O documento discute os possíveis impactos do fenômeno La Niña nas principais regiões produtoras de commodities agrícolas. La Niña tende a causar clima mais seco nas regiões produtoras de soja e milho nos EUA e América do Sul, podendo prejudicar as safras. Seu impacto sobre a produção de trigo é menor, devido à distância das principais regiões produtoras. La Niña também pode afetar a produção de algodão na Austrália, Índia e China, alterando os padrões de ch
2. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Com isso, muito tem se especulado
sobre os possíveis impactos de sua
ocorrência para a produção agrícola
mundial. O presente estudo tem por
objetivo trazer uma perspectiva his-
tórica para as relações entre as regi-
ões de produção das principais com-
modities e o padrão climático resul-
tante do fenômeno, que tem previ-
Após a ocorrência do fenômeno cli-
mático El Niño no ano de 2015,
tendo sido considerado o mais for-
te dos últimos 50 anos, o rápido
esfriamento das águas do Pacífico
desde o começo de 2016, como
mostrado pelo ONI (Oceanic Niño
Index), indica a transição para o La
Niña.
são de ter intensidade fraca e atin-
gir o pico no segundo semestre
deste ano.
*O gráfico abaixo representa o ONI, que é o
índice formado pela média móvel de três me-
ses da temperatura da região Niño 3.4 do
Pacífico. Os eventos são definidos pela per-
manência da temperatura acima de 0,5º (El
Niño) ou abaixo de –0,5º (La Niña) da ano-
malia por 5 períodos consecutivos.
Natália Orlovicin • Coordenadora • Inteligência de Mercado
-2,00
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1950
1953
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2000
2003
2006
2010
2013
2016
Variaçãodatemperaturaante
normalde30anos(°C)
La Niña Forte La Niña Moderado La Niña Fraco El Niño Forte El Niño Moderado El Niño Fraco Neutro
Dados: NOAA; Elaboração: INTL FCStone
3. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Os efeitos climáticos do fenômeno
La Niña normalmente são contrá-
rios aos observados pelo El Niño.
Isso quer dizer que, entre os meses
de junho a agosto, verão no hemis-
fério Norte, o clima pode ficar mais
seco no Sul da América do Sul e
mais úmido na Austrália (onde tam-
bém fica mais quente), Indonésia e
Índia (que ficam com temperaturas
mais baixas).
Já entre os meses de dezembro a
fevereiro, pode chover mais do que
o normal no Norte/Nordeste do
Brasil, assim como em algumas re-
giões dos Estados Unidos, Indoné-
sia e Norte da Austrália.
Fonte: NOAA; Elaboração: INTL FCStone
4. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
A produção de soja e de milho
está sujeita a riscos relaciona-
dos ao clima, com destaque
para a falta de umidade neces-
sária ao desenvolvimento das
plantas. Anos de ocorrência de
fenômenos climáticos, como o
La Niña, adicionam ainda mais
incerteza em relação ao regime
de chuvas e de temperatura.
O esfriamento das águas do
pacífico geralmente ocasiona
um clima mais seco e mais
quente nas principais regiões
produtoras de soja e de milho,
com algumas exceções no caso
do cereal.
Estados Unidos
Nos EUA (que respondem por
35% da produção de milho e
por 33% da de soja), o La Niña
tende a ter um impacto negati-
vo sobre a produtividade das
lavouras de grãos, por resultar
em um verão mais quente e
seco no Meio Oeste do país.
Quando o fenômeno não está
presente nos meses de desen-
volvimento da safra, os resulta-
dos são mais neutros. Destaca-
se, contudo, que nem sempre
em anos de La Niña, a safra do
país acaba prejudicada. Os im-
pactos da anomalia climática
tendem a ser menos pronunci-
ados em comparação aos do El
Niño, por exemplo, que geral-
mente resulta em rendimentos
mais favoráveis.
América do Sul
Na América do Sul, o La Niña
também modifica o clima para
um padrão menos chuvoso no
Sul do Brasil (o país reponde
por 30% da produção de soja e
por 8,4% da de milho) e na Ar-
gentina (18% da produção de
soja e 15% das exportações
mundiais de milho). Já o Norte
sul-americano tende a receber
um volume de precipitações
maiores, o que inclui áreas do
Norte e do Nordeste do Brasil.
Nos meses do final do ano,
quando está ocorrendo o plan-
tio e o desenvolvimento das
lavouras na América do Sul, é
quando o fenômeno tende a
ter impactos mais intensos,
com um clima mais seco, o que
pode prejudicar o potencial
produtivo da Argentina e do
Sul do Brasil, que concentra
grande parte da produção du-
rante o verão no hemisfério
Sul. A partir do início do ano,
os impactos do La Niña ten-
dem a ser mais leves, com re-
sultados mais difíceis de prever
sobre a safrinha do milho.
China e Europa
Na China (responde por 22,4%
da produção global) e na Euro-
pa (destaca-se a Ucrânia, cujas
exportações de milho são 14%
do total), duas regiões impor-
tantes para o milho, os impac-
tos do La Niña também ten-
dem a ser menos pronuncia-
dos. Pode haver um período
um pouco mais seco nos os
meses de plantio no país asiáti-
co, mas durante o desenvolvi-
mento das plantas, o padrão de
chuvas tende a ser, inclusive,
um pouco mais abundante.
Com isso, há anos de produtivi-
dades mais elevadas e outros
em que há resultados negati-
vos do fenômeno climático so-
bre as lavouras.
Conclusão
Assim, a possibilidade de ocor-
rência de La Niña em 2016 já
vem afetando os mercados de
grãos. Há preocupações com a
safra dos EUA, principalmente
no caso da soja, que poderia
enfrentar um período mais se-
co durante o enchimento de
grão. Contudo, o fenômeno, se
confirmado, deve ganhar força
nos próximos meses, com o
potencial de trazer algum pre-
juízo para as lavouras na Amé-
rica do Sul.
5. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Dados: USDA e NOAA; Elaboração: INTL FCStone
6. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Dados: USDA e NOAA; Elaboração: INTL FCStone
7. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
A possibilidade de La Niña
neste ano movimentou o mer-
cado de grãos, todavia, o fe-
nômeno climático não deverá
causar grandes impactos nos
fundamentos do trigo. O cená-
rio de grande disponibilidade
mundial do cereal de inverno
deve se manter ao longo deste
ano, e a conclusão da safra
15/16 no hemisfério norte de-
ve adicionar pressão sobre as
cotações uma vez que a pro-
dutividade de importantes
players, como a União Euro-
peia e a China, não é afetada.
O principal continente produ-
tor, a Europa, acolhe grandes
economias cuja exportação do
grão desempenha papel im-
portante na pauta comercial,
como é o caso da UE, da Rús-
sia e da Ucrânia. Devido à lon-
ga distância destas regiões do
Oceano Pacífico, suas condi-
ções climáticas não sofrem va-
riações com a La Niña.
Estados Unidos
Os Estados Unidos, por outro
lado, é o único país do hemis-
fério norte que possui grande
produção do cereal de inverno
e que pode ter seu clima afeta-
do. A expectativa é de que o
clima possa ficar mais seco no
meio oeste e nas planícies nor-
te-americanas a partir de outu-
bro, momento em que a safra
16/17 do trigo de inverno está
sendo plantada. A menor pluvi-
osidade poderia prejudicar o
assentamento das sementes no
solo e, caso a seca perdure até
o fim do ano, o desenvolvi-
mento das lavouras também
pode ser comprometido, preju-
dicando a produtividade e cau-
sando um possível impulso dos
preços no longo prazo.
Hemisfério Sul
No hemisfério sul, os principais
produtores, como Argentina e
Austrália, possuem um clima
muito suscetível à La Niña, mas
a participação destas nações na
produção e exportação mundi-
ais é ínfima. Em todo caso, vari-
ações nas expectativas de pro-
dução destas regiões possuem
capacidade de causar impactos
de curtos prazo nas cotações
das bolsas. Em relação à safra
australiana, o padrão é que o
clima se torna mais úmido en-
tre junho e novembro, período
que abrange tanto o plantio de
trigo quanto a sua colheita.
Consequentemente, a produti-
vidade da ilha dependerá dos
momentos em que as chuvas
ganharão força com o fenôme-
no do pacífico, sendo que, se a
pluviosidade for maior durante
a semeadura e desenvolvimen-
to do grão, a produção será
impactada positivamente. Já se
ocorrer maior umidade na co-
lheita, o risco de doenças no
cereal se eleva, o que pode im-
pactar negativamente a safra.
Os alagamentos possuem mai-
or chance de acontecerem em
momentos de La Niña forte ou
moderada.
2016/17
Já as expectativas para a safra
16/17 na América do Sul se en-
contram mistas. Como as jane-
las de plantio da Argentina e
Rio Grande do Sul se abrem
depois do início da semeadura
no Paraná, o clima mais seco
causado pela La Niña pode im-
pactar diferentemente cada
área. Em geral, os produtores
brasileiros ficam mais anima-
dos com as projeções de me-
nor pluviosidade no fim do
ano, o que favorece a colheita.
Na Argentina o sentimento é
de preocupação dado que po-
de haver déficit hídrico para o
desenvolvimento da cultura.
Com o esfriamento do pacífico,
as geadas nas lavouras podem
se tornar mais intensas e co-
muns, o que é minimizado pe-
los produtores com o escalona-
mento do plantio.
8. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Dados: USDA e NOAA; Elaboração: INTL FCStone
9. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
As suas diversas variedades e
o avanço de técnicas e tecno-
logia agrícola permitiram o
cultivo do algodão em diver-
sas regiões do planeta, limita-
do apenas em regiões com
longas estações de geada e
neve ou pouca luminosidade.
Em condições ideias, uma
temperatura média acima de
20°C e níveis de pluviosidade
anuais entre 500 a 1500 milí-
metros por metro quadrado,
bem distribuídos ao longo dos
meses, permitem o bom de-
senvolvimento dos algodoais,
mas mesmo em climas mais
secos, a escassez de chuva po-
de ser compensada caso pos-
sível o uso da irrigação. As va-
riedades mais cultivadas são
muito dependentes do volume
e distribuição da precipitação
e estão sujeitas a anormalida-
des no clima, como as que são
registradas em anos de La
Niña.
Austrália
Baseando-se nas últimas 12
ocorrências de La Niña, o de-
partamento de meteorologia
do governo australiano consta-
tou que durante a primavera,
quando se dá início aos prepa-
rativos e ao plantio do algodão,
a precipitação é substancial-
mente maior do que em perío-
dos normais em boa parte do
país. Em Queensland e New
South Wales, estados cotoni-
cultores, a pluviosidade tam-
bém é marginalmente maior
durante o verão, período em
que a planta desenvolve os ca-
pulhos. Em Darling Downs, ao
sul de Queensland, única regi-
ão onde o cultivo não é irriga-
do, uma primavera mais chuvo-
sa pode ser um fator especial-
mente positivo para a produti-
vidade da fibra.
Brasil
As estações de chuva e estia-
gem são muito bem definidas
no Brasil e os efeitos do La
Niña sobre elas geralmente são
menos significativos do que
nos outros países aqui destaca-
dos. Os principais impactos
normalmente são sobre as re-
giões mais próximas ao litoral
nordestino, com níveis mais
elevados de pluviosidade, e no
sudeste onde costuma-se re-
gistrar temperaturas mais bai-
xas durante o verão. Se no iní-
cio da década de 1990, São
Paulo e Paraná concentravam
cerca de 80% da produção bra-
sileira, hoje o algodão é cultiva-
do majoritariamente no Mato
Grosso e extremo-oeste baia-
no, regiões menos suscetíveis
aos impactos climáticos do La
Niña.
Índia
Essencialmente dependente
das monções, o cultivo do al-
godão na Índia pode ser favo-
recido por precipitação mais
volumosa que em anos nor-
mais nos estados mais ao sul e
ao norte, que produzem, res-
pectivamente, cerca de 11% e
7% do algodão no país. No en-
tanto, entre junho e agosto, os
últimos La Niña estiveram asso-
ciados a tempo mais seco em
parte das maiores regiões pro-
dutoras indianas, como no Gu-
jarat e Rajasthan e pluviosidade
normal em outras, como Maha-
rashtra. Além da variação no
volume de chuva, o atraso das
monções também é comum
em anos de La Niña e já é ob-
servada este ano.
China
Ao leste do país, onde se pro-
duz cerca de 30% da fibra, a
temperatura e a precipitação
normalmente se intensificam
em anos de La Niña e em Xin-
jiang, que concentra o restante
da produção, as ocorrências de
fortes chuvas tornam-se menos
comuns durante a primavera,
10. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
meses de semeadura do algo-
dão, mas mais proeminentes
durante o verão, período de
desenvolvimento da lavoura.
Nos últimos 18 eventos de La
Niña, metade coincidiu com
acréscimos de produtividade.
Estados Unidos
Quando a La Niña se expressa
no inverno do hemisfério norte,
entre os meses de dezembro e
fevereiro, geralmente se obser-
va o tempo relativamente mais
seco e quente em boa parte do
sul dos Estados Unidos e mais
úmido e frio a noroeste. Nas
principais regiões produtoras, o
fenômeno já esteve associado
a anos mais secos, mas não o
bastante para demarcar um pa-
drão e afetar a produtividade
acima de outras variáveis. Vale
destacar sua forte relação com
uma temporada de furacões
mais intensa, já prevista para os
próximos meses no país, po-
dendo implicar em danos às
lavouras, o que é menos co-
mum, ou a equipamentos, por-
tos para exportação e arma-
zéns de algodão nos estados
litorâneos do centro-sul e su-
deste norte-americano.
Dados: USDA e NOAA; Elaboração: INTL FCStone
11. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Ao longo da safra global
2015/16, o El Niño foi o tópico
mais comentado no mercado
internacional de açúcar. Isso
ocorreu porque as condições
climáticas causadas pelo fenô-
meno atrapalharam, simultane-
amente, o desenvolvimento e a
colheita da cana em alguns dos
principais players do mercado
global. Com isso, foi um dos
responsáveis pela queda em
4,8% na produção mundial
nesta safra.
Como o El Niño teve impacto
tão intenso sobre a produção
canavieira, parte do mercado
teme que o La Niña também
abale os fundamentos do açú-
car. Desta forma, tentaremos
esclarecer a seguir qual o pos-
sível impacto do resfriamento
das águas do Pacífico equatori-
al, que caracteriza este fenô-
meno, sobre cada um dos prin-
cipais players:
Brasil
No maior produtor e exporta-
dor de açúcar do mundo, os
impactos são muito incertos.
Na principal região canavieira,
o Centro-Sul, o efeito mais co-
mum do La Niña é a redução
das chuvas. Esta diminuição,
entretanto, pode tanto ajudar a
moagem nos últimos meses da
safra (se começar entre setem-
bro e outubro) ou apenas atra-
palhar o desenvolvimento da
cana (se o início se der entre
dezembro e janeiro).
Além disso, os impactos do La
Niña normalmente se concen-
tram nas áreas mais ao sul,
principalmente nos estados de
Paraná e Mato Grosso do Sul.
Em São Paulo, onde está mais
de metade área plantada com
cana do país, os efeitos em ge-
ral se limitam às regiões mais
próximas da fronteira com
aqueles estados.
No Nordeste, que foi mais dire-
tamente afetado pelo El Niño, é
possível que o La Niña tenha
impacto mais definido, com
chance de aumento das chuvas
entre agosto e setembro, bene-
ficiando o desenvolvimento da
cana. O impacto sobre a pro-
dução da região, entretanto, é
muito incerto devido à influên-
cia limitada do La Niña sobre o
clima nordestino.
América Central e
Colômbia
Na América Central, o La Niña
tende a aumentar a precipita-
ção durante a entressafra, be-
neficiando o desenvolvimento
da cana. O efeito, contudo, é
mais intenso sobre o sul da re-
gião e mais fraco na Guatemala
(maior produtor e exportador
de açúcar). Na região produto-
ra da Colômbia (segundo maior
produtor da América do Sul),
os impactos são semelhantes
ao sul da América Central, com
possível efeito positivo sobre a
produtividade agrícola dos ca-
naviais.
Ásia
Entre os produtores da Ásia,
aqueles com maior probabili-
12. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
dade de serem afetados pelo
La Niña são a Indonésia e as
Filipinas, onde o fenômeno
tende a aumentar as chuvas
durante a entressafra de cana,
beneficiando a produção açu-
careira.
Os dois países, entretanto, re-
presentam apenas 2,5% da
produção mundial, somados, e
foram importadores líquidos
nos últimos anos.
No segundo maior exportador
de açúcar do mundo, a Tailân-
dia, o La Niña pode causar au-
mento da precipitação durante
a entressafra, beneficiando a
produtividade agrícola, mas
também pode levar a chuvas
fora de época durante a colhei-
ta, prejudicando a taxa de con-
centração de açúcares. Já na
Índia, o segundo maior produ-
tor do adoçante, existe a possi-
bilidade de que o La Niña au-
mente o volume de chuvas du-
rante as monções, embora esta
influência seja relativamente
fraca. Mesmo considerando
que este efeito se concretize, o
ciclo de plantio de cana no país
nos leva a crer que o impacto
seria maior sobre a safra
2017/18 do que sobre a colhei-
ta deste ano.
Oceania
Um dos países cujo clima nor-
malmente é influenciado pelo
La Niña é a Austrália (que res-
ponde por 7,2% das exporta-
ções mundiais). Normalmente,
o fenômeno tende a aumentar
a precipitação sobre a área ca-
navieira, concentrada no litoral
sul do estado de Queensland.
Historicamente, entretanto, os
efeitos do fenômeno sobre a
produção açucareira são prati-
camente imperceptíveis.
Impacto sobre os preços
Considerando todos os princi-
pais produtores, podemos afir-
mar que o efeito do fenômeno
tende a ser positivo sobre a
produção açucareira e, com is-
so, baixista para os preços do
adoçante. Os possíveis impac-
tos sobre o clima, entretanto,
são muito incertos e dependem
de uma série de fatores exter-
nos. Com isso, o mais provável
é que os efeitos sobre a produ-
ção sejam localizados e, consi-
derando também o cenário de
oferta e demanda global do
açúcar, tenham influência redu-
zida sobre os preços do ado-
çante.
13. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Dados: USDA e NOAA; Elaboração: INTL FCStone
14. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
As características fisiológicas
do cacaueiro, somado à condi-
ção de baixa intensidade tec-
nológica em que é cultivado,
torna a produção do fruto alta-
mente sensível ao clima. O cul-
tivo ocorre em biomas de flo-
restas tropicais, onde, para me-
lhor florescimento e desenvol-
vimento do cacau, um clima
quente e úmido é necessário.
Em anos de La Niña, costuma
se registrar clima mais frio e
úmido que a média nas regiões
produtoras de cacau. Na África
Ocidental, que representa 72%
da produção mundial, os efei-
tos são mais significativos entre
os meses de julho e setembro,
que coincidem com o período
de florescimento e crescimento
do fruto para a safra principal
(dois terços da produção anu-
al).
No sudeste da Ásia e no norte
da América do Sul, os efeitos
são mais duradouros e inten-
sos, iniciando em junho e per-
sistindo até dezembro, na pri-
meira região, e até março do
ano seguinte, na segunda. Nes-
sas áreas, a colheita de cacau é
mais diluída ao longo do ano
do que na África Ocidental.
O mercado de cacau costuma
considerar o La Niña positivo
para a produção – e, portanto,
baixista para o preço – em
meio ao maior volume pluvio-
métrico nas regiões produto-
ras. O estudo realizado pela
INTL FCStone, mostra que de
fato existe uma relação positiva
entre ocorrência de La Niña e
produção de cacau, porém
nem todas as áreas parecem
ser afetadas.
Entre os principais produtores
de cacau, o modelo encontrou
uma relação negativa e estatis-
ticamente relevante entre os
desvios de temperatura no
oceânico pacífico e a produção
seis meses depois nos países
C o s t a d o M a r f i m
(representando 39% da produ-
ção mundial), Gana (21%), Ni-
géria (6%) e Equador (5%).
Por outro lado, a produção da
Indonésia (9%), Camarões (5%)
e Brasil (5%) não apresenta in-
dícios de impacto do oscilador
meridional. Nos dois últimos
casos, isso é de se esperar, da-
do que as regiões produtoras
desses países se encontram
mais afastadas das zonas de
impacto meteorológico do fe-
nômeno climático. No caso da
Indonésia, presume-se que ou-
tros fatores estejam mascaran-
do os efeitos do oscilador me-
ridional na amostra utilizada,
uma vez que, devido à posição
geográfica da região, é de se
esperar que o fenômeno climá-
tico tenha algum efeito em sua
produção.
Por fim, projeta-se que a pro-
dução mundial de cacau na sa-
fra 2016/17 (de outubro ao fi-
nal de setembro do ano se-
guinte) sofra um impacto posi-
tivo em decorrência do La Niña.
Considerando constantes todos
os demais fatores que podem
determinar a produção mundial
de cacau, o desvio médio pro-
jetado de -0,4°C na temperatu-
ra do Oceano Pacífico entre os
meses de abril/16 e março/17,
tem um potencial de impacto
positivo de 6,7% em relação à
produção mundial média dos
últimos cinco anos, o que equi-
valeria a um crescimento de
9,3% em relação à safra anteri-
or 2015/16.
Supondo um crescimento da
demanda de 2,6%, isso resulta-
ria em uma relação estoque/
uso no final da safra 2016/17
de 37,5%, contra 35,2% proje-
tados para o final de 2015/16.
Essa variação tem um potencial
de reduzir o preço da commo-
dity em 6,8% no longo prazo.
15. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
Dados: USDA e NOAA; Elaboração: INTL FCStone
16. LA NIÑA | Impactos sobre as commodities
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