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Teorias da tradução 
Martinho Lutero: o artesão da língua alemã 
Hebraico: uma língua moderna para Israel 
Gabriela de Paula 
Yasmin Fonseca
Martinho Lutero: 
o artesão da 
língua alemã
A língua alemã 
• Histórico 
Até o século VIII → inscrições rúnicas. 
Século VIII → “1o florescimento da literatura alemã” 
• Os documentos literários mais antigos em língua alemã procedem desse período. 
• Tradução de textos bíblicos: primeiros glossários religiosos 
– Abrogans (ano 765) 
– Vocabularius Sancti Galli 
Século IX → tradução de documentos mais extensos e completos. 
– Novo Testamento (texto latino de Taciano, do século II) 
– Livro dos Evangelhos, de Otfried von Weißenburg, em antigo alto alemão 
Ano 1000 → Notker, o Alemão, representa outro ponto culminante na tradução e na literatura alemã. 
– Salmos 
– Obras de Boécio e Aristóteles
A tradução e a língua alemã 
Otfried von Weißenburg 
• Sua obra de tradução constituiu preciosa indicação das dificuldade em se escrever em alemão. 
Para ele, as letras latinas não bastavam para expressar os sons da língua germânica. 
• Imitando os livros latinos, ele deu valor literário a documentos ao introduzir a rima final. 
Notker, o Alemão 
• O êxito de sua tradução está na precisão, na erudição estilítica e na inclinação pela língua falada. 
• Empenhou-se em encontrar um termo de concordância entre os sinais gráficos e o tipo fonético 
do idioma, visando estabelecer regras de pontuação e ortografia. 
• O ponto de partida de seu trabalho foi a exegese, a compreensão do texto original por meio de 
explicações e comentários. Também utilizou o latim para preencher lacunas de vocabulário, 
contribuindo para o enriquecimento do idioma alemão. 
– Por exemplo, ao traduzir as obras de Boécio e Aristóteles, Notker às vezes apresentava, em sua prosa, mistura de latim e 
alemão com finalidade didática. Desde modo, introduziu terminologias filosóficas ao idioma.
Primeiros glossários religiosos: 
Abrogans 
Vocabularius Sancti Galli 
Psalmen (Notker) com notas explicativas 
Evangelienharmonie (Otfried von Weißenburg)
Interlinearglossar (versão interlinear): 
Vocábulos interpostos entre as linhas ou 
palavras colocadas à margem dos textos. 
Otfried von Weißenburg
No entanto… 
• Os documentos traduzidos para a língua alemã neste período não foram escritos em uma 
linguagem uniforme, regulamentada. 
• Tratava-se da transcrição de vários dialetos. 
– Por exemplo, o Novo Testamento de Taciano foi redigido em francônio oriental, e Notker traduzia para o alemânico. 
• Não se conhecia um idioma comum alemão. 
• E, muitas vezes, a linguagem utilizada nos documentos não corresponde à da região em que se 
localizavam, devido à procedência diversa daqueles que compunham os centros religiosos. 
• Portanto, todos os conventos e mosteiros tinham as suas particularidades idiomáticas. 
• Além disso, a escrita e a literatura eram de domínio quase exclusivamente eclesiástico. 
• E mais importante, a língua alemã ainda não era vista como língua literária, sendo muitas vezes 
desprezada por ser uma idioma de cunho popular.
Carlos Magno (ca. 742 - 814) 
• Foi o primeiro a se interessar pela criação de 
um idioma comum alemão. 
• O perído do reinado de Carlos Magno foi 
importante pra a expansão da língua alemão, 
principalmente após a inclusão dos saxões no 
Império. Ele cuidou pessoalmente de prestigiar 
a fala do povo. 
• Mandou traduzir orações, fórmulas de batismo 
e confissão e todas as leis vigentes. Deu nomes 
alemães aos meses do ano, e exigiu que os 
sermões fossem feitos na língua popular. 
Também tentou implantar a “língua theodisca” 
nos documentos oficiais. 
• Incentivou a codificação das regras gramaticais 
alemã, idealizando uma gramática que não se 
conservou.
A tradução e a língua alemã 
• O antigo alto alemão surgiu e se desenvolveu como língua escrita a partir da tradução da Bíblia 
para o vernáculo. 
• Sob a influência do latim, o alemão amadureceu como língua literária, passando a ser usado 
para traduções bíblicas e outros gêneros. 
• No fim da Idade Média, o alemão predominou sobre o latim, mas ainda assim, continuava a ser 
uma língua regional, com vários dialetos, e valor funcional e social. 
• A tradução passou a ter um papel menos importante à medida que o alemão se desenvolveu, 
firmando-se como um meio legítimo de comunicação, mas nunca deixou de ser um fator no 
desenvolvimento contínuo da língua. 
• Durante este período foram frequentes as discussões sobre linguística e os princípios da 
tradução. 
• Levou muito tempo para que surgisse uma língua alemã difundida, processo que só foi ter seu 
fim no século XVIII. 
• A tradução da Bíblia por Lutero desempenhou um papel decisivo neste processo de unificação.
Reforma Protestante 
• O efeito do trabalho de Lutero como tradutor só pode ser compreendido contra o plano de 
fundo da Reforma e suas exigências linguísticas e de comunicação, assim como a tradição 
tradutória da época. 
• Século XVI → época de conflitos sociais, quando as classes sociais se reuniram contra a Igreja 
Católica. As reformas sociais só podiam ser realizadas com uma reforma paralela da Igreja. 
• A divulgação das Escrituras na linguagem do povo, preconizada por Lutero, proporcionou a 
esse movimento uma estrutura ideológica. 
• A Bíblia já existia em alto alemão, porém demonstrava que as pessoas comuns precisavam de 
uma Bíblia que pudessem ler no seu próprio idioma.
Martinho Lutero (1483-1546) 
• Nasceu e foi educado em uma área linguística da 
Alemanha centro-oriental onde já se havia formado 
uma língua normativa, linguagem literária de certa 
sofisticação. 
• Ele procurou empregar formas de linguagem que 
tivesse ampla utilização regional e uma extensa 
base social. 
• Estudou latim, grego e hebraico. Para chegar à 
correspondência mais apropriada em alemão, teve 
o apoio de especialistas como Philipp Melanchton, 
em grego, Markus Aurogallus, em hebraico, e 
Caspar Cruciger, em latim. Consultou também 
profissionais para resolver problemas de 
terminologia. 
• Tinha uma abordagem filológica inovadora, 
baseada na filosofia humanista.
A Bíblia de Lutero 
• Lutero advogava o retorno às línguas originais da 
Bíblia (hebraico, Antigo Testamento, e grego, Novo 
Testamento, mas sem desprezar a Vulgata latina). 
• Reformulou o texto da bíblia como um texto alemão: 
o texto histórico foi revisto para ajustar-se à 
mentalidade e ao espírito de sua época. Para ele, a 
equivalência semântica era por si só insuficiente, era 
necessário interpretar as ideias de uma cultura e de 
uma sociedade muito distantes, no tempo e no 
espaço, daquela em que a tradução seria lida. 
• Também procurou formular sua tradução de acordo 
com as regras da língua-meta, mas o alemão não 
havia alcançado um estágio de desenvolvimento para 
que isso ocorresse plenamente.
Estratégias de tradução 
• Para Lutero, a palavra devia seguir o sentido do texto, e não ao contrário. Ele acreditava que a 
tradução era sempre uma interpretação, pelo menos até certo ponto. 
• Os princípios da tradução e as estratégias usadas por Lutero podem ser evidenciados 
comparando-se diferentes traduções publicadas: elas refletem uma tendência para a 
expressão direta e viva, com substituições de expressões verbais por frases nominais. 
• Sempre levava em conta o som da linguagem falada e queria que sua tradução fosse mais 
coloquial e mais compreensível. Queria manter um equilíbrio apropriado entre a linguagem 
sagrada e a cotidiana, que ninguém conseguiu antes. 
• Lutero defendeu suas traduções em dois textos: Sendbrief vom Dolmetschen (Carta circular 
sobre tradução, 1530) e Summarien über die Psalmen und Ursachen des Dolmetschen (Defesa 
da tradução dos Salmos, 1531-1533). 
• Neste textos de Lutero, ele reflete sobre certos problemas teóricos que até hoje continuam 
sendo debatidos: tradução livre e a literal, a “naturalização” dos textos traduzidos, questões 
de estilo e a importância de levar em conta o contexto.
Vulgata vs. Bíblia de Lutero 
• Nesses textos, Lutero introduz alguns exemplos da Vulgata, contrastando a tradução literal com as 
suas versões, que acentuavam o sentido da frase em lugar do sentido de palavras isolodas. 
Exemplo: uso de allein (só), no sentido de nur (somente), na carta de São Paulo aos romanos, onde 
a palavra latina sola não aparece no original. 
Vulgata: Arbitramur hominem iustificari ex fide absque operibus legis. 
Lutero: Wir halten, das der mensch gerecht werde on des gesetzts werk, allein durch den glauben. 
(A conclusão é que Deus declara livre de culpa o homem só pela fé, sem exigir-lhe o cumprimento da Lei) 
• Lutero também faz versões livres, utilizando-se de provérbios existentes no alemão. 
Exemplo: Mateus 12:34, em que a tradução literal fica obscura. 
Tradução literal: A boca fala a partir de um excesso de coração. 
Lutero: Wes das Herz voll ist, des geht der Mund über. 
(provérbio alemão: Quando o coração está pleno, a boca transborda).
Vulgata vs. Bíblia de Lutero 
• Esses exemplos procuram mostrar que, em 
certos casos, uma correspondência fiel trai o 
sentido genuíno da frase, e os tradutores 
precisam, às vezes, buscar uma correspondência 
na língua-meta para que deixe claro o 
pensamento contido no original. 
• Por isso, Lutero merece um lugar especial na 
história da língua e também da tradução. 
Vulgata
Influência na língua alemã 
• A influência de Lutero sobre língua alemão e a arte da tradução se tornou evidente depois de sua 
morte: as primeiras gramáticas alemãs, publicadas no século XVI, se baseavam diretamente na 
tradução da bíblia por Lutero. 
• Só no século XVIII surgiu uma avaliação mais diferenciada da linguagem de Lutero: Johann Christoph 
Adelung considerou a bíblia de Lutero mais como uma fonte útil do que como modelo de linguagem 
correta. No entanto, a influência normativa da linguagem de Lutero pode ser observada até o século 
XIX, no dicionário dos irmãos Grimm, em que ela aparece como uma fonte de grande importância. 
Concluindo… 
• Tradução da Bíblia → ajudou a promover o enriquecimento e a padronização do léxico alemão, e o 
desenvolvimento de uma sintaxe equilibrada, com emprego de meios formais, tais como posição dos 
verbos e das conjunções, assim como o uso da inicial maiúscula nos substantivos. 
• Sua contribuição principal, porém, foi no campo estilístico: a clareza, a boa compreensão, a 
simplicidade e a vivacidade são características do estilo usado na tradução da bíblia, que ainda serve 
como modelo para a boa escrita. Todas as revisões da bíblia e as traduções modernas são avaliadas 
de forma consistente por comparação com o texto de Lutero. 
• As traduções de Lutero foram um fator importante, elemento catalisador e padrão de avaliação no 
desenvolvimento da língua nacional dos alemães.
Hebraico: 
uma língua 
moderna 
para Israel
A língua hebraica 
• Histórico 
• Língua antiga pertencente ao ramo canaanita da família linguística semita norte- ocidental. 
• Século VIII a.C. → primeiras inscrições em hebraico antigo, sendo conservado sobretudo no 
texto da bíblia hebraica, que foi completada no século IV a.C. 
• Foi a língua de comunicação do povo judeu desde 1200 a.C. (conquista de Canaã após o 
Êxodo do Egito) até 134 d.C. (revolta de Bar Kokhba contra os romanos). 
• O uso corrente da língua hebraica foi interrompido pela dispersão do povo judeu, quando 
este passou a viver em diversos países e a falar diferentes idiomas. 
• Eles falavam os idiomas dos países onde viviam, assim como dialetos especiais usados 
exclusivamente pelos judeus: 
– Iídiche (língua da família indo-europeia, pertencente ao subgrupo germânico, falada particularmente na Europa 
Central e na Europa Oriental, no segundo milênio, que a escrevem utilizando os caracteres hebraicos.) 
– Ladino (língua ibérica, semelhante ao castelhano, falada por comunidades judaicas originárias da penísula Ibérica, 
também chamada de judeu-espanhol)
A língua hebraica 
• Histórico 
• Durante 1700 anos, a língua ficou estagnada e, dessa 
forma, ela não pôde ter uma vida plena e um 
desenvolvimento normal. Ao longo de todo esse 
tempo, entretanto, o hebraico continuou sendo a 
língua em que se orava e na qual a Bíblia era lida nos 
cerimoniais públicos. Os deveres religiosos fizeram 
com que praticamente todo judeu soubesse ler e 
escrever hebraico. 
• A língua também conseguiu manter certa força na 
escrita. Disso dá testemunho o florescimento de uma 
extensa produção literária hebraica na diáspora. 
• Em certas épocas foi utilizado por autores judeus na 
literatura secular (literatura hebraica da Idade de 
Ouro da Espanha medieval, e literatura hebraica do 
movimento iluminista judeu na Europa, século XIX), 
mas não era usado na vida cotidiana. 
Códice Leningrado de 1008-1009 d.C. 
Considerado o mais antigo manuscrito da 
Bíblia hebraica inteira, está dividido em três 
colunas. (Rússia)
Sionismo 
• Movimento nacionalista do povo judeu. 
• Surgiu na Europa no século XIX. 
• Seu objetivo era restabelecer os judeus em Eretz-Israel e não pretendia, inicialmente, o 
retorno do hebraico para uso cotidiano. 
• Pensava-se no alemão como língua nacional. 
• No entanto, surgiu dentro do movimento um desejo de reviver o hebraico. 
Antigo Testamento
Eliezer Ben-Yeuda (1858-1922) 
• Linguista que reconstruiu a língua hebraica no século 
XIX criando o que conhecemos como o hebraico 
moderno. 
• É conhecido como “o ressuscitador do hebraico”. 
• Tentou persuadir os leitores a utilizar o hebraico na 
vida diária. 
• Exprimia-se exclusivamente em hebraico, o que era 
incomum naquela época. 
• Fez um dicionário hebraico e adaptou a língua antiga 
à vida moderna, criando novos vocábulos, dos quais 
muitos foram incorporados ao hebraico moderno.
Corpo de Defensores da Língua 
• No entanto, falava-se em Israel muitas línguas. Muitos de seus habitantes não falavam, liam 
ou escreviam o hebraico. 
• Corpo de Defensores da Língua → organização de jovem, organizado em 1923, que lutou para 
que só se empregasse o hebraico na vida pública. 
• Eles costumavam fazer demonstrações e intervir em atos públicos quando outras línguas eram 
usadas. A campanha condenava livros importados e os jornais locais em línguas estrangeiras. 
• Hoje, o hebraico é a língua usada na literatura e no jornalismo, na redação científica e 
tecnológica e na vida diária.
A tradução e a língua hebraica 
• A tradução foi importante para fazer reviver o hebraico de duas formas: 
• Ajudou a difundir o idioma, já que havia pouco textos originais em hebraico, e as traduções 
preencheram esse vazio. 
• E as traduções também enriqueceram a língua por meio do contato com outros idiomas. 
• No entanto, o desenvolvimento do hebraico não se devia apenas às traduções, mas também por 
Israel ser um país de imigrantes, o que fez (e faz) o hebraico absorver elementos de língua e 
cultura estrangeira, que deixaram suas marcas também através, por exemplo, de versões 
originais de filmes e programas de televisão estrangeira.
Mendele Mokher (1835-1917) 
• Importante nome na vida literária judia, do 
fim do século XIX e início do século XX. 
• Viveu em Odessa, Rússia. 
• Escreveu obras de ficção em ídiche e traduziu-as 
pessoalmente para o hebraico. 
• Suas traduções se dirigiam a leitores que já 
conheciam as obras em ídiche, portanto 
tinham por objetivo contribuir para o 
renascimento do hebraico. 
• Um de seus livros mais importantes é As 
viagens de Benjamin, o Terceiro, sátira sobre a 
vida dos judeus na diáspora.
As viagens de Benjamin, o Terceiro 
• Originalmente escrita em iídiche e depois 
traduzida para o hebraico. 
• Dificuldades da tradução → o texto-fonte 
estava escrito em rico e vivo iídiche, 
enquanto a língua-meta era antiga, 
petrificada. 
• Estilisticamente erudita, parecia a Bíblia. 
• Mas Mendele conseguiu usar a distância 
entre o estilo floreado da tradução e o 
caráter ridículo dos heróis para criar um 
forte efeito irônico que ajudou a formar 
uma sátira social. 
• Esse uso efetivo do hebraico bíblico foi 
adotado por outros autores judeus e 
continua popular na sátira hebraica.
Chaim Nachman Bialik (1873-1934) 
• Poeta nacional de Israel, começando sua 
carreira poética na Rússia, antes de imigrar 
para Eretz-Israel em 1924. 
• Ele também empregou a tradução para dar 
vida ao hebraico. 
• Traduziu para o hebraico obras clássicas da 
literatura mundial, como Dom Quixote. 
• Escreveu também poemas populares e músicas 
infantis, que eram, em parte, adaptações de 
canções em iídiche, e empregava uma 
linguagem sofisticada e bíblica. 
• Apesar da dificuldade linguística, seus poemas 
se popularizaram e são cantados até hoje. 
• Assim, ele provou que o hebraico podia 
funcionar como uma língua cotidiana.
Enriquecimento através da tradução 
• Por ter se tornado uma língua sagrada, o hebraico ficou estagnado e conseguia expressar 
conceitos da vida cotidiana e áreas da realidade contemporânea, como ciência e tecnologia. 
• E por ser uma língua que existia apenas como língua escrita, ela não possuía a variante oral 
como outros idiomas, o que dificultava o trabalho dos tradutores. 
• Isto foi contornado de duas maneiras: uso de vocábulos antigos com o sentido ampliado ou 
modificado, ou atribuição de novo sentido a palavras esquecidas, ou neologismos. 
• Para criar uma variante falada, os tradutores corrompiam a língua antiga, usando expressões 
de forma incorreta. 
• O hebraico também se enriqueceu através do empréstimo de palavras, tradução literal de 
expressões e imitação de formas gramaticais e sintáticas estrangeiras. 
• Século XX → a partir do início do século, o hebraico se tornou gradualmente uma língua viva. E 
mesmo depois de se firmar como idioma falado e cotidiano, cada nova tradução recriava o 
hebraico nos dois modos mencionados anteriormente.
Língua falada na literatura 
• Encorajava-se o emprego de uma “língua falada fictícia”, pois se considerava o “hebraico 
falado autêntico” algo que não estava de acordo com a literatura. 
• Hoje há menos hostilidade sobre o uso do hebraico falado pela literatura, mas diz-se que a 
língua falada pertence sempre a um contexto social e histórico específico, sendo preferível 
usar nas traduções uma fala inventada, pertencente ao “terceiro território”, o local de 
encontro das línguas-fontes e metas.
Abraham Shlonsky (1900-1973) 
• Um dos mais reconhecidos poetas (modernista) e 
tradutor hebraico do século XX. 
• Na sua poesia e nas traduções a invenção 
linguística não era só uma forma de preencher 
vazios, mas também um recurso estético. 
• Ele renovou o hebraico baseando-se nos seus 
próprios recursos, recorrendo os vários estratos 
históricos do idioma e criando grande número de 
neologismos, com base em formas gramaticais 
existentes. 
• Muitos de seus neologismos foram adotados na 
literatura e na língua cotidiana, e ele enriqueceu 
o hebraico inspirando-se nas línguas-fontes, 
principalmente o russo.
Abraham Shlonsky (1900-1973) 
• Usou a língua russa para criar uma forma de 
língua falada apropriada à literatura, 
caracterizada pela estrutura, vocativos, 
conectivos e diminutivos derivados do russo. 
• Mesmo os autores nascidos em Israel e que não 
sabiam russo adotaram seu estilo russificado. 
• O trabalho de Shlonsky fortaleceu a concepção 
das traduções literárias na cultura hebraica: a 
tradução era considerada não só uma 
intermediação entre os leitores e a literatura 
mundial, mas também um meio de desenvolver o 
hebraico moderno.
Conclusão 
• Graças aos esforços dos tradutores, as línguas 
nacionais nasceram, se desenvolveram e 
enriqueceram, recebendo um novo sentido e 
uma nova vida. 
• Eles desempenharam um papel significativo 
no desenvolvimento das culturas-metas e na 
gênese das próprias línguas.
Bibliografia 
• NAMA, C. A. Os tradutores e o desenvolvimento das línguas nacionais. In: DELISLE, J.; WOODSWORTH, J. Os 
tradutores na história. São Paulo: Ática, 1998. p. 57-72. 
• THEODOR, E. O antigo alemão. In: ___. A língua alemã: desenvolvimento histórico e situação atual. São Paulo: 
Editora Herder, 1963. p. 52-77. 
• WIKIPÉDIA. Martinho Lutero. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero >. Acesso em: 06 abr. 
2013. 
• WIKIPÉDIA. Deutsche Sprache. Disponível em: < 
http://de.wikipedia.org/wiki/Deutsche_Sprache#Das_Glottonym_.E2.80.9Edeutsch.E2.80.9C >. Acesso em: 06 abr. 
2013. 
• ALTHOCHDEUTSCH GLOSSEN WIKI. Glossarüberlieferung. Disponível em: 
<http://de.althochdeutscheglossen.wikia.com/wiki/Glossar%C3%BCberlieferung>. Acesso em: 06 abr. 2013. 
• ASWIDIOMAS. História do Hebraico Moderno. Disponível em: <http://www.aswidiomas.com.br/hist_hebraico.html>. 
Acesso em: 06 abr. 2013.

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Teorias da Tradução - Língua Alemã & Hebraica

  • 1. Teorias da tradução Martinho Lutero: o artesão da língua alemã Hebraico: uma língua moderna para Israel Gabriela de Paula Yasmin Fonseca
  • 2. Martinho Lutero: o artesão da língua alemã
  • 3. A língua alemã • Histórico Até o século VIII → inscrições rúnicas. Século VIII → “1o florescimento da literatura alemã” • Os documentos literários mais antigos em língua alemã procedem desse período. • Tradução de textos bíblicos: primeiros glossários religiosos – Abrogans (ano 765) – Vocabularius Sancti Galli Século IX → tradução de documentos mais extensos e completos. – Novo Testamento (texto latino de Taciano, do século II) – Livro dos Evangelhos, de Otfried von Weißenburg, em antigo alto alemão Ano 1000 → Notker, o Alemão, representa outro ponto culminante na tradução e na literatura alemã. – Salmos – Obras de Boécio e Aristóteles
  • 4. A tradução e a língua alemã Otfried von Weißenburg • Sua obra de tradução constituiu preciosa indicação das dificuldade em se escrever em alemão. Para ele, as letras latinas não bastavam para expressar os sons da língua germânica. • Imitando os livros latinos, ele deu valor literário a documentos ao introduzir a rima final. Notker, o Alemão • O êxito de sua tradução está na precisão, na erudição estilítica e na inclinação pela língua falada. • Empenhou-se em encontrar um termo de concordância entre os sinais gráficos e o tipo fonético do idioma, visando estabelecer regras de pontuação e ortografia. • O ponto de partida de seu trabalho foi a exegese, a compreensão do texto original por meio de explicações e comentários. Também utilizou o latim para preencher lacunas de vocabulário, contribuindo para o enriquecimento do idioma alemão. – Por exemplo, ao traduzir as obras de Boécio e Aristóteles, Notker às vezes apresentava, em sua prosa, mistura de latim e alemão com finalidade didática. Desde modo, introduziu terminologias filosóficas ao idioma.
  • 5. Primeiros glossários religiosos: Abrogans Vocabularius Sancti Galli Psalmen (Notker) com notas explicativas Evangelienharmonie (Otfried von Weißenburg)
  • 6. Interlinearglossar (versão interlinear): Vocábulos interpostos entre as linhas ou palavras colocadas à margem dos textos. Otfried von Weißenburg
  • 7. No entanto… • Os documentos traduzidos para a língua alemã neste período não foram escritos em uma linguagem uniforme, regulamentada. • Tratava-se da transcrição de vários dialetos. – Por exemplo, o Novo Testamento de Taciano foi redigido em francônio oriental, e Notker traduzia para o alemânico. • Não se conhecia um idioma comum alemão. • E, muitas vezes, a linguagem utilizada nos documentos não corresponde à da região em que se localizavam, devido à procedência diversa daqueles que compunham os centros religiosos. • Portanto, todos os conventos e mosteiros tinham as suas particularidades idiomáticas. • Além disso, a escrita e a literatura eram de domínio quase exclusivamente eclesiástico. • E mais importante, a língua alemã ainda não era vista como língua literária, sendo muitas vezes desprezada por ser uma idioma de cunho popular.
  • 8. Carlos Magno (ca. 742 - 814) • Foi o primeiro a se interessar pela criação de um idioma comum alemão. • O perído do reinado de Carlos Magno foi importante pra a expansão da língua alemão, principalmente após a inclusão dos saxões no Império. Ele cuidou pessoalmente de prestigiar a fala do povo. • Mandou traduzir orações, fórmulas de batismo e confissão e todas as leis vigentes. Deu nomes alemães aos meses do ano, e exigiu que os sermões fossem feitos na língua popular. Também tentou implantar a “língua theodisca” nos documentos oficiais. • Incentivou a codificação das regras gramaticais alemã, idealizando uma gramática que não se conservou.
  • 9. A tradução e a língua alemã • O antigo alto alemão surgiu e se desenvolveu como língua escrita a partir da tradução da Bíblia para o vernáculo. • Sob a influência do latim, o alemão amadureceu como língua literária, passando a ser usado para traduções bíblicas e outros gêneros. • No fim da Idade Média, o alemão predominou sobre o latim, mas ainda assim, continuava a ser uma língua regional, com vários dialetos, e valor funcional e social. • A tradução passou a ter um papel menos importante à medida que o alemão se desenvolveu, firmando-se como um meio legítimo de comunicação, mas nunca deixou de ser um fator no desenvolvimento contínuo da língua. • Durante este período foram frequentes as discussões sobre linguística e os princípios da tradução. • Levou muito tempo para que surgisse uma língua alemã difundida, processo que só foi ter seu fim no século XVIII. • A tradução da Bíblia por Lutero desempenhou um papel decisivo neste processo de unificação.
  • 10. Reforma Protestante • O efeito do trabalho de Lutero como tradutor só pode ser compreendido contra o plano de fundo da Reforma e suas exigências linguísticas e de comunicação, assim como a tradição tradutória da época. • Século XVI → época de conflitos sociais, quando as classes sociais se reuniram contra a Igreja Católica. As reformas sociais só podiam ser realizadas com uma reforma paralela da Igreja. • A divulgação das Escrituras na linguagem do povo, preconizada por Lutero, proporcionou a esse movimento uma estrutura ideológica. • A Bíblia já existia em alto alemão, porém demonstrava que as pessoas comuns precisavam de uma Bíblia que pudessem ler no seu próprio idioma.
  • 11. Martinho Lutero (1483-1546) • Nasceu e foi educado em uma área linguística da Alemanha centro-oriental onde já se havia formado uma língua normativa, linguagem literária de certa sofisticação. • Ele procurou empregar formas de linguagem que tivesse ampla utilização regional e uma extensa base social. • Estudou latim, grego e hebraico. Para chegar à correspondência mais apropriada em alemão, teve o apoio de especialistas como Philipp Melanchton, em grego, Markus Aurogallus, em hebraico, e Caspar Cruciger, em latim. Consultou também profissionais para resolver problemas de terminologia. • Tinha uma abordagem filológica inovadora, baseada na filosofia humanista.
  • 12. A Bíblia de Lutero • Lutero advogava o retorno às línguas originais da Bíblia (hebraico, Antigo Testamento, e grego, Novo Testamento, mas sem desprezar a Vulgata latina). • Reformulou o texto da bíblia como um texto alemão: o texto histórico foi revisto para ajustar-se à mentalidade e ao espírito de sua época. Para ele, a equivalência semântica era por si só insuficiente, era necessário interpretar as ideias de uma cultura e de uma sociedade muito distantes, no tempo e no espaço, daquela em que a tradução seria lida. • Também procurou formular sua tradução de acordo com as regras da língua-meta, mas o alemão não havia alcançado um estágio de desenvolvimento para que isso ocorresse plenamente.
  • 13. Estratégias de tradução • Para Lutero, a palavra devia seguir o sentido do texto, e não ao contrário. Ele acreditava que a tradução era sempre uma interpretação, pelo menos até certo ponto. • Os princípios da tradução e as estratégias usadas por Lutero podem ser evidenciados comparando-se diferentes traduções publicadas: elas refletem uma tendência para a expressão direta e viva, com substituições de expressões verbais por frases nominais. • Sempre levava em conta o som da linguagem falada e queria que sua tradução fosse mais coloquial e mais compreensível. Queria manter um equilíbrio apropriado entre a linguagem sagrada e a cotidiana, que ninguém conseguiu antes. • Lutero defendeu suas traduções em dois textos: Sendbrief vom Dolmetschen (Carta circular sobre tradução, 1530) e Summarien über die Psalmen und Ursachen des Dolmetschen (Defesa da tradução dos Salmos, 1531-1533). • Neste textos de Lutero, ele reflete sobre certos problemas teóricos que até hoje continuam sendo debatidos: tradução livre e a literal, a “naturalização” dos textos traduzidos, questões de estilo e a importância de levar em conta o contexto.
  • 14. Vulgata vs. Bíblia de Lutero • Nesses textos, Lutero introduz alguns exemplos da Vulgata, contrastando a tradução literal com as suas versões, que acentuavam o sentido da frase em lugar do sentido de palavras isolodas. Exemplo: uso de allein (só), no sentido de nur (somente), na carta de São Paulo aos romanos, onde a palavra latina sola não aparece no original. Vulgata: Arbitramur hominem iustificari ex fide absque operibus legis. Lutero: Wir halten, das der mensch gerecht werde on des gesetzts werk, allein durch den glauben. (A conclusão é que Deus declara livre de culpa o homem só pela fé, sem exigir-lhe o cumprimento da Lei) • Lutero também faz versões livres, utilizando-se de provérbios existentes no alemão. Exemplo: Mateus 12:34, em que a tradução literal fica obscura. Tradução literal: A boca fala a partir de um excesso de coração. Lutero: Wes das Herz voll ist, des geht der Mund über. (provérbio alemão: Quando o coração está pleno, a boca transborda).
  • 15. Vulgata vs. Bíblia de Lutero • Esses exemplos procuram mostrar que, em certos casos, uma correspondência fiel trai o sentido genuíno da frase, e os tradutores precisam, às vezes, buscar uma correspondência na língua-meta para que deixe claro o pensamento contido no original. • Por isso, Lutero merece um lugar especial na história da língua e também da tradução. Vulgata
  • 16. Influência na língua alemã • A influência de Lutero sobre língua alemão e a arte da tradução se tornou evidente depois de sua morte: as primeiras gramáticas alemãs, publicadas no século XVI, se baseavam diretamente na tradução da bíblia por Lutero. • Só no século XVIII surgiu uma avaliação mais diferenciada da linguagem de Lutero: Johann Christoph Adelung considerou a bíblia de Lutero mais como uma fonte útil do que como modelo de linguagem correta. No entanto, a influência normativa da linguagem de Lutero pode ser observada até o século XIX, no dicionário dos irmãos Grimm, em que ela aparece como uma fonte de grande importância. Concluindo… • Tradução da Bíblia → ajudou a promover o enriquecimento e a padronização do léxico alemão, e o desenvolvimento de uma sintaxe equilibrada, com emprego de meios formais, tais como posição dos verbos e das conjunções, assim como o uso da inicial maiúscula nos substantivos. • Sua contribuição principal, porém, foi no campo estilístico: a clareza, a boa compreensão, a simplicidade e a vivacidade são características do estilo usado na tradução da bíblia, que ainda serve como modelo para a boa escrita. Todas as revisões da bíblia e as traduções modernas são avaliadas de forma consistente por comparação com o texto de Lutero. • As traduções de Lutero foram um fator importante, elemento catalisador e padrão de avaliação no desenvolvimento da língua nacional dos alemães.
  • 17. Hebraico: uma língua moderna para Israel
  • 18. A língua hebraica • Histórico • Língua antiga pertencente ao ramo canaanita da família linguística semita norte- ocidental. • Século VIII a.C. → primeiras inscrições em hebraico antigo, sendo conservado sobretudo no texto da bíblia hebraica, que foi completada no século IV a.C. • Foi a língua de comunicação do povo judeu desde 1200 a.C. (conquista de Canaã após o Êxodo do Egito) até 134 d.C. (revolta de Bar Kokhba contra os romanos). • O uso corrente da língua hebraica foi interrompido pela dispersão do povo judeu, quando este passou a viver em diversos países e a falar diferentes idiomas. • Eles falavam os idiomas dos países onde viviam, assim como dialetos especiais usados exclusivamente pelos judeus: – Iídiche (língua da família indo-europeia, pertencente ao subgrupo germânico, falada particularmente na Europa Central e na Europa Oriental, no segundo milênio, que a escrevem utilizando os caracteres hebraicos.) – Ladino (língua ibérica, semelhante ao castelhano, falada por comunidades judaicas originárias da penísula Ibérica, também chamada de judeu-espanhol)
  • 19. A língua hebraica • Histórico • Durante 1700 anos, a língua ficou estagnada e, dessa forma, ela não pôde ter uma vida plena e um desenvolvimento normal. Ao longo de todo esse tempo, entretanto, o hebraico continuou sendo a língua em que se orava e na qual a Bíblia era lida nos cerimoniais públicos. Os deveres religiosos fizeram com que praticamente todo judeu soubesse ler e escrever hebraico. • A língua também conseguiu manter certa força na escrita. Disso dá testemunho o florescimento de uma extensa produção literária hebraica na diáspora. • Em certas épocas foi utilizado por autores judeus na literatura secular (literatura hebraica da Idade de Ouro da Espanha medieval, e literatura hebraica do movimento iluminista judeu na Europa, século XIX), mas não era usado na vida cotidiana. Códice Leningrado de 1008-1009 d.C. Considerado o mais antigo manuscrito da Bíblia hebraica inteira, está dividido em três colunas. (Rússia)
  • 20. Sionismo • Movimento nacionalista do povo judeu. • Surgiu na Europa no século XIX. • Seu objetivo era restabelecer os judeus em Eretz-Israel e não pretendia, inicialmente, o retorno do hebraico para uso cotidiano. • Pensava-se no alemão como língua nacional. • No entanto, surgiu dentro do movimento um desejo de reviver o hebraico. Antigo Testamento
  • 21. Eliezer Ben-Yeuda (1858-1922) • Linguista que reconstruiu a língua hebraica no século XIX criando o que conhecemos como o hebraico moderno. • É conhecido como “o ressuscitador do hebraico”. • Tentou persuadir os leitores a utilizar o hebraico na vida diária. • Exprimia-se exclusivamente em hebraico, o que era incomum naquela época. • Fez um dicionário hebraico e adaptou a língua antiga à vida moderna, criando novos vocábulos, dos quais muitos foram incorporados ao hebraico moderno.
  • 22. Corpo de Defensores da Língua • No entanto, falava-se em Israel muitas línguas. Muitos de seus habitantes não falavam, liam ou escreviam o hebraico. • Corpo de Defensores da Língua → organização de jovem, organizado em 1923, que lutou para que só se empregasse o hebraico na vida pública. • Eles costumavam fazer demonstrações e intervir em atos públicos quando outras línguas eram usadas. A campanha condenava livros importados e os jornais locais em línguas estrangeiras. • Hoje, o hebraico é a língua usada na literatura e no jornalismo, na redação científica e tecnológica e na vida diária.
  • 23. A tradução e a língua hebraica • A tradução foi importante para fazer reviver o hebraico de duas formas: • Ajudou a difundir o idioma, já que havia pouco textos originais em hebraico, e as traduções preencheram esse vazio. • E as traduções também enriqueceram a língua por meio do contato com outros idiomas. • No entanto, o desenvolvimento do hebraico não se devia apenas às traduções, mas também por Israel ser um país de imigrantes, o que fez (e faz) o hebraico absorver elementos de língua e cultura estrangeira, que deixaram suas marcas também através, por exemplo, de versões originais de filmes e programas de televisão estrangeira.
  • 24. Mendele Mokher (1835-1917) • Importante nome na vida literária judia, do fim do século XIX e início do século XX. • Viveu em Odessa, Rússia. • Escreveu obras de ficção em ídiche e traduziu-as pessoalmente para o hebraico. • Suas traduções se dirigiam a leitores que já conheciam as obras em ídiche, portanto tinham por objetivo contribuir para o renascimento do hebraico. • Um de seus livros mais importantes é As viagens de Benjamin, o Terceiro, sátira sobre a vida dos judeus na diáspora.
  • 25. As viagens de Benjamin, o Terceiro • Originalmente escrita em iídiche e depois traduzida para o hebraico. • Dificuldades da tradução → o texto-fonte estava escrito em rico e vivo iídiche, enquanto a língua-meta era antiga, petrificada. • Estilisticamente erudita, parecia a Bíblia. • Mas Mendele conseguiu usar a distância entre o estilo floreado da tradução e o caráter ridículo dos heróis para criar um forte efeito irônico que ajudou a formar uma sátira social. • Esse uso efetivo do hebraico bíblico foi adotado por outros autores judeus e continua popular na sátira hebraica.
  • 26. Chaim Nachman Bialik (1873-1934) • Poeta nacional de Israel, começando sua carreira poética na Rússia, antes de imigrar para Eretz-Israel em 1924. • Ele também empregou a tradução para dar vida ao hebraico. • Traduziu para o hebraico obras clássicas da literatura mundial, como Dom Quixote. • Escreveu também poemas populares e músicas infantis, que eram, em parte, adaptações de canções em iídiche, e empregava uma linguagem sofisticada e bíblica. • Apesar da dificuldade linguística, seus poemas se popularizaram e são cantados até hoje. • Assim, ele provou que o hebraico podia funcionar como uma língua cotidiana.
  • 27. Enriquecimento através da tradução • Por ter se tornado uma língua sagrada, o hebraico ficou estagnado e conseguia expressar conceitos da vida cotidiana e áreas da realidade contemporânea, como ciência e tecnologia. • E por ser uma língua que existia apenas como língua escrita, ela não possuía a variante oral como outros idiomas, o que dificultava o trabalho dos tradutores. • Isto foi contornado de duas maneiras: uso de vocábulos antigos com o sentido ampliado ou modificado, ou atribuição de novo sentido a palavras esquecidas, ou neologismos. • Para criar uma variante falada, os tradutores corrompiam a língua antiga, usando expressões de forma incorreta. • O hebraico também se enriqueceu através do empréstimo de palavras, tradução literal de expressões e imitação de formas gramaticais e sintáticas estrangeiras. • Século XX → a partir do início do século, o hebraico se tornou gradualmente uma língua viva. E mesmo depois de se firmar como idioma falado e cotidiano, cada nova tradução recriava o hebraico nos dois modos mencionados anteriormente.
  • 28. Língua falada na literatura • Encorajava-se o emprego de uma “língua falada fictícia”, pois se considerava o “hebraico falado autêntico” algo que não estava de acordo com a literatura. • Hoje há menos hostilidade sobre o uso do hebraico falado pela literatura, mas diz-se que a língua falada pertence sempre a um contexto social e histórico específico, sendo preferível usar nas traduções uma fala inventada, pertencente ao “terceiro território”, o local de encontro das línguas-fontes e metas.
  • 29. Abraham Shlonsky (1900-1973) • Um dos mais reconhecidos poetas (modernista) e tradutor hebraico do século XX. • Na sua poesia e nas traduções a invenção linguística não era só uma forma de preencher vazios, mas também um recurso estético. • Ele renovou o hebraico baseando-se nos seus próprios recursos, recorrendo os vários estratos históricos do idioma e criando grande número de neologismos, com base em formas gramaticais existentes. • Muitos de seus neologismos foram adotados na literatura e na língua cotidiana, e ele enriqueceu o hebraico inspirando-se nas línguas-fontes, principalmente o russo.
  • 30. Abraham Shlonsky (1900-1973) • Usou a língua russa para criar uma forma de língua falada apropriada à literatura, caracterizada pela estrutura, vocativos, conectivos e diminutivos derivados do russo. • Mesmo os autores nascidos em Israel e que não sabiam russo adotaram seu estilo russificado. • O trabalho de Shlonsky fortaleceu a concepção das traduções literárias na cultura hebraica: a tradução era considerada não só uma intermediação entre os leitores e a literatura mundial, mas também um meio de desenvolver o hebraico moderno.
  • 31. Conclusão • Graças aos esforços dos tradutores, as línguas nacionais nasceram, se desenvolveram e enriqueceram, recebendo um novo sentido e uma nova vida. • Eles desempenharam um papel significativo no desenvolvimento das culturas-metas e na gênese das próprias línguas.
  • 32. Bibliografia • NAMA, C. A. Os tradutores e o desenvolvimento das línguas nacionais. In: DELISLE, J.; WOODSWORTH, J. Os tradutores na história. São Paulo: Ática, 1998. p. 57-72. • THEODOR, E. O antigo alemão. In: ___. A língua alemã: desenvolvimento histórico e situação atual. São Paulo: Editora Herder, 1963. p. 52-77. • WIKIPÉDIA. Martinho Lutero. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero >. Acesso em: 06 abr. 2013. • WIKIPÉDIA. Deutsche Sprache. Disponível em: < http://de.wikipedia.org/wiki/Deutsche_Sprache#Das_Glottonym_.E2.80.9Edeutsch.E2.80.9C >. Acesso em: 06 abr. 2013. • ALTHOCHDEUTSCH GLOSSEN WIKI. Glossarüberlieferung. Disponível em: <http://de.althochdeutscheglossen.wikia.com/wiki/Glossar%C3%BCberlieferung>. Acesso em: 06 abr. 2013. • ASWIDIOMAS. História do Hebraico Moderno. Disponível em: <http://www.aswidiomas.com.br/hist_hebraico.html>. Acesso em: 06 abr. 2013.