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CIDADANIA E DESIGUALDADE DE GÊNERO


     Prefácio- Apresentação do tema - Milena Barreto de Oliveira

O presente trabalho é uma produção coletiva do grupo H, de um material paradidático para
auxiliar professores na prática docente de temas transversais, feito a partir da ferramenta
virtual Wiki e que compõe a avaliação final do curso de extensão “Conceitos
Fundamentais em Sociologia”, realizado pela Fundação CECIERJ no primeiro semestre de
2012.
O grupo foi formado com os alunos ativos do curso, listados em ordem alfabética e dividido
pela equipe de tutoria em fóruns distintos que através desse espaço iniciamos o contato e as
discussões a respeito da escolha de um tema que se relacionasse com os propostos pelo
curso.
A Sociologia é uma área muito ampla das Ciências Humanas sugerindo várias temáticas,
porém o grupo logo demonstrou interesse pelos temas de cidadania e de desigualdade de
gênero. Desta forma, unimos esses dois temas e os relacionamos no trabalho que foi
entitulado de “Cidadania e desigualdade de gênero”. Compreendemos cidadania como o
exercício pleno das funções sociais e políticas totais do indivíduo e gênero como um
conceito relacionado ao papel social que o indivíduo exerce na sociedade em detrimento do
seu sexo anatômiuco.
As desigualdades de gênero são produzidas em todos os espaços da vida social, tanto nos
públicos quanto no privado. Os movimentos sociais têm se empenhado em lutas para
resguardar os direitos civis de homens e mulheres e nessa perspectiva a luta pela igualdade
de gênero também é constante. O Brasil tem avançado bastante no que se refere à
ampliação e exercício desses direitos, na promoção da cidadania. No entanto ainda há
muitos obstáculos a serem transpassados e considerados no que se refere à igualdade,
educação de qualidade, respeito e valorização dos indivíduos.
As discussões propostas nesse material têm como objetivo motivar a reflexão coletiva e
individual contribuindo para a eliminação de qualquer desigualdade e diferença. Propomos
a reflexão acerca dos conceitos de gênero e cidadania. Para desenvolver melhor esses temas
iremos: conceituá-los, expor o papel da família e da escola no aprendizado de gênero,
mostrar que a formação da identidade da criança e do adolescente é construída socialmente,
exemplificar as diferenças de gêneros nos setores públicos e privados, apontar a violência e
discriminação de gênero como reflexo da desigualdade social, o surgimento de Movimentos
sociais pela igualdade de gêneros, relacionar Direitos Humanos, Cidadania e gênero,
sugerir propostas educativas possíveis e por fim colocar nossas considerações finais.
Todo trabalho está pautado nas referências bibliográficas citadas que nos serviram de base
para a construção dos nossos textos. Nosso objetivo maior é o de contribuir com os
professores na discussão dos temas nas salas de aulas proporcionando o respeito dos
direitos civis dos indivíduos, da igualdade de gênero, contribuindo dessa maneira para que
a escola seja um espaço público de promoção da cidadania.
Conceito de Cidadania e Gênero- Mônica Pires de Oliveira


Olhando do alto do prédio o incrível formigueiro humano que se movimento pelas ruas da
cidade, mal nos lembramos que cada ponto se movimentando naquele intenso vai e vem
trata-se de um ser humano, de um indivíduo, de uma pessoa, de alguém. Mas naquela
massa disforme quase não dá para identificar tratar-se de homem ou mulher no ponto em


que tentamos fixar o olhar. Quem seria aquele humano que segue?...

Humanos e grupos quem veio antes?



        Essa pergunta em um primeiro momento pode parecer fácil de responder, pois
humanos vivem em grupos e grupos são constituídos por....humanos. Desde os tempos mais
antigos o homem é um ser social. O convívio em sociedade implica em experiências,brigas,
acordos, em trocas. Somos produtos da sociedade em que vivemos e a sociedade também é
produto das pessoas que ali se inserem. Será então que o fato de estar vivendo em
sociedade nos torna um cidadão?

Lembre-se: Cidadão não é uma cidade grande!

O que nos torna cidadão? “Cidadania é a possibilidade que todos têm de cumprir seus
deveres e de exercitar seus direitos assegurados em lei. Cidadão é o indivíduo eu desfruta
desses direitos assegurados pelo Estado, participando consciente e efetivamente de tudo que
diz respeito à sociedade em que vive” (1) Direitos, deveres – duas palavras, uma
participação. Vejamos: a noção de cidadania reúne uma idéia ativa de duas mãos, é uma
avenida: um lado que vem o outro lado que vai. No convívio do indivíduo dentro do seu
grupo social, uma cadeia de prerrogativas e obrigações se formam – parece chato né? Tão
bom se todos as pessoas só tivessem direitos; mas é assim que funciona e para por ordem,
para mediar as relações e ditar as normas que regem a sociedade temos a figura do Estado.
“A dimensão normativa da cidadania configura-se concretamente em condição de igualdade
de direitos civis, políticos e sociais. No, entanto, deve-se lembrar que semelhante situação
resultou historicamente em vertentes paradoxais relativas à pertinência social e política dos
vários grupos sociais. De um lado, o status de cidadão transformou-se em importante força
inclusiva dos indivíduos na vida nacional. Contudo, também funcionou como significativa
força de exclusão de uma grande parcela de pessoas da comunidade de políticas nacionais”.
(2)

Para facilitarmos o entendimento de como o Estado age na vida das pessoas/indivíduos
vamos usar a figura do juiz de um ringue – imaginemos sua figura como O ESTADO , ele
ditará e fará valer as regras da luta e a cada round de disputa o dever ou o direito se manterá
de pé, mas não significando a derrota definitiva do oponente, pois na luta diária do nosso
dia-a-dia sempre haverá espaço para uma nova disputa na arena.         É esse cenário que
temos de luta cidadã de devemos inserir os direitos das minorias. Ás vezes o oponente no
ringue poderá aparentar fraqueza ou esmorecimento, mas a cada treino, a cada disputa, a
cada luta seu fortalecimento o agigantará. Tomemos de exemplo a questão do gênero em
nossa sociedade. Hoje o cenário social atual demanda uma amplitude maior no leque de
aceitação e descaracterização dos papéis pré-estabelecidos pelo senso-comum: o que é
papel feminino e masculino. Em maio de 2012 a Comissão de Juristas do Senado aprovou a
proposta que aumenta a quantidade de situações em que uma pessoa pode responder na
justiça pela prática de atitudes discriminatórias e elas podem ser elencadas em vários
motivos: gênero, identidade ou orientação sexual e até mesmo pela razão da procedência
regional, que nada mais é

preconceito do local de nascimento. Veja que o Estado através da sua lei visa proteger o
diferente. Nós como humanos temos a desnecessária tendência de rejeitar o diferente: a
aparência física, a etnia, a classe social; mas quase sempre esquecemos que há uma
diferença básica enquanto seres humanos: homem e mulher.



Surgimento do conceito de gênero. Hoje em dia por causa do surgimento do conceito
gênero não usamos mais falar de guerra dos sexos ou de diferença de sexos, até mesmo por
causa dos transexuais muita gente evita a rotulagem unicamente baseada no sexo das
pessoas pois, após a possibilidade de mudança de sexo alguns cidadãos passaram a declarar
que: o seu nascimento em um sexo não o faz necessariamente pertencente a ele ou como
disse um transexual paulista: - Eu não sou homem. Eu estou em um corpo de homem. Após
minha operação serei aquele a que pertence o meu pensamento. É importante saber que São
Paulo é o primeiro estado brasileiro a instalar na capital um ambulatório voltado para
travestis e transexuais, respeitando o direito à integridade e respeito à identidade social
desta população. “A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar
que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, biológica.
Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode
mais ser pensada isolada do "caldo de cultura" no qual sempre está imersa. Ou seja, falar de
relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua
cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é
ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção
social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta para a dimensão das relações sociais
do                  feminino                 e                 do                 masculino.
É importante enfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não
se trata de fenômeno puramente biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na
definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e
culturas. Desse modo, se as relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural,
podem ser transformadas. E a educação desempenha importante papel nesse sentido.
A compreensão do conceito de gênero possibilita identificar os valores atribuídos a homens
e mulheres bem como as regras de comportamento decorrentes desses valores. Com
isso, ficam mais evidentes:
• a interferência desses valores e regras no funcionamento das instituições sociais, como a
escola;

• a influência de todas essas questões na nossa vida cotidiana;

• a possibilidade de se ter maior clareza dos processos a que estão submetidas as relações
individuais         e       coletivas       entre        homens         e        mulheres.
A perspectiva de gênero precisa, portanto, ser encarada como um dos eixos que constituem
as             relações            sociais           como             um             todo.
O conceito de gênero também permite pensar nas diferenças sem transformá-las em
desigualdades, ou seja, sem que as diferenças sejam ponto de partida para a discriminação.
O fato de poder gerar um filho, por exemplo, não é razão para que as mulheres sejam
consideradas superiores ou inferiores aos homens, apenas diferentes. Um exemplo concreto
das mudanças ocorridas nas relações de gênero diz respeito à responsabilidade de homens e
mulheres na reprodução. É claro que a gestação, parto e amamentação no seio são
capacidades exclusivamente femininas. Porém, o cuidado das crianças não é exclusivo de
mulheres. Essa mudança pode ser notada no cotidiano urbano com o aumento do número de
pais (homens) que cuidam das crianças, ie, aliás, está representada num aspecto legal: no
Brasil, além da "licença-maternidade", já existe também a "licença-paternidade". que
garante uma semana para o pai cuidar dos filhos. Em alguns países europeus a legislação é
mais avançada e a licença para cuidar do filho recém-nascido pode ser exercida tanto pela
mãe como pelo pai da criança, ficando a cargo do casal decidir qual dos dois cuidará do
bebê.” (3)

Comissão do Senado aprova projeto que criminaliza preconceito por gênero Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-projeto-que-
criminaliza-preconceito-por-genero,878042,0.htm

VASCONCELOS, Ana – Coleção Base do Saber : Sociologia/ 1ª edição – São Paulo –
Rideel, 2009.

CARBONI, C. 1986. “Cittadinanza sociale e classsi: Marshall contro Marx”. Politica e
Economia, vol.7, pp.67 e ss.
http://www.sinteseeventos.com.br/bien/pt/papers/marciabarattoDireitosHumanosRelacoesd
eGeneroeCidadania.pdf

relações de gênero: Disponível:http://www.educared.org/educa/index.cfm?
pg=oassuntoe.interna&id_tema=8&id_subtema=7

Apostila Telecurso : Sociologia : ensino médio / Ana Cristina Loureiro Jurema, Thamy
Pogrebinschi?. 1 ed.Rio de ..... Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2008.

Música: Pacato cidadão - Skank Disponível letra e vídeo em
http://letras.mus.br/skank/72338/
Documentario Meninas gravidez na adolescência Completo (ORIGINAL), in, ......
http://www.youtube.com/watch?v=KaVDBiZ?-bdM

Desigualdade de Gênero, in , http://www.youtube.com/watch?v=wNLb2MqKUXI

Desigualdade de Gênero, in, http://www.youtube.com/watch?
v=oUhbC1rCChg&feature=related




SUGESTÃO DE VÍDEO

Filme: Tomates Verdes Fritos, (Fried Green Tomatoes, 1991 ) dirigido por Jon Avnet .
carinhas memes, http://atalhodaweb.blogspot.com.br/2012/01/emoticons-dos-memes-para-
o-msn_12.html



Papel da família e da escola no aprendizado de gênero- Mônica de
Lima Bastos

Nós, seres humanos, nascemos e passamos nossa existência em sociedade porque
necessitamos uns dos outros para viver. Família e escola são espaços sociais de construção
de relações, contextos primários de socialização dos indivíduos. O processo de socialização
começa na família, passa pela escola , e inclui outros caminhos, como o convívio no bairro,
na igreja, os grupos profissionais ou de esportes os quais o indivíduo freqüenta. Enfim,
nosso dia é pontuado por relações que não se limitam a um único espaço, mas aqui, neste
trabalho, estaremos enfocando como se apresentam as ações da família e da escola nas
questões de gênero e como estas devem proceder no sentido de minorar o preconceito e a
discriminação.
Desde o nascimento, somos educados para essa convivência social, havendo, no entanto, a
diferença cultural na educação de meninos e meninas. Essa dicotomia meninasmeninas
pode ser vislumbrada na cor das roupas, na organização do quarto dos bebês, desde quando
se sabe o seu sexo, até o nascimento; a partir daí, nos brinquedos, nas brincadeiras, nas
atividades de lazer, isso apenas para citar os exemplos mais visíveis do nosso dia a dia, e
constitui o universo “masculino” e “feminino”. “... a identidade de gênero possibilita à
menina e ao menino se reconhecer como pertencente ao gênero masculino ou feminino,
com base nas relações sociais e culturais que se estabelecem a partir do seu nascimento.”
(Diferença de gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino, por Fabiana
Cristina de Souza).
Margareth Mead, antropóloga americana, nos anos 30 do século passado estudou essa
questão e descobriu que não existe uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta
social de homens e mulheres. Homens e mulheres comportam-se e reagem de maneiras
diferentes aos estímulos que recebem não apenas por sua estrutura biológica, mas em
grande parte, ao menos, isso é resultado do modo como aprenderam socialmente, resultado
da influência cultural. Ou seja, as pessoas nascem pertencendo a um dos sexos, pelo
processo biológico, mas só passam a pertencer ao gênero masculino ou feminino através do
processo de aprendizado, a socialização.
Escola e família, a depender de suas ações, poderão, através de suas práticas, reforçar ou
atenuar as diferenças de gênero e suas consequências, contribuindo para estimular traços,
gestos e aptidões não restritos aos atributos de um ou outro gênero.
No estudo “Diferenças de Gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino”,
Fabiana Souza aborda as relações entre os envolvidos no processo de aprendizagem,
educandos e educadores, na construção do conhecimento numa turma de pré-escolar,
apresentando situações práticas na escola, dos estereótipos previstos para cada sexo. Um
exemplo seria um elogio dado a uma menina considerada quieta e comportada, por estar
cumprindo a conduta desejada; ou ainda, quando ao comentar o comportamento de uma
turma, uma professora cita que todos os alunos se comportam mal, inclusive as meninas,
mas que para estas o comportamento seria mais”feio”, apontando que há diferentes formas
de agir “naturalmente” para meninos e meninas, reforçando os estereótipos de gênero.
Através dos episódios na escola, foi possível verificar uma tensão entre igualdade e
diferença do feminino e do masculino, não estando a escola “salva” das ideologias e
crenças que estão enraizadas na sociedade de um modo geral.
As relações escolares são relações sociais, e como tal estão imersas em simbologias,
normas, valores que ultrapassam o campo objetivo da vida escolar; mas do que isso, fica
claro, através dessas vivências de situações escolares, o quanto por detrás de um “modelo
pedagógico” há um conteúdo abstrato que contribui para a perpetuação da diferenciação.
        Em outro estudo, agora desenvolvido por Janete Leony Vitorino, intitulado
“Sucesso nas meninas, fracasso nos meninos: o papel dos contextos nos distúrbios de
aprendizagem e gênero” aponta que os contextos histórico, biológico, social, educacional e
familiar são produtores relevantes de questões de gênero, produzindo em meninos,
distúrbios de aprendizagem. Gênero, sendo um produto social, aprendido, representado,
institucionalizado e transmitido ao longo de gerações, é , portanto, influenciado pelos
valores sociais, políticos, econômicos e culturais de uma determinada sociedade.
(VITORINO, 2010)
Através das leituras foi possível concluir que família e escola, como espaços sociais, são
elementos essenciais na construção e reconstrução de valores e ideais sociais, da cidadania,
dos direitos e deveres, do respeito à diferença, à não discriminação e ao preconceito, à
construção de dignidade e igualdade como princípio dos direitos humanos. No entanto, a
prática vem demonstrar que o ideário relativo ao assunto “Gênero” ainda “carrega” alta
dose de discriminação, desde os contatos mais primários e significativos como família e
escola. Reflexões? e discussões tornam-se necessárias na desconstrução desses
estereótipos, e a escola, como ambiente de construção do conhecimento deve contribuir
para a ampliação desse debate, de crítica da ideologia do preconceito e da discriminação.
FONTES:
    SOUZA, Fabiana Cristina de. Diferenças de gênero na escola: interiorização do
    masculino e do feminino. Unesp.
    VITORINO, Janete Leony. Sucesso nas meninas, fracasso nos meninos: O papel dos
    contextos nos distúrbios de aprendizagem e gênero. 2010: www.psicologia.com.pt
Gênero e Diversidade na escola: Formação de professorases em Gênero, Orientação
  Sexual e Relações Étnicorraciais. O Aprendizado de Gênero: Socialização na família e
  na escola.Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.
SUGESTÃO DE FILMES:
  • Billy Elliot ( Inglaterra, 2000) – Menino enfrenta dificuldades por ter como sonho
      de vida o balé.
  • Cartão vermelho ( Brasil, 1994) – História de menina que gosta de jogar bola com
      meninos.
  • Acorda Raimundo... Acorda! ( Brasil, 1990) – História de família de operários.



Construção Social da identidade do adolescente e criança- Paulo
Gonzales e Paula Gomes Moreira


O panorama social brasileiro transformou-se rapidamente nas últimas três décadas e a
representação social tornou-se tema constante nas discussões acerca do papel do cidadão na
construção e desenvolvimento sócio- político- econômico. A ruptura ocorrida no ano de
1985, após 21 anos de regime militar para uma nova ordem social incluiu o Brasil em um
mundo globalizado e grande parte a sociedade despreparados para essa metamorfose. Não
haviam políticas públicas especificas voltadas para a área da educação, onde a sociedade, a
família, a escola e o governo estivessem unidos e definindo estratégias para melhorias na
estrutura organizacional, práticas pedagógicas e na construção social. O estudo acerca de
como melhorar a educação e as relações sociais de crianças e adolescentes de determinada
comunidade foi um passo significativo já que até o ano de 1985 não havia a participação da
família, dessa forma uma inexistência da comunidade escolar como percebemos hoje. A
análise da participação de cada pessoa, sua memória e sua identidade é parte da construção
dessas transformações e construção a partir do vivido e percebido.

A partir de 1996, com a aprovação da Lei Darcy Ribeiro, a nova LDB 9394/96, criou-se
condições para que houvesse uma descentralização das decisões dentro da unidade escolar,
uma escola com autonomia e com gestão participativa. Os desafios seriam gerir a partir da
criação de comissões internas, onde cada um conhecesse bem o funcionamento da escola,
contando com o apoio da comunidade escolar, para um fim comum, a prática democrática.

Para o jovem reconhecer e analisar as mudanças ocorridas na atual sociedade
indubitavelmente globalizada é necessário uma estrutura educacional capaz de proporcionar
tais condições. A mediação na orientação do conhecimento a partir do novo modelo de
gerenciamento depende da capacitação do professor e a clareza quanto seus objetivos e
conteúdos, novas metodologias e técnicas que facilitem as analises e discussões. Por isso,
falar de construção e mudanças sociais deve-se antes de tudo se ter uma mudança no
comportamento dos nós professores, responsáveis por parte dessa transformação e na
orientação dessa construção social a partir da identidade de adolescentes e crianças,
fazendo-os reconhecer que o vivido por eles é parte do processo, além de despertar o
interesse na organização do espaço em que vivem, e na busca cooperativa no
desenvolvimento sócio-escolar e familiar estruturas fundamentais e intrínsecas

O acesso as informações a partir da revolução digital viabilizou a interação de diversas
representações sociais, crianças e adolescentes conhecendo e analisando o contexto plural
brasileiro. A escola e a comunidades romperam barreiras.

A cultura familiar é à base da estrutura da intelectualidade do individuo. Seu desempenho
inicial na sociedade dependerá das informações recebidas nesta fase. Os adultos são
responsáveis pela disseminação da cultura familiar e também pelo encaminhamento da
criança aos círculos escolares. As identidades da criança são o resultado dos valores
transmitidos no seio familiar, e nela o jovem estrutura sua moral, percebendo os conceitos
éticos, na sociedade. A importância da participação efetiva da família na formação
intelectual da criança proporciona que a ela em seu espaço vivido que se aproprie de noções
de direitos e deveres comuns a sociedade em que vive. A geração mais velha tem a missão
de ensinar a geração mais nova os valores familiares.

O adulto tem a obrigação de encaminhar a criança e o adolescente à escola que é
responsável pelo estímulo ao conhecimento específico de cada disciplina.Crianças e
adolescentes precisam perceber que se encontram em um ambiente onde se pode observar,
questionar e produzir conhecimento de forma natural. O sentimento de obrigação leva o
aluno a um estresse e oprime o desejo de perguntar.

Nas escolas os alunos estão mais conscientes e observam os movimentos da sociedade e são
capazes de contextualizar o conhecimento adquirido. Porém o comportamento do individuo
em cada sociedade está ligado aos seus valores éticos e arraigados de ideologias. É
importante que os professores estejam preparados para lidar com as questões sócio-
familiares e que sejam capazes de perceberem as mudanças comportamentais de seus
alunos, no que diz respeito aos embates ideológicos do saber adquirido e das questões
sociais analisadas. O ensino das relações sociais proporciona aos alunos uma consciência
critica e desenvolve o “saber pensar”. As transformações ou modificações de natureza
política, econômica e social são conhecimentos essenciais na formação da personalidade e
intelectualidade do jovem e da sua relação com a sociedade em que vive. No saber histórico
o desenvolvimento da habilidade de pensar e produzir e tornar o aluno um cidadão, com um
sentimento de inserção não somente dentro da comunidade em que vive, mas dentro da
sociedade a sua volta e consciente acima de tudo da sua identidade e das suas realizações
sociais, os professores deverão contar com um arsenal de informações, tendo como meta
uma reflexão crítica dos conteúdos, criando espaço para a ideia, a mentalidade e o
progresso dos alunos. E é a escola que oferece este ambiente propício aos debates e aos
esclarecimentos das questões sociais. A educação propicia o entendimento global
impedindo a visão fragmentada e deturpada das questões sociais. A educação dirigida além
de ser um elemento de fortalecimento e crescimento das relações interpessoais e do
aumento do intelecto do aluno conduz o mesmo à inserção na sociedade como um
individuo questionador e consciente de suas tarefas.

A nova representação social demonstra o avanço da educação e torna claro o cumprimento
das metas estabelecidas nas ações da escola, da família, do poder público e da sociedade,
desde a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96. A Gestão Escolar
Participativa mostrou-se eficiente na formação da produção humana, e na condição de
integração social, pois age diretamente como unidade socializadora. O adolescente e
criança, participantes de um modelo educacional flexível, construindo a partir de ações
integradoras que possibilitam a compreensão do seu estado social, podendo compreender o
porquê e como estabelecer suas relações em rede. A percepção da sua memória individual e
coletiva fatores decisivos na construção, social da sua identidade.

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WERNECK, Vera Rudge, A ideologia na educação. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1982.



Diferenças de gênero no espaço público e privado - Noe Assunção


Essa divisão do espaço público e privado pode ser percebido num exemplo bem simples,
quando se quer ofender uma mulher. Ela é chamada de “mulher da rua”, “vadia”, em
oposição à “mulher da casa”, “mulher direita”, “de família” ou “do lar”. Esse exemplo
simples envolvendo esses dois espaços casa x rua, apesar de simples é particularmente
interessante para se perceber a posição dos gêneros masculino e feminino nessa divisão,
onde fica evidente o mundo da produção (masculino) e o mundo da reprodução (feminino).

Discutir espaço “público” e “privado” é colocar em pauta a relação entre indivíduos e o
espaço no qual estão inseridos. É pensar que esses espaços estão para além de divisões
geográficas e que carregam em si simbologias e regras que definem através do mundo da
casa (privado) e o mundo da rua (público) como essa sociedade pensa e vive.

Até início do século XX, antes da eclosão dos movimentos sociais , como o feminista
(1960) e o sufragista , a concepção de ser mulher estava atrelada à maternidade, ao mundo
da casa e ao casamento, com a modernização industrial e tecnológica, ocorrida na segunda
metade do século XX se evidencia a nova realidade, no qual levou as mulheres ao mercado
de trabalho inserindo-as no espaço público, porém permanecendo ainda a imposição de
uma dupla jornada de trabalho. Essa divisão de tarefas entre o masculino e feminino
chamamos de divisão sexual do trabalho.

Apesar de todo o aparato legislativo influenciando a vida das mulheres e sua crescente
participação ativa no contexto político e de governança, da cidadania e mesmo dos lugares
tradicionais associados ao masculino, esses ganhos ainda não são satisfatórios quando
colocados frente a uma grande maioria, impunidades de crimes contra a mulher,
discriminação de gênero e étnico – racial.

Atualmente a presença das mulheres no mercado de trabalho é evidente e crescente, embora
acompanha esse processo a discriminação, preconceito e desigualdade quando comparadas
ao homem. Muitas mulheres sustentam suas casas, filhos, as vezes até os companheiros e
são reconhecidas em alguns casos como “chefes de famílias”.

Outro fenômeno interessante que influencia na desigualdade de gênero é o nível de
escolaridade, cada vez mais tem crescido o ingresso de mulheres nas escolas nos níveis
fundamental, médio, superior e pós graduação, certamente vinculado a sua inserção ao
mundo do trabalho e busca por melhores salários, apesar da equiparação e igualdade
salarial com os homens ainda seja lento e pouco percebida.

Quanto à participação político social no Brasil, as mulheres só tiveram direito ao voto em
1932, pela luta do movimento sufragista, início do século XX, liderado pela bióloga
paulista Bertha Lutz. Muito se discute a necessidade da igualdade das mulheres no espaço
público, uma dessas discussões transita pela Lei de Cotas, a respeito de garantir às mulheres
suas representações em partidos e consequentemente nas esferas legislativa e executiva. (
HTTP://planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L9504.htm .

De acordo com o exposto é possível perceber uma hierarquia de gênero que organiza as
relações sociais entre homens e mulheres, determinando lugares, direitos, deveres de cada
sexo, acesso à escola, ao mercado de trabalho e posições de chefia no lar. Porém não
podemos deixar de refletir que a participação dos indivíduos e mulheres no espaço público
não depende apenas de aptidões e desejos pessoais, ou habilidades de cada sexo, existe toda
uma dinâmica social que opera paralelo junto a esse espaço.

É inegável que o caráter reprodutivo do corpo da mulher exerce grande influência na
divisão e inserção da mesma na vida pública e na divisão do trabalho. Elas são responsáveis
em gestar os filhos , pari-los, criá-los, além de manter os serviços domésticos e muitas
vezes trabalhar fora de casa, enquanto o homem tradicionalmente é considerado o provedor
da casa.

Podemos perceber que gênero, enquanto uma construção social do aparato biológico,
poderá determinar o padrão de organização e a representação de homens e mulheres no
espaço público e privado. Embora as mulheres tenham ganhado grande representação no
espaço público a participação dos homens no espaço privado (doméstico) não tem
acompanhado na mesma proporção.

Visto que o processo socializador do espaço público e suas relações sociais entre os
indivíduos, a escola exerce um papel fundamental na formação de cidadãos e cidadãs na
desconstrução das diferenças de gênero e desigualdades tanto no espaço público quanto no
privado.

Bertha Lutz: (1894 – 1976) Lutou pelos direitos femininos durante toda sua vida. Não só
conseguiu formação e postos de trabalho mais restritos aos homens, como também
ergueu a bandeira de maior igualdade entre os sexos e maior penetração das mulheres
na educação, no mercado de trabalho e na vida política. Teve grandes atuações dentro e
fora do país. Defendeu o direito de voto, garantiu ingresso de meninas em colégios,
propôs igualdade salarial, licença de três meses à gestante, redução da jornada de
trabalho, entre outros feitos.

Movimento Sufragista: O movimento pelo sufrágio feminino é um movimento social,
político e econômico, de caráter reformista, que tem como objetivo estender o sufrágio (o
direito de votar) às mulheres.

Movimento Feminista: Movimento social e político de defesa de direitos iguais para
mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e jurídico), quanto
no plano da formulação de políticas públicas que ofereçam serviços e programas sociais
de apoio a mulheres.

Gênero: Conceito formulado nos anos 1970 com profunda influência do pensamento
feminista. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social,
baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a
maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa
que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia
de seus corpos.

Indivíduo: Ser apenas biológico que se distingue de pessoa, que é o indivíduo socializado
e possuidor de status e papéis.

OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. Revista dos Estudos Feministas.
vol.16 no.2 Florianópolis May/Aug. 2008.

Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0104-26X2008000200002&script=sci_arttext

ABOIM, Sofia. Do público e do privado: uma perspectiva de gênero sobre uma dicotomia
moderna. Revista dos Estudos Feministas. Vol.20 no.1 Florianópolis Jan/Apr.2012.

Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0104-026X2012000100006&script=sci_arttext
ITABORAI, Nathalie Reis. Atravessando as fronteiras entre público e privado: relações
de Gênero no trabalho e na família . (IUPERJ)

Disponível: h
ttp://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/outros/gtgenero_2009/itaborai.pdf




CLAM - Centro de Sexualidade e Direitos Humanos (UERJ)

http://www.e-clam.org/publicacoes.php




SUGESTÕES DE LIVROS :

AUAD, D. Educar meninas e meninos . Relações de gênero na escola. São Paulo: Editora
Contexto, 2006.

LAVINAS, Lena. “Gênero, cidadania e adolescência”. In: MADEIRA, F. R. (org.).
Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre crianças e adolescentes pobres no Brasil.
Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos/Unicef, 1996. p.11-43.

LOURO, Guacira Louro. “Currículo, gênero e sexualidade. O´normal´, o´diferente´ e o
‘excêntrico´”. In: LOURO, G. L., NECKEL, J. F. & GOELLNER, S. V. (orgs.). Corpo,
gênero e sexualidade. Petrópolis: Vozes, 2003.

MADEIRA, F. R. “A trajetória das meninas dos setores populares: escola, trabalho ou...
reclusão”. In: MADEIRA, F. R. (Org.). Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre
crianças e adolescentes pobres no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos/Unicef,
1996. p.45-133.

SUGESTÕES DE WEBIBLIOGRAFIA:

Fazendo história das mulheres. Cadernos Pagu, Campinas, n.4, 1994. Disponível em:
http://www.unicamp.br/pagu/cadernos4.html

HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. Novas configurações da Divisão Sexual do
Trabalho. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.37, n.132, p.595-609, Set/Dez
2007.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n32/a0537132.pdf

CLAM- Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (UERJ)-
http://www.e-clam.org/publicacoes.php

SUGESTÕES DE VÍDEOS:

Billy Elliot – Inglaterra/França. 2000. 110min. A vida do garoto de onze anos Billy Elliot
(Jamie Bell), filho de um mineiro de carvão do norte da Inglaterra, muda para sempre
quando ele tropeça em uma aula de ballet durante sua lição semanal de boxe.

Romeu e Julieta. Brasil. 1995. 17min. Produção: ECOS – Comunicação em Sexualidade.
De uma maneira descontraída e divertida, as fantasias, as dúvidas, os erros e os acertos da
iniciação sexual na adolescência são mostrados através do namoro de Julieta e Romeu.

Vídeo Saúde da Fiocruz – http://www.cict.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=47

Possui um importante acervo de vídeos sobre a temática gênero .



Violência e discriminação de gênero, como reflexo da desigualdade-
Pedro Antonio Rodrigues Neto


Muitas mulheres e homossexuais são vítimas diariamente de agressões no mundo. No caso
da mulher, isto ocorre,geralmente, através de seus parceiros. Já em relação aos
homossexuais, a agressão acontece pelo fato de eles teres escolhido uma orientação sexual
diferente. Estas atitudes refletem uma desigualdade de gênero que precisa ser combatida na
sociedade.

Os números de vítimas são alarmantes. Dados da Organização Mundial da Saúde, de 2002,
apontam que entre 10% e 69% das mulheres já foram agredidas em todo o mundo pelo seu
parceiro. No Brasil, estima-se que 2,1 milhões de mulheres já sofreram espancamento
graves,ocorrendo uma média de 175mil mulheres agredidas por mês (Apud ROSA et al,
2008, p. 2).

A violência de gênero é “societal” e seu caráter é relacional, ou seja, é um fenômeno social
produzido no contexto de relação de poder, onde o homem busca uma relação de
dominância sobre o sexo oposto, que encontra na violência uma forma de resolver seus
problemas.

Dentre os motivos apontados pelos homens agressores para a violência contra a mulher
estão três: “ela”, porque apresentou uma atitude inadequada; “eu”, quando o homem
mostrava irritação coma companheira e/ou considerava ofensa quando ela reclamava, em
geral, no momento que ele estava bebendo; e, finalmente, “outros”, alguém externo ao casal
como amigas ou famílias.
Como consequências da violência doméstica para a pessoa agredida têm-se: fraturas,
luxações e hematomas, até impactos psicológicos e comportamentais, como depressão,
ansiedade, dependência química e farmacológica, ou, em casos mais graves, desequilíbrios
que levam a suicídios (OMS, 2001). Este tipo de violência reflete um problema de saúde
pública, que precisa ser cuidado pelas autoridades competentes.

A luta pelo direito das mulheres ganha força a partir dos anos 1980, com o movimento
feminista e a luta em defesa dos direitos da criança e adolescentes. Este movimento foi
importante para dar visibilidade à violência e promover ações contra as agressões.

Neste sentido, no Brasil, em 2006, foi criada a lei 11.340, conhecida como lei Maria da
Penha, que pune os agressores de mulheres. A lei tem o objetivo de combater a violência
doméstica e familiar conta à mulher, sendo considerada um marco importante para políticas
públicas de proteção à mulheres.

Além da violência, a mulher também é vítima de desigualdade. Dados do IBGE apontam
que as mulheres ocupam menos cargos de chefia do que os homens, apesar de elas terem
uma média mais alta de anos de estudo. Segundo o PNAD, 2007, feito pelo IBGE, aponta
que as mulheres ganham 66,1% dos salários dos homens com o mesmo grau de
escolaridade. O que mostra o quanto a sociedade brasileira ainda é machista.

Em suma, nos dias atuais a luta contra a desigualdade é cada vez maior, mas conforme
mostrado ainda há muita, que precisa ser combatida. Em relação à violência, esta precisa
ser combatida, não somente às mulheres, mas a todos os grupos, pois não é admissível
agressões físicas ou verbais. Assim sendo, as graves consequências provocadas pelas
agressões serão evitadas.

Referências Bibliográficas

Pougy, Lilia Guimarães. Desafios políticos em tempos de Lei Maria da Penha, . Rev.
katálysis, Jun 2010, vol.13, no.1, p.76-85.

Rosa, Antonio Gomes da et al. A violência conjugal contra mulher a partir da ótica do
homem autor da violência. Saude soc., Set 2008, vol.17, no.3, p.152-160.

SARTI, Cynthia Andersen, BARBOSA, Rosana Machin e SUAREZ, Marcelo Mendes
Violência e gênero: vítimas demarcadas .Physis, 2006, vol.16, nº.2, p.167-183.

Glossário:

IBGE :Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Lei Maria da Penha : Homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes. Biofarmacêutica
brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Com 67 anos etrês filhas,
hoje ela é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres , vítima emblemática da
violência doméstica .
PNAD : Pesquisa Nacional de Amostraspor Domicílios.



Movimentos sociais pela igualdade de gêneros- Oziel José da Silva
Tema bastante abordado tanto nos meios acadêmicos como nos veículos de comunicação, a
celebração da igualdade de gênero no Brasil e no mundo, é algo que tem suscitado
discussões apaixonadas ao mesmo tempo que levantam desafios e também reações de
grupos muitas vezes radicais, tradicionalmente dominantes na sociedade.

Em vista disto, diversos setores da sociedade civil tem se organizado e enfrentado tal
desafio através da mobilização de movimentos e redes de apoio a grupos historicamente
excluídos e discriminados. Como exemplo e trazendo o enfoque para o tema deste tópico,
teceremos algumas considerações sobre alguns grupos que empunham bandeiras pela
igualdade de gênero no Brasil, principalmente visando a condição feminina e homoafetiva.

Esperamos que os links deste tópico possam de alguma forma, auxiliar os profissionais da
educação a trabalhar este tema nas escolas, uma vez que atuamos com crianças,
adolescentes e jovens que desde cedo aprendem, principalmente com familiares, a definir
os sexos e o papel social que cada um deve representar.

Como exemplo, descrevemos a seguir, quatro movimentos sociais que lutam pela igualdade
de gênero no Brasil, escolhidos devido à abrangência de sua atuação, visibilidade, seriedade
e importância de suas ações.

CEDAW (Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher). Vinculado ao Observatório Brasil da Igualdade de Gênero (
www.observatoriodegenero.gov.br ) da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República (SPM/PR) tem como objetivo:

Contribuir para a promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres no Brasil,
a partir de uma perspectiva não-sexista, não-racista e não-lesbofóbica/homofóbica .

Igualmente, o Instituto Promundo ( http://www.promundo.org.br/ ) é outra entidade que
atua não só na defesa das mulheres como de crianças, adolescentes e jovens. Está ligado a
uma rede global de organizações da sociedade civil, comprometida em: Engajar homens e
meninos para a promoção da igualdade de gêneros.

Também no âmbito da promoção dos direitos e da condição feminina, merece destaque
neste tópico a Marcha das vadias, evento internacional inspirado no " Slut Walk " ( http://
www.slutwalktoronto.com ). Um movimento mundial criado em abril de 2011. De acordo
com informações colhidas na internet, o movimento:
Além de lutar pelo fim do julgamento da mulher pela sua sexualidade, tem também o
objetivo de ratificar os direitos femininos e de acabar com a responsabilização das vítimas
.

Em uma visão machista , a mulher seria a culpada pela violência que sofreu, visto que, ao
andar como um “vadia”, ou seja, com poucas roupas, teria estimulado o autor do crime,
isentando o abusador da culpa.

Na defesa dos direitos e dignidade dos homossexuais, uma das mais antigas organizações
da sociedade civil a denunciar e combater o preconceito é o GGB (Grupo Gay da Bahia),
http://www.ggb.org.br/ . Em que pese estar situado e atuar mais naquele estado do Nordeste
brasileiro, o grupo se mostra presente em todo o país, acolhendo denúncias de violência,
promovendo palestras e auxiliando as autoridades governamentais na elaboração de
políticas públicas que visem a dignidade dos homossexuais.

Em síntese, tais associações representam ferramentas essenciais para dar voz a grupos
historicamente excluídos dos debates acerca dos destinos da sociedade e de sua própria
vida. Em um mundo organizado historicamente dentro de uma ótica hétero e masculina,
sejam nos modelos de família, gestão governamental, profissões e religiões, o surgimento e
permanência dos movimentos sociais na vida nacional, cobrando direitos, fazendo-se
presente inclusive nas casas legislativas, mostra o quanto avançamos no campo da
cidadania e reconhecimento da exclusão que, ao longo do tempo, foi imposta a tais grupos.
No entanto, as reações, muitas vezes histéricas e violentas contra as bandeiras de tais
movimentos, indicam também o longo e talvez conflituoso caminho que ainda temos por
trilhar.

Vale lembrar, que o advento das mídias eletrônicas serviram e servem tanto para a difusão
das idéias que pregam a igualdade de gênero como também se tornaram um canal bastante
utilizado por elementos preconceituosos e racistas que, auxiliados pelo anonimato,
despejam ameaças e ofensas a indivíduos que apenas desejam ter seus direitos respeitados.

Referências bibliográficas

ÁVILA, Maria Betânia. (2001), "Feminismo, cidadania e transformação social" in
Textos e imagens do feminismo: mulheres construindo a igualdade. Maria Betânia Ávila
(org.). Recife, SOS Corpo Gênero e Cidadania.

YANNOULAS, Silvia Cristina. Iguais mas não idênticos. Revista de Estudos Feministas.
Rio de Janeiro: CIEC/ECO/UFRJ, Vol. 2, N° 3, 1994.

Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Movimentos Sociais. Movimentos sociais na
contemporaneidade. São Paulo, PUCSP, 1997, n.2.

SAFFIOTI, Heleieth I. B. Violência de gênero no Brasil contemporâneo. In:
SAFFIOTTI, Heleieth I.
Artigos

Curso de gênero e diversidade na escola

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/redediversidade/pdfs/gde.pdf

Acesso em: 25-06-2012

SILVA, Susana Veleda da. Os estudos de gênero no Brasil: Algumas considerações

Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/b3w-262.htm

Acesso em: 25-06-2012

FACCHINI, Regina. De cores e matizes: sujeitos, conexões e desafios no Movimento
LGBT brasileiro

Disponível em: http://www.e-
publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/SexualidadSaludySociedad?/article/viewArticle/41/466

Acesso em 25-06-2012

Sugestão de vídeos

Era uma vez outra Maria - parte 1 e 2

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=BxMLYl_ANrA?&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=wpw2GYaO-Bc&feature=relmfu

Acesso em: 25-06-2012

Vídeo contra a homofobia do Ministério da Educação

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=W-4o5FHeaXY?&feature=related

Acesso em: 25-06-2012
Direitos Humanos, Cidadania e gênero- Railane Antunes Pereira


A (des) naturalização de algumas manifestações de gênero nos
espaços escolares-Regina Aparecida Correia Trindade

                        “A divisão entre os sexos parece estar ‘na ordem das coisas’,
                        como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto
                        de ser inevitável: ela esta presente, ao mesmo tempo, em estado
                        objetivado nas coisas..., em todo o mundo social, e em estado
                        incorporado, nos corpos e nos habitus dos agentes, funcionando
                        como sistemas de esquemas de percepção, de pensamento e de
                        ação” (Bourdieu, 1998,p.17).

É comum, nos espaços escolares, sobretudo nos espaços ao ar livre, verificar as relações
acontecerem de forma “natural” como se percebe nas fotos, isto é, por espontânea vontade
do aluno ou aluna e não por alguma atividade relacionada ou dirigida pelo professor. Mas é
aí que considero estar a possibilidade de “estranhar” o familiar, aquilo que nos é dado como
natural, incitando a possibilidade de “naturalizar” algo tradicionalmente aceito. Como
posso dizer que é natural a menina gostar de rosa e o menino de azul? A menina brincar de
boneca e o menino de carrinho? Entre tantas outras indagações... No entanto, essas, entre
outras considerações são naturalizadas no plano do senso comum, interiorizadas e
reproduzidas muitas vezes até pelos professores.




Comecemos a refletir sobre o campo das expectativas, criadas desde quando os pais muitas
vezes descobrem o sexo do filho ou filha. Se menino, muitos sonham que será jogador de
futebol, namorador, pai de família, trabalhador, etc... se menina, sonham que será bonita,
prendada, educada, caseira, etc. Estas relações desde quando a criança passa a existir no
ventre da mãe passam desde então serem definidoras de sua educação. E como a educação é
um processo cultural, posso afirmar que então, tais práticas definem as relações culturais de
uma sociedade podendo ser diferentes de acordo com a cultura, influindo na formação de
indivíduos, e na percepção que a sociedade tem das pessoas de sua mesma cultura.

Na escola, alguns espaços demonstram induzir para a “naturalização” de suas práticas. Por
exemplo, a quadra. Normalmente um espaço desejado por ambos (meninos e meninas), mas
que na sua grande maioria é usada preferencialmente pelos meninos. Ao questionar
algumas pessoas sobre a situação, obtive de grande parte delas a justificativa de que “as
meninas não tem interesse por jogos, esportes, que o negócio delas é brincadeiras menos
agitadas e que os meninos são mais fortes, tem mais resistência”.

Vejamos algumas imagens:




Para elucidar esta relação do dia a dia pedi para que os alunos desenhassem as suas
brincadeiras preferidas, que eles realizam tanto no espaço escolar enquanto no entorno.
Segue as ilustrações:

Desenhos de meninos: Desenhos de meninas:




                                           *

É preciso ao professor, perceber que tais práticas são naturalizadas, e que compõem a forma
como o indivíduo se relaciona e é aceito pela sociedade, da mesma forma que tais práticas
reafirmam ainda uma relação de constituição da conceituação de pessoa.

Por que não inverter, para provocar? Por que não em um dia convidar os meninos a fazer
brincadeiras de meninas e vice versa. O que poderia acontecer? Que tipo de conclusão
vocês poderiam chegar juntos? É preciso experimentar para buscar desnaturalizar uma
lógica que muitas vezes se mantém como cristalizada na sociedade e que reflete na
formação não só da individualidade do sujeito como na forma como ele trabalha sua estima
e se relaciona com os demais.

Bibliografia:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995

(Coleção Primeiros Passos).

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina revisitada. In: LINS, Daniel. A Dominação
Masculina revisitada. São Paulo: Papirus, 1998.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental.

Parâmetros Curriculares Nacionais. Apresentação dos temas transversais e
ética: ensino de 1ª a 4ª serie. Brasília: MEC/SEF, 1997 b.

. Parâmetros Curriculares Nacionais. Pluralidade cultural e orientação sexual: ensino de 1ª
a 4ª serie. Brasília: MEC/SEF, 1997 c.




1? Gênero - Para as ciências sociais e humanas, o conceito de gênero refere-se à
construção social do sexo anatômico. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica
da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie
humana, mas a maneira de ser homem e de ser mulher é produzida pela cultura. Assim,
gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não
naturalmente determinados pelas diferenças inscritas em seus corpos. Por exemplo, o fato
das mulheres, em razão da reprodução, serem tidas como mais próximas da natureza tem
sido apropriado por diferentes culturas como símbolo de sua fragilidade ou de sujeição à
ordem natural. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), formulados
pelo MEC para o 3º e 4º ciclos do ensino fundamental: "O conceito de gênero diz respeito
ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença
biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de
gênero toma-se o desenvolvimento das noções de ‘masculino’ e ‘feminino’ como
construção social. O uso desse conceito permite abandonar a explicação da natureza como
a responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e lugares
ocupados por homens e mulheres na sociedade. Essa diferença historicamente tem
privilegiado os homens, na medida em que a sociedade não tem oferecido as mesmas
oportunidades de inserção social e exercício de cidadania a homens e mulheres. Mesmo
com a grande transformação dos costumes e valores que vêm ocorrendo nas últimas
décadas, ainda persistem muitas discriminações, por vezes encobertas, relacionadas ao
gênero." (p.321-322)




Propostas educativas- Rafael do Nascimento Laman
Considerações finais - Elaboração com a participação de tod@s

Este material didático é resultado de um esforço coletivo de cursistas do curso de extensão
da Fundação CECIERJ – “Conceitos fundamentais de Sociologia”, sob a orientação de
professores e tutores da referida instituição que visa auxiliar profissionais da educação na
discussão junto aos seus educandos as temáticas de gênero, desigualdade , cidadania e
tantos outros temas que perpassam por tais conceitos. Trata-se de um trabalho colaborativo
on-line adaptado para uma proposta educativa envolvendo temas transversais.

A escolha do tema se faz pertinente na medida em que raramente essas temáticas são
incluídas nos currículos escolares, apesar de serem consolidadas através de Leis e
Resoluções. No momento em que os movimentos sociais de mulheres, indígenas, negr@s e
LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e trangêneros) têm avançado nas suas
conquistas, uma reflexão é pensar que eles correm o perigo de trabalharem individualmente
não interagindo entre si, ou seja quando discutimos a desigualdade de gênero, muitas vezes
não levamos em conta a discriminação e desigualdade que sofre a mulher negra e a índia,
dentro do universo das mulheres. É visível como a mulher é inferiorizada nos movimentos
libertários como LGBTT, negro e tantos outros.

O presente projeto pretende apresentar aos profissionais da educação uma noção de
cidadania, desigualdade de Gênero, uma valorização dos direitos humanos. A escolha dos
temas a serem trabalhados neste material, parte da reflexão de que os fenômenos sociais e
os atores envolvidos se relacionam entre si numa dinâmica complexa, intensa e sempre em
movimento. As discussões apresentadas vêm de encontro com o que estabelece a
Constituição Federal de 88 no que diz respeito a um Estado de caráter democrático, na
defesa da cidadania, de respeito ao indivíduo, buscando o bem de tod@s , sem
discriminação de gênero, raça, cor, idade e que tod@s sejam iguais.

A desigualdade de gênero e o respeito à cidadania depende de políticas públicas para a
educação e que os grupos discriminados tenham acesso e respeito aos direitos civis dos
indivíduos. São necessárias também ações que tenham como objetivo educar a sociedade
sobre tais temas, visando consolidar o respeito e a valorização dos indivíduos e a escola se
inseri neste trabalho enquanto lócus de formação, ensino e aprendizagem de cidadãos.

Educar para a cidadania e a desigualdade de gênero não é apenas reconhecer o diferente e
os grupos envolvidos, mas discutir e pensar sobre os direitos de tod@s. A escola se
estrutura num espaço público em que diferentes personalidades se encontram e se
relacionam entre si , portanto deve ser um local para educar para o respeito e exercício da
cidadania.

Esse projeto pretende desenvolver a capacidade dos professores de compreender, refletir e
se posicionar frente à modificações políticas e culturais do povo brasileiro e de outros
povos.
“Cidadania e desigualdade de Gênero” trata-se de um projeto que debate sobre conceitos
transversais que estão em construção e devem ser discutidos cotidianamente nas escolas,
reconhecendo que negros e negras, índios e índias, mulheres e homossexuais, dentre outros
grupos discriminados devem ser respeitados em suas identidades e diferenças, porque tal
respeito é direito social, constitucional e inalienável, tanto no espaço público, quanto no
privado.



Editor: Noe Assunção




Copyright © 2008 Fundação CECIERJ. Todo o material deste site pode ser utilizado desde
que citados a fonte e o autor.

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CIDADANIA E DESIGUALDADE DE GÊNERO

  • 1. CIDADANIA E DESIGUALDADE DE GÊNERO Prefácio- Apresentação do tema - Milena Barreto de Oliveira O presente trabalho é uma produção coletiva do grupo H, de um material paradidático para auxiliar professores na prática docente de temas transversais, feito a partir da ferramenta virtual Wiki e que compõe a avaliação final do curso de extensão “Conceitos Fundamentais em Sociologia”, realizado pela Fundação CECIERJ no primeiro semestre de 2012. O grupo foi formado com os alunos ativos do curso, listados em ordem alfabética e dividido pela equipe de tutoria em fóruns distintos que através desse espaço iniciamos o contato e as discussões a respeito da escolha de um tema que se relacionasse com os propostos pelo curso. A Sociologia é uma área muito ampla das Ciências Humanas sugerindo várias temáticas, porém o grupo logo demonstrou interesse pelos temas de cidadania e de desigualdade de gênero. Desta forma, unimos esses dois temas e os relacionamos no trabalho que foi entitulado de “Cidadania e desigualdade de gênero”. Compreendemos cidadania como o exercício pleno das funções sociais e políticas totais do indivíduo e gênero como um conceito relacionado ao papel social que o indivíduo exerce na sociedade em detrimento do seu sexo anatômiuco. As desigualdades de gênero são produzidas em todos os espaços da vida social, tanto nos públicos quanto no privado. Os movimentos sociais têm se empenhado em lutas para resguardar os direitos civis de homens e mulheres e nessa perspectiva a luta pela igualdade de gênero também é constante. O Brasil tem avançado bastante no que se refere à ampliação e exercício desses direitos, na promoção da cidadania. No entanto ainda há muitos obstáculos a serem transpassados e considerados no que se refere à igualdade, educação de qualidade, respeito e valorização dos indivíduos. As discussões propostas nesse material têm como objetivo motivar a reflexão coletiva e individual contribuindo para a eliminação de qualquer desigualdade e diferença. Propomos a reflexão acerca dos conceitos de gênero e cidadania. Para desenvolver melhor esses temas iremos: conceituá-los, expor o papel da família e da escola no aprendizado de gênero, mostrar que a formação da identidade da criança e do adolescente é construída socialmente, exemplificar as diferenças de gêneros nos setores públicos e privados, apontar a violência e discriminação de gênero como reflexo da desigualdade social, o surgimento de Movimentos sociais pela igualdade de gêneros, relacionar Direitos Humanos, Cidadania e gênero, sugerir propostas educativas possíveis e por fim colocar nossas considerações finais. Todo trabalho está pautado nas referências bibliográficas citadas que nos serviram de base para a construção dos nossos textos. Nosso objetivo maior é o de contribuir com os professores na discussão dos temas nas salas de aulas proporcionando o respeito dos direitos civis dos indivíduos, da igualdade de gênero, contribuindo dessa maneira para que a escola seja um espaço público de promoção da cidadania.
  • 2. Conceito de Cidadania e Gênero- Mônica Pires de Oliveira Olhando do alto do prédio o incrível formigueiro humano que se movimento pelas ruas da cidade, mal nos lembramos que cada ponto se movimentando naquele intenso vai e vem trata-se de um ser humano, de um indivíduo, de uma pessoa, de alguém. Mas naquela massa disforme quase não dá para identificar tratar-se de homem ou mulher no ponto em que tentamos fixar o olhar. Quem seria aquele humano que segue?... Humanos e grupos quem veio antes? Essa pergunta em um primeiro momento pode parecer fácil de responder, pois humanos vivem em grupos e grupos são constituídos por....humanos. Desde os tempos mais antigos o homem é um ser social. O convívio em sociedade implica em experiências,brigas, acordos, em trocas. Somos produtos da sociedade em que vivemos e a sociedade também é produto das pessoas que ali se inserem. Será então que o fato de estar vivendo em sociedade nos torna um cidadão? Lembre-se: Cidadão não é uma cidade grande! O que nos torna cidadão? “Cidadania é a possibilidade que todos têm de cumprir seus deveres e de exercitar seus direitos assegurados em lei. Cidadão é o indivíduo eu desfruta desses direitos assegurados pelo Estado, participando consciente e efetivamente de tudo que diz respeito à sociedade em que vive” (1) Direitos, deveres – duas palavras, uma participação. Vejamos: a noção de cidadania reúne uma idéia ativa de duas mãos, é uma avenida: um lado que vem o outro lado que vai. No convívio do indivíduo dentro do seu grupo social, uma cadeia de prerrogativas e obrigações se formam – parece chato né? Tão bom se todos as pessoas só tivessem direitos; mas é assim que funciona e para por ordem, para mediar as relações e ditar as normas que regem a sociedade temos a figura do Estado. “A dimensão normativa da cidadania configura-se concretamente em condição de igualdade de direitos civis, políticos e sociais. No, entanto, deve-se lembrar que semelhante situação resultou historicamente em vertentes paradoxais relativas à pertinência social e política dos vários grupos sociais. De um lado, o status de cidadão transformou-se em importante força inclusiva dos indivíduos na vida nacional. Contudo, também funcionou como significativa força de exclusão de uma grande parcela de pessoas da comunidade de políticas nacionais”. (2) Para facilitarmos o entendimento de como o Estado age na vida das pessoas/indivíduos vamos usar a figura do juiz de um ringue – imaginemos sua figura como O ESTADO , ele ditará e fará valer as regras da luta e a cada round de disputa o dever ou o direito se manterá de pé, mas não significando a derrota definitiva do oponente, pois na luta diária do nosso
  • 3. dia-a-dia sempre haverá espaço para uma nova disputa na arena. É esse cenário que temos de luta cidadã de devemos inserir os direitos das minorias. Ás vezes o oponente no ringue poderá aparentar fraqueza ou esmorecimento, mas a cada treino, a cada disputa, a cada luta seu fortalecimento o agigantará. Tomemos de exemplo a questão do gênero em nossa sociedade. Hoje o cenário social atual demanda uma amplitude maior no leque de aceitação e descaracterização dos papéis pré-estabelecidos pelo senso-comum: o que é papel feminino e masculino. Em maio de 2012 a Comissão de Juristas do Senado aprovou a proposta que aumenta a quantidade de situações em que uma pessoa pode responder na justiça pela prática de atitudes discriminatórias e elas podem ser elencadas em vários motivos: gênero, identidade ou orientação sexual e até mesmo pela razão da procedência regional, que nada mais é preconceito do local de nascimento. Veja que o Estado através da sua lei visa proteger o diferente. Nós como humanos temos a desnecessária tendência de rejeitar o diferente: a aparência física, a etnia, a classe social; mas quase sempre esquecemos que há uma diferença básica enquanto seres humanos: homem e mulher. Surgimento do conceito de gênero. Hoje em dia por causa do surgimento do conceito gênero não usamos mais falar de guerra dos sexos ou de diferença de sexos, até mesmo por causa dos transexuais muita gente evita a rotulagem unicamente baseada no sexo das pessoas pois, após a possibilidade de mudança de sexo alguns cidadãos passaram a declarar que: o seu nascimento em um sexo não o faz necessariamente pertencente a ele ou como disse um transexual paulista: - Eu não sou homem. Eu estou em um corpo de homem. Após minha operação serei aquele a que pertence o meu pensamento. É importante saber que São Paulo é o primeiro estado brasileiro a instalar na capital um ambulatório voltado para travestis e transexuais, respeitando o direito à integridade e respeito à identidade social desta população. “A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, biológica. Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada do "caldo de cultura" no qual sempre está imersa. Ou seja, falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino. É importante enfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não se trata de fenômeno puramente biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas. Desse modo, se as relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural, podem ser transformadas. E a educação desempenha importante papel nesse sentido. A compreensão do conceito de gênero possibilita identificar os valores atribuídos a homens e mulheres bem como as regras de comportamento decorrentes desses valores. Com isso, ficam mais evidentes:
  • 4. • a interferência desses valores e regras no funcionamento das instituições sociais, como a escola; • a influência de todas essas questões na nossa vida cotidiana; • a possibilidade de se ter maior clareza dos processos a que estão submetidas as relações individuais e coletivas entre homens e mulheres. A perspectiva de gênero precisa, portanto, ser encarada como um dos eixos que constituem as relações sociais como um todo. O conceito de gênero também permite pensar nas diferenças sem transformá-las em desigualdades, ou seja, sem que as diferenças sejam ponto de partida para a discriminação. O fato de poder gerar um filho, por exemplo, não é razão para que as mulheres sejam consideradas superiores ou inferiores aos homens, apenas diferentes. Um exemplo concreto das mudanças ocorridas nas relações de gênero diz respeito à responsabilidade de homens e mulheres na reprodução. É claro que a gestação, parto e amamentação no seio são capacidades exclusivamente femininas. Porém, o cuidado das crianças não é exclusivo de mulheres. Essa mudança pode ser notada no cotidiano urbano com o aumento do número de pais (homens) que cuidam das crianças, ie, aliás, está representada num aspecto legal: no Brasil, além da "licença-maternidade", já existe também a "licença-paternidade". que garante uma semana para o pai cuidar dos filhos. Em alguns países europeus a legislação é mais avançada e a licença para cuidar do filho recém-nascido pode ser exercida tanto pela mãe como pelo pai da criança, ficando a cargo do casal decidir qual dos dois cuidará do bebê.” (3) Comissão do Senado aprova projeto que criminaliza preconceito por gênero Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-projeto-que- criminaliza-preconceito-por-genero,878042,0.htm VASCONCELOS, Ana – Coleção Base do Saber : Sociologia/ 1ª edição – São Paulo – Rideel, 2009. CARBONI, C. 1986. “Cittadinanza sociale e classsi: Marshall contro Marx”. Politica e Economia, vol.7, pp.67 e ss. http://www.sinteseeventos.com.br/bien/pt/papers/marciabarattoDireitosHumanosRelacoesd eGeneroeCidadania.pdf relações de gênero: Disponível:http://www.educared.org/educa/index.cfm? pg=oassuntoe.interna&id_tema=8&id_subtema=7 Apostila Telecurso : Sociologia : ensino médio / Ana Cristina Loureiro Jurema, Thamy Pogrebinschi?. 1 ed.Rio de ..... Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2008. Música: Pacato cidadão - Skank Disponível letra e vídeo em http://letras.mus.br/skank/72338/
  • 5. Documentario Meninas gravidez na adolescência Completo (ORIGINAL), in, ...... http://www.youtube.com/watch?v=KaVDBiZ?-bdM Desigualdade de Gênero, in , http://www.youtube.com/watch?v=wNLb2MqKUXI Desigualdade de Gênero, in, http://www.youtube.com/watch? v=oUhbC1rCChg&feature=related SUGESTÃO DE VÍDEO Filme: Tomates Verdes Fritos, (Fried Green Tomatoes, 1991 ) dirigido por Jon Avnet . carinhas memes, http://atalhodaweb.blogspot.com.br/2012/01/emoticons-dos-memes-para- o-msn_12.html Papel da família e da escola no aprendizado de gênero- Mônica de Lima Bastos Nós, seres humanos, nascemos e passamos nossa existência em sociedade porque necessitamos uns dos outros para viver. Família e escola são espaços sociais de construção de relações, contextos primários de socialização dos indivíduos. O processo de socialização começa na família, passa pela escola , e inclui outros caminhos, como o convívio no bairro, na igreja, os grupos profissionais ou de esportes os quais o indivíduo freqüenta. Enfim, nosso dia é pontuado por relações que não se limitam a um único espaço, mas aqui, neste trabalho, estaremos enfocando como se apresentam as ações da família e da escola nas questões de gênero e como estas devem proceder no sentido de minorar o preconceito e a discriminação. Desde o nascimento, somos educados para essa convivência social, havendo, no entanto, a diferença cultural na educação de meninos e meninas. Essa dicotomia meninasmeninas pode ser vislumbrada na cor das roupas, na organização do quarto dos bebês, desde quando se sabe o seu sexo, até o nascimento; a partir daí, nos brinquedos, nas brincadeiras, nas atividades de lazer, isso apenas para citar os exemplos mais visíveis do nosso dia a dia, e constitui o universo “masculino” e “feminino”. “... a identidade de gênero possibilita à menina e ao menino se reconhecer como pertencente ao gênero masculino ou feminino, com base nas relações sociais e culturais que se estabelecem a partir do seu nascimento.” (Diferença de gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino, por Fabiana Cristina de Souza). Margareth Mead, antropóloga americana, nos anos 30 do século passado estudou essa questão e descobriu que não existe uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta social de homens e mulheres. Homens e mulheres comportam-se e reagem de maneiras diferentes aos estímulos que recebem não apenas por sua estrutura biológica, mas em
  • 6. grande parte, ao menos, isso é resultado do modo como aprenderam socialmente, resultado da influência cultural. Ou seja, as pessoas nascem pertencendo a um dos sexos, pelo processo biológico, mas só passam a pertencer ao gênero masculino ou feminino através do processo de aprendizado, a socialização. Escola e família, a depender de suas ações, poderão, através de suas práticas, reforçar ou atenuar as diferenças de gênero e suas consequências, contribuindo para estimular traços, gestos e aptidões não restritos aos atributos de um ou outro gênero. No estudo “Diferenças de Gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino”, Fabiana Souza aborda as relações entre os envolvidos no processo de aprendizagem, educandos e educadores, na construção do conhecimento numa turma de pré-escolar, apresentando situações práticas na escola, dos estereótipos previstos para cada sexo. Um exemplo seria um elogio dado a uma menina considerada quieta e comportada, por estar cumprindo a conduta desejada; ou ainda, quando ao comentar o comportamento de uma turma, uma professora cita que todos os alunos se comportam mal, inclusive as meninas, mas que para estas o comportamento seria mais”feio”, apontando que há diferentes formas de agir “naturalmente” para meninos e meninas, reforçando os estereótipos de gênero. Através dos episódios na escola, foi possível verificar uma tensão entre igualdade e diferença do feminino e do masculino, não estando a escola “salva” das ideologias e crenças que estão enraizadas na sociedade de um modo geral. As relações escolares são relações sociais, e como tal estão imersas em simbologias, normas, valores que ultrapassam o campo objetivo da vida escolar; mas do que isso, fica claro, através dessas vivências de situações escolares, o quanto por detrás de um “modelo pedagógico” há um conteúdo abstrato que contribui para a perpetuação da diferenciação. Em outro estudo, agora desenvolvido por Janete Leony Vitorino, intitulado “Sucesso nas meninas, fracasso nos meninos: o papel dos contextos nos distúrbios de aprendizagem e gênero” aponta que os contextos histórico, biológico, social, educacional e familiar são produtores relevantes de questões de gênero, produzindo em meninos, distúrbios de aprendizagem. Gênero, sendo um produto social, aprendido, representado, institucionalizado e transmitido ao longo de gerações, é , portanto, influenciado pelos valores sociais, políticos, econômicos e culturais de uma determinada sociedade. (VITORINO, 2010) Através das leituras foi possível concluir que família e escola, como espaços sociais, são elementos essenciais na construção e reconstrução de valores e ideais sociais, da cidadania, dos direitos e deveres, do respeito à diferença, à não discriminação e ao preconceito, à construção de dignidade e igualdade como princípio dos direitos humanos. No entanto, a prática vem demonstrar que o ideário relativo ao assunto “Gênero” ainda “carrega” alta dose de discriminação, desde os contatos mais primários e significativos como família e escola. Reflexões? e discussões tornam-se necessárias na desconstrução desses estereótipos, e a escola, como ambiente de construção do conhecimento deve contribuir para a ampliação desse debate, de crítica da ideologia do preconceito e da discriminação. FONTES: SOUZA, Fabiana Cristina de. Diferenças de gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino. Unesp. VITORINO, Janete Leony. Sucesso nas meninas, fracasso nos meninos: O papel dos contextos nos distúrbios de aprendizagem e gênero. 2010: www.psicologia.com.pt
  • 7. Gênero e Diversidade na escola: Formação de professorases em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnicorraciais. O Aprendizado de Gênero: Socialização na família e na escola.Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009. SUGESTÃO DE FILMES: • Billy Elliot ( Inglaterra, 2000) – Menino enfrenta dificuldades por ter como sonho de vida o balé. • Cartão vermelho ( Brasil, 1994) – História de menina que gosta de jogar bola com meninos. • Acorda Raimundo... Acorda! ( Brasil, 1990) – História de família de operários. Construção Social da identidade do adolescente e criança- Paulo Gonzales e Paula Gomes Moreira O panorama social brasileiro transformou-se rapidamente nas últimas três décadas e a representação social tornou-se tema constante nas discussões acerca do papel do cidadão na construção e desenvolvimento sócio- político- econômico. A ruptura ocorrida no ano de 1985, após 21 anos de regime militar para uma nova ordem social incluiu o Brasil em um mundo globalizado e grande parte a sociedade despreparados para essa metamorfose. Não haviam políticas públicas especificas voltadas para a área da educação, onde a sociedade, a família, a escola e o governo estivessem unidos e definindo estratégias para melhorias na estrutura organizacional, práticas pedagógicas e na construção social. O estudo acerca de como melhorar a educação e as relações sociais de crianças e adolescentes de determinada comunidade foi um passo significativo já que até o ano de 1985 não havia a participação da família, dessa forma uma inexistência da comunidade escolar como percebemos hoje. A análise da participação de cada pessoa, sua memória e sua identidade é parte da construção dessas transformações e construção a partir do vivido e percebido. A partir de 1996, com a aprovação da Lei Darcy Ribeiro, a nova LDB 9394/96, criou-se condições para que houvesse uma descentralização das decisões dentro da unidade escolar, uma escola com autonomia e com gestão participativa. Os desafios seriam gerir a partir da criação de comissões internas, onde cada um conhecesse bem o funcionamento da escola, contando com o apoio da comunidade escolar, para um fim comum, a prática democrática. Para o jovem reconhecer e analisar as mudanças ocorridas na atual sociedade indubitavelmente globalizada é necessário uma estrutura educacional capaz de proporcionar tais condições. A mediação na orientação do conhecimento a partir do novo modelo de gerenciamento depende da capacitação do professor e a clareza quanto seus objetivos e conteúdos, novas metodologias e técnicas que facilitem as analises e discussões. Por isso, falar de construção e mudanças sociais deve-se antes de tudo se ter uma mudança no comportamento dos nós professores, responsáveis por parte dessa transformação e na orientação dessa construção social a partir da identidade de adolescentes e crianças, fazendo-os reconhecer que o vivido por eles é parte do processo, além de despertar o
  • 8. interesse na organização do espaço em que vivem, e na busca cooperativa no desenvolvimento sócio-escolar e familiar estruturas fundamentais e intrínsecas O acesso as informações a partir da revolução digital viabilizou a interação de diversas representações sociais, crianças e adolescentes conhecendo e analisando o contexto plural brasileiro. A escola e a comunidades romperam barreiras. A cultura familiar é à base da estrutura da intelectualidade do individuo. Seu desempenho inicial na sociedade dependerá das informações recebidas nesta fase. Os adultos são responsáveis pela disseminação da cultura familiar e também pelo encaminhamento da criança aos círculos escolares. As identidades da criança são o resultado dos valores transmitidos no seio familiar, e nela o jovem estrutura sua moral, percebendo os conceitos éticos, na sociedade. A importância da participação efetiva da família na formação intelectual da criança proporciona que a ela em seu espaço vivido que se aproprie de noções de direitos e deveres comuns a sociedade em que vive. A geração mais velha tem a missão de ensinar a geração mais nova os valores familiares. O adulto tem a obrigação de encaminhar a criança e o adolescente à escola que é responsável pelo estímulo ao conhecimento específico de cada disciplina.Crianças e adolescentes precisam perceber que se encontram em um ambiente onde se pode observar, questionar e produzir conhecimento de forma natural. O sentimento de obrigação leva o aluno a um estresse e oprime o desejo de perguntar. Nas escolas os alunos estão mais conscientes e observam os movimentos da sociedade e são capazes de contextualizar o conhecimento adquirido. Porém o comportamento do individuo em cada sociedade está ligado aos seus valores éticos e arraigados de ideologias. É importante que os professores estejam preparados para lidar com as questões sócio- familiares e que sejam capazes de perceberem as mudanças comportamentais de seus alunos, no que diz respeito aos embates ideológicos do saber adquirido e das questões sociais analisadas. O ensino das relações sociais proporciona aos alunos uma consciência critica e desenvolve o “saber pensar”. As transformações ou modificações de natureza política, econômica e social são conhecimentos essenciais na formação da personalidade e intelectualidade do jovem e da sua relação com a sociedade em que vive. No saber histórico o desenvolvimento da habilidade de pensar e produzir e tornar o aluno um cidadão, com um sentimento de inserção não somente dentro da comunidade em que vive, mas dentro da sociedade a sua volta e consciente acima de tudo da sua identidade e das suas realizações sociais, os professores deverão contar com um arsenal de informações, tendo como meta uma reflexão crítica dos conteúdos, criando espaço para a ideia, a mentalidade e o progresso dos alunos. E é a escola que oferece este ambiente propício aos debates e aos esclarecimentos das questões sociais. A educação propicia o entendimento global impedindo a visão fragmentada e deturpada das questões sociais. A educação dirigida além de ser um elemento de fortalecimento e crescimento das relações interpessoais e do aumento do intelecto do aluno conduz o mesmo à inserção na sociedade como um individuo questionador e consciente de suas tarefas. A nova representação social demonstra o avanço da educação e torna claro o cumprimento das metas estabelecidas nas ações da escola, da família, do poder público e da sociedade,
  • 9. desde a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96. A Gestão Escolar Participativa mostrou-se eficiente na formação da produção humana, e na condição de integração social, pois age diretamente como unidade socializadora. O adolescente e criança, participantes de um modelo educacional flexível, construindo a partir de ações integradoras que possibilitam a compreensão do seu estado social, podendo compreender o porquê e como estabelecer suas relações em rede. A percepção da sua memória individual e coletiva fatores decisivos na construção, social da sua identidade. ALVES, João Valdir de Souza. Introdução à Sociologia da educação. Minas Gerais: Editora Autêntica, 2007. CADIOU, François, COULOMB, Clarisse, LEMONDE, Anne, SANTAMARIA, Yves. Como se faz a História. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2007. CONTREIRAS, Helio. AI-5 – A opressão no Brasil. Rio de Janeiro/ São Paulo, Editora Record, 2005. DIEHL, Astor Antonio. Cultura Historiográfica – Memória, identidade e representação. São Paulo: Editora EDUSC, 2002. DOMINGUES, José Maurício. Teorias sociológicas no século XX. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008. FARIA, Ana Lucia G. Ideologia no livro didático. São Paulo. Cortez Editora, 1994. FAZENDA, Ivani Catarina A. Interdisciplinaridade- Um projeto em parceria. São Paulo: Edições Loyola, 2002. FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Formação continuada e gestão da educação no contexto da “cultura globalizada”. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Formação Continuada e Gestão da Educação. São Paulo: Cortez, 2003. FREITAS, Marcos Cesar, BICCAS, Maurilane de Souza. História da educação no Brasil – 1926- 1996. São Paulo: Editora Cortez, 2009. GOFF, Jaques Le, LADURIE, Le Roy, DUBY, Georges e outros. A nova História. Lisboa – Portugal: Edições 70, 1991. HALLET, Edward Carr. Que é História. São Paulo: Editora Paz e terra, 1996. HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Editora Companhia das letras, 2007. KARNAL, Leandro. História na sala de aula. São Paulo: Editora Contexto, 2007.
  • 10. MAGALDI, Ana Maria, GONDRA, José Gonçalves. A reorganização do campo educacional no Brasil – manifestações, manifestos e manifestantes. Rio de Janeiro: Editora Viveiros de Castro, 2003. MONTEIRO, Ana Maria. Professores de História – Entre saberes e práticas. Rio de Janeiro: Editora Mauad X, 2007. MOREIRA, Lucia, CARVALHO, MOREIRA, Lúcia. Família e educação – olhares da psicologia. São Paulo: Editora Paulinas, 2008. RIBEIRO, Maria Luiza S. História da Educação no Brasil. São Paulo: Editora Moraes, 1982. PILETTI, Nelson. História da educação. São Paulo: Editora Ática, 1990. ROMANELLI, Otaiza de Oliveira. História da educação no Brasil. São Paulo: Editora Ática. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008. TEVES, Nilda, RANGEL Mary (orgs.). Representação Social e educação. São Paulo: Editora Papirus, 1995. WERNECK, Vera Rudge, A ideologia na educação. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1982. Diferenças de gênero no espaço público e privado - Noe Assunção Essa divisão do espaço público e privado pode ser percebido num exemplo bem simples, quando se quer ofender uma mulher. Ela é chamada de “mulher da rua”, “vadia”, em oposição à “mulher da casa”, “mulher direita”, “de família” ou “do lar”. Esse exemplo simples envolvendo esses dois espaços casa x rua, apesar de simples é particularmente interessante para se perceber a posição dos gêneros masculino e feminino nessa divisão, onde fica evidente o mundo da produção (masculino) e o mundo da reprodução (feminino). Discutir espaço “público” e “privado” é colocar em pauta a relação entre indivíduos e o espaço no qual estão inseridos. É pensar que esses espaços estão para além de divisões geográficas e que carregam em si simbologias e regras que definem através do mundo da casa (privado) e o mundo da rua (público) como essa sociedade pensa e vive. Até início do século XX, antes da eclosão dos movimentos sociais , como o feminista (1960) e o sufragista , a concepção de ser mulher estava atrelada à maternidade, ao mundo
  • 11. da casa e ao casamento, com a modernização industrial e tecnológica, ocorrida na segunda metade do século XX se evidencia a nova realidade, no qual levou as mulheres ao mercado de trabalho inserindo-as no espaço público, porém permanecendo ainda a imposição de uma dupla jornada de trabalho. Essa divisão de tarefas entre o masculino e feminino chamamos de divisão sexual do trabalho. Apesar de todo o aparato legislativo influenciando a vida das mulheres e sua crescente participação ativa no contexto político e de governança, da cidadania e mesmo dos lugares tradicionais associados ao masculino, esses ganhos ainda não são satisfatórios quando colocados frente a uma grande maioria, impunidades de crimes contra a mulher, discriminação de gênero e étnico – racial. Atualmente a presença das mulheres no mercado de trabalho é evidente e crescente, embora acompanha esse processo a discriminação, preconceito e desigualdade quando comparadas ao homem. Muitas mulheres sustentam suas casas, filhos, as vezes até os companheiros e são reconhecidas em alguns casos como “chefes de famílias”. Outro fenômeno interessante que influencia na desigualdade de gênero é o nível de escolaridade, cada vez mais tem crescido o ingresso de mulheres nas escolas nos níveis fundamental, médio, superior e pós graduação, certamente vinculado a sua inserção ao mundo do trabalho e busca por melhores salários, apesar da equiparação e igualdade salarial com os homens ainda seja lento e pouco percebida. Quanto à participação político social no Brasil, as mulheres só tiveram direito ao voto em 1932, pela luta do movimento sufragista, início do século XX, liderado pela bióloga paulista Bertha Lutz. Muito se discute a necessidade da igualdade das mulheres no espaço público, uma dessas discussões transita pela Lei de Cotas, a respeito de garantir às mulheres suas representações em partidos e consequentemente nas esferas legislativa e executiva. ( HTTP://planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L9504.htm . De acordo com o exposto é possível perceber uma hierarquia de gênero que organiza as relações sociais entre homens e mulheres, determinando lugares, direitos, deveres de cada sexo, acesso à escola, ao mercado de trabalho e posições de chefia no lar. Porém não podemos deixar de refletir que a participação dos indivíduos e mulheres no espaço público não depende apenas de aptidões e desejos pessoais, ou habilidades de cada sexo, existe toda uma dinâmica social que opera paralelo junto a esse espaço. É inegável que o caráter reprodutivo do corpo da mulher exerce grande influência na divisão e inserção da mesma na vida pública e na divisão do trabalho. Elas são responsáveis em gestar os filhos , pari-los, criá-los, além de manter os serviços domésticos e muitas vezes trabalhar fora de casa, enquanto o homem tradicionalmente é considerado o provedor da casa. Podemos perceber que gênero, enquanto uma construção social do aparato biológico, poderá determinar o padrão de organização e a representação de homens e mulheres no espaço público e privado. Embora as mulheres tenham ganhado grande representação no
  • 12. espaço público a participação dos homens no espaço privado (doméstico) não tem acompanhado na mesma proporção. Visto que o processo socializador do espaço público e suas relações sociais entre os indivíduos, a escola exerce um papel fundamental na formação de cidadãos e cidadãs na desconstrução das diferenças de gênero e desigualdades tanto no espaço público quanto no privado. Bertha Lutz: (1894 – 1976) Lutou pelos direitos femininos durante toda sua vida. Não só conseguiu formação e postos de trabalho mais restritos aos homens, como também ergueu a bandeira de maior igualdade entre os sexos e maior penetração das mulheres na educação, no mercado de trabalho e na vida política. Teve grandes atuações dentro e fora do país. Defendeu o direito de voto, garantiu ingresso de meninas em colégios, propôs igualdade salarial, licença de três meses à gestante, redução da jornada de trabalho, entre outros feitos. Movimento Sufragista: O movimento pelo sufrágio feminino é um movimento social, político e econômico, de caráter reformista, que tem como objetivo estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres. Movimento Feminista: Movimento social e político de defesa de direitos iguais para mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e jurídico), quanto no plano da formulação de políticas públicas que ofereçam serviços e programas sociais de apoio a mulheres. Gênero: Conceito formulado nos anos 1970 com profunda influência do pensamento feminista. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos. Indivíduo: Ser apenas biológico que se distingue de pessoa, que é o indivíduo socializado e possuidor de status e papéis. OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. Revista dos Estudos Feministas. vol.16 no.2 Florianópolis May/Aug. 2008. Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S0104-26X2008000200002&script=sci_arttext ABOIM, Sofia. Do público e do privado: uma perspectiva de gênero sobre uma dicotomia moderna. Revista dos Estudos Feministas. Vol.20 no.1 Florianópolis Jan/Apr.2012. Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S0104-026X2012000100006&script=sci_arttext
  • 13. ITABORAI, Nathalie Reis. Atravessando as fronteiras entre público e privado: relações de Gênero no trabalho e na família . (IUPERJ) Disponível: h ttp://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/outros/gtgenero_2009/itaborai.pdf CLAM - Centro de Sexualidade e Direitos Humanos (UERJ) http://www.e-clam.org/publicacoes.php SUGESTÕES DE LIVROS : AUAD, D. Educar meninas e meninos . Relações de gênero na escola. São Paulo: Editora Contexto, 2006. LAVINAS, Lena. “Gênero, cidadania e adolescência”. In: MADEIRA, F. R. (org.). Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre crianças e adolescentes pobres no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos/Unicef, 1996. p.11-43. LOURO, Guacira Louro. “Currículo, gênero e sexualidade. O´normal´, o´diferente´ e o ‘excêntrico´”. In: LOURO, G. L., NECKEL, J. F. & GOELLNER, S. V. (orgs.). Corpo, gênero e sexualidade. Petrópolis: Vozes, 2003. MADEIRA, F. R. “A trajetória das meninas dos setores populares: escola, trabalho ou... reclusão”. In: MADEIRA, F. R. (Org.). Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre crianças e adolescentes pobres no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos/Unicef, 1996. p.45-133. SUGESTÕES DE WEBIBLIOGRAFIA: Fazendo história das mulheres. Cadernos Pagu, Campinas, n.4, 1994. Disponível em: http://www.unicamp.br/pagu/cadernos4.html HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. Novas configurações da Divisão Sexual do Trabalho. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.37, n.132, p.595-609, Set/Dez 2007.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n32/a0537132.pdf CLAM- Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (UERJ)-
  • 14. http://www.e-clam.org/publicacoes.php SUGESTÕES DE VÍDEOS: Billy Elliot – Inglaterra/França. 2000. 110min. A vida do garoto de onze anos Billy Elliot (Jamie Bell), filho de um mineiro de carvão do norte da Inglaterra, muda para sempre quando ele tropeça em uma aula de ballet durante sua lição semanal de boxe. Romeu e Julieta. Brasil. 1995. 17min. Produção: ECOS – Comunicação em Sexualidade. De uma maneira descontraída e divertida, as fantasias, as dúvidas, os erros e os acertos da iniciação sexual na adolescência são mostrados através do namoro de Julieta e Romeu. Vídeo Saúde da Fiocruz – http://www.cict.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=47 Possui um importante acervo de vídeos sobre a temática gênero . Violência e discriminação de gênero, como reflexo da desigualdade- Pedro Antonio Rodrigues Neto Muitas mulheres e homossexuais são vítimas diariamente de agressões no mundo. No caso da mulher, isto ocorre,geralmente, através de seus parceiros. Já em relação aos homossexuais, a agressão acontece pelo fato de eles teres escolhido uma orientação sexual diferente. Estas atitudes refletem uma desigualdade de gênero que precisa ser combatida na sociedade. Os números de vítimas são alarmantes. Dados da Organização Mundial da Saúde, de 2002, apontam que entre 10% e 69% das mulheres já foram agredidas em todo o mundo pelo seu parceiro. No Brasil, estima-se que 2,1 milhões de mulheres já sofreram espancamento graves,ocorrendo uma média de 175mil mulheres agredidas por mês (Apud ROSA et al, 2008, p. 2). A violência de gênero é “societal” e seu caráter é relacional, ou seja, é um fenômeno social produzido no contexto de relação de poder, onde o homem busca uma relação de dominância sobre o sexo oposto, que encontra na violência uma forma de resolver seus problemas. Dentre os motivos apontados pelos homens agressores para a violência contra a mulher estão três: “ela”, porque apresentou uma atitude inadequada; “eu”, quando o homem mostrava irritação coma companheira e/ou considerava ofensa quando ela reclamava, em geral, no momento que ele estava bebendo; e, finalmente, “outros”, alguém externo ao casal como amigas ou famílias.
  • 15. Como consequências da violência doméstica para a pessoa agredida têm-se: fraturas, luxações e hematomas, até impactos psicológicos e comportamentais, como depressão, ansiedade, dependência química e farmacológica, ou, em casos mais graves, desequilíbrios que levam a suicídios (OMS, 2001). Este tipo de violência reflete um problema de saúde pública, que precisa ser cuidado pelas autoridades competentes. A luta pelo direito das mulheres ganha força a partir dos anos 1980, com o movimento feminista e a luta em defesa dos direitos da criança e adolescentes. Este movimento foi importante para dar visibilidade à violência e promover ações contra as agressões. Neste sentido, no Brasil, em 2006, foi criada a lei 11.340, conhecida como lei Maria da Penha, que pune os agressores de mulheres. A lei tem o objetivo de combater a violência doméstica e familiar conta à mulher, sendo considerada um marco importante para políticas públicas de proteção à mulheres. Além da violência, a mulher também é vítima de desigualdade. Dados do IBGE apontam que as mulheres ocupam menos cargos de chefia do que os homens, apesar de elas terem uma média mais alta de anos de estudo. Segundo o PNAD, 2007, feito pelo IBGE, aponta que as mulheres ganham 66,1% dos salários dos homens com o mesmo grau de escolaridade. O que mostra o quanto a sociedade brasileira ainda é machista. Em suma, nos dias atuais a luta contra a desigualdade é cada vez maior, mas conforme mostrado ainda há muita, que precisa ser combatida. Em relação à violência, esta precisa ser combatida, não somente às mulheres, mas a todos os grupos, pois não é admissível agressões físicas ou verbais. Assim sendo, as graves consequências provocadas pelas agressões serão evitadas. Referências Bibliográficas Pougy, Lilia Guimarães. Desafios políticos em tempos de Lei Maria da Penha, . Rev. katálysis, Jun 2010, vol.13, no.1, p.76-85. Rosa, Antonio Gomes da et al. A violência conjugal contra mulher a partir da ótica do homem autor da violência. Saude soc., Set 2008, vol.17, no.3, p.152-160. SARTI, Cynthia Andersen, BARBOSA, Rosana Machin e SUAREZ, Marcelo Mendes Violência e gênero: vítimas demarcadas .Physis, 2006, vol.16, nº.2, p.167-183. Glossário: IBGE :Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Lei Maria da Penha : Homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes. Biofarmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Com 67 anos etrês filhas, hoje ela é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres , vítima emblemática da violência doméstica .
  • 16. PNAD : Pesquisa Nacional de Amostraspor Domicílios. Movimentos sociais pela igualdade de gêneros- Oziel José da Silva Tema bastante abordado tanto nos meios acadêmicos como nos veículos de comunicação, a celebração da igualdade de gênero no Brasil e no mundo, é algo que tem suscitado discussões apaixonadas ao mesmo tempo que levantam desafios e também reações de grupos muitas vezes radicais, tradicionalmente dominantes na sociedade. Em vista disto, diversos setores da sociedade civil tem se organizado e enfrentado tal desafio através da mobilização de movimentos e redes de apoio a grupos historicamente excluídos e discriminados. Como exemplo e trazendo o enfoque para o tema deste tópico, teceremos algumas considerações sobre alguns grupos que empunham bandeiras pela igualdade de gênero no Brasil, principalmente visando a condição feminina e homoafetiva. Esperamos que os links deste tópico possam de alguma forma, auxiliar os profissionais da educação a trabalhar este tema nas escolas, uma vez que atuamos com crianças, adolescentes e jovens que desde cedo aprendem, principalmente com familiares, a definir os sexos e o papel social que cada um deve representar. Como exemplo, descrevemos a seguir, quatro movimentos sociais que lutam pela igualdade de gênero no Brasil, escolhidos devido à abrangência de sua atuação, visibilidade, seriedade e importância de suas ações. CEDAW (Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher). Vinculado ao Observatório Brasil da Igualdade de Gênero ( www.observatoriodegenero.gov.br ) da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR) tem como objetivo: Contribuir para a promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres no Brasil, a partir de uma perspectiva não-sexista, não-racista e não-lesbofóbica/homofóbica . Igualmente, o Instituto Promundo ( http://www.promundo.org.br/ ) é outra entidade que atua não só na defesa das mulheres como de crianças, adolescentes e jovens. Está ligado a uma rede global de organizações da sociedade civil, comprometida em: Engajar homens e meninos para a promoção da igualdade de gêneros. Também no âmbito da promoção dos direitos e da condição feminina, merece destaque neste tópico a Marcha das vadias, evento internacional inspirado no " Slut Walk " ( http:// www.slutwalktoronto.com ). Um movimento mundial criado em abril de 2011. De acordo com informações colhidas na internet, o movimento:
  • 17. Além de lutar pelo fim do julgamento da mulher pela sua sexualidade, tem também o objetivo de ratificar os direitos femininos e de acabar com a responsabilização das vítimas . Em uma visão machista , a mulher seria a culpada pela violência que sofreu, visto que, ao andar como um “vadia”, ou seja, com poucas roupas, teria estimulado o autor do crime, isentando o abusador da culpa. Na defesa dos direitos e dignidade dos homossexuais, uma das mais antigas organizações da sociedade civil a denunciar e combater o preconceito é o GGB (Grupo Gay da Bahia), http://www.ggb.org.br/ . Em que pese estar situado e atuar mais naquele estado do Nordeste brasileiro, o grupo se mostra presente em todo o país, acolhendo denúncias de violência, promovendo palestras e auxiliando as autoridades governamentais na elaboração de políticas públicas que visem a dignidade dos homossexuais. Em síntese, tais associações representam ferramentas essenciais para dar voz a grupos historicamente excluídos dos debates acerca dos destinos da sociedade e de sua própria vida. Em um mundo organizado historicamente dentro de uma ótica hétero e masculina, sejam nos modelos de família, gestão governamental, profissões e religiões, o surgimento e permanência dos movimentos sociais na vida nacional, cobrando direitos, fazendo-se presente inclusive nas casas legislativas, mostra o quanto avançamos no campo da cidadania e reconhecimento da exclusão que, ao longo do tempo, foi imposta a tais grupos. No entanto, as reações, muitas vezes histéricas e violentas contra as bandeiras de tais movimentos, indicam também o longo e talvez conflituoso caminho que ainda temos por trilhar. Vale lembrar, que o advento das mídias eletrônicas serviram e servem tanto para a difusão das idéias que pregam a igualdade de gênero como também se tornaram um canal bastante utilizado por elementos preconceituosos e racistas que, auxiliados pelo anonimato, despejam ameaças e ofensas a indivíduos que apenas desejam ter seus direitos respeitados. Referências bibliográficas ÁVILA, Maria Betânia. (2001), "Feminismo, cidadania e transformação social" in Textos e imagens do feminismo: mulheres construindo a igualdade. Maria Betânia Ávila (org.). Recife, SOS Corpo Gênero e Cidadania. YANNOULAS, Silvia Cristina. Iguais mas não idênticos. Revista de Estudos Feministas. Rio de Janeiro: CIEC/ECO/UFRJ, Vol. 2, N° 3, 1994. Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Movimentos Sociais. Movimentos sociais na contemporaneidade. São Paulo, PUCSP, 1997, n.2. SAFFIOTI, Heleieth I. B. Violência de gênero no Brasil contemporâneo. In: SAFFIOTTI, Heleieth I.
  • 18. Artigos Curso de gênero e diversidade na escola Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/redediversidade/pdfs/gde.pdf Acesso em: 25-06-2012 SILVA, Susana Veleda da. Os estudos de gênero no Brasil: Algumas considerações Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/b3w-262.htm Acesso em: 25-06-2012 FACCHINI, Regina. De cores e matizes: sujeitos, conexões e desafios no Movimento LGBT brasileiro Disponível em: http://www.e- publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/SexualidadSaludySociedad?/article/viewArticle/41/466 Acesso em 25-06-2012 Sugestão de vídeos Era uma vez outra Maria - parte 1 e 2 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=BxMLYl_ANrA?&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=wpw2GYaO-Bc&feature=relmfu Acesso em: 25-06-2012 Vídeo contra a homofobia do Ministério da Educação Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=W-4o5FHeaXY?&feature=related Acesso em: 25-06-2012
  • 19. Direitos Humanos, Cidadania e gênero- Railane Antunes Pereira A (des) naturalização de algumas manifestações de gênero nos espaços escolares-Regina Aparecida Correia Trindade “A divisão entre os sexos parece estar ‘na ordem das coisas’, como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto de ser inevitável: ela esta presente, ao mesmo tempo, em estado objetivado nas coisas..., em todo o mundo social, e em estado incorporado, nos corpos e nos habitus dos agentes, funcionando como sistemas de esquemas de percepção, de pensamento e de ação” (Bourdieu, 1998,p.17). É comum, nos espaços escolares, sobretudo nos espaços ao ar livre, verificar as relações acontecerem de forma “natural” como se percebe nas fotos, isto é, por espontânea vontade do aluno ou aluna e não por alguma atividade relacionada ou dirigida pelo professor. Mas é aí que considero estar a possibilidade de “estranhar” o familiar, aquilo que nos é dado como natural, incitando a possibilidade de “naturalizar” algo tradicionalmente aceito. Como posso dizer que é natural a menina gostar de rosa e o menino de azul? A menina brincar de boneca e o menino de carrinho? Entre tantas outras indagações... No entanto, essas, entre outras considerações são naturalizadas no plano do senso comum, interiorizadas e reproduzidas muitas vezes até pelos professores. Comecemos a refletir sobre o campo das expectativas, criadas desde quando os pais muitas vezes descobrem o sexo do filho ou filha. Se menino, muitos sonham que será jogador de futebol, namorador, pai de família, trabalhador, etc... se menina, sonham que será bonita, prendada, educada, caseira, etc. Estas relações desde quando a criança passa a existir no ventre da mãe passam desde então serem definidoras de sua educação. E como a educação é um processo cultural, posso afirmar que então, tais práticas definem as relações culturais de uma sociedade podendo ser diferentes de acordo com a cultura, influindo na formação de indivíduos, e na percepção que a sociedade tem das pessoas de sua mesma cultura. Na escola, alguns espaços demonstram induzir para a “naturalização” de suas práticas. Por exemplo, a quadra. Normalmente um espaço desejado por ambos (meninos e meninas), mas que na sua grande maioria é usada preferencialmente pelos meninos. Ao questionar algumas pessoas sobre a situação, obtive de grande parte delas a justificativa de que “as
  • 20. meninas não tem interesse por jogos, esportes, que o negócio delas é brincadeiras menos agitadas e que os meninos são mais fortes, tem mais resistência”. Vejamos algumas imagens: Para elucidar esta relação do dia a dia pedi para que os alunos desenhassem as suas brincadeiras preferidas, que eles realizam tanto no espaço escolar enquanto no entorno. Segue as ilustrações: Desenhos de meninos: Desenhos de meninas: * É preciso ao professor, perceber que tais práticas são naturalizadas, e que compõem a forma como o indivíduo se relaciona e é aceito pela sociedade, da mesma forma que tais práticas reafirmam ainda uma relação de constituição da conceituação de pessoa. Por que não inverter, para provocar? Por que não em um dia convidar os meninos a fazer brincadeiras de meninas e vice versa. O que poderia acontecer? Que tipo de conclusão vocês poderiam chegar juntos? É preciso experimentar para buscar desnaturalizar uma lógica que muitas vezes se mantém como cristalizada na sociedade e que reflete na formação não só da individualidade do sujeito como na forma como ele trabalha sua estima e se relaciona com os demais. Bibliografia: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995 (Coleção Primeiros Passos). BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina revisitada. In: LINS, Daniel. A Dominação Masculina revisitada. São Paulo: Papirus, 1998. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Apresentação dos temas transversais e
  • 21. ética: ensino de 1ª a 4ª serie. Brasília: MEC/SEF, 1997 b. . Parâmetros Curriculares Nacionais. Pluralidade cultural e orientação sexual: ensino de 1ª a 4ª serie. Brasília: MEC/SEF, 1997 c. 1? Gênero - Para as ciências sociais e humanas, o conceito de gênero refere-se à construção social do sexo anatômico. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, mas a maneira de ser homem e de ser mulher é produzida pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não naturalmente determinados pelas diferenças inscritas em seus corpos. Por exemplo, o fato das mulheres, em razão da reprodução, serem tidas como mais próximas da natureza tem sido apropriado por diferentes culturas como símbolo de sua fragilidade ou de sujeição à ordem natural. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), formulados pelo MEC para o 3º e 4º ciclos do ensino fundamental: "O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de ‘masculino’ e ‘feminino’ como construção social. O uso desse conceito permite abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. Essa diferença historicamente tem privilegiado os homens, na medida em que a sociedade não tem oferecido as mesmas oportunidades de inserção social e exercício de cidadania a homens e mulheres. Mesmo com a grande transformação dos costumes e valores que vêm ocorrendo nas últimas décadas, ainda persistem muitas discriminações, por vezes encobertas, relacionadas ao gênero." (p.321-322) Propostas educativas- Rafael do Nascimento Laman
  • 22. Considerações finais - Elaboração com a participação de tod@s Este material didático é resultado de um esforço coletivo de cursistas do curso de extensão da Fundação CECIERJ – “Conceitos fundamentais de Sociologia”, sob a orientação de professores e tutores da referida instituição que visa auxiliar profissionais da educação na discussão junto aos seus educandos as temáticas de gênero, desigualdade , cidadania e tantos outros temas que perpassam por tais conceitos. Trata-se de um trabalho colaborativo on-line adaptado para uma proposta educativa envolvendo temas transversais. A escolha do tema se faz pertinente na medida em que raramente essas temáticas são incluídas nos currículos escolares, apesar de serem consolidadas através de Leis e Resoluções. No momento em que os movimentos sociais de mulheres, indígenas, negr@s e LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e trangêneros) têm avançado nas suas conquistas, uma reflexão é pensar que eles correm o perigo de trabalharem individualmente não interagindo entre si, ou seja quando discutimos a desigualdade de gênero, muitas vezes não levamos em conta a discriminação e desigualdade que sofre a mulher negra e a índia, dentro do universo das mulheres. É visível como a mulher é inferiorizada nos movimentos libertários como LGBTT, negro e tantos outros. O presente projeto pretende apresentar aos profissionais da educação uma noção de cidadania, desigualdade de Gênero, uma valorização dos direitos humanos. A escolha dos temas a serem trabalhados neste material, parte da reflexão de que os fenômenos sociais e os atores envolvidos se relacionam entre si numa dinâmica complexa, intensa e sempre em movimento. As discussões apresentadas vêm de encontro com o que estabelece a Constituição Federal de 88 no que diz respeito a um Estado de caráter democrático, na defesa da cidadania, de respeito ao indivíduo, buscando o bem de tod@s , sem discriminação de gênero, raça, cor, idade e que tod@s sejam iguais. A desigualdade de gênero e o respeito à cidadania depende de políticas públicas para a educação e que os grupos discriminados tenham acesso e respeito aos direitos civis dos indivíduos. São necessárias também ações que tenham como objetivo educar a sociedade sobre tais temas, visando consolidar o respeito e a valorização dos indivíduos e a escola se inseri neste trabalho enquanto lócus de formação, ensino e aprendizagem de cidadãos. Educar para a cidadania e a desigualdade de gênero não é apenas reconhecer o diferente e os grupos envolvidos, mas discutir e pensar sobre os direitos de tod@s. A escola se estrutura num espaço público em que diferentes personalidades se encontram e se relacionam entre si , portanto deve ser um local para educar para o respeito e exercício da cidadania. Esse projeto pretende desenvolver a capacidade dos professores de compreender, refletir e se posicionar frente à modificações políticas e culturais do povo brasileiro e de outros povos.
  • 23. “Cidadania e desigualdade de Gênero” trata-se de um projeto que debate sobre conceitos transversais que estão em construção e devem ser discutidos cotidianamente nas escolas, reconhecendo que negros e negras, índios e índias, mulheres e homossexuais, dentre outros grupos discriminados devem ser respeitados em suas identidades e diferenças, porque tal respeito é direito social, constitucional e inalienável, tanto no espaço público, quanto no privado. Editor: Noe Assunção Copyright © 2008 Fundação CECIERJ. Todo o material deste site pode ser utilizado desde que citados a fonte e o autor.