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ATENÇÃO: ESTE DOCUMENTO FOI DIGITALIZADO DE

TOMAZI, Nelson. [et al]. Elementos para orientar a leitura e a escrita.
Cascavel: Ed. Coluna do Saber, 2005.

    POR GABRIELLA VIEIRA, SOB A PERMISSÃO DE SEU AUTOR, DESDE QUE
                PARA FINS ESTRITAMENTE ACADÊMICOS.



                                    REGISTROS DE LEITURA



   Os registros constituem parte indispensável para uma eficiente e proveitosa leitura
acadêmica. Os registros são necessários pois além de fazerem parte da documentação
pessoal de cada um, obrigam a gente a expor o nosso entendimento do texto, bem como
evitam que se percam as reflexões e interpretações realizadas neste momento. Existem
diversas modalidades de registros de leituras, mas nenhuma é uma “receita pronta”.
Todos devem ser adaptados ao nosso estilo pessoal e objetivo de pesquisa.



                                         FICHAMENTOS1

   Existem vários tipos de fichamento, isto é, registro colocado em uma ficha. O mais
simples deles é aquele em que você encontra nos fichários de bibliotecas: ficha de
indicação bibliográfica. Há também a ficha resumo de textos ou de livros. Ambas podem
ser organizadas por nome do autor, ou por título do livro ou ainda por temas ou assuntos
tratados.

    O tipo de fichamento que mais interessa aqui é aquele que nos ajudará a organizar a
leitura de um artigo ou de um livro. Não esqueça que o fichamento corresponde a base da
documentação pessoal do pesquisador. No fichamento estarão anotadas as informações
provenientes da leitura dos textos, bem como as informações adicionais que a leitura
tenha sugerido ao pesquisador (reflexões, interpretações, dúvidas...).




1
  Fichamento é um tipo de registro assim chamado porque há um tempo este registro era feito em uma
ficha padronizada, mas hoje ele pode ser feito em vários formatos, utilizando, ou não, o computador.
O fichamento é um dos instrumentos para o cultivo da imaginação científica. Fichar um
texto significa registrar a leitura. E este registro serve para que o pesquisador possa ter
uma base de reflexão sobre o texto que esteja além da simples memorização da leitura.
Não se deve confiar muito na memória quando se lê um texto. Não é incomum um leitor
chegar ao final de um livro de 200 páginas e não se lembrar mais dos detalhes das
primeiras páginas, dos argumentos utilizados, dos problemas enfrentados e das respostas
apresentadas.

   Além de ser um antídoto para a falta de memória, o fichamento tem outro objetivo:
servir de guia para a lógica argumentativa do texto. Através do fichamento o pesquisador
poderá esquematizar a ordem dos argumentos do texto. Desta maneira, será mais fácil
entender o que o autor se propõe a explicar. E isto é necessário também para nos orientar
à medida que avançamos na leitura do texto, evitando que o mesmo se transforme num
“labirinto de ideias”.

  O fichamento serve ainda para a busca de informações sobre o texto no caso de se
necessitar utilizar citações no momento da escrita de trabalhos científicos.

   Portanto, qualquer leitura acadêmica que mereça um estudo mais aprofundado deve
ser registrada. O fichamento é um meio para que a leitura e o seu registro possam ser
mais úteis para o pesquisador.



COMO E POR QUE SURGIU O FICHAMENTO


   Para sermos óbvios vamos à seguinte definição: fichamento é o registro em fichas das
informações obtidas em leitura, bem como o registro das ideias e reflexões associadas às
informações obtidas.

   Registrar a leitura é uma atividade tão antiga quanto a própria leitura. Todo autor que
escreveu um livro relevante, com certeza fez um registro das suas leituras antes e durante
a escrita de seu livro.

    Registrar leituras em fichas é um hábito relativamente recente, é um hábito intelectual
do século XX. Karl Marx e Max Weber, por exemplo, registraram suas leituras e suas ideias
em vários cadernos. Parte destes registros encontram-se hoje publicados em forma de
livros (Os Manuscritos Econômicos e Filosóficos de Karl Marx e a parte final do livro
Economia e Sociedade de Max Weber são bons exemplos de registros clássicos de leituras
e de ideias).
A vantagem da ficha em relação ao caderno é a usa versatilidade de manuseio. É muito
mais fácil manusear fichas soltas do que folhear as páginas presas de um caderno. As
fichas também podem ser dispostas em ordens distintas, dependendo dos objetivos de
trabalho (por autor, por título, por ano de publicação, por assunto...). De uma rica e bem
pensada, identificação das fichas, dependem as possibilidades de sua utilização para
objetivos distintos. Por isso, informações como nome do autor, título do texto, ano de
publicação, assuntos ou palavras chave, etc. devem aparecer em destaque e seguir uma
mesma ordem no cabeçalho das diversas fichas que vamos produzindo. Não esqueça das
Normas da ABNT para o registro das referências. Desnecessário alertar que as fichas
devem ser guardadas em pastas ou fichários devidamente identificados, sob pena de a
vantagem se transformar em desvantagem. Fichas soltas pelos cantos da casa são
registros irrecuperáveis.

   A escolha entre o caderno e a ficha, o tamanho da ficha e outros detalhes ficam por
conta da preferência do intelectual. Fichas pautadas ou sem pauta? Esta dúvida não
merece a energia que se consome para tentar resolvê-la. Escolha a seu gosto em função
de seu estilo de trabalho. Se quiser usar o computador é ainda melhor.

   O importante é reter o seguinte: toda informação lida deve ser registrada. O registro
em fichas ou equivalentes deve ser feito de forma a ser facilmente recuperável. Todos os
materiais fichados devem ser organizados em pastas e fichários identificados e colocados
em lugares de fácil acesso. Não adianta nada fichar um livro, jogar as fichas de forma
aleatória em uma pasta junto às contas antigas do condomínio e guardar a pasta dentro
do mesmo baú em que estão os parafusos usados e o pneu furado da sua primeira
bicicleta. Lembre-se: a memória é fraca. Passados alguns meses (ou apenas alguns dias
para muitos), você irá procurar aquela citação do autor que você leu para usar em um
artigo, que deve estar em algum lugar da casa. Você lembra vagamente que havia deixado
o material perto de algo que se parece a uma bicicleta. Você vasculha a casa inteira e
vamos supor que você ache o baú. Lá, em meio a pneus e parafusos de estimação, só tem
uma pasta com a etiqueta “Condomínios atrasados”. Você pensa, deve estar em outro
lugar, eu não iria ser maluco de guardar o fichamento do texto numa pasta de contas de
condomínio. Mais algumas semanas de desespero e você desconfia seriamente que o
material está na pasta do condomínio. Você abre a pasta e vê as suas fichas soltas lá.
Salvo! Vem tanto, você começa a procurar a citação nas fichas, mas como elas estão fora
de ordem você tem que olhar uma por uma. Finalmente você encontra a ficha que queria.
Normalmente, quando isto acontece você já perdeu o prazo para entregar o trabalho
escrito. Teria sido mais eficiente ler o livro de novo!
Organizar a sua documentação pessoal é uma forma de agilizar e tornar mais eficiente
o trabalho intelectual. É muito desagradável perder tempo procurando uma coisa que
poderia estar à mão e que a preguiça e a falta de cuidado empurraram para um baú
perdido.

  Então, lembre-se:

  Toda ideia e toda informação lida deve ser registrada. O registro em fichas ou
equivalentes deve ser feito de forma a ser facilmente recuperável. Todo material fichado
deve ser organizado, identificado e colocado em lugar de fácil acesso.

    Uma boa forma de manter um fichário facilmente acessível e bem organizado é mantê-
lo no computador. Se você ainda não dispõe de um computador fique com as pastas e
fichas de papel. Se você já tem um computador, faça seus fichamentos eletronicamente,
mas salve-os em disquetes de segurança e imprima-os. Não se esqueça jamais das duas
leis que orientam a vida dos usuários de informática: a) “se alguma coisa pode dar errado,
dará errado”; b) “quem tem dois tem um, quem tem um não tem nenhum”.



  TIPOS DE REGISTROS QUE DEVEM SER FEITOS NO FICHAMENTO

   O que deve ser registrado e como deve ser registrado? Basicamente três tipos de
informações devem ser registrados no fichamento: as ideias do autor que se está lendo;
comentários seus sobre o que está lendo; e outras notas de referência sobre o texto.

   O fichamento deve começar sempre com as notas de referência sobre o texto: nome
do autor, título completo da obra, editora, local e ano de publicação. De preferência faça
este registro de acordo com as normas de referência da ABNT. Fica mais fácil depois
transpor para as referências completas do trabalho que você estiver realizando. Lembre-
se sempre de anotar na ficha o número da página de onde foi retirada a informação
registrada.



  REGISTRO SIMPLES DAS IDEIAS DO AUTOR

   O tipo mais comum de fichamento contém um registro simples das ideias principais de
um autor. As ideias são registradas na mesma sequência em que aparecem no texto
(sempre com a referência à página de onde foi extraída a informação). O objetivo deste
tipo de fichamento é registrar dados, informações e ideias contidas no texto e não
propriamente a lógica de construção do raciocínio de um autor.
Para fazer o fichamento leia atentamente cada parágrafo. Procure retirar de cada
parágrafo a ideia principal. Se as ideias estiverem sendo redundantes, agrupe-as em um
único registro. Procure entender a conexão que existe entre um parágrafo e o seguinte.
Não pule o texto jamais: acompanhar a sequência de argumentos do autor é a chave para
compreender as suas ideias. Não se deve anotar passagens do texto de forma aleatória, só
porque soou bem aos seus ouvidos. O registro deve obedecer à sequência de argumentos
do autor. Este é o objetivo central deste fichamento: reproduzir de forma resumida e
esquemática a sequência de argumentos do autor.



  HIERARQUIA DAS IDEIAS DO AUTOR

   Quando a intenção for reconstruir a lógica de raciocínio de um autor, a melhor forma
de fichamento é o registro hierárquico das ideias contidas na obra. Neste caso o registro
não aparece na ficha necessariamente na mesma ordem em que está no texto.

   Este tipo de fichamento separa três modalidades de informação: a premissa, os
argumentos que sustentam a premissa e as conclusões do autor. O objetivo é identificar
que argumentos conduzem a que conclusões, partindo-se de quais premissas.

   A premissa é a ideia inicial. É desta ideia que o autor parte para fazer a sua análise.
Frequentemente a premissa parte de uma dúvida, uma interrogação que o autor se
propõe responder através do texto. A resposta que o autor propõe para o problema é a
explicação, a ideia principal que ele vai defender (sustentar) ao longo do texto.

   Os argumentos são as afirmações que sustentam determinadas premissas. Estas
afirmações podem estar fundamentadas em dados, testemunhos, exemplos, ilustrações
ou em explicações teóricas (outras premissas), que por sua vez assentam-se em outros
argumentos e assim por diante. No caso de dúvidas propostas, os argumentos constituem
as evidências, as pistas ou mesmo as provas em base das quais o autor sustenta suas
conclusões, ou seja, as respostas dadas à interrogação.

   A conclusão é o resultado final a que chega o autor a partir da exposição dos
argumentos. Normalmente a conclusão é uma explicação que reforça a premissa, e que se
pretende válida porque está ancorada nos argumentos enumerados anteriormente. A
ideia proposta pelo autor (reposta) é afirmada com base nos argumentos que visam
atestar a sua veracidade e convencer o leitor acerca disso.

  Tanto num caso como em outro deve-se levar em conta mais duas pequenas regras:
a) No caso de transcrição literal de passagens do texto (“.....”) isto é, quando você
     tiver a intenção de registrar uma passagem do livro tal como ela está, o que é
     importante para uma futura citação, lembre-se de usar aspas (“...”). Isto é
     importante para que fique bem distinto o que é uma transcrição literal do livro e o
     que é uma interpretação do leitor.
  b) No caso de querer fazer o registro de comentários do leitor sobre o texto [“....”]
     isto é, quando você for fazer um comentário ou uma crítica sobre o livro ou um
     registro de ideias que lhe ocorreram a partir da leitura de determinada parte do
     texto, escreva as suas ideias entre colchetes [“....”], ou use qualquer outro código
     para diferenciá-la das ideias do autor. É fundamental não haver confusão entre o
     que é a interpretação do leitor sobre o texto, o que é transcrição literal e o que são
     comentários do leitor sobre o texto.

COMO TESTAR A CONSCIÊNCIA DOS REGISTROS FEITOS

   Para verificar se entendemos as ideias de um autor e se as registramos
adequadamente, devemos nos perguntar se a partir do fichamento podemos ter certeza
sobre: qual é a questão principal tratada no texto? E as secundárias? Qual é a ideia
defendida pelo autor acerca da questão tratada? Quais são os argumentos utilizados para
defender estar ideia? Estes argumentos são de que tipo (dados numéricos, depoimentos
de entrevistas;; ideias de outros autores, valores; informações históricas; questões éticas
e morais...)? Afinal, qual é a conclusão do autor sobre a questão tratada? O autor
considera a conclusão válida universalmente ou considera a sua validade apenas para
certos casos e em certas condições limitadas?

   Para avaliar os comentários a serem registrados sobre o texto, também devemos nos
interrogar:

  a) Sobre a questão tratada pelo autor no texto: a questão tratada está
     adequadamente formulada e justificada? Ou será que a pergunta principal poderia
     ser colocada de outra forma? O autor lhe convenceu que esta é uma questão
     importante e que merece ser tratada? Por que? Ou trata-se de uma falsa questão,
     apenas aparentemente importante?
  b) Sobre a ideia principal defendida pelo autor: a posição do autor sobre a questão
     tratada está clara? A ideia principal do autor responde ao problema proposto? Ou é
     um comentário ou desvio da questão? Você concorda com a explicação que o autor
     propõe para a questão tratada? Quais seriam outras respostas possíveis para a
     mesma questão?
  c) Sobre os argumentos utilizados no texto: o número de argumentos é suficiente
     para sustentar as ideias do autor? Os argumentos são diversificados ou repetem-se
ao longo do texto? As fontes dos argumentos resultaram de pesquisa? As fontes
   dos dados apresentados são confiáveis? Existem argumentos “ideológicos”? O
   autor utiliza valores para defender suas ideias? Quais as relações que existem entre
   os argumentos? Os argumentos reforçam-se uns aos outros? Existem argumentos,
   dados ou informações importantes que são omitidos pelo autor? Quais são os
   limites e as qualidades principais dos argumentos utilizados?
d) Sobre as conclusões do autor no texto: as conclusões apresentadas são coerentes
   com os argumentos? Ou seja, os argumentos apresentados são suficientes para
   sustentar esta conclusão? Esta conclusão seria válida também para outras
   situações? Ou os argumentos apresentados também permitiram chegar a outras
   conclusões? O autor lhe convenceu da conclusão apresentada? Qual seria a sua
   conclusão, a partir dos argumentos apresentados? O que tudo isso lhe sugere em
   termos de novos estudos e pesquisas?

   OBS.: Os comentários a serem registrados nas fichas dependem de opção pessoal
   As sugestões apresentadas pretendem apenas alertar ao leitor sobre questões úteis
   para a orientação de suas reflexões.

     Concluindo: pode-se dizer que o fichamento faz parte da organização pessoal do
   pesquisador. Não existe um modelo único que seja válido. Portanto, a forma como
   será feito efetivamente o fichamento dependerá muito do jeito de cada um. O
   importante é lembrar que: toda ideia e toda leitura devem ser registradas.
   Certifique-se ainda de não exagerar no fichamento. O fichamento deve ser menor
   do que o livro!
     Contudo, também não seja muito econômico na anotação de suas ideias. E
   sobretudo, não ponha palavras “na boca” do autor que está sendo fichado. Mesmo
   que você o deteste, tente ser fiel ao pensamento dele. Somente assim se poderá
   construir uma compreensão adequada das ideias apresentadas no texto. Tenha
   sempre em mente que para criticar algo com maturidade é necessário antes
   entender do que se trata.

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Fichamentos

  • 1. ATENÇÃO: ESTE DOCUMENTO FOI DIGITALIZADO DE TOMAZI, Nelson. [et al]. Elementos para orientar a leitura e a escrita. Cascavel: Ed. Coluna do Saber, 2005. POR GABRIELLA VIEIRA, SOB A PERMISSÃO DE SEU AUTOR, DESDE QUE PARA FINS ESTRITAMENTE ACADÊMICOS. REGISTROS DE LEITURA Os registros constituem parte indispensável para uma eficiente e proveitosa leitura acadêmica. Os registros são necessários pois além de fazerem parte da documentação pessoal de cada um, obrigam a gente a expor o nosso entendimento do texto, bem como evitam que se percam as reflexões e interpretações realizadas neste momento. Existem diversas modalidades de registros de leituras, mas nenhuma é uma “receita pronta”. Todos devem ser adaptados ao nosso estilo pessoal e objetivo de pesquisa. FICHAMENTOS1 Existem vários tipos de fichamento, isto é, registro colocado em uma ficha. O mais simples deles é aquele em que você encontra nos fichários de bibliotecas: ficha de indicação bibliográfica. Há também a ficha resumo de textos ou de livros. Ambas podem ser organizadas por nome do autor, ou por título do livro ou ainda por temas ou assuntos tratados. O tipo de fichamento que mais interessa aqui é aquele que nos ajudará a organizar a leitura de um artigo ou de um livro. Não esqueça que o fichamento corresponde a base da documentação pessoal do pesquisador. No fichamento estarão anotadas as informações provenientes da leitura dos textos, bem como as informações adicionais que a leitura tenha sugerido ao pesquisador (reflexões, interpretações, dúvidas...). 1 Fichamento é um tipo de registro assim chamado porque há um tempo este registro era feito em uma ficha padronizada, mas hoje ele pode ser feito em vários formatos, utilizando, ou não, o computador.
  • 2. O fichamento é um dos instrumentos para o cultivo da imaginação científica. Fichar um texto significa registrar a leitura. E este registro serve para que o pesquisador possa ter uma base de reflexão sobre o texto que esteja além da simples memorização da leitura. Não se deve confiar muito na memória quando se lê um texto. Não é incomum um leitor chegar ao final de um livro de 200 páginas e não se lembrar mais dos detalhes das primeiras páginas, dos argumentos utilizados, dos problemas enfrentados e das respostas apresentadas. Além de ser um antídoto para a falta de memória, o fichamento tem outro objetivo: servir de guia para a lógica argumentativa do texto. Através do fichamento o pesquisador poderá esquematizar a ordem dos argumentos do texto. Desta maneira, será mais fácil entender o que o autor se propõe a explicar. E isto é necessário também para nos orientar à medida que avançamos na leitura do texto, evitando que o mesmo se transforme num “labirinto de ideias”. O fichamento serve ainda para a busca de informações sobre o texto no caso de se necessitar utilizar citações no momento da escrita de trabalhos científicos. Portanto, qualquer leitura acadêmica que mereça um estudo mais aprofundado deve ser registrada. O fichamento é um meio para que a leitura e o seu registro possam ser mais úteis para o pesquisador. COMO E POR QUE SURGIU O FICHAMENTO Para sermos óbvios vamos à seguinte definição: fichamento é o registro em fichas das informações obtidas em leitura, bem como o registro das ideias e reflexões associadas às informações obtidas. Registrar a leitura é uma atividade tão antiga quanto a própria leitura. Todo autor que escreveu um livro relevante, com certeza fez um registro das suas leituras antes e durante a escrita de seu livro. Registrar leituras em fichas é um hábito relativamente recente, é um hábito intelectual do século XX. Karl Marx e Max Weber, por exemplo, registraram suas leituras e suas ideias em vários cadernos. Parte destes registros encontram-se hoje publicados em forma de livros (Os Manuscritos Econômicos e Filosóficos de Karl Marx e a parte final do livro Economia e Sociedade de Max Weber são bons exemplos de registros clássicos de leituras e de ideias).
  • 3. A vantagem da ficha em relação ao caderno é a usa versatilidade de manuseio. É muito mais fácil manusear fichas soltas do que folhear as páginas presas de um caderno. As fichas também podem ser dispostas em ordens distintas, dependendo dos objetivos de trabalho (por autor, por título, por ano de publicação, por assunto...). De uma rica e bem pensada, identificação das fichas, dependem as possibilidades de sua utilização para objetivos distintos. Por isso, informações como nome do autor, título do texto, ano de publicação, assuntos ou palavras chave, etc. devem aparecer em destaque e seguir uma mesma ordem no cabeçalho das diversas fichas que vamos produzindo. Não esqueça das Normas da ABNT para o registro das referências. Desnecessário alertar que as fichas devem ser guardadas em pastas ou fichários devidamente identificados, sob pena de a vantagem se transformar em desvantagem. Fichas soltas pelos cantos da casa são registros irrecuperáveis. A escolha entre o caderno e a ficha, o tamanho da ficha e outros detalhes ficam por conta da preferência do intelectual. Fichas pautadas ou sem pauta? Esta dúvida não merece a energia que se consome para tentar resolvê-la. Escolha a seu gosto em função de seu estilo de trabalho. Se quiser usar o computador é ainda melhor. O importante é reter o seguinte: toda informação lida deve ser registrada. O registro em fichas ou equivalentes deve ser feito de forma a ser facilmente recuperável. Todos os materiais fichados devem ser organizados em pastas e fichários identificados e colocados em lugares de fácil acesso. Não adianta nada fichar um livro, jogar as fichas de forma aleatória em uma pasta junto às contas antigas do condomínio e guardar a pasta dentro do mesmo baú em que estão os parafusos usados e o pneu furado da sua primeira bicicleta. Lembre-se: a memória é fraca. Passados alguns meses (ou apenas alguns dias para muitos), você irá procurar aquela citação do autor que você leu para usar em um artigo, que deve estar em algum lugar da casa. Você lembra vagamente que havia deixado o material perto de algo que se parece a uma bicicleta. Você vasculha a casa inteira e vamos supor que você ache o baú. Lá, em meio a pneus e parafusos de estimação, só tem uma pasta com a etiqueta “Condomínios atrasados”. Você pensa, deve estar em outro lugar, eu não iria ser maluco de guardar o fichamento do texto numa pasta de contas de condomínio. Mais algumas semanas de desespero e você desconfia seriamente que o material está na pasta do condomínio. Você abre a pasta e vê as suas fichas soltas lá. Salvo! Vem tanto, você começa a procurar a citação nas fichas, mas como elas estão fora de ordem você tem que olhar uma por uma. Finalmente você encontra a ficha que queria. Normalmente, quando isto acontece você já perdeu o prazo para entregar o trabalho escrito. Teria sido mais eficiente ler o livro de novo!
  • 4. Organizar a sua documentação pessoal é uma forma de agilizar e tornar mais eficiente o trabalho intelectual. É muito desagradável perder tempo procurando uma coisa que poderia estar à mão e que a preguiça e a falta de cuidado empurraram para um baú perdido. Então, lembre-se: Toda ideia e toda informação lida deve ser registrada. O registro em fichas ou equivalentes deve ser feito de forma a ser facilmente recuperável. Todo material fichado deve ser organizado, identificado e colocado em lugar de fácil acesso. Uma boa forma de manter um fichário facilmente acessível e bem organizado é mantê- lo no computador. Se você ainda não dispõe de um computador fique com as pastas e fichas de papel. Se você já tem um computador, faça seus fichamentos eletronicamente, mas salve-os em disquetes de segurança e imprima-os. Não se esqueça jamais das duas leis que orientam a vida dos usuários de informática: a) “se alguma coisa pode dar errado, dará errado”; b) “quem tem dois tem um, quem tem um não tem nenhum”. TIPOS DE REGISTROS QUE DEVEM SER FEITOS NO FICHAMENTO O que deve ser registrado e como deve ser registrado? Basicamente três tipos de informações devem ser registrados no fichamento: as ideias do autor que se está lendo; comentários seus sobre o que está lendo; e outras notas de referência sobre o texto. O fichamento deve começar sempre com as notas de referência sobre o texto: nome do autor, título completo da obra, editora, local e ano de publicação. De preferência faça este registro de acordo com as normas de referência da ABNT. Fica mais fácil depois transpor para as referências completas do trabalho que você estiver realizando. Lembre- se sempre de anotar na ficha o número da página de onde foi retirada a informação registrada. REGISTRO SIMPLES DAS IDEIAS DO AUTOR O tipo mais comum de fichamento contém um registro simples das ideias principais de um autor. As ideias são registradas na mesma sequência em que aparecem no texto (sempre com a referência à página de onde foi extraída a informação). O objetivo deste tipo de fichamento é registrar dados, informações e ideias contidas no texto e não propriamente a lógica de construção do raciocínio de um autor.
  • 5. Para fazer o fichamento leia atentamente cada parágrafo. Procure retirar de cada parágrafo a ideia principal. Se as ideias estiverem sendo redundantes, agrupe-as em um único registro. Procure entender a conexão que existe entre um parágrafo e o seguinte. Não pule o texto jamais: acompanhar a sequência de argumentos do autor é a chave para compreender as suas ideias. Não se deve anotar passagens do texto de forma aleatória, só porque soou bem aos seus ouvidos. O registro deve obedecer à sequência de argumentos do autor. Este é o objetivo central deste fichamento: reproduzir de forma resumida e esquemática a sequência de argumentos do autor. HIERARQUIA DAS IDEIAS DO AUTOR Quando a intenção for reconstruir a lógica de raciocínio de um autor, a melhor forma de fichamento é o registro hierárquico das ideias contidas na obra. Neste caso o registro não aparece na ficha necessariamente na mesma ordem em que está no texto. Este tipo de fichamento separa três modalidades de informação: a premissa, os argumentos que sustentam a premissa e as conclusões do autor. O objetivo é identificar que argumentos conduzem a que conclusões, partindo-se de quais premissas. A premissa é a ideia inicial. É desta ideia que o autor parte para fazer a sua análise. Frequentemente a premissa parte de uma dúvida, uma interrogação que o autor se propõe responder através do texto. A resposta que o autor propõe para o problema é a explicação, a ideia principal que ele vai defender (sustentar) ao longo do texto. Os argumentos são as afirmações que sustentam determinadas premissas. Estas afirmações podem estar fundamentadas em dados, testemunhos, exemplos, ilustrações ou em explicações teóricas (outras premissas), que por sua vez assentam-se em outros argumentos e assim por diante. No caso de dúvidas propostas, os argumentos constituem as evidências, as pistas ou mesmo as provas em base das quais o autor sustenta suas conclusões, ou seja, as respostas dadas à interrogação. A conclusão é o resultado final a que chega o autor a partir da exposição dos argumentos. Normalmente a conclusão é uma explicação que reforça a premissa, e que se pretende válida porque está ancorada nos argumentos enumerados anteriormente. A ideia proposta pelo autor (reposta) é afirmada com base nos argumentos que visam atestar a sua veracidade e convencer o leitor acerca disso. Tanto num caso como em outro deve-se levar em conta mais duas pequenas regras:
  • 6. a) No caso de transcrição literal de passagens do texto (“.....”) isto é, quando você tiver a intenção de registrar uma passagem do livro tal como ela está, o que é importante para uma futura citação, lembre-se de usar aspas (“...”). Isto é importante para que fique bem distinto o que é uma transcrição literal do livro e o que é uma interpretação do leitor. b) No caso de querer fazer o registro de comentários do leitor sobre o texto [“....”] isto é, quando você for fazer um comentário ou uma crítica sobre o livro ou um registro de ideias que lhe ocorreram a partir da leitura de determinada parte do texto, escreva as suas ideias entre colchetes [“....”], ou use qualquer outro código para diferenciá-la das ideias do autor. É fundamental não haver confusão entre o que é a interpretação do leitor sobre o texto, o que é transcrição literal e o que são comentários do leitor sobre o texto. COMO TESTAR A CONSCIÊNCIA DOS REGISTROS FEITOS Para verificar se entendemos as ideias de um autor e se as registramos adequadamente, devemos nos perguntar se a partir do fichamento podemos ter certeza sobre: qual é a questão principal tratada no texto? E as secundárias? Qual é a ideia defendida pelo autor acerca da questão tratada? Quais são os argumentos utilizados para defender estar ideia? Estes argumentos são de que tipo (dados numéricos, depoimentos de entrevistas;; ideias de outros autores, valores; informações históricas; questões éticas e morais...)? Afinal, qual é a conclusão do autor sobre a questão tratada? O autor considera a conclusão válida universalmente ou considera a sua validade apenas para certos casos e em certas condições limitadas? Para avaliar os comentários a serem registrados sobre o texto, também devemos nos interrogar: a) Sobre a questão tratada pelo autor no texto: a questão tratada está adequadamente formulada e justificada? Ou será que a pergunta principal poderia ser colocada de outra forma? O autor lhe convenceu que esta é uma questão importante e que merece ser tratada? Por que? Ou trata-se de uma falsa questão, apenas aparentemente importante? b) Sobre a ideia principal defendida pelo autor: a posição do autor sobre a questão tratada está clara? A ideia principal do autor responde ao problema proposto? Ou é um comentário ou desvio da questão? Você concorda com a explicação que o autor propõe para a questão tratada? Quais seriam outras respostas possíveis para a mesma questão? c) Sobre os argumentos utilizados no texto: o número de argumentos é suficiente para sustentar as ideias do autor? Os argumentos são diversificados ou repetem-se
  • 7. ao longo do texto? As fontes dos argumentos resultaram de pesquisa? As fontes dos dados apresentados são confiáveis? Existem argumentos “ideológicos”? O autor utiliza valores para defender suas ideias? Quais as relações que existem entre os argumentos? Os argumentos reforçam-se uns aos outros? Existem argumentos, dados ou informações importantes que são omitidos pelo autor? Quais são os limites e as qualidades principais dos argumentos utilizados? d) Sobre as conclusões do autor no texto: as conclusões apresentadas são coerentes com os argumentos? Ou seja, os argumentos apresentados são suficientes para sustentar esta conclusão? Esta conclusão seria válida também para outras situações? Ou os argumentos apresentados também permitiram chegar a outras conclusões? O autor lhe convenceu da conclusão apresentada? Qual seria a sua conclusão, a partir dos argumentos apresentados? O que tudo isso lhe sugere em termos de novos estudos e pesquisas? OBS.: Os comentários a serem registrados nas fichas dependem de opção pessoal As sugestões apresentadas pretendem apenas alertar ao leitor sobre questões úteis para a orientação de suas reflexões. Concluindo: pode-se dizer que o fichamento faz parte da organização pessoal do pesquisador. Não existe um modelo único que seja válido. Portanto, a forma como será feito efetivamente o fichamento dependerá muito do jeito de cada um. O importante é lembrar que: toda ideia e toda leitura devem ser registradas. Certifique-se ainda de não exagerar no fichamento. O fichamento deve ser menor do que o livro! Contudo, também não seja muito econômico na anotação de suas ideias. E sobretudo, não ponha palavras “na boca” do autor que está sendo fichado. Mesmo que você o deteste, tente ser fiel ao pensamento dele. Somente assim se poderá construir uma compreensão adequada das ideias apresentadas no texto. Tenha sempre em mente que para criticar algo com maturidade é necessário antes entender do que se trata.