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Gilson Luiz Volpato 
6ª edição 
São Paulo, SP 
Cultura Acadêmica 
2013
Ciência: da filosofia à publicação 
Copyright @ Gilson Luiz Volpato, 2013 
www.gilsonvolpato.com.br 
Todos os direitos reservados. Não pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer 
meio ou forma, nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a 
expressa autorização do detentor dos direitos autorias desta edição. 
Capa: Fernanda Moreno Sanchez Volpato 
Revisão Crítica: Helene Mariko Ueno 
Revisão Gramatical: José Tereziano Barros Neto 
(tereziano@uol.com.br) 
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação 
Divisão Técnica de Biblioteca e Documentação – Campus de Botucatu – UNESP 
Bibliotecária responsável: Sulamita Clemente Colnago – CRB 8/4716 
Volpato, Gilson Luiz. 
Ciência : da filosofia à publicação / Gilson Luiz Volpato. 
– São Paulo : Cultura Acadêmica, 2013 
377 p. : il. ; 23,5 cm 
Inclui bibliografia 
ISBN: 978-85-7983-282-6 
1. Filosofia. 2. Ciência. 3. Comunicação. 4. Metodologia. 
5. Estatística. I. Título. 
CDD 001.42 
Cultura Acadêmica Editora 
Praça da Sé, 108 – Centro 
CEP: 01.001-900 – São Paulo – SP 
Telefone: (11) 3242-7171 
www.culturaacademica.com.br
Este livro não é para velhos, é para jovens; 
mas jovens de espírito, 
não importa a idade que tenham. 
A man can do all things if he will. 
[Leon Battista Alberti (1404–1472)] 
Ou o século XXI é dedicado aos valores humanos, morais e éticos... 
ou de nada valeram os avanços tecnológicos conquistados até aqui. 
[Volpato 2000]
HOMENAGEM PÓSTUMA 
DEDICO este livro à educação brasileira. Aquela educação que me permitiu ingressar 
numa universidade pública de bom nível. Aquela educação que me fez fascinar-me pelas trilhas da 
ciência. Aquela escola pública na qual, muitas vezes, aprendi nos livros de meus próprios professores. 
Aquela educação valorizada e competente. A educação brasileira do ensino primário, ginasial e cole-gial, 
que vivi até o ano de 1974. Essa mesma... a educação pública do ensino fundamental e médio que 
vi morrer, sucateada por ideias medíocres e de ganância lucrativa. A educação brasileira que tivemos, 
de excelência, e que poucos, mas poderosos, quiseram que não sobrevivesse. Se hoje somos um país 
com educação pública sucateada não é porque não tivemos a competência de construir a excelência, 
mas simplesmente porque ela foi assassinada por interesses não educacionais. 
Se hoje lhes escrevo este livro, é porque nasci no momento ainda certo, quando o pobre 
podia receber estudo pré-universitário de primeira linha. E faço esta homenagem porque os jovens 
precisam saber que houve um tempo em que nossa educação básica e fundamental pública e gratuita 
era a excelência, mas foi sucateada, assassinada. Esse foi, sem dúvida, o pior crime cometido contra 
nossa nação. 
Será que, em breve, terei que homenagear também a universidade pública brasileira?
SUMÁRIO 
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. 17 
SOBRE O AUTOR .................................................................................................................... 19 
PREFÁCIO À SEXTA EDIÇÃO ................................................................................................ 23 
PRIMEIRAS PALAVRAS ......................................................................................................... 27 
PARTE 1 - Da Filosofia à Ciência ..................................................................... 31 
Noções da história da ciência empírica ..................................................................... 33 
O início ..................................................................................................................................................... 34 
O início de uma nova era .................................................................................................................... 38 
Filosofia medieval .................................................................................................................................. 42 
Renascimento medieval ....................................................................................................................... 44 
Início da ciência moderna ............................................................................................................... 45 
O racionalismo .................................................................................................................................... 53 
O debate racionalismo – empirismo ............................................................................................... 55 
Referência ............................................................................................................................................... 57 
Obras consultadas ................................................................................................................................. 57 
Literatura complementar ...................................................................................................................... 57
PARTE 2 - Do Erro à Formação ....................................................................... 59 
CAPÍTULO I - A Deformação de Cientistas ................................................................ 63 
I-1 O que é ser cientista? ........................................................................................................................ 64 
I-2 Como impedir a formação de um cientista? ................................................................................. 65 
I-3 Como as agências de fomento à pesquisa podem prejudicar a formação de um cientista? .... 65 
I-4 Como as instituições de ensino e pesquisa podem prejudicar a formação de um cientista? .... 67 
I-5 Como os professores podem prejudicar a formação de um cientista? ...................................... 68 
I-6 Como os orientadores podem prejudicar a formação de um cientista? .................................... 70 
I-7 Como o próprio aluno pode prejudicar sua formação científica? ............................................. 71 
Referências ............................................................................................................................................... 73 
Literatura Complementar ........................................................................................................................ 73 
CAPÍTULO II - Ciência ................................................................................................ 75 
II-1 O que é ciência? ................................................................................................................................ 75 
II-2 O que é uma pesquisa científica? .................................................................................................. 81 
II-3 Resumidamente, o que caracteriza o método científico? ......................................................... 82 
II-4 As pesquisas qualitativas também usam base empírica? ........................................................... 83 
II-5 Nas Ciências Humanas as coisas são mesmo diferentes? .......................................................... 84 
II-6 O que é Ciência Natural? E Ciência Formal? .............................................................................. 87 
II-7 O que é conhecimento científico? ................................................................................................. 88 
II-8 As conclusões científicas são verdadeiras? .................................................................................. 89 
II-9 Indução: problema ou solução? ................................................................................................... 92 
II-10 O que são hipótese, tese, teoria, lei, hipótese ad hoc, predição, argumento, falácia, 00 
postulado, dogma e mito? ........................................................................................................... 95 
II-11 Como ocorre progresso na ciência? ............................................................................................ 98 
II-12 Qual a diferença entre ciência básica e ciência aplicada? ........................................................ 101 
II-13 Basta tecnologia? .......................................................................................................................... 104 
II-14 Devemos preferir as pesquisas aplicadas? ............................................................................... 105 
II-15 A ciência é amoral? .................................................................................................................... 108 
II-16 O cientista pode ser religioso? ................................................................................................... 108 
Referências .............................................................................................................................................. 110 
Literatura Complementar ...................................................................................................................... 111
Capítulo III - Publicação Científica ....................................................................... 115 
III-1 O que publicar? ............................................................................................................................. 115 
III-2 Por que publicar? .......................................................................................................................... 116 
III-3 O que diferencia as revistas científicas das revistas de divulgação científica? ...................... 116 
III-4 O que é uma revista científica internacional? .......................................................................... 117 
III-5 Como classificar as revistas científicas? ...................................................................................... 118 
III-6 Qual é o formato de uma revista científica? ............................................................................... 120 
III-7 Qual é o formato de um artigo científico? .................................................................................. 120 
III-8 O que está mudando nas revistas científicas? ............................................................................. 122 
III-9 Em qual idioma publicar? ............................................................................................................. 123 
III-10 Quem paga os custos das revistas científicas? .......................................................................... 124 
III-11 Quais são as principais qualidades de um periódico científico? ........................................... 125 
III-12 Onde encontrar as melhores revistas? ....................................................................................... 126 
III-13 Como escolher a revista para publicação? ................................................................................ 127 
III-14 Como é o processo de publicação de artigos? ......................................................................... 128 
III-15 Como os revisores avaliam nosso manuscrito? ........................................................................ 129 
III-16 Como deve ser a carta de encaminhamento ao editor? .......................................................... 131 
III-17 Quanto tempo demora para receber a resposta do editor? .................................................... 131 
III-18 Meu manuscrito foi negado... o que devo fazer? ...................................................................... 132 
III-19 Como devo responder aos revisores? ........................................................................................ 132 
III-20 O que significa retracted no contexto da publicação científica? ............................................ 133 
III-21 Como os autores e editores de periódicos podem se ajudar para melhorar as revistas 000 
brasileiras? .................................................................................................................................... 133 
Referências .............................................................................................................................................. 135 
Literatura Complementar ....................................................................................................................... 136 
CAPÍTULO IV - Avaliação da Atividade Científica ................................................... 139 
IV-1 Por que avaliar a atividade científica? .......................................................................................... 139 
IV-2 Em termos gerais, como devemos direcionar a avaliação da atividade científica? ............... 140 
IV-3 Por que a citação de trabalhos pelos cientistas é um critério importante na avaliação 000 
da atividade científica? ............................................................................................................... 141 
IV-4 A pressão por publicação produz fraudes? ................................................................................. 143 
IV-5 Por que há tanta diferença entre áreas no processo de avaliação das revistas e dos 000 
cientistas brasileiros? .................................................................................................................. 143
IV-6 Qual a melhor base para direcionarmos a avaliação da qualidade científica na Academia? .. 145 
IV-7 Devemos considerar as autocitações na avaliação da atividade científica? ............................ 147 
IV-8 Como está o Brasil no JCR? .......................................................................................................... 148 
IV-9 Quais os índices mais usados na avaliação da atividade científica? ........................................ 153 
IV-10 Que rumo a avaliação da atividade científica está tomando? ................................................ 160 
IV-11 Como avaliar um periódico científico? ..................................................................................... 166 
Referências ............................................................................................................................................... 170 
Literatura Complementar ....................................................................................................................... 171 
Capítulo V - Criação .............................................................................................. 173 
V-1 Por que a pesquisa precisa de uma boa ideia? ............................................................................. 173 
V-2 O que é uma boa ideia? .................................................................................................................. 174 
V-3 Poderia me mostrar exemplos de boa ideia? ............................................................................... 174 
V-4 Sou um excelente aluno... serei um cientista criativo? ............................................................... 177 
V-5 Por que é difícil ter uma “boa ideia”? .......................................................................................... 178 
V-6 É importante conhecermos outras áreas, ou devemos nos especializar cada vez mais? ....... 179 
V-7 Como escolher a melhor ideia? .................................................................................................... 180 
V-8 Como o espírito empreendedor nos auxilia ter boas ideias? ................................................... 182 
V-9 Como o debate entre Thomas Kuhn e Karl Popper nos auxilia a ter boas ideias? ........... 184 
V-10 De quantos dados e informações precisamos para apostar numa ideia? .............................. 185 
V-11 Não há literatura sobre a pesquisa que idealizei... devo abandoná-la? .................................. 187 
V-12 Uma boa ideia garante uma pesquisa bem sucedida? ............................................................. 187 
V-13 Uma boa ideia garante financiamento do projeto .................................................................. 188 
V-14 Qual o papel da revisão da literatura? ........................................................................................ 188 
V-15. Onde fazer a revisão bibliográfica? ............................................................................................ 188 
V-16. Como iniciar a revisão bibliográfica? ........................................................................................ 189 
V-17 Como selecionar os textos obtidos na revisão bibliográfica? .................................................. 192 
Referências .............................................................................................................................................. 192 
Literatura Complementar ...................................................................................................................... 193 
Capítulo VI - Objetivo ........................................................................................... 195 
VI-1 Qual o ponto de partida para estabelecer o projeto de pesquisa? ............................................ 195 
VI-2 Como o objetivo da pesquisa direciona o desenvolvimento do trabalho? ............................. 196 
VI-3 O que precisamos saber sobre variáveis para estruturar o objetivo? ....................................... 198
VI-4 Como começa uma pesquisa científica? ..................................................................................... 200 
VI-5 Toda pesquisa científica necessita de hipótese? ......................................................................... 202 
VI-6 Como a lógica da pesquisa auxilia a estruturação do objetivo? .............................................. 204 
VI-7 Como tornar claro o objetivo do estudo? ................................................................................... 205 
VI-8 Como redigir o objetivo do estudo? ........................................................................................... 207 
VI-9 O que são objetivo geral e objetivo específico? .......................................................................... 208 
VI-10 Onde o objetivo aparece no texto? ............................................................................................ 211 
Referências .............................................................................................................................................. 211 
Literatura Complementar ...................................................................................................................... 211 
CAPÍTULO VII - Planejamento da Pesquisa ............................................................. 213 
VII-1 Que ações antecedem o planejamento da pesquisa? ............................................................... 213 
VII-2 Por que é necessário o planejamento da pesquisa? ................................................................. 214 
VII-3 Quais as diferenças entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa? .............................. 216 
VII-4 Pesquisa de campo ou de laboratório: qual a melhor? ............................................................ 217 
VII-5 Método ou técnica? ..................................................................................................................... 218 
VII-6 Devemos preferir as técnicas sofisticadas? ............................................................................... 219 
VII-7 Qual deve ser o papel do estatístico na definição do planejamento da pesquisa? .............. 221 
VII-8 Todo trabalho quantitativo necessita de análise estatística? .................................................. 221 
VII-9 O que é e para que serve o estudo piloto? ................................................................................ 223 
VII-10 Qual a lógica básica das pesquisas científicas? ...................................................................... 223 
VII-11 Qual a diferença entre associação e correlação? .................................................................... 227 
VII-12 Como os tipos lógicos de pesquisa ajudam no delineamento do estudo? ......................... 231 
VII-13 O que é o delineamento de uma pesquisa? ............................................................................ 233 
VII-14 O que é grupo controle? Quais as principais ferramentas de controle? ............................. 236 
VII-15 Devo usar os mesmos indivíduos nos grupos experimentais? ............................................ 239 
VII-16 É possível controlar todas as variáveis em uma pesquisa científica? .................................. 242 
VII-17 O que é amostra? ....................................................................................................................... 243 
VII-18 Como determinar o tamanho da amostra e o número de réplicas/repetições? ................ 244 
VII-19 Quando escolher o teste estatístico? ........................................................................................ 251 
VII-20 Como escolher o teste estatístico? ........................................................................................... 252 
VII-21 Qual é a estrutura de um projeto de pesquisa? ..................................................................... 255 
Referências .............................................................................................................................................. 257 
Literatura Complementar ...................................................................................................................... 258
Capítulo VIII - Coleta de Dados ........................................................................... 261 
VIII-1 A coleta de dados é a principal parte da pesquisa? ................................................................ 261 
VIII-2 Toda pesquisa científica envolve coleta de dados? ................................................................. 263 
VIII-3 Como garantir que os dados coletados estejam corretos? .................................................... 264 
VIII-4 Como preservar os dados coletados? ....................................................................................... 265 
Referência ............................................................................................................................................... 265 
Literatura Complementar ...................................................................................................................... 265 
Capítulo IX - Análise e Interpretação de Resultados ............................................ 267 
IX-1 Os dados são objetivos ou podemos interpretá-los? .................................................................. 267 
IX-2 O que são conclusões? Como se diferenciam dos resultados? .................................................. 269 
IX-3 Quando a estatística ajuda? ........................................................................................................... 272 
IX-4 Quando transformações em percentuais podem prejudicar a análise? ............................ 274 
IX-5 Por que se usa nível crítico geralmente a 5% ou 1%? ................................................................. 275 
IX-6 O que fazer com os dados que mostram apenas tendência à significância? ........................... 277 
IX-7 O que fazer quando os dados coletados não sustentam a hipótese? ........................................ 278 
IX-8 O que fazer quando os dados são muito discrepantes daqueles obtidos na mesma 000 
condição de estudo? .................................................................................................................... 281 
IX-9 Que cuidados tomar para se concluir sobre correlação entre variáveis? ................................ 284 
IX-10 Por que relacionar os resultados e conclusões com os de outros autores? ............................ 286 
IX-11 Até que ponto é possível avançar nas generalizações durante a elaboração 000 
das conclusões? ......................................................................................................................... 287 
Referências ............................................................................................................................................. 289 
Literatura Complementar ..................................................................................................................... 289 
CAPÍTULO X - Redação Científica ............................................................................ 293 
X-1 Há diferenças na redação entre TCC, Dissertação, Tese e Artigo Científico? ........................ 293 
X-2 Qual é a lógica de um texto científico? ......................................................................................... 294 
X-3 Qual é a estrutura básica de um texto científico? ....................................................................... 296 
X-4 Como saber se um conjunto de dados é suficiente para constituir um artigo? ...................... 298 
X-5 Qual a rotina para a redação de um texto científico? ................................................................. 299 
X-6 Por onde inicio e em que sequência redigir um artigo científico? ........................................... 302 
X-7 Quantas páginas deve ter cada parte do texto científico? .......................................................... 306 
X-8 Qual o tempo verbal e a pessoa de locução no texto científico? .............................................. 306
X-9 Onde aparecem as conclusões? ..................................................................................................... 308 
X-10 Como escrever o texto do item Resultados? .............................................................................. 309 
X-11 Como estruturar o Material e Métodos? .................................................................................... 310 
X-12 Qual a função do item Discussão? ............................................................................................. 313 
X-13 Como devo estruturar a Discussão? ........................................................................................... 313 
X-14 Até que ponto posso fazer sugestões e recomendações? .......................................................... 315 
X-15 Devo incluir propostas para estudos futuros? ........................................................................... 316 
X-16 Como redigir a Introdução? ........................................................................................................ 316 
X-17 Como nossas agências atrapalham a redação científica? ......................................................... 318 
X-18 O que não devemos citar em nosso trabalho? .......................................................................... 319 
X-19 Quais os principais erros nas citações? ...................................................................................... 319 
X-20 Quais os tipos lógicos de Resumo? ............................................................................................. 323 
X-21 Como fazer um Resumo Criativo? ............................................................................................. 323 
X-22 Qual a função do Título do trabalho? ........................................................................................ 325 
X-23 Como elaborar um bom Título? ................................................................................................. 325 
X-24 Como escolher as Palavras Chave (Key-words)? ....................................................................... 327 
X-25 Como escrever o Título curto (Running head)? ........................................................................ 328 
X-26 A quem devo agradecer? .............................................................................................................. 328 
X-27 Como escrever bem? .................................................................................................................... 329 
X-28 Devo recorrer a empresas que corrigem tese/artigos científicos? .......................................... 335 
X-29 Como definir as autorias de um trabalho científico? .............................................................. 337 
X-30 Como definir a sequência de autores em um trabalho científico? ......................................... 340 
X-31 Quais os riscos em se pontuar currículos por meio da sequência dos autores? ................... 341 
Referências .............................................................................................................................................. 341 
Literatura Complementar ...................................................................................................................... 342 
CAPÍTULO XI - Divulgação em Congressos ............................................................. 345 
XI-1 É importante participar de congressos científicos? Como escolhê-los? ................................. 345 
XI-2 Como fazer um resumo estruturado? ......................................................................................... 346 
XI-3 Como preparar um pôster para congresso? ............................................................................... 346 
XI-4 Quais cuidados tomar ao fazer uma comunicação científica oral? ......................................... 349 
XI-5 Como preparar uma apresentação PowerPoint mais eficiente? .............................................. 352 
XI-6 Que cuidados tomar ao convidar um palestrante? ................................................................... 357 
XI-7 Que cuidados tomar ao ser convidado para ministrar cursos/palestras? .............................. 360
Literatura Complementar ..................................................................................................................... 361 
CAPÍTULO XII - A Formação de Cientistas .............................................................. 363 
XII-1 Por que formar cientistas? .......................................................................................................... 363 
XII-2 Quais os requisitos para ser um cientista? ............................................................................... 365 
XII-3 Todos podem ser cientistas? ...................................................................................................... 369 
XII-4 É imprescindível ao cientista estudar filosofia da ciência? .................................................... 370 
XII-5 Quando se inicia a formação de um cientista? ....................................................................... 371 
XII-6 A pós-graduação tem formado cientistas? .............................................................................. 372 
XII-7 Você é doutor... quer virar cientista? ........................................................................................ 373 
Referências ............................................................................................................................................. 374 
Literatura Complementar ..................................................................................................................... 375
AGRADECIMENTOS 
Inicialmente, quero agradecer ao combustível que mantém aceso meu ideal de contribuir para 
uma melhora da formação científica das pessoas. Esse combustível vem de todas aquelas pessoas que têm 
confiado em meu trabalho, seja me levando para falar para algumas plateias ou transferindo a outros as 
propostas que defendo. Essas pessoas são muitas e não conheço a todas, mas cada uma perceberá meu 
agradecimento. 
Como esta obra recebeu apoios específicos nas edições anteriores, não posso deixar seus nomes 
perderem-se no tempo. São eles, na sequência em que apareceram: Katsumasa Hoshino; Yuriko Yanagizawa 
Nogueira de Almeida Pinto, Célia Maria Dória Frascá Scorvo, Newton Castagnolli, Wagner Cotroni 
Valenti, Dorotéia Rossi Silva Souza, Alfredo Pereira Jr., Míriam Celí Porto Foresti, Priscila Willik Valenti, 
Marize M. Dall’Aglio Hattnher, José Raimundo de Souza Passos, Maria Auxiliadora Campos Dessen, Assaf 
Barki, Carla Patrícia Carlos, Edmundo José de Lucca, Maria Lúcia Negreiros Fransozo, Oduvaldo Câmara 
Marques Pereira, Roberto Leung, Fernanda Moreno Sanchez Volpato, Yara Fernandes Volpato e Naiara 
Fernandes Volpato. Na confecção da ficha catalográfica contei sempre com o apoio de Enilze de Souza 
Nogueira Volpato e Sulamita Selma Clemente Colnago. 
Mais recentemente, o Dr. Marco Aurélio Leite, Depto. de Ciências Florestais, Universidade 
Federal de Lavras, Lavras, MG, me enviou uma lista de pequenos equívocos gramaticais, de digitação ou de 
sentido que estavam na quinta edição, os quais corrigi nos locais onde os textos foram mantidos nesta sexta 
edição. Agradeço, ainda, ao Dr. Paul G. Kinas, da FURG, RS, que me alertou e forneceu parte do material 
para a análise da crítica às ideias de Popper, no que tange à indução. 
E, finalmente, à minha família, esposa e filhas, que me motivam, me dão estrutura e entusiasmo 
para enfrentar essa busca quase insana de meu ideal. Até mesmo a mais novinha delas, que apenas se inicia 
nas primeiras palavras, mas que certamente aprenderá a usá-las com sabedoria para o bem da humanidade.
SOBRE O AUTOR 
Para que os leitores conheçam um pouco mais sobre os motivos que me levaram a escrever 
este livro, tenho que reportar sobre minha ida à ciência. Na vida pré-universitária já tinha o sonho 
de ser cientista, sem mesmo saber exatamente o que isso significava. Tinha o sonho de construir 
leis gerais, teorias... construir o saber novo. Fascinavam-me os animais e eu duvidava que mesmo 
aqueles pequenos animais de jardim, com os quais eu passava horas brincando, pudessem ser apenas 
autômatos. Essa inquietação, mais as disciplinas de Biologia e Psicologia no colegial1, me firmaram 
o desejo de estudar o comportamento animal. Felizmente era um curso oferecido pela Faculdade de 
Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), cidade na qual eu residia e, portanto, um curso 
possível de ser feito por alguém de classe média baixa. Entrei na FCMBB que, no ano seguinte, se 
tornou, sob os protestos de alunos, docentes e discentes, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho”, a UNESP. 
Minha preocupação com a ciência e o comportamento animal me conduziu à busca por 
estágios. Numa ocasião, procurei um professor da área Zoológica para fazer estágio, pois tinha cole-tado 
em minha casa alguns dados sobre o comportamento de abelhas e precisava de orientação. Para 
minha surpresa, esse professor ignorou meus “achados” e me propôs colocar porções de água com 
açúcar próximo à colmeia para ver como as abelhas iam àquele local. Disse, inclusive, que eu deveria 
ir afastando essa fonte de alimentos e que as abelhas marcariam os locais sem se perder dele. Ora, ele 
me propunha a ver algo que já se conhecia. Isso me desmotivou completamente, o que já revelava 
minha paixão pelo novo, pelo inusitado, característica importante para quem se aventura na Ciência. 
Felizmente, um ano mais tarde conheci o Dr. Katsumasa Hoshino, um exímio educador e cientista 
1 Na versão moderna, Ensino Médio.
20 Gilson Volpato 
e, talvez por ser psicólogo, conduzia muito bem a formação de um novato. Foi aí que iniciei minha 
formação científica. Foi também aí que tive meus primeiros contatos com a Filosofia, a Ciência, o 
estudo do comportamento animal... e de tudo isso me orgulho muito. Fiquei sob essa orientação 
durante os últimos anos de minha graduação e toda minha pós-graduação. Mas um mestre será 
sempre um mestre! 
Certa vez, na volta para casa, o prof. Hoshino me disse que eu era um dos poucos de seus 
estagiários que tinha interesses gerais. Eu não entendi se isso era bom ou ruim. 
Parte deste livro nasce de minha intenção, ou pretensão, de mostrar algumas portas para 
o caminho da ciência àqueles que, porventura, não sejam ou não tenham sido agraciados com uma 
orientação adequada. De fato, o que discuto neste livro é o mínimo que deveria ser contemplado 
numa boa orientação de Iniciação Científica e Pós-graduação. 
Minha busca por leis gerais me conduziu a acreditar, no início dos anos 80, que a ciência 
deveria ser internacional. Isso balizou minhas publicações. Eram em inglês e sempre priorizei o 
alcance internacional dos periódicos. Isso foi feito na pura crença sobre o fazer ciência, pois ainda 
não chegavam até nós as pressões por publicações, muito menos pela qualidade do periódico ou 
citações de nossos artigos. Era um ato de fé, uma questão de amor à ciência na sua vertente geral e 
internacional. Meus estudos sobre filosofia da ciência reforçavam esse caminho. 
Minha batalha pelas publicações de boa qualidade foi marcada por muitos insucessos, mas 
felizmente por alguns sucessos que me sustentaram nesse objetivo. As publicações internacionais 
foram feitas com meus estagiários, que mais tinham a aprender do que ensinar. Foi uma batalha 
dura e só mais recentemente, a partir de 2003, iniciei publicações internacionais junto com cientistas 
destacados. E foi o suor desse aprendizado, aliado à minha constante vontade de ensinar, que me 
colocaram no caminho dos cursos sobre redação científica. 
O primeiro curso formal sobre este assunto foi em nível de extensão universitária, em 1986, 
para alunos de graduação, uma empreitada que dividi com a Dra. Maria Lúcia Negreiros Fransozo. 
Depois disso se seguiram outros cursos e, na pós-graduação, minha primeira disciplina foi em 1989, 
junto ao Centro de Aquicultura da Unesp, em Jaboticabal, SP. Havia apenas 4 alunos (um era meu 
doutorando) e as aulas eram ministradas quinzenalmente às sextas-feiras. No ano seguinte, o número 
de alunos foi 8 e no próximo 22. A partir daí, a quantidade de alunos se manteve sempre crescente. 
De meados da década de 90 até o final dessa década, a questão da publicação científica se 
tornou parte integrante da carreira científica. Após a virada do século, isso foi reforçado e continua 
num crescente que, conforme discuto neste livro, felizmente tem acompanhado a evolução filosófica 
na ciência, com critérios cada vez mais pautados pela qualidade e não pela quantidade. 
Em 1998, já com grande demanda para ministrar cursos e workshops sobre redação científica 
internacional, procurei reduzir essa pressão publicando meu primeiro livro... aí nascia o Ciência: da filo-sofia 
à publicação. A partir daí, a carência da sociedade científica brasileira sobre este tema, nas três grandes 
áreas do saber, me impulsionou cada vez mais para esta apaixonante missão de formação de cientistas, por 
meio de uma avalanche de palestras, cursos, debates, e-mails e mais livros e, finalmente, a Internet.
Ciência: da filosofia à publicação 21 
Em 2011 inaugurei minha página na Internet2 e minhas excursões pelo twitter3. A página 
é um repositório de notícias e materiais sobre Ciência, Redação Científica, Publicação Científica, 
Ética, Administração, Sociedade e Formação de Cientistas. Em cada um desses blocos há 4 setores 
(Comentários, Livros, Artigos e Dicas). Há também um bloco sobre Vídeos, com um resumo de meu 
curso completo, com 42 aulas (cerca de 8 h 30 min), e outro bloco com vídeos de curta duração no 
qual apresento meus Pontos de Vista sobre temas relevantes nesta área. Finalmente, há um bloco de 
Agenda & Contatos, onde listo meus cursos/palestras agendados, um espaço para debates e fontes 
para contato. 
A partir de minha vivência como educador, cientista e interessado pela filosofia da 
ciência, fui construindo uma abordagem que contemplasse essa experiência no ensino da ciência. 
Este livro espelha esse perfil, em que procuro mostrar a unicidade do processo científico: original-mente, 
da filosofia à publicação; atualmente, da filosofia à aceitação de nossas conclusões. Para isso, 
defendo que o cientista deve trilhar temas como Filosofia, Criatividade, Metodologia, Estatística, 
Computação, Empreendedorismo, Administração, Marketing, Publicidade, Lógica, Sociologia, 
Psicologia, Atualidades, Política, Sociologia e Educação, pois é nesse conjunto que residem as prin-cipais 
ideias do processo Ciência. 
Gilson L. Volpato 
Maio de 2012 
2 www.gilsonvolpato.com.br – Em 1 ano, recebeu cerca de 40 mil visitas. 
3 @gilsonvolpato
PREFÁCIO À SEXTA EDIÇÃO 
É uma felicidade poder entregar-lhes a sexta edição do meu primeiro livro, o Ciência: da 
filosofia à publicação. Este livro nasceu da vontade de ensinar os passos necessários para se formar 
um cientista. 
O Brasil se depara com uma encruzilhada. Seremos independentes apenas se conseguirmos 
um discurso superior para com o restante do mundo. A globalização torna esse processo mais 
urgente. Como este país maravilhoso poderia conseguir tal independência? A ciência e a educação 
são, sem dúvida, um caminho genuíno. Não conheço qualquer país desenvolvido onde não haja 
ciência e educação de boa qualidade. É o pano de fundo necessário. Mais ainda: não há tecnologia 
de ponta se não houver conhecimento de ponta... e é a ciência que produz esse conhecimento, é a 
educação que possibilita essa ciência. 
Nós, porém, nos perdemos nas raízes de nossa cultura, de nossa formação. As regras da 
ciência internacional são ditadas pelos países mais fortes; seguem seus vieses culturais. Entrar nessa 
luta significa seguir essas regras. É uma luta de culturas. Na ciência temos que ser objetivos, diretos 
e lógicos, mas esse não é o nosso pano de fundo. O brasileiro é prolixo, vem de formação prolixa. A 
ciência não admite jeitinhos, improvisações, superficialidades, mas esse também não é o pano de 
fundo de nossa sociedade. Entrar na ciência internacional requer mais, muito mais. Querem inter-nacionalizar 
a ciência, mas não internacionalizam a administração da ciência nem a seriedade e 
competência governamental. Nossa tarefa requer uma conversão de postura. Essa é a nossa dificul-dade. 
Não é o inglês, é o pensamento. 
Nossa sociedade parece estar tomando o rumo errado. Temos uma pós-graduação que não 
forma cientistas, apenas doutores, seres especializados em produzir teses e artigos. E basta fazer a 
tese para receber o título. Temos um grupo de coordenadores mais preocupados com a Capes do que
24 Gilson Volpato 
com a ciência. Temos nomes importantes fazendo diagnósticos equivocados, mas sendo ouvidos e 
conduzindo milhões. Temos uma educação universitária sendo assassinada em nome da democracia, 
da inclusão e da demagogia. Temos uma sociedade de ilusão, do faz de conta, um país das aparências. 
Não precisa ser, basta parecer. Basta produzirmos números, a qualidade não importa. 
Minha andança pelo cenário científico brasileiro é vasta. Iniciei essa minha jornada no 
ensino da ciência e da redação científica nos idos de 1986, há 26 anos. Meu primeiro livro nessa área, 
nascido em 1998, já surgia na ingênua expectativa de que pudesse reduzir as viagens para cursos e 
palestras, pois estavam se tornando muito numerosas. Nos últimos 10 anos esse número tem sido 
imenso para uma única pessoa, algo em torno de 60 a 80 por ano nas instituições públicas, com uma 
agenda que se fecha com quase um ano de antecedência. Nessa demanda e contato, falo e converso 
com milhares de cientistas e simpatizantes a cada ano. Vejo seus problemas, suas angústias, suas 
falhas, seus sonhos e seus potenciais, seus olhos brilharem e chorarem. É uma riqueza insubstituível. 
A amostragem é ampla, do interior dos estados mais pobres até as universidades mais nobres de nosso 
país. Do menos experiente ao orientador expert. Essa base é forte. Ela bate duro aqui dentro e me diz: 
as propostas de correção para nossa sociedade científica estão no caminho errado. Democratizar a 
qualidade científica é uma meta que o Brasil não pode ignorar. Os números devem refletir qualidade. 
Queremos mágica, queremos qualidade sem investir em qualidade. Queremos uma comu-nidade 
de cientistas de nível internacional sem darmos a base necessária. Vejam o que ocorre no 
esporte olímpico brasileiro; o gene é brasileiro, mas a formação geralmente é obtida num país desen-volvido. 
E querem repetir isso na ciência. Mas essa fórmula, além de irresponsável e incompetente, é 
paliativa. Nossa sociedade precisa respirar ciência, respirar ensino de qualidade, respirar cultura. O 
produto será consequência. 
Como produzir um percentual de cientistas de alto nível digno do tamanho de nossa 
população? Não pode ser um processo casual. Dinheiro temos, falta-nos direção. Vontade temos, 
faltam-nos oportunidades. Mas, falta algo mais... faltam mentes brilhantes, desafiadoras, empreende-doras, 
que saibam conduzir este processo. Precisamos de medidas competentes, de pararmos de tapar 
o sol com a peneira. Não vamos criar essa sociedade apenas abrindo as portas das universidades. Isso 
só destruirá o que ainda resta de ensino público de qualidade em nosso país. Temos que entender 
que junto com essa abertura de portas deve vir, inexoravelmente, um ataque maciço, restaurador 
e transformador na educação de base, a pré-universitária. Sem isso, todo o restante é demagógico, 
apenas para produzir robôs da ciência e números para os donos do mundo. 
Neste livro me debruço a ensinar a ciência que acredito. Não há fórmulas mágicas para que 
passemos a publicar em revistas internacionais de alto nível, nem para que nossas revistas científicas 
passem a dominar o cenário internacional. Mas há um caminho sério, não demagógico e competente. 
Ciência forte pode produzir pesquisa forte; e esta pode se desdobrar em publicações de alto nível. 
Se isso é conseguido, teremos matéria-prima (conhecimento e pessoas) insubstituível e necessária 
para a construção de um país de primeiro mundo. Plantar isso não é fácil, mas é urgente e necessário. 
A visão atual não quer plantar um pé de jequitibá, mas quer visualizar sua beleza e descansar à sua 
sombra. O futuro não é mágico; precisa ser construído. Se não plantarmos os jequitibás hoje, eles não 
darão a beleza e o esplendor de sua existência daqui a alguns séculos. É necessário plantar para além
Ciência: da filosofia à publicação 25 
de seus olhos, para aqueles que não conheceremos. É esse o mundo que temos que construir. É essa a 
ciência que temos que almejar, pois dela brotam os frutos de uma sociedade justa, inteligente, compe-tente 
e feliz. E é o fazer desse mundo que inaugura um mundo presente e real já noutra direção. 
A primeira parte deste livro aborda a Filosofia, pois é a arte maior, o pano de fundo daquilo 
que fazemos. É esse refletir que nos dá vida e nos faz entender a própria vida. A segunda parte trata 
da ciência, da formação do cientista. Primeiro um diagnóstico do quadro, em que mostro como 
deformar um cientista. Nos capítulos seguintes, me debruço na tarefa do fazer ciência. E concluo com 
um último capítulo sobre como formar um cientista. Essa é a proposta do livro, desde sua primeira 
edição, mas temperada por um mundo de informações e experiências que espero trazer, a cada nova 
edição: um tempero especial para uma receita milenar. 
Gilson Volpato 
Setembro de 2012
PRIMEIRAS PALAVRAS 
A atividade científica tem atraído a atenção de muitas pessoas, particularmente no mundo 
de hoje. Além das descobertas interessantíssimas ao longo de sua história, direcionou a atividade 
humana atingindo a todos. O avanço industrial, decorrência importante da atividade científica, 
mudou não só aspectos físicos, mas também concepções metafísicas de valor, ética, amor, política etc. 
Esse grande impacto da ciência não a coloca como a principal atividade humana, mas com 
certeza é uma das importantes formas de interferir no dia a dia do ser humano. Pobres ou ricos, reli-giosos 
ou não, do primeiro ou do terceiro mundo, todos estão sujeitos às consequências da ciência. É 
nesse panorama que vemos jovens procurando o caminho da ciência. Uma escalada aparentemente 
natural para muitos.
28 Gilson Volpato 
Mas o que é fazer ciência? Por que apenas alguns se destacam enquanto outros 
desistem? Qual o caminho? Certamente são perguntas cujas respostas, se existem, não são 
simples nem completas. 
A atividade científica pode ser comparada à atividade de um músico que compõe 
para uma orquestra. Ele deve coordenar uma série de instrumentos para que soem de forma 
harmoniosa. Um som nunca é certo ou errado, apenas adequado ou não, dada a intenção no 
momento da composição. Os instrumentos têm suas especificidades, mas há um objetivo que os 
une (a música em apresentação). O sentimento do compositor necessita ser interpretado. O som 
produzido não é inerte, pois afeta sentimentos, processos humanos, pode mudar uma história. 
A música é escrita objetivamente numa partitura, mas interpretada com subjetividade. 
E o cientista? Neste livro mostro a validade do paralelo. Adiantarei apenas alguns 
aspectos gerais. O cientista rege uma série de atividades (técnicas, perguntas, palestras, dados 
coletados, testes estatísticos, redações, pressupostos filosóficos, formação de pessoas, ensino, 
divulgação de achados, atividades administrativas etc.) que, no conjunto, compõem a ativi-dade 
científica. Como na música, cada som é fundamental, mas no momento certo. Os excessos 
podem soar inadequados. Na orquestra, não se deve priorizar os violinos em detrimento do 
triângulo, pois suas qualidades são insubstituíveis em determinados momentos. Da mesma 
forma, não se relega as questões filosóficas, nem se valoriza sobremaneira as potencialidades 
estatísticas. Tudo tem uma função que, devidamente integrada, promove a ação dos grandes 
mestres. 
Mas como encontrar o equilíbrio? O compositor não sabe tocar todos os instrumentos 
que usa. Quem toca os instrumentos não necessariamente compõe melodias. Mas para compor 
uma música (letra, melodia, acompanhamento, arranjos) é necessário conhecer a essência das 
partes, suas potencialidades e funções. 
É essa visão holística de ciência que se perde com a produção em massa propiciada 
por uma desenfreada corrida de rankings. Nossa pós-graduação tem primado a formar, em sua 
vasta maioria, técnicos especializados que, com suas visões estreitas e poderes crescentes, tiram 
a beleza da ciência, da descoberta, transformando-a numa atividade essencialmente técnica. E 
o culpado não é a ciência, mas a prática científica inadequada. 
Este livro não livrará nossa ciência desse problema. A intenção é bem mais modesta. 
É mostrar aos cientistas alguns equívocos e crenças científicas, além das potencialidades lógicas 
da ciência (o que nos leva a uma atividade bem mais humilde) e as ligações inexoráveis entre a 
prática científica e o pano de fundo filosófico e social. É nesse universo que o desafio a entrar. 
Muitos precisarão de coragem para romper pré-conceitos e experimentar uma nova reflexão, 
uma nova prática. 
Toda atividade científica reflete, queiramos ou não, uma posição teórica. O problema 
ocorre quando o cientista não percebe tais ligações, alienando-se nos escombros da prática da 
pesquisa. É por essa razão que este livro aborda primeiramente as bases filosóficas da ciência,
Ciência: da filosofia à publicação 29 
suporte primeiro da atividade técnica científica. As questões específicas e práticas discutidas 
posteriormente são sempre acompanhadas de referências a outras partes do livro, onde a base 
teórica pode ser encontrada. É nesse vai e vem, da técnica à reflexão filosófica, que se constrói 
a prática científica. 
As perguntas que constroem este livro foram colhidas de diversos contatos com estu-dantes 
de graduação e pós-graduação e cientistas de diversos níveis. Retratam, portanto, um 
pouco de nossa realidade, que não é restrita ao nosso país. As respostas a essas perguntas não 
são dadas na forma de receitas. Apresento respostas com as respectivas bases teóricas. Ao final 
do livro indico literatura complementar, desde essencialmente técnica até obras mais gerais, 
mas todas com alguma grande riqueza para completar seu caminho em direção à ciência de 
qualidade. Essas referências, no entanto, nem sempre concordam com as ideias que apresento 
neste livro. Assim, pela discordância, são leituras importantíssimas para a formação geral do 
cientista. Algumas podem ser chamadas de “autoajuda”, mas aprendi que podemos incorporar 
ideias interessantes desde que abandonemos os preconceitos em relação às suas fontes. A abor-dagem 
que apresento é apenas o início de uma vasta discussão que o leitor deverá fazer ao longo 
de sua carreira científica.

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Da filosofia à publicação científica: o método e o progresso da ciência

  • 1.
  • 2.
  • 3. Gilson Luiz Volpato 6ª edição São Paulo, SP Cultura Acadêmica 2013
  • 4. Ciência: da filosofia à publicação Copyright @ Gilson Luiz Volpato, 2013 www.gilsonvolpato.com.br Todos os direitos reservados. Não pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização do detentor dos direitos autorias desta edição. Capa: Fernanda Moreno Sanchez Volpato Revisão Crítica: Helene Mariko Ueno Revisão Gramatical: José Tereziano Barros Neto (tereziano@uol.com.br) Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação Divisão Técnica de Biblioteca e Documentação – Campus de Botucatu – UNESP Bibliotecária responsável: Sulamita Clemente Colnago – CRB 8/4716 Volpato, Gilson Luiz. Ciência : da filosofia à publicação / Gilson Luiz Volpato. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2013 377 p. : il. ; 23,5 cm Inclui bibliografia ISBN: 978-85-7983-282-6 1. Filosofia. 2. Ciência. 3. Comunicação. 4. Metodologia. 5. Estatística. I. Título. CDD 001.42 Cultura Acadêmica Editora Praça da Sé, 108 – Centro CEP: 01.001-900 – São Paulo – SP Telefone: (11) 3242-7171 www.culturaacademica.com.br
  • 5. Este livro não é para velhos, é para jovens; mas jovens de espírito, não importa a idade que tenham. A man can do all things if he will. [Leon Battista Alberti (1404–1472)] Ou o século XXI é dedicado aos valores humanos, morais e éticos... ou de nada valeram os avanços tecnológicos conquistados até aqui. [Volpato 2000]
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  • 7. HOMENAGEM PÓSTUMA DEDICO este livro à educação brasileira. Aquela educação que me permitiu ingressar numa universidade pública de bom nível. Aquela educação que me fez fascinar-me pelas trilhas da ciência. Aquela escola pública na qual, muitas vezes, aprendi nos livros de meus próprios professores. Aquela educação valorizada e competente. A educação brasileira do ensino primário, ginasial e cole-gial, que vivi até o ano de 1974. Essa mesma... a educação pública do ensino fundamental e médio que vi morrer, sucateada por ideias medíocres e de ganância lucrativa. A educação brasileira que tivemos, de excelência, e que poucos, mas poderosos, quiseram que não sobrevivesse. Se hoje somos um país com educação pública sucateada não é porque não tivemos a competência de construir a excelência, mas simplesmente porque ela foi assassinada por interesses não educacionais. Se hoje lhes escrevo este livro, é porque nasci no momento ainda certo, quando o pobre podia receber estudo pré-universitário de primeira linha. E faço esta homenagem porque os jovens precisam saber que houve um tempo em que nossa educação básica e fundamental pública e gratuita era a excelência, mas foi sucateada, assassinada. Esse foi, sem dúvida, o pior crime cometido contra nossa nação. Será que, em breve, terei que homenagear também a universidade pública brasileira?
  • 8.
  • 9. SUMÁRIO AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. 17 SOBRE O AUTOR .................................................................................................................... 19 PREFÁCIO À SEXTA EDIÇÃO ................................................................................................ 23 PRIMEIRAS PALAVRAS ......................................................................................................... 27 PARTE 1 - Da Filosofia à Ciência ..................................................................... 31 Noções da história da ciência empírica ..................................................................... 33 O início ..................................................................................................................................................... 34 O início de uma nova era .................................................................................................................... 38 Filosofia medieval .................................................................................................................................. 42 Renascimento medieval ....................................................................................................................... 44 Início da ciência moderna ............................................................................................................... 45 O racionalismo .................................................................................................................................... 53 O debate racionalismo – empirismo ............................................................................................... 55 Referência ............................................................................................................................................... 57 Obras consultadas ................................................................................................................................. 57 Literatura complementar ...................................................................................................................... 57
  • 10. PARTE 2 - Do Erro à Formação ....................................................................... 59 CAPÍTULO I - A Deformação de Cientistas ................................................................ 63 I-1 O que é ser cientista? ........................................................................................................................ 64 I-2 Como impedir a formação de um cientista? ................................................................................. 65 I-3 Como as agências de fomento à pesquisa podem prejudicar a formação de um cientista? .... 65 I-4 Como as instituições de ensino e pesquisa podem prejudicar a formação de um cientista? .... 67 I-5 Como os professores podem prejudicar a formação de um cientista? ...................................... 68 I-6 Como os orientadores podem prejudicar a formação de um cientista? .................................... 70 I-7 Como o próprio aluno pode prejudicar sua formação científica? ............................................. 71 Referências ............................................................................................................................................... 73 Literatura Complementar ........................................................................................................................ 73 CAPÍTULO II - Ciência ................................................................................................ 75 II-1 O que é ciência? ................................................................................................................................ 75 II-2 O que é uma pesquisa científica? .................................................................................................. 81 II-3 Resumidamente, o que caracteriza o método científico? ......................................................... 82 II-4 As pesquisas qualitativas também usam base empírica? ........................................................... 83 II-5 Nas Ciências Humanas as coisas são mesmo diferentes? .......................................................... 84 II-6 O que é Ciência Natural? E Ciência Formal? .............................................................................. 87 II-7 O que é conhecimento científico? ................................................................................................. 88 II-8 As conclusões científicas são verdadeiras? .................................................................................. 89 II-9 Indução: problema ou solução? ................................................................................................... 92 II-10 O que são hipótese, tese, teoria, lei, hipótese ad hoc, predição, argumento, falácia, 00 postulado, dogma e mito? ........................................................................................................... 95 II-11 Como ocorre progresso na ciência? ............................................................................................ 98 II-12 Qual a diferença entre ciência básica e ciência aplicada? ........................................................ 101 II-13 Basta tecnologia? .......................................................................................................................... 104 II-14 Devemos preferir as pesquisas aplicadas? ............................................................................... 105 II-15 A ciência é amoral? .................................................................................................................... 108 II-16 O cientista pode ser religioso? ................................................................................................... 108 Referências .............................................................................................................................................. 110 Literatura Complementar ...................................................................................................................... 111
  • 11. Capítulo III - Publicação Científica ....................................................................... 115 III-1 O que publicar? ............................................................................................................................. 115 III-2 Por que publicar? .......................................................................................................................... 116 III-3 O que diferencia as revistas científicas das revistas de divulgação científica? ...................... 116 III-4 O que é uma revista científica internacional? .......................................................................... 117 III-5 Como classificar as revistas científicas? ...................................................................................... 118 III-6 Qual é o formato de uma revista científica? ............................................................................... 120 III-7 Qual é o formato de um artigo científico? .................................................................................. 120 III-8 O que está mudando nas revistas científicas? ............................................................................. 122 III-9 Em qual idioma publicar? ............................................................................................................. 123 III-10 Quem paga os custos das revistas científicas? .......................................................................... 124 III-11 Quais são as principais qualidades de um periódico científico? ........................................... 125 III-12 Onde encontrar as melhores revistas? ....................................................................................... 126 III-13 Como escolher a revista para publicação? ................................................................................ 127 III-14 Como é o processo de publicação de artigos? ......................................................................... 128 III-15 Como os revisores avaliam nosso manuscrito? ........................................................................ 129 III-16 Como deve ser a carta de encaminhamento ao editor? .......................................................... 131 III-17 Quanto tempo demora para receber a resposta do editor? .................................................... 131 III-18 Meu manuscrito foi negado... o que devo fazer? ...................................................................... 132 III-19 Como devo responder aos revisores? ........................................................................................ 132 III-20 O que significa retracted no contexto da publicação científica? ............................................ 133 III-21 Como os autores e editores de periódicos podem se ajudar para melhorar as revistas 000 brasileiras? .................................................................................................................................... 133 Referências .............................................................................................................................................. 135 Literatura Complementar ....................................................................................................................... 136 CAPÍTULO IV - Avaliação da Atividade Científica ................................................... 139 IV-1 Por que avaliar a atividade científica? .......................................................................................... 139 IV-2 Em termos gerais, como devemos direcionar a avaliação da atividade científica? ............... 140 IV-3 Por que a citação de trabalhos pelos cientistas é um critério importante na avaliação 000 da atividade científica? ............................................................................................................... 141 IV-4 A pressão por publicação produz fraudes? ................................................................................. 143 IV-5 Por que há tanta diferença entre áreas no processo de avaliação das revistas e dos 000 cientistas brasileiros? .................................................................................................................. 143
  • 12. IV-6 Qual a melhor base para direcionarmos a avaliação da qualidade científica na Academia? .. 145 IV-7 Devemos considerar as autocitações na avaliação da atividade científica? ............................ 147 IV-8 Como está o Brasil no JCR? .......................................................................................................... 148 IV-9 Quais os índices mais usados na avaliação da atividade científica? ........................................ 153 IV-10 Que rumo a avaliação da atividade científica está tomando? ................................................ 160 IV-11 Como avaliar um periódico científico? ..................................................................................... 166 Referências ............................................................................................................................................... 170 Literatura Complementar ....................................................................................................................... 171 Capítulo V - Criação .............................................................................................. 173 V-1 Por que a pesquisa precisa de uma boa ideia? ............................................................................. 173 V-2 O que é uma boa ideia? .................................................................................................................. 174 V-3 Poderia me mostrar exemplos de boa ideia? ............................................................................... 174 V-4 Sou um excelente aluno... serei um cientista criativo? ............................................................... 177 V-5 Por que é difícil ter uma “boa ideia”? .......................................................................................... 178 V-6 É importante conhecermos outras áreas, ou devemos nos especializar cada vez mais? ....... 179 V-7 Como escolher a melhor ideia? .................................................................................................... 180 V-8 Como o espírito empreendedor nos auxilia ter boas ideias? ................................................... 182 V-9 Como o debate entre Thomas Kuhn e Karl Popper nos auxilia a ter boas ideias? ........... 184 V-10 De quantos dados e informações precisamos para apostar numa ideia? .............................. 185 V-11 Não há literatura sobre a pesquisa que idealizei... devo abandoná-la? .................................. 187 V-12 Uma boa ideia garante uma pesquisa bem sucedida? ............................................................. 187 V-13 Uma boa ideia garante financiamento do projeto .................................................................. 188 V-14 Qual o papel da revisão da literatura? ........................................................................................ 188 V-15. Onde fazer a revisão bibliográfica? ............................................................................................ 188 V-16. Como iniciar a revisão bibliográfica? ........................................................................................ 189 V-17 Como selecionar os textos obtidos na revisão bibliográfica? .................................................. 192 Referências .............................................................................................................................................. 192 Literatura Complementar ...................................................................................................................... 193 Capítulo VI - Objetivo ........................................................................................... 195 VI-1 Qual o ponto de partida para estabelecer o projeto de pesquisa? ............................................ 195 VI-2 Como o objetivo da pesquisa direciona o desenvolvimento do trabalho? ............................. 196 VI-3 O que precisamos saber sobre variáveis para estruturar o objetivo? ....................................... 198
  • 13. VI-4 Como começa uma pesquisa científica? ..................................................................................... 200 VI-5 Toda pesquisa científica necessita de hipótese? ......................................................................... 202 VI-6 Como a lógica da pesquisa auxilia a estruturação do objetivo? .............................................. 204 VI-7 Como tornar claro o objetivo do estudo? ................................................................................... 205 VI-8 Como redigir o objetivo do estudo? ........................................................................................... 207 VI-9 O que são objetivo geral e objetivo específico? .......................................................................... 208 VI-10 Onde o objetivo aparece no texto? ............................................................................................ 211 Referências .............................................................................................................................................. 211 Literatura Complementar ...................................................................................................................... 211 CAPÍTULO VII - Planejamento da Pesquisa ............................................................. 213 VII-1 Que ações antecedem o planejamento da pesquisa? ............................................................... 213 VII-2 Por que é necessário o planejamento da pesquisa? ................................................................. 214 VII-3 Quais as diferenças entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa? .............................. 216 VII-4 Pesquisa de campo ou de laboratório: qual a melhor? ............................................................ 217 VII-5 Método ou técnica? ..................................................................................................................... 218 VII-6 Devemos preferir as técnicas sofisticadas? ............................................................................... 219 VII-7 Qual deve ser o papel do estatístico na definição do planejamento da pesquisa? .............. 221 VII-8 Todo trabalho quantitativo necessita de análise estatística? .................................................. 221 VII-9 O que é e para que serve o estudo piloto? ................................................................................ 223 VII-10 Qual a lógica básica das pesquisas científicas? ...................................................................... 223 VII-11 Qual a diferença entre associação e correlação? .................................................................... 227 VII-12 Como os tipos lógicos de pesquisa ajudam no delineamento do estudo? ......................... 231 VII-13 O que é o delineamento de uma pesquisa? ............................................................................ 233 VII-14 O que é grupo controle? Quais as principais ferramentas de controle? ............................. 236 VII-15 Devo usar os mesmos indivíduos nos grupos experimentais? ............................................ 239 VII-16 É possível controlar todas as variáveis em uma pesquisa científica? .................................. 242 VII-17 O que é amostra? ....................................................................................................................... 243 VII-18 Como determinar o tamanho da amostra e o número de réplicas/repetições? ................ 244 VII-19 Quando escolher o teste estatístico? ........................................................................................ 251 VII-20 Como escolher o teste estatístico? ........................................................................................... 252 VII-21 Qual é a estrutura de um projeto de pesquisa? ..................................................................... 255 Referências .............................................................................................................................................. 257 Literatura Complementar ...................................................................................................................... 258
  • 14. Capítulo VIII - Coleta de Dados ........................................................................... 261 VIII-1 A coleta de dados é a principal parte da pesquisa? ................................................................ 261 VIII-2 Toda pesquisa científica envolve coleta de dados? ................................................................. 263 VIII-3 Como garantir que os dados coletados estejam corretos? .................................................... 264 VIII-4 Como preservar os dados coletados? ....................................................................................... 265 Referência ............................................................................................................................................... 265 Literatura Complementar ...................................................................................................................... 265 Capítulo IX - Análise e Interpretação de Resultados ............................................ 267 IX-1 Os dados são objetivos ou podemos interpretá-los? .................................................................. 267 IX-2 O que são conclusões? Como se diferenciam dos resultados? .................................................. 269 IX-3 Quando a estatística ajuda? ........................................................................................................... 272 IX-4 Quando transformações em percentuais podem prejudicar a análise? ............................ 274 IX-5 Por que se usa nível crítico geralmente a 5% ou 1%? ................................................................. 275 IX-6 O que fazer com os dados que mostram apenas tendência à significância? ........................... 277 IX-7 O que fazer quando os dados coletados não sustentam a hipótese? ........................................ 278 IX-8 O que fazer quando os dados são muito discrepantes daqueles obtidos na mesma 000 condição de estudo? .................................................................................................................... 281 IX-9 Que cuidados tomar para se concluir sobre correlação entre variáveis? ................................ 284 IX-10 Por que relacionar os resultados e conclusões com os de outros autores? ............................ 286 IX-11 Até que ponto é possível avançar nas generalizações durante a elaboração 000 das conclusões? ......................................................................................................................... 287 Referências ............................................................................................................................................. 289 Literatura Complementar ..................................................................................................................... 289 CAPÍTULO X - Redação Científica ............................................................................ 293 X-1 Há diferenças na redação entre TCC, Dissertação, Tese e Artigo Científico? ........................ 293 X-2 Qual é a lógica de um texto científico? ......................................................................................... 294 X-3 Qual é a estrutura básica de um texto científico? ....................................................................... 296 X-4 Como saber se um conjunto de dados é suficiente para constituir um artigo? ...................... 298 X-5 Qual a rotina para a redação de um texto científico? ................................................................. 299 X-6 Por onde inicio e em que sequência redigir um artigo científico? ........................................... 302 X-7 Quantas páginas deve ter cada parte do texto científico? .......................................................... 306 X-8 Qual o tempo verbal e a pessoa de locução no texto científico? .............................................. 306
  • 15. X-9 Onde aparecem as conclusões? ..................................................................................................... 308 X-10 Como escrever o texto do item Resultados? .............................................................................. 309 X-11 Como estruturar o Material e Métodos? .................................................................................... 310 X-12 Qual a função do item Discussão? ............................................................................................. 313 X-13 Como devo estruturar a Discussão? ........................................................................................... 313 X-14 Até que ponto posso fazer sugestões e recomendações? .......................................................... 315 X-15 Devo incluir propostas para estudos futuros? ........................................................................... 316 X-16 Como redigir a Introdução? ........................................................................................................ 316 X-17 Como nossas agências atrapalham a redação científica? ......................................................... 318 X-18 O que não devemos citar em nosso trabalho? .......................................................................... 319 X-19 Quais os principais erros nas citações? ...................................................................................... 319 X-20 Quais os tipos lógicos de Resumo? ............................................................................................. 323 X-21 Como fazer um Resumo Criativo? ............................................................................................. 323 X-22 Qual a função do Título do trabalho? ........................................................................................ 325 X-23 Como elaborar um bom Título? ................................................................................................. 325 X-24 Como escolher as Palavras Chave (Key-words)? ....................................................................... 327 X-25 Como escrever o Título curto (Running head)? ........................................................................ 328 X-26 A quem devo agradecer? .............................................................................................................. 328 X-27 Como escrever bem? .................................................................................................................... 329 X-28 Devo recorrer a empresas que corrigem tese/artigos científicos? .......................................... 335 X-29 Como definir as autorias de um trabalho científico? .............................................................. 337 X-30 Como definir a sequência de autores em um trabalho científico? ......................................... 340 X-31 Quais os riscos em se pontuar currículos por meio da sequência dos autores? ................... 341 Referências .............................................................................................................................................. 341 Literatura Complementar ...................................................................................................................... 342 CAPÍTULO XI - Divulgação em Congressos ............................................................. 345 XI-1 É importante participar de congressos científicos? Como escolhê-los? ................................. 345 XI-2 Como fazer um resumo estruturado? ......................................................................................... 346 XI-3 Como preparar um pôster para congresso? ............................................................................... 346 XI-4 Quais cuidados tomar ao fazer uma comunicação científica oral? ......................................... 349 XI-5 Como preparar uma apresentação PowerPoint mais eficiente? .............................................. 352 XI-6 Que cuidados tomar ao convidar um palestrante? ................................................................... 357 XI-7 Que cuidados tomar ao ser convidado para ministrar cursos/palestras? .............................. 360
  • 16. Literatura Complementar ..................................................................................................................... 361 CAPÍTULO XII - A Formação de Cientistas .............................................................. 363 XII-1 Por que formar cientistas? .......................................................................................................... 363 XII-2 Quais os requisitos para ser um cientista? ............................................................................... 365 XII-3 Todos podem ser cientistas? ...................................................................................................... 369 XII-4 É imprescindível ao cientista estudar filosofia da ciência? .................................................... 370 XII-5 Quando se inicia a formação de um cientista? ....................................................................... 371 XII-6 A pós-graduação tem formado cientistas? .............................................................................. 372 XII-7 Você é doutor... quer virar cientista? ........................................................................................ 373 Referências ............................................................................................................................................. 374 Literatura Complementar ..................................................................................................................... 375
  • 17. AGRADECIMENTOS Inicialmente, quero agradecer ao combustível que mantém aceso meu ideal de contribuir para uma melhora da formação científica das pessoas. Esse combustível vem de todas aquelas pessoas que têm confiado em meu trabalho, seja me levando para falar para algumas plateias ou transferindo a outros as propostas que defendo. Essas pessoas são muitas e não conheço a todas, mas cada uma perceberá meu agradecimento. Como esta obra recebeu apoios específicos nas edições anteriores, não posso deixar seus nomes perderem-se no tempo. São eles, na sequência em que apareceram: Katsumasa Hoshino; Yuriko Yanagizawa Nogueira de Almeida Pinto, Célia Maria Dória Frascá Scorvo, Newton Castagnolli, Wagner Cotroni Valenti, Dorotéia Rossi Silva Souza, Alfredo Pereira Jr., Míriam Celí Porto Foresti, Priscila Willik Valenti, Marize M. Dall’Aglio Hattnher, José Raimundo de Souza Passos, Maria Auxiliadora Campos Dessen, Assaf Barki, Carla Patrícia Carlos, Edmundo José de Lucca, Maria Lúcia Negreiros Fransozo, Oduvaldo Câmara Marques Pereira, Roberto Leung, Fernanda Moreno Sanchez Volpato, Yara Fernandes Volpato e Naiara Fernandes Volpato. Na confecção da ficha catalográfica contei sempre com o apoio de Enilze de Souza Nogueira Volpato e Sulamita Selma Clemente Colnago. Mais recentemente, o Dr. Marco Aurélio Leite, Depto. de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, me enviou uma lista de pequenos equívocos gramaticais, de digitação ou de sentido que estavam na quinta edição, os quais corrigi nos locais onde os textos foram mantidos nesta sexta edição. Agradeço, ainda, ao Dr. Paul G. Kinas, da FURG, RS, que me alertou e forneceu parte do material para a análise da crítica às ideias de Popper, no que tange à indução. E, finalmente, à minha família, esposa e filhas, que me motivam, me dão estrutura e entusiasmo para enfrentar essa busca quase insana de meu ideal. Até mesmo a mais novinha delas, que apenas se inicia nas primeiras palavras, mas que certamente aprenderá a usá-las com sabedoria para o bem da humanidade.
  • 18.
  • 19. SOBRE O AUTOR Para que os leitores conheçam um pouco mais sobre os motivos que me levaram a escrever este livro, tenho que reportar sobre minha ida à ciência. Na vida pré-universitária já tinha o sonho de ser cientista, sem mesmo saber exatamente o que isso significava. Tinha o sonho de construir leis gerais, teorias... construir o saber novo. Fascinavam-me os animais e eu duvidava que mesmo aqueles pequenos animais de jardim, com os quais eu passava horas brincando, pudessem ser apenas autômatos. Essa inquietação, mais as disciplinas de Biologia e Psicologia no colegial1, me firmaram o desejo de estudar o comportamento animal. Felizmente era um curso oferecido pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), cidade na qual eu residia e, portanto, um curso possível de ser feito por alguém de classe média baixa. Entrei na FCMBB que, no ano seguinte, se tornou, sob os protestos de alunos, docentes e discentes, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, a UNESP. Minha preocupação com a ciência e o comportamento animal me conduziu à busca por estágios. Numa ocasião, procurei um professor da área Zoológica para fazer estágio, pois tinha cole-tado em minha casa alguns dados sobre o comportamento de abelhas e precisava de orientação. Para minha surpresa, esse professor ignorou meus “achados” e me propôs colocar porções de água com açúcar próximo à colmeia para ver como as abelhas iam àquele local. Disse, inclusive, que eu deveria ir afastando essa fonte de alimentos e que as abelhas marcariam os locais sem se perder dele. Ora, ele me propunha a ver algo que já se conhecia. Isso me desmotivou completamente, o que já revelava minha paixão pelo novo, pelo inusitado, característica importante para quem se aventura na Ciência. Felizmente, um ano mais tarde conheci o Dr. Katsumasa Hoshino, um exímio educador e cientista 1 Na versão moderna, Ensino Médio.
  • 20. 20 Gilson Volpato e, talvez por ser psicólogo, conduzia muito bem a formação de um novato. Foi aí que iniciei minha formação científica. Foi também aí que tive meus primeiros contatos com a Filosofia, a Ciência, o estudo do comportamento animal... e de tudo isso me orgulho muito. Fiquei sob essa orientação durante os últimos anos de minha graduação e toda minha pós-graduação. Mas um mestre será sempre um mestre! Certa vez, na volta para casa, o prof. Hoshino me disse que eu era um dos poucos de seus estagiários que tinha interesses gerais. Eu não entendi se isso era bom ou ruim. Parte deste livro nasce de minha intenção, ou pretensão, de mostrar algumas portas para o caminho da ciência àqueles que, porventura, não sejam ou não tenham sido agraciados com uma orientação adequada. De fato, o que discuto neste livro é o mínimo que deveria ser contemplado numa boa orientação de Iniciação Científica e Pós-graduação. Minha busca por leis gerais me conduziu a acreditar, no início dos anos 80, que a ciência deveria ser internacional. Isso balizou minhas publicações. Eram em inglês e sempre priorizei o alcance internacional dos periódicos. Isso foi feito na pura crença sobre o fazer ciência, pois ainda não chegavam até nós as pressões por publicações, muito menos pela qualidade do periódico ou citações de nossos artigos. Era um ato de fé, uma questão de amor à ciência na sua vertente geral e internacional. Meus estudos sobre filosofia da ciência reforçavam esse caminho. Minha batalha pelas publicações de boa qualidade foi marcada por muitos insucessos, mas felizmente por alguns sucessos que me sustentaram nesse objetivo. As publicações internacionais foram feitas com meus estagiários, que mais tinham a aprender do que ensinar. Foi uma batalha dura e só mais recentemente, a partir de 2003, iniciei publicações internacionais junto com cientistas destacados. E foi o suor desse aprendizado, aliado à minha constante vontade de ensinar, que me colocaram no caminho dos cursos sobre redação científica. O primeiro curso formal sobre este assunto foi em nível de extensão universitária, em 1986, para alunos de graduação, uma empreitada que dividi com a Dra. Maria Lúcia Negreiros Fransozo. Depois disso se seguiram outros cursos e, na pós-graduação, minha primeira disciplina foi em 1989, junto ao Centro de Aquicultura da Unesp, em Jaboticabal, SP. Havia apenas 4 alunos (um era meu doutorando) e as aulas eram ministradas quinzenalmente às sextas-feiras. No ano seguinte, o número de alunos foi 8 e no próximo 22. A partir daí, a quantidade de alunos se manteve sempre crescente. De meados da década de 90 até o final dessa década, a questão da publicação científica se tornou parte integrante da carreira científica. Após a virada do século, isso foi reforçado e continua num crescente que, conforme discuto neste livro, felizmente tem acompanhado a evolução filosófica na ciência, com critérios cada vez mais pautados pela qualidade e não pela quantidade. Em 1998, já com grande demanda para ministrar cursos e workshops sobre redação científica internacional, procurei reduzir essa pressão publicando meu primeiro livro... aí nascia o Ciência: da filo-sofia à publicação. A partir daí, a carência da sociedade científica brasileira sobre este tema, nas três grandes áreas do saber, me impulsionou cada vez mais para esta apaixonante missão de formação de cientistas, por meio de uma avalanche de palestras, cursos, debates, e-mails e mais livros e, finalmente, a Internet.
  • 21. Ciência: da filosofia à publicação 21 Em 2011 inaugurei minha página na Internet2 e minhas excursões pelo twitter3. A página é um repositório de notícias e materiais sobre Ciência, Redação Científica, Publicação Científica, Ética, Administração, Sociedade e Formação de Cientistas. Em cada um desses blocos há 4 setores (Comentários, Livros, Artigos e Dicas). Há também um bloco sobre Vídeos, com um resumo de meu curso completo, com 42 aulas (cerca de 8 h 30 min), e outro bloco com vídeos de curta duração no qual apresento meus Pontos de Vista sobre temas relevantes nesta área. Finalmente, há um bloco de Agenda & Contatos, onde listo meus cursos/palestras agendados, um espaço para debates e fontes para contato. A partir de minha vivência como educador, cientista e interessado pela filosofia da ciência, fui construindo uma abordagem que contemplasse essa experiência no ensino da ciência. Este livro espelha esse perfil, em que procuro mostrar a unicidade do processo científico: original-mente, da filosofia à publicação; atualmente, da filosofia à aceitação de nossas conclusões. Para isso, defendo que o cientista deve trilhar temas como Filosofia, Criatividade, Metodologia, Estatística, Computação, Empreendedorismo, Administração, Marketing, Publicidade, Lógica, Sociologia, Psicologia, Atualidades, Política, Sociologia e Educação, pois é nesse conjunto que residem as prin-cipais ideias do processo Ciência. Gilson L. Volpato Maio de 2012 2 www.gilsonvolpato.com.br – Em 1 ano, recebeu cerca de 40 mil visitas. 3 @gilsonvolpato
  • 22.
  • 23. PREFÁCIO À SEXTA EDIÇÃO É uma felicidade poder entregar-lhes a sexta edição do meu primeiro livro, o Ciência: da filosofia à publicação. Este livro nasceu da vontade de ensinar os passos necessários para se formar um cientista. O Brasil se depara com uma encruzilhada. Seremos independentes apenas se conseguirmos um discurso superior para com o restante do mundo. A globalização torna esse processo mais urgente. Como este país maravilhoso poderia conseguir tal independência? A ciência e a educação são, sem dúvida, um caminho genuíno. Não conheço qualquer país desenvolvido onde não haja ciência e educação de boa qualidade. É o pano de fundo necessário. Mais ainda: não há tecnologia de ponta se não houver conhecimento de ponta... e é a ciência que produz esse conhecimento, é a educação que possibilita essa ciência. Nós, porém, nos perdemos nas raízes de nossa cultura, de nossa formação. As regras da ciência internacional são ditadas pelos países mais fortes; seguem seus vieses culturais. Entrar nessa luta significa seguir essas regras. É uma luta de culturas. Na ciência temos que ser objetivos, diretos e lógicos, mas esse não é o nosso pano de fundo. O brasileiro é prolixo, vem de formação prolixa. A ciência não admite jeitinhos, improvisações, superficialidades, mas esse também não é o pano de fundo de nossa sociedade. Entrar na ciência internacional requer mais, muito mais. Querem inter-nacionalizar a ciência, mas não internacionalizam a administração da ciência nem a seriedade e competência governamental. Nossa tarefa requer uma conversão de postura. Essa é a nossa dificul-dade. Não é o inglês, é o pensamento. Nossa sociedade parece estar tomando o rumo errado. Temos uma pós-graduação que não forma cientistas, apenas doutores, seres especializados em produzir teses e artigos. E basta fazer a tese para receber o título. Temos um grupo de coordenadores mais preocupados com a Capes do que
  • 24. 24 Gilson Volpato com a ciência. Temos nomes importantes fazendo diagnósticos equivocados, mas sendo ouvidos e conduzindo milhões. Temos uma educação universitária sendo assassinada em nome da democracia, da inclusão e da demagogia. Temos uma sociedade de ilusão, do faz de conta, um país das aparências. Não precisa ser, basta parecer. Basta produzirmos números, a qualidade não importa. Minha andança pelo cenário científico brasileiro é vasta. Iniciei essa minha jornada no ensino da ciência e da redação científica nos idos de 1986, há 26 anos. Meu primeiro livro nessa área, nascido em 1998, já surgia na ingênua expectativa de que pudesse reduzir as viagens para cursos e palestras, pois estavam se tornando muito numerosas. Nos últimos 10 anos esse número tem sido imenso para uma única pessoa, algo em torno de 60 a 80 por ano nas instituições públicas, com uma agenda que se fecha com quase um ano de antecedência. Nessa demanda e contato, falo e converso com milhares de cientistas e simpatizantes a cada ano. Vejo seus problemas, suas angústias, suas falhas, seus sonhos e seus potenciais, seus olhos brilharem e chorarem. É uma riqueza insubstituível. A amostragem é ampla, do interior dos estados mais pobres até as universidades mais nobres de nosso país. Do menos experiente ao orientador expert. Essa base é forte. Ela bate duro aqui dentro e me diz: as propostas de correção para nossa sociedade científica estão no caminho errado. Democratizar a qualidade científica é uma meta que o Brasil não pode ignorar. Os números devem refletir qualidade. Queremos mágica, queremos qualidade sem investir em qualidade. Queremos uma comu-nidade de cientistas de nível internacional sem darmos a base necessária. Vejam o que ocorre no esporte olímpico brasileiro; o gene é brasileiro, mas a formação geralmente é obtida num país desen-volvido. E querem repetir isso na ciência. Mas essa fórmula, além de irresponsável e incompetente, é paliativa. Nossa sociedade precisa respirar ciência, respirar ensino de qualidade, respirar cultura. O produto será consequência. Como produzir um percentual de cientistas de alto nível digno do tamanho de nossa população? Não pode ser um processo casual. Dinheiro temos, falta-nos direção. Vontade temos, faltam-nos oportunidades. Mas, falta algo mais... faltam mentes brilhantes, desafiadoras, empreende-doras, que saibam conduzir este processo. Precisamos de medidas competentes, de pararmos de tapar o sol com a peneira. Não vamos criar essa sociedade apenas abrindo as portas das universidades. Isso só destruirá o que ainda resta de ensino público de qualidade em nosso país. Temos que entender que junto com essa abertura de portas deve vir, inexoravelmente, um ataque maciço, restaurador e transformador na educação de base, a pré-universitária. Sem isso, todo o restante é demagógico, apenas para produzir robôs da ciência e números para os donos do mundo. Neste livro me debruço a ensinar a ciência que acredito. Não há fórmulas mágicas para que passemos a publicar em revistas internacionais de alto nível, nem para que nossas revistas científicas passem a dominar o cenário internacional. Mas há um caminho sério, não demagógico e competente. Ciência forte pode produzir pesquisa forte; e esta pode se desdobrar em publicações de alto nível. Se isso é conseguido, teremos matéria-prima (conhecimento e pessoas) insubstituível e necessária para a construção de um país de primeiro mundo. Plantar isso não é fácil, mas é urgente e necessário. A visão atual não quer plantar um pé de jequitibá, mas quer visualizar sua beleza e descansar à sua sombra. O futuro não é mágico; precisa ser construído. Se não plantarmos os jequitibás hoje, eles não darão a beleza e o esplendor de sua existência daqui a alguns séculos. É necessário plantar para além
  • 25. Ciência: da filosofia à publicação 25 de seus olhos, para aqueles que não conheceremos. É esse o mundo que temos que construir. É essa a ciência que temos que almejar, pois dela brotam os frutos de uma sociedade justa, inteligente, compe-tente e feliz. E é o fazer desse mundo que inaugura um mundo presente e real já noutra direção. A primeira parte deste livro aborda a Filosofia, pois é a arte maior, o pano de fundo daquilo que fazemos. É esse refletir que nos dá vida e nos faz entender a própria vida. A segunda parte trata da ciência, da formação do cientista. Primeiro um diagnóstico do quadro, em que mostro como deformar um cientista. Nos capítulos seguintes, me debruço na tarefa do fazer ciência. E concluo com um último capítulo sobre como formar um cientista. Essa é a proposta do livro, desde sua primeira edição, mas temperada por um mundo de informações e experiências que espero trazer, a cada nova edição: um tempero especial para uma receita milenar. Gilson Volpato Setembro de 2012
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  • 27. PRIMEIRAS PALAVRAS A atividade científica tem atraído a atenção de muitas pessoas, particularmente no mundo de hoje. Além das descobertas interessantíssimas ao longo de sua história, direcionou a atividade humana atingindo a todos. O avanço industrial, decorrência importante da atividade científica, mudou não só aspectos físicos, mas também concepções metafísicas de valor, ética, amor, política etc. Esse grande impacto da ciência não a coloca como a principal atividade humana, mas com certeza é uma das importantes formas de interferir no dia a dia do ser humano. Pobres ou ricos, reli-giosos ou não, do primeiro ou do terceiro mundo, todos estão sujeitos às consequências da ciência. É nesse panorama que vemos jovens procurando o caminho da ciência. Uma escalada aparentemente natural para muitos.
  • 28. 28 Gilson Volpato Mas o que é fazer ciência? Por que apenas alguns se destacam enquanto outros desistem? Qual o caminho? Certamente são perguntas cujas respostas, se existem, não são simples nem completas. A atividade científica pode ser comparada à atividade de um músico que compõe para uma orquestra. Ele deve coordenar uma série de instrumentos para que soem de forma harmoniosa. Um som nunca é certo ou errado, apenas adequado ou não, dada a intenção no momento da composição. Os instrumentos têm suas especificidades, mas há um objetivo que os une (a música em apresentação). O sentimento do compositor necessita ser interpretado. O som produzido não é inerte, pois afeta sentimentos, processos humanos, pode mudar uma história. A música é escrita objetivamente numa partitura, mas interpretada com subjetividade. E o cientista? Neste livro mostro a validade do paralelo. Adiantarei apenas alguns aspectos gerais. O cientista rege uma série de atividades (técnicas, perguntas, palestras, dados coletados, testes estatísticos, redações, pressupostos filosóficos, formação de pessoas, ensino, divulgação de achados, atividades administrativas etc.) que, no conjunto, compõem a ativi-dade científica. Como na música, cada som é fundamental, mas no momento certo. Os excessos podem soar inadequados. Na orquestra, não se deve priorizar os violinos em detrimento do triângulo, pois suas qualidades são insubstituíveis em determinados momentos. Da mesma forma, não se relega as questões filosóficas, nem se valoriza sobremaneira as potencialidades estatísticas. Tudo tem uma função que, devidamente integrada, promove a ação dos grandes mestres. Mas como encontrar o equilíbrio? O compositor não sabe tocar todos os instrumentos que usa. Quem toca os instrumentos não necessariamente compõe melodias. Mas para compor uma música (letra, melodia, acompanhamento, arranjos) é necessário conhecer a essência das partes, suas potencialidades e funções. É essa visão holística de ciência que se perde com a produção em massa propiciada por uma desenfreada corrida de rankings. Nossa pós-graduação tem primado a formar, em sua vasta maioria, técnicos especializados que, com suas visões estreitas e poderes crescentes, tiram a beleza da ciência, da descoberta, transformando-a numa atividade essencialmente técnica. E o culpado não é a ciência, mas a prática científica inadequada. Este livro não livrará nossa ciência desse problema. A intenção é bem mais modesta. É mostrar aos cientistas alguns equívocos e crenças científicas, além das potencialidades lógicas da ciência (o que nos leva a uma atividade bem mais humilde) e as ligações inexoráveis entre a prática científica e o pano de fundo filosófico e social. É nesse universo que o desafio a entrar. Muitos precisarão de coragem para romper pré-conceitos e experimentar uma nova reflexão, uma nova prática. Toda atividade científica reflete, queiramos ou não, uma posição teórica. O problema ocorre quando o cientista não percebe tais ligações, alienando-se nos escombros da prática da pesquisa. É por essa razão que este livro aborda primeiramente as bases filosóficas da ciência,
  • 29. Ciência: da filosofia à publicação 29 suporte primeiro da atividade técnica científica. As questões específicas e práticas discutidas posteriormente são sempre acompanhadas de referências a outras partes do livro, onde a base teórica pode ser encontrada. É nesse vai e vem, da técnica à reflexão filosófica, que se constrói a prática científica. As perguntas que constroem este livro foram colhidas de diversos contatos com estu-dantes de graduação e pós-graduação e cientistas de diversos níveis. Retratam, portanto, um pouco de nossa realidade, que não é restrita ao nosso país. As respostas a essas perguntas não são dadas na forma de receitas. Apresento respostas com as respectivas bases teóricas. Ao final do livro indico literatura complementar, desde essencialmente técnica até obras mais gerais, mas todas com alguma grande riqueza para completar seu caminho em direção à ciência de qualidade. Essas referências, no entanto, nem sempre concordam com as ideias que apresento neste livro. Assim, pela discordância, são leituras importantíssimas para a formação geral do cientista. Algumas podem ser chamadas de “autoajuda”, mas aprendi que podemos incorporar ideias interessantes desde que abandonemos os preconceitos em relação às suas fontes. A abor-dagem que apresento é apenas o início de uma vasta discussão que o leitor deverá fazer ao longo de sua carreira científica.