Nelida nabais forum 1 25 de outubro 01 de novembro
Nelida nabais a be nos relatorios ige
1. A BE NOS RELATÓRIOS DA AVALIAÇÃO EXTERNA DA IGE
ANÁLISE E COMENTÁRIO CRÍTICO
A amostra sobre a qual recai a presente reflexão crítica é constituída por
três relatórios de escolas secundárias do Algarve, uma delas aquela
onde exerço as minhas funções de Professora Bibliotecária – Escola
Secundária de Loulé.
O período a que se referem os relatórios situa-se entre Março de 2007 e
Fevereiro de 2009, distribuindo-se do seguinte modo: 21-22 de Março
2007, Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes - Portimão; 28-
29 de Novembro 2007, Escola Secundária de Loulé e 19-20 de
Fevereiro 2009, Escola Secundária Tomás Cabreira – Faro.
A escolha de escolas do mesmo nível de ensino e da mesma região
geográfica teve como finalidade comparar realidades semelhantes –
escolas não agrupadas, mesmo nível etário de alunos, cultura regional
comum, hábitos de vida e background cultural semelhantes - de forma a
poder tirar conclusões mais fiáveis.
Da análise dos relatórios, constata-se que as referências às Bibliotecas
Escolares (BE) são globalmente pouco significativas no corpo dos
Relatórios da Avaliação Externa da IGE, conforme se pode verificar no
quadro comparativo que se segue:
Relatório Secundária Secundária de Secundária
Manuel Teixeira Loulé Tomás Cabreira
Gomes
Escola/BE
II.Caracteriza BE/CRE
ção da Escola
III.2. ”...medidas de
Prestação do apoio...de natureza
serviço mais voluntária (no
educativo
CA)” ”
III.3.Organiz Centro de recursos ”...apoio que lhes é
ação e Gestão proporcionado no CA”
29 de Novembro a 06 de Dezembro Nélida Nabais
2. A BE NOS RELATÓRIOS DA AVALIAÇÃO EXTERNA DA IGE
escolar
III.5. ”..a escola já se
Capacidade suporta em
de auto- processos avaliativos
regulação e para elaborar parte
melhoria da do planeamento e da
escola gestão da sua
actividade, em áreas
específicas como a
biblioteca..”
IV.1.1. Centro de recursos
Resultados
IV.1.4. ”...a organização e
Valorização e resposta dada, por
impacto das alguns espaços,
aprendizagen como a BE/CRE”
s
IV.2.3. “Ao nível do CRE, é “apoio tutorial
Diferenciação elaborado um plano permanente no CA
e apoios de intervenção por uma equipa de
estruturado, cocentes que, para o
decorrente das efeito, organizam
necessidades dos dossiês temáticos
alunos.” com materiais
pedagógicos que
pretendem dar
resposta às
dificuldades
apresentadas.”
IV.3.3.Gestão “Como espaços de
dos recursos excelência destinados
materiais e aos alunos....a
financeiros BE/CRE, que se
encontram equipados
com recursos
socioeducativos
diversificados e
funcionam como sala
de estudo, como
local para a
realização de
projectos de pesquisa
...”
IV.4.4. “Rede Nacional de
Parcerias, Bibliotecas Escolares
protocolos e (parceria com a
projectos Biblioteca Municipal)”
29 de Novembro a 06 de Dezembro Nélida Nabais
3. A BE NOS RELATÓRIOS DA AVALIAÇÃO EXTERNA DA IGE
Não obstante os pressupostos iniciais sobre possíveis informações
comuns, verificou-se que cada escola tem a sua própria identidade e
cultura de utilização da BE, consoante a importância da BE para cada
escola e em cada área de acção.
A par disto verifica-se uma falta de rigor e clarificação na terminologia
utilizada.
Por exemplo, no relatório da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes
não há uma única referência à BE, encontrando-se, no entanto, várias à
“CRE”; tomei a liberdade de considerar que o referido como “CRE”, diz
também respeito à “BE”.
Na Escola Secundária de Loulé, o conceito “BE/CRE” está dividido em BE
e CA (leia-se Centro de Aprendizagem); no entanto, nada disto é visível
nos relatórios, apenas o meu conhecimento no “terreno” me permite
inferir estas conclusões.
Pode aferir-se também que as referências às BEs não seguem um
critério previamente estabelecido pela IGE, surgindo esporadicamente;
são relativamente pontuais nas três escolas referenciadas, não se
encontrando muitos pontos comuns de referência entre elas.
Pode afirmar-se que a pouca relevância que é atribuída às BE nos
relatórios analisados, parece ser devida à fraca valorização que lhes é
dada pelos inspectores da IGE que ignoram o impacto que as bibliotecas
escolares produzem na construção de saberes dos alunos.
A Inspecção-Geral de Educação não considerava a Biblioteca Escolar
como um espaço indispensável na escola (o último relatório analisado
data de Fevereiro 2009) e, por isso não pedia informações relativas à
mesma.
Perante esta constatação, surgiu-me uma dúvida: será que os
Professores Bibliotecários e a Equipa da Biblioteca não costumam fazer
parte dos “entrevistados” pelos inspectores da IGE nas suas “visitas” às
escolas?
Não devemos, no entanto ignorar que, os entrevistados poderiam
sempre ter feito referência à BE, donde se conclui que a própria escola,
enquanto instituição, não valoriza muito o trabalho da BE, de forma a
pensar nele como elemento importante na sua avaliação.
É de salientar que o desempenho da equipa da BE não é mencionado em
qualquer dos relatórios.
29 de Novembro a 06 de Dezembro Nélida Nabais
4. A BE NOS RELATÓRIOS DA AVALIAÇÃO EXTERNA DA IGE
De referir, no entanto, que começavam a emergir, embora tenuamente,
referências ao impacto que a intervenção da BE tem na melhoria do
processo de ensino aprendizagem (veja-se, por exemplo, IV.3.3.Gestão
dos recursos materiais e financeiros, ESL).
Estas referências não são, evidentemente, satisfatórias, à luz do Modelo
de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares.
Parece-me, no entanto, que esta fraca valorização do papel da BE se
prende com a inexistência ou pouca acção da RBE na altura e o
desconhecimento e não aplicação do MAABE, visto que os relatórios se
referem a 2007-2009.
Parece-me que se a IGE previsse nos seus documentos referências
explícitas à BE e à sua missão, funcionaria como uma alavanca para que
os órgãos de direcção e a escola em geral reconhecessem a BE como
estrutura de relevância e de apoio à aprendizagem dos alunos, ao
desenvolvimento do currículo e à formação de leitores
Sabemos que o reconhecimento da BE tem vindo a aumentar de ano
para ano, sobretudo depois da aplicação do MAABE, mas pode-se
concluir também que temos, ainda, um longo caminho a percorrer para
que a BE atinja um nível de reconhecimento do seu valor compatível
com o esforço conjunto que tem vindo a ser feito para que isso
aconteça.
Estou convicta de que a inclusão da BE e dos resultados da sua auto-
avaliação no processo de avaliação interna e externa das escolas será
um passo determinante para o reconhecimento do peso/importância que
esta tem em toda a escola e no percurso dos seus alunos.
29 de Novembro a 06 de Dezembro Nélida Nabais