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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Índice

I. NOÇÕES BÁSICAS
Princípios, Valores e Virtudes 8...................................................................................................2
Relações Sociais e individualismo 11...........................................................................................2
Vocação para o colectivo 12.........................................................................................................2
Classes Profissionais 12................................................................................................................2
Actividade Voluntária 13.............................................................................................................2
Código de Ética Profissional 13....................................................................................................2
Base filosófica dos códigos de ética profissional 14....................................................................2
Peculiaridades em um código de Ética Profissional 14................................................................2
Puritanismo e Ética Profissional 15.............................................................................................2
Conduta individual e sucesso 16.................................................................................................2
Profissão em contabilidade, um exemplo expressivo 18.............................................................2
Valor social da profissão 19.........................................................................................................2
Responsabilidade, Utilidade e projecção Profissional 20.............................................................2
Valor da profissão, utilidade e expressão ética 21......................................................................2
Especialização, Cultura e utilidade profissional 22.......................................................................2
Função social da profissão e ambiência social contemporânea 23.............................................2
V. DEVERES PROFISSIONAIS.........................................................................................................3
Conceito do dever Profissional e escolha da Profissão 26............................................................3
Dever de conhecer a profissão e a tarefa 27................................................................................3
Dever da execução das tarefas e das virtudes exigíveis 29..........................................................3
Virtudes profissionais 31.............................................................................................................3
Conceito essencial e generico de virtudeético 32........................................................................3
Evolução conceptual de virtude e suas relatividades 34 ...........................................................3
Efeitos e responsabilidades na prática de virtude 35..................................................................3
Conclusão 36................................................................................................................................3
Referencias bibliográficas 37........................................................................................................3
Anexos 39....................................................................................................................................3

1
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Pauta deontológica do serviço público Angolano 41...................................................................3
Como resolver dilemas ético-deontologicos ( passos dos gestores para a tomada de decisão )
43.................................................................................................................................................3
Os principais erros que devem ser evitado no trabalho em grupo 44.........................................3
As associações profissionais e associativismo do profissional 45...............................................3

Princípios, Valores e Virtudes ..........................................................................................8
II. CONDUTA DO SER HUMANO EM COMUNIDADE E EM SUA CLASSE
Relações Sociais e individualismo .................................................................................11
Vocação para o colectivo.................................................................................................12
Classes Profissionais.......................................................................................................12
Actividade Voluntária ....................................................................................................13
Código de Ética Profissional ..........................................................................................13
Base filosófica dos códigos de ética profissional ...........................................................14
Peculiaridades em um código de Ética Profissional .......................................................14
Puritanismo e Ética Profissional .....................................................................................15
Conduta individual e sucesso .........................................................................................16
III. PROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA
Profissão em contabilidade, um exemplo expressivo .....................................................18
Valor social da profissão ................................................................................................19
Responsabilidade, Utilidade e projecção Profissional.....................................................20

IV. ÉTICA E PROFISSÃO
Valor da profissão, utilidade e expressão ética ..............................................................21
Especialização, Cultura e utilidade profissional..............................................................22
Função social da profissão e ambiência social contemporânea ......................................23

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V. DEVERES PROFISSIONAIS
Conceito do dever Profissional e escolha da Profissão...................................................26
Dever de conhecer a profissão e a tarefa.........................................................................27
Dever da execução das tarefas e das virtudes exigíveis..................................................29
VI. VIRTUDE COMO SUBSTÂNCIA ÉTICA
Virtudes profissionais .....................................................................................................31
Conceito essencial e generico de virtudeético.................................................................32
Evolução conceptual de virtude e suas relatividades ...................................................34
Efeitos e responsabilidades na prática de virtude ...........................................................35
Conclusão........................................................................................................................36
Referencias bibliográficas...............................................................................................37
Anexos ............................................................................................................................39
Pauta deontológica do serviço público Angolano ..........................................................41
Como resolver dilemas ético-deontologicos ( passos dos gestores para a tomada de
decisão ) ..........................................................................................................................43
Os principais erros que devem ser evitado no trabalho em grupo ..................................44
As associações profissionais e associativismo do profissional .....................................45

Introdução
Que devemos aceitar como Ética, por vezes também designada como Moral (nem
sempre adequadamente), e qual sua moderna forma de ser entendida, enseja a
compreensão geral sobre tal assunto.
A preocupação com tal ramo da Filosofia, considerado como ciência, também, é
milenar, desde os trabalhos de Pitágoras, no século VI a.C., e se agasalha em
manifestações remotas, quer em fragmentos que nos chegaram de escritos
antiquíssimos, quer na obra específica de Aristóteles Ética a Nicômaco.
Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendido como a ciência da
conduta humana perante o ser e seus semelhantes
3
ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Envolve, pois os estudos de aprovação ou desaprovação da acção dos homens e a
consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no
campo das acções virtuosas
Encara a virtude como prática do bem e esta como a promotora da felicidade dos
seres, quer individualmente, quer colectivamente, mas também avalia os desempenhos
humanos em relação às normas comportamentais pertinentes.
Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em face de suas intenções e
actuações, quer relativos à própria pessoa, quer em face da comunidade em que se
insere.
Expostas essas ideias genéricas, é preciso esclarecer sobre os dois aspectos sob os
quais tem ela sido aceite pelos estudiosos da questão, ou seja:
1º Como ciência que estuda a conduta dos seres humanos, analisando os meios que
devem ser empregados para que a referida conduta se reverta sempre a favor do homem.
Nesse aspecto o homem torna-se o centro da observação, em consonância com o meio
que lhe envolve.
Cuida das formas ideais da acção humana e busca a essência do ser, procurando
conexões entre o material e o espiritual.
2º Como ciência que busca os modelos de conduta conveniente, objectiva, dos seres
humanos.
A correlação, nesse aspecto, é objectiva entre o homem e seu ambiente. Os modelos,
como valores, passam a guiar a estrutura normativa.
Tais critérios de entender, possuem posicionamentos distintos em seus
desenvolvimentos, embora possam parecer semelhantes.
O primeiro situa-se no campo do ideal e o segundo no das forças que determinam a
conduta, ou seja das causas que levam ao acto comportamental do ser
Um estuda a essência ou natureza e, outro, os motivos ou relações que influem
sobre a conduta.
Embora seja possível identificar tais posicionamentos, no aprofundamento das
obras dos tradistas, a realidade é que entrelaçamentos e mesclas diversas foram e
ainda são operados
Comum entre tais aspectos é , todavia, a analise do bem, como prática de amor em
suas variadas formas; igualmente relevante destacar-se o da conduta respeitosa que evita
prejudicar a terceiros, bem ao próprio ser.
Existem os que contestam, todavia essa forma imprecisa de estudar o bem, ou ainda,
objectivá-lo como um fenómeno em sí mesmo (o que é) ou o que deve ser tomado como
um modelo para uma finalidade ideal (o que deve ser objecto de vontade).
São detalhes da forma sob a qual se estuda um mesmo objecto e que é o bem.
Os que criticam essa duplicidade de enfoques alegam que uma coisa é estudar-se o
bem como uma realidade (como algo concreto) e outra o de sua analise como meta a ser
atingida ou vontade de sua prática.
São aspectos de uma só coisa, mas, competentes para mudar a forma de tratamento
no desenvolvimento de um tema, embora considerada irrelevante ou como preciosismo,
por escritores famosos da actualidade (ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia.
São Paulo: Mestre Jou, 1982.).
Quando Aristóteles afirmou que “para o homem não existe maior felicidade que a
virtude e a razão”(Aristóteles. A politica. Livro IV,Cap1) situou tal pensamento no
sentido de que a prática do bem ( que deflui do exercício da virtude) é a felicidade e
que ela deve ser praticada como ideal e como acto consciente.
É uma verdade aceite pelos grande pensador que bem caracteriza o aspecto ético, sob
o prisma de uma realidade aceite como modelo de conduta racional.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Isto se confirma na asserção do mesmo filósofo, quando escreve que a felicidade é
diferentemente concebida pelo leigo (forma empírica) e pelo sábio (forma cientifica) e
que o bem é o que se relaciona com o espírito e com a mente mas não apenas concebida,
se não praticada, através da actividade virtuosa. (Aristóteles. Ética a Nicômaco
livroII,6).
Ao afirmar que “pelos actos que praticamos em nossas relações com os homens nos
tornamos justos ou injustos “ e que “ é preciso atentar, pois, pela qualidade dos actos
que praticamos, porquanto de sua diferença se pode aquilatar a diferença de caracteres”(
Aristóteles. Ética a Nicômaco. LivroII,1) Aristóteles deixa claro que mesmo as
situações ideais não alcançam todo o valor se se não materializam pela conduta
virtuosa.(Aristóteles. Ética a Nicômaco. LivroII,6).
A humanidade tem assistido muitas mudanças em quase todos os sentidos da
vida humana. O desenvolvimento tecnológico está atingindo dimensões jamais antes
imaginadas ou mesmo concebidas pelo ser humano. As mudanças decorrentes da
evolução e dos conhecimentos históricos são muito significativos e representam um
exemplo do que pode acontecer com os esforços da criação da mente humana.
Nos campos da descoberta da medicina da indústria, da tecnologia, jamais se
assistiu tamanho desenvolvimento. Assistimos a um aumento de velocidade de
produção de informação nunca conhecido. Em face das conquistas tecnológicas actuais,
a ética está mais do que nunca presente nos debates a respeito do comportamento
humano e o seu estudo é sempre necessário em decorrência da necessidade das pessoas
orientarem seu comportamento de acordo com a nova realidade da vida social. Do grego
“Ethké e do latim Éthica” surgiu a ética-Ciência relativa aos costumes.
A ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que
distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Pode ser considerada
tambem como estudo do”ideal para o qual o homem se dirige” de acordo com a sua
natureza, ou o estudo dos “motivos” ou “causas” da conduta humana ou das “forças”
que a determinam, pretendendo ater-se ao conhecimento dos factos
(ABBAGNANO,1998, p.380). Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes,
pelas quais o homem rege o seu comportamento tendo em vista uma filosofia moral
dignificante. Os códigos de ética, são dificilmente separáveis da deontologia
profissional, pelo que não é pouco frequente os termos ética e deontologia serem
utilizadas indiferentemente.
Assim, a ética é o conjunto de normas morais pelo qual o indivíduo deve orientar
seu comportamento na profissão que exerce e é de fundamental importância em todas as
profissões e para todo ser humano para que possamos viver relativamente bem em
sociedade com o crescimento desenfreado do mundo globalizado, muitas vezes
deixamo-nos levar pela pressão exercida em busca de produção pois, o mercado de
trabalho está cada vez mais competitivo e exigente, as vezes não nos deixa e nem dá
tempo para reflectir sobre nossas atitudes.
Temos que ter a consciência de que nossos actos podem influenciar na vida dos
outros e que nossa liberdade acarreta em responsabilidade. De forma ampla a ética é
definida como a explicitação do fundamento último do agir humano na busca do bem
comum e da realização individual.
O termo deontologia surge das palavras gregas “deon, deontos” que signica
dever e logós que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, deontologia seria o
tratado do dever ou conjunto de deveres princípios e normas adoptadas por um
determinado grupo de profissionais.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta,
os deveres inerentes a uma determinada profissão. Assim cada profissão está sujeita a
uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão conforme o código de
ética de sua categoria. Neste caso é o conjunto codificado das obrigações impostas aos
profissionais de uma determinada área no exercício da sua profissão, Sendo esta
codificação da responsabilidade de associações ou ordens profissionais. Para além disso
estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos para os
infractores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e
vinculativas oferecendo apenas uma função reguladora. São normas estabelecidas pelos
próprios profissionais, tendo em vista não exactamente a qualidade moral, mas a
correcção de suas intenções e acções em relação a direitos, deveres ou princípios nas
relações entre profissão e a sociedade. A deontologia é um termo mais apropriado para a
discussão em torno da conduta profissional, compreendendo-a como um esforço para
obter-se uma uniformização da acção dos membros de uma categoria
profissional.Unifomização não no sentido de igualar as acções mas sim, de orientar,
prescrever controlar a conduta dos membros da profissão visando constrior uma
identidade e por meio desta, tornar-se respeitado e conhecido pelos demais membros da
sociedade. A realização de um trabalho e a acção de um grupo se dará “como se fosse a
acção de um único indivíduo”(Souza, p.55).
A princípio a reflexão em torno do comportamento dos membros de uma
categoria profissional tende a acontecer nos diferentes espaços nos quais estes membros
se situam. Se a ética é uma acção reflexiva em torno dos ideais e causas da conduta
humana, portanto, uma acção propria do homem enquato ser social, ela se constroi em
qualquer tempo e em qualquer lugar. O modo de um determinado profissional se
comporta, independentemente de como tal coportamento venha a ser qualificado, se dá
com base em certos principios, e a partir de um modo de ver a realidade, e
principalmente, de se ver nesta realidade. Assim, enquanto um ser humano que sente e
pensa, é possivel refletir sobre um dado comportamento seus motivos e complicações
individualmente ou em grupo. Porém, considerando que “ser profissional” implica em
situar-se em um determinado contexto, o comportamento, as implicações e motivos para
tal, bem como, as reflexões em torno do mesmo dizem respeito ao grupo que esse
individuo integra.Regra geral, os códigos deontologicos têm por base as grandes
declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas,
adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional.
A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercicio de uma
profissão. A ocupação organizacional se constitui em uma profissão, a partir de
elementos como a expertise (conjunto de conhecimentos, competências e técnicas
especiais), credencialismo (escolas ou colégios que autorizam a entrada de novos
membros no exercicio da profissão) e a autonomia que reflete a capacidade da categoria
reivindicar para sí o poder de controlar a realização e o modo de fazer um determinado
tipo de trabalho. É no âmbimto da autonomia que estão as corporações profissionais,
associações e sindicatos.
O 1.º código de deontologia foi feito na área de medicina nos Estados Unidos de
América- EUA em meados do século passado.

I. NOÇÕES BÁSICAS

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Origem e concepções
Historicamente, a ética sempre foi orientada pela religião e pela razão, sendo
esta razão crítica em todas as sociedades. Podemos observar grandes filósofos como
Sócrates, Plantão, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant, cada um a seu modo, buscando o
estabelecimento de códigos de ética validas universalmente.
Tendo a ética como ciência da conduta, podemos observar duas concepções:
“Ciências que trata do fim que deve orientar a conduta dos homens e dos meios para
atingir tal fim. É o ideal formulado e perseguido pelo homem por sua natureza e
essência”
“Ciência que trata do moral, da conduta humana e procura determinar esse móvel
visando dirigir a própria conduta. Liga-se ao desejo da sobrevivência”.
Na 1.ª concepção vemos Sócrates como precursor da ética ocidental. Platão que
tratou da ética das virtudes em sua obra “Republica”. Aristóteles que trata do propósito
da conduta humana de buscar a felicidade a partir da sua natureza racional. Hegel tratou
do objectivo da conduta humana destacando o estado como a realidade na qual a
conduta encontra integração e perfeição, tratando a ética como a filosofia do direito.
Em sua 2.ª concepção, vemos pródico que nos contempla com suas palavras:
“Se desejares ser honrado por uma cidade deve ser útil a mesma”. Pregava o
respeito mútuo e a justiça como condição necessária a sobrevivência do homem; Kant
situou a ética no mundo da razão pura na qual os seres racionais buscavam firmar esse
mundo evitando os interesses individualizados e perseguindo o bem.
Benthan defendeu a conduta do homem como sendo determinado pela
expectativa do prazer ou da dor, sendo esse o único motivo possível da acção.
Ainda como ciência da conduta, vemos a ética no homem que exerce algum
poder sentindo-se o único sujeito real o eleito o melhor, o mais capaz, o mais
inteligente, portanto merecendo privilegio.
Neste sentido enfatiza-se que o significado ético deve estar sempre associado ao
outro. Somente em relação ao outro pode existir o valor moral e a conduta pode ser uma
acção da justiça.
A única ética possível estrutura-se na relação do sujeito com o outro, em que é
importante ser preservado o complexo espaço para a inter subjectividade. Só nessa
relação do sujeito com o outro podemos construir os valores éticos acerca do bem e do
mal. Representa também a relação do indivíduo com as instituições, com á sociedade.

Conceito – Ética Profissional
É extremamente importante saber diferenciar a ética do moral e do direito. Estas 3 áreas
de conhecimento se distinguem, entretanto têm grandes vínculos e até mesmo
sobreposição.
A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa independentemente das
fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que mesmo sem se
conhecerem, utilizam este mesmo referencial moral comum.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

O direito estabelece o regulamento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras
do Estado. As leis têm uma base territorial, pois elas valem apenas para aquela área
geográfica onde determinada população ou seus delegados vive. Alguns autores
afirmam que o direito é um subconjunto da moral. Esta perspectiva pode gerar
conclusão de que a toda lei é moralmente aceitável.
Inúmeras situações demonstram existência de conflitos entre o direito e a moral.
Ex. Desobediência civil que ocorre quando argumentos morais impedem que
uma pessoa acate determinada lei. Assim a moral e o direito apesar de referirem-se a
uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.
A ética profissional pode ser entendida como estudo da conduta humana no
exercicio de uma profissão, seus ideais, motivos e causas.Inicialmente é importante
destacar que a expressão “ética profissional” fere uma discussão de uma ética de
perspectiva igualitária porque atribui para um grupo de pessoas, membros de um grupo
profissional, uma ética especial em detrimento dos demais membros da sociedade
(TAVARES,1998). Sendo assim, a acção reguladora da ética que age no desempenho
das profissões, faz com que o profissional respeite seu semelhante quando no exercício
da sua profissão.
A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com a sua
clientela, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sóciocultural onde exerce sua profissão atingindo toda categoria profissional. Ao falarmos da
ética profissional, estamos nos referindo ao carácter normativo e até jurídico que
regulamenta determinada profissão a partir de estatutos e códigos específicos. Assim,
temos a ética médica, do advogado, do biólogo, do professor etc. relacionada em seus
respectivos códigos de ética. Em geral as profissões apresentam a ética firmada em
questões relevantes que ultrapassam o campo profissional em sí, como o aborto, a pena
de morte, sequestro e outros que são questões morais que se apresentam como
problemas éticos, pois pedem uma reflexão profunda e assim um profissional, ao se
debruçar sobre elas, não o faz apenas como tal, mas, como um pensador, um filosofo da
ciência ou seja profissão que exerce. Desta forma, a reflexão ética entra na normalidade
de qualquer actividade profissional humana.
A ética inerente a vida humana é de suma importância na vida profissional,
assim para o profissional a ética não é somente inerente, mas indispensável a este. Na
acção humana o fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à
eficácia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir
refere-se à conduta do profissional, conjunto de atitudes que deve assumir no
desempenho da sua profissão.
A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o
fim de todo ser humano.
O agir da pessoa humana está condicionada às duas premissas consideradas
básicas pela ética: “ o que é” o homem e para que vive”, logo toda capacidade científica
ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da ética. (Motta 1984.
p. 69) Constatamos assim o forte conteúdo ético presente no exercício profissional.
Reflexões sobre a Ética Profissional
A validade da ética profissional reside no papel que a pessoa desempenha e na
confiança depositada no “profissional”, que ganha ênfase em sociedades
tecnologicamente complexas nas quais, a aplicação de conhecimentos por especialistas
tende a aumentar. Além disso, a conduta ética profissional envolve os interesses do

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

grupo, com base no interesse em garantir a sobrevivência de cada um, os interesses de
realização pessoal obtida por meio de exercicio profissional adequado, no sentido tanto
de preservar, como de enobrecer a sí e à profissão.
As reflexões realizadas no exercício de uma profissão devem ser iniciadas bem
antes da prática profissional. A escolha por uma profissão é optiva, mas ao escolhe-la, o
conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Toda a fase de formação,
abrangendo o aprendizado das competências e habilidades que se referem a prática
especifica numa determinada área deve incluir a reflexão. Ao completar a graduação em
nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e compromisso com
a categoria profissional onde formalmente ingressa, o que caracteriza o aspecto moral
da chamada ética profissional. O facto de uma pessoa trabalhar numa área que não
escolheu livremente como emprego por precisar de trabalhar, não o isenta da
responsabilidade de pertencer a uma classe, não a eximindo também dos deveres a
cumprir. Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até esta tornar-se um hábito
incorporado ao dia-dia como por ex. Perguntar a sí mesmo se está sendo bom
profissional, está agindo adequadamente e ainda se está realizando correctamente sua
actividade. É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não
estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as
actividades que uma pessoa pode exercer, gostando do que se faz, sem perder a
dimensão de que é preciso sempre continuar melhorando, aprendendo, experimentando
novas soluções, criando novas formas de exercer as actividades, estando aberto a
mudanças, mesmo nos pequenos detalhes, que podem fazer uma grande diferença na sua
realização profissional e pessoal. Isto tudo pode acontecer com a reflexão ética
incorporada a seu viver. E isto é parte do que se chama empregabilidade, que nada mais
é que a capacidade que você pode ter de ser um profissional eticamente bom. O
comportamento adequado eticamente e o sucesso contínuo são indissociáveis.
Princípios, Valores E Virtudes
Existe uma grande diferença entre princípios, valores e virtudes embora sua efetividade
seja válida apenas quando os conceitos estão alinhados. No mundo corporativo em
geral, noto que muitos profissionais são equivocados com relação aos conceitos e,
apesar de defenderem o significado de um ou outro, a prática se revela diferente.
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que definem as
regras pela qual uma sociedade civilizada deve se orientar. Em qualquer lugar do
mundo, princípios são incontestáveis, pois, quando adotados não oferecem resistência
alguma. Entende-se que a adoção desses princípios está em consonância com o
pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da constituição de um país
quanto para acordos políticos entre as nações ou estatutos de condomínio. Vale no
âmbito pessoal e profissional.
Amor, felicidade, liberdade, paz e plenitude são exemplos de princípios considerados
universais. Como cidadãos – pessoas e profissionais - esses princípios fazem parte da
nossa existência e durante uma vida estaremos lutando para torná-los inabaláveis.
Temos direito a todos eles, contudo, por razões diversas, eles não surgem de graça. A
base dos nossos princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles se
perdem no meio do caminho.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são comuns a todos os
povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou não. Quem age diferente ou em
desacordo com os princípios universais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas
as conseqüências. São as escolhas que fazemos com base em valores equivocados, não
em princípios.
Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou mantidos por determinado
indivíduo, classe ou sociedade, portanto, em geral, dependem basicamente da cultura
relacionada com o ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão
entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são diferentes.
Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, acima de tudo,
contestáveis. O que vale para você não vale necessariamente para os demais colegas de
trabalho. Sua aplicação pode ou não ser ética e depende muito do caráter ou da
personalidade da pessoa que os adopta.
Pessoas de origem humilde definem valores de maneira diferente das pessoas de origem
mais abastada. De um lado, a escassez pode gerar a idéia de que dinheiro não traz
felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro, é possível ser feliz utilizando-se valores
como amizade, por exemplo. Do outro, o apego ao dinheiro e a convivência harmoniosa
com o conforto pode gerar a idéia de que sem dinheiro não é possível ser feliz, ou seja,
o dinheiro traz felicidade, amizade, conforto e, se houver mais dinheiro do que o
necessário, valores como filantropia e voluntariado podem ser praticados.
Essa comparação não define o certo e o errado. Ela apenas levanta uma questão
interessante sobre o conceito de valores e depende do ponto de vista de cada cultura ou
de cada pessoa, em particular. Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do
que aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores completamente
equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, luxo e riqueza - estão na ordem do
dia, infelizmente. Todos os dias somos convidados a negligenciar os princípios e adotar
os valores ditados pela sociedade.
Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do espírito, as quais, por um
esforço da vontade, inclinam à prática do bem. Aristóteles afirmava que há duas
espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua
geração e crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao passo que a
virtude moral é adquirida com o resultado do hábito.
Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza, visto que
nada que existe por natureza pode ser alterado pela força do hábito, portanto, virtudes
nada mais são do que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio onde
somos criados e condicionados através de exemplos e comportamentos semelhantes.
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por exemplo, conhecia os
princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar valores como a supremacia da raça ariana, a
aniquilação da oposição e a dominação pela força. Significa que também não dispunha
de virtudes, pois as virtudes são decorrentes dos princípios e o seu legado foi um dos
mais nefastos da história. Sua ambição desmedida o tornou obcecado por valores que
contrastam com os princípios universais.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Diferente de Hitler, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Mahatma Gandhi tinham
princípios, valores e virtudes integralmente alinhados com a sua concepção de vida.
Todos lutavam por causas nobres e tinham um ponto comum: a dignidade humana.
Enquanto Hitler, Milosevic e Karadzic entraram para o rol das figuras mais odiadas da
humanidade, Madre Teresa, Irmã Dulce da Bahia e Gandhi são personalidades
singulares que inspiram exemplos para a humanidade.
Existem pessoas que nunca seguiram princípio algum e, apesar de tudo, continuam
enriquecendo, fazendo sucesso na televisão, conquistando cargos importantes nas
empresas e assumindo papéis relevantes na sociedade. Entretanto, riqueza material não
é a única medida de sucesso. Avalie, por si mesmo, quais os exemplos deixados por
elas, a sua contribuição para o mundo e o seu triste legado para os descendentes.
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência seja, por vezes,
insuportável, deparamo-nos com profissionais que atropelam os princípios, como se isso
fosse algo natural, um meio de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com
duas grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espírito de equipe.
Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário e, apesar da
falta de escrúpulo, leva tempo para destituí-los do poder.
Valores e virtudes baseados em princípios universais são inegociáveis e, assim como a
ética e a lealdade, ou você tem, ou não tem. Entretanto, conceitos como liberdade,
felicidade ou riqueza não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem
recordações, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um sentido especial
e particular a esses conceitos.
O importante é que você não perca de vista esses conceitos e tenha em mente que a sua
contribuição, no universo pessoal e profissional, depende da aplicação mais próxima
possível do senso de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada,
que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute pelos princípios que
os valores e as virtudes fluirão naturalmente. O que vale em casa vale no trabalho. Não
existe paz de espírito nem crescimento interior sem o triunfo dos princípios. Pense nisso
e seja feliz.

II. CONDUTA DO SER HUMANO EM COMUNIDADE E EM SUA CLASSE
A razão pela qual se exige uma disciplina do homem em seu grupo repousa no facto
de que as associações possuem, por sua natureza, uma necessidade de equilíbrio que só
se encontra quando a autonomia dos seres se coordena na finalidade do tudo. É a lei dos
sistemas que se torna imperiosa, do átomo ás galáxias, de cada individuo até sua
sociedade.
Em tudo parece haver uma tendência para a organização e os seres humanos não
fogem a essa regra e vocação.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

Todo agregado, todo sistema, entretanto, depende de uma disciplina comportamental
e de conduta.
Cada ser, assim como a somatória deles em classe profissional, tem seu
comportamento específico, guiado pela característica do trabalho executado.
Cada conjunto de profissionais deve guiar uma ordem que permite a evolução
harmónica do trabalho de todos, a partir da conduta de cada um, através de uma tutela
no trabalho que conduza a regulação do individualismo perante o colectivo.
São exigíveis, pois, uma conduta humana especial, que denominamos Ética, e o
exercício de virtudes dela defluentes.
O sentimento social é um imperativo na construção dos princípios éticos, e estes são
incompreensíveis sem aquele.
Como os seres são heterogéneos por seus caracteres, a homogeneização perante a
classe precisa ser regulada de forma que o bem geral esteja preservado, inclusive o do
próprio ser, como unidade, em um regime de interacção benéfica.
Relações sociais e individualismo
As leis de cada profissão são elaboradas com objectivo de proteger os profissionais, a
categoria e as pessoas que dependem daquela profissão, mas há muitos aspectos não
previstos especificamente e que fazem parte do compromisso dos profissionais em
serem eticamente correctos, ou seja, fazer coisa certa.
Outra referencia que tem sido objecto de estudo de muitos estudiosos, parece ser a
tendência do ser humano de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e,
quando esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos
problemas.
O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance, em face da
comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, tem em geral seu valor
restrito. Os serviços realizados, visando o benefício de terceiros com consciência do
bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa
com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo e a ele pouco
importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. O número
dos que trabalham visando primordialmente o rendimento é muito grande, fazendo
assim com que as classes procurem defender-se contra a dilapidação de seus conceitos,
tutelando o trabalho e zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos
serviços, pois ficam vulneráveis ao individualismo.
A consciência de grupo tem surgido mais por interesse de defesa do que por altruísmo,
pois garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta, o
individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão.
Tal luta quase sempre se processa em virtude da ambição de uns em cima de outros, e
que em nome dessas ambições, podem ser praticadas, por ex. quebras de sigilo.
A tutela de trabalho processa-se pelo caminho da exigência de uma ética imposta
através dos conselhos profissionais. As normas devem ser condizentes com as diversas
formas de prestar o serviço de organizar o profissional para esse fim.
A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e esta é
uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscam maior
abrangência. Assim ao nos referirmos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a
situações isoladas ou modelos particulares, mas a situação geral. O egoísmo
desenfreado de poucas pode atingir um número expressivo de pessoas e até mesmo
influenciar o destino de nações, e partindo da ausência de conduta virtuosa de minorias

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poderosas preocupados apenas com os lucros. Sabemos que a conduta do ser humano
pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de uma classe, de toda sociedade, é
preciso que se acomode às normas, porque, estas devem estar apoiadas em princípios de
virtude, assim a ética tem sido o caminho justo e adequado, para o beneficio comum,
geral.
Vocação para o Colectivo
Ingresso de uma vida inculta baseada apenas em instintos, o homem, sobre a terra, foise organizando, na busca de maior estabilidade vital, cedendo parcelas do referido
individualismo para beneficiar da união, da divisão do trabalho e assim da protecção da
vida em comum. A organização social foi e continua a ser um progresso, na definição
das funções dos cidadãos e tal definição acentua gradativamente, o limite de acção das
classes
Como escreveu Vidar: “ a formação das classes sociais é um facto de grande
importância Ética que se completa no momento exacto em que o homem sai de sua
homogeneidade instável de origem primitiva e forma agrupamentos mais determinados
e estáveis”( VIDARI,G. Elementi di ética. Milão:Hoepli,1922.p.68.). Tal assertiva ele a
fez para depois argumentar que tais agrupamentos aumentaram suas necessidades na
vida, em decorrência da agregação..
A vocação para colectivo já não se encontra, nos dias actuais, com a mesma eficácia nos
grandes centros como ainda é encontrado em núcleos menores e poucas cidades de
maior dimensão possuem o espírito comunitário, enfrentando com grandes dificuldades
as questões classistas.
Parece-nos pouco entendido, que existe um bem comum a defender do qual um número
expressivo de pessoas depende para o bem-estar próprio e seus semelhantes, tendo
assim uma inequívoca interacção. O progresso do individualismo, gera sempre o risco
da transgressão ética, assim é imperativa a necessidade de uma tutela sobre o trabalho,
através de normas éticas.
Classes Profissionais
Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela
natureza do conhecimento exigido para tal execução e pela identidade habilitação para,
o exercício da mesma. A classe profissional é um grupo dentro da sociedade, especifico,
definido por sua especialidade de desempenho de tarefas.
A questão, pois, dos agrupamentos específicos, sem dúvida, defluiu de uma natureza
especialização, motivada por selecção natural ou habilidade própria, e hoje constitui-se
em inequívoca força dentro das sociedades.
No tempo, atribui-se à Idade Média a organização das classes trabalhadoras,
notadamente as de artesãos, que se reuniram em corporações.
É possível que associações com outras características tenham existido em outras
épocas e disto existem alguns indícios, não muito veementes, mas, indirectamente,
aceitáveis.
Sabemos que no Egipto Antigo, por exemplo, as classes trabalhadoras eram
definidas e que existiam profissionais geniais e de grande notoriedade, como Imhotep
(viveu no tempo de Zozer III, do velho reino /2.700-2300 a C/, cognominado de
Leonardo da Vinci egípcio, pelos historiadores).

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Para aquele povo, uma das profissões mais nobres era a de contabilista. Tal profissão
constituía-se no exercício das funções de escriturário, administrador, legislador geral e
de impostos, diplomata e até ministro; os profissionais tinham mercado de trabalho
assegurado, em razão, tudo faz crer, do altíssimo valor que se atribuía à escrita,
notadamente a aplicada ao informe sobre a riqueza.
Os historiadores, todavia, mesmo os mais detalhistas, não enfocaram a organização
de classes profissionais ao longo da historia, tal como a que ocorreu, como fenómeno
social, na Idade Média.
A divisão do trabalho é antiga e está ligada a vocação de cada um para determinadas
tarefas e as circunstâncias que obrigam, muitas vezes, a assumir esse ou aquele trabalho:
ficou prático para o homem em comunidade transferir tarefas e executar a sua. A união
dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha não só
regulada por leis, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe, como os
códigos de ética.
Actividade Voluntária
Outro conceito interessante que podemos examinar é o de profissional, que é
regularmente remunerado ao executar a actividade que exerce, em oposição ao amador,
que podemos conceituar sendo aquele que exerce actividade voluntária e que, nesta
conceituação, este não seria profissional, sendo esta uma conceituação polémica.
Voluntário é aquele que se dispõe a exercer a pratica profissional não remunerada, seja
para fins assistenciais, ou prestação de serviços por um período determinado ou não. É
fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na
actividade voluntária, com o mesmo comprometimento que teria no exercício
profissional se este fosse remunerado. Se a actividade é voluntária, sendo uma opção
realiza-la, é eticamente adequado que esta seja realizada da mesma forma como faz tudo
que é importante em sua vida.
Código de Ética Profissional
A ética compreende os fundamentos dos códigos deontológicos ou éticos porque
estuda e reflecte a conduta. Tais códigos reflectem o contexto de constituição da própria
profissão, o modo como ela se organiza, como ela se situa em dada sociedade, como os
seus membros se relacionam entre sí e com os usuários de seus serviços.
Sempre, quando se fala em virtudes profissionais, é preciso mencionar a existência dos
códigos de ética profissional.
As relações de valor que existem entre o ideal, moral traçado e os diversos campos da
conduta humana podem ser reunidos em um instrumento regulador. Assim o código de
ética é uma espécie de contrato de classe em que os órgãos de fiscalização do exercício
da profissão passam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, pois de
critérios de conduta de um individuo perante seu grupo social. Tem como base as
virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da profissão abrangendo o
relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade. O interesse no
cumprimento do referido código deve ser de todos. O exercício de uma virtude
obrigatória torna-se exigível para cada profissional como se uma lei fosse, uma vez que

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toda comunidade possui elementos qualificados e alguns que transgridem a prática das
virtudes: seria utópico admitir uniformidade de conduta.
A disciplina, entretanto, é um contrato de atitudes, de deveres, de estados de
consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente nas
classes profissionais que são ingressas de cursos universitários (contadores, médicos,
advogados, psicólogos, etc.).
Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar
que se macule o bom nome e o conceito social de uma categoria.
Base filosófica dos códigos de ética profissional
Para que um código de Ética Profissional seja organizado, é preciso,
preliminarmente, que se trace a sua base filosófica. Tal base deve estribar-se nas
virtudes exigíveis a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral abrange as
relações com utentes dos serviços, os colegas, a classe e a nação.
As virtudes básicas são comuns a todos os códigos. As virtudes específicas de cada
profissão representam as variações entre os diversos estatutos éticos.
O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer profissão, pois representa uma
qualidade imprescindível a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar.
O sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que não lidam com
confidências e resguardos de direitos. Um contabilista precisa guardar sigilo dos
segredos que conhece da vida dos negócios, mas um agrónomo já não tem muito que
reservar-se em relação às tarefas que executa.
Cada profissão tem suas próprias características e isto exige também virtudes
pertinentes a um desempenho de boa qualidade.
Traçar, pois, as linhas mestres de um código, é compor a filosofia que será seguida e
que forma a base essencial do mesmo. Sejam quais forem as linhas mestres de um
código de ética, elas serão sempre linhas de virtude a serem seguidas.
Abase filosófica é necessária para que se forme a estrutura. Formada a estrutura, a partir
dela, traçam-se os detalhes. O princípio será sempre o de estabelecer qual a forma de
um profissional se conduzir no exercício profissional, de maneira a não prejudicar
terceiros e a garantir uma qualidade eficaz de trabalho- essa a orientação filosófica
fundamental
Peculiaridades em um código de Ética Profissional.
As peculiaridades em um código de conduta profissional dependem de diversos
factores, todos ligados à forma como a profissão se desempenha, ao nível de
conhecimentos que exige, ao ambiente em que é executada etc.
Isto significa que não pode existir um padrão universal que seja aplicável com
eficácia a todos os casos, embora as linhas mestres sejam comuns, pois comuns são as
principais virtudes de todas as profissões exigíveis.
Logo, existem códigos de ética, e não apenas um código de ética, quando se tem na
mira objectivar o exercício profissional ou de conduta de um grupo.
As classes, através de suas instituições, de seus líderes, são os naturais elementos
geradores de tais estatutos, os quais precisam surgir do amplo debate, da franca
intervenção de todos, de forma a possibilitar uma realidade e algo que efectivamente
seja exequível e abrangente.

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Devem ser colectados, pacientemente, todos os deveres, ou obrigações do individuo
perante todos os ângulos de seu exercício ou seja, em todas as esferas onde possam
ocorrer relações pessoais que exijam actos profissionais e humanos a estes pertinentes
Os contabilistas Brasileiros iniciaram o esboço de seu código de ética em 1950, no
congresso Brasileiro de contabilidade, em Belo Horizonte. O tema central de tal
conclave foi o código de ética. Os debates foram se sucedendo, as contribuições se
somando, até que o conselho federal de contabilidade, em 1970, através de uma
resolução, oficializou a matéria.
Foram decorridos 20 anos de amadurecidos estudos. A evolução, todavia ocorrida
nas profissões, através da mudança de costumes, do avanço da tecnologia, das
alterações nas políticas sociais, do progresso das nações, da dilatação dos mercados etc.,
exerce influência nas condutas e os códigos se desajustam, por mais cuidadosas que
tenham sido suas elaborações.
Tais desajustes atingem, normalmente, os aspectos da forma de trabalhar, porque são
estes os mais sensíveis às modificações
Quando, todavia, a operacionalidade no trabalho se altera, é possível que também se
alterem formas de relacionamento pessoal, e, logicamente, a conduta.
Puritanismo e Ética Profissional
Atitudes exageradas, em relação às virtudes, são antinaturais, logo, também
enfraquecem seus valores éticos
Não é sem razão que Carrel escreveu: “A virtude adquiriu, graças aos puritanos, uma
desgraçada reputação. Foi confundida com a hipocrisia, a intolerância, a dureza, a
afectação”(Carrel, Alexis. Op.cit.p.139).
Os extremos, em matéria de conduta, parecem perigosos, e isto se agrava quando se
prende a detalhes, às vezes, de mínima relevância.
Devemos considerar sempre o que mais caracteriza um acto, diante da intenção
maior; pequenos erros são às vezes toleráveis, quando não intencionais.
A infalibilidade, não se encontra em qualquer ser.
Até as máquinas falham; o próprio computador, com todos os seus inequívocos e
maravilhosos recursos, por vezes, nos apresenta comportamentos discrepantes.
A intransigência não é uma virtude. Opostamente, aquele que em tudo vê a fraude, a
má-fé, o erro, mesmo que seja insignificante, não se encontra no melhor de sua
capacidade mental.
Conhece-se pessoas desse género, cujo único assunto é criticar todos e que só
observam, em tudo, lesões à virtude. Imaginam-se puros e intocáveis.
Tal comportamento não é ético, pois caracteriza a intolerância, e esta, quase sempre,
gera o espírito de perseguição, calúnia, traição e demais vícios; ou seja, ao admitir-se o
único virtuoso do mundo, o puritano acaba por enlamear, muitas vezes, a honra até de
inocente.
Quando isto ocorre no âmbito das profissões, a tendência é de que tais indivíduos
terminem isolados em seu grupo.
Sabemos que, em matéria de prestação de serviços, conseguem-se actos de grande
expressão virtuosa, às vezes seguindo alguns caminhos aparentemente não virtuosos.
O advogado, ao defender o criminoso, aos olhos de um puritano pratica acto imoral
Um contador, ao deixar de denunciar ao fisco um cliente que está em atraso de
pagamentos como a lei certa vez exigiu, para o puritano é transgressor.

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Um médico, ao dizer ao paciente que seu estado não é grave, sabendo que é terminal,
aos olhos do puritano é desleal.
Entretanto, o advogado não está a defender o crime mas sim o cidadão, o contador a
defender a vida da empresa, e não a inadimplência, o médico a amenizar a aflição do
paciente, e não engana-lo em um caso já perdido.
Os actos precisam ser julgados com suas relatividades. Toda a natureza, obra de uma
inteligência muito superior à nossa, nos dá exemplos exuberantes de relatividade, em
todas as suas manifestações.
Puritanismo é um vício quando prejudica terceiros, quando, em uma comunidade,
procura abalar o valor ético das instituições e de líderes que as representam.
Em nome de uma pseudomoralidade, muitas denúncias se fazem, muitas acusações
se realizam, baseadas, às vezes, na simples aparência ou na análise parcial de formas de
atitudes, desconhecendo a essência e o resultado destas.
É da natureza do puritano ver fantasmas em tudo e ser sempre contra quase tudo, em
todas as suas acções.
Tais indivíduos, em nome de sua ética particular, lesam, quase sempre, a verdade
ética.
Conduta individual e sucesso
A conduta sadia do ser, consigo mesmo e com seu ambiente, habita ao sucesso.
Entre os muitos estudiosos da questão, Alexis Carrel conseguiu sintetizar sobre as
relações ambientais, seus pontos de vista, em princípios aptos para a felicidade, todos
de índole ética.
Embora não seja o exclusivo tratadista da matéria, entendemos que foi com
propriedade que objectivou os seguintes:
- Considerar o triunfo da vida como nossa principal ocupação.
- Aceitar a ordem das coisas, resignando-nos a uma vonluntária limitação da
liberdade, para nos submetermos a uma regra.
- Optar pela ordem, em vez da fantasia, e pelo esforço constante, em vez da
despreocupação irresponsável.
- Utilizar ao mesmo tempo, o saber e a crença, a inteligência e o sentimento.
- Utilizar todas as aquisições da humanidade, tanto a religião como a ciência.
- Incorporar, nas formas racionais, os elementos passional, afetivo e religioso.
- Substituir pelos conceitos e princípios científicos aqueles conceitos e princípios
fisiológiicos.
- Levar em conta o económico, o que é uma condição necessária, mas não
suficiente, para o triunfo. Subordinar esse económico ao humano.
- Tirar partido de todos os elementos humanos idóneos, tais como os liberais
sinceros e os intelectuais democratas; neutrlizar os preguiçosos, os especuladores, o
poder do dinheiro, os traidores, os avarentos, os criminosos e os loucos. É a qualidade
que importa, porque a quantidade não basta.
- Recordar a importância do desenvolvimento simultâneo e conjugado do fisiológico
e do intelectual.
- Recordar, outrossim, que o homem tem necessidades, e não direitos, e que essas
necessidades diferem segundo as funções. Os crentes não têm de se inquietar co a
substituição dos conceitos científicos pelas ideologias. Só uma verdade existe. Todas as
suas parcelas encontramos encerradas nas ideologias.(Carrel, Alexis. Op.cit.p. 304.).

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Carrel estabelece, em seus princípios os caminhos que entende sejam os que
conduzem o homem ao triunfo. Denotam, em sua essência, um tipo de conduta que se
basea na atenção em si mesmo, no próximo e nos objectivos definidos.
O sucesso, todavia, como o entende a sociedade actual, nem sempre tem-se
coadunado com essas normas. Não é pequeno o número de pessoas que enriquecem e
passam a desfrutar de prestígio, tendo alcançado a fortuna pelas vias de corrupção,
notadamente no mundo político e do comercio ilegal.
Não se confundem, pois, o que na actualidade se considera como sucesso e aquilo
que integralmente o ser consegue pela prática do ideal, da virtude, da conduta
respeitosa.
Conhece-se, homens que enriqueceram prodigiosamente, na política ás custas dos
mais duros golpes de corrupção contra o estado e contra seus semelhantes.
Seria absurdo admitir, pois, enriquecimento como sendo sucesso e sucesso sem
virtude.
O enriquecimento pode ser conseguido às custas da ausência de virtude, mas o
sucesso desta depende.
Por mais que se tenham corrompido os costumes, por mais que se tenham deixado
sem punição os que furtaram em suas funções públicas, em tempo nenhum essas coisas
conseguirão destruir a verdade contida na virtude.
O sucesso, tal como admitimos para um homem integral, jamais poderá ser
alcançado sem a prática da ética.
Embora deixamos de concordar com alguns itens dos princípios de Carrel,
admitimos que o sucesso repousa na associação do amor com a sabedoria, somado
tudo à acção e a uma constante reflexão sobre tudo o que se faz .
É pelo exercício do espírito que o homem alcança seus maiores objectivos, ou seja
pela crença firme em sí mesmo, pela determinação obstinada em seus propósitos
honestos, pelo desejo de dar a seu semelhante as mesmas oportunidade e respeito que
recebe.
Se amamos o que fazemos, o fruto de nosso trabalho será de boa qualidade e trará
proveito. Se nos valorizamos pela sabedoria, é possível, profissionalmente, cada vez
mais, auferimos melhores rendimentos. Se agimos sem tréguas, eticamente,
conseguimos realizar e materializar os ideais. Nessa acção está compreendida a
qualidade do trabalho que busca a possível perfeição e o respeito às necessidades dos
utentes dos serviços que prestamos.
Finalmente, se refletimos, estamos sempre em conexão com as forças
transcendentais que parecem vir a nós pela ligação que estabelecemos pelo pensamento
reflexivo ( a oração tem sido um caminho, quando ela é uma forma livre de lançar ao
espaço nossos juízos).

III. PROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA
A expressão profissão provém do Latim professione, do substantivo professio, que
teve diversas acepções naquele idioma, mas foi empregado por Cícero como “ acção de
fazer profissão de”( Cícero, Marco T úlio. De oratore. 1, 21. Bolonha:Zanichelli,1992.).
O conceito de profissão, na actuakidade, aquele que se aceita, representa:” trabalho
que se pratica com habitualidade a serviço de terceiros”, ou seja, “ prática constante de
um ofício.

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A profissão tem, pois, além de sua utilidade para o individuo, uma rara expressão
social e moral.
Basta lembrar os pontos que Cuvillier, com rara felicidade e oportunidade, destaca:
- É pela profissão que o individuo se destaca e se realiza plenamente, provando sua
capacidade , habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para
vencer obstáculos.
- Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral.
- É na profissão que o homem pode ser útil a sua comunidade e nela se eleva e
destaca, na prática dessa solidareidade orgânica.( Cuvillier, Manuel de philosophie. 9
ed. Paris: Armand Colin, 1947. P.358-359.).
De facto, se acompanharmos a vida de um profissional, desde a sua formação escolar
até seu êxito final, vamos observar o quanto ele produz e recebe de utilidade.
Profissão em contabilidade, um exemplo expressivo
Quem leu a autobiografia de D Auria ou Hilário Franco pode ter perfeita noção
dessas trajectórias gloriosas de dois grandes cientistas de contabilidade.
Tiveram eles o cuidado de oferecê-las, como documenário de uma vida útil e
gloriosa no campo de uma profissão de alta utilidade social.
Muitos outros exemplos poderíamos citar de vidas profissionais relevantes, em
muitíssimas áreas, umas maiores, outras não tanto mas todas valorosas como
contribuição aos semelhantes.
Sendo uma das profissões mais antigas do homem, evoluiu com a sociedade e hoje
se situa entre as mais requeridas ( não há, praticamente, crise em seu mercado de
trabalho) e as mais difundidas, pois toda empresa e toda instituição precisam,
obrigatóriamente, de tais serviços.
A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células
sociai, com o objectivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação
dos fenómenos patrimoniai, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais,
ecõnomicos, tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de
instrumentação histórica da vida da riqueza.
Os deveres profissionais que ela impõe, por conseguinte, são os da utilidade, em
relação à explicação dos fenómenos da natureza que as células sociais utilizam para
suprirem suas necessidades de existência, tão como de informes(função técnica, de n
´vel médio, da contabilidade.) e opiniões sobre tudo o que se relaciona ao património
das pessoas naturais ou jurídicas.
O ser que se dedica à contabilidade possui deveres para com a regularidade do
emprego racional da riqueza nas empresas, nas instituições diversas, assim como
perante o ensino, a pesquisa, a difusão cultural e educacional, o mercado, a sociedade
e também na produção de provas e opiniões sobre comportamentos do património.
Necessita o contabilista , de uma consciência profissional que possa guiar seus
trabalhos e de virtudes que possam ser parametrias, considerada a imensa
responsabilidade de tais tarefas.
O trabalho é um dever social( Aristóteles A politica cap.2 paragráfo2), mas, além
de tudo, algo que realiza quem o faz, se, realmente , no exercício de suas tarefas,
emprega o amor como guia de suas acções.
A profissão permite que o individuo exerça sua função de solidariedade para com
seus semelhantes, recebendo, em troco, não só dignidades, mas compensações que
permitem, inclusive, o enriquecimento material.

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Foi pelo caminho de cuidar do património de terceiros, inclusive, que muitos
contadores se enriqueceram partindo de suas bases profissionais.
Valor social da profissão
A quase totalidade das profissões liberais possui grande valor social. O que varia é
sua forma de actuação e a natureza qualitativa dos serviços perante as necessidades
humanas.
A saúde, a educação, o lazer, a habitação, a vida empresarial e institucional etc. são
grandes objectivos que necessitam da atuação do profissional.
Médicos, Professores, escritores, engenheiros, administradores, contadores,
advogados, psicólogos, biólogos, agrónomos etc. são elementos indispensáveis á vida
social, em tarefas de relevante importância.
A contabilidade destaca-se por seu papel de protecção à vida da riqueza das células
sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento
patrimonial.
Entende-se, todavia, ser uma das maiores, entre todas as utilidades da profissão
contábil, aquela que se baseia na consciência de que é por levar as células sociais à
eficácia que se consegue o bem-estar nas nações e das comunidades em geral,
O á pice da consciência profissional em contabilidade encontra-se nessa imensa
responsabilidade de servir a todo o social, embora, obviamente, não se exclua, pela
importância inequívoca que têm, as responsabilidades pela produção de provas,
informes qualificados, análises e opiniões.
Ao exercer sua profissão, o contabilista pratica uma função nitidamente social
como um autêntico médico de empresas e instituições, e ao mantê-las sadias cuida,
também, da riqueza social (que é uma concepção abstracta, decorrente da somatória dos
patrimónios celulares).
O trabalho nessa área não serve apenas ao profissional e a sua família, mas, quando
de qualidade, tem condições de dignificar sua classe e cumprir a finalidade abrangente
das organizações humanas.
A dignidade no cumprimento estará sempre ao lado de uma utilidade ampla,
coerente com os interesses de todos, embora o campo de actividade seja celular, das
unidades de um todo.
Todavia, como não há total sem parcelas e a expressão da soma depende daquela de
suas unidades, uma consciência firme profissional, como condição ética, tende a
beneficiar a todos, postos que se exerce, exactamente, nas parcelas activas da sociedade.
As influências que pela contabilidade podem ser exercidas no destino da riqueza das
células sociais são muito fortes.
Um bom conhecedor de tal disciplina pode conduzir á prosperidade, através da
ampliação das oportunidades de emprego, do aumento dos índices de investimentos, da
adequação da utilização racional e do menor custo de financiamentos, da redução de
gastos, do aumento de receitas, da atribuição de destinos correctos aos lucros, do ensejo
da justiça no pagamento da mão-de –obra, do aumento de produtividade do capital, em
suma, da oferta de orientações tão competentes ao uso adequado da riqueza que, por
efeito de sua actuação o progresso tem condições de efectivar-se.
No campo da informação, também, o profissional exerce um grande papel que
beneficia o estado, as instituições, as empresas, os investidores etc.
Hoje, nas tendências mais modernas, parte-se para uma normalização de tais
informes, adequada aquela a cada utilidade que deve prestar.

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O papel do profissional é produzir tal utilidade, ou seja, por seu conhecimento, por
suas virtudes pessoais no exercício, propiciar a eficácia na utilização da riqueza,
oferecendo como decorrência informes, pareceres,estudos, planos etc.
Cumpre, ainda, no campo da justiça, das provas, o importante papel de perito,
ensejando decisões que modificam o destino das pessoas, como, também, no campo da
auditoria, tem por função certificar situações para ensejar formação de opiniões
diversas.
Nesse particular, tal profissão tem seu relevo de “ fé pública” no informe e na
interpretação de factos, requerendo responsabilidades de alto teor e o uso de uma
consciência específica e muito mais rigorosa.
Responsabilidade, Utilidade e projecção Profissional
Entre os diversos campos profissionais, o Contabilista tem a seu dispor um dos
maiores mercados, pois nenhuma empresa e nenhuma instituição podem dispensar sua
assistência constante; por isso, proporcionalmente, se agigantam as responsabilidades e
os deveres, mas também as dignidades e as recompensas pelo exercício.
Não são poucos os contabilistas que hoje se encontram no poder, quer de empresas
(como dirigentes ), quer no Estado (como deputados, ministros, altos funcionários), quer
nas instituições em geral. Passam a fazer parte de uma classe média e média alta,
tendendo à alta, em razão de seu valor pessoal, adquirido através do exercício da
profissão.
O mesmo ocorre com advogados, médicos, engenheiros, administradores e outros
que galgaram tais posições em decorrência de seus valores profissionais, projectandose pela qualidade de seus trabalhos.
Em países de alto grau de civilização, os dirigentes nada resolvem sem ouvir serus
contadores; em totós principais negócios, nas principais decisões, estão sempre
presentes tais profissionais, pois temem os gestores praticar falhas, irreparáveis.
A responsabilidade que lhes é atribuída advém da utilidade que prestam e, como
decorrência, os benefícios surgem.
Os benefícios que os profissionais propiciam, cumprindo as responsabilidades de seu
trabalho, passam a dar-lhes notoriedade, ampliando o grau de satisfação em relação a
eles e quase criando uma obrigação de retribuição moral por parte dos beneficiados.
Esta razão pela qual, com sucesso, muitos deles chegam a cargos eletivos, com relativa
facilidade.
A oportunidade de servir é retribuída, socialmente, com aquela de usufruir o
prestígio granjeado.
A sociedade acaba por retribuir amplamente os serviços com qualidade que a ela o
profissional dá com amor.
Aquele que se conduz eticamente bem recebe de volta o bem social que pratica.
IV. ÉTICA E PROFISSÃO
Observada em tese, em seu sentido geral, a profissão, como exercício habitual de
uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no complexo da sociedade como
uma actividade específica.
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a quem pratica e a quem recebe o
fruto do trabalho, também exigi, nessas relações, a preservação de uma conduta
condizente com os princípios éticos específicos.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga

O grupo de profissionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas
classes profissionais e também a conduta pertinente.
Existem aspectos claros de observação do comportamento, nas diversas esferas em
que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante
a classe, perante a sociedade , perante a pátria, perante a própria humanidade como
conceito global.
A consideração ética, sendo relativa, também hoje se analisa do ponto de vista da
necessidade de uma conduta de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos que
possuem tradições e costumes diferentes.
Valor da profissão, utilidade e expressão ética
A profissão, como prática habitual de um trabalho, oferece uma relação entre a
necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica para o
sucesso de todas as partes envolvidas – quer sejam os indivíduos directamente ligados
ao trabalho, quer sejam os grupos, maiores ou menores, onde tal relação se insere.
Quem pratica a profissão dela se beneficia, assim como o utente dos serviços
também desfruta de tal utilidade. Isto não significa, entretanto, que tudo o que é útil
entre duas partes o seja para terceiros e para a sociedade.
Um empresário que precisa estar informado e orientado sobre seus negócios, em face
do que vai ocorrendo com seu capital, necessita de um profissional especializado em
contabilidade. Em reciprocidade, o diplomado em contabilidade necessita do trabalho e
de oportunidade que o empresário vai lhe oferecer. Estas são relações directas entre
quem presta o serviço e o que deste se beneficia.
Na oportunidade oferecida, tem os contabilistas meios de mostrar todas as suas
capacidades e, em decorrência, construir seu conceito profissional.
O conceito profissional é a evidência, perante terceiros, das capacidades e virtudes
de um ser no exercício de um trabalho habitual de qualidade superior.
Não se constrói um conceito pleno, todavia, sem que se pratique uma conduta
também qualificada.
O valor profissional deve acompanhar-se de um valor ético para que exista uma
integral imagem de qualidade.
Quando só existe a competência técnica e científica e não existe uma conduta
virtuosa, a tendência é de que o conceito, no campo do trabalho, possa abalar-se,
notadamente em profissões que lidam com maiores riscos.
Um advogado por exemplo, que defenda o réu e sirva também ao autor, quebra um
princípio ético e se desmerece, conceitualmente, como profissional.
A profissão, pois, que pode enobrecer pela acção correcta e competente, pode
também ensejar a desmoralização, através da conduta inconveniente, com a quebra de
princípios éticos.
O sentido de utilidade pode existir e a ética não se cumprir.
No exemplo que citamos, o advogado serviu, sendo útil a uma das partes, mas,
eticamente, praticou conduta condenável.
Ocorreu repito, um acto útil para duas partes ( advogado e cliente), mas com
ausência da ética (advogar para quem é autor onde o réu é empregador do
profissional). O utilitário pode ser também antiético, portanto, segundo determinadas
circunstâncias.
Não podemos negar no caso exemplificado, que ocorreu a utilidade, mas também
não podemos negar que se infringiu a Ética.

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O valor da utilidade, pois, é relativo e pode contrariar os preceitos de uma conduta
sadia.
Especialização, Cultura e utilidade profissional
No campo educacional, tem-se alegado que o excesso de especialização termina por
marginalizar, socialmente, o profissional.( GIDE, Charles. Essai d une philosophie de la
solidarité, Paris,1928).
Outros apregoam, opostamente, que a especialização é a solução para a qualidade do
trabalho e para a sociedade, como maior veículo de utilidade; sociólogos, como
Durkheim, inclusive, proclamaram ser a vida das classes aquela que se assemelha a de
uma família, fazendo a apologia das especializações.
Entende-se, particularmente, que o nível de cultura profissional depende do que se
faz exigível, porque a tarefa pode realizar-se em diversos âmbitos: no campo de
pesquisa, da literatura, do ensino, do exercício prático geral, do exercício prático
específico etc.
A cultura geral ensina a viver com maior intensidade e a compreender a própria
especialização sob um prisma de maior valor.
Pode parecer supérfuo, por exemplo a um administrador profissional, os
conhecimentos de psicologia, ,psicanálise, cibernética mas na verdade, se tiver bases
nesses ramos, conseguirá, com muito melhor qualidade, entender as questões relativas à
qualidade da decisão, da selecção de pessoal, da motivação para a produção etc.
A maior visão ensejará, automaticamente, maior qualidade de trabalho no campo
administrativo, com proveitos para a eficácia da gestão.
A um contador pode parecer supérfluo o conhecimento de lógica, mas compreenderá
todo o seu valor quando se aprofundar nas questões de análise dos fenómenos
patrimoniais das células sociais, onde precisará conscientizar-se da força dos princípios
que regem as relações dos fenómenos da riqueza e saber como classificá-los.
Se ele se dedicar ao magistério, à pesquisa, muito perderá em qualidade de trabalho
se não se não conhecer a epistemologia.
Não existe cultura inútil, mas sim os que não sabem reconhecer a utilidade da
cultura. Por menor que seja o conhecimento, ele será sempre maior que a ignorância
(De Sá, António Lopes Ética Profissional 4ª Ed, revista e ampliada São Paulo Atlas2001).
O valor do exercício profissional tende a aumentar à medida que o profissional
também aumentar sua cultura, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos os
demais, como são os relativos às culturas filosóficas, matemáticas e históricas.
Uma classe que se sustenta em elites cultas tem garantida sua posição social, porque
se habilita às lideranças e aos postos de comando no poder.
A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível negar tal evidência;
não se trata apenas da identificação de uma classe de valor, mas também da qualidade
superior que esse valor pode alcançar, se a especialização for complementada com
outras culturas.
Embora a autonomia profissional seja inequívoca, também o é que os limites de
cada profissão sempre se confinam com os de outros; serão sempre mais qualificados a
prática e o entendimento quanto menos muralhas existirem nessas demarcações, ou seja,
quanto mais um saber ou técnica de outro similar se aproveitar.
O contador que possui conhecimentos em administração, economia, direito,
sociologia, matemática e lógica está muito mais credenciado ao sucesso que aquele que
se limita apenas ao conhecimento eminentemente contábil.

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O argumento que se usa, em sentido absoluto, de que aquilo que se ganha em
extensão se perde em profundidade é falsa.
Depende, sim, da profundidade que já se tenha e da extensão a que se dedica um ser,
nas áreas do conhecimento humano.
A extensão do saber nunca prejudicou, pelo contrário, muito auxiliou grandes
pensadores e cientistas, ao longo dos tempos, como nos prova a história. A utilidade e a
qualidade do trabalho tendem a ser tanto maiores quanto maior for a cultura do
profissional.
Igualmente, a conduta tende a ser tanto mais qualificado quanto maior for o grau de
cultura. É inequívoco, pois, que a qualidade da conduta tende a crescer na razão direita
da qualidade da cultura.
Função social da profissão e ambiência social contemporânea
É inequívoco que o trabalho individual influencia e recebe influências do meio onde
é praticado. Não é pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua contribuição
ou a sonega. Quando adquire a consciência do valor social de sua acção, da vontade
volvida ao geral, pode realizar importantes feitos que alcançam repercussão ampla.
Quando o Estado, como organização promovida pela sociedade motiva a ideia do
colectivo, quando as administrações públicas são sinceras com o seu povo, quando a
justiça é aplicada sem protecionismo e sem acobertar os erros dos mais poderosos, a
consciência social se exerce com maior influência.
Diante,
Todavia, o exercício ineficaz da autoridade e de um poder corrupto, oligárquico e
incompetente abala a vontade de uma acção de cooperação para com o Estado.
Nas circunstâncias descritas, podem ocorrer atitudes mentais adversas para a nação e
para a sociedade.
Assim, por exemplo, a corrupção e o roubo podem implantar-se como conduta
justificável diante daquelas praticadas pelo poder.
O raciocínio de que se o Governo rouba o tesouro, e se o Governo é o representante
de todo, e se nesse caso é o todo que está a furtar e, por isso, torna-se justificável que
cada um também o faça, leva à destruição dos costumes e enfraquece o vigor das
sociedades.
A ideia do Estado que requer a participação igualitária de todos é consequência de
todo um processo histórico e uma cultura que se consolida nessas áreas do ideal.
( Spenglerr, Oswaldo. La decadência de accidente. Madrid: Espasa-calpe,1945. V.4,p
149 ss.). Como isso nega, em parte, a ideia de que a contribuição seja uma índole e
tenha força para sobrepujar o interesse individual.
É imprescindível que as profissões se preocupem com o social, mas se não são
induzidas a isto, o que tende a ocorrer é a acção irresponsável de todos.
O que é natural, como ético, é que a profissão esteja a serviço do social, quer das
células, quer do conjunto indiscriminadamente.
Quando o profissional, isoladamente, e as classes profissionais, por suas entidades
representantes, agem em favor de uma cooperação orgânica, social, consegue-se o
estágio idealmente desejável.
É preciso, todavia, para que isso ocorra, que haja uma atmosfera moral competente,
nem sempre observável em nossa época.
A respeito da questão, escreveu Toffler, analizando a situação do fim do século XX,
que “a lista dos problemas que a nossa própria sociedade enfrenta é interminável.
Sentimos o cheiro do apodrecimento moral de uma civilização industrial moribunda,

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enquanto vemos as instituições, uma atrás da outra, sucumbir num turbilhão de
ineficácia e corrupção. Consequentemente, o ar enche-se de amarguras, queixas e
clamores por uma mudança radical( Toffler,,Alvin, Toffler, Heidi. Criando uma nova
civilização. Lisboa: Livros do Brazil, 1995. P.139.).
Ao reclamar que o mundo mudou, mas que a política e o procedimento ético não
acompanharam tal mudança, o autor mostra o elevadíssimo grau de decadência moral a
que se chegou, em razão do poder das minorias, que vêm mantendo uma fachada de
democracia, mas sem que o povo tenha acção sobre os verdadeiros destinos de suas
nações.
Os acordos entre os grupos políticos que decidem em troca de favorecimentos e ao
sabor de suas vontades subjectivas formam o que pode denominar-se “ditadura
democrática”, por paradoxal que pareça; ditadura porque o poder se concentra nas mãos
de grupos pequenos, que agem como desejam, e democrática porque tem rótulo de
governo do povo, sem que este, todavia, influa directamente nas decisões que lhe atinge.
Esse clima de descontentamento que hoje assistimos, através do terrorismo, das
greves, da delinquência, da libertinagem tão livre quanto a prostituição, do abalo das
estruturas dos lares, das fraudes gigantescas contra o povo, sempre parece ter existido, a
julgar-se pelas obras dos clássicos que também reclamavam de suas épocas; na era
actual, todavia, não encontram justificativas de tais desajustes, diante dos imensos
auxílios dimanados dos progressos da ciência e da tecnologias.
A realidade mostra-nos que os vultosos recursos que foram conquistados no campo
do conhecimento não se fizeram acompanhar de evoluções no campo da política, do
social, e tudo isso é consequência da debilidade da educação moral, do mau emprego
da mídia eletrônica e do desrespeito às instituições.
Estamos, cada vez mais, nos constituindo, como diz Toffler, em uma “sociedade
desmassificada”, o que também cada vez mais dificulta a mobilização de maiorias para
uma posição de reforma imediata(Toffler,Alvin, Tooffler, Heidi. Op. Cit.p.183.).
A luta pelo mercado do trabalho , por exemplo, tem, também, produzido fenómenos
sociais típicos de desrespeito entre as classes, dentro de um outro desrespeito geral que
não observa os compromissos da qualidade de trabalho, mas exclusivamente a produção
de lucros.
A ausência da responsabilidade para com o colectivo gera, como consequência
natural, irresponsabilidade para com a qualidade do trabalho.
Ofertas indiscriminadas de”pacote de propostas”, com rótulos mercadológicos,
invadem os mercados de serviços e de bens, sem nenhum compromisso com a utilidade.
Não podemos negar que o Estado nasceu de uma vontade das sociedades de se
organizarem, mas não é menor verdade que a autoridade e o poder exercidos em nome
de tal instituição nem sempre se têm comportado dentro dos interesses das próprias
sociedades.
O objectivo do Estado é o bem público, mas nem sempre os dirigentes, incumbidos
de cumprir tais propósitos, se comportaram dentro de uma filosofia sadia e motivadora
da ética.
O direito pode legitimar um poder e este legitimar outras situações de direito, mas
nada disso legitima a conduta que se processa contra os princípios éticos. Não se
confundem, pois, as formas legais com as essências éticas, e nisso pode residir uma
colisão entre as acções do poder e aquelas da real prática das virtudes.
A obrigação ética não se confunde, com a obrigação legal, imposta pelo poder.
A ideia de um Estado infalível idealmente perfeito, tem-se comprovado uma utopia,
embora a meta a alcançar seja a de uma organização eficaz, pois o desejável está em

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possuir-se uma macrocélula social que possa coordenar e ensejar a liberdade, o
crescimento e o bem-estar de todas as demais.
O social em si, o Estado como decorrência do social, as classes, os grupos e as
relações próximas entre os seres criam deveres éticos específicos e definidos em relação
à conduta relativa a cada um.
Uma sociedade absolutamente eficaz e um Estado igualmente eficaz são abstrações
que a teoria deve buscar nas configurações teóricas, nos modelos a serem construídos
para as condutas.
A realidade, mostra-nos, também, que não existem sociedades constituídas total e
exclusivamente por virtuosos, nem só por células sociais eficazes.
A tarefa da ciência ética e das ciências sociais é contribuir para que tais estágios
desejáveis sejam alcançados, pelo menos, quase totalmente.
Isto implica a produção de modelos científicos que podem ser construídos para que
sejam paradigmas de uma nova sociedade, conquistada pelos esforços do
aperfeiçoamento das condutas e da consecução da felicidade.

V. DEVERES PROFISSIONAIS
Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão
são deveres éticos.
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma qualidade a
terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem requer a
tarefa, possam a ser uma obrigação perante o desempenho.

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Logo, um complexo de deveres envolve a vida profissional, sob os ângulos da
conduta a ser seguida para a execução de um trabalho.
Esses deveres impõem-se a passam a orientar a acção do profissional perante seu
utente, se grupo, seus colegas, a sociedade, o Estado e especialmente perante sua
própria conformação mental e espiritual.
Diferenciam-se, pois, os valores nas tarefas e também a importância destas em face
da conduta humana observável perante a execução.
Tais diferenças, por si sós, já seriam suficientes para a consideração científica do
estudo da questão (SIMPSON, George. O homem na sociedade. Rio de Janeiro: Bloch,
1954.p. 115).
Escolhido o trabalho, que desempenhará com habitualidade o ser se compromete
com todo um agregado de deveres éticos, pertinentes e compatíveis com a escolha da
tarefa a ser desempenhada.
Existem aspectos de uma objectividade, volvida ao trabalho, que apresenta
particularidades próprias e também peculiares a cada especialização, ou seja, há um
complexo de valores pertinentes a cada profissão.
Conceito do dever Profissional e escolha da Profissão
Quando escolhemos o que fazer, devemos consultar nossa consciência: se a tarefa é,
realmente, a desejável, a condizente com o que nos apraz, e se possuímos pendor para
realizá-la.
Nem sempre a escolha coincide com a vocação, mas feita a escolha, inicia-se um
compromisso entre o individuo e o trabalho que se propõe a realizar. Tal compromisso,
essencial está principalmente volvido para a produção com qualidade, ou seja para a
materialização de um esforço, no sentido de que se consiga oferecer o melhor trabalho.
O dever nasce primeiro do empenho de escolher, depois daquele de conhecer, e
finalmente do de executar as tarefas, com a prática de uma conduta lastreada em
valores ou guias de conduta.
Não basta escolher a profissão de administrador, advogado, analista de
sistemas,,biólogo, contabilista, engenheiro, jornalista, médico, modelo, professor, seja a
que for: é preciso que, ao buscar conhecer a tarefa, haja uma ligação sensível com a
mesma, de modo que possa ser prazenteira e ensejar por isso, a prática sob os influxos
do amor e do que se faz concretamente desejável.
A origem, a proveniência, a genes do dever é a escolha da tarefa. Daí decorrem os
compromissos do pleno conhecimento da mesma; tudo se complementa com o dever da
qualidade da execução e com uma conduta valorosa, calcada em uma escolha de
práticas úteis e causadoras de benefícios.
Essas são as relações essenciais no fenómeno do dever ético.
A escolha da profissão implica o dever do conhecimento e o dever do conhecimento
implica o dever da execução adequada.
A escolha de uma tarefa habitual, deve ser natura, defluente de um encontro de
nossas estruturas mentais com a tarefa prazente, como a solução de uma fórmula de
identidades.
A harmonia na vida muito depende de nossa armonia com o trabalho que
executamos. O dever precisa fluir como algo que traz bem-estar, e não como uma
obrigação imposta que se faz pesada e da qual se deseja logo se livrar.
A profissão não deve ser um meio, apenas, de ganhar a vida, mas de ganhar pela vida
que ela proporciona, representando um propósito de fé. Seus deveres, nesta acepção,

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não são imposições, mas vontades espontâneas. Isso exige, que a selecção da profissão
passe pela vocação, pelo amor ao que se faz, como condição essencial de uma opção.
Quando a selecção da tarefa está de acordo com uma consciência identificada com a
escolha, dificilmente ocorrem as transgressões éticas, porque estas seriam violações da
vontade, contrárias ao próprio ser.
Isto não significa, todavia, que ninguém possa tornar-se um apaixonado adepto de
outro conhecimento, tendo escolhido o que não lhe era movido pelo que entendia estar
vocacionado.
A história regista muitos casos de profissionais de uma área que acabaram por se
notabilizar em outras, em razão de suas genialidades e até da descoberta de aptidões que
eles mesmos desconheciam.
Dever de conhecer a profissão e a tarefa
O exercício de uma profissão demanda a aquisição de pleno conhecimento, o
domínio sobre a tarefa e sobre a forma de executá-la, além de actualização constante e
aperfeiçoamento cultural.
Aceitar um encargo sem ter capacidade para exercê-lo é uma prática condenável, em
razão do prejuízo defluente.
Buscar a perfeição na execução de uma tarefa é um dever do profissional que
depende do conhecimento e da aplicação plena do mesmo.
Um trabalho mal feito pode causar sérios desastres. Mesmo quando se sabe como
fazer, se o trabalho não for executado de acordo com este conhecimento, também se
comete uma infracção ética, ocorrendo, no caso, a negligência,
Desconhecer, todavia, como realizar a tarefa ou apenas saber fazê-la parcialmente,
em face da totalidade do exigível para a eficácia, é conduta que fere os preceitos da
doutrina da moral (Ética).
Um advogado que não se especializou em direito tributário, ao elaborar um contrato
social de uma empresa, pode não cometer engano quanto ao direito comercial, mas se
expõe a falhas que possam vir a agravar a sociedade em razão de erros perante o fisco..
Assim, ao estabelecer no contrato que os lucros apurados serão distribuídos pelos sócios
na proporção de suas cotas, não comete erro do ponto de vista comercial, mas sujeita a
empresa a uma distribuição que será onerada com os impostos pertinentes; o correcto
seria deixar a distribuição dos lucros em bases opcionais.
Um médico especializado em ortopedia que aceita tratar de uma paciente com
problemas relacionadas com a ginecologia pode causar sérios danos em relação a seu
paciente.
Um auditor que aceita dar parecer sobre um grande número de empresas, mas que
não pode acompanhar e supervisionar directamente todos os trabalhos, corre o risco de
certificar situações contrárias à verdade.
Conhecer o que se faz implica não só ser especialista em um ramo para o qual se está
habilitado legalmente, mas também ter todo domínio da tarefa, de modo que ela possa
ser produzida com eficácia.
Conhecimento, no caso, não é apenas a acumulação de teorias, teoremas e
experiências, mas também o domínio pleno sobre tudo o que é abrangido pela tarefa que
se encontra sob responsabilidade directa de um profissional.
O dever de conhecer envolve, pois, o de estar apto perante a ciência, a tecnologia,
arte ( qual seja o caso) e o de ter domínio total sobre tudo o que envolve o desempenho
eficaz da tarefa.

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O dever para com a eficácia da tarefa envolve a posse do saber, a percepção integral
do objecto de trabalho e a aplicação plena do conhecimento de ambos na execução, de
modo a cumprir-se tudo o que se faz exigível, com perfeição desejável,
Ter conhecimento é saber como executar e também ter pleno domínio sobre o que
deve ser executado, quando a questão se trata sobre a visão da ética.
É dever ético-profissional dominar o conhecimento, como condição originária da
qualidade ou eficácia da tarefa.
Um perito em contabilidade pode ser grande conhecedor de como realizar perícia,
mas se não conhece bem o processo em que elas são exigíveis, se está só limitado aos
quesitos formulados, tende a cumprir com deficiência sua tarefa.
É preciso a ocorrência do uso do saber e também da plena cognição da matéria que
se torna objecto da aplicação da técnica ou da ciência, de modo simultâneo, quando o
que se pretende é exercitar uma profissão.
Não se pode excluir da profissão seu carácter de utilidade e não se pode conceber
utilidade sem que a função profissional se exerça com eficácia.
Se a necessidade do cliente não é suprida pelo conhecimento e este não se aplica
totalmente na execução da tarefa profissional, não há como se falar em eficácia, a
menos que motivos de força maior se sobreponham.
Se uma pessoa procura um advogado e a causa é perdida porque todas as evidências
militaram contra a mesma, a ineficácia não é do profissional; o mesmo ocorre no caso
em que um médico perde seu paciente por falta de reacção do organismo deste ao
tratamento prescrito.
Se um empresário frauda o fisco através de obtenção de documentos falsos, a culpa
do delito não é do técnico em contabilidade que efetuou os registos, pois não tinha
meios de verificar a falsidade.
As culpabilidades por ineficácia devem observar os limites do cumprimento dos
deveres e as condições sob as quais estes se cumpram.
Nada, por menor que seja, justifica, todavia, um trabalho ineficaz por intenção ou
negligência, que possa ser considerado apenas “quase bom”, “sofrível” ou “menos
mau”, quando se tem em mira a qualidade da execução ( MARDEN, O.S. op.cit.41ss.).
Factos circunstanciais podem empanar a qualidade de uma tarefa, mas quando ela é
intencionalmente prejudicada, comprovada tal ocorrência, o caso é delituoso, quer
perante a lei, quer perante a doutrina da moral (Ética).

Dever da execução das tarefas e das virtudes exigíveis
Se a profissão eleva o nível moral do individuo, por sua vez, também exige dele uma
prática valorosa, como escolha, pelas vias da virtude.
O êxito tende a ser uma natural decorrência de quem trabalha de modo eficaz, em
plenitude ética.
Não bastam as competências científicas, tecnológica e artísticas; é necessária
também aquela relativa ás virtudes do ser, aplicada ao relacionamento com pessoas,
com a classe, com o Estado, com a sociedade, com a prática.
A consciência profissional necessita de uma formação específica. Não pode ser
considerada eficaz uma tarefa realizada apenas com pleno conhecimento material,

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sendo imprescindível que tudo se exerça sob a actuação de todo um complexo de
virtudes nas quais o zelo, a excelência do produto, é uma das mais louvadas.
O trabalho, por conseguinte, não é feito só com a exclusiva participação do
profissional, mas envolve o interesse de pessoas directamente a ele ligadas e, muitas
outras, indirectamente influenciadas, ou ainda envolve quem o faz e quem dele se
beneficia.
O ciente é o primeiro e directo interessado e merece reciprocidade de confiança,
pois, ao procurar o profissional, já nele depositou fé.
Inicia-se, aí um processo de lealdade que requer a aplicação de todas as virtudes.
É o cliente o mais directo objectivo da utilidade do trabalho e por isso deve,
eticamente, receber toda a atenção, cuidado e dedicação.
De um profissional se exige, geralmente, seja qual for sua função, a prática das
seguintes capacidades básicas como virtudes, como valores necessários e compatíveis à
prática de cada utilidade requerida pelo utente dos serviços profissionais:
Abnegação, altruísmo, aptidão, atitude, autenticidade, benevalência, carácter, cautela,
compreensão, coragem, criatividade, determinação, dignidade, diplomacia, eficácia,
eficiência, fidelidade, gratidão, honestidade, lealdade, moderação,
obediência,
optimismo, perseverança, racionalismo, solidariedade, tolerância, veracidade,
voluntariedade, sigilo, zelo.
O elenco de tais virtudes, de quase uma centena, é ainda incompleto, mas oferece
uma ideia de vastidão de aptidões necessárias, aplicáveis diferentemente, de acordo com
as também variadíssimas necessidades.
Todas essas capacidades desejáveis ensejam deveres a cumprir, de acordo com a
natureza de cada tarefa, e todas são susceptíveis de normalizações no interesse de
grupos profissionais
Entretanto, não é só a quantidade das virtudes que nos deve impressionar; mas,
notadamente, a qualidade com que devem ser desempenhadas pois isto identifica uma
relação entre o carácter do profissional e o exercício de sua profissão.
Nem todas são exigíveis para todas as profissões, visto que as virtudes são variáveis
de acordo com o que se faz desejável ou necessário para o exercício de uma tarefa
determinada, conforme os valores atribuíveis a cada trabalho ou função.
O que representa um valor, uma expressão de virtude, em uma profissão, pode não
representar em outra e até ser considerado inadequado ou fora de propósito.
Há relatividade na apreciação da virtude quando por esta se entende a capacidade do
ser dentro de uma conduta moral ou aprovada para a prática de um trabalho de utilidade
social ou microsicial..
Quando benefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para um desempenho
de labor, forçoso é cumpri-los; só podemos justificar o não-cumprimento quando
factores de ordem muito superior o possam impedir, pois o descumprimento será
sempre uma lesão à consciência ética.
Ao se referir á importância dos deveres, Cícero cita o caso de um advogado que,
tendo prometido defender alguém em uma causa, necessária se fazendo sua presença no
tribunal, teve no mesmo dia, um filho gravemente enfermo; colocou o copromisso com
o filho a cima da presença no tribunal e achou justificável tal posição, diante da
hierarquia dos compromissos e do malefício do abandono de um descendente directo,
desprotegido(Cícero, Marco Túlio. Oficiis. Livro I, p. X.).
Com isso, o pensador romano desejou afirmar que o dever muda de acordo com a
circunstância, mas não deixou de atribuir ao caso o carácter da excepcionalidade. Ele
resumia todas as virtudes nos sentimentos de: (1) busca da verdade; (2) preservação da
sociedade ou do colectivo; (3) moderação; e (4) temperança.

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Poucos pensadores tiveram tão forte, em suas convicções, a preocupação com o
dever da doação, com o bem de terceiros e com o respeito ao que é de cada um (Cícero
De oficiis, Livro I, p. XVI).

VI. VIRTUDE COMO SUBSTÂNCIA ÉTICA
A expressão isolada de Aristóteles “aos hábitos dignos de louvor chamamos
virtudes” deve ser analisada com relatividade.
Nessa expressão quis o genial pensador, ressaltar o efeito (louvor) como causa
determinante e não a virtude em si, ou seja, o que ela de facto representa.
Sabemos também, que virtuosos não são dignos de louvor em meios onde o vício
prevalece, o que não invalida o teor da virtude.
Essa observação torna-se evidente, quando imaginamos que louvor pode ser efeito de
uma forma particular de ver as coisas, relativa a um grupo de pessoas, ou também, uma
óptica particular de conduta grupal..

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  • 1. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Índice I. NOÇÕES BÁSICAS Princípios, Valores e Virtudes 8...................................................................................................2 Relações Sociais e individualismo 11...........................................................................................2 Vocação para o colectivo 12.........................................................................................................2 Classes Profissionais 12................................................................................................................2 Actividade Voluntária 13.............................................................................................................2 Código de Ética Profissional 13....................................................................................................2 Base filosófica dos códigos de ética profissional 14....................................................................2 Peculiaridades em um código de Ética Profissional 14................................................................2 Puritanismo e Ética Profissional 15.............................................................................................2 Conduta individual e sucesso 16.................................................................................................2 Profissão em contabilidade, um exemplo expressivo 18.............................................................2 Valor social da profissão 19.........................................................................................................2 Responsabilidade, Utilidade e projecção Profissional 20.............................................................2 Valor da profissão, utilidade e expressão ética 21......................................................................2 Especialização, Cultura e utilidade profissional 22.......................................................................2 Função social da profissão e ambiência social contemporânea 23.............................................2 V. DEVERES PROFISSIONAIS.........................................................................................................3 Conceito do dever Profissional e escolha da Profissão 26............................................................3 Dever de conhecer a profissão e a tarefa 27................................................................................3 Dever da execução das tarefas e das virtudes exigíveis 29..........................................................3 Virtudes profissionais 31.............................................................................................................3 Conceito essencial e generico de virtudeético 32........................................................................3 Evolução conceptual de virtude e suas relatividades 34 ...........................................................3 Efeitos e responsabilidades na prática de virtude 35..................................................................3 Conclusão 36................................................................................................................................3 Referencias bibliográficas 37........................................................................................................3 Anexos 39....................................................................................................................................3 1
  • 2. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Pauta deontológica do serviço público Angolano 41...................................................................3 Como resolver dilemas ético-deontologicos ( passos dos gestores para a tomada de decisão ) 43.................................................................................................................................................3 Os principais erros que devem ser evitado no trabalho em grupo 44.........................................3 As associações profissionais e associativismo do profissional 45...............................................3 Princípios, Valores e Virtudes ..........................................................................................8 II. CONDUTA DO SER HUMANO EM COMUNIDADE E EM SUA CLASSE Relações Sociais e individualismo .................................................................................11 Vocação para o colectivo.................................................................................................12 Classes Profissionais.......................................................................................................12 Actividade Voluntária ....................................................................................................13 Código de Ética Profissional ..........................................................................................13 Base filosófica dos códigos de ética profissional ...........................................................14 Peculiaridades em um código de Ética Profissional .......................................................14 Puritanismo e Ética Profissional .....................................................................................15 Conduta individual e sucesso .........................................................................................16 III. PROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA Profissão em contabilidade, um exemplo expressivo .....................................................18 Valor social da profissão ................................................................................................19 Responsabilidade, Utilidade e projecção Profissional.....................................................20 IV. ÉTICA E PROFISSÃO Valor da profissão, utilidade e expressão ética ..............................................................21 Especialização, Cultura e utilidade profissional..............................................................22 Função social da profissão e ambiência social contemporânea ......................................23 2
  • 3. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga V. DEVERES PROFISSIONAIS Conceito do dever Profissional e escolha da Profissão...................................................26 Dever de conhecer a profissão e a tarefa.........................................................................27 Dever da execução das tarefas e das virtudes exigíveis..................................................29 VI. VIRTUDE COMO SUBSTÂNCIA ÉTICA Virtudes profissionais .....................................................................................................31 Conceito essencial e generico de virtudeético.................................................................32 Evolução conceptual de virtude e suas relatividades ...................................................34 Efeitos e responsabilidades na prática de virtude ...........................................................35 Conclusão........................................................................................................................36 Referencias bibliográficas...............................................................................................37 Anexos ............................................................................................................................39 Pauta deontológica do serviço público Angolano ..........................................................41 Como resolver dilemas ético-deontologicos ( passos dos gestores para a tomada de decisão ) ..........................................................................................................................43 Os principais erros que devem ser evitado no trabalho em grupo ..................................44 As associações profissionais e associativismo do profissional .....................................45 Introdução Que devemos aceitar como Ética, por vezes também designada como Moral (nem sempre adequadamente), e qual sua moderna forma de ser entendida, enseja a compreensão geral sobre tal assunto. A preocupação com tal ramo da Filosofia, considerado como ciência, também, é milenar, desde os trabalhos de Pitágoras, no século VI a.C., e se agasalha em manifestações remotas, quer em fragmentos que nos chegaram de escritos antiquíssimos, quer na obra específica de Aristóteles Ética a Nicômaco. Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendido como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes 3
  • 4. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Envolve, pois os estudos de aprovação ou desaprovação da acção dos homens e a consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das acções virtuosas Encara a virtude como prática do bem e esta como a promotora da felicidade dos seres, quer individualmente, quer colectivamente, mas também avalia os desempenhos humanos em relação às normas comportamentais pertinentes. Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em face de suas intenções e actuações, quer relativos à própria pessoa, quer em face da comunidade em que se insere. Expostas essas ideias genéricas, é preciso esclarecer sobre os dois aspectos sob os quais tem ela sido aceite pelos estudiosos da questão, ou seja: 1º Como ciência que estuda a conduta dos seres humanos, analisando os meios que devem ser empregados para que a referida conduta se reverta sempre a favor do homem. Nesse aspecto o homem torna-se o centro da observação, em consonância com o meio que lhe envolve. Cuida das formas ideais da acção humana e busca a essência do ser, procurando conexões entre o material e o espiritual. 2º Como ciência que busca os modelos de conduta conveniente, objectiva, dos seres humanos. A correlação, nesse aspecto, é objectiva entre o homem e seu ambiente. Os modelos, como valores, passam a guiar a estrutura normativa. Tais critérios de entender, possuem posicionamentos distintos em seus desenvolvimentos, embora possam parecer semelhantes. O primeiro situa-se no campo do ideal e o segundo no das forças que determinam a conduta, ou seja das causas que levam ao acto comportamental do ser Um estuda a essência ou natureza e, outro, os motivos ou relações que influem sobre a conduta. Embora seja possível identificar tais posicionamentos, no aprofundamento das obras dos tradistas, a realidade é que entrelaçamentos e mesclas diversas foram e ainda são operados Comum entre tais aspectos é , todavia, a analise do bem, como prática de amor em suas variadas formas; igualmente relevante destacar-se o da conduta respeitosa que evita prejudicar a terceiros, bem ao próprio ser. Existem os que contestam, todavia essa forma imprecisa de estudar o bem, ou ainda, objectivá-lo como um fenómeno em sí mesmo (o que é) ou o que deve ser tomado como um modelo para uma finalidade ideal (o que deve ser objecto de vontade). São detalhes da forma sob a qual se estuda um mesmo objecto e que é o bem. Os que criticam essa duplicidade de enfoques alegam que uma coisa é estudar-se o bem como uma realidade (como algo concreto) e outra o de sua analise como meta a ser atingida ou vontade de sua prática. São aspectos de uma só coisa, mas, competentes para mudar a forma de tratamento no desenvolvimento de um tema, embora considerada irrelevante ou como preciosismo, por escritores famosos da actualidade (ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.). Quando Aristóteles afirmou que “para o homem não existe maior felicidade que a virtude e a razão”(Aristóteles. A politica. Livro IV,Cap1) situou tal pensamento no sentido de que a prática do bem ( que deflui do exercício da virtude) é a felicidade e que ela deve ser praticada como ideal e como acto consciente. É uma verdade aceite pelos grande pensador que bem caracteriza o aspecto ético, sob o prisma de uma realidade aceite como modelo de conduta racional. 4
  • 5. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Isto se confirma na asserção do mesmo filósofo, quando escreve que a felicidade é diferentemente concebida pelo leigo (forma empírica) e pelo sábio (forma cientifica) e que o bem é o que se relaciona com o espírito e com a mente mas não apenas concebida, se não praticada, através da actividade virtuosa. (Aristóteles. Ética a Nicômaco livroII,6). Ao afirmar que “pelos actos que praticamos em nossas relações com os homens nos tornamos justos ou injustos “ e que “ é preciso atentar, pois, pela qualidade dos actos que praticamos, porquanto de sua diferença se pode aquilatar a diferença de caracteres”( Aristóteles. Ética a Nicômaco. LivroII,1) Aristóteles deixa claro que mesmo as situações ideais não alcançam todo o valor se se não materializam pela conduta virtuosa.(Aristóteles. Ética a Nicômaco. LivroII,6). A humanidade tem assistido muitas mudanças em quase todos os sentidos da vida humana. O desenvolvimento tecnológico está atingindo dimensões jamais antes imaginadas ou mesmo concebidas pelo ser humano. As mudanças decorrentes da evolução e dos conhecimentos históricos são muito significativos e representam um exemplo do que pode acontecer com os esforços da criação da mente humana. Nos campos da descoberta da medicina da indústria, da tecnologia, jamais se assistiu tamanho desenvolvimento. Assistimos a um aumento de velocidade de produção de informação nunca conhecido. Em face das conquistas tecnológicas actuais, a ética está mais do que nunca presente nos debates a respeito do comportamento humano e o seu estudo é sempre necessário em decorrência da necessidade das pessoas orientarem seu comportamento de acordo com a nova realidade da vida social. Do grego “Ethké e do latim Éthica” surgiu a ética-Ciência relativa aos costumes. A ética é o domínio da filosofia que tem por objectivo o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o comportamento correcto e o incorrecto. Pode ser considerada tambem como estudo do”ideal para o qual o homem se dirige” de acordo com a sua natureza, ou o estudo dos “motivos” ou “causas” da conduta humana ou das “forças” que a determinam, pretendendo ater-se ao conhecimento dos factos (ABBAGNANO,1998, p.380). Os princípios éticos constituem-se enquanto directrizes, pelas quais o homem rege o seu comportamento tendo em vista uma filosofia moral dignificante. Os códigos de ética, são dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que não é pouco frequente os termos ética e deontologia serem utilizadas indiferentemente. Assim, a ética é o conjunto de normas morais pelo qual o indivíduo deve orientar seu comportamento na profissão que exerce e é de fundamental importância em todas as profissões e para todo ser humano para que possamos viver relativamente bem em sociedade com o crescimento desenfreado do mundo globalizado, muitas vezes deixamo-nos levar pela pressão exercida em busca de produção pois, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente, as vezes não nos deixa e nem dá tempo para reflectir sobre nossas atitudes. Temos que ter a consciência de que nossos actos podem influenciar na vida dos outros e que nossa liberdade acarreta em responsabilidade. De forma ampla a ética é definida como a explicitação do fundamento último do agir humano na busca do bem comum e da realização individual. O termo deontologia surge das palavras gregas “deon, deontos” que signica dever e logós que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, deontologia seria o tratado do dever ou conjunto de deveres princípios e normas adoptadas por um determinado grupo de profissionais. 5
  • 6. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta, os deveres inerentes a uma determinada profissão. Assim cada profissão está sujeita a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão conforme o código de ética de sua categoria. Neste caso é o conjunto codificado das obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área no exercício da sua profissão, Sendo esta codificação da responsabilidade de associações ou ordens profissionais. Para além disso estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos para os infractores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e vinculativas oferecendo apenas uma função reguladora. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não exactamente a qualidade moral, mas a correcção de suas intenções e acções em relação a direitos, deveres ou princípios nas relações entre profissão e a sociedade. A deontologia é um termo mais apropriado para a discussão em torno da conduta profissional, compreendendo-a como um esforço para obter-se uma uniformização da acção dos membros de uma categoria profissional.Unifomização não no sentido de igualar as acções mas sim, de orientar, prescrever controlar a conduta dos membros da profissão visando constrior uma identidade e por meio desta, tornar-se respeitado e conhecido pelos demais membros da sociedade. A realização de um trabalho e a acção de um grupo se dará “como se fosse a acção de um único indivíduo”(Souza, p.55). A princípio a reflexão em torno do comportamento dos membros de uma categoria profissional tende a acontecer nos diferentes espaços nos quais estes membros se situam. Se a ética é uma acção reflexiva em torno dos ideais e causas da conduta humana, portanto, uma acção propria do homem enquato ser social, ela se constroi em qualquer tempo e em qualquer lugar. O modo de um determinado profissional se comporta, independentemente de como tal coportamento venha a ser qualificado, se dá com base em certos principios, e a partir de um modo de ver a realidade, e principalmente, de se ver nesta realidade. Assim, enquanto um ser humano que sente e pensa, é possivel refletir sobre um dado comportamento seus motivos e complicações individualmente ou em grupo. Porém, considerando que “ser profissional” implica em situar-se em um determinado contexto, o comportamento, as implicações e motivos para tal, bem como, as reflexões em torno do mesmo dizem respeito ao grupo que esse individuo integra.Regra geral, os códigos deontologicos têm por base as grandes declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional. A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao exercicio de uma profissão. A ocupação organizacional se constitui em uma profissão, a partir de elementos como a expertise (conjunto de conhecimentos, competências e técnicas especiais), credencialismo (escolas ou colégios que autorizam a entrada de novos membros no exercicio da profissão) e a autonomia que reflete a capacidade da categoria reivindicar para sí o poder de controlar a realização e o modo de fazer um determinado tipo de trabalho. É no âmbimto da autonomia que estão as corporações profissionais, associações e sindicatos. O 1.º código de deontologia foi feito na área de medicina nos Estados Unidos de América- EUA em meados do século passado. I. NOÇÕES BÁSICAS 6
  • 7. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Origem e concepções Historicamente, a ética sempre foi orientada pela religião e pela razão, sendo esta razão crítica em todas as sociedades. Podemos observar grandes filósofos como Sócrates, Plantão, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant, cada um a seu modo, buscando o estabelecimento de códigos de ética validas universalmente. Tendo a ética como ciência da conduta, podemos observar duas concepções: “Ciências que trata do fim que deve orientar a conduta dos homens e dos meios para atingir tal fim. É o ideal formulado e perseguido pelo homem por sua natureza e essência” “Ciência que trata do moral, da conduta humana e procura determinar esse móvel visando dirigir a própria conduta. Liga-se ao desejo da sobrevivência”. Na 1.ª concepção vemos Sócrates como precursor da ética ocidental. Platão que tratou da ética das virtudes em sua obra “Republica”. Aristóteles que trata do propósito da conduta humana de buscar a felicidade a partir da sua natureza racional. Hegel tratou do objectivo da conduta humana destacando o estado como a realidade na qual a conduta encontra integração e perfeição, tratando a ética como a filosofia do direito. Em sua 2.ª concepção, vemos pródico que nos contempla com suas palavras: “Se desejares ser honrado por uma cidade deve ser útil a mesma”. Pregava o respeito mútuo e a justiça como condição necessária a sobrevivência do homem; Kant situou a ética no mundo da razão pura na qual os seres racionais buscavam firmar esse mundo evitando os interesses individualizados e perseguindo o bem. Benthan defendeu a conduta do homem como sendo determinado pela expectativa do prazer ou da dor, sendo esse o único motivo possível da acção. Ainda como ciência da conduta, vemos a ética no homem que exerce algum poder sentindo-se o único sujeito real o eleito o melhor, o mais capaz, o mais inteligente, portanto merecendo privilegio. Neste sentido enfatiza-se que o significado ético deve estar sempre associado ao outro. Somente em relação ao outro pode existir o valor moral e a conduta pode ser uma acção da justiça. A única ética possível estrutura-se na relação do sujeito com o outro, em que é importante ser preservado o complexo espaço para a inter subjectividade. Só nessa relação do sujeito com o outro podemos construir os valores éticos acerca do bem e do mal. Representa também a relação do indivíduo com as instituições, com á sociedade. Conceito – Ética Profissional É extremamente importante saber diferenciar a ética do moral e do direito. Estas 3 áreas de conhecimento se distinguem, entretanto têm grandes vínculos e até mesmo sobreposição. A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa independentemente das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que mesmo sem se conhecerem, utilizam este mesmo referencial moral comum. 7
  • 8. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga O direito estabelece o regulamento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, pois elas valem apenas para aquela área geográfica onde determinada população ou seus delegados vive. Alguns autores afirmam que o direito é um subconjunto da moral. Esta perspectiva pode gerar conclusão de que a toda lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram existência de conflitos entre o direito e a moral. Ex. Desobediência civil que ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa acate determinada lei. Assim a moral e o direito apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes. A ética profissional pode ser entendida como estudo da conduta humana no exercicio de uma profissão, seus ideais, motivos e causas.Inicialmente é importante destacar que a expressão “ética profissional” fere uma discussão de uma ética de perspectiva igualitária porque atribui para um grupo de pessoas, membros de um grupo profissional, uma ética especial em detrimento dos demais membros da sociedade (TAVARES,1998). Sendo assim, a acção reguladora da ética que age no desempenho das profissões, faz com que o profissional respeite seu semelhante quando no exercício da sua profissão. A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com a sua clientela, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sóciocultural onde exerce sua profissão atingindo toda categoria profissional. Ao falarmos da ética profissional, estamos nos referindo ao carácter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de estatutos e códigos específicos. Assim, temos a ética médica, do advogado, do biólogo, do professor etc. relacionada em seus respectivos códigos de ética. Em geral as profissões apresentam a ética firmada em questões relevantes que ultrapassam o campo profissional em sí, como o aborto, a pena de morte, sequestro e outros que são questões morais que se apresentam como problemas éticos, pois pedem uma reflexão profunda e assim um profissional, ao se debruçar sobre elas, não o faz apenas como tal, mas, como um pensador, um filosofo da ciência ou seja profissão que exerce. Desta forma, a reflexão ética entra na normalidade de qualquer actividade profissional humana. A ética inerente a vida humana é de suma importância na vida profissional, assim para o profissional a ética não é somente inerente, mas indispensável a este. Na acção humana o fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficácia que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir refere-se à conduta do profissional, conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho da sua profissão. A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo ser humano. O agir da pessoa humana está condicionada às duas premissas consideradas básicas pela ética: “ o que é” o homem e para que vive”, logo toda capacidade científica ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da ética. (Motta 1984. p. 69) Constatamos assim o forte conteúdo ético presente no exercício profissional. Reflexões sobre a Ética Profissional A validade da ética profissional reside no papel que a pessoa desempenha e na confiança depositada no “profissional”, que ganha ênfase em sociedades tecnologicamente complexas nas quais, a aplicação de conhecimentos por especialistas tende a aumentar. Além disso, a conduta ética profissional envolve os interesses do 8
  • 9. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga grupo, com base no interesse em garantir a sobrevivência de cada um, os interesses de realização pessoal obtida por meio de exercicio profissional adequado, no sentido tanto de preservar, como de enobrecer a sí e à profissão. As reflexões realizadas no exercício de uma profissão devem ser iniciadas bem antes da prática profissional. A escolha por uma profissão é optiva, mas ao escolhe-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Toda a fase de formação, abrangendo o aprendizado das competências e habilidades que se referem a prática especifica numa determinada área deve incluir a reflexão. Ao completar a graduação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e compromisso com a categoria profissional onde formalmente ingressa, o que caracteriza o aspecto moral da chamada ética profissional. O facto de uma pessoa trabalhar numa área que não escolheu livremente como emprego por precisar de trabalhar, não o isenta da responsabilidade de pertencer a uma classe, não a eximindo também dos deveres a cumprir. Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até esta tornar-se um hábito incorporado ao dia-dia como por ex. Perguntar a sí mesmo se está sendo bom profissional, está agindo adequadamente e ainda se está realizando correctamente sua actividade. É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as actividades que uma pessoa pode exercer, gostando do que se faz, sem perder a dimensão de que é preciso sempre continuar melhorando, aprendendo, experimentando novas soluções, criando novas formas de exercer as actividades, estando aberto a mudanças, mesmo nos pequenos detalhes, que podem fazer uma grande diferença na sua realização profissional e pessoal. Isto tudo pode acontecer com a reflexão ética incorporada a seu viver. E isto é parte do que se chama empregabilidade, que nada mais é que a capacidade que você pode ter de ser um profissional eticamente bom. O comportamento adequado eticamente e o sucesso contínuo são indissociáveis. Princípios, Valores E Virtudes Existe uma grande diferença entre princípios, valores e virtudes embora sua efetividade seja válida apenas quando os conceitos estão alinhados. No mundo corporativo em geral, noto que muitos profissionais são equivocados com relação aos conceitos e, apesar de defenderem o significado de um ou outro, a prática se revela diferente. Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que definem as regras pela qual uma sociedade civilizada deve se orientar. Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis, pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Entende-se que a adoção desses princípios está em consonância com o pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da constituição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou estatutos de condomínio. Vale no âmbito pessoal e profissional. Amor, felicidade, liberdade, paz e plenitude são exemplos de princípios considerados universais. Como cidadãos – pessoas e profissionais - esses princípios fazem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutando para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo, por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles se perdem no meio do caminho. 9
  • 10. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios universais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conseqüências. São as escolhas que fazemos com base em valores equivocados, não em princípios. Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portanto, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são diferentes. Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale necessariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade da pessoa que os adopta. Pessoas de origem humilde definem valores de maneira diferente das pessoas de origem mais abastada. De um lado, a escassez pode gerar a idéia de que dinheiro não traz felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro, é possível ser feliz utilizando-se valores como amizade, por exemplo. Do outro, o apego ao dinheiro e a convivência harmoniosa com o conforto pode gerar a idéia de que sem dinheiro não é possível ser feliz, ou seja, o dinheiro traz felicidade, amizade, conforto e, se houver mais dinheiro do que o necessário, valores como filantropia e voluntariado podem ser praticados. Essa comparação não define o certo e o errado. Ela apenas levanta uma questão interessante sobre o conceito de valores e depende do ponto de vista de cada cultura ou de cada pessoa, em particular. Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores completamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, luxo e riqueza - estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores ditados pela sociedade. Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do espírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito. Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio onde somos criados e condicionados através de exemplos e comportamentos semelhantes. Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposição e a dominação pela força. Significa que também não dispunha de virtudes, pois as virtudes são decorrentes dos princípios e o seu legado foi um dos mais nefastos da história. Sua ambição desmedida o tornou obcecado por valores que contrastam com os princípios universais. 10
  • 11. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Diferente de Hitler, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Mahatma Gandhi tinham princípios, valores e virtudes integralmente alinhados com a sua concepção de vida. Todos lutavam por causas nobres e tinham um ponto comum: a dignidade humana. Enquanto Hitler, Milosevic e Karadzic entraram para o rol das figuras mais odiadas da humanidade, Madre Teresa, Irmã Dulce da Bahia e Gandhi são personalidades singulares que inspiram exemplos para a humanidade. Existem pessoas que nunca seguiram princípio algum e, apesar de tudo, continuam enriquecendo, fazendo sucesso na televisão, conquistando cargos importantes nas empresas e assumindo papéis relevantes na sociedade. Entretanto, riqueza material não é a única medida de sucesso. Avalie, por si mesmo, quais os exemplos deixados por elas, a sua contribuição para o mundo e o seu triste legado para os descendentes. No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espírito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para destituí-los do poder. Valores e virtudes baseados em princípios universais são inegociáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não tem. Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recordações, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um sentido especial e particular a esses conceitos. O importante é que você não perca de vista esses conceitos e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada, que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente. O que vale em casa vale no trabalho. Não existe paz de espírito nem crescimento interior sem o triunfo dos princípios. Pense nisso e seja feliz. II. CONDUTA DO SER HUMANO EM COMUNIDADE E EM SUA CLASSE A razão pela qual se exige uma disciplina do homem em seu grupo repousa no facto de que as associações possuem, por sua natureza, uma necessidade de equilíbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres se coordena na finalidade do tudo. É a lei dos sistemas que se torna imperiosa, do átomo ás galáxias, de cada individuo até sua sociedade. Em tudo parece haver uma tendência para a organização e os seres humanos não fogem a essa regra e vocação. 11
  • 12. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Todo agregado, todo sistema, entretanto, depende de uma disciplina comportamental e de conduta. Cada ser, assim como a somatória deles em classe profissional, tem seu comportamento específico, guiado pela característica do trabalho executado. Cada conjunto de profissionais deve guiar uma ordem que permite a evolução harmónica do trabalho de todos, a partir da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza a regulação do individualismo perante o colectivo. São exigíveis, pois, uma conduta humana especial, que denominamos Ética, e o exercício de virtudes dela defluentes. O sentimento social é um imperativo na construção dos princípios éticos, e estes são incompreensíveis sem aquele. Como os seres são heterogéneos por seus caracteres, a homogeneização perante a classe precisa ser regulada de forma que o bem geral esteja preservado, inclusive o do próprio ser, como unidade, em um regime de interacção benéfica. Relações sociais e individualismo As leis de cada profissão são elaboradas com objectivo de proteger os profissionais, a categoria e as pessoas que dependem daquela profissão, mas há muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do compromisso dos profissionais em serem eticamente correctos, ou seja, fazer coisa certa. Outra referencia que tem sido objecto de estudo de muitos estudiosos, parece ser a tendência do ser humano de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e, quando esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos problemas. O valor ético do esforço humano é variável em função do seu alcance, em face da comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, tem em geral seu valor restrito. Os serviços realizados, visando o benefício de terceiros com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo e a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e muito menos com a sociedade. O número dos que trabalham visando primordialmente o rendimento é muito grande, fazendo assim com que as classes procurem defender-se contra a dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos serviços, pois ficam vulneráveis ao individualismo. A consciência de grupo tem surgido mais por interesse de defesa do que por altruísmo, pois garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta, o individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão. Tal luta quase sempre se processa em virtude da ambição de uns em cima de outros, e que em nome dessas ambições, podem ser praticadas, por ex. quebras de sigilo. A tutela de trabalho processa-se pelo caminho da exigência de uma ética imposta através dos conselhos profissionais. As normas devem ser condizentes com as diversas formas de prestar o serviço de organizar o profissional para esse fim. A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e esta é uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscam maior abrangência. Assim ao nos referirmos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a situações isoladas ou modelos particulares, mas a situação geral. O egoísmo desenfreado de poucas pode atingir um número expressivo de pessoas e até mesmo influenciar o destino de nações, e partindo da ausência de conduta virtuosa de minorias 12
  • 13. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga poderosas preocupados apenas com os lucros. Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de uma classe, de toda sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque, estas devem estar apoiadas em princípios de virtude, assim a ética tem sido o caminho justo e adequado, para o beneficio comum, geral. Vocação para o Colectivo Ingresso de uma vida inculta baseada apenas em instintos, o homem, sobre a terra, foise organizando, na busca de maior estabilidade vital, cedendo parcelas do referido individualismo para beneficiar da união, da divisão do trabalho e assim da protecção da vida em comum. A organização social foi e continua a ser um progresso, na definição das funções dos cidadãos e tal definição acentua gradativamente, o limite de acção das classes Como escreveu Vidar: “ a formação das classes sociais é um facto de grande importância Ética que se completa no momento exacto em que o homem sai de sua homogeneidade instável de origem primitiva e forma agrupamentos mais determinados e estáveis”( VIDARI,G. Elementi di ética. Milão:Hoepli,1922.p.68.). Tal assertiva ele a fez para depois argumentar que tais agrupamentos aumentaram suas necessidades na vida, em decorrência da agregação.. A vocação para colectivo já não se encontra, nos dias actuais, com a mesma eficácia nos grandes centros como ainda é encontrado em núcleos menores e poucas cidades de maior dimensão possuem o espírito comunitário, enfrentando com grandes dificuldades as questões classistas. Parece-nos pouco entendido, que existe um bem comum a defender do qual um número expressivo de pessoas depende para o bem-estar próprio e seus semelhantes, tendo assim uma inequívoca interacção. O progresso do individualismo, gera sempre o risco da transgressão ética, assim é imperativa a necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas éticas. Classes Profissionais Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do conhecimento exigido para tal execução e pela identidade habilitação para, o exercício da mesma. A classe profissional é um grupo dentro da sociedade, especifico, definido por sua especialidade de desempenho de tarefas. A questão, pois, dos agrupamentos específicos, sem dúvida, defluiu de uma natureza especialização, motivada por selecção natural ou habilidade própria, e hoje constitui-se em inequívoca força dentro das sociedades. No tempo, atribui-se à Idade Média a organização das classes trabalhadoras, notadamente as de artesãos, que se reuniram em corporações. É possível que associações com outras características tenham existido em outras épocas e disto existem alguns indícios, não muito veementes, mas, indirectamente, aceitáveis. Sabemos que no Egipto Antigo, por exemplo, as classes trabalhadoras eram definidas e que existiam profissionais geniais e de grande notoriedade, como Imhotep (viveu no tempo de Zozer III, do velho reino /2.700-2300 a C/, cognominado de Leonardo da Vinci egípcio, pelos historiadores). 13
  • 14. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Para aquele povo, uma das profissões mais nobres era a de contabilista. Tal profissão constituía-se no exercício das funções de escriturário, administrador, legislador geral e de impostos, diplomata e até ministro; os profissionais tinham mercado de trabalho assegurado, em razão, tudo faz crer, do altíssimo valor que se atribuía à escrita, notadamente a aplicada ao informe sobre a riqueza. Os historiadores, todavia, mesmo os mais detalhistas, não enfocaram a organização de classes profissionais ao longo da historia, tal como a que ocorreu, como fenómeno social, na Idade Média. A divisão do trabalho é antiga e está ligada a vocação de cada um para determinadas tarefas e as circunstâncias que obrigam, muitas vezes, a assumir esse ou aquele trabalho: ficou prático para o homem em comunidade transferir tarefas e executar a sua. A união dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha não só regulada por leis, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe, como os códigos de ética. Actividade Voluntária Outro conceito interessante que podemos examinar é o de profissional, que é regularmente remunerado ao executar a actividade que exerce, em oposição ao amador, que podemos conceituar sendo aquele que exerce actividade voluntária e que, nesta conceituação, este não seria profissional, sendo esta uma conceituação polémica. Voluntário é aquele que se dispõe a exercer a pratica profissional não remunerada, seja para fins assistenciais, ou prestação de serviços por um período determinado ou não. É fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na actividade voluntária, com o mesmo comprometimento que teria no exercício profissional se este fosse remunerado. Se a actividade é voluntária, sendo uma opção realiza-la, é eticamente adequado que esta seja realizada da mesma forma como faz tudo que é importante em sua vida. Código de Ética Profissional A ética compreende os fundamentos dos códigos deontológicos ou éticos porque estuda e reflecte a conduta. Tais códigos reflectem o contexto de constituição da própria profissão, o modo como ela se organiza, como ela se situa em dada sociedade, como os seus membros se relacionam entre sí e com os usuários de seus serviços. Sempre, quando se fala em virtudes profissionais, é preciso mencionar a existência dos códigos de ética profissional. As relações de valor que existem entre o ideal, moral traçado e os diversos campos da conduta humana podem ser reunidos em um instrumento regulador. Assim o código de ética é uma espécie de contrato de classe em que os órgãos de fiscalização do exercício da profissão passam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, pois de critérios de conduta de um individuo perante seu grupo social. Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da profissão abrangendo o relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade. O interesse no cumprimento do referido código deve ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória torna-se exigível para cada profissional como se uma lei fosse, uma vez que 14
  • 15. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga toda comunidade possui elementos qualificados e alguns que transgridem a prática das virtudes: seria utópico admitir uniformidade de conduta. A disciplina, entretanto, é um contrato de atitudes, de deveres, de estados de consciência, e que deve formar um código de ética, tem sido a solução, notadamente nas classes profissionais que são ingressas de cursos universitários (contadores, médicos, advogados, psicólogos, etc.). Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar que se macule o bom nome e o conceito social de uma categoria. Base filosófica dos códigos de ética profissional Para que um código de Ética Profissional seja organizado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral abrange as relações com utentes dos serviços, os colegas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns a todos os códigos. As virtudes específicas de cada profissão representam as variações entre os diversos estatutos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer profissão, pois representa uma qualidade imprescindível a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que não lidam com confidências e resguardos de direitos. Um contabilista precisa guardar sigilo dos segredos que conhece da vida dos negócios, mas um agrónomo já não tem muito que reservar-se em relação às tarefas que executa. Cada profissão tem suas próprias características e isto exige também virtudes pertinentes a um desempenho de boa qualidade. Traçar, pois, as linhas mestres de um código, é compor a filosofia que será seguida e que forma a base essencial do mesmo. Sejam quais forem as linhas mestres de um código de ética, elas serão sempre linhas de virtude a serem seguidas. Abase filosófica é necessária para que se forme a estrutura. Formada a estrutura, a partir dela, traçam-se os detalhes. O princípio será sempre o de estabelecer qual a forma de um profissional se conduzir no exercício profissional, de maneira a não prejudicar terceiros e a garantir uma qualidade eficaz de trabalho- essa a orientação filosófica fundamental Peculiaridades em um código de Ética Profissional. As peculiaridades em um código de conduta profissional dependem de diversos factores, todos ligados à forma como a profissão se desempenha, ao nível de conhecimentos que exige, ao ambiente em que é executada etc. Isto significa que não pode existir um padrão universal que seja aplicável com eficácia a todos os casos, embora as linhas mestres sejam comuns, pois comuns são as principais virtudes de todas as profissões exigíveis. Logo, existem códigos de ética, e não apenas um código de ética, quando se tem na mira objectivar o exercício profissional ou de conduta de um grupo. As classes, através de suas instituições, de seus líderes, são os naturais elementos geradores de tais estatutos, os quais precisam surgir do amplo debate, da franca intervenção de todos, de forma a possibilitar uma realidade e algo que efectivamente seja exequível e abrangente. 15
  • 16. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Devem ser colectados, pacientemente, todos os deveres, ou obrigações do individuo perante todos os ângulos de seu exercício ou seja, em todas as esferas onde possam ocorrer relações pessoais que exijam actos profissionais e humanos a estes pertinentes Os contabilistas Brasileiros iniciaram o esboço de seu código de ética em 1950, no congresso Brasileiro de contabilidade, em Belo Horizonte. O tema central de tal conclave foi o código de ética. Os debates foram se sucedendo, as contribuições se somando, até que o conselho federal de contabilidade, em 1970, através de uma resolução, oficializou a matéria. Foram decorridos 20 anos de amadurecidos estudos. A evolução, todavia ocorrida nas profissões, através da mudança de costumes, do avanço da tecnologia, das alterações nas políticas sociais, do progresso das nações, da dilatação dos mercados etc., exerce influência nas condutas e os códigos se desajustam, por mais cuidadosas que tenham sido suas elaborações. Tais desajustes atingem, normalmente, os aspectos da forma de trabalhar, porque são estes os mais sensíveis às modificações Quando, todavia, a operacionalidade no trabalho se altera, é possível que também se alterem formas de relacionamento pessoal, e, logicamente, a conduta. Puritanismo e Ética Profissional Atitudes exageradas, em relação às virtudes, são antinaturais, logo, também enfraquecem seus valores éticos Não é sem razão que Carrel escreveu: “A virtude adquiriu, graças aos puritanos, uma desgraçada reputação. Foi confundida com a hipocrisia, a intolerância, a dureza, a afectação”(Carrel, Alexis. Op.cit.p.139). Os extremos, em matéria de conduta, parecem perigosos, e isto se agrava quando se prende a detalhes, às vezes, de mínima relevância. Devemos considerar sempre o que mais caracteriza um acto, diante da intenção maior; pequenos erros são às vezes toleráveis, quando não intencionais. A infalibilidade, não se encontra em qualquer ser. Até as máquinas falham; o próprio computador, com todos os seus inequívocos e maravilhosos recursos, por vezes, nos apresenta comportamentos discrepantes. A intransigência não é uma virtude. Opostamente, aquele que em tudo vê a fraude, a má-fé, o erro, mesmo que seja insignificante, não se encontra no melhor de sua capacidade mental. Conhece-se pessoas desse género, cujo único assunto é criticar todos e que só observam, em tudo, lesões à virtude. Imaginam-se puros e intocáveis. Tal comportamento não é ético, pois caracteriza a intolerância, e esta, quase sempre, gera o espírito de perseguição, calúnia, traição e demais vícios; ou seja, ao admitir-se o único virtuoso do mundo, o puritano acaba por enlamear, muitas vezes, a honra até de inocente. Quando isto ocorre no âmbito das profissões, a tendência é de que tais indivíduos terminem isolados em seu grupo. Sabemos que, em matéria de prestação de serviços, conseguem-se actos de grande expressão virtuosa, às vezes seguindo alguns caminhos aparentemente não virtuosos. O advogado, ao defender o criminoso, aos olhos de um puritano pratica acto imoral Um contador, ao deixar de denunciar ao fisco um cliente que está em atraso de pagamentos como a lei certa vez exigiu, para o puritano é transgressor. 16
  • 17. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Um médico, ao dizer ao paciente que seu estado não é grave, sabendo que é terminal, aos olhos do puritano é desleal. Entretanto, o advogado não está a defender o crime mas sim o cidadão, o contador a defender a vida da empresa, e não a inadimplência, o médico a amenizar a aflição do paciente, e não engana-lo em um caso já perdido. Os actos precisam ser julgados com suas relatividades. Toda a natureza, obra de uma inteligência muito superior à nossa, nos dá exemplos exuberantes de relatividade, em todas as suas manifestações. Puritanismo é um vício quando prejudica terceiros, quando, em uma comunidade, procura abalar o valor ético das instituições e de líderes que as representam. Em nome de uma pseudomoralidade, muitas denúncias se fazem, muitas acusações se realizam, baseadas, às vezes, na simples aparência ou na análise parcial de formas de atitudes, desconhecendo a essência e o resultado destas. É da natureza do puritano ver fantasmas em tudo e ser sempre contra quase tudo, em todas as suas acções. Tais indivíduos, em nome de sua ética particular, lesam, quase sempre, a verdade ética. Conduta individual e sucesso A conduta sadia do ser, consigo mesmo e com seu ambiente, habita ao sucesso. Entre os muitos estudiosos da questão, Alexis Carrel conseguiu sintetizar sobre as relações ambientais, seus pontos de vista, em princípios aptos para a felicidade, todos de índole ética. Embora não seja o exclusivo tratadista da matéria, entendemos que foi com propriedade que objectivou os seguintes: - Considerar o triunfo da vida como nossa principal ocupação. - Aceitar a ordem das coisas, resignando-nos a uma vonluntária limitação da liberdade, para nos submetermos a uma regra. - Optar pela ordem, em vez da fantasia, e pelo esforço constante, em vez da despreocupação irresponsável. - Utilizar ao mesmo tempo, o saber e a crença, a inteligência e o sentimento. - Utilizar todas as aquisições da humanidade, tanto a religião como a ciência. - Incorporar, nas formas racionais, os elementos passional, afetivo e religioso. - Substituir pelos conceitos e princípios científicos aqueles conceitos e princípios fisiológiicos. - Levar em conta o económico, o que é uma condição necessária, mas não suficiente, para o triunfo. Subordinar esse económico ao humano. - Tirar partido de todos os elementos humanos idóneos, tais como os liberais sinceros e os intelectuais democratas; neutrlizar os preguiçosos, os especuladores, o poder do dinheiro, os traidores, os avarentos, os criminosos e os loucos. É a qualidade que importa, porque a quantidade não basta. - Recordar a importância do desenvolvimento simultâneo e conjugado do fisiológico e do intelectual. - Recordar, outrossim, que o homem tem necessidades, e não direitos, e que essas necessidades diferem segundo as funções. Os crentes não têm de se inquietar co a substituição dos conceitos científicos pelas ideologias. Só uma verdade existe. Todas as suas parcelas encontramos encerradas nas ideologias.(Carrel, Alexis. Op.cit.p. 304.). 17
  • 18. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Carrel estabelece, em seus princípios os caminhos que entende sejam os que conduzem o homem ao triunfo. Denotam, em sua essência, um tipo de conduta que se basea na atenção em si mesmo, no próximo e nos objectivos definidos. O sucesso, todavia, como o entende a sociedade actual, nem sempre tem-se coadunado com essas normas. Não é pequeno o número de pessoas que enriquecem e passam a desfrutar de prestígio, tendo alcançado a fortuna pelas vias de corrupção, notadamente no mundo político e do comercio ilegal. Não se confundem, pois, o que na actualidade se considera como sucesso e aquilo que integralmente o ser consegue pela prática do ideal, da virtude, da conduta respeitosa. Conhece-se, homens que enriqueceram prodigiosamente, na política ás custas dos mais duros golpes de corrupção contra o estado e contra seus semelhantes. Seria absurdo admitir, pois, enriquecimento como sendo sucesso e sucesso sem virtude. O enriquecimento pode ser conseguido às custas da ausência de virtude, mas o sucesso desta depende. Por mais que se tenham corrompido os costumes, por mais que se tenham deixado sem punição os que furtaram em suas funções públicas, em tempo nenhum essas coisas conseguirão destruir a verdade contida na virtude. O sucesso, tal como admitimos para um homem integral, jamais poderá ser alcançado sem a prática da ética. Embora deixamos de concordar com alguns itens dos princípios de Carrel, admitimos que o sucesso repousa na associação do amor com a sabedoria, somado tudo à acção e a uma constante reflexão sobre tudo o que se faz . É pelo exercício do espírito que o homem alcança seus maiores objectivos, ou seja pela crença firme em sí mesmo, pela determinação obstinada em seus propósitos honestos, pelo desejo de dar a seu semelhante as mesmas oportunidade e respeito que recebe. Se amamos o que fazemos, o fruto de nosso trabalho será de boa qualidade e trará proveito. Se nos valorizamos pela sabedoria, é possível, profissionalmente, cada vez mais, auferimos melhores rendimentos. Se agimos sem tréguas, eticamente, conseguimos realizar e materializar os ideais. Nessa acção está compreendida a qualidade do trabalho que busca a possível perfeição e o respeito às necessidades dos utentes dos serviços que prestamos. Finalmente, se refletimos, estamos sempre em conexão com as forças transcendentais que parecem vir a nós pela ligação que estabelecemos pelo pensamento reflexivo ( a oração tem sido um caminho, quando ela é uma forma livre de lançar ao espaço nossos juízos). III. PROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA A expressão profissão provém do Latim professione, do substantivo professio, que teve diversas acepções naquele idioma, mas foi empregado por Cícero como “ acção de fazer profissão de”( Cícero, Marco T úlio. De oratore. 1, 21. Bolonha:Zanichelli,1992.). O conceito de profissão, na actuakidade, aquele que se aceita, representa:” trabalho que se pratica com habitualidade a serviço de terceiros”, ou seja, “ prática constante de um ofício. 18
  • 19. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga A profissão tem, pois, além de sua utilidade para o individuo, uma rara expressão social e moral. Basta lembrar os pontos que Cuvillier, com rara felicidade e oportunidade, destaca: - É pela profissão que o individuo se destaca e se realiza plenamente, provando sua capacidade , habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos. - Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral. - É na profissão que o homem pode ser útil a sua comunidade e nela se eleva e destaca, na prática dessa solidareidade orgânica.( Cuvillier, Manuel de philosophie. 9 ed. Paris: Armand Colin, 1947. P.358-359.). De facto, se acompanharmos a vida de um profissional, desde a sua formação escolar até seu êxito final, vamos observar o quanto ele produz e recebe de utilidade. Profissão em contabilidade, um exemplo expressivo Quem leu a autobiografia de D Auria ou Hilário Franco pode ter perfeita noção dessas trajectórias gloriosas de dois grandes cientistas de contabilidade. Tiveram eles o cuidado de oferecê-las, como documenário de uma vida útil e gloriosa no campo de uma profissão de alta utilidade social. Muitos outros exemplos poderíamos citar de vidas profissionais relevantes, em muitíssimas áreas, umas maiores, outras não tanto mas todas valorosas como contribuição aos semelhantes. Sendo uma das profissões mais antigas do homem, evoluiu com a sociedade e hoje se situa entre as mais requeridas ( não há, praticamente, crise em seu mercado de trabalho) e as mais difundidas, pois toda empresa e toda instituição precisam, obrigatóriamente, de tais serviços. A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociai, com o objectivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenómenos patrimoniai, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, ecõnomicos, tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de instrumentação histórica da vida da riqueza. Os deveres profissionais que ela impõe, por conseguinte, são os da utilidade, em relação à explicação dos fenómenos da natureza que as células sociais utilizam para suprirem suas necessidades de existência, tão como de informes(função técnica, de n ´vel médio, da contabilidade.) e opiniões sobre tudo o que se relaciona ao património das pessoas naturais ou jurídicas. O ser que se dedica à contabilidade possui deveres para com a regularidade do emprego racional da riqueza nas empresas, nas instituições diversas, assim como perante o ensino, a pesquisa, a difusão cultural e educacional, o mercado, a sociedade e também na produção de provas e opiniões sobre comportamentos do património. Necessita o contabilista , de uma consciência profissional que possa guiar seus trabalhos e de virtudes que possam ser parametrias, considerada a imensa responsabilidade de tais tarefas. O trabalho é um dever social( Aristóteles A politica cap.2 paragráfo2), mas, além de tudo, algo que realiza quem o faz, se, realmente , no exercício de suas tarefas, emprega o amor como guia de suas acções. A profissão permite que o individuo exerça sua função de solidariedade para com seus semelhantes, recebendo, em troco, não só dignidades, mas compensações que permitem, inclusive, o enriquecimento material. 19
  • 20. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Foi pelo caminho de cuidar do património de terceiros, inclusive, que muitos contadores se enriqueceram partindo de suas bases profissionais. Valor social da profissão A quase totalidade das profissões liberais possui grande valor social. O que varia é sua forma de actuação e a natureza qualitativa dos serviços perante as necessidades humanas. A saúde, a educação, o lazer, a habitação, a vida empresarial e institucional etc. são grandes objectivos que necessitam da atuação do profissional. Médicos, Professores, escritores, engenheiros, administradores, contadores, advogados, psicólogos, biólogos, agrónomos etc. são elementos indispensáveis á vida social, em tarefas de relevante importância. A contabilidade destaca-se por seu papel de protecção à vida da riqueza das células sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento patrimonial. Entende-se, todavia, ser uma das maiores, entre todas as utilidades da profissão contábil, aquela que se baseia na consciência de que é por levar as células sociais à eficácia que se consegue o bem-estar nas nações e das comunidades em geral, O á pice da consciência profissional em contabilidade encontra-se nessa imensa responsabilidade de servir a todo o social, embora, obviamente, não se exclua, pela importância inequívoca que têm, as responsabilidades pela produção de provas, informes qualificados, análises e opiniões. Ao exercer sua profissão, o contabilista pratica uma função nitidamente social como um autêntico médico de empresas e instituições, e ao mantê-las sadias cuida, também, da riqueza social (que é uma concepção abstracta, decorrente da somatória dos patrimónios celulares). O trabalho nessa área não serve apenas ao profissional e a sua família, mas, quando de qualidade, tem condições de dignificar sua classe e cumprir a finalidade abrangente das organizações humanas. A dignidade no cumprimento estará sempre ao lado de uma utilidade ampla, coerente com os interesses de todos, embora o campo de actividade seja celular, das unidades de um todo. Todavia, como não há total sem parcelas e a expressão da soma depende daquela de suas unidades, uma consciência firme profissional, como condição ética, tende a beneficiar a todos, postos que se exerce, exactamente, nas parcelas activas da sociedade. As influências que pela contabilidade podem ser exercidas no destino da riqueza das células sociais são muito fortes. Um bom conhecedor de tal disciplina pode conduzir á prosperidade, através da ampliação das oportunidades de emprego, do aumento dos índices de investimentos, da adequação da utilização racional e do menor custo de financiamentos, da redução de gastos, do aumento de receitas, da atribuição de destinos correctos aos lucros, do ensejo da justiça no pagamento da mão-de –obra, do aumento de produtividade do capital, em suma, da oferta de orientações tão competentes ao uso adequado da riqueza que, por efeito de sua actuação o progresso tem condições de efectivar-se. No campo da informação, também, o profissional exerce um grande papel que beneficia o estado, as instituições, as empresas, os investidores etc. Hoje, nas tendências mais modernas, parte-se para uma normalização de tais informes, adequada aquela a cada utilidade que deve prestar. 20
  • 21. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga O papel do profissional é produzir tal utilidade, ou seja, por seu conhecimento, por suas virtudes pessoais no exercício, propiciar a eficácia na utilização da riqueza, oferecendo como decorrência informes, pareceres,estudos, planos etc. Cumpre, ainda, no campo da justiça, das provas, o importante papel de perito, ensejando decisões que modificam o destino das pessoas, como, também, no campo da auditoria, tem por função certificar situações para ensejar formação de opiniões diversas. Nesse particular, tal profissão tem seu relevo de “ fé pública” no informe e na interpretação de factos, requerendo responsabilidades de alto teor e o uso de uma consciência específica e muito mais rigorosa. Responsabilidade, Utilidade e projecção Profissional Entre os diversos campos profissionais, o Contabilista tem a seu dispor um dos maiores mercados, pois nenhuma empresa e nenhuma instituição podem dispensar sua assistência constante; por isso, proporcionalmente, se agigantam as responsabilidades e os deveres, mas também as dignidades e as recompensas pelo exercício. Não são poucos os contabilistas que hoje se encontram no poder, quer de empresas (como dirigentes ), quer no Estado (como deputados, ministros, altos funcionários), quer nas instituições em geral. Passam a fazer parte de uma classe média e média alta, tendendo à alta, em razão de seu valor pessoal, adquirido através do exercício da profissão. O mesmo ocorre com advogados, médicos, engenheiros, administradores e outros que galgaram tais posições em decorrência de seus valores profissionais, projectandose pela qualidade de seus trabalhos. Em países de alto grau de civilização, os dirigentes nada resolvem sem ouvir serus contadores; em totós principais negócios, nas principais decisões, estão sempre presentes tais profissionais, pois temem os gestores praticar falhas, irreparáveis. A responsabilidade que lhes é atribuída advém da utilidade que prestam e, como decorrência, os benefícios surgem. Os benefícios que os profissionais propiciam, cumprindo as responsabilidades de seu trabalho, passam a dar-lhes notoriedade, ampliando o grau de satisfação em relação a eles e quase criando uma obrigação de retribuição moral por parte dos beneficiados. Esta razão pela qual, com sucesso, muitos deles chegam a cargos eletivos, com relativa facilidade. A oportunidade de servir é retribuída, socialmente, com aquela de usufruir o prestígio granjeado. A sociedade acaba por retribuir amplamente os serviços com qualidade que a ela o profissional dá com amor. Aquele que se conduz eticamente bem recebe de volta o bem social que pratica. IV. ÉTICA E PROFISSÃO Observada em tese, em seu sentido geral, a profissão, como exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no complexo da sociedade como uma actividade específica. Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a quem pratica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exigi, nessas relações, a preservação de uma conduta condizente com os princípios éticos específicos. 21
  • 22. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga O grupo de profissionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas classes profissionais e também a conduta pertinente. Existem aspectos claros de observação do comportamento, nas diversas esferas em que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a classe, perante a sociedade , perante a pátria, perante a própria humanidade como conceito global. A consideração ética, sendo relativa, também hoje se analisa do ponto de vista da necessidade de uma conduta de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos que possuem tradições e costumes diferentes. Valor da profissão, utilidade e expressão ética A profissão, como prática habitual de um trabalho, oferece uma relação entre a necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica para o sucesso de todas as partes envolvidas – quer sejam os indivíduos directamente ligados ao trabalho, quer sejam os grupos, maiores ou menores, onde tal relação se insere. Quem pratica a profissão dela se beneficia, assim como o utente dos serviços também desfruta de tal utilidade. Isto não significa, entretanto, que tudo o que é útil entre duas partes o seja para terceiros e para a sociedade. Um empresário que precisa estar informado e orientado sobre seus negócios, em face do que vai ocorrendo com seu capital, necessita de um profissional especializado em contabilidade. Em reciprocidade, o diplomado em contabilidade necessita do trabalho e de oportunidade que o empresário vai lhe oferecer. Estas são relações directas entre quem presta o serviço e o que deste se beneficia. Na oportunidade oferecida, tem os contabilistas meios de mostrar todas as suas capacidades e, em decorrência, construir seu conceito profissional. O conceito profissional é a evidência, perante terceiros, das capacidades e virtudes de um ser no exercício de um trabalho habitual de qualidade superior. Não se constrói um conceito pleno, todavia, sem que se pratique uma conduta também qualificada. O valor profissional deve acompanhar-se de um valor ético para que exista uma integral imagem de qualidade. Quando só existe a competência técnica e científica e não existe uma conduta virtuosa, a tendência é de que o conceito, no campo do trabalho, possa abalar-se, notadamente em profissões que lidam com maiores riscos. Um advogado por exemplo, que defenda o réu e sirva também ao autor, quebra um princípio ético e se desmerece, conceitualmente, como profissional. A profissão, pois, que pode enobrecer pela acção correcta e competente, pode também ensejar a desmoralização, através da conduta inconveniente, com a quebra de princípios éticos. O sentido de utilidade pode existir e a ética não se cumprir. No exemplo que citamos, o advogado serviu, sendo útil a uma das partes, mas, eticamente, praticou conduta condenável. Ocorreu repito, um acto útil para duas partes ( advogado e cliente), mas com ausência da ética (advogar para quem é autor onde o réu é empregador do profissional). O utilitário pode ser também antiético, portanto, segundo determinadas circunstâncias. Não podemos negar no caso exemplificado, que ocorreu a utilidade, mas também não podemos negar que se infringiu a Ética. 22
  • 23. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga O valor da utilidade, pois, é relativo e pode contrariar os preceitos de uma conduta sadia. Especialização, Cultura e utilidade profissional No campo educacional, tem-se alegado que o excesso de especialização termina por marginalizar, socialmente, o profissional.( GIDE, Charles. Essai d une philosophie de la solidarité, Paris,1928). Outros apregoam, opostamente, que a especialização é a solução para a qualidade do trabalho e para a sociedade, como maior veículo de utilidade; sociólogos, como Durkheim, inclusive, proclamaram ser a vida das classes aquela que se assemelha a de uma família, fazendo a apologia das especializações. Entende-se, particularmente, que o nível de cultura profissional depende do que se faz exigível, porque a tarefa pode realizar-se em diversos âmbitos: no campo de pesquisa, da literatura, do ensino, do exercício prático geral, do exercício prático específico etc. A cultura geral ensina a viver com maior intensidade e a compreender a própria especialização sob um prisma de maior valor. Pode parecer supérfuo, por exemplo a um administrador profissional, os conhecimentos de psicologia, ,psicanálise, cibernética mas na verdade, se tiver bases nesses ramos, conseguirá, com muito melhor qualidade, entender as questões relativas à qualidade da decisão, da selecção de pessoal, da motivação para a produção etc. A maior visão ensejará, automaticamente, maior qualidade de trabalho no campo administrativo, com proveitos para a eficácia da gestão. A um contador pode parecer supérfluo o conhecimento de lógica, mas compreenderá todo o seu valor quando se aprofundar nas questões de análise dos fenómenos patrimoniais das células sociais, onde precisará conscientizar-se da força dos princípios que regem as relações dos fenómenos da riqueza e saber como classificá-los. Se ele se dedicar ao magistério, à pesquisa, muito perderá em qualidade de trabalho se não se não conhecer a epistemologia. Não existe cultura inútil, mas sim os que não sabem reconhecer a utilidade da cultura. Por menor que seja o conhecimento, ele será sempre maior que a ignorância (De Sá, António Lopes Ética Profissional 4ª Ed, revista e ampliada São Paulo Atlas2001). O valor do exercício profissional tende a aumentar à medida que o profissional também aumentar sua cultura, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em elites cultas tem garantida sua posição social, porque se habilita às lideranças e aos postos de comando no poder. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível negar tal evidência; não se trata apenas da identificação de uma classe de valor, mas também da qualidade superior que esse valor pode alcançar, se a especialização for complementada com outras culturas. Embora a autonomia profissional seja inequívoca, também o é que os limites de cada profissão sempre se confinam com os de outros; serão sempre mais qualificados a prática e o entendimento quanto menos muralhas existirem nessas demarcações, ou seja, quanto mais um saber ou técnica de outro similar se aproveitar. O contador que possui conhecimentos em administração, economia, direito, sociologia, matemática e lógica está muito mais credenciado ao sucesso que aquele que se limita apenas ao conhecimento eminentemente contábil. 23
  • 24. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga O argumento que se usa, em sentido absoluto, de que aquilo que se ganha em extensão se perde em profundidade é falsa. Depende, sim, da profundidade que já se tenha e da extensão a que se dedica um ser, nas áreas do conhecimento humano. A extensão do saber nunca prejudicou, pelo contrário, muito auxiliou grandes pensadores e cientistas, ao longo dos tempos, como nos prova a história. A utilidade e a qualidade do trabalho tendem a ser tanto maiores quanto maior for a cultura do profissional. Igualmente, a conduta tende a ser tanto mais qualificado quanto maior for o grau de cultura. É inequívoco, pois, que a qualidade da conduta tende a crescer na razão direita da qualidade da cultura. Função social da profissão e ambiência social contemporânea É inequívoco que o trabalho individual influencia e recebe influências do meio onde é praticado. Não é pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência do valor social de sua acção, da vontade volvida ao geral, pode realizar importantes feitos que alcançam repercussão ampla. Quando o Estado, como organização promovida pela sociedade motiva a ideia do colectivo, quando as administrações públicas são sinceras com o seu povo, quando a justiça é aplicada sem protecionismo e sem acobertar os erros dos mais poderosos, a consciência social se exerce com maior influência. Diante, Todavia, o exercício ineficaz da autoridade e de um poder corrupto, oligárquico e incompetente abala a vontade de uma acção de cooperação para com o Estado. Nas circunstâncias descritas, podem ocorrer atitudes mentais adversas para a nação e para a sociedade. Assim, por exemplo, a corrupção e o roubo podem implantar-se como conduta justificável diante daquelas praticadas pelo poder. O raciocínio de que se o Governo rouba o tesouro, e se o Governo é o representante de todo, e se nesse caso é o todo que está a furtar e, por isso, torna-se justificável que cada um também o faça, leva à destruição dos costumes e enfraquece o vigor das sociedades. A ideia do Estado que requer a participação igualitária de todos é consequência de todo um processo histórico e uma cultura que se consolida nessas áreas do ideal. ( Spenglerr, Oswaldo. La decadência de accidente. Madrid: Espasa-calpe,1945. V.4,p 149 ss.). Como isso nega, em parte, a ideia de que a contribuição seja uma índole e tenha força para sobrepujar o interesse individual. É imprescindível que as profissões se preocupem com o social, mas se não são induzidas a isto, o que tende a ocorrer é a acção irresponsável de todos. O que é natural, como ético, é que a profissão esteja a serviço do social, quer das células, quer do conjunto indiscriminadamente. Quando o profissional, isoladamente, e as classes profissionais, por suas entidades representantes, agem em favor de uma cooperação orgânica, social, consegue-se o estágio idealmente desejável. É preciso, todavia, para que isso ocorra, que haja uma atmosfera moral competente, nem sempre observável em nossa época. A respeito da questão, escreveu Toffler, analizando a situação do fim do século XX, que “a lista dos problemas que a nossa própria sociedade enfrenta é interminável. Sentimos o cheiro do apodrecimento moral de uma civilização industrial moribunda, 24
  • 25. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga enquanto vemos as instituições, uma atrás da outra, sucumbir num turbilhão de ineficácia e corrupção. Consequentemente, o ar enche-se de amarguras, queixas e clamores por uma mudança radical( Toffler,,Alvin, Toffler, Heidi. Criando uma nova civilização. Lisboa: Livros do Brazil, 1995. P.139.). Ao reclamar que o mundo mudou, mas que a política e o procedimento ético não acompanharam tal mudança, o autor mostra o elevadíssimo grau de decadência moral a que se chegou, em razão do poder das minorias, que vêm mantendo uma fachada de democracia, mas sem que o povo tenha acção sobre os verdadeiros destinos de suas nações. Os acordos entre os grupos políticos que decidem em troca de favorecimentos e ao sabor de suas vontades subjectivas formam o que pode denominar-se “ditadura democrática”, por paradoxal que pareça; ditadura porque o poder se concentra nas mãos de grupos pequenos, que agem como desejam, e democrática porque tem rótulo de governo do povo, sem que este, todavia, influa directamente nas decisões que lhe atinge. Esse clima de descontentamento que hoje assistimos, através do terrorismo, das greves, da delinquência, da libertinagem tão livre quanto a prostituição, do abalo das estruturas dos lares, das fraudes gigantescas contra o povo, sempre parece ter existido, a julgar-se pelas obras dos clássicos que também reclamavam de suas épocas; na era actual, todavia, não encontram justificativas de tais desajustes, diante dos imensos auxílios dimanados dos progressos da ciência e da tecnologias. A realidade mostra-nos que os vultosos recursos que foram conquistados no campo do conhecimento não se fizeram acompanhar de evoluções no campo da política, do social, e tudo isso é consequência da debilidade da educação moral, do mau emprego da mídia eletrônica e do desrespeito às instituições. Estamos, cada vez mais, nos constituindo, como diz Toffler, em uma “sociedade desmassificada”, o que também cada vez mais dificulta a mobilização de maiorias para uma posição de reforma imediata(Toffler,Alvin, Tooffler, Heidi. Op. Cit.p.183.). A luta pelo mercado do trabalho , por exemplo, tem, também, produzido fenómenos sociais típicos de desrespeito entre as classes, dentro de um outro desrespeito geral que não observa os compromissos da qualidade de trabalho, mas exclusivamente a produção de lucros. A ausência da responsabilidade para com o colectivo gera, como consequência natural, irresponsabilidade para com a qualidade do trabalho. Ofertas indiscriminadas de”pacote de propostas”, com rótulos mercadológicos, invadem os mercados de serviços e de bens, sem nenhum compromisso com a utilidade. Não podemos negar que o Estado nasceu de uma vontade das sociedades de se organizarem, mas não é menor verdade que a autoridade e o poder exercidos em nome de tal instituição nem sempre se têm comportado dentro dos interesses das próprias sociedades. O objectivo do Estado é o bem público, mas nem sempre os dirigentes, incumbidos de cumprir tais propósitos, se comportaram dentro de uma filosofia sadia e motivadora da ética. O direito pode legitimar um poder e este legitimar outras situações de direito, mas nada disso legitima a conduta que se processa contra os princípios éticos. Não se confundem, pois, as formas legais com as essências éticas, e nisso pode residir uma colisão entre as acções do poder e aquelas da real prática das virtudes. A obrigação ética não se confunde, com a obrigação legal, imposta pelo poder. A ideia de um Estado infalível idealmente perfeito, tem-se comprovado uma utopia, embora a meta a alcançar seja a de uma organização eficaz, pois o desejável está em 25
  • 26. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga possuir-se uma macrocélula social que possa coordenar e ensejar a liberdade, o crescimento e o bem-estar de todas as demais. O social em si, o Estado como decorrência do social, as classes, os grupos e as relações próximas entre os seres criam deveres éticos específicos e definidos em relação à conduta relativa a cada um. Uma sociedade absolutamente eficaz e um Estado igualmente eficaz são abstrações que a teoria deve buscar nas configurações teóricas, nos modelos a serem construídos para as condutas. A realidade, mostra-nos, também, que não existem sociedades constituídas total e exclusivamente por virtuosos, nem só por células sociais eficazes. A tarefa da ciência ética e das ciências sociais é contribuir para que tais estágios desejáveis sejam alcançados, pelo menos, quase totalmente. Isto implica a produção de modelos científicos que podem ser construídos para que sejam paradigmas de uma nova sociedade, conquistada pelos esforços do aperfeiçoamento das condutas e da consecução da felicidade. V. DEVERES PROFISSIONAIS Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos. Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma qualidade a terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, possam a ser uma obrigação perante o desempenho. 26
  • 27. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Logo, um complexo de deveres envolve a vida profissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho. Esses deveres impõem-se a passam a orientar a acção do profissional perante seu utente, se grupo, seus colegas, a sociedade, o Estado e especialmente perante sua própria conformação mental e espiritual. Diferenciam-se, pois, os valores nas tarefas e também a importância destas em face da conduta humana observável perante a execução. Tais diferenças, por si sós, já seriam suficientes para a consideração científica do estudo da questão (SIMPSON, George. O homem na sociedade. Rio de Janeiro: Bloch, 1954.p. 115). Escolhido o trabalho, que desempenhará com habitualidade o ser se compromete com todo um agregado de deveres éticos, pertinentes e compatíveis com a escolha da tarefa a ser desempenhada. Existem aspectos de uma objectividade, volvida ao trabalho, que apresenta particularidades próprias e também peculiares a cada especialização, ou seja, há um complexo de valores pertinentes a cada profissão. Conceito do dever Profissional e escolha da Profissão Quando escolhemos o que fazer, devemos consultar nossa consciência: se a tarefa é, realmente, a desejável, a condizente com o que nos apraz, e se possuímos pendor para realizá-la. Nem sempre a escolha coincide com a vocação, mas feita a escolha, inicia-se um compromisso entre o individuo e o trabalho que se propõe a realizar. Tal compromisso, essencial está principalmente volvido para a produção com qualidade, ou seja para a materialização de um esforço, no sentido de que se consiga oferecer o melhor trabalho. O dever nasce primeiro do empenho de escolher, depois daquele de conhecer, e finalmente do de executar as tarefas, com a prática de uma conduta lastreada em valores ou guias de conduta. Não basta escolher a profissão de administrador, advogado, analista de sistemas,,biólogo, contabilista, engenheiro, jornalista, médico, modelo, professor, seja a que for: é preciso que, ao buscar conhecer a tarefa, haja uma ligação sensível com a mesma, de modo que possa ser prazenteira e ensejar por isso, a prática sob os influxos do amor e do que se faz concretamente desejável. A origem, a proveniência, a genes do dever é a escolha da tarefa. Daí decorrem os compromissos do pleno conhecimento da mesma; tudo se complementa com o dever da qualidade da execução e com uma conduta valorosa, calcada em uma escolha de práticas úteis e causadoras de benefícios. Essas são as relações essenciais no fenómeno do dever ético. A escolha da profissão implica o dever do conhecimento e o dever do conhecimento implica o dever da execução adequada. A escolha de uma tarefa habitual, deve ser natura, defluente de um encontro de nossas estruturas mentais com a tarefa prazente, como a solução de uma fórmula de identidades. A harmonia na vida muito depende de nossa armonia com o trabalho que executamos. O dever precisa fluir como algo que traz bem-estar, e não como uma obrigação imposta que se faz pesada e da qual se deseja logo se livrar. A profissão não deve ser um meio, apenas, de ganhar a vida, mas de ganhar pela vida que ela proporciona, representando um propósito de fé. Seus deveres, nesta acepção, 27
  • 28. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga não são imposições, mas vontades espontâneas. Isso exige, que a selecção da profissão passe pela vocação, pelo amor ao que se faz, como condição essencial de uma opção. Quando a selecção da tarefa está de acordo com uma consciência identificada com a escolha, dificilmente ocorrem as transgressões éticas, porque estas seriam violações da vontade, contrárias ao próprio ser. Isto não significa, todavia, que ninguém possa tornar-se um apaixonado adepto de outro conhecimento, tendo escolhido o que não lhe era movido pelo que entendia estar vocacionado. A história regista muitos casos de profissionais de uma área que acabaram por se notabilizar em outras, em razão de suas genialidades e até da descoberta de aptidões que eles mesmos desconheciam. Dever de conhecer a profissão e a tarefa O exercício de uma profissão demanda a aquisição de pleno conhecimento, o domínio sobre a tarefa e sobre a forma de executá-la, além de actualização constante e aperfeiçoamento cultural. Aceitar um encargo sem ter capacidade para exercê-lo é uma prática condenável, em razão do prejuízo defluente. Buscar a perfeição na execução de uma tarefa é um dever do profissional que depende do conhecimento e da aplicação plena do mesmo. Um trabalho mal feito pode causar sérios desastres. Mesmo quando se sabe como fazer, se o trabalho não for executado de acordo com este conhecimento, também se comete uma infracção ética, ocorrendo, no caso, a negligência, Desconhecer, todavia, como realizar a tarefa ou apenas saber fazê-la parcialmente, em face da totalidade do exigível para a eficácia, é conduta que fere os preceitos da doutrina da moral (Ética). Um advogado que não se especializou em direito tributário, ao elaborar um contrato social de uma empresa, pode não cometer engano quanto ao direito comercial, mas se expõe a falhas que possam vir a agravar a sociedade em razão de erros perante o fisco.. Assim, ao estabelecer no contrato que os lucros apurados serão distribuídos pelos sócios na proporção de suas cotas, não comete erro do ponto de vista comercial, mas sujeita a empresa a uma distribuição que será onerada com os impostos pertinentes; o correcto seria deixar a distribuição dos lucros em bases opcionais. Um médico especializado em ortopedia que aceita tratar de uma paciente com problemas relacionadas com a ginecologia pode causar sérios danos em relação a seu paciente. Um auditor que aceita dar parecer sobre um grande número de empresas, mas que não pode acompanhar e supervisionar directamente todos os trabalhos, corre o risco de certificar situações contrárias à verdade. Conhecer o que se faz implica não só ser especialista em um ramo para o qual se está habilitado legalmente, mas também ter todo domínio da tarefa, de modo que ela possa ser produzida com eficácia. Conhecimento, no caso, não é apenas a acumulação de teorias, teoremas e experiências, mas também o domínio pleno sobre tudo o que é abrangido pela tarefa que se encontra sob responsabilidade directa de um profissional. O dever de conhecer envolve, pois, o de estar apto perante a ciência, a tecnologia, arte ( qual seja o caso) e o de ter domínio total sobre tudo o que envolve o desempenho eficaz da tarefa. 28
  • 29. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga O dever para com a eficácia da tarefa envolve a posse do saber, a percepção integral do objecto de trabalho e a aplicação plena do conhecimento de ambos na execução, de modo a cumprir-se tudo o que se faz exigível, com perfeição desejável, Ter conhecimento é saber como executar e também ter pleno domínio sobre o que deve ser executado, quando a questão se trata sobre a visão da ética. É dever ético-profissional dominar o conhecimento, como condição originária da qualidade ou eficácia da tarefa. Um perito em contabilidade pode ser grande conhecedor de como realizar perícia, mas se não conhece bem o processo em que elas são exigíveis, se está só limitado aos quesitos formulados, tende a cumprir com deficiência sua tarefa. É preciso a ocorrência do uso do saber e também da plena cognição da matéria que se torna objecto da aplicação da técnica ou da ciência, de modo simultâneo, quando o que se pretende é exercitar uma profissão. Não se pode excluir da profissão seu carácter de utilidade e não se pode conceber utilidade sem que a função profissional se exerça com eficácia. Se a necessidade do cliente não é suprida pelo conhecimento e este não se aplica totalmente na execução da tarefa profissional, não há como se falar em eficácia, a menos que motivos de força maior se sobreponham. Se uma pessoa procura um advogado e a causa é perdida porque todas as evidências militaram contra a mesma, a ineficácia não é do profissional; o mesmo ocorre no caso em que um médico perde seu paciente por falta de reacção do organismo deste ao tratamento prescrito. Se um empresário frauda o fisco através de obtenção de documentos falsos, a culpa do delito não é do técnico em contabilidade que efetuou os registos, pois não tinha meios de verificar a falsidade. As culpabilidades por ineficácia devem observar os limites do cumprimento dos deveres e as condições sob as quais estes se cumpram. Nada, por menor que seja, justifica, todavia, um trabalho ineficaz por intenção ou negligência, que possa ser considerado apenas “quase bom”, “sofrível” ou “menos mau”, quando se tem em mira a qualidade da execução ( MARDEN, O.S. op.cit.41ss.). Factos circunstanciais podem empanar a qualidade de uma tarefa, mas quando ela é intencionalmente prejudicada, comprovada tal ocorrência, o caso é delituoso, quer perante a lei, quer perante a doutrina da moral (Ética). Dever da execução das tarefas e das virtudes exigíveis Se a profissão eleva o nível moral do individuo, por sua vez, também exige dele uma prática valorosa, como escolha, pelas vias da virtude. O êxito tende a ser uma natural decorrência de quem trabalha de modo eficaz, em plenitude ética. Não bastam as competências científicas, tecnológica e artísticas; é necessária também aquela relativa ás virtudes do ser, aplicada ao relacionamento com pessoas, com a classe, com o Estado, com a sociedade, com a prática. A consciência profissional necessita de uma formação específica. Não pode ser considerada eficaz uma tarefa realizada apenas com pleno conhecimento material, 29
  • 30. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga sendo imprescindível que tudo se exerça sob a actuação de todo um complexo de virtudes nas quais o zelo, a excelência do produto, é uma das mais louvadas. O trabalho, por conseguinte, não é feito só com a exclusiva participação do profissional, mas envolve o interesse de pessoas directamente a ele ligadas e, muitas outras, indirectamente influenciadas, ou ainda envolve quem o faz e quem dele se beneficia. O ciente é o primeiro e directo interessado e merece reciprocidade de confiança, pois, ao procurar o profissional, já nele depositou fé. Inicia-se, aí um processo de lealdade que requer a aplicação de todas as virtudes. É o cliente o mais directo objectivo da utilidade do trabalho e por isso deve, eticamente, receber toda a atenção, cuidado e dedicação. De um profissional se exige, geralmente, seja qual for sua função, a prática das seguintes capacidades básicas como virtudes, como valores necessários e compatíveis à prática de cada utilidade requerida pelo utente dos serviços profissionais: Abnegação, altruísmo, aptidão, atitude, autenticidade, benevalência, carácter, cautela, compreensão, coragem, criatividade, determinação, dignidade, diplomacia, eficácia, eficiência, fidelidade, gratidão, honestidade, lealdade, moderação, obediência, optimismo, perseverança, racionalismo, solidariedade, tolerância, veracidade, voluntariedade, sigilo, zelo. O elenco de tais virtudes, de quase uma centena, é ainda incompleto, mas oferece uma ideia de vastidão de aptidões necessárias, aplicáveis diferentemente, de acordo com as também variadíssimas necessidades. Todas essas capacidades desejáveis ensejam deveres a cumprir, de acordo com a natureza de cada tarefa, e todas são susceptíveis de normalizações no interesse de grupos profissionais Entretanto, não é só a quantidade das virtudes que nos deve impressionar; mas, notadamente, a qualidade com que devem ser desempenhadas pois isto identifica uma relação entre o carácter do profissional e o exercício de sua profissão. Nem todas são exigíveis para todas as profissões, visto que as virtudes são variáveis de acordo com o que se faz desejável ou necessário para o exercício de uma tarefa determinada, conforme os valores atribuíveis a cada trabalho ou função. O que representa um valor, uma expressão de virtude, em uma profissão, pode não representar em outra e até ser considerado inadequado ou fora de propósito. Há relatividade na apreciação da virtude quando por esta se entende a capacidade do ser dentro de uma conduta moral ou aprovada para a prática de um trabalho de utilidade social ou microsicial.. Quando benefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só podemos justificar o não-cumprimento quando factores de ordem muito superior o possam impedir, pois o descumprimento será sempre uma lesão à consciência ética. Ao se referir á importância dos deveres, Cícero cita o caso de um advogado que, tendo prometido defender alguém em uma causa, necessária se fazendo sua presença no tribunal, teve no mesmo dia, um filho gravemente enfermo; colocou o copromisso com o filho a cima da presença no tribunal e achou justificável tal posição, diante da hierarquia dos compromissos e do malefício do abandono de um descendente directo, desprotegido(Cícero, Marco Túlio. Oficiis. Livro I, p. X.). Com isso, o pensador romano desejou afirmar que o dever muda de acordo com a circunstância, mas não deixou de atribuir ao caso o carácter da excepcionalidade. Ele resumia todas as virtudes nos sentimentos de: (1) busca da verdade; (2) preservação da sociedade ou do colectivo; (3) moderação; e (4) temperança. 30
  • 31. ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL (E.D.P) – MSc.Econ. Pedro Batumenga Poucos pensadores tiveram tão forte, em suas convicções, a preocupação com o dever da doação, com o bem de terceiros e com o respeito ao que é de cada um (Cícero De oficiis, Livro I, p. XVI). VI. VIRTUDE COMO SUBSTÂNCIA ÉTICA A expressão isolada de Aristóteles “aos hábitos dignos de louvor chamamos virtudes” deve ser analisada com relatividade. Nessa expressão quis o genial pensador, ressaltar o efeito (louvor) como causa determinante e não a virtude em si, ou seja, o que ela de facto representa. Sabemos também, que virtuosos não são dignos de louvor em meios onde o vício prevalece, o que não invalida o teor da virtude. Essa observação torna-se evidente, quando imaginamos que louvor pode ser efeito de uma forma particular de ver as coisas, relativa a um grupo de pessoas, ou também, uma óptica particular de conduta grupal.. 31