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NEPP - NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM
PSICANÁLISE
Curso de Pós-graduação Lato-sensu em
Formação Psicanalítica
e-mail: neppbh@yahoo.com.br
Site: www.nepp.com.br
SEMINÁRIOSEMINÁRIO
TEMA: CONCEITO DETEMA: CONCEITO DE
OBJETO EM PSICANÁLISEOBJETO EM PSICANÁLISE
Profº Sérgio
Costa.
CONCEITO DE OBJETOCONCEITO DE OBJETO
Considerações IniciaisConsiderações Iniciais
Uma teoria sobre o objeto constitui-seUma teoria sobre o objeto constitui-se
no ponto de convergência obrigatóriono ponto de convergência obrigatório
das dificuldades primordiais da teoriadas dificuldades primordiais da teoria
psicanalítica.psicanalítica.
Não é paradoxal que um esclarecimen­toNão é paradoxal que um esclarecimen­to
sobre o papel do objeto seja imperativosobre o papel do objeto seja imperativo
para definir o sujeito na psicanálise.para definir o sujeito na psicanálise.
Trata-se, portanto, de uma área teóricaTrata-se, portanto, de uma área teórica
chave para fundamentar um esquemachave para fundamentar um esquema
referencial ou para conceituar diferençasreferencial ou para conceituar diferenças
e semelhanças entre vários esquemase semelhanças entre vários esquemas
referenciais teóricos e técnicos.referenciais teóricos e técnicos.
O OBJETO FREUDIANOO OBJETO FREUDIANO
Existe certa quantidade de conceitos
interligados, e que são, absolutamente
imprescindíveis para a compreensão do
conceito de objeto na teoria freudiana,
mas cuja revisão exaustiva seria
incompatível, por sua extensão, com o
propósito do presente seminário.
Na teoria freudiana, a relação de objeto,
tem uma interelação, com os conceitos
de a:
pulsão;
representação;
traço mnêmico;
identificação;
organização do ego;
instâncias e aparelho psíquico
narcisismo;
afeto;
sujeito;
relação ego/não-ego;
percepção;
conhecimento.
À medida que se faz a análise dos textos
freudianos surge a impressão de que em
toda relação com o objeto coexistem
simultaneamente dois níveis: em um, o
sujeito vincu­la-se com o objeto por um
propósito particular; no outro, a relação
implica uma função estruturante.
A primeira é uma relação de objeto e a outra
uma relação intersubjetiva. Em muitos casos
os dois tipos de relação ocorrem
simultaneamente
Primeiro Exemplo
A nível da pulsão, o objeto satisfaz uma
necessidade de conservação do sujeito
mediante uma ação específica e, por apoio,
cria-se um desejo de pulsão sexual que já
transcende a percepção externa do objeto e
ainda sua representação interna. O primeiro é
uma relação de objeto. O segundo acontece
simultaneamente com a identificação
primária e o complexo do semelhante, e é
uma relação intersubjetiva.
As pulsões vão "em apoio" uma da
outra, mas o objeto e o sujeito
vinculam-se por identificação e
diferenciação.
Segundo Exemplo
No momento-estrutura do narcisismo, o
objeto produz um intercâmbio libidinoso
(econômico). Isto seria uma relação de
objeto. Porém simultaneamente presta-se
aos jogos estruturantes, que logo intervêm
na escolha de objeto e que pertencem ao
âmbito da sexualidade. Neste sentido, é
uma relação intersubjetiva.
Terceiro Exemplo
O momento-estrutura da identificação é o
ponto máximo de intrincamento entre a
relação de objeto e a relação intersubjetiva, ou
talvez o ponto em que esta última recobre
totalmente a primeira. Devemos manter uma
diferença, pois existem identificações que
auxiliam a funções próprias do sujeito (p. ex.,
a identidade sexual por identificação com o
progenitor do mesmo sexo),
e identificações que representam
uma maior e mais complicada
relação intersubjetiva (como o
superego ou a identidade sexual por
identificação com o progenitor do
sexo oposto).
e identificações que representam uma maior
e mais complicada relação intersubjetiva
(como o superego ou a identidade sexual por
identificação com o progenitor do sexo
oposto).
O momento-estrutura da diferenciação é o do
sujeito quando pode examinar o real com
independência de suas identificações (mas
levando-as em conta), constituídas em
relações intersubjetivas, e portanto pode
construir um espaço mental próprio,
mantendo apesar disto sua pertinência à
cultura e à sua transmissão através do
complexo de Édipo.
Quarto Exemplo
Como verificamos, esta dinâmica dupla entre o
objeto e o sujeito corresponde-se com a
existência de dois egos: o ego das funções
psicológicas (que inclui também a preser­
vação do biológico do sujeito) e o que é o
produto das identificações, um ego
"psicanalítico".
A partir desta perspectiva, haveria, então, na
obra de Freud dois grandes tipos de objetos: os
que se relacionam com o ego das funções
através de relações de objeto "em apoio" com
o sujeito e os que constituem o ego das
Identificações mediante relações
intersubjetivas.
É necessário um estudo à parte
sobre as diferentes concepções do
ego para aprofundar a índole de
suas relações com os objetos.
Outra linha de considerações gira em torno do
conceito de objetividade do sujeito.
A existência de uma porção do ego que se
mantém invariável como coisa em si, unido a
um pensamento auto-observador, realizando
um exame da realidade; a existência de um
juízo incerto baseado na busca das diferenças
(mais que das semelhanças) entre os objetos,
com o caráter de uma curiosidade "científica"
já desligada de uma necessidade primária; a
seletividade dos processos de identificação,
somada ao fato de
que se produzem em circunstâncias psíquicas e
temporais de conflito; as características da
escolha de objeto, onde só o fato de ser outro
objeto já afeta a ilusão narcisista de uma total
subjetividade (ainda que seja uma subjetividade
totalmente alienada); a consideração da força da
pulsão e da bissexualidade constitucional como
componentes inegáveis na determinação do
sujeito, além (ou aquém) das influências das
identificações: todos estes elementos
apontam, que se para Freud não existe o
"livre arbítrio" do sujeito (Freud foi
justamente quem mais contribuiu para a
destruição deste mito), tampouco haveria
uma "alteridade radical" do sujeito, apenas
haveria no próprio sujeito aspectos ou
funções capazes (pelo menos,
potencialmente) de mostrar certa
objetividade ou autonomia ainda dentro da
intersubjetividade em que se acha imerso.
Por fim, algumas pontuações de ordem
metodológica e epistemológica. Freud não
parece se preocupar o mínimo por
desenvolver uma teoria unificada nem
monolítica do objeto (nem, como sabemos, de
quase nenhuma outra coisa). Basta, para
fundamentar esta última observação, o
seguinte levantamento incompleto: existe em
sua obra pelo menos duas teorias do aparelho
psíquico (que não se superpõem); duas
teorias dos impulsos (que se imbricam);
vários sentidos diferentes de
conceitos como o de objeto; usos diferentes do
termo "transferência" (na teoria e na prática,
por exemplo); diversas concepções sobre o
recalcamento; duas teorias sobre a angústia
(que não se superpõem); termos empíricos (v.
"resistência") coexistentes com outros de alto
status teórico (v. "recalcamento primário")
sem que se sinta a obrigação de se estender
pontes estritas entre eles; várias concepções
radicalmente diferentes do ego etc.
O motivo principal do caráter duradouro da
obra de Freud parece residir, mais que em
razões de tipo histórico ou psicológico, ou
vinculadas a filiações pessoais, em sua
fundamental insaturabilidade, que se
devem a duas razões específicas:
O uso das teorias como um elemento
imprescindível e, contudo, eventualmente
cambiável (concebidas, neste aspecto,
como as relações com o objeto).
Em nenhum momento se convertem em um
objeto fetiche nem em um emblema de
pertinência a uma causa.
A atitude de Freud frente ao conhecimento
dos objetos é aberta; não existe para ele
verdades últimas, nem métodos que, por
aperfeiçoados que sejam, nos dêem uma
imagem exata de um “suposto estado real
O semelhante, o outro, sempre será objeto
privilegiado pelo sujeito para o conhecimento,
assim como o foi para a sua constituição; e
tanto nas relações iniciais de constituição
como de conhecimento posteriores estarão
implicados aspectos objetivos do sujeito e
outros subjetivos. Talvez esta combinação seja
a que determine que "o real sempre sendo
incognoscível" [loc.cit.],
e também o motivo do sofrimento
permanente nas relações inter-
humanas, que Freud nos assinala
como uma das três fontes de nosso
mal-estar na cultura.
A relação objetal em Freud e o NarcisismoA relação objetal em Freud e o Narcisismo
O conceito de narcisismo tem na teorização
psicanalítica uma situação semelhante a do
conceito de identificação: ambos levaram a
uma reestruturação profunda da teoria
psicanalítica.
A identificação dá origem a um conceito
radicalmente distinto da estrutura psíqui­ca
ao descobrir-se que esta provém, em grande
parte, das vicissitudes da relação objetal
mediante o papel estruturante da
identificação.
O narcisismo, uma vez "introduzido",
transforma por completo a teoria das
pulsões, até situar a raiz última do conflito
psicológico na luta entre libido e
destrutividade, Eros e Tanatos. Mas, o
conceito de narcisismo tem outra face que
interessa vivamente ao nosso objetivo atual.
A teoria do narcisismo influi de maneira muito direta
tanto no conceito de objeto como no de instâncias
psíquicas (ego e inclusive superego).
Poderíamos definir o termo “narcisismo” em três usos
mais comuns:
Usado como termo essencialmente como uma das
formas ou vicissitudes da libido.
Usado como termo, onde recai sobre o objeto nos
estados narcisistas, e os problemas do narcisismo se
juntam com os da identificação em sua forma
introjetiva.
3. Usado como termo onde este é utilizado de forma mais
frouxa, referindo-se a atitudes, sentimentos, traços
caracterológicos que apontam para valorização,
desvalorização, e supervalorização deste ou daquele
aspecto da pessoa.
O conceito de narcisismo tem na obra de Freud uma
história das mais complicadas, e não segue uma linha
de desenvolvimento reta, mas oscilante e cheia de idas
e voltas, e ainda de mudanças de sentido.
Originariamente, o que depois se decantará como
narcisismo se encontra misturado com o conceito de
auto-erotismo (1899).
A decantação se produz progressivamente entre 1900 e
1914, pela necessidade de dar conta de vários fenômenos,
entre eles a escolha de objeto homossexual e a megalo­
mania. Auto-erotismo e narcisismo tendem então a
discriminar-se um do outro; o primei­ro significa um
estado anobjetal prévio à formação de um ego e um modo
de satisfação da libido com o próprio corpo do sujeito. O
segundo significa primitivamente uma relação da libido
com o objeto exterior na qual aquela se desprende deste e
retorna ao próprio ego, o qual recupera um estado
anterior em que era o protótipo de todo o objeto futuro.
Temos assim presentes cinco termos: o auto-erotismo como
estádio da libido, o auto-erotismo como modo de satisfação
libidinal, o narcisismo secundário, o narcisismo primário e
as pulsões do ego, que não são capazes de satisfação auto-
erótica nem suscep­tíveis de se diferenciar em fases ou
estádios como faz a libido.
Entre esses cinco termos Freud oscila adotando às vezes
uma configuração parcial, às vezes outra (por exemplo, há
duas fases, uma auto-erótica, a outra narcisista, que correm
ao mesmo tempo que as pulsões do ego etc).
Em 1923, com “O Ego e o ID", parece chegar a uma
concepção sistemática: existe um narcisismo primário, no
qual toda a libido se concentra no id, enquanto o ego está
em formação.
O id investe os objetos, e a identificação ulterior do ego com
estes objetos exteriores (junto com a correspondente
orientação do investimento do id para o ego) constitui o
narcisismo secundário; o que se chamava antes narcisismo
secundário é o que se chama agora narcisismo primário. O
auto-erotismo é somente um modo de satisfação de um
estado estruturalmente definido, que é o narcisismo.
Ao mesmo tempo, vai-se enriquecendo o conceito de
narcisismo, já que a satisfação narcisista pode provir, seja do
id que ama ao ego como amou aos objetos exteriores, seja
através do sentimento do ego de ser querido pelo superego,
seja da aprovação do superego que felicita o ego pelo
cumprimento de seus mandados. O id ama ao ego; o
superego ama ao ego; o ego ama ao id e o superego: o
narcisismo seria então a harmonia paradisíaca reencontrada
entre as instâncias.
Um Deus pai bondoso bendizendo os amores de Adão e Eva
em um paraíso repleto de comestíveis, desprovido de ódios e
onde todas as frutas são permitidas.
Freud não pode manter a formulação de “O Ego e o ID"
sobre narcisismo primá­rio e secundário nem essa definição
de auto-erotismo. Em virtude seja do esquema referencial
teórico e da evolução da teoria das pulsões, todo o problema
do narcisismo se recoloca: é que todas as pulsões, as do ego,
já não são fundamentalmente distintas da libido,
e por outro lado ambas se opõem radicalmente a outro
grupo de pulsões, as pulsões de morte, que vêm perturbar a
ordem de cabo a rabo.
Desde então, o problema está sem solução e Freud volta
a definições anteriores de auto-erotismo, de
narcisismo, e chega a incluir uma organização
narcisista primitiva do sadismo (absolutamente lógica,
mas que se opõe a uma quantidade de outros
conceitos).
Do exame histórico temos:
o conceito de narcisismo é imprescindível;
Freud nunca conseguiu harmonizá-lo totalmente com o
resto da teoria psicanalítica (em mu­dança contínua,
além do mais);
nunca saberemos se para Freud o grande reservatório da
libido foi o ego ou o id.
Como resultado de todo este arcabouço teórico podemos
concluir que:
Paradoxalmente, o estudo do narcisismo dá uma alavancada
fundamental no estudo do vínculo objetal e da estrutura do
objeto.
Abre-se um novo capítulo da "objetologia" freudiana, em
particular no que concerne às perversões, aos estados de
apaixonamento, aos grupos, à psicose, à evolução ou
desenvolvimento normal.
Inicia-se a compreensão das relações entre a estrutura do
objeto e as características (especulares ou fantásticas) do
próprio sujeito e de suas instâncias. O narcisismo é
estruturante.
Elimina-se de antemão todo o esquema simplista das fases da
evolução da libido (Abraham). Nem o auto-erotismo nem o
narcisismo podem ser considerados tão so­mente como
fases relativamente simples de uma evolução linear:
porque Freud não resolveu o problema de se o auto-erotismo
devia definir-se como uma fase evolutiva ou como modo de
satisfação;
porque desde 1920 aparece um poderoso opositor da libido,
Tanatos, e a ideia ineludível de uma "organização sádico-
narcisista". A consi­deração devida deste ponto teria
poupado o pensamento psicanalítico ulterior de alguns
erros e becos sem saída (digo isto com plena estima do
esforço sintetizador de Abraham, que teve seu valor, ainda
que tenha
se convertido depois em obstáculo para a investigação,
por causa da decisão empedernida de muitos
analistas de não mais pensar sobre ele).
Fica patente o progressivo desuso do auto-erotismo
(com excessão de seu significado como modo
masturbatório de satisfação) nas últimas obras de
Freud.
O OBJETO NA OBRA DE MELANIE KLEINO OBJETO NA OBRA DE MELANIE KLEIN
Supomos que Melanie Klein, por razões de coerência, nunca
houvesse retomado por conta própria a afirmação de Freud
de que o objeto é o aspecto menos essencial da pulsão (já
que pode facilmente ser substituído por outro). A passagem
de Freud a Klein manifesta-se primeiro em uma mudança de
ênfase, esta se desloca da pulsão ao objeto. Outro ponto leva-
nos a perceber esta diferença:
Freud nunca adotou totalmente o conceito de introjeção,
ainda que tenha usado o termo em várias ocasiões desde sua
introdução por Ferenczi. Pelo contrário, para Melanie Klein o
objeto é inseparável das operações que se realizam a
propósito dele (antes de mais nada, o splitting, a introjeção e
a projeção).
Provavelmente a insistência de Freud em utilizar o conceito
de introjeção, provinha de que previa as modificações que tal
uso viria a exigir em sua construção teórica sobre as pulsões.
Por isto, em "Duelo y melancolia" abre uma nova linha de
teorização sem explorá-la profundamente; não o faz nem nas
obras ulteriores, como "El yo y el ello", onde percebe que os
fenômenos descritos em "Duelo y melancolia" ultrapassam
amplamente o campo do luto e incidem em todo
desenvolvimento psíquico.
Quando M. Klein fala do objeto, não designa com isto
exatamente o mesmo que Freud, nem mesmo nas obras
deste que lhe serviram de ponto de partida.
Por isto, em "Duelo y melancolia" abre uma nova linha de
teorização sem explorá-la profundamente; não o faz nem nas
obras ulteriores, como "El yo y el ello", onde percebe que os
fenômenos descritos em "Duelo y melancolia" ultrapassam
amplamente o campo do luto e incidem em todo
desenvolvimento psíquico.
Quando M. Klein fala do objeto, não designa com isto
exatamente o mesmo que Freud, nem mesmo nas obras deste
que lhe serviram de ponto de partida.
Mas também em M. Klein o conceito de objeto não é unívoco.
Sem buscar discriminações muito minuciosas em suas obras,
podemos distinguir um uso metapsicológico e um uso
fenomênico, descritivo, do conceito; diferença que não é, salvo
exceções, marcante. Esta ambigüidade tem seu aspecto
positivo: permite a M. Klein uma maior riqueza e plasticidade
na compreensão dos fenômenos clínicos, o que, no entanto,
como pólo negativo, acarreta paralelamente umcerto número de
dificuldades teóricas.
O objeto que é algo absolutamente privilegiado na
metapsicologia kleiniana — o seio — é um dos pontos a ser
bem estudado. Isto levar-me-á ao problema essencial desta
classe de substancialidade do objeto que constitui, talvez, a
contribuição mais imprescindível de M. Klein ao
enriquecimento do conceito.
Algumas questões do Seio para M. KleinAlgumas questões do Seio para M. Klein
Para M. Klein, o objeto pode formar núcleos no ego, em que
estes núcleos — funcional e objetal — chegam a combinar-se
em uma estrutura única, dada sua natureza profundamente
heterogênea, suscita um problema teórico de difícil solução,
mas não fundamentalmente distinto do problema que
apresenta a dualidade do ego na metapsicologia freudiana: o
ego como "resíduo de sucessivas identificações" e o ego
como conjunto de funções (percepção, memória etc.)
apresentam a mesma dificuldade a quem quiser dar conta da
forma em que se realiza sua integração em uma unidade.
Nem Freud nem M. Klein parecem poder escapar a um
conceito híbrido da formação do ego.
A visão kleiniana da formação da estrutura do superego a
partir do objeto introjetado escapa a esta dificuldade (como
também o fez a descrição de Freud, muito diferente no resto).
Um exame dos textos pertinentes de M. Klein mostra que o
superego constitui-se por aproximação de dois núcleos
objetais, extremamente contraditórios no princípio, mas
semelhantes em sua natureza objetal: o seio persecutório e o
seio idealizado.
Do objeto persecutório o superego conserva a crueldade, a
periculosidade, a onipotência dominadora. Do objeto
idealizado que contribuiu à sua constituição herda sua
grandeza, seu direito a castigar ou recompensar, seu poder de
determinar o que está certo ou o que está errado. Sua
dualidade de origem dá conta de sua natureza violentamente
contraditória e de sua relativa fragilidade: os estados
regressivos tendem a romper com sua unidade, restituindo
suas partes constitutivas à sua fisionomia original, um
perseguidor e um ser ideal.
Poder-se-ia dizer, levando em conta os objetos que povoam o
ego e o superego, que o objeto como estrutura endopsíquica
constitui o conceito chave da metapsicologia Kleiniana. Esta
seria, no entanto, uma visão parcial do pensamento de M.
Klein.
Dentro da multiplicidade dos "cidadãos do mundo interno"
destaca-se um objeto particular, ao qual M. Klein atribui
características prototípicas e cujas vicissitudes vão determinar
a qualidade de toda a série objetal: o seio interiorizado. Por
isto, um exame mais detalhado deste objeto pode ser
esclarecedor no que diz respeito aos problemas do objeto em
geral.
No léxico comum, "seio" designa um objeto natural, uma
parte do corpo, especialmente do corpo feminino (em geral, os
seios dos homens não suscitam maior interesse),
essencial na função de amamentação e dotado de um intenso
valor erótico. O conceito de seio em M. Klein, se bem que não
está totalmente desligado deste objeto, possui características
que não condizem com um objeto natural ou com
sua representação interna. Isto se percebe até na própria
linguagem: M. Klein diz "o seio" da mãe e não "os
seios", como se dá normalmente na natureza.
O seio pré-existe à experiência. Na fantasmática
transcedental, é o centro de uma quantidade de fantasias
originárias que condicionam a possibilidade de
amamentação e, inclusive, podem impedi-la em certos
casos de recém-nascidos aparentemente normais e que
alcançaram o grau de maturação necessário para a
lactância. Do mesmo modo, a ativação circunstancial
destas fantasias pode interromper uma lactância já
iniciada e obrigar a substituir a amamentação natural pela
artificial.
O seio da mãe pode ser substituído também por um objeto
artificial — a mamadeira — sem perder sua função essencial
na vida do lactente e sem que esta substituição afete
fundamentalmente a relação ulterior do indivíduo com o
seio interiorizado.
Tudo se dá como se, neste caso, a cota de dados empíricos
necessários para preencher as fantasias originárias e
constituir o objeto da fantasia fosse muito pouco importante
com relação ao universo fantasmático; isto não implica que
a relação efetiva com a mãe na experiência de amamentação
não tenha uma importância decisiva, mas sim que a
percepção real do seio como órgão natural não é
determinante para conferir sua forma ao seio interiorizado.

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  • 1. NEPP - NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICANÁLISE Curso de Pós-graduação Lato-sensu em Formação Psicanalítica e-mail: neppbh@yahoo.com.br Site: www.nepp.com.br
  • 2. SEMINÁRIOSEMINÁRIO TEMA: CONCEITO DETEMA: CONCEITO DE OBJETO EM PSICANÁLISEOBJETO EM PSICANÁLISE Profº Sérgio Costa.
  • 3. CONCEITO DE OBJETOCONCEITO DE OBJETO Considerações IniciaisConsiderações Iniciais Uma teoria sobre o objeto constitui-seUma teoria sobre o objeto constitui-se no ponto de convergência obrigatóriono ponto de convergência obrigatório das dificuldades primordiais da teoriadas dificuldades primordiais da teoria psicanalítica.psicanalítica.
  • 4. Não é paradoxal que um esclarecimen­toNão é paradoxal que um esclarecimen­to sobre o papel do objeto seja imperativosobre o papel do objeto seja imperativo para definir o sujeito na psicanálise.para definir o sujeito na psicanálise. Trata-se, portanto, de uma área teóricaTrata-se, portanto, de uma área teórica chave para fundamentar um esquemachave para fundamentar um esquema referencial ou para conceituar diferençasreferencial ou para conceituar diferenças e semelhanças entre vários esquemase semelhanças entre vários esquemas referenciais teóricos e técnicos.referenciais teóricos e técnicos.
  • 5. O OBJETO FREUDIANOO OBJETO FREUDIANO Existe certa quantidade de conceitos interligados, e que são, absolutamente imprescindíveis para a compreensão do conceito de objeto na teoria freudiana, mas cuja revisão exaustiva seria incompatível, por sua extensão, com o propósito do presente seminário.
  • 6. Na teoria freudiana, a relação de objeto, tem uma interelação, com os conceitos de a: pulsão; representação; traço mnêmico; identificação;
  • 7. organização do ego; instâncias e aparelho psíquico narcisismo; afeto; sujeito; relação ego/não-ego; percepção; conhecimento.
  • 8. À medida que se faz a análise dos textos freudianos surge a impressão de que em toda relação com o objeto coexistem simultaneamente dois níveis: em um, o sujeito vincu­la-se com o objeto por um propósito particular; no outro, a relação implica uma função estruturante. A primeira é uma relação de objeto e a outra uma relação intersubjetiva. Em muitos casos os dois tipos de relação ocorrem simultaneamente
  • 9. Primeiro Exemplo A nível da pulsão, o objeto satisfaz uma necessidade de conservação do sujeito mediante uma ação específica e, por apoio, cria-se um desejo de pulsão sexual que já transcende a percepção externa do objeto e ainda sua representação interna. O primeiro é uma relação de objeto. O segundo acontece simultaneamente com a identificação primária e o complexo do semelhante, e é uma relação intersubjetiva.
  • 10. As pulsões vão "em apoio" uma da outra, mas o objeto e o sujeito vinculam-se por identificação e diferenciação.
  • 11. Segundo Exemplo No momento-estrutura do narcisismo, o objeto produz um intercâmbio libidinoso (econômico). Isto seria uma relação de objeto. Porém simultaneamente presta-se aos jogos estruturantes, que logo intervêm na escolha de objeto e que pertencem ao âmbito da sexualidade. Neste sentido, é uma relação intersubjetiva.
  • 12. Terceiro Exemplo O momento-estrutura da identificação é o ponto máximo de intrincamento entre a relação de objeto e a relação intersubjetiva, ou talvez o ponto em que esta última recobre totalmente a primeira. Devemos manter uma diferença, pois existem identificações que auxiliam a funções próprias do sujeito (p. ex., a identidade sexual por identificação com o progenitor do mesmo sexo),
  • 13. e identificações que representam uma maior e mais complicada relação intersubjetiva (como o superego ou a identidade sexual por identificação com o progenitor do sexo oposto).
  • 14. e identificações que representam uma maior e mais complicada relação intersubjetiva (como o superego ou a identidade sexual por identificação com o progenitor do sexo oposto). O momento-estrutura da diferenciação é o do sujeito quando pode examinar o real com independência de suas identificações (mas levando-as em conta), constituídas em relações intersubjetivas, e portanto pode construir um espaço mental próprio, mantendo apesar disto sua pertinência à cultura e à sua transmissão através do complexo de Édipo. Quarto Exemplo
  • 15. Como verificamos, esta dinâmica dupla entre o objeto e o sujeito corresponde-se com a existência de dois egos: o ego das funções psicológicas (que inclui também a preser­ vação do biológico do sujeito) e o que é o produto das identificações, um ego "psicanalítico". A partir desta perspectiva, haveria, então, na obra de Freud dois grandes tipos de objetos: os que se relacionam com o ego das funções através de relações de objeto "em apoio" com o sujeito e os que constituem o ego das
  • 16. Identificações mediante relações intersubjetivas. É necessário um estudo à parte sobre as diferentes concepções do ego para aprofundar a índole de suas relações com os objetos.
  • 17. Outra linha de considerações gira em torno do conceito de objetividade do sujeito. A existência de uma porção do ego que se mantém invariável como coisa em si, unido a um pensamento auto-observador, realizando um exame da realidade; a existência de um juízo incerto baseado na busca das diferenças (mais que das semelhanças) entre os objetos, com o caráter de uma curiosidade "científica" já desligada de uma necessidade primária; a seletividade dos processos de identificação, somada ao fato de
  • 18. que se produzem em circunstâncias psíquicas e temporais de conflito; as características da escolha de objeto, onde só o fato de ser outro objeto já afeta a ilusão narcisista de uma total subjetividade (ainda que seja uma subjetividade totalmente alienada); a consideração da força da pulsão e da bissexualidade constitucional como componentes inegáveis na determinação do sujeito, além (ou aquém) das influências das identificações: todos estes elementos
  • 19. apontam, que se para Freud não existe o "livre arbítrio" do sujeito (Freud foi justamente quem mais contribuiu para a destruição deste mito), tampouco haveria uma "alteridade radical" do sujeito, apenas haveria no próprio sujeito aspectos ou funções capazes (pelo menos, potencialmente) de mostrar certa objetividade ou autonomia ainda dentro da intersubjetividade em que se acha imerso.
  • 20. Por fim, algumas pontuações de ordem metodológica e epistemológica. Freud não parece se preocupar o mínimo por desenvolver uma teoria unificada nem monolítica do objeto (nem, como sabemos, de quase nenhuma outra coisa). Basta, para fundamentar esta última observação, o seguinte levantamento incompleto: existe em sua obra pelo menos duas teorias do aparelho psíquico (que não se superpõem); duas teorias dos impulsos (que se imbricam); vários sentidos diferentes de
  • 21. conceitos como o de objeto; usos diferentes do termo "transferência" (na teoria e na prática, por exemplo); diversas concepções sobre o recalcamento; duas teorias sobre a angústia (que não se superpõem); termos empíricos (v. "resistência") coexistentes com outros de alto status teórico (v. "recalcamento primário") sem que se sinta a obrigação de se estender pontes estritas entre eles; várias concepções radicalmente diferentes do ego etc.
  • 22. O motivo principal do caráter duradouro da obra de Freud parece residir, mais que em razões de tipo histórico ou psicológico, ou vinculadas a filiações pessoais, em sua fundamental insaturabilidade, que se devem a duas razões específicas: O uso das teorias como um elemento imprescindível e, contudo, eventualmente cambiável (concebidas, neste aspecto, como as relações com o objeto).
  • 23. Em nenhum momento se convertem em um objeto fetiche nem em um emblema de pertinência a uma causa. A atitude de Freud frente ao conhecimento dos objetos é aberta; não existe para ele verdades últimas, nem métodos que, por aperfeiçoados que sejam, nos dêem uma imagem exata de um “suposto estado real
  • 24. O semelhante, o outro, sempre será objeto privilegiado pelo sujeito para o conhecimento, assim como o foi para a sua constituição; e tanto nas relações iniciais de constituição como de conhecimento posteriores estarão implicados aspectos objetivos do sujeito e outros subjetivos. Talvez esta combinação seja a que determine que "o real sempre sendo incognoscível" [loc.cit.],
  • 25. e também o motivo do sofrimento permanente nas relações inter- humanas, que Freud nos assinala como uma das três fontes de nosso mal-estar na cultura.
  • 26. A relação objetal em Freud e o NarcisismoA relação objetal em Freud e o Narcisismo O conceito de narcisismo tem na teorização psicanalítica uma situação semelhante a do conceito de identificação: ambos levaram a uma reestruturação profunda da teoria psicanalítica. A identificação dá origem a um conceito radicalmente distinto da estrutura psíqui­ca ao descobrir-se que esta provém, em grande
  • 27. parte, das vicissitudes da relação objetal mediante o papel estruturante da identificação. O narcisismo, uma vez "introduzido", transforma por completo a teoria das pulsões, até situar a raiz última do conflito psicológico na luta entre libido e destrutividade, Eros e Tanatos. Mas, o conceito de narcisismo tem outra face que interessa vivamente ao nosso objetivo atual.
  • 28. A teoria do narcisismo influi de maneira muito direta tanto no conceito de objeto como no de instâncias psíquicas (ego e inclusive superego). Poderíamos definir o termo “narcisismo” em três usos mais comuns: Usado como termo essencialmente como uma das formas ou vicissitudes da libido. Usado como termo, onde recai sobre o objeto nos estados narcisistas, e os problemas do narcisismo se juntam com os da identificação em sua forma introjetiva.
  • 29. 3. Usado como termo onde este é utilizado de forma mais frouxa, referindo-se a atitudes, sentimentos, traços caracterológicos que apontam para valorização, desvalorização, e supervalorização deste ou daquele aspecto da pessoa. O conceito de narcisismo tem na obra de Freud uma história das mais complicadas, e não segue uma linha de desenvolvimento reta, mas oscilante e cheia de idas e voltas, e ainda de mudanças de sentido. Originariamente, o que depois se decantará como narcisismo se encontra misturado com o conceito de auto-erotismo (1899).
  • 30. A decantação se produz progressivamente entre 1900 e 1914, pela necessidade de dar conta de vários fenômenos, entre eles a escolha de objeto homossexual e a megalo­ mania. Auto-erotismo e narcisismo tendem então a discriminar-se um do outro; o primei­ro significa um estado anobjetal prévio à formação de um ego e um modo de satisfação da libido com o próprio corpo do sujeito. O segundo significa primitivamente uma relação da libido com o objeto exterior na qual aquela se desprende deste e retorna ao próprio ego, o qual recupera um estado anterior em que era o protótipo de todo o objeto futuro.
  • 31. Temos assim presentes cinco termos: o auto-erotismo como estádio da libido, o auto-erotismo como modo de satisfação libidinal, o narcisismo secundário, o narcisismo primário e as pulsões do ego, que não são capazes de satisfação auto- erótica nem suscep­tíveis de se diferenciar em fases ou estádios como faz a libido. Entre esses cinco termos Freud oscila adotando às vezes uma configuração parcial, às vezes outra (por exemplo, há duas fases, uma auto-erótica, a outra narcisista, que correm ao mesmo tempo que as pulsões do ego etc). Em 1923, com “O Ego e o ID", parece chegar a uma concepção sistemática: existe um narcisismo primário, no qual toda a libido se concentra no id, enquanto o ego está em formação.
  • 32. O id investe os objetos, e a identificação ulterior do ego com estes objetos exteriores (junto com a correspondente orientação do investimento do id para o ego) constitui o narcisismo secundário; o que se chamava antes narcisismo secundário é o que se chama agora narcisismo primário. O auto-erotismo é somente um modo de satisfação de um estado estruturalmente definido, que é o narcisismo. Ao mesmo tempo, vai-se enriquecendo o conceito de narcisismo, já que a satisfação narcisista pode provir, seja do id que ama ao ego como amou aos objetos exteriores, seja através do sentimento do ego de ser querido pelo superego, seja da aprovação do superego que felicita o ego pelo cumprimento de seus mandados. O id ama ao ego; o superego ama ao ego; o ego ama ao id e o superego: o narcisismo seria então a harmonia paradisíaca reencontrada entre as instâncias.
  • 33. Um Deus pai bondoso bendizendo os amores de Adão e Eva em um paraíso repleto de comestíveis, desprovido de ódios e onde todas as frutas são permitidas. Freud não pode manter a formulação de “O Ego e o ID" sobre narcisismo primá­rio e secundário nem essa definição de auto-erotismo. Em virtude seja do esquema referencial teórico e da evolução da teoria das pulsões, todo o problema do narcisismo se recoloca: é que todas as pulsões, as do ego, já não são fundamentalmente distintas da libido, e por outro lado ambas se opõem radicalmente a outro grupo de pulsões, as pulsões de morte, que vêm perturbar a ordem de cabo a rabo.
  • 34. Desde então, o problema está sem solução e Freud volta a definições anteriores de auto-erotismo, de narcisismo, e chega a incluir uma organização narcisista primitiva do sadismo (absolutamente lógica, mas que se opõe a uma quantidade de outros conceitos). Do exame histórico temos: o conceito de narcisismo é imprescindível; Freud nunca conseguiu harmonizá-lo totalmente com o resto da teoria psicanalítica (em mu­dança contínua, além do mais); nunca saberemos se para Freud o grande reservatório da libido foi o ego ou o id.
  • 35. Como resultado de todo este arcabouço teórico podemos concluir que: Paradoxalmente, o estudo do narcisismo dá uma alavancada fundamental no estudo do vínculo objetal e da estrutura do objeto. Abre-se um novo capítulo da "objetologia" freudiana, em particular no que concerne às perversões, aos estados de apaixonamento, aos grupos, à psicose, à evolução ou desenvolvimento normal. Inicia-se a compreensão das relações entre a estrutura do objeto e as características (especulares ou fantásticas) do próprio sujeito e de suas instâncias. O narcisismo é estruturante.
  • 36. Elimina-se de antemão todo o esquema simplista das fases da evolução da libido (Abraham). Nem o auto-erotismo nem o narcisismo podem ser considerados tão so­mente como fases relativamente simples de uma evolução linear: porque Freud não resolveu o problema de se o auto-erotismo devia definir-se como uma fase evolutiva ou como modo de satisfação; porque desde 1920 aparece um poderoso opositor da libido, Tanatos, e a ideia ineludível de uma "organização sádico- narcisista". A consi­deração devida deste ponto teria poupado o pensamento psicanalítico ulterior de alguns erros e becos sem saída (digo isto com plena estima do esforço sintetizador de Abraham, que teve seu valor, ainda que tenha
  • 37. se convertido depois em obstáculo para a investigação, por causa da decisão empedernida de muitos analistas de não mais pensar sobre ele). Fica patente o progressivo desuso do auto-erotismo (com excessão de seu significado como modo masturbatório de satisfação) nas últimas obras de Freud.
  • 38. O OBJETO NA OBRA DE MELANIE KLEINO OBJETO NA OBRA DE MELANIE KLEIN Supomos que Melanie Klein, por razões de coerência, nunca houvesse retomado por conta própria a afirmação de Freud de que o objeto é o aspecto menos essencial da pulsão (já que pode facilmente ser substituído por outro). A passagem de Freud a Klein manifesta-se primeiro em uma mudança de ênfase, esta se desloca da pulsão ao objeto. Outro ponto leva- nos a perceber esta diferença: Freud nunca adotou totalmente o conceito de introjeção, ainda que tenha usado o termo em várias ocasiões desde sua introdução por Ferenczi. Pelo contrário, para Melanie Klein o objeto é inseparável das operações que se realizam a propósito dele (antes de mais nada, o splitting, a introjeção e a projeção).
  • 39. Provavelmente a insistência de Freud em utilizar o conceito de introjeção, provinha de que previa as modificações que tal uso viria a exigir em sua construção teórica sobre as pulsões. Por isto, em "Duelo y melancolia" abre uma nova linha de teorização sem explorá-la profundamente; não o faz nem nas obras ulteriores, como "El yo y el ello", onde percebe que os fenômenos descritos em "Duelo y melancolia" ultrapassam amplamente o campo do luto e incidem em todo desenvolvimento psíquico. Quando M. Klein fala do objeto, não designa com isto exatamente o mesmo que Freud, nem mesmo nas obras deste que lhe serviram de ponto de partida.
  • 40. Por isto, em "Duelo y melancolia" abre uma nova linha de teorização sem explorá-la profundamente; não o faz nem nas obras ulteriores, como "El yo y el ello", onde percebe que os fenômenos descritos em "Duelo y melancolia" ultrapassam amplamente o campo do luto e incidem em todo desenvolvimento psíquico. Quando M. Klein fala do objeto, não designa com isto exatamente o mesmo que Freud, nem mesmo nas obras deste que lhe serviram de ponto de partida.
  • 41. Mas também em M. Klein o conceito de objeto não é unívoco. Sem buscar discriminações muito minuciosas em suas obras, podemos distinguir um uso metapsicológico e um uso fenomênico, descritivo, do conceito; diferença que não é, salvo exceções, marcante. Esta ambigüidade tem seu aspecto positivo: permite a M. Klein uma maior riqueza e plasticidade na compreensão dos fenômenos clínicos, o que, no entanto, como pólo negativo, acarreta paralelamente umcerto número de dificuldades teóricas. O objeto que é algo absolutamente privilegiado na metapsicologia kleiniana — o seio — é um dos pontos a ser bem estudado. Isto levar-me-á ao problema essencial desta classe de substancialidade do objeto que constitui, talvez, a contribuição mais imprescindível de M. Klein ao enriquecimento do conceito.
  • 42. Algumas questões do Seio para M. KleinAlgumas questões do Seio para M. Klein Para M. Klein, o objeto pode formar núcleos no ego, em que estes núcleos — funcional e objetal — chegam a combinar-se em uma estrutura única, dada sua natureza profundamente heterogênea, suscita um problema teórico de difícil solução, mas não fundamentalmente distinto do problema que apresenta a dualidade do ego na metapsicologia freudiana: o ego como "resíduo de sucessivas identificações" e o ego como conjunto de funções (percepção, memória etc.) apresentam a mesma dificuldade a quem quiser dar conta da forma em que se realiza sua integração em uma unidade. Nem Freud nem M. Klein parecem poder escapar a um conceito híbrido da formação do ego.
  • 43. A visão kleiniana da formação da estrutura do superego a partir do objeto introjetado escapa a esta dificuldade (como também o fez a descrição de Freud, muito diferente no resto). Um exame dos textos pertinentes de M. Klein mostra que o superego constitui-se por aproximação de dois núcleos objetais, extremamente contraditórios no princípio, mas semelhantes em sua natureza objetal: o seio persecutório e o seio idealizado. Do objeto persecutório o superego conserva a crueldade, a periculosidade, a onipotência dominadora. Do objeto idealizado que contribuiu à sua constituição herda sua grandeza, seu direito a castigar ou recompensar, seu poder de
  • 44. determinar o que está certo ou o que está errado. Sua dualidade de origem dá conta de sua natureza violentamente contraditória e de sua relativa fragilidade: os estados regressivos tendem a romper com sua unidade, restituindo suas partes constitutivas à sua fisionomia original, um perseguidor e um ser ideal. Poder-se-ia dizer, levando em conta os objetos que povoam o ego e o superego, que o objeto como estrutura endopsíquica constitui o conceito chave da metapsicologia Kleiniana. Esta seria, no entanto, uma visão parcial do pensamento de M. Klein.
  • 45. Dentro da multiplicidade dos "cidadãos do mundo interno" destaca-se um objeto particular, ao qual M. Klein atribui características prototípicas e cujas vicissitudes vão determinar a qualidade de toda a série objetal: o seio interiorizado. Por isto, um exame mais detalhado deste objeto pode ser esclarecedor no que diz respeito aos problemas do objeto em geral. No léxico comum, "seio" designa um objeto natural, uma parte do corpo, especialmente do corpo feminino (em geral, os seios dos homens não suscitam maior interesse), essencial na função de amamentação e dotado de um intenso valor erótico. O conceito de seio em M. Klein, se bem que não está totalmente desligado deste objeto, possui características que não condizem com um objeto natural ou com
  • 46. sua representação interna. Isto se percebe até na própria linguagem: M. Klein diz "o seio" da mãe e não "os seios", como se dá normalmente na natureza. O seio pré-existe à experiência. Na fantasmática transcedental, é o centro de uma quantidade de fantasias originárias que condicionam a possibilidade de amamentação e, inclusive, podem impedi-la em certos casos de recém-nascidos aparentemente normais e que alcançaram o grau de maturação necessário para a lactância. Do mesmo modo, a ativação circunstancial destas fantasias pode interromper uma lactância já iniciada e obrigar a substituir a amamentação natural pela artificial.
  • 47. O seio da mãe pode ser substituído também por um objeto artificial — a mamadeira — sem perder sua função essencial na vida do lactente e sem que esta substituição afete fundamentalmente a relação ulterior do indivíduo com o seio interiorizado. Tudo se dá como se, neste caso, a cota de dados empíricos necessários para preencher as fantasias originárias e constituir o objeto da fantasia fosse muito pouco importante com relação ao universo fantasmático; isto não implica que a relação efetiva com a mãe na experiência de amamentação não tenha uma importância decisiva, mas sim que a percepção real do seio como órgão natural não é determinante para conferir sua forma ao seio interiorizado.