conflito mundial.
Para iniciar...
O triunfo da Revolução Russa concretizou uma ameaça que sem-
pre assombrou a disputa pela hegemonia entre os países capitalistas:
a revolução social. Na configuração do mundo no período pós-
-guerra, a Rússia – esse novo país, que se considerava uma república
de operários e camponeses – era vista por alguns como um exemplo a
ser seguido e, por outros, como um perigo a ser evitado.
Assim, o período que antecede a eclosão da 2a
Guerra Mundial,
em 1939, foi marcado por três fenômenos relacionados entre si,
embora essa conexão nem sempre seja fácil de enxergar:
• a crise econômica do capitalismo, que teve seu marco central na
quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929;
• a ascensão de regimes totalitários em diversos países da Europa,
como a Itália fascista de Mussolini e a Alemanha nazista de Hitler;
• a consolidação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),
em 1922, que, nos anos seguintes à revolução, foi liderada por Stálin.
O que você sabe sobre o contexto econômico, político e social do
período entreguerras na Europa? Quais foram as consequências dessa
conjuntura para o resto do mundo?
93
30. Atividade 1 Crise capitalista hoje e ontem
A Crise de 1929, que começou nos Estados Unidos, foi uma crise
financeira de cunho internacional que causou desespero e pobreza
para muitas nações. Nos anos de 2007 e 2008 vivenciou-se, tam-
bém nos Estados Unidos, outra crise financeira que afetou o mundo
inteiro, inclusive o Brasil.
Faça uma pesquisa utilizando revistas, jornais e outros materiais
sobre essas e outras crises que muitos especialistas consideram típicas
do capitalismo. Descubra suas principais características, veja o que
elas têm em comum e responda em seu caderno: O que caracteriza as
crises capitalistas em geral?
O estopim da Crise de 1929
O que causou esta crise? E por que ela se alastrou pelo mundo?
Você estudou que os Estados Unidos emergiram como principal
potência econômica mundial ao final da 1a
Guerra Mundial. O inves-
timento na reconstrução europeia favoreceu essa expansão, aumen-
tando os vínculos entre as economias dos dois lados do Atlântico.
Em virtude do crescimento econômico dos Estados Unidos, a pre-
sença estadunidense nos negócios intensificou-se, não somente na
Europa, mas no mundo inteiro. No entanto, no final dos anos 1920,
havia sinais de recuperação da capacidade produtiva europeia, o que
diminuía sua dependência dos Estados Unidos.
Internamente, a prosperidade dos EUA deveu-se a novas tecnolo-
gias que ampliaram a capacidade produtiva das indústrias. Contudo,
se o crescimento dos Estados Unidos gerava riqueza, também aumen-
tava a concentração de renda e o desemprego, fatores que diminuíram
a capacidade de consumo da população.
Essa circunstância foi agravada por operações na Bolsa de Valo-
res que fizeram os preços das ações subir artificialmente, isto é,
acima das possibilidades reais de lucro das empresas. Essas opera-
ções são conhecidas como especulação financeira.
Por sua vez, os especuladores não levavam em consideração a
realidade econômica das empresas que disponibilizavam suas ações
para compra e venda. Muitas pessoas investiram bastante dinheiro
em ações de empresas que entraram em crise e faliram, e, dessa
maneira, esses investidores faliram com as empresas. Isso gerou
desespero em milhares de pessoas que dependiam das aplicações
financeiras para sustentar seus negócios. Assim, com a queda da
Bolsa de Valores, toda a sociedade foi financeiramente atingida.
Trabalho
7o ano/2o termo
Unidade 2
96
História – Unidade 2
33. foi a de reativar a economia por meio da iniciativa do Estado. Rea-
lizaram-se, dessa forma, inúmeras obras públicas, visando empregar
trabalhadores e injetar dinheiro na produção, ao mesmo tempo que se
ofereciam créditos e energia barata para os agricultores. Depois de alguns
anos, o New Deal conseguiu melhorar a situação econômica do país.
No entanto, seria somente no final da década de 1930, com o
estímulo econômico gerado pela 2a
Guerra Mundial, que a economia
estadunidense voltaria a crescer aceleradamente e o desemprego dei-
xaria de ser um problema socioeconômico.
Embora muitos países adotassem medidas similares às dos Esta-
dos Unidos, as decisões políticas nem sempre foram tomadas em
uma direção democrática. Alemanha e Japão, por exemplo, eram
países relativamente pobres em reservas internacionais e em maté-
rias-primas, e não tinham colônias para explorar. Dispunham, por-
tanto, de menos alternativas para lidar com a crise e com a crescente
insatisfação popular.
Nesses países, na década de 1930, consolidaram-se governos
ditatoriais que mobilizaram parte significativa da população em
nome de um expansionismo militar agressivo, que logo provocaria
a 2a
Guerra Mundial.
Fascismo e nazismo
Muitas pessoas que se interessam por história habituaram-se a
enxergar no nazismo e na sua liderança principal, Adolf Hitler, um
fenômeno excepcional na história europeia e mundial.
No entanto, nem todos sabem que o tipo de regime adotado por
Hitler na Alemanha não foi inventado por ele, mas inspirado, em
muitos aspectos, em uma experiência que acontecia na Itália desde
os anos 1920: o fascismo. Muitos países europeus, nesses anos, apre-
sentaram regimes políticos semelhantes a esses dois casos: Espanha,
Portugal, Romênia, Grécia, Albânia e Polônia são alguns exemplos
que podem ser citados.
A constatação de que muitas nações europeias conheceram movi-
mentos políticos similares ao fascismo italiano e ao nazismo alemão
exige que se examinem não somente os aspectos particulares da Ale-
manha de Hitler, mas também que se busquem pistas para entender o
fenômeno em seu conjunto.
História – Unidade 2
99
34. Atividade 3 O poder da coletividade
1. Em pequenos grupos, discuta com seus colegas as seguintes questões:
a) Quais grupos organizados você conhece?
b) Você participa, ou já participou, de algum grupo organizado e
até uniformizado? Por que você decidiu fazer parte desse grupo?
c) Quando está com esse grupo, você se sente mais fortalecido
para expressar uma ideia que defende ou reivindicar algo?
2. Procure saber quem foram os Camisas Negras da Itália fascista e
os Camisas Pardas da Alemanha nazista. Você consegue fazer al-
guma ligação entre esses dois grupos e as questões sobre as quais
acabou de discutir com seus colegas?
Fascismo italiano
No final da 1a
Guerra Mundial, havia na Itália uma intensa agi-
tação operária. Diversas fábricas foram ocupadas por trabalhado-
res, principalmente em Turim, centro industrial do país. Impulsiona-
dos pela Revolução Russa, os operários italianos radicalizavam-se,
enquanto os deputados socialistas ocupavam um terço do Parla-
mento. Naquele momento, em que o país parecia estar à beira da
revolução social, o fascismo oferecia, aos olhos dos setores burgueses,
ou a eles vinculados, uma alternativa.
Desse modo, o fascismo iniciou-se no país antes mesmo do final
da 1a
Guerra Mundial e cresceu vertiginosamente com a intensa agi-
tação social na Itália do pós-guerra. Seu principal líder foi Benito
Mussolini, um ex-militante socialista, expulso do partido por apoiar
a entrada da Itália na Grande Guerra.
Os Camisas Negras
A crise que se abatia sobre o país levou muitas pessoas a procu-
rarem um “bode expiatório” no qual jogar a culpa. Os alvos visados
foram os trabalhadores organizados que defendiam o socialismo e o
comunismo como alternativas àquele Estado. A principal novidade polí-
tica do fascismo foi a capacidade de mobilizar as massas em sentido
Fascismo
É um movimento
social e político que se
originou na Itália entre
as décadas de 1910 e
1920 sob a liderança
de Mussolini. Ao longo
das duas décadas
seguintes, expandiu-se
por vários países da
Europa, chegando, em
alguns casos, a tomar
o poder do Estado e
se impor como regime
político, com apoio
de elites tradicionais
conservadoras, de parte
das forças armadas e
mesmo de trabalhadores
que se viam ameaçados
pela crise econômica
da época. Caracteriza-
-se principalmente
pelo anticomunismo,
descrença na
democracia, uso da
violência como forma
de se impor sobre
seus opositores,
preconceito e
perseguição em relação
às minorias étnicas,
e ultranacionalismo.
Esse regime, quando
instaurado, promoveu a
recuperação econômica
baseada na militarização
da nação e na guerra,
na repressão às
organizações autônomas
dos trabalhadores
(o controle policial
dos sindicatos e das
reivindicações dos
trabalhadores) de forma
a permitir o avanço
capitalista.
100
História – Unidade 2
36. Terceiro Reich
Em alemão, significa
“Terceiro Império”.
Foi com esse nome
que ficou conhecido o
regime nazista liderado
por Hitler entre 1933 e
1945. O Primeiro Reich,
chamado Sacro Império
Romano-Germânico,
existiu sob diferentes
formas entre 962 e 1806.
O Segundo Reich (1871-
1918) foi estabelecido
com a unificação alemã.
Nazismo alemão
O contexto histórico que permitiu a formação do movimento
nazista e sua ascensão ao poder na Alemanha tem muitas similarida-
des com a situação italiana, ainda que quando Adolf Hitler assumiu o
poder na Alemanha, em 1933, Mussolini já comandasse a Itália havia
mais de uma década. Naquela época, os fascistas italianos já tinham
iniciado incursões expansionistas na direção do Mar Adriático e do
norte da África.
Na Alemanha houve, igualmente, uma intensa mobilização operá-
ria ao longo dos anos 1920, apoiada pelos partidos socialistas de maior
tradição do continente europeu. Por exemplo, os soviéticos deposita-
vam grandes esperanças na revolução alemã, que interpretavam como
o prelúdio de uma revolução comunista mundial. Mesmo depois do
assassinato das principais lideranças revolucionárias alemãs em 1919,
o movimento ressurgiu com força entre 1922 e 1924 e, depois, entre
1929 e 1930, tendo sido derrotado, contudo, em todas essas ocasiões.
Mas a incapacidade de os socialistas e os comunistas se aliarem
na política nacional e, por outro lado, o temor que os capitalistas
alemães tinham de uma revolução social facilitaram a ascensão do
Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhe-
cido como Partido Nazista, que se identificava ideologicamente com
o partido fascista italiano.
Quando explodiu a Crise de 1929, os trabalhadores alemães esta-
vam fragilizados. Enfrentando a inflação e o desemprego desde o final
da 1a
Guerra Mundial, a frágil república alemã caiu em descrédito
entre setores importantes da sociedade, que a viam como um símbolo
de fracasso, derrotas e humilhações. Além desses fatores políticos e
econômicos, havia alemães que ainda se sentiam ultrajados com o
Tratado de Versalhes, que selou o fim da 1a
Guerra Mundial.
Nesse contexto de intensa agitação social, o Partido Nazista elegia
cada vez mais representantes para o Parlamento alemão, indício de
sua maior penetração popular, até que Hitler, seu líder, acabou sendo
indicado para chanceler (primeiro-ministro) em 1933.
Ainda nesse ano, o Parlamento alemão aprovou um ato que deu
ao Chanceler amplos poderes executivos e legislativos, primeiro passo
para sua ascensão como ditador. Era o começo do regime nazista e da
constituição do Terceiro Reich, que duraria até o final da 2a
Guerra
Mundial, com a derrota da Alemanha.
102
História – Unidade 2
38. Mas, se o regime nazista reprimiu os trabalhadores alemães, por que
ele teve tanto apoio popular? Alguns fatores podem explicar isso, entre
os quais:
• a melhoria da economia alemã com sua reindustrialização, prin-
cipalmente bélica, e com o sucesso no combate à inflação, o que
gerou um período de prosperidade para boa parte da população;
• a militarização da sociedade alemã, que dava à população, princi-
palmente aos jovens, uma perspectiva de emprego e de carreira no
serviço militar, além de algum tipo de inclusão social.
No plano das ideias, os nazistas tinham muita semelhança com os
fascistas italianos: aliavam um nacionalismo fanático a um racismo
que pregava a superioridade da raça ariana. Essa crença na supe-
rioridade racial justificava o expansionismo nazista, que pregava a
necessidade de estender o que definiam como o “espaço vital” da
nacionalidade alemã. A diferença fundamental entre a Itália e a Ale-
manha estava no poderio econômico e militar alemão, muito superior
ao italiano. Esse poder permitiu aos nazistas enfrentar seus inimigos e
causar-lhes grandes destruições durante a 2a
Guerra Mundial.
Em termos sociais, no entanto, nem todos os alemães eram consi-
derados membros da raça ariana: judeus, ciganos, homossexuais, defi-
cientes físicos e mentais, entre outros, eram vistos como pertencentes a
uma raça inferior. Assim como os comunistas, todos foram perseguidos
durante o regime nazista.
Essas ideias de intolerância racial, política e moral embasaram as
agressões do exército alemão para com os outros povos, como os eslavos,
contribuindo para o desencadeamento da 2a
Guerra Mundial, em 1939.
Atividade 4 O eterno perigo do fascismo
Com base nas orientações e dicas do professor sobre filmes e tex-
tos que tratam da ascensão do fascismo e do nazismo na Europa,
somado ao que você estudou neste Caderno, faça uma pesquisa mais
profunda sobre o tema e discuta com seus colegas:
1. Quais foram as condições sociais, econômicas e políticas que per-
mitiram a ascensão desses regimes?
2. Essas condições podem existir ainda hoje? Em quais lugares?
3. Você acha que o perigo nazifascista já foi afastado ou pode ocorrer
de novo?
Eslavos
Denominação usada para
se referir a diversos povos
que habitam o centro e o
leste da Europa.
Fica a dica
O grande ditador (The
great dictator, direção de
Charles Chaplin, 1940).
Esse filme, realizado
durante a 2a
Guerra
Mundial, é uma sátira ao
nazismo e ao fascismo.
Raça ariana
De acordo com a
apropriação que os
nazistas fizeram desse
termo, os membros da
raça ariana eram aqueles
considerados brancos de
origem germânica, de
preferência os de cabelos
e olhos claros, e “puros”,
isto é, sem mistura com
outras raças.
104
História – Unidade 2
39. Você estudou
A Unidade enfocou alguns processos históricos ocorridos en-
tre o fim da 1a
Guerra Mundial e o começo da 2a
Guerra Mun-
dial, aproximadamente entre os anos de 1918 e 1939. Inicial-
mente, você estudou a ascensão econômica dos Estados Unidos
e a crise capitalista subsequente, que teve como momento mar-
cante a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929.
As raízes da crise estavam vinculadas à expansão da econo-
mia estadunidense depois da 1a
Guerra Mundial e às contradi-
ções entre a expansão da produção e os limites para o consumo.
Sendo os Estados Unidos a maior potência econômica mundial,
os efeitos da crise nesse país se espalharam por quase todo o
planeta. As reações dos diversos países envolvidos nessa situação
tiveram um ponto em comum: a intervenção do Estado na eco-
nomia, mesmo onde havia uma forte tradição liberal.
Em seguida, você estudou dois fenômenos políticos que se
fortaleceram no contexto da crise: o fascismo e o nazismo. Você
viu que o tipo de governo ao qual o nazismo pertenceu não foi
uma invenção de Hitler. Antes dele, houve regimes similares em
diversos países da Europa, sendo que o fascismo italiano pode
ser considerado o pioneiro entre eles. Analisando o fascismo e o
nazismo, você pôde identificar alguns elementos comuns: ultrana-
cionalismo; ideias racistas; um sentimento de frustração nacional
após a 1a
Guerra Mundial; dificuldades econômicas e políticas;
radicalização e derrota do movimento operário; apoio dos gran-
des setores burgueses aos regimes ditatoriais; culpabilização de
alguns grupos sociais pelos problemas que os países enfrentavam.
Você estudou que o fascismo, assim como o nazismo, muitas
vezes oferecia um salário e uma identidade social a pessoas de-
samparadas em uma época de crise e desemprego. Esses indi-
víduos constituíram movimentos de massa que atacavam com
violência as organizações tradicionais dos trabalhadores.
Uma vez no poder, reprimiram toda dissidência e estimula-
ram a expansão econômica do país. Muitas empresas apoiaram
e fizeram negócios com esses dois regimes, inclusive quando
iniciaram um processo de militarização que desembocaria na
2a
Guerra Mundial.
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40. Pense sobre
Primeiro, eles vieram atrás dos comunistas e eu não protestei porque não sou
comunista.
Depois eles vieram atrás dos sindicalistas e eu não protestei porque não sou
sindicalista.
Então, eles vieram atrás dos judeus e eu não protestei porque não sou judeu.
Finalmente, eles vieram atrás de mim e não havia ninguém para protestar.
NIEMÖLLER, Martin. Encyclopaedia Britannica. Disponível em: <http://www.britannica.com/EBchecked/
topic/414633/Martin-Niemoller>. Acesso em: 12 nov. 2012. Tradução: Eloisa Pires.
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