SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  31
CÂNON BÍBLICO - FTBB - Prof. Marcos Alexandre - 1º Sem/2003
AULA 1 - Capítulos 1, 2 e 5.
"Bibliologia" = "a doutrina das Escrituras" - Teologia Sistemática
- A Doutrina das Escrituras é a base e a fonte de todas as demais doutrinas. (SOLA
SCRIPTURA)
1. DEFINIÇÃO
BÍBLIA – BIBLOS (Βιβλοs) = livro, rolo - Ex. Mt 1.1
Biblia plural de Biblos = "bíblia" = "livro", diminutivo = Biblion = "livrinho".
Biblos = cidade fenícia, importante produtora de papiro e papel antigo.
Originariamente era o nome que se dava à casca de um papiro do século XI
a.C.
A designação formal de Bíblia é tão velha quanto a própria Escritura (2 Tm
4.13):
"Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo,
e os livros( ta. bibli,a) , principalmente os pergaminhos", refletindo a
grande importância que lhe era atribuída.
 Séc. II DC - os cristãos gregos já referiam às escrituras sagradas como
Ta Bíblia = "os livros".
 Na versão Latina, este título lhe foi transferido no singular: Biblos = "o
livro", se referindo à Bíblia.
 Na LXX, é usado Biblioi = "livros"
• 1 Mc 1.57 = "um livro da aliança" (bibli¿on diaqh/khj)
• 1 Mc 12.9 = "os livros santos" (ta bibli¿a ta aÀgia)
2. ANTIGO TESTAMENTO E NOVO TESTAMENTO
Depois, e só depois de profundas reflexões de ordem teológica é que lhe foi dado o
nome de
2.1. Antigo Testamento (palaia/j diaqh,khj), com base em Paulo - 2 Co 3.14
"Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando
fazem a leitura da antiga aliança (palaia/j diaqh,khj ), o mesmo véu
permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido" e em
Jr 31.31-34 "31 Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei um
concerto (Beriyth) novo (chadash) com a casa de
Israel e com a casa de Judá. 32 Não conforme o
concerto(Beriyth) que fiz com seus pais, no dia em que os
tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles
invalidaram o meu concerto (Beriyth), apesar de eu os haver
desposado, diz o SENHOR. 33 Mas este é o concerto
(Beriyth) que farei com a casa de Israel depois daqueles dias,
diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu
coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.34 E não
ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão,
dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o
menor deles até ao maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a sua
maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados".
Isto aconteceu, porém, muito mais tarde, quando o Novo Testamento já estava
completo. As antigas promessas de Deus deviam ser distintas das novas, mas
não separadas delas.
2.2.Novo Testamento - 1 Co 11.25 "Semelhantemente também, depois de cear, tomou o
cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue (h` kainh. diaqh,kh
evsti.n evn tw/| evmw/| ai[mati); fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de
mim." Ver paralelo: Lc 22.20.
3. UMA OU DUAS ALIANÇAS? 02 TESTAMENTOS, OU UM SÓ?
UNIDADE OU DIVERSIDADE?
• Gn 15.12-21; 17.7
Testamento = "aliança" = pacto acordo (∆ιαθηκη)
Aliança = "Um vínculo ou elo de amor (estabelecido a partir de um pacto de
sangue), iniciado e administrado soberanamente pelo Deus triúno com a sua
criação" (PALMER, O. Robertson. Cristo dos Pactos).
o 66 livros ou capítulos?
66 livros escritos ao longo de 1500 anos. 40 autores, diversas línguas,
centenas de tópicos com uma unidade temática espantosa: Jesus Cristo.
4. AS DIVISÕES DA BÍBLIA
• Nossas versões seguem a LXX - ordem temática
4.1. A Bíblia Judaica:
Torá - lei - A Base
Nebiin - profetas e históricos (exposição objetiva da torá)
Ketubin - escrituras (resposta subjetiva à mensagem da torá)
TA - Torá
NA - Nebiim
K - Ketubiim
4.2. As Divisões baseadas na LXX:
Nossa Bíblia não foi, inicialmente, escrita dividida em capítulos e versículos, muitos livros
não tinham títulos e muitos menos divisões por temas.
A Bíblia como a temos hoje, cada livro com seu título, dividida em capítulos e versículos e
com seus respectivos temas e sub-temas, é algo recente que foi feito a fim de facilitar a leitura
e o endereçamento de cada passagem.
a. Em capítulos: Haviam divisões da Bíblia que estiveram em uso até o séc. XII. Mas a partir
do Séc. XIII, com Estevão Langton - a partir da publicação da Vulgata Latina - ele propôs
uma nova divisão para a Bíblia que veio a ser universal, e são mínimas as diferenças que
existem entre as divisões atuais e as propostas por Langton.
b. Em versículos: Em seguida tivemos a compilação do NT grego em 1551 feita por Roberto
Etienne (Stephanus) dividida em versículos e o AT e NT também editado com as divisões em
capítulos e versículos na Bíblia de Genebra em 1551.
5. A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO
o Inspiração - Toda a doutrina depende da doutrina da inspiração.
o AS TRÊS DOUTRINAS BÁSICAS
I. Inspiração - O MEIO: O registro e a comunicação da verdade - (2
Tm 3.16) - (Jó 32.8) // 2 Pe 1.21. Recepção e registro das verdades
reveladas por Deus. Meio que Deus usou para o seu registro.
Deus é o causador, o homem é o agente.
A palavra se aplica aos escritos e não aos escritores (recepção
e registro da verdade).
É o meio. Inspirados só os autógrafos ("A Bíblia nas línguas de
nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra
de Deus inspirada.").
o 3 elementos da inspiração:
a. Causa: Deus- Nenhuma palavra veio aos escritores da
Bíblia, sem que tenha vindo de Deus - 2 Pe 1.21.
b. Meio: Mediação humana - O homem é o recipiente e
instrumento da inspiração.
c. Autoridade: Divina
II. Revelação: O FATO: A descoberta da verdade. A exposição da
verdade. É uma abertura objetiva da verdade.
Ato exclusivo de Deus.
o Natural - Geral - Sl 19.1-4; Rm 1.19-20; 2.14-
15 - cfr. 1 Co 2.14
o Especial - Hb 1.1-2 (Cristo como revelação
final) - Gl 1.11-12
III. Iluminação: O DOM: O entendimento e interpretação da verdade
revelada que foi registrada. Compreensão desta verdade descoberta
(o dom da compreensão).
Ato exclusivo de Deus.
Diferenças:
o O propósito da revelação é a comunicação de verdades que
aprouve a Deus transmitir;
o O propósito da inspiração é assegurar a infalibilidade do
registro daquilo que foi revelado.
o O propósito da iluminação é fazer com que entendamos a
verdade revelada e registrada.
6. Evidências da inspiração:
1. Sua unidade. Período de 1500 anos; mais de 40 autores!
2. Sua mensagem.
3. Seu poder. Rm 1.16. - Capaz de transformar vidas e situações
7. Natureza da inspiração:
1. Inspiração mecânica. A superintendência do Espírito não anulou as
características individuais dos autores bíblicos.
2. Inspiração dinâmica. O oposto da "dinâmica". Influência liberal do
MHC (Método Histórico-Crítico). Reduz-se a "inspiração" a
"iluminação". Não há um caráter sobrenatural nos escritos, e sim a pena
de homens iluminados. Portanto, a Bíblia é passível de erros.
3. Inspiração orgânica. É a concepção bíblica. "O Espírito Santo, o autor
primário das Escrituras, dirigiu, guiou e supervisionou os autores
secundários, a fim de garantir que tudo quanto escrevessem como
canônico fosse isento de erro e correspondesse perfeitamente à
revelação de Deus." Leva-se em consideração as particularidades do
autor, contexto, etc..
8. A Extensão da inspiração
• A questão principal aqui é: "A Bíblia contém ou é a palavra de Deus?"
I. A posição liberal: "inspiração parcial"
(A última palavra é do homem (juiz) que define o cânon)
3 Escolas:
a. ortodoxa: A Bíblia é a Palavra de Deus
b. modernista: A Bíblia contém a Palavra de Deus
c. neo-ortodoxa: A Bíblia se torna a Palavra de Deus
II. A posição ortodoxa: "inspiração total"
4 Formas:
1. É verbal ( ou plenária). Provenientes de Deus
O Testemunho de Jesus: Mt 5.17-18; Jo 10.34-35;
Mt 22.43-45. Os textos são inspirados: 2 Tm
3.16, Ex 24.4, Is 30.8, 2; Sm 23.2, Mt 4.4,7; Lc 24.27,44; I Co 2.13;
Ap 22.19. A Bíblia diz que suas palavras vieram da parte de Deus.
2. É plena. Todas suas partes são inspiradas. 2 Tm 3.16; Rm 15.4.
3. É autoritativa. Sua inspiração lhe concede autoridade. Jo 10.35; Mt
4,7,10-15.3,4-22.29; Lc 16.17. Sua autoridade é divina.
4. É inerrante. Não contém erros. Hb 6.18; Jo 17.17. A Bíblia não
reclama para si ser um livro científico, mas, quando trata de assuntos
científicos ou históricos, o faz sem cometer erros.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura: a doutrina reformada das Escrituras. São Paulo:
Editora Os Puritanos, 1998.
BOICE, James Montgomery (Ed.). O alicerce da autoridade bíblica. São Paulo: Vida Nova,
1989.
GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica: como a bíblia chegou até nós. São
Paulo: Editora Vida, 1997.
1. INTRODUÇÃO – REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO
Por Marcos Alexandre e João Alves
1.1. INTRODUÇÃO BÍBLICA - Autoridade do AT/ Revelação e Inspiração
Bíblia – Caracterização
BÍBLIA – BIBLOS (Βιβλοs) = livro, rolo - Ex. Mt 1.1
Originariamente era o nome que se dava à casca de um papiro do século XI a.C.
A designação formal de Bíblia é tão velha quanto a própria Escritura (2 Tm 4.13): "Quando
vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros( ta. bibli,a) ,
principalmente os pergaminhos", refletindo a grande importância que lhe era atribuída.
Depois, e só depois de profundas reflexões de ordem teológica é que lhe foi dado o nome de
Antigo Testamento (palaia/j diaqh,khj), com base em Paulo - 2 Co 3.14 "Mas os sentidos
deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança
(palaia/j diaqh,khj ), o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é
removido" e em Jr 31.31-34 "31 Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei um concerto
(Beriyth) novo (chadash) com a casa de Israel e com a casa de Judá. 32
Não conforme o concerto(Beriyth) que fiz com seus pais, no dia em que os tomei
pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles invalidaram o meu concerto
(Beriyth), apesar de eu os haver desposado, diz o SENHOR. 33 Mas este é o
concerto (Beriyth) que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o
SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo.34 E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a
seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor
deles até ao maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me
lembrarei dos seus pecados". Isto aconteceu, porém, muito mais tarde, quando o Novo
Testamento já estava completo. As antigas promessas de Deus deviam ser distintas das novas,
mas não separadas delas.
02 TESTAMENTOS, ou um só?
Testamento = "aliança" = pacto acordo (∆ιαθηκη)
Aliança = "Um vínculo ou elo de amor (estabelecido a partir de um pacto de sangue), iniciado
e administrado soberanamente pelo Deus triúno com a sua criação" (PALMER, O. Robertson.
Cristo dos Pactos).
66 livros escritos ao longo de 1500 anos. 40 autores, diversas línguas, centenas de tópicos
com uma unidade temática espantosa: Jesus Cristo.
Divisões do AT e NT
LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO
A Lei (Pentatêuco) - 5 Livros Poesia - 5 Livros
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Jó
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
O Cântico dos Cânticos
História - 12 Livros Profetas (Posteriores) - 17 Livros
Josué
Juízes
Rute
1 Samuel
2 Samuel
1 Reis
2 Reis
1Crônicas
2 Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
A. Maiores B. Menores
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Oséias
Joel
Amós
Obadias
Jonas
Miquéias
Naum
Habacuque
Sofonias
Ageu
Zacarias
Malaquias
LIVROS DO NOVO TESTAMENTO
Evangelhos "História"
Mateus
Marcos
Lucas
João
Atos dos Apóstolos
EPÍSTOLAS
Romanos
1 Coríntios
2 Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1 Tessalonicenses
2 Tessalonicenses
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Filemon
Hebreus
Tiago
1 Pedro
2 Pedro
1 João
2 João
3 João
Judas
PROFECIA
Apocalipse
Divisões da Bíblia Hebraica
TANAK
TA - Torah - A Lei
NA - Nebhim - Os Profetas
K - Kethubhim - Os Escritos
DISPOSIÇÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO HEBRAICO
A LEI ( TORÁ) OS PROFETAS (NEBHIIM) OS ESCRITOS
(KETHUBHIM)
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Profetas Anteriores
Josué
Juízes
Samuel
Reis
Profetas Posteriores
Isaías
Jeremias
Ezequiel
Os Doze
Livros Poéticos
Salmos
Provérbios
Jó
Cinco Rolos (Megiloth)
O Cântico dos Cânticos
Rute
Lamentações
Ester
Eclesiastes
Livros Históricos
Daniel
Esdras - Neemias
Crônicas
Esta é a disposição encontrada nas edições judaicas modernas do Antigo Testamento. Cf. The Holy
Scriptures, according to the Masoretic Text e Bíblia Hebraica, organizada por Rudolph Kittel e
Paul E. Kahle.
Em nossas Bíblias os livros do AT estão classificados segundo seus gêneros literários
A ESTRUTURA DO CÂNON JUDAICO DO AT
Torá - lei - A Base
Nebiin – profetas e históricos (exposição objetiva da torá)
Ketubin – escrituras (resposta subjetiva à mensagem da torá)
Embora a estrutura do cânon não seja inspirado, mas nos ensina como os hebreus entendiam a
relação das várias partes do AT.
E não somente o VT, mas toda a Bíblia pode ilustrar em forma de uma pirâmide.
NT (culminação da revelação de Deus; precisa repousar sobre uma base)
AT (a base é o AT)
Os profetas (Nebiin) - Objetiva
Os profetas avaliam a conduta do povo de Israel à base da lei. Por exemplo: quando lemos
Samuel, não temos uma descrição histórica do que estava passando nos tempos de Samuel e
Saul, não é uma narração histórica, mas é como uma mensagem ao povo, chamando a atenção
à conduta errônea do povo e chamando-os a uma conduta correta e conforme à lei de Deus, ao
pacto de Deus com seu povo. Por isso é objetiva – até que ponto segue e desobedece a
vontade de Deus.
Os escritos (Ketubin) - Subjetiva
Nos livros de Salmos e Eclesiastes, vê-se a resposta ou reação do indivíduo (reação subjetiva),
que questiona algumas coisas: exemplo: prosperidade dos ímpios – é reflexão, reação,
confusão por algum tempo.
Mas ainda há certas dificuldades para algumas explicações.
Em nossas Bíblias temos uma divisão em gênero literário.
Mas a Torá é a base, o fundamento, sem a qual o resto da revelação não se pode entender.
Sem o Pentatêuco não se pode entender os profetas, e nem o NT.
Mas sem Gênesis, não se pode entender o Pentatêuco, muito menos toda a Escritura.
Mas ainda, sem os capítulos de Gn. 1-11, que são fundamentais, pois estabelecem os
conceitos mais basais e profundos sem os quais não se poderia entender o resto da Bíblia.
Nestes primeiros 11 capítulos, embora com muitas controvérsias, é necessário compreender as
bases teológicas da revelação de Deus.
A mensagem principal dos 11 primeiros capítulos de Gn. são a mensagem de Deus e seu
relacionamento com o homem, mas estas mensagens estão relacionadas com os eventos
históricos nos 11 primeiros capítulos.
(Este assunto será desenvolvido mais adiante durante nosso curso)
A INSPIRAÇÃO DO AT
O Testemunho de Jesus da Bíblia Hebraica: Lc. 11.51, 16.16, 24.44 e Mt 5.18
O testemunho do NT sobre o VT:
Escritura (grafh): 2Tm 3.16; Jo 10.35; Mt 21.42, 22.29; At 17.2,11.
Palavra de Deus (logon tou Deou): Mc 7.13; Rm 9.6; 2 Co 4.2; Hb 4.12; At 10.43; Lc
24.27,44.
Lei (nomon ): Jo 10.34, 12.34; At 25.8; I Co 14.21; Mt 5.18.
A Lei e os Profetas (o nomon kai oi profhtai): Mt 5.17, 7.12; Lc 16.16, At 13.15, 24.14
Os Profetas (oi profhtai) : Mt 26.56; Lc 24.25,27.
Oráculos de Deus: (twn logiwn tou Deou) Hb 5.12
Está Escrito (gegraptai): + 90x no NT. Mc 9.12, 14.21; Lc 18.31, 21.22)
Para que se cumprissem as Escrituras (oti dei plhrwyhnai panta ta gegrammena) Lc
24.44; Mt 5.17.
- A INSPIRAÇÃO DO NT
A comissão dos doze. Mt 10.7,19,20
O envio dos setenta. Lc 10.9,16,17-19
O Sermão do Monte. Mc 13.11
Os ensinos durante a última ceia. Jo 14.26, 16.13
A grande comissão. Mt 28.19,20
Os apóstolos dão prosseguimento ao ensino de Cristo. At 1.1; Lc 1.3,4; Hb 2.3
O testemunho de Pedro sobre Paulo: 2 Pe 3.16
O testemunho de Paulo sobre Lucas: 1 Tm 5.18 // Lc 10.7
O reconhecimento da Igreja Primitiva e a circulação dos livros: Cl 4.16; 2 Pe 3.15.16
Judas(18) cita 2 Pe 3.2,3
João faz alusão ao seu próprio evangelho I Jo 1.1
O testemunho dos 1os
Pais da Igreja:
Epístola de Barnabé (70-130): Cita Mateus
Clemente de Roma (95-97): Chama os Sinóticos de "Escrituras".
Inácio de Antioquia (110): Faz numerosas citações do NT em seus escritos.
O Didaquê (100-120): Citações livres do NT.
Papias (130-140): Citações do NT.
Justino Mártir (165): Evangelhos: "A voz de Deus".
Hipólito (170-236):
"Esses homens abençoados [...] tendo sido aperfeiçoados pelo Espírito da profecia, são
dignamente honrados pela própria Palavra, foram trazidos a uma harmonia íntima [...] como
instrumentos, e, tendo a Palavra dentro deles, por assim dizer, a fim de fazer ressoar as notas
[...] pelo Senhor foram movidos, e anunciavam o que Deus queria que anunciassem. É que
eles não falavam de sua própria capaciadade [...] falavam daquilo que lhes era [revelado]
unicamente por Deus."
Capítulos e Versículos da Bíblia
Nossa Bíblia não foi, inicialmente, escrita dividida em capítulos e versículos, muitos livros
não tinham títulos e muitos menos divisões por temas.
A Bíblia como a temos hoje, cada livro com seu título, dividida em capítulos e versículos e
com seus respectivos temas e sub-temas, é algo recente que foi feito afim de facilitar a leitura
e o endereçamento de cada passagem.
Haviam divisões da Bíblia que estiveram em uso até o séc. XII. Mas a partir do Séc. XIII,
com Estevão Langton - a partir da publicação da Vulgata Latina - ele propôs uma nova
divisão para a Bíblia que veio a ser universal, e são mínimas as diferenças que existem entre
as divisões atuais e as propostas por Langton.
Em seguida tivemos a compilação do NT grego em 1551 feita por Roberto Etienne
(Stephanus) dividida em versículos e o AT e NT também editado com as divisões em
capítulos e versículos na Bíblia de Genebra em 1551.
Inspiração (2 Tm 3.16) – (Jó 32.8) – // 2 Pe 1.21. A palavra se aplica aos escritos e não aos
escritores (recepção e registro da verdade). É o meio. Inspirados só os autógrafos ("A Bíblia
nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus
inspirada.").
3 Escolas: a. ortodoxa: A Bíblia é a Palavra de Deus
b. modernista: A Bíblia contém a Palavra de Deus
c. neo-ortodoxa: A Bíblia se torna a Palavra de Deus
4 Formas:
a. É verbal. Os textos são inspirados: 2 Tm 3.16, Ex 24.4, Is 30.8, 2; Sm 23.2, Mt 4.4,7;
Lc 24.27,44; I Co 2.13; Ap 22.19. A Bíblia diz que suas palavras vieram da parte de
Deus.
b. É plena. Todas suas partes são inspiradas. 2 Tm 3.16; Rm 15.4
c. É autoritativa. Sua inspiração lhe concede autoridade. Jo 10.35; Mt 4.4,7,10-15.3,4
-22.29; Lc 16.17. Sua autoridade é divina.
d. É inerrante. Hb 6.18; Jo 17.17. A Bíblia não reclama para si ser um livro científico,
mas, quando trata de assuntos científicos ou históricos, o faz sem cometer erros.
Revelação: a exposição da verdade. É uma abertura objetiva da verdade.
Iluminação: compreensão desta verdade descoberta (o dom da compreensão)
(Sobre inspiração e Revelação veja em detalhes o item 1.2)
Os Livros que Compõem o Cânon Sagrado (Datas)
ANTIGO TESTAMENTO
Nome do Livro Quando Foi Escrito Quem Escreveu
Gênesis 1.450 - 1.410 a.C Moisés
Êxodo 1.450 - 1.410 a.C Moisés
Levítico 1.450 - 1.410 a.C Moisés
Números 1.450 - 1.410 a.C Moisés
Deuteronômio 1.410 a.C Moisés
Josué 1.400 - 1.370 a.C Josué
Juízes 1.050 - 1.000 a.C Anônimo
Rute 1.000 a.C Desconhecido
I Samuel 930 a.C Samuel e outros
II Samuel 930 a.C Samuel e outros
I Reis 550 a.C Jeremias
II Reis 550 a.C Jeremias
I Crônicas 450 - 425 a.C Esdras
II Crônicas 450 - 425 a.C Esdras
Esdras 456 - 444 a.C Esdras
Neemias 445 - 425 a.C Neemias
Ester 465 a.C Incerto
Jó Data incerta Incerto. Talvez Moisés
Salmos Data incerta Daví e outros
Provérbios 950 - 700 a.C Salomão e outros
Eclesiastes 935 a.C Salomão
Cantares 965 a.C Salomão
Isaías 740 - 680 a.C Isaías
Jeremias 627 - 585 a.C Jeremias
Lamentações 586/5 a.C Jeremias
Ezequiel 592 - 570 a.C Ezequiel
Daniel 537 a.C Daniel
Oséias 710 a.C Oséias
Joel 835 a.C Joel
Amós 755 a.C Amós
Obadias 586 a.C Obadias
Jonas 760 a.C Jonas
Miquéias 700 a.C Miquéias
Naum 663 - 612 a.C Naum
Habacuque 607 a.C Habacuque
Sofonias 625 a.C Sofonias
Ageu 520 a.C Ageu
Zacarias 520 - 518 a.C Zacarias
Malaquias 450 - 400 a.C Malaquias
NOVO TESTAMENTO
Nome do Livro Quando Foi Escrito Quem Escreveu
Mateus 60 - 70 A.D. Mateus
Marcos 50 - 60 A.D. Marcos
Lucas 60 A.D. Lucas
João 85 - 90 A.D. João
Atos 61 A.D. Lucas
Romanos 58 A.D. Paulo
I Coríntios 56 A.D. Paulo
II Coríntios 57 A.D. Paulo
Gálatas 49 ou 55 A.D. Paulo
Efésios 61 A.D. Paulo
Filipenses 61 A.D. Paulo
Colossenses 61 A.D. Paulo
I Tessalonicenses 51 A.D. Paulo
II Tessalonicenses 51 A.D. Paulo
I Timóteo 63 A.D. Paulo
II Timóteo 66 A.D. Paulo
Tito 65 A.D. Paulo
Filemon 61 A.D. Paulo
Hebreus 64 - 68 A.D. Incerto. Talvez Paulo
Tiago 45 - 50 A.D. Tiago
I Pedro 63 A.D. Pedro
II Pedro 66 A.D. Pedro
I João 90 A.D. João
II João 90 A.D. João
III João 90 A.D. João
Judas 70 - 80 A.D. Judas
Apocalipse 90 A.D. João
BIBLIOGRAFIA
GEISLER, Norman L & NIX, William E. (1997). Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós. São Paulo:
VIDA.
ROBERTSON, O. Palmer (1997). Cristo dos Pactos. Campinas-SP: Luz Para o Caminho.
WOLFF, H. W. (1978). Bíblia, Antigo Testamento: introdução aos escritos e aos métodos de estudo. São Paulo:
Edições
Paulinas.
1.2. REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO
João Alves dos Santos
Abraão é uma lenda, a legislação mosaica foi formulada séculos depois da existência de
Moisés, os hititas nunca existiram, o livro de juízes são apenas historietas interessantes e não
fatos, e Sargão e Sambalate nunca existiram!
Deus tão profundamente interessou-se em revelar a si mesmo que deixou registro histórico.
Creio, particularmente, que a importância do registro histórico é em virtude dele saber que
somos, por causa de pecado, ruins de interação. Como vocês já devem saber, isso começou
desde que nossos primeiros pais romperam com a interação comum que havia entre Deus e
eles. Aqueles que fizeram as afirmações acima não aceitavam a precisão histórica da Bíblia, e,
consequentemente, lançaram fora também todo o clamor teológico associado à história.
Diversos críticos têm procurado negar a historicidade das Escrituras como as reais e
fidedignas palavras de Deus, como revelação ímpar, em função de uma ausência temporária
de evidência externa. Entretanto, descobertas arqueológicas têm demonstrado que as críticas
(acima) e diversas outras estão equivocadas e que a Escritura é digna de confiança em tudo o
que afirma.
A Bíblia é um livro histórico e as verdades do cristianismo estão baseadas nos fatos históricos
revelados. Se o fato de Moisés separar as águas do mar Vermelho, o fato do nascimento
virginal de Cristo, o fato da crucificação e o fato da ressurreição forem deixados de lado, a fé
cristã é completamente sem fundamento e sem sentido. E a essa altura dos acontecimentos
ninguém poderia sequer reclamar como fonte de autoridade apenas o Novo Testamento, pois
ele está totalmente alicerçado na Escritura mais antiga, o Antigo Testamento.
É verdade que a verdade histórica (a existência de alguém chamado Jesus, por exemplo) não
demonstra a validade da verdade teológica (de que ele era Deus, por exemplo). Mas deve-se
levar em conta, pelo menos, que a veracidade histórica da Escritura credencia a mensagem
teológica.
REVELAÇÃO
Basicamente o fundamento de toda religião está em uma revelação. E quanto a isso, ao
menos, há um certo consenso entre as religiões. Quanto ao nosso assunto, a Bíblia, nada
poderia ser dito de mais correto! Se Deus não tivesse se revelado nenhum ser humano seria
capaz de conhecê-lo.
De acordo com o testemunho interno da Escritura esse ponto de vista — da
incompreensibilidade de Deus — é explícito. Vejam as passagens de Jó 11.7; Isaías 40.12-14;
Romanos 11.33-36 e 1 Coríntios 2.10,11.
Ao mesmo tempo Deus é incognoscível, pois só ele pode esquadrinhar as coisas como elas
são; e cognoscível na medida da necessidade que o ser humano tem. E mesmo o
conhecimento que o ser humano possa vir a ter de Deus é porque aprouve ao próprio Deus
revelar-se.
Deus criou o ser humano para ter interação com ele. Mas depois do ocorrido no jardim do
Éden (Gênesis 3) essa interação passou a ser possível somente porque haveria a "semente da
mulher", vitoriosa, que restauraria a interação perdida. Essa semente, através dos
descendentes, foi tipologicamente se apresentando como diversos personagens da Escritura
mais antiga, o Antigo Testamento, até que viesse o descendente, Jesus Cristo. E nesse período
Deus continuou a revelar-se. Sua revelação, depois do evento da desobediência da mulher e
do homem, não seria mais apenas verbalizada como a que certamente havia antes da Queda;
sua revelação seria registrada. E observe-se que, diferente de qualquer outro povo antigo, sua
revelação foi tão estrondosa que nunca houve dúvidas de que ele não tivesse falado
objetivamente, e de que era ele mesmo a falar.
A palavra revelação significa colocar a descoberto o que era anteriormente desconhecido. Na
teologia judaico-cristã o termo refere-se à comunicação divina, de Deus ao ser humano. Deus
se revela. Ele se dá a conhecer e à sua vontade. Essa revelação ocorre de várias maneiras: oral
(Gn 3.14-17; 6.13; 9.1, 17; 12.1), através de epifanias (Gn 16.7-14; Ex 3.2; Jz 2.1), por escrito
(Ex 17.14; 34.27; Sl 119.130; Is 30.8; Jr 30.2; Ap 1.11) e a mais perfeita revelação - Jesus
Cristo (Gn 3.15; Ef 1.15-23; Cl 2.13-15; Hb 1).
Costuma-se fazer distinção entre revelação natural e sobrenatural e entre revelação geral e
especial. A distinção entre revelação natural e sobrenatural (apesar de ambas serem de fato
sobrenaturais) está no modo, na maneira como a revelação se dá. Os fenômenos naturais, sem
palavras, são essa revelação natural — no micro e macro mundo. A revelação sobrenatural é
quando se vê Deus intervindo no curso natural das coisas, podendo utilizar palavras nessa
etapa. Nessa revelação sobrenatural os fatos explicam as palavras e vice-versa. A distinção
entre geral e especial não está na maneira da revelação ocorrer, mas em saber quem é o objeto
da revelação de Deus. A revelação geral de Deus baseia-se na criação do mundo e do ser
humano. Envolve em seu escopo as relações entre Deus e o mundo e entre Deus e os seres
humanos. Nesse sentido, a revelação geral tem por objetivo sinalizar ao ser humano o que ele
deveria ser como imagem de seu Criador. A revelação especial de Deus é o descortinar da
redenção ao ser humano pecador: o motivo, o processo, as palavras e os atos maravilhosos
envolvidos — culminando no Deus encarnado, Jesus Cristo. Nesse sentido, a revelação
especial tem por objetivo levar eficazmente o pecador de volta a Deus.
Algumas correntes negam um lado ou outro da revelação:
Panteísmo
Revelação é uma palavra que não se encaixa no sistema panteísta. A revelação, no
panteísmo, é algo desnecessário uma vez que tudo revela um ser maior. Além disso,
a idéia atrelada ao termo cristão "revelação", traz a idéia de um Deus pessoal, mas
fora do ser humano.
Ateísmo
Uma vez negada a existência de Deus ou, como preferem alguns existencialistas,
ignorando essa questão, certamente o termo revelação não fará o menor sentido.
Deísmo
O deísmo reconhecia a revelação geral de Deus. Entretanto, negavam a necessidade,
a possibilidade e a realidade de uma revelação especial. Segundo esse pensamento a
revelação geral seria suficiente até mesmo para salvar alguém do pecado.
Liberalismo
Muitos movimentos liberais, neo isso e neo aquilo, têm trabalhado basicamente com
uma parte da revelação geral. Verbalizam nos discursos, mas negam na prática a
necessidade da revelação especial. Em geral desprezam ou negam a revelação
sobrenatural afinal, quem ainda acredita em milagres!?!?!
Teologia Negra
A teologia da minoria (já acho que não são minoria...mas...) negra entende
revelação de uma forma mais pragmática. Sua experiência de opressão é o padrão
autoritativo.
Teologia Neo-ortodoxa
Para estes a Bíblia contém a Palavra de Deus. Apesar da Palavra ser revelada
através da pregação da Bíblia e de Cristo, por causa da falibilidade da Bíblia, Deus
revela-se somente quando há um encontro místico na Escritura.
Teologia da Libertação
Para essa corrente a Bíblia não é um livro de verdades e regras eternas, mas um
livro de história que auxilia a vivenciar movimentos de libertação. A revelação que
importa aqui é a obtida através da "Nova hermenêutica", ou seja, o que vale é a
interação direta e imediata do leitor com o texto.
Teologia Existencial
Para estes a revelação se esconde atrás dos mitos criados pelos autores do primeiro
século acerca de Jesus, dos milagres e até mesmo da ressurreição. Dessa forma,
rejeitando a revelação objetiva é que a pessoa vai encontrar direção para a sua vida.
A Bíblia é apenas um pretexto para um "encontro existencial". Bem poderia ser num
romance qualquer.
Apesar da distinção entre revelação geral e especial, sua revelação é de fato uma unidade. A
divisão é mais para nosso proveito didático. O primeiro casal, antes de desobedecer, recebeu
instruções por meio de revelação: para ser fecundo, para se multiplicarem, para encherem a
terra e a sujeitarem; para dominarem sobre os animais e para se alimentarem de todas as
árvores em que há fruto que dê semente. Apenas não deveriam tomar do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal.
O resultado já é conhecido. Pois assim, devido à corrupção do ser humano este não pode mais
se apoiar em quaisquer conclusões baseadas na criação: animais, astros, ou até mesmo
exclusivamente em sua razão, seu raciocínio. É por isso que se afirma que é uma
arbitrariedade basear-se na revelação geral para conhecer a Deus. A criação e o próprio ser
humano permanecem, sim, como um testemunho à verdade de Deus. A Bíblia afirma a
revelação geral (Sl 19.1-6; 50.1-6; Rm 1.16-23), mas a relaciona com a revelação especial
redentora. A Escritura declara em um mesmo lugar que o Verbo é criador e redentor (Jo 1.1-
18). Em passagens como esta em João, a Escritura apresenta a revelação geral junto com a
especial, a fim de que todos percebam que são indesculpáveis. A revelação de Deus, portanto,
mostra a real situação da raça humana — uma criatura finita, mas com um destino eterno.
Uma criatura feita para desfrutar comunhão com o Criador, mas agora separado de seu
Criador pelo pecado.
A revelação anuncia ainda as boas novas do Deus santo e misericordioso que dá a salvação
como um presente ao ser humano que não pode salvar-se. O presente se fez completo em
Cristo, em quem todos devem crer para desfrutarem da eternidade junto ao Criador. A razão
ainda é um reflexo de que a imagem de Deus habita em todo ser humano. Mas a revelação,
insistimos, é a fonte da verdade. A razão, à medida que é iluminada pelo Espírito Santo, é o
instrumento para compreender a revelação.
INSPIRAÇÃO
A Escritura é o livro soprado por Deus (2 Tm 3.16, theopneustos). Ao se falar de inspiração,
portanto, está-se falando de inspiração para a revelação escrita. Houve muito mais revelação
do que o registro que se possui. O evangelista João atesta essa verdade, pois Jesus fez muitos
outros sinais que não foram registrados. Somente uma parte da revelação que Jesus fazia de si
mesmo através também dos sinais é que foi registrado (Jo 20.30,31). Isso significa que os
autores humanos foram guiados pelo Espírito Santo. Como resultado dessa ação, o que eles
escreveram era sem erro, sem falhas e de profundo valor para o ser humano. O resultado da
revelação, a Bíblia, constitui-se na regra infalível de fé e prática para a humanidade. A
revelação escrita é a forma de Deus tornar permanente sua revelação, e a forma de fazer isso é
através da inspiração. Infelizmente a Bíblia não descreve exatamente como Deus inspirou os
autores humanos. Assim, surgem muitas perguntas. Que papel os autores tiveram na escrita da
Escritura? Até que ponto Deus lhes deu latitude, liberdade no registro?
Aqueles que têm examinado as Escrituras tentando resolver esse problema propõem várias
teorias. Existem quatro mais comuns: A Teoria Neo-Ortodoxa, a Teoria do Ditado, a Teoria
da Inspiração Limitada e a Teoria da Inspiração Verbal Plenária.
TEORIA
NEO-ORTODOXA
A teoria Neo-ortodoxa sustenta que Deus é totalmente transcendente, ou seja, ele é
absolutamente diferente de nós e muito além da nossa compreensão. Só podemos conhecer
alguma coisa a seu respeito se ele se revelar a nós, como fez em Jesus Cristo.
Até aqui parecemos estar de acordo, não é mesmo? Mas a diferença entre este ponto de vista e a
visão reformada é que esta última sustenta que a Bíblia é a Palavra de Deus; a visão neo-
ortodoxa é de que a Bíblia é uma testemunha à Palavra de Deus, ou, em outros termos, que a
Bíblia contém a Palavra de Deus. Segundo essa teoria as pessoas dos tempos bíblicos
experimentaram Deus e registraram seus encontros da melhor forma que podiam fazer. Mas,
como eram criaturas finitas, encontram-se alguns paradoxos ou até mesmo erros. Mesmo assim,
continua a teoria, a descrição que fizeram ajudou a outros a entenderem a Deus melhor. Assim,
à medida que outros experimentavam Deus através das narrativas, aqueles escritos tornavam-se
a Palavra de Deus novamente.
Avaliação
Certamente devemos elogiar a neo-ortodoxia por ter uma visão de Deus tão elevada
(transcendente, diferente de nós e além da compreensão). Entretanto a Bíblia é mais do que um
mero testemunho da Palavra de Deus. Segundo 2 Timóteo 3.16,17 a Escritura ér a Palavra de
Deus. A Bíblia reivindica que Deus revelou-se e que o Espírito Santo inspirou pessoas para
registra-la (2 Pe 1.20,21). E eles puderam fazer isso porque Deus acomodou-se à compreensão
limitada deles. Essa teoria, portanto, falha em dar uma explicação adequada para toda a
evidência bíblica.
TEORIA
DO DITADO
Essa teoria sugere que Deus simplesmente ditou a Bíblia para os escribas humanos. Segundo a
teoria, Deus escolheu certas pessoas para registrar suas palavras e então lhes concedeu as
palavras que queria. Afirmam assim que os autores somente escreveram o que Deus lhes ditou.
Avaliação
A Escritura, na verdade, sugere que algumas vezes Deus comunicou-se com extrema precisão,
palavra por palavra aos autores (Jr 26.2 e Ap 2.1,8). Em outros lugares ele permitiu que os
escritores expressassem suas próprias personalidades (Gl 1.6; 3.1; Fp 1.3,4,8). Ainda assim, o
Espírito Santo assegurou o término da obra, comunicando precisamente a intenção de Deus.
Sendo assim, a teoria do ditado se encaixa em algumas ocorrências e em muitas outras, não.
TEORIA DA
INSPIRAÇÃO LIMITADA
Essa teoria sustenta que Deus inspirou os pensamentos dos escritores bíblicos, mas não as
palavras que viriam a escolher. De acordo com a teoria, Deus guiou os escritores à medida que
escreviam, mas lhes deu liberdade para expressar seus pensamentos do seu próprio jeito. Por
isso, argumentam, é que pode haver certos detalhes escritos que contenham erros. Ainda assim,
acrescentam, o ensino doutrinário foi resguardado assim como a mensagem de Deus acerca da
salvação.
Avaliação
É importante observar o ponto que essa teoria levanta. O reconhecimento de que a Escritura
contém declarações difíceis de serem reconciliadas. Mas, perguntamos: a melhor solução é
admitir o erro? Afinal, há abundante ênfase na Bíblia nos detalhes históricos. Assim, ao se ler
Romanos 5.12-21 é preciso crer em um Adão histórico. As palavras de Jesus em Mateus 12.41
implicam que o livro de Jonas não é uma parábola. Além disso, as descobertas arqueológicas
com freqüência têm resolvido os alegados problemas nos registros (como ressaltamos com os
casos apresentados na abertura dessa aula). Parece então mais prudente afirmar a confiabilidade
da Escritura, de toda a Escritura, à medida que aguardamos mais evidências para clarear as
dificuldades.
TEORIA DA
INSPIRAÇÃO VERBAL
PLENÁRIA
Essa teoria também assevera que o Espírito Santo interagiu com os escritores humanos para
produzir a Bíblia. A palavra "plenária" e "verbal" descrevem o ponto de vista particular que essa
teoria dá à inspiração. Plenário significa "pleno", "completo". Assim, a inspiração plenária
assevera que a inspiração de Deus se estende a toda à Escritura, de Gênesis a Apocalipse. Deus
guiou os autores quer seja no registro dos detalhes históricos quer seja nas discussões
doutrinárias. O termo "verbal" refere-se às palavras da Escritura. Assim, a inspiração verbal
significa que a inspiração de Deus estende-se a cada uma das palavras que os escritores
escolheram. Isso significa que tanto os escritores poderiam ter escolhido outras palavras quanto
Deus teria dado liberdade para que os autores utilizassem seu próprio estilo. Mas, o Espírito
Santo de tal forma guiou o processo, que as palavras que eles escolheram convergiam
exatamente para o significado pretendido por Deus. A inspiração verbal e plenária sustenta
então que Deus inspirou toda a Bíblia. A despeito de os escritores terem recebido liberdade para
expressarem-se de acordo com seu estilo e personalidade, a inspiração compreende até mesmo
as palavras que escolheram. Ao mesmo tempo o Espírito guiou o processo de tal forma que o
produto final refletiu fielmente a mensagem de Deus.
Avaliação
Essa teoria parece tratar melhor com as evidências bíblicas. Ela reconhece o elemento humano
na Escritura e também afirma que o Espírito Santo é o seu autor.
É interessante observar que o fato de Deus soprar — dar vida, conhecimento e julgamento —,
é uma realidade que permeia a Escritura de ponta a ponta. O livro de Gênesis 2.7 registra que
Deus soprou nas narinas do homem o fôlego de vida; Jesus soprou sobre os discípulos
antecipando em sua atitude a realidade que viria, o Espírito Santo (Jo 20.22); e, no dia final, o
Senhor Jesus matará o iníquo com o sopro de sua boca (2 Ts 2.8). Ora, o Espírito Santo não
suprimiu a personalidade de Moisés, de João ou de Paulo como se eles estivessem escrevendo
algo psicografado. Não! O Espírito Santo capacitou os homens a quem escolheu a aplicarem
corretamente seu ensino (João 14.26). A individualidade dos autores humanos não foi posta
de lado, pois na Bíblia há várias formas de linguagem e estilos literários. A inspiração deve
ser considerada de modo abrangente. Deus, o Senhor da história, fez com que um autor
nascesse em determinado tempo e lugar, capacitou-o, equipou-o com uma educação definida,
fez com que participasse de determinadas experiências e posteriormente fez com que lhe
viesse à mente fatos e implicações desses fatos para que fossem cuidadosamente registrados.
Nesse processo de escrita o Autor Primário da Escritura, Deus, em conexão orgânica com o
autor e toda sua atividade precedente, sugeriu à mente do autor humano a linguagem
(palavras) e o estilo para que fosse o veículo apropriado para a interpretação das idéias
divinas, para o povo de todas as épocas.
IMPLICAÇÃO PRÁTICA
A doutrina da inspiração verbal plenária e a doutrina da revelação têm importante implicação
para os cristãos. Em primeiro lugar, elas desembocam na conclusão de que a Bíblia é
confiável (veja 1 Rs 17 e observe as repetições. A conclusão da mulher ao final foi essa —
entendeu que a Palavra do Senhor através do profeta era confiável). Isso significa que a Bíblia
fornece informação fidedigna. Ela proporciona entendimento da história do povo de Deus e
também do plano de Deus para a salvação de todos os seus filhos. Ela revela ainda o tremendo
significado da vida, contando para nós como nos tornarmos tudo aquilo que Deus pretende
que sejamos.
Em segundo lugar a inspiração verbal plenária e a revelação significam que a Bíblia é
autoritativa. Pode parecer lugar comum reconhecer isso novamente. Mas é uma conclusão
inescapável. A Bíblia, por ser a Palavra de Deus, ela fala com a autoridade de Deus. A Bíblia
assim nos convida a lê-la, a entender suas implicações e a nos submetermos a ela. E mesmo
que alguém escolha não se submeter a ela, ainda assim ela continua sendo a verdade de Deus.
A Escritura como um todo nos coloca diante de uma alternativa: obedecer a vontade de Deus
ou se opor a ela.
Moisés chamou esta palavra de vida (Dt 32.47). Do que a chamaríamos hoje?
Uma leitura auxiliar pode ser feita nos capítulos 1 a 3 do livro: Introdução Bíblica: como a
Bíblia chegou até nós, de Norman Geisler e William Nix.
1.3. TEORIAS DA INSPIRAÇÃO
(Textos extraídos de Teologia Cristã em Quadros, de H. Wayne House, Editora Vida, 2000)
Teorias da
Inspiração
Formulação do Conceito Objeções ao Conceito
Mecânica ou
do Ditado
O autor bíblico é um instrumento passivo na
transmissão da revelação de Deus. A
personalidade do autor é posta de lado para
preservar o texto de aspectos humanos falíveis.
Se Deus houvesse ditado a Escritura, o estilo, o
vocabulário e a redação seriam uniformes. Mas a Bíblia
indica diferentes personalidades e modos de expressão
nos seus escritores.
Parcial A inspiração diz respeito apenas às doutrinas da
Escritura que não podiam ser conhecidas pelos
autores humanos. Deus proporcionou as idéias e
tendências gerais da revelação, mas deu ao autor
humano liberdade na maneira de expressá-la.
Não é possível inspirar idéias gerais de modo infalível
sem inspirar as palavras da Escritura. A maneira como as
palavras de revelação foram dadas aos profetas e o grau
de conformidade às próprias palavras da Escritura por
parte de Jesus e dos escritores apostólicos indicam a
inspiração de todo o texto bíblico, até mesmo das
palavras.
Graus de
Inspiração
Certas partes da Bíblia são mais inspiradas que
outras ou inspiradas de modo diferente. Essa
concepção admite erros de diferentes tipos na
Escritura.
Não se encontra no texto nenhuma sugestão de graus de
inspiração (2 Tm 3.16). Toda a Escritura é incorruptível e
não pode falhar (Jo 10.35; 1 Pe 1.23).
Intuição ou
Natural
Indivíduos talentosos dotados de excepcional
percepção foram escolhidos por Deus para
escreverem a Bíblia. A inspiração é semelhante a
uma habilidade artística ou ao talento natural.
Esta concepção torna a Bíblia não muito diferente de
outras obras literárias religiosas ou filosóficas
inspiradoras. O texto bíblico afirma que a Escritura vem
de Deus por meio de homens (2 Pe 1.20-21).
Iluminação
ou Mística
Os autores humanos foram capacitados por Deus
a redigirem a Escritura. O Espírito Santo
intensificou as suas capacidades normais.
O ensino bíblico indica que a revelação veio por meio de
comunicações divinas especiais, e não por meio de
capacidades humanas intensificadas. Os autores humanos
expressam as próprias palavras de Deus, e não
simplesmente as suas próprias palavras.
Verbal,
Plenária
Elementos tanto divinos quanto humanos estão
presentes na produção da Escritura. Todo o texto
da Escritura, inclusive as próprias palavras, é um
produto da mente de Deus expresso em termos e
condições humanos.
Se toda palavra da Escritura fosse uma palavra de Deus,
então não existiria o elemento humano que se observa na
Bíblia.
1.4. TEORIAS EVANGÉLICAS DE INERRÂNCIA
Posição Proponente Formulação do Conceito
Inerrância Plena
Harold Lindsell
Roger Nicole
Millard Erickson
A Bíblia é plenamente veraz em tudo o que ensina e afirma. Isso se estende
tanto à área da história quanto da ciência. Não significa que a Bíblia tem o
propósito primário de apresentar informações exatas acerca de história e
ciência. Portanto, o uso de expressões populares, aproximações e
linguagem fenomênica é reconhecido e entendido no sentido de cumprir
com o requisito da veracidade. Assim sendo, as aparentes discrepâncias
podem e devem ser harmonizadas.
Inerrância
Limitada
Daniel Fuller
Stephen Davis
William LaSor
A Bíblia é inerrante somente em seus ensinos doutrinários salvíficos. A
Bíblia não foi concebida para ensinar ciência ou história, nem Deus
revelou questões de história ou ciência aos escritores. Nessas áreas, a
Bíblia reflete a compreensão da sua cultura e, portanto, pode conter erros.
Inerrância de
Propósito
Jack Rogers;
James Orr
A Bíblia é isenta de erros no sentido de concretizar o seu propósito
primário de levar as pessoas a uma comunhão pessoal com Cristo.
Portanto, a Escritura é verdadeira (inerrante) somente na medida em que
realiza o seu propósito fundamental, e não por ser factual ou precisa
naquilo que assevera. (Esta concepção é semelhante àquela da Irrelevância
da Inerrância.)
Irrelevância da
Inerrância
David Hubbard
A inerrância é substancialmente irrelevante por várias razões:
A inerrância é um conceito negativo. A nossa concepção da Escritura deve
ser positiva.
A inerrância não é um conceito bíblico.
Na Escritura, erro é uma questão espiritual ou moral, e não intelectual.
A inerrância concentra a nossa atenção nos detalhes, e não nas questões
essenciais da Escritura.
A inerrância impede uma avaliação honesta das Escrituras.
A inerrância produz desunião na igreja. (Este conceito é semelhante ao da
Inerrância de Propósito.)
1.5. MANEIRAS DE HARMONIZAR AS DISCREPÂNCIAS DA
ESCRITURA
Estratégia/Defensor Explanação
Abordagem Abstrata
B. B. Warfield
Aqueles que seguem esta abordagem estão cientes de que existem dificuldades na Escritura, mas
eles tendem a sentir que essas dificuldades não precisam ser todas elas explicadas porque o peso
da evidência a favor da inspiração e da conseqüente inerrância da Bíblia é tão grande que
nenhuma quantidade de dificuldades poderia derrubá-la. Eles tendem a usar como argumento
final principalmente a consideração doutrinária da inspiração da Bíblia.
Abordagem Harmonística
Edward J. Young
Louis Gaussen
Os partidários desta abordagem sustentam que a crença na inerrância baseia-se no ensino
doutrinário da inspiração. Eles afirmam que as dificuldades apresentadas podem ser resolvidas, e
procuram fazê-lo - às vezes usando de conjecturas.
Abordagem Harmonística
Moderada
Everett Harrison
Esta abordagem até certo ponto segue o estilo da abordagem harmonística. Os problemas são
encarados com seriedade, havendo um esforço em resolvê-los ou atenuar as dificuldades até onde
isso é razoavelmente possível com os dados atualmente disponíveis. As tentativas não são feitas
prematuramente.
Abordagem da Fonte
Errante*
Edward J. Carnell
A inspiração somente assegura a reprodução precisa das fontes utilizadas pelo escritor bíblico, e
não a retificação das mesmas. Assim, se a fonte continha uma referência errônea, o escritor
bíblico registrou aquele erro exatamente como estava na fonte. Por exemplo, o Cronista podia
estar apelando a uma fonte falível e errônea ao elaborar a sua relação dos números de carros e
cavaleiros.
Abordagem da Errância
Bíblica*
Dewey Beegle
A Bíblia contém erros - problemas reais e insolúveis. Eles devem ser aceitos e não racionalizados.
A natureza da inspiração deve ser inferida daquilo que a Bíblia produziu. Qualquer que seja a
inspiração, ela não é verbal. Não se pode considerar que a inspiração estende-se à própria escolha
das palavras do texto. Portanto, não é possível ou necessário reconciliar todas as discrepâncias.
Estes nomes foram escolhidos somente para distinguir as concepções. Nem Carnell nem
Beegle identificam as suas posições com
os nomes aqui mencionados.
A tabela foi adaptada de Gleason L. Archer, "Alleged Errors and Discrepancies in the
Original Manuscripts of the Bible" [Supostos
Erros e Discrepâncias nos Manuscritos Originais da Bíblia), em Norman L. Geisler, ed.,
Inerrancy [Inerrância] (Grand Rapids:
Zondervan, 1979), pp. 57-82; e Millard J. Erickson, Christian Theology [Teologia Cristã]
(Grand Rapids: Baker, 1983, 1984, 1985),
pp. 230-32. Estas obras foram usadas mediante permissão.
1.6. MODELOS DE REVELAÇÃO 1
(Textos extraídos de Teologia Cristã em Quadros, de H. Wayne House, Editora
Vida, 2000)
MODELO PARTIDÁRIOS DEFINIÇÃO DE REVELAÇÃO PROPÓSITO
DA
REVELAÇÃO
Revelação como
doutrina*
Pais da igreja
Igreja medieval
Reformadores
B. B. Warfield
Francis Schaeffer
Concílio Internacional
sobre Inerrância Bíblica
A revelação é dotada de autoridade divina,
sendo transmitida de maneira objetiva e
proposicional pelo meio (palavras)
exclusivo da Bíblia.** As suas
proposições em geral assumem o caráter
de doutrina.
Despertar a fé
salvadora por meio da
aceitação da verdade
revelada de maneira
suprema em Jesus
Cristo.
Revelação como
Evento Histórico
William Temple
G. Ernest Wright
Oscar Culiman
Wolfhart Parmenberg
Revelação é a demonstração da disposição
e capacidade redentora de Deus conforme
testificada por seus grandes feitos na
história humana.
Instilar esperança e
confiança no Deus da
história.
Revelação como
Experiência Interior
Friedrich Schleiermacher
D. W R. Inge
C. H. Dodd
Karl Ralmer
Revelação é a auto-manifestação de Deus
por meio de sua presença íntima nas
profundezas do espírito e da psiquê
humanos.
Propiciar uma
experiência de união
com Deus que
equivale à
imortalidade.
Revelação como
Presença Dialética
Karl Barth
Emil Brunner
John Baillie
Revelação é a mensagem de Deus àqueles
que ele confronta com a sua Palavra na
Bíblia e com Cristo na proclamação cristã.
Gerar a fé como a
adequada
consumação meta-
revelatória de si
própria.
Revelação como
Nova consciência
Teilhard de Chardin
M. Blondel
Revelação é atingimento de um nível
superior de consciência à medida que se é
atraído para uma participação mais
frutífera na criatividade divina.
Obter a reestruturação
da percepção e da
experiência e uma
concomitante auto-
transformação.
Gregory Baum
Leslie Dewart
Ray L. Hart
Paul Tillich
O modelo doutrinário reconhece a "revelação natural" (aquilo que pode ser discernido acerca
de Deus pela razão ou pela criação) como algo distinto da revelação bíblica especial. Todavia,
ela é considerada de pequena importância em virtude de não ser salvífica (ela simplesmente
"fere" a consciência). Este modelo considera os milagres e os sinais apostólicos como
confirmações da revelação.
Os teólogos católicos romanos que abraçam esse modelo acrescentam a essa definição as
palavras "ou pelo ensino oficial da Igreja."Este gráfico baseia-se em Avery Dulles, Models of
Revelation [Modelos de Revelação] (Maryknoll, KY: Orbis Books, 1992). Usado mediante
permissão.
1.7. MODELOS DE REVELAÇÃO 2
MODELO VISÃO GERAL DA
BÍBLIA
RELAÇÃO COM A
HISTÓRIA
MEIO DE
APREENSÃO
HUMANA
Revelação como
Doutrina
A Bíblia é a Palavra de Deus (tanto
na forma como no conteúdo).
A revelação é trans-histórica (ela é
discreta e determinativa quanto à sua
contigüidade com a história).
Iluminação (pelo
Espírito Santo)
Revelação como
Evento Histórico
A Bíblia é um evento. Está ligada à
auto-revelação de Deus manifesta
indiretamente na totalidade de sua
atividade na história. Ela nunca é
extrínseca seja à continuidade ou à
particularidade dessa história.
A revelação é intra-histórica (a
Bíblia revela a história dentro da
história).
Razão
Revelação como
Experiência Interior
A Bíblia contém a palavra de Deus
(misturada com os elementos
humanos de erro e mito: a Bíblia é
uma "casca" que envolve o "cerne"
da verdade). Essa verdade somente
pode ser apreendida
(experimentada) por meio da
A revelação é psico-histórica (ela
relaciona-se com a história como
uma imagem mental da continuidade
humana).
Intuição
iluminação pessoal.
Revelação como
Presença
Dialética
A Bíblia torna-se a palavra de
Deus a nós (a revelação não é
estática, mas dinâmica, e tem que
ver com a contingência da resposta
humana) na medida em que é
dinamizada pelo Espírito Santo.
A revelação é supra-histórica (a
Bíblia revela a "história além da
história").
Razão
"transacional"
(interação com a fé
intrínseca à
revelação)
Revelação como
Nova
Consciência
A Bíblia é um paradigma - um
mediador pelo qual se pode obter
auto-transformação e
transcendência (mas ela é somente
um esforço humano que utiliza
uma linguagem humana
"claudicante" com vistas a esse
objetivo).
A revelação é a-histórica (a história
torna-se virtualmente irrelevante ao
ser submetida a contínuas
reinterpretações de transcendência
pessoal).
Meditação
racional/mística
1.8. MODELOS DE REVELAÇÃO 3
MODELO HERMENÊUTICA
BÁSICA
PONTOS FORTES
ALEGADOS
PONTOS FRACOS
ALEGADOS
Revelação
como Doutrina
Indução (objetiva) Deriva do próprio testemunho da
Bíblia sobre si mesma. É a
concepção tradicional, desde os
pais da igreja, até o presente. É
distintivo em virtude da sua
coerência interna. Provê o
fundamento para uma teologia
consistente.
A Bíblia não reivindica a sua
própria infalibilidade
proposicional. Os exegetas antigos
e medievais eram abertos a
interpretações
alegóricas/espirituais. A
diversidade de termos e
convenções literárias milita contra
esse modelo. A ciência moderna
refuta o literalismo bíblico e outras
noções ligadas a esse modelo. Sua
hermenêutica ignora o poder
sugestivo do contexto bíblico.
Revelação
como Evento
Histórico
Dedução
(objetiva/subjetiva)
Tem valor religioso pragmático
por causa de seu caráter
concreto. Identifica certos temas
bíblicos subestimados ou
ignorados, pelo modelo
proposicional. (Revelação como
Doutrina). É mais orgânico em
sua abordagem e aponta para um
modelo de história. É não-
autoritário, sendo assim mais
plausível para a mentalidade
contemporânea.
Relega a Bíblia a uma posição de
"fenômeno". É virtualmente
desprovido de sustentação
teológica. Apesar de sua alegada
plausibilidade, não promove o
diálogo ecumênico.
Revelação
como
Experiência
Interior
Ecletismo (subjetiva) Oferece defesa contra uma
crítica racionalista da Bíblia.
Promove a vida devocional. A
sua flexibilidade incentiva o
diálogo inter-religioso.
Faz uma seleção arbitrária de dados
bíblicos. Substitui o conceito
bíblico da eleição pelo elitismo
natural. Por sua ênfase na
experiência, faz um divórcio entre
revelação e doutrina. Sua
orientação experimental também
apresenta o risco de uma excessiva
introspecção na prática devocional.
Revelação
como Presença
Dialética
Indução (subjetiva) Procura apoiar-se sobre um
fundamento bíblico. Evidencia
um claro enfoque cristológico,
porém não ortodoxo. A sua
ênfase ao paradoxo afasta muitas
objeções quanto à
implausibilidade da mensagem
cristã. Oferece a oportunidade de
encontro com um Deus
transcendente.
Embora fundamentado na Bíblia,
carece de coerência interna. Sua
linguagem paradoxal é confusa.
Sua obscuridade ao relacionar o
Cristo da fé com o Jesus histórico
enfraquece a sua validade.
1.9. CONCEPÇÕES ACERCA DA REVELAÇÃO GERAL
Definição Revelação geral é a comunicação de Deus acerca de si mesmo a todas as pessoas, em todos os
tempos e lugares. Ela refere,se à auto -manifestação de Deus por meio da natureza, da história e do
ser interior (consciência) da pessoa humana.
Tomás de
Aquino
Aquino é um defensor da teologia natural, que afirma ser possível obter um conhecimento
verdadeiro de Deus a partir da natureza, da história e da personalidade humana, à parte da Bíblia.
Toda verdade pertence aos dois reinos. O reino inferior é o reino da natureza e é conhecido por meio
da razão; o reino superior é o reino da graça e é aceito com base na autoridade, pela fé. Aquino
insistiu que podia demonstrar pela razão a existência de Deus e a imortalidade da alma.
Teologia
Católica
Romana
A revelação geral fornece o fundamento para a formulação da teologia natural. A teologia católica
romana tem dois níveis:
Primeiro Nível: A teologia natural é construída com blocos de revelação geral cimentados pela
razão. Inclui as evidências da existência de Deus e da imortalidade da alma. E insuficiente para um
conhecimento salvador de Deus. A maior parte das pessoas não atinge este primeiro nível pela razão,
mas pela fé.
Segundo Nível: Uma teologia revelada é construída com blocos de revelação especial cimentados
pela fé. Inclui a expiação vicária, a trindade etc. Neste nível a pessoa chega à salvação.
João Calvino Deus oferece uma revelação objetiva, válida e racional acerca de si mesmo na natureza, na história e
na personalidade humana. Ela pode ser observada por qualquer pessoa. Calvino tira essa conclusão
de Salmos 19.1-2 e de Romanos 1.19-20. O pecado deturpou as evidências da revelação geral e o
testemunho de Deus ficou obscurecido, A revelação geral não capacita o descrente a obter um
conhecimento verdadeiro de Deus. Existe a necessidade dos óculos da fé. Quando alguém é exposto
e regenerado por meio do revelação especial, ele é capacitado a ver claramente o que está na
revelação geral. Mas o que se vê sempre esteve lá de maneira genuína e objetiva. Seria possível
encontrar uma teologia natural em Romanos 1.20, mas Paulo passa a demonstrar que o ser humano
caído empenha- se na supressão e substituição da verdade. A menção da natureza no Salmo 19 foi
feita por um homem piedoso que via essa natureza da perspectiva da revelação especial.
Karl Barth Barth rejeita a teologia natural e a revelação geral. A revelação é redentora por natureza. Conhecer a
Deus e ter informações correntes sobre ele é estar relacionado com ele na experiência salvífica. Os
seres humanos são incapazes de conhecer a Deus à parte da revelação em Cristo. Se as pessoas
pudessem obter algum conhecimento de Deus fora da sua revelação em Jesus Cristo, elas teriam
contribuído de algum modo para a sua salvação. Não existe revelação fora da Encarnação. Romanos
1.18-32 indica que as pessoas de fato encontram a Deus no cosmos, mas somente porque já o
conhecem por meio da revelação especial comunicada pelo Espírito Santo quando se lê a Palavra de
Deus. A Bíblia é apenas um registro da revelação, um indicador da revelação, dotado de autoridade.
Passagens
Bíblicas
O Salmo 19 pode ser interpretado no sentido de que não há linguagem ou palavras cuja voz não seja
ouvida. Os versículos 7 a 14 mostram como a lei vai além da revelação do cosmos.
Romanos 1.18-32 enfatiza a revelação de Deus na natureza. Romanos 2.14-16 enfatiza a revelação
geral na personalidade humana. Paulo argumenta em 1.18 que as pessoas têm a verdade mas a
suprimem por causa da sua injustiça. Os ímpios ficam sem desculpa porque Deus mostrou por meio
da criação o que pode ser conhecido sobre ele. Romanos 2 observa que o judeu deixa de fazer o que
a lei requer e que o gentio também sabe o suficiente para ficar responsabilizado diante de Deus.
Atos 14.15-17 observa que as pessoas devem voltar-se para o Deus vivo, que fez os céus e a terra.
Embora Deus tenha permitido que as nações andem nos seus próprios caminhos, ele deixou um
testemunho na história e na natureza.
Atos 17.22-31 registra a proclamação de Paulo aos atenienses sobre o Deus desconhecido como
sendo o mesmo Deus que ele conhecia pela revelação especial. Eles haviam discernido esse Deus
desconhecido sem nenhuma revelação especial. O versículo 28 admite que até mesmo um poeta
pagão, sem revelação especial, pôde alcançar a verdade espiritual, ainda que não a salvação.

Contenu connexe

Tendances

Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculosAula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculosIpabr Limesp
 
Myer pearlman joao o evangelho do filho de deus
Myer pearlman joao o evangelho do filho de deusMyer pearlman joao o evangelho do filho de deus
Myer pearlman joao o evangelho do filho de deusagds2
 
Lição 10 - As Manifestações do Espírito Santo
Lição 10 - As Manifestações do Espírito SantoLição 10 - As Manifestações do Espírito Santo
Lição 10 - As Manifestações do Espírito SantoI.A.D.F.J - SAMAMABAIA SUL
 
35 livro-de-apocalipse
35 livro-de-apocalipse35 livro-de-apocalipse
35 livro-de-apocalipseINOVAR CLUB
 
Ellen white e o texto de mateus 28:19
Ellen white e o texto de mateus 28:19Ellen white e o texto de mateus 28:19
Ellen white e o texto de mateus 28:19ASD Remanescentes
 
As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017
As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017
As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017José Pereira
 
70 razões porque não cremos na doutrina da trindade
70 razões porque não cremos na doutrina da trindade70 razões porque não cremos na doutrina da trindade
70 razões porque não cremos na doutrina da trindadeASD Remanescentes
 
100 repostas bblicas_para_o_catolicismo
100 repostas bblicas_para_o_catolicismo100 repostas bblicas_para_o_catolicismo
100 repostas bblicas_para_o_catolicismoestevao01
 
14 A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)
14   A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)14   A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)
14 A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)Robson Tavares Fernandes
 
A necessidade de termos uma vida santa
A necessidade de termos uma vida santaA necessidade de termos uma vida santa
A necessidade de termos uma vida santaHamilton Souza
 
33 razões por que batizamos em nome de jesus
33 razões por que batizamos em nome de jesus33 razões por que batizamos em nome de jesus
33 razões por que batizamos em nome de jesusASD Remanescentes
 
Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012
Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012
Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012Luciano Dídimo
 
Manual de escatologia j. dwight pentecost
Manual de escatologia j. dwight pentecostManual de escatologia j. dwight pentecost
Manual de escatologia j. dwight pentecostAbdias Barreto
 

Tendances (18)

Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculosAula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
 
Myer pearlman joao o evangelho do filho de deus
Myer pearlman joao o evangelho do filho de deusMyer pearlman joao o evangelho do filho de deus
Myer pearlman joao o evangelho do filho de deus
 
Lição 01 Livro Apocalipse
Lição 01 Livro ApocalipseLição 01 Livro Apocalipse
Lição 01 Livro Apocalipse
 
Lição 10 - As Manifestações do Espírito Santo
Lição 10 - As Manifestações do Espírito SantoLição 10 - As Manifestações do Espírito Santo
Lição 10 - As Manifestações do Espírito Santo
 
Apologética
ApologéticaApologética
Apologética
 
35 livro-de-apocalipse
35 livro-de-apocalipse35 livro-de-apocalipse
35 livro-de-apocalipse
 
Ellen white e o texto de mateus 28:19
Ellen white e o texto de mateus 28:19Ellen white e o texto de mateus 28:19
Ellen white e o texto de mateus 28:19
 
Conhecendo a Bíblia
Conhecendo a BíbliaConhecendo a Bíblia
Conhecendo a Bíblia
 
As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017
As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017
As Manifestações do Espírito Santo - Lição 10 – CPAD – 3 Trim./2017
 
70 razões porque não cremos na doutrina da trindade
70 razões porque não cremos na doutrina da trindade70 razões porque não cremos na doutrina da trindade
70 razões porque não cremos na doutrina da trindade
 
100 repostas bblicas_para_o_catolicismo
100 repostas bblicas_para_o_catolicismo100 repostas bblicas_para_o_catolicismo
100 repostas bblicas_para_o_catolicismo
 
Ajuda ao apocalipse
Ajuda ao apocalipseAjuda ao apocalipse
Ajuda ao apocalipse
 
14 A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)
14   A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)14   A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)
14 A Bíblia: História, Escrita e Legado (Parte 2)
 
A Revelação Divina
A Revelação DivinaA Revelação Divina
A Revelação Divina
 
A necessidade de termos uma vida santa
A necessidade de termos uma vida santaA necessidade de termos uma vida santa
A necessidade de termos uma vida santa
 
33 razões por que batizamos em nome de jesus
33 razões por que batizamos em nome de jesus33 razões por que batizamos em nome de jesus
33 razões por que batizamos em nome de jesus
 
Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012
Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012
Revista do BLOG DA OCDS - PROVÍNCIA SÃO JOSÉ - - setembro -2012
 
Manual de escatologia j. dwight pentecost
Manual de escatologia j. dwight pentecostManual de escatologia j. dwight pentecost
Manual de escatologia j. dwight pentecost
 

Similaire à A Inspiração Bíblica

O_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdf
O_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdfO_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdf
O_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdfMarcondesLima9
 
aula bibliologia.pptx
aula bibliologia.pptxaula bibliologia.pptx
aula bibliologia.pptxMissoBetel
 
A bíblia: origem e propósito
A bíblia: origem e propósitoA bíblia: origem e propósito
A bíblia: origem e propósitoErberson Pinheiro
 
Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Inspiração Divina e Autoridade da BíbliaInspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Inspiração Divina e Autoridade da BíbliaMárcio Martins
 
Inspiraçao divina e autoridade da biblia
Inspiraçao divina e autoridade da bibliaInspiraçao divina e autoridade da biblia
Inspiraçao divina e autoridade da bibliaHamilton Souza
 
EBD IBNA_10 Novembro.pdf
EBD IBNA_10 Novembro.pdfEBD IBNA_10 Novembro.pdf
EBD IBNA_10 Novembro.pdfZakeu A. Zengo
 
BIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia Sistemática
BIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia SistemáticaBIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia Sistemática
BIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia SistemáticaAuroBispo
 
Deus se comunica com os homens
Deus se comunica com os homensDeus se comunica com os homens
Deus se comunica com os homensCarlalopessl
 
Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da BíbliaLição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da BíbliaHabacuc Amaral
 

Similaire à A Inspiração Bíblica (20)

1 - BIBLIOLOGIA.doc
1 -  BIBLIOLOGIA.doc1 -  BIBLIOLOGIA.doc
1 - BIBLIOLOGIA.doc
 
O_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdf
O_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdfO_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdf
O_plano_divino_atraves_dos_seculos_-_N._Lawrence_Olson_by_Levita.pdf
 
aula bibliologia.pptx
aula bibliologia.pptxaula bibliologia.pptx
aula bibliologia.pptx
 
Bibliologia
BibliologiaBibliologia
Bibliologia
 
A bíblia: origem e propósito
A bíblia: origem e propósitoA bíblia: origem e propósito
A bíblia: origem e propósito
 
Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Inspiração Divina e Autoridade da BíbliaInspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
 
Inspiraçao divina e autoridade da biblia
Inspiraçao divina e autoridade da bibliaInspiraçao divina e autoridade da biblia
Inspiraçao divina e autoridade da biblia
 
Bibliologia
BibliologiaBibliologia
Bibliologia
 
Resumo dei verbum
Resumo dei verbumResumo dei verbum
Resumo dei verbum
 
Aula 3 e 4 Bibliologia.pdf
Aula 3 e 4 Bibliologia.pdfAula 3 e 4 Bibliologia.pdf
Aula 3 e 4 Bibliologia.pdf
 
Apostila do novo testamento
Apostila do novo testamentoApostila do novo testamento
Apostila do novo testamento
 
Bibliologia vivos
Bibliologia vivosBibliologia vivos
Bibliologia vivos
 
Bibliologia apostila do aluno
Bibliologia apostila do alunoBibliologia apostila do aluno
Bibliologia apostila do aluno
 
Introdução Bíblica
Introdução BíblicaIntrodução Bíblica
Introdução Bíblica
 
Lição 1 e 2 _ Edilson.pdf
Lição 1 e 2 _ Edilson.pdfLição 1 e 2 _ Edilson.pdf
Lição 1 e 2 _ Edilson.pdf
 
EBD IBNA_10 Novembro.pdf
EBD IBNA_10 Novembro.pdfEBD IBNA_10 Novembro.pdf
EBD IBNA_10 Novembro.pdf
 
Inspiração e interpretação bíblica 3
Inspiração e interpretação bíblica 3Inspiração e interpretação bíblica 3
Inspiração e interpretação bíblica 3
 
BIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia Sistemática
BIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia SistemáticaBIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia Sistemática
BIBLIOLOGIA 3 curso de Teologia Sistemática
 
Deus se comunica com os homens
Deus se comunica com os homensDeus se comunica com os homens
Deus se comunica com os homens
 
Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da BíbliaLição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
Lição 1 - Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
 

Plus de Davidson Da Costa Ramos (14)

Onde está-o-seu-coração
Onde está-o-seu-coraçãoOnde está-o-seu-coração
Onde está-o-seu-coração
 
Apostila para discipulado mda
Apostila para discipulado mdaApostila para discipulado mda
Apostila para discipulado mda
 
Recebendo a-melhor-parte- sermão
Recebendo a-melhor-parte- sermãoRecebendo a-melhor-parte- sermão
Recebendo a-melhor-parte- sermão
 
Chega de-redes-vazias
Chega de-redes-vaziasChega de-redes-vazias
Chega de-redes-vazias
 
Atitudes para-se-gerar-um-milagre
Atitudes para-se-gerar-um-milagreAtitudes para-se-gerar-um-milagre
Atitudes para-se-gerar-um-milagre
 
Reina em mim(sobre toda terra tu es...)
Reina em mim(sobre toda terra tu es...)Reina em mim(sobre toda terra tu es...)
Reina em mim(sobre toda terra tu es...)
 
A total-suficiencia-de-cristo-c-h-mackintosh
A total-suficiencia-de-cristo-c-h-mackintoshA total-suficiencia-de-cristo-c-h-mackintosh
A total-suficiencia-de-cristo-c-h-mackintosh
 
O adventismo do 7º dia os judaizantes de hoje
O adventismo do 7º dia  os judaizantes de hojeO adventismo do 7º dia  os judaizantes de hoje
O adventismo do 7º dia os judaizantes de hoje
 
O catolicismo romano para leitura
O catolicismo romano para leituraO catolicismo romano para leitura
O catolicismo romano para leitura
 
Métodos de interpretação bíblica
Métodos de interpretação bíblicaMétodos de interpretação bíblica
Métodos de interpretação bíblica
 
Dinâmicas para casais
Dinâmicas para casaisDinâmicas para casais
Dinâmicas para casais
 
apostila-power point-2007-basico
apostila-power point-2007-basicoapostila-power point-2007-basico
apostila-power point-2007-basico
 
52109283 word-2007-parte-1
52109283 word-2007-parte-152109283 word-2007-parte-1
52109283 word-2007-parte-1
 
Apostila access-2007-basico
Apostila access-2007-basicoApostila access-2007-basico
Apostila access-2007-basico
 

Dernier

Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaSammis Reachers
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoRicardo Azevedo
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfAgnaldo Fernandes
 
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...VANESSACABRALDASILVA
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...PIB Penha
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)natzarimdonorte
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxCelso Napoleon
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresNilson Almeida
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfmhribas
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................natzarimdonorte
 

Dernier (16)

Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide SilvaVivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
Vivendo a vontade de Deus para adolescentes - Cleide Silva
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
 
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
toaz.info-livro-a-trilha-menos-percorrida-de-m-scott-peck-compressed-pr_8b78f...
 
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITAVICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
 
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................
 

A Inspiração Bíblica

  • 1. CÂNON BÍBLICO - FTBB - Prof. Marcos Alexandre - 1º Sem/2003 AULA 1 - Capítulos 1, 2 e 5. "Bibliologia" = "a doutrina das Escrituras" - Teologia Sistemática - A Doutrina das Escrituras é a base e a fonte de todas as demais doutrinas. (SOLA SCRIPTURA) 1. DEFINIÇÃO BÍBLIA – BIBLOS (Βιβλοs) = livro, rolo - Ex. Mt 1.1 Biblia plural de Biblos = "bíblia" = "livro", diminutivo = Biblion = "livrinho". Biblos = cidade fenícia, importante produtora de papiro e papel antigo. Originariamente era o nome que se dava à casca de um papiro do século XI a.C. A designação formal de Bíblia é tão velha quanto a própria Escritura (2 Tm 4.13): "Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros( ta. bibli,a) , principalmente os pergaminhos", refletindo a grande importância que lhe era atribuída.  Séc. II DC - os cristãos gregos já referiam às escrituras sagradas como Ta Bíblia = "os livros".  Na versão Latina, este título lhe foi transferido no singular: Biblos = "o livro", se referindo à Bíblia.  Na LXX, é usado Biblioi = "livros" • 1 Mc 1.57 = "um livro da aliança" (bibli¿on diaqh/khj) • 1 Mc 12.9 = "os livros santos" (ta bibli¿a ta aÀgia) 2. ANTIGO TESTAMENTO E NOVO TESTAMENTO Depois, e só depois de profundas reflexões de ordem teológica é que lhe foi dado o nome de 2.1. Antigo Testamento (palaia/j diaqh,khj), com base em Paulo - 2 Co 3.14 "Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança (palaia/j diaqh,khj ), o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido" e em Jr 31.31-34 "31 Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei um
  • 2. concerto (Beriyth) novo (chadash) com a casa de Israel e com a casa de Judá. 32 Não conforme o concerto(Beriyth) que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles invalidaram o meu concerto (Beriyth), apesar de eu os haver desposado, diz o SENHOR. 33 Mas este é o concerto (Beriyth) que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.34 E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados". Isto aconteceu, porém, muito mais tarde, quando o Novo Testamento já estava completo. As antigas promessas de Deus deviam ser distintas das novas, mas não separadas delas. 2.2.Novo Testamento - 1 Co 11.25 "Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue (h` kainh. diaqh,kh evsti.n evn tw/| evmw/| ai[mati); fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim." Ver paralelo: Lc 22.20. 3. UMA OU DUAS ALIANÇAS? 02 TESTAMENTOS, OU UM SÓ? UNIDADE OU DIVERSIDADE? • Gn 15.12-21; 17.7 Testamento = "aliança" = pacto acordo (∆ιαθηκη) Aliança = "Um vínculo ou elo de amor (estabelecido a partir de um pacto de sangue), iniciado e administrado soberanamente pelo Deus triúno com a sua criação" (PALMER, O. Robertson. Cristo dos Pactos). o 66 livros ou capítulos? 66 livros escritos ao longo de 1500 anos. 40 autores, diversas línguas, centenas de tópicos com uma unidade temática espantosa: Jesus Cristo. 4. AS DIVISÕES DA BÍBLIA • Nossas versões seguem a LXX - ordem temática 4.1. A Bíblia Judaica:
  • 3. Torá - lei - A Base Nebiin - profetas e históricos (exposição objetiva da torá) Ketubin - escrituras (resposta subjetiva à mensagem da torá) TA - Torá NA - Nebiim K - Ketubiim 4.2. As Divisões baseadas na LXX: Nossa Bíblia não foi, inicialmente, escrita dividida em capítulos e versículos, muitos livros não tinham títulos e muitos menos divisões por temas. A Bíblia como a temos hoje, cada livro com seu título, dividida em capítulos e versículos e com seus respectivos temas e sub-temas, é algo recente que foi feito a fim de facilitar a leitura e o endereçamento de cada passagem. a. Em capítulos: Haviam divisões da Bíblia que estiveram em uso até o séc. XII. Mas a partir do Séc. XIII, com Estevão Langton - a partir da publicação da Vulgata Latina - ele propôs uma nova divisão para a Bíblia que veio a ser universal, e são mínimas as diferenças que existem entre as divisões atuais e as propostas por Langton. b. Em versículos: Em seguida tivemos a compilação do NT grego em 1551 feita por Roberto Etienne (Stephanus) dividida em versículos e o AT e NT também editado com as divisões em capítulos e versículos na Bíblia de Genebra em 1551. 5. A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO o Inspiração - Toda a doutrina depende da doutrina da inspiração. o AS TRÊS DOUTRINAS BÁSICAS I. Inspiração - O MEIO: O registro e a comunicação da verdade - (2 Tm 3.16) - (Jó 32.8) // 2 Pe 1.21. Recepção e registro das verdades reveladas por Deus. Meio que Deus usou para o seu registro. Deus é o causador, o homem é o agente. A palavra se aplica aos escritos e não aos escritores (recepção e registro da verdade). É o meio. Inspirados só os autógrafos ("A Bíblia nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus inspirada.").
  • 4. o 3 elementos da inspiração: a. Causa: Deus- Nenhuma palavra veio aos escritores da Bíblia, sem que tenha vindo de Deus - 2 Pe 1.21. b. Meio: Mediação humana - O homem é o recipiente e instrumento da inspiração. c. Autoridade: Divina II. Revelação: O FATO: A descoberta da verdade. A exposição da verdade. É uma abertura objetiva da verdade. Ato exclusivo de Deus. o Natural - Geral - Sl 19.1-4; Rm 1.19-20; 2.14- 15 - cfr. 1 Co 2.14 o Especial - Hb 1.1-2 (Cristo como revelação final) - Gl 1.11-12 III. Iluminação: O DOM: O entendimento e interpretação da verdade revelada que foi registrada. Compreensão desta verdade descoberta (o dom da compreensão). Ato exclusivo de Deus. Diferenças: o O propósito da revelação é a comunicação de verdades que aprouve a Deus transmitir; o O propósito da inspiração é assegurar a infalibilidade do registro daquilo que foi revelado. o O propósito da iluminação é fazer com que entendamos a verdade revelada e registrada. 6. Evidências da inspiração: 1. Sua unidade. Período de 1500 anos; mais de 40 autores! 2. Sua mensagem. 3. Seu poder. Rm 1.16. - Capaz de transformar vidas e situações 7. Natureza da inspiração: 1. Inspiração mecânica. A superintendência do Espírito não anulou as características individuais dos autores bíblicos. 2. Inspiração dinâmica. O oposto da "dinâmica". Influência liberal do MHC (Método Histórico-Crítico). Reduz-se a "inspiração" a
  • 5. "iluminação". Não há um caráter sobrenatural nos escritos, e sim a pena de homens iluminados. Portanto, a Bíblia é passível de erros. 3. Inspiração orgânica. É a concepção bíblica. "O Espírito Santo, o autor primário das Escrituras, dirigiu, guiou e supervisionou os autores secundários, a fim de garantir que tudo quanto escrevessem como canônico fosse isento de erro e correspondesse perfeitamente à revelação de Deus." Leva-se em consideração as particularidades do autor, contexto, etc.. 8. A Extensão da inspiração • A questão principal aqui é: "A Bíblia contém ou é a palavra de Deus?" I. A posição liberal: "inspiração parcial" (A última palavra é do homem (juiz) que define o cânon) 3 Escolas: a. ortodoxa: A Bíblia é a Palavra de Deus b. modernista: A Bíblia contém a Palavra de Deus c. neo-ortodoxa: A Bíblia se torna a Palavra de Deus II. A posição ortodoxa: "inspiração total" 4 Formas: 1. É verbal ( ou plenária). Provenientes de Deus O Testemunho de Jesus: Mt 5.17-18; Jo 10.34-35; Mt 22.43-45. Os textos são inspirados: 2 Tm 3.16, Ex 24.4, Is 30.8, 2; Sm 23.2, Mt 4.4,7; Lc 24.27,44; I Co 2.13; Ap 22.19. A Bíblia diz que suas palavras vieram da parte de Deus. 2. É plena. Todas suas partes são inspiradas. 2 Tm 3.16; Rm 15.4. 3. É autoritativa. Sua inspiração lhe concede autoridade. Jo 10.35; Mt 4,7,10-15.3,4-22.29; Lc 16.17. Sua autoridade é divina. 4. É inerrante. Não contém erros. Hb 6.18; Jo 17.17. A Bíblia não reclama para si ser um livro científico, mas, quando trata de assuntos científicos ou históricos, o faz sem cometer erros. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura: a doutrina reformada das Escrituras. São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998.
  • 6. BOICE, James Montgomery (Ed.). O alicerce da autoridade bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1989. GEISLER, Norman e NIX, William. Introdução Bíblica: como a bíblia chegou até nós. São Paulo: Editora Vida, 1997. 1. INTRODUÇÃO – REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO Por Marcos Alexandre e João Alves 1.1. INTRODUÇÃO BÍBLICA - Autoridade do AT/ Revelação e Inspiração Bíblia – Caracterização BÍBLIA – BIBLOS (Βιβλοs) = livro, rolo - Ex. Mt 1.1 Originariamente era o nome que se dava à casca de um papiro do século XI a.C. A designação formal de Bíblia é tão velha quanto a própria Escritura (2 Tm 4.13): "Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros( ta. bibli,a) , principalmente os pergaminhos", refletindo a grande importância que lhe era atribuída. Depois, e só depois de profundas reflexões de ordem teológica é que lhe foi dado o nome de Antigo Testamento (palaia/j diaqh,khj), com base em Paulo - 2 Co 3.14 "Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança (palaia/j diaqh,khj ), o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido" e em Jr 31.31-34 "31 Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei um concerto (Beriyth) novo (chadash) com a casa de Israel e com a casa de Judá. 32 Não conforme o concerto(Beriyth) que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles invalidaram o meu concerto (Beriyth), apesar de eu os haver desposado, diz o SENHOR. 33 Mas este é o concerto (Beriyth) que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.34 E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados". Isto aconteceu, porém, muito mais tarde, quando o Novo Testamento já estava completo. As antigas promessas de Deus deviam ser distintas das novas, mas não separadas delas. 02 TESTAMENTOS, ou um só? Testamento = "aliança" = pacto acordo (∆ιαθηκη) Aliança = "Um vínculo ou elo de amor (estabelecido a partir de um pacto de sangue), iniciado e administrado soberanamente pelo Deus triúno com a sua criação" (PALMER, O. Robertson. Cristo dos Pactos).
  • 7. 66 livros escritos ao longo de 1500 anos. 40 autores, diversas línguas, centenas de tópicos com uma unidade temática espantosa: Jesus Cristo. Divisões do AT e NT LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO A Lei (Pentatêuco) - 5 Livros Poesia - 5 Livros Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Jó Salmos Provérbios Eclesiastes O Cântico dos Cânticos História - 12 Livros Profetas (Posteriores) - 17 Livros Josué Juízes Rute 1 Samuel 2 Samuel 1 Reis 2 Reis 1Crônicas 2 Crônicas Esdras Neemias Ester A. Maiores B. Menores Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oséias Joel Amós Obadias Jonas Miquéias Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias
  • 8. LIVROS DO NOVO TESTAMENTO Evangelhos "História" Mateus Marcos Lucas João Atos dos Apóstolos EPÍSTOLAS Romanos 1 Coríntios 2 Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1 Tessalonicenses 2 Tessalonicenses 1 Timóteo 2 Timóteo Tito Filemon Hebreus Tiago 1 Pedro 2 Pedro 1 João 2 João 3 João Judas PROFECIA Apocalipse Divisões da Bíblia Hebraica TANAK TA - Torah - A Lei
  • 9. NA - Nebhim - Os Profetas K - Kethubhim - Os Escritos DISPOSIÇÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO HEBRAICO A LEI ( TORÁ) OS PROFETAS (NEBHIIM) OS ESCRITOS (KETHUBHIM) Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Profetas Anteriores Josué Juízes Samuel Reis Profetas Posteriores Isaías Jeremias Ezequiel Os Doze Livros Poéticos Salmos Provérbios Jó Cinco Rolos (Megiloth) O Cântico dos Cânticos Rute Lamentações Ester Eclesiastes Livros Históricos Daniel Esdras - Neemias Crônicas Esta é a disposição encontrada nas edições judaicas modernas do Antigo Testamento. Cf. The Holy Scriptures, according to the Masoretic Text e Bíblia Hebraica, organizada por Rudolph Kittel e Paul E. Kahle. Em nossas Bíblias os livros do AT estão classificados segundo seus gêneros literários A ESTRUTURA DO CÂNON JUDAICO DO AT Torá - lei - A Base Nebiin – profetas e históricos (exposição objetiva da torá)
  • 10. Ketubin – escrituras (resposta subjetiva à mensagem da torá) Embora a estrutura do cânon não seja inspirado, mas nos ensina como os hebreus entendiam a relação das várias partes do AT. E não somente o VT, mas toda a Bíblia pode ilustrar em forma de uma pirâmide. NT (culminação da revelação de Deus; precisa repousar sobre uma base) AT (a base é o AT) Os profetas (Nebiin) - Objetiva Os profetas avaliam a conduta do povo de Israel à base da lei. Por exemplo: quando lemos Samuel, não temos uma descrição histórica do que estava passando nos tempos de Samuel e Saul, não é uma narração histórica, mas é como uma mensagem ao povo, chamando a atenção à conduta errônea do povo e chamando-os a uma conduta correta e conforme à lei de Deus, ao pacto de Deus com seu povo. Por isso é objetiva – até que ponto segue e desobedece a vontade de Deus. Os escritos (Ketubin) - Subjetiva Nos livros de Salmos e Eclesiastes, vê-se a resposta ou reação do indivíduo (reação subjetiva), que questiona algumas coisas: exemplo: prosperidade dos ímpios – é reflexão, reação, confusão por algum tempo. Mas ainda há certas dificuldades para algumas explicações. Em nossas Bíblias temos uma divisão em gênero literário.
  • 11. Mas a Torá é a base, o fundamento, sem a qual o resto da revelação não se pode entender. Sem o Pentatêuco não se pode entender os profetas, e nem o NT. Mas sem Gênesis, não se pode entender o Pentatêuco, muito menos toda a Escritura. Mas ainda, sem os capítulos de Gn. 1-11, que são fundamentais, pois estabelecem os conceitos mais basais e profundos sem os quais não se poderia entender o resto da Bíblia. Nestes primeiros 11 capítulos, embora com muitas controvérsias, é necessário compreender as bases teológicas da revelação de Deus. A mensagem principal dos 11 primeiros capítulos de Gn. são a mensagem de Deus e seu relacionamento com o homem, mas estas mensagens estão relacionadas com os eventos históricos nos 11 primeiros capítulos. (Este assunto será desenvolvido mais adiante durante nosso curso) A INSPIRAÇÃO DO AT O Testemunho de Jesus da Bíblia Hebraica: Lc. 11.51, 16.16, 24.44 e Mt 5.18 O testemunho do NT sobre o VT: Escritura (grafh): 2Tm 3.16; Jo 10.35; Mt 21.42, 22.29; At 17.2,11. Palavra de Deus (logon tou Deou): Mc 7.13; Rm 9.6; 2 Co 4.2; Hb 4.12; At 10.43; Lc 24.27,44. Lei (nomon ): Jo 10.34, 12.34; At 25.8; I Co 14.21; Mt 5.18. A Lei e os Profetas (o nomon kai oi profhtai): Mt 5.17, 7.12; Lc 16.16, At 13.15, 24.14 Os Profetas (oi profhtai) : Mt 26.56; Lc 24.25,27. Oráculos de Deus: (twn logiwn tou Deou) Hb 5.12 Está Escrito (gegraptai): + 90x no NT. Mc 9.12, 14.21; Lc 18.31, 21.22) Para que se cumprissem as Escrituras (oti dei plhrwyhnai panta ta gegrammena) Lc 24.44; Mt 5.17. - A INSPIRAÇÃO DO NT A comissão dos doze. Mt 10.7,19,20
  • 12. O envio dos setenta. Lc 10.9,16,17-19 O Sermão do Monte. Mc 13.11 Os ensinos durante a última ceia. Jo 14.26, 16.13 A grande comissão. Mt 28.19,20 Os apóstolos dão prosseguimento ao ensino de Cristo. At 1.1; Lc 1.3,4; Hb 2.3 O testemunho de Pedro sobre Paulo: 2 Pe 3.16 O testemunho de Paulo sobre Lucas: 1 Tm 5.18 // Lc 10.7 O reconhecimento da Igreja Primitiva e a circulação dos livros: Cl 4.16; 2 Pe 3.15.16 Judas(18) cita 2 Pe 3.2,3 João faz alusão ao seu próprio evangelho I Jo 1.1 O testemunho dos 1os Pais da Igreja: Epístola de Barnabé (70-130): Cita Mateus Clemente de Roma (95-97): Chama os Sinóticos de "Escrituras". Inácio de Antioquia (110): Faz numerosas citações do NT em seus escritos. O Didaquê (100-120): Citações livres do NT. Papias (130-140): Citações do NT. Justino Mártir (165): Evangelhos: "A voz de Deus". Hipólito (170-236): "Esses homens abençoados [...] tendo sido aperfeiçoados pelo Espírito da profecia, são dignamente honrados pela própria Palavra, foram trazidos a uma harmonia íntima [...] como instrumentos, e, tendo a Palavra dentro deles, por assim dizer, a fim de fazer ressoar as notas [...] pelo Senhor foram movidos, e anunciavam o que Deus queria que anunciassem. É que eles não falavam de sua própria capaciadade [...] falavam daquilo que lhes era [revelado] unicamente por Deus." Capítulos e Versículos da Bíblia Nossa Bíblia não foi, inicialmente, escrita dividida em capítulos e versículos, muitos livros não tinham títulos e muitos menos divisões por temas.
  • 13. A Bíblia como a temos hoje, cada livro com seu título, dividida em capítulos e versículos e com seus respectivos temas e sub-temas, é algo recente que foi feito afim de facilitar a leitura e o endereçamento de cada passagem. Haviam divisões da Bíblia que estiveram em uso até o séc. XII. Mas a partir do Séc. XIII, com Estevão Langton - a partir da publicação da Vulgata Latina - ele propôs uma nova divisão para a Bíblia que veio a ser universal, e são mínimas as diferenças que existem entre as divisões atuais e as propostas por Langton. Em seguida tivemos a compilação do NT grego em 1551 feita por Roberto Etienne (Stephanus) dividida em versículos e o AT e NT também editado com as divisões em capítulos e versículos na Bíblia de Genebra em 1551. Inspiração (2 Tm 3.16) – (Jó 32.8) – // 2 Pe 1.21. A palavra se aplica aos escritos e não aos escritores (recepção e registro da verdade). É o meio. Inspirados só os autógrafos ("A Bíblia nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus inspirada."). 3 Escolas: a. ortodoxa: A Bíblia é a Palavra de Deus b. modernista: A Bíblia contém a Palavra de Deus c. neo-ortodoxa: A Bíblia se torna a Palavra de Deus 4 Formas: a. É verbal. Os textos são inspirados: 2 Tm 3.16, Ex 24.4, Is 30.8, 2; Sm 23.2, Mt 4.4,7; Lc 24.27,44; I Co 2.13; Ap 22.19. A Bíblia diz que suas palavras vieram da parte de Deus. b. É plena. Todas suas partes são inspiradas. 2 Tm 3.16; Rm 15.4 c. É autoritativa. Sua inspiração lhe concede autoridade. Jo 10.35; Mt 4.4,7,10-15.3,4 -22.29; Lc 16.17. Sua autoridade é divina. d. É inerrante. Hb 6.18; Jo 17.17. A Bíblia não reclama para si ser um livro científico, mas, quando trata de assuntos científicos ou históricos, o faz sem cometer erros. Revelação: a exposição da verdade. É uma abertura objetiva da verdade. Iluminação: compreensão desta verdade descoberta (o dom da compreensão) (Sobre inspiração e Revelação veja em detalhes o item 1.2) Os Livros que Compõem o Cânon Sagrado (Datas) ANTIGO TESTAMENTO Nome do Livro Quando Foi Escrito Quem Escreveu
  • 14. Gênesis 1.450 - 1.410 a.C Moisés Êxodo 1.450 - 1.410 a.C Moisés Levítico 1.450 - 1.410 a.C Moisés Números 1.450 - 1.410 a.C Moisés Deuteronômio 1.410 a.C Moisés Josué 1.400 - 1.370 a.C Josué Juízes 1.050 - 1.000 a.C Anônimo Rute 1.000 a.C Desconhecido I Samuel 930 a.C Samuel e outros II Samuel 930 a.C Samuel e outros I Reis 550 a.C Jeremias II Reis 550 a.C Jeremias I Crônicas 450 - 425 a.C Esdras II Crônicas 450 - 425 a.C Esdras Esdras 456 - 444 a.C Esdras Neemias 445 - 425 a.C Neemias
  • 15. Ester 465 a.C Incerto Jó Data incerta Incerto. Talvez Moisés Salmos Data incerta Daví e outros Provérbios 950 - 700 a.C Salomão e outros Eclesiastes 935 a.C Salomão Cantares 965 a.C Salomão Isaías 740 - 680 a.C Isaías Jeremias 627 - 585 a.C Jeremias Lamentações 586/5 a.C Jeremias Ezequiel 592 - 570 a.C Ezequiel Daniel 537 a.C Daniel Oséias 710 a.C Oséias Joel 835 a.C Joel Amós 755 a.C Amós Obadias 586 a.C Obadias Jonas 760 a.C Jonas
  • 16. Miquéias 700 a.C Miquéias Naum 663 - 612 a.C Naum Habacuque 607 a.C Habacuque Sofonias 625 a.C Sofonias Ageu 520 a.C Ageu Zacarias 520 - 518 a.C Zacarias Malaquias 450 - 400 a.C Malaquias NOVO TESTAMENTO Nome do Livro Quando Foi Escrito Quem Escreveu Mateus 60 - 70 A.D. Mateus Marcos 50 - 60 A.D. Marcos Lucas 60 A.D. Lucas João 85 - 90 A.D. João Atos 61 A.D. Lucas Romanos 58 A.D. Paulo
  • 17. I Coríntios 56 A.D. Paulo II Coríntios 57 A.D. Paulo Gálatas 49 ou 55 A.D. Paulo Efésios 61 A.D. Paulo Filipenses 61 A.D. Paulo Colossenses 61 A.D. Paulo I Tessalonicenses 51 A.D. Paulo II Tessalonicenses 51 A.D. Paulo I Timóteo 63 A.D. Paulo II Timóteo 66 A.D. Paulo Tito 65 A.D. Paulo Filemon 61 A.D. Paulo Hebreus 64 - 68 A.D. Incerto. Talvez Paulo Tiago 45 - 50 A.D. Tiago I Pedro 63 A.D. Pedro II Pedro 66 A.D. Pedro
  • 18. I João 90 A.D. João II João 90 A.D. João III João 90 A.D. João Judas 70 - 80 A.D. Judas Apocalipse 90 A.D. João BIBLIOGRAFIA GEISLER, Norman L & NIX, William E. (1997). Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós. São Paulo: VIDA. ROBERTSON, O. Palmer (1997). Cristo dos Pactos. Campinas-SP: Luz Para o Caminho. WOLFF, H. W. (1978). Bíblia, Antigo Testamento: introdução aos escritos e aos métodos de estudo. São Paulo: Edições Paulinas. 1.2. REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO João Alves dos Santos Abraão é uma lenda, a legislação mosaica foi formulada séculos depois da existência de Moisés, os hititas nunca existiram, o livro de juízes são apenas historietas interessantes e não fatos, e Sargão e Sambalate nunca existiram! Deus tão profundamente interessou-se em revelar a si mesmo que deixou registro histórico. Creio, particularmente, que a importância do registro histórico é em virtude dele saber que somos, por causa de pecado, ruins de interação. Como vocês já devem saber, isso começou desde que nossos primeiros pais romperam com a interação comum que havia entre Deus e eles. Aqueles que fizeram as afirmações acima não aceitavam a precisão histórica da Bíblia, e, consequentemente, lançaram fora também todo o clamor teológico associado à história. Diversos críticos têm procurado negar a historicidade das Escrituras como as reais e fidedignas palavras de Deus, como revelação ímpar, em função de uma ausência temporária de evidência externa. Entretanto, descobertas arqueológicas têm demonstrado que as críticas (acima) e diversas outras estão equivocadas e que a Escritura é digna de confiança em tudo o que afirma.
  • 19. A Bíblia é um livro histórico e as verdades do cristianismo estão baseadas nos fatos históricos revelados. Se o fato de Moisés separar as águas do mar Vermelho, o fato do nascimento virginal de Cristo, o fato da crucificação e o fato da ressurreição forem deixados de lado, a fé cristã é completamente sem fundamento e sem sentido. E a essa altura dos acontecimentos ninguém poderia sequer reclamar como fonte de autoridade apenas o Novo Testamento, pois ele está totalmente alicerçado na Escritura mais antiga, o Antigo Testamento. É verdade que a verdade histórica (a existência de alguém chamado Jesus, por exemplo) não demonstra a validade da verdade teológica (de que ele era Deus, por exemplo). Mas deve-se levar em conta, pelo menos, que a veracidade histórica da Escritura credencia a mensagem teológica. REVELAÇÃO Basicamente o fundamento de toda religião está em uma revelação. E quanto a isso, ao menos, há um certo consenso entre as religiões. Quanto ao nosso assunto, a Bíblia, nada poderia ser dito de mais correto! Se Deus não tivesse se revelado nenhum ser humano seria capaz de conhecê-lo. De acordo com o testemunho interno da Escritura esse ponto de vista — da incompreensibilidade de Deus — é explícito. Vejam as passagens de Jó 11.7; Isaías 40.12-14; Romanos 11.33-36 e 1 Coríntios 2.10,11. Ao mesmo tempo Deus é incognoscível, pois só ele pode esquadrinhar as coisas como elas são; e cognoscível na medida da necessidade que o ser humano tem. E mesmo o conhecimento que o ser humano possa vir a ter de Deus é porque aprouve ao próprio Deus revelar-se. Deus criou o ser humano para ter interação com ele. Mas depois do ocorrido no jardim do Éden (Gênesis 3) essa interação passou a ser possível somente porque haveria a "semente da mulher", vitoriosa, que restauraria a interação perdida. Essa semente, através dos descendentes, foi tipologicamente se apresentando como diversos personagens da Escritura mais antiga, o Antigo Testamento, até que viesse o descendente, Jesus Cristo. E nesse período Deus continuou a revelar-se. Sua revelação, depois do evento da desobediência da mulher e do homem, não seria mais apenas verbalizada como a que certamente havia antes da Queda; sua revelação seria registrada. E observe-se que, diferente de qualquer outro povo antigo, sua revelação foi tão estrondosa que nunca houve dúvidas de que ele não tivesse falado objetivamente, e de que era ele mesmo a falar. A palavra revelação significa colocar a descoberto o que era anteriormente desconhecido. Na teologia judaico-cristã o termo refere-se à comunicação divina, de Deus ao ser humano. Deus se revela. Ele se dá a conhecer e à sua vontade. Essa revelação ocorre de várias maneiras: oral (Gn 3.14-17; 6.13; 9.1, 17; 12.1), através de epifanias (Gn 16.7-14; Ex 3.2; Jz 2.1), por escrito (Ex 17.14; 34.27; Sl 119.130; Is 30.8; Jr 30.2; Ap 1.11) e a mais perfeita revelação - Jesus Cristo (Gn 3.15; Ef 1.15-23; Cl 2.13-15; Hb 1). Costuma-se fazer distinção entre revelação natural e sobrenatural e entre revelação geral e especial. A distinção entre revelação natural e sobrenatural (apesar de ambas serem de fato sobrenaturais) está no modo, na maneira como a revelação se dá. Os fenômenos naturais, sem palavras, são essa revelação natural — no micro e macro mundo. A revelação sobrenatural é quando se vê Deus intervindo no curso natural das coisas, podendo utilizar palavras nessa etapa. Nessa revelação sobrenatural os fatos explicam as palavras e vice-versa. A distinção entre geral e especial não está na maneira da revelação ocorrer, mas em saber quem é o objeto
  • 20. da revelação de Deus. A revelação geral de Deus baseia-se na criação do mundo e do ser humano. Envolve em seu escopo as relações entre Deus e o mundo e entre Deus e os seres humanos. Nesse sentido, a revelação geral tem por objetivo sinalizar ao ser humano o que ele deveria ser como imagem de seu Criador. A revelação especial de Deus é o descortinar da redenção ao ser humano pecador: o motivo, o processo, as palavras e os atos maravilhosos envolvidos — culminando no Deus encarnado, Jesus Cristo. Nesse sentido, a revelação especial tem por objetivo levar eficazmente o pecador de volta a Deus. Algumas correntes negam um lado ou outro da revelação: Panteísmo Revelação é uma palavra que não se encaixa no sistema panteísta. A revelação, no panteísmo, é algo desnecessário uma vez que tudo revela um ser maior. Além disso, a idéia atrelada ao termo cristão "revelação", traz a idéia de um Deus pessoal, mas fora do ser humano. Ateísmo Uma vez negada a existência de Deus ou, como preferem alguns existencialistas, ignorando essa questão, certamente o termo revelação não fará o menor sentido. Deísmo O deísmo reconhecia a revelação geral de Deus. Entretanto, negavam a necessidade, a possibilidade e a realidade de uma revelação especial. Segundo esse pensamento a revelação geral seria suficiente até mesmo para salvar alguém do pecado. Liberalismo Muitos movimentos liberais, neo isso e neo aquilo, têm trabalhado basicamente com uma parte da revelação geral. Verbalizam nos discursos, mas negam na prática a necessidade da revelação especial. Em geral desprezam ou negam a revelação sobrenatural afinal, quem ainda acredita em milagres!?!?! Teologia Negra A teologia da minoria (já acho que não são minoria...mas...) negra entende revelação de uma forma mais pragmática. Sua experiência de opressão é o padrão autoritativo. Teologia Neo-ortodoxa Para estes a Bíblia contém a Palavra de Deus. Apesar da Palavra ser revelada através da pregação da Bíblia e de Cristo, por causa da falibilidade da Bíblia, Deus revela-se somente quando há um encontro místico na Escritura. Teologia da Libertação Para essa corrente a Bíblia não é um livro de verdades e regras eternas, mas um livro de história que auxilia a vivenciar movimentos de libertação. A revelação que importa aqui é a obtida através da "Nova hermenêutica", ou seja, o que vale é a interação direta e imediata do leitor com o texto. Teologia Existencial Para estes a revelação se esconde atrás dos mitos criados pelos autores do primeiro século acerca de Jesus, dos milagres e até mesmo da ressurreição. Dessa forma, rejeitando a revelação objetiva é que a pessoa vai encontrar direção para a sua vida. A Bíblia é apenas um pretexto para um "encontro existencial". Bem poderia ser num romance qualquer.
  • 21. Apesar da distinção entre revelação geral e especial, sua revelação é de fato uma unidade. A divisão é mais para nosso proveito didático. O primeiro casal, antes de desobedecer, recebeu instruções por meio de revelação: para ser fecundo, para se multiplicarem, para encherem a terra e a sujeitarem; para dominarem sobre os animais e para se alimentarem de todas as árvores em que há fruto que dê semente. Apenas não deveriam tomar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O resultado já é conhecido. Pois assim, devido à corrupção do ser humano este não pode mais se apoiar em quaisquer conclusões baseadas na criação: animais, astros, ou até mesmo exclusivamente em sua razão, seu raciocínio. É por isso que se afirma que é uma arbitrariedade basear-se na revelação geral para conhecer a Deus. A criação e o próprio ser humano permanecem, sim, como um testemunho à verdade de Deus. A Bíblia afirma a revelação geral (Sl 19.1-6; 50.1-6; Rm 1.16-23), mas a relaciona com a revelação especial redentora. A Escritura declara em um mesmo lugar que o Verbo é criador e redentor (Jo 1.1- 18). Em passagens como esta em João, a Escritura apresenta a revelação geral junto com a especial, a fim de que todos percebam que são indesculpáveis. A revelação de Deus, portanto, mostra a real situação da raça humana — uma criatura finita, mas com um destino eterno. Uma criatura feita para desfrutar comunhão com o Criador, mas agora separado de seu Criador pelo pecado. A revelação anuncia ainda as boas novas do Deus santo e misericordioso que dá a salvação como um presente ao ser humano que não pode salvar-se. O presente se fez completo em Cristo, em quem todos devem crer para desfrutarem da eternidade junto ao Criador. A razão ainda é um reflexo de que a imagem de Deus habita em todo ser humano. Mas a revelação, insistimos, é a fonte da verdade. A razão, à medida que é iluminada pelo Espírito Santo, é o instrumento para compreender a revelação. INSPIRAÇÃO A Escritura é o livro soprado por Deus (2 Tm 3.16, theopneustos). Ao se falar de inspiração, portanto, está-se falando de inspiração para a revelação escrita. Houve muito mais revelação do que o registro que se possui. O evangelista João atesta essa verdade, pois Jesus fez muitos outros sinais que não foram registrados. Somente uma parte da revelação que Jesus fazia de si mesmo através também dos sinais é que foi registrado (Jo 20.30,31). Isso significa que os autores humanos foram guiados pelo Espírito Santo. Como resultado dessa ação, o que eles escreveram era sem erro, sem falhas e de profundo valor para o ser humano. O resultado da revelação, a Bíblia, constitui-se na regra infalível de fé e prática para a humanidade. A revelação escrita é a forma de Deus tornar permanente sua revelação, e a forma de fazer isso é através da inspiração. Infelizmente a Bíblia não descreve exatamente como Deus inspirou os autores humanos. Assim, surgem muitas perguntas. Que papel os autores tiveram na escrita da Escritura? Até que ponto Deus lhes deu latitude, liberdade no registro? Aqueles que têm examinado as Escrituras tentando resolver esse problema propõem várias teorias. Existem quatro mais comuns: A Teoria Neo-Ortodoxa, a Teoria do Ditado, a Teoria da Inspiração Limitada e a Teoria da Inspiração Verbal Plenária. TEORIA NEO-ORTODOXA A teoria Neo-ortodoxa sustenta que Deus é totalmente transcendente, ou seja, ele é absolutamente diferente de nós e muito além da nossa compreensão. Só podemos conhecer
  • 22. alguma coisa a seu respeito se ele se revelar a nós, como fez em Jesus Cristo. Até aqui parecemos estar de acordo, não é mesmo? Mas a diferença entre este ponto de vista e a visão reformada é que esta última sustenta que a Bíblia é a Palavra de Deus; a visão neo- ortodoxa é de que a Bíblia é uma testemunha à Palavra de Deus, ou, em outros termos, que a Bíblia contém a Palavra de Deus. Segundo essa teoria as pessoas dos tempos bíblicos experimentaram Deus e registraram seus encontros da melhor forma que podiam fazer. Mas, como eram criaturas finitas, encontram-se alguns paradoxos ou até mesmo erros. Mesmo assim, continua a teoria, a descrição que fizeram ajudou a outros a entenderem a Deus melhor. Assim, à medida que outros experimentavam Deus através das narrativas, aqueles escritos tornavam-se a Palavra de Deus novamente. Avaliação Certamente devemos elogiar a neo-ortodoxia por ter uma visão de Deus tão elevada (transcendente, diferente de nós e além da compreensão). Entretanto a Bíblia é mais do que um mero testemunho da Palavra de Deus. Segundo 2 Timóteo 3.16,17 a Escritura ér a Palavra de Deus. A Bíblia reivindica que Deus revelou-se e que o Espírito Santo inspirou pessoas para registra-la (2 Pe 1.20,21). E eles puderam fazer isso porque Deus acomodou-se à compreensão limitada deles. Essa teoria, portanto, falha em dar uma explicação adequada para toda a evidência bíblica. TEORIA DO DITADO Essa teoria sugere que Deus simplesmente ditou a Bíblia para os escribas humanos. Segundo a teoria, Deus escolheu certas pessoas para registrar suas palavras e então lhes concedeu as palavras que queria. Afirmam assim que os autores somente escreveram o que Deus lhes ditou. Avaliação A Escritura, na verdade, sugere que algumas vezes Deus comunicou-se com extrema precisão, palavra por palavra aos autores (Jr 26.2 e Ap 2.1,8). Em outros lugares ele permitiu que os escritores expressassem suas próprias personalidades (Gl 1.6; 3.1; Fp 1.3,4,8). Ainda assim, o Espírito Santo assegurou o término da obra, comunicando precisamente a intenção de Deus. Sendo assim, a teoria do ditado se encaixa em algumas ocorrências e em muitas outras, não. TEORIA DA INSPIRAÇÃO LIMITADA Essa teoria sustenta que Deus inspirou os pensamentos dos escritores bíblicos, mas não as palavras que viriam a escolher. De acordo com a teoria, Deus guiou os escritores à medida que escreviam, mas lhes deu liberdade para expressar seus pensamentos do seu próprio jeito. Por isso, argumentam, é que pode haver certos detalhes escritos que contenham erros. Ainda assim, acrescentam, o ensino doutrinário foi resguardado assim como a mensagem de Deus acerca da salvação. Avaliação É importante observar o ponto que essa teoria levanta. O reconhecimento de que a Escritura contém declarações difíceis de serem reconciliadas. Mas, perguntamos: a melhor solução é admitir o erro? Afinal, há abundante ênfase na Bíblia nos detalhes históricos. Assim, ao se ler Romanos 5.12-21 é preciso crer em um Adão histórico. As palavras de Jesus em Mateus 12.41 implicam que o livro de Jonas não é uma parábola. Além disso, as descobertas arqueológicas com freqüência têm resolvido os alegados problemas nos registros (como ressaltamos com os casos apresentados na abertura dessa aula). Parece então mais prudente afirmar a confiabilidade da Escritura, de toda a Escritura, à medida que aguardamos mais evidências para clarear as dificuldades. TEORIA DA INSPIRAÇÃO VERBAL PLENÁRIA Essa teoria também assevera que o Espírito Santo interagiu com os escritores humanos para produzir a Bíblia. A palavra "plenária" e "verbal" descrevem o ponto de vista particular que essa teoria dá à inspiração. Plenário significa "pleno", "completo". Assim, a inspiração plenária assevera que a inspiração de Deus se estende a toda à Escritura, de Gênesis a Apocalipse. Deus guiou os autores quer seja no registro dos detalhes históricos quer seja nas discussões doutrinárias. O termo "verbal" refere-se às palavras da Escritura. Assim, a inspiração verbal significa que a inspiração de Deus estende-se a cada uma das palavras que os escritores
  • 23. escolheram. Isso significa que tanto os escritores poderiam ter escolhido outras palavras quanto Deus teria dado liberdade para que os autores utilizassem seu próprio estilo. Mas, o Espírito Santo de tal forma guiou o processo, que as palavras que eles escolheram convergiam exatamente para o significado pretendido por Deus. A inspiração verbal e plenária sustenta então que Deus inspirou toda a Bíblia. A despeito de os escritores terem recebido liberdade para expressarem-se de acordo com seu estilo e personalidade, a inspiração compreende até mesmo as palavras que escolheram. Ao mesmo tempo o Espírito guiou o processo de tal forma que o produto final refletiu fielmente a mensagem de Deus. Avaliação Essa teoria parece tratar melhor com as evidências bíblicas. Ela reconhece o elemento humano na Escritura e também afirma que o Espírito Santo é o seu autor. É interessante observar que o fato de Deus soprar — dar vida, conhecimento e julgamento —, é uma realidade que permeia a Escritura de ponta a ponta. O livro de Gênesis 2.7 registra que Deus soprou nas narinas do homem o fôlego de vida; Jesus soprou sobre os discípulos antecipando em sua atitude a realidade que viria, o Espírito Santo (Jo 20.22); e, no dia final, o Senhor Jesus matará o iníquo com o sopro de sua boca (2 Ts 2.8). Ora, o Espírito Santo não suprimiu a personalidade de Moisés, de João ou de Paulo como se eles estivessem escrevendo algo psicografado. Não! O Espírito Santo capacitou os homens a quem escolheu a aplicarem corretamente seu ensino (João 14.26). A individualidade dos autores humanos não foi posta de lado, pois na Bíblia há várias formas de linguagem e estilos literários. A inspiração deve ser considerada de modo abrangente. Deus, o Senhor da história, fez com que um autor nascesse em determinado tempo e lugar, capacitou-o, equipou-o com uma educação definida, fez com que participasse de determinadas experiências e posteriormente fez com que lhe viesse à mente fatos e implicações desses fatos para que fossem cuidadosamente registrados. Nesse processo de escrita o Autor Primário da Escritura, Deus, em conexão orgânica com o autor e toda sua atividade precedente, sugeriu à mente do autor humano a linguagem (palavras) e o estilo para que fosse o veículo apropriado para a interpretação das idéias divinas, para o povo de todas as épocas. IMPLICAÇÃO PRÁTICA A doutrina da inspiração verbal plenária e a doutrina da revelação têm importante implicação para os cristãos. Em primeiro lugar, elas desembocam na conclusão de que a Bíblia é confiável (veja 1 Rs 17 e observe as repetições. A conclusão da mulher ao final foi essa — entendeu que a Palavra do Senhor através do profeta era confiável). Isso significa que a Bíblia fornece informação fidedigna. Ela proporciona entendimento da história do povo de Deus e também do plano de Deus para a salvação de todos os seus filhos. Ela revela ainda o tremendo significado da vida, contando para nós como nos tornarmos tudo aquilo que Deus pretende que sejamos. Em segundo lugar a inspiração verbal plenária e a revelação significam que a Bíblia é autoritativa. Pode parecer lugar comum reconhecer isso novamente. Mas é uma conclusão inescapável. A Bíblia, por ser a Palavra de Deus, ela fala com a autoridade de Deus. A Bíblia assim nos convida a lê-la, a entender suas implicações e a nos submetermos a ela. E mesmo que alguém escolha não se submeter a ela, ainda assim ela continua sendo a verdade de Deus. A Escritura como um todo nos coloca diante de uma alternativa: obedecer a vontade de Deus ou se opor a ela.
  • 24. Moisés chamou esta palavra de vida (Dt 32.47). Do que a chamaríamos hoje? Uma leitura auxiliar pode ser feita nos capítulos 1 a 3 do livro: Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós, de Norman Geisler e William Nix. 1.3. TEORIAS DA INSPIRAÇÃO (Textos extraídos de Teologia Cristã em Quadros, de H. Wayne House, Editora Vida, 2000) Teorias da Inspiração Formulação do Conceito Objeções ao Conceito Mecânica ou do Ditado O autor bíblico é um instrumento passivo na transmissão da revelação de Deus. A personalidade do autor é posta de lado para preservar o texto de aspectos humanos falíveis. Se Deus houvesse ditado a Escritura, o estilo, o vocabulário e a redação seriam uniformes. Mas a Bíblia indica diferentes personalidades e modos de expressão nos seus escritores. Parcial A inspiração diz respeito apenas às doutrinas da Escritura que não podiam ser conhecidas pelos autores humanos. Deus proporcionou as idéias e tendências gerais da revelação, mas deu ao autor humano liberdade na maneira de expressá-la. Não é possível inspirar idéias gerais de modo infalível sem inspirar as palavras da Escritura. A maneira como as palavras de revelação foram dadas aos profetas e o grau de conformidade às próprias palavras da Escritura por parte de Jesus e dos escritores apostólicos indicam a inspiração de todo o texto bíblico, até mesmo das palavras. Graus de Inspiração Certas partes da Bíblia são mais inspiradas que outras ou inspiradas de modo diferente. Essa concepção admite erros de diferentes tipos na Escritura. Não se encontra no texto nenhuma sugestão de graus de inspiração (2 Tm 3.16). Toda a Escritura é incorruptível e não pode falhar (Jo 10.35; 1 Pe 1.23). Intuição ou Natural Indivíduos talentosos dotados de excepcional percepção foram escolhidos por Deus para escreverem a Bíblia. A inspiração é semelhante a uma habilidade artística ou ao talento natural. Esta concepção torna a Bíblia não muito diferente de outras obras literárias religiosas ou filosóficas inspiradoras. O texto bíblico afirma que a Escritura vem de Deus por meio de homens (2 Pe 1.20-21). Iluminação ou Mística Os autores humanos foram capacitados por Deus a redigirem a Escritura. O Espírito Santo intensificou as suas capacidades normais. O ensino bíblico indica que a revelação veio por meio de comunicações divinas especiais, e não por meio de capacidades humanas intensificadas. Os autores humanos expressam as próprias palavras de Deus, e não simplesmente as suas próprias palavras. Verbal, Plenária Elementos tanto divinos quanto humanos estão presentes na produção da Escritura. Todo o texto da Escritura, inclusive as próprias palavras, é um produto da mente de Deus expresso em termos e condições humanos. Se toda palavra da Escritura fosse uma palavra de Deus, então não existiria o elemento humano que se observa na Bíblia.
  • 25. 1.4. TEORIAS EVANGÉLICAS DE INERRÂNCIA Posição Proponente Formulação do Conceito Inerrância Plena Harold Lindsell Roger Nicole Millard Erickson A Bíblia é plenamente veraz em tudo o que ensina e afirma. Isso se estende tanto à área da história quanto da ciência. Não significa que a Bíblia tem o propósito primário de apresentar informações exatas acerca de história e ciência. Portanto, o uso de expressões populares, aproximações e linguagem fenomênica é reconhecido e entendido no sentido de cumprir com o requisito da veracidade. Assim sendo, as aparentes discrepâncias podem e devem ser harmonizadas. Inerrância Limitada Daniel Fuller Stephen Davis William LaSor A Bíblia é inerrante somente em seus ensinos doutrinários salvíficos. A Bíblia não foi concebida para ensinar ciência ou história, nem Deus revelou questões de história ou ciência aos escritores. Nessas áreas, a Bíblia reflete a compreensão da sua cultura e, portanto, pode conter erros. Inerrância de Propósito Jack Rogers; James Orr A Bíblia é isenta de erros no sentido de concretizar o seu propósito primário de levar as pessoas a uma comunhão pessoal com Cristo. Portanto, a Escritura é verdadeira (inerrante) somente na medida em que realiza o seu propósito fundamental, e não por ser factual ou precisa naquilo que assevera. (Esta concepção é semelhante àquela da Irrelevância da Inerrância.) Irrelevância da Inerrância David Hubbard A inerrância é substancialmente irrelevante por várias razões: A inerrância é um conceito negativo. A nossa concepção da Escritura deve ser positiva. A inerrância não é um conceito bíblico. Na Escritura, erro é uma questão espiritual ou moral, e não intelectual. A inerrância concentra a nossa atenção nos detalhes, e não nas questões essenciais da Escritura. A inerrância impede uma avaliação honesta das Escrituras. A inerrância produz desunião na igreja. (Este conceito é semelhante ao da Inerrância de Propósito.) 1.5. MANEIRAS DE HARMONIZAR AS DISCREPÂNCIAS DA ESCRITURA
  • 26. Estratégia/Defensor Explanação Abordagem Abstrata B. B. Warfield Aqueles que seguem esta abordagem estão cientes de que existem dificuldades na Escritura, mas eles tendem a sentir que essas dificuldades não precisam ser todas elas explicadas porque o peso da evidência a favor da inspiração e da conseqüente inerrância da Bíblia é tão grande que nenhuma quantidade de dificuldades poderia derrubá-la. Eles tendem a usar como argumento final principalmente a consideração doutrinária da inspiração da Bíblia. Abordagem Harmonística Edward J. Young Louis Gaussen Os partidários desta abordagem sustentam que a crença na inerrância baseia-se no ensino doutrinário da inspiração. Eles afirmam que as dificuldades apresentadas podem ser resolvidas, e procuram fazê-lo - às vezes usando de conjecturas. Abordagem Harmonística Moderada Everett Harrison Esta abordagem até certo ponto segue o estilo da abordagem harmonística. Os problemas são encarados com seriedade, havendo um esforço em resolvê-los ou atenuar as dificuldades até onde isso é razoavelmente possível com os dados atualmente disponíveis. As tentativas não são feitas prematuramente. Abordagem da Fonte Errante* Edward J. Carnell A inspiração somente assegura a reprodução precisa das fontes utilizadas pelo escritor bíblico, e não a retificação das mesmas. Assim, se a fonte continha uma referência errônea, o escritor bíblico registrou aquele erro exatamente como estava na fonte. Por exemplo, o Cronista podia estar apelando a uma fonte falível e errônea ao elaborar a sua relação dos números de carros e cavaleiros. Abordagem da Errância Bíblica* Dewey Beegle A Bíblia contém erros - problemas reais e insolúveis. Eles devem ser aceitos e não racionalizados. A natureza da inspiração deve ser inferida daquilo que a Bíblia produziu. Qualquer que seja a inspiração, ela não é verbal. Não se pode considerar que a inspiração estende-se à própria escolha das palavras do texto. Portanto, não é possível ou necessário reconciliar todas as discrepâncias. Estes nomes foram escolhidos somente para distinguir as concepções. Nem Carnell nem Beegle identificam as suas posições com os nomes aqui mencionados. A tabela foi adaptada de Gleason L. Archer, "Alleged Errors and Discrepancies in the Original Manuscripts of the Bible" [Supostos Erros e Discrepâncias nos Manuscritos Originais da Bíblia), em Norman L. Geisler, ed., Inerrancy [Inerrância] (Grand Rapids: Zondervan, 1979), pp. 57-82; e Millard J. Erickson, Christian Theology [Teologia Cristã] (Grand Rapids: Baker, 1983, 1984, 1985), pp. 230-32. Estas obras foram usadas mediante permissão.
  • 27. 1.6. MODELOS DE REVELAÇÃO 1 (Textos extraídos de Teologia Cristã em Quadros, de H. Wayne House, Editora Vida, 2000) MODELO PARTIDÁRIOS DEFINIÇÃO DE REVELAÇÃO PROPÓSITO DA REVELAÇÃO Revelação como doutrina* Pais da igreja Igreja medieval Reformadores B. B. Warfield Francis Schaeffer Concílio Internacional sobre Inerrância Bíblica A revelação é dotada de autoridade divina, sendo transmitida de maneira objetiva e proposicional pelo meio (palavras) exclusivo da Bíblia.** As suas proposições em geral assumem o caráter de doutrina. Despertar a fé salvadora por meio da aceitação da verdade revelada de maneira suprema em Jesus Cristo. Revelação como Evento Histórico William Temple G. Ernest Wright Oscar Culiman Wolfhart Parmenberg Revelação é a demonstração da disposição e capacidade redentora de Deus conforme testificada por seus grandes feitos na história humana. Instilar esperança e confiança no Deus da história. Revelação como Experiência Interior Friedrich Schleiermacher D. W R. Inge C. H. Dodd Karl Ralmer Revelação é a auto-manifestação de Deus por meio de sua presença íntima nas profundezas do espírito e da psiquê humanos. Propiciar uma experiência de união com Deus que equivale à imortalidade. Revelação como Presença Dialética Karl Barth Emil Brunner John Baillie Revelação é a mensagem de Deus àqueles que ele confronta com a sua Palavra na Bíblia e com Cristo na proclamação cristã. Gerar a fé como a adequada consumação meta- revelatória de si própria. Revelação como Nova consciência Teilhard de Chardin M. Blondel Revelação é atingimento de um nível superior de consciência à medida que se é atraído para uma participação mais frutífera na criatividade divina. Obter a reestruturação da percepção e da experiência e uma concomitante auto- transformação.
  • 28. Gregory Baum Leslie Dewart Ray L. Hart Paul Tillich O modelo doutrinário reconhece a "revelação natural" (aquilo que pode ser discernido acerca de Deus pela razão ou pela criação) como algo distinto da revelação bíblica especial. Todavia, ela é considerada de pequena importância em virtude de não ser salvífica (ela simplesmente "fere" a consciência). Este modelo considera os milagres e os sinais apostólicos como confirmações da revelação. Os teólogos católicos romanos que abraçam esse modelo acrescentam a essa definição as palavras "ou pelo ensino oficial da Igreja."Este gráfico baseia-se em Avery Dulles, Models of Revelation [Modelos de Revelação] (Maryknoll, KY: Orbis Books, 1992). Usado mediante permissão. 1.7. MODELOS DE REVELAÇÃO 2 MODELO VISÃO GERAL DA BÍBLIA RELAÇÃO COM A HISTÓRIA MEIO DE APREENSÃO HUMANA Revelação como Doutrina A Bíblia é a Palavra de Deus (tanto na forma como no conteúdo). A revelação é trans-histórica (ela é discreta e determinativa quanto à sua contigüidade com a história). Iluminação (pelo Espírito Santo) Revelação como Evento Histórico A Bíblia é um evento. Está ligada à auto-revelação de Deus manifesta indiretamente na totalidade de sua atividade na história. Ela nunca é extrínseca seja à continuidade ou à particularidade dessa história. A revelação é intra-histórica (a Bíblia revela a história dentro da história). Razão Revelação como Experiência Interior A Bíblia contém a palavra de Deus (misturada com os elementos humanos de erro e mito: a Bíblia é uma "casca" que envolve o "cerne" da verdade). Essa verdade somente pode ser apreendida (experimentada) por meio da A revelação é psico-histórica (ela relaciona-se com a história como uma imagem mental da continuidade humana). Intuição
  • 29. iluminação pessoal. Revelação como Presença Dialética A Bíblia torna-se a palavra de Deus a nós (a revelação não é estática, mas dinâmica, e tem que ver com a contingência da resposta humana) na medida em que é dinamizada pelo Espírito Santo. A revelação é supra-histórica (a Bíblia revela a "história além da história"). Razão "transacional" (interação com a fé intrínseca à revelação) Revelação como Nova Consciência A Bíblia é um paradigma - um mediador pelo qual se pode obter auto-transformação e transcendência (mas ela é somente um esforço humano que utiliza uma linguagem humana "claudicante" com vistas a esse objetivo). A revelação é a-histórica (a história torna-se virtualmente irrelevante ao ser submetida a contínuas reinterpretações de transcendência pessoal). Meditação racional/mística 1.8. MODELOS DE REVELAÇÃO 3 MODELO HERMENÊUTICA BÁSICA PONTOS FORTES ALEGADOS PONTOS FRACOS ALEGADOS Revelação como Doutrina Indução (objetiva) Deriva do próprio testemunho da Bíblia sobre si mesma. É a concepção tradicional, desde os pais da igreja, até o presente. É distintivo em virtude da sua coerência interna. Provê o fundamento para uma teologia consistente. A Bíblia não reivindica a sua própria infalibilidade proposicional. Os exegetas antigos e medievais eram abertos a interpretações alegóricas/espirituais. A diversidade de termos e convenções literárias milita contra esse modelo. A ciência moderna refuta o literalismo bíblico e outras noções ligadas a esse modelo. Sua hermenêutica ignora o poder sugestivo do contexto bíblico.
  • 30. Revelação como Evento Histórico Dedução (objetiva/subjetiva) Tem valor religioso pragmático por causa de seu caráter concreto. Identifica certos temas bíblicos subestimados ou ignorados, pelo modelo proposicional. (Revelação como Doutrina). É mais orgânico em sua abordagem e aponta para um modelo de história. É não- autoritário, sendo assim mais plausível para a mentalidade contemporânea. Relega a Bíblia a uma posição de "fenômeno". É virtualmente desprovido de sustentação teológica. Apesar de sua alegada plausibilidade, não promove o diálogo ecumênico. Revelação como Experiência Interior Ecletismo (subjetiva) Oferece defesa contra uma crítica racionalista da Bíblia. Promove a vida devocional. A sua flexibilidade incentiva o diálogo inter-religioso. Faz uma seleção arbitrária de dados bíblicos. Substitui o conceito bíblico da eleição pelo elitismo natural. Por sua ênfase na experiência, faz um divórcio entre revelação e doutrina. Sua orientação experimental também apresenta o risco de uma excessiva introspecção na prática devocional. Revelação como Presença Dialética Indução (subjetiva) Procura apoiar-se sobre um fundamento bíblico. Evidencia um claro enfoque cristológico, porém não ortodoxo. A sua ênfase ao paradoxo afasta muitas objeções quanto à implausibilidade da mensagem cristã. Oferece a oportunidade de encontro com um Deus transcendente. Embora fundamentado na Bíblia, carece de coerência interna. Sua linguagem paradoxal é confusa. Sua obscuridade ao relacionar o Cristo da fé com o Jesus histórico enfraquece a sua validade. 1.9. CONCEPÇÕES ACERCA DA REVELAÇÃO GERAL Definição Revelação geral é a comunicação de Deus acerca de si mesmo a todas as pessoas, em todos os tempos e lugares. Ela refere,se à auto -manifestação de Deus por meio da natureza, da história e do ser interior (consciência) da pessoa humana. Tomás de Aquino Aquino é um defensor da teologia natural, que afirma ser possível obter um conhecimento verdadeiro de Deus a partir da natureza, da história e da personalidade humana, à parte da Bíblia. Toda verdade pertence aos dois reinos. O reino inferior é o reino da natureza e é conhecido por meio da razão; o reino superior é o reino da graça e é aceito com base na autoridade, pela fé. Aquino insistiu que podia demonstrar pela razão a existência de Deus e a imortalidade da alma.
  • 31. Teologia Católica Romana A revelação geral fornece o fundamento para a formulação da teologia natural. A teologia católica romana tem dois níveis: Primeiro Nível: A teologia natural é construída com blocos de revelação geral cimentados pela razão. Inclui as evidências da existência de Deus e da imortalidade da alma. E insuficiente para um conhecimento salvador de Deus. A maior parte das pessoas não atinge este primeiro nível pela razão, mas pela fé. Segundo Nível: Uma teologia revelada é construída com blocos de revelação especial cimentados pela fé. Inclui a expiação vicária, a trindade etc. Neste nível a pessoa chega à salvação. João Calvino Deus oferece uma revelação objetiva, válida e racional acerca de si mesmo na natureza, na história e na personalidade humana. Ela pode ser observada por qualquer pessoa. Calvino tira essa conclusão de Salmos 19.1-2 e de Romanos 1.19-20. O pecado deturpou as evidências da revelação geral e o testemunho de Deus ficou obscurecido, A revelação geral não capacita o descrente a obter um conhecimento verdadeiro de Deus. Existe a necessidade dos óculos da fé. Quando alguém é exposto e regenerado por meio do revelação especial, ele é capacitado a ver claramente o que está na revelação geral. Mas o que se vê sempre esteve lá de maneira genuína e objetiva. Seria possível encontrar uma teologia natural em Romanos 1.20, mas Paulo passa a demonstrar que o ser humano caído empenha- se na supressão e substituição da verdade. A menção da natureza no Salmo 19 foi feita por um homem piedoso que via essa natureza da perspectiva da revelação especial. Karl Barth Barth rejeita a teologia natural e a revelação geral. A revelação é redentora por natureza. Conhecer a Deus e ter informações correntes sobre ele é estar relacionado com ele na experiência salvífica. Os seres humanos são incapazes de conhecer a Deus à parte da revelação em Cristo. Se as pessoas pudessem obter algum conhecimento de Deus fora da sua revelação em Jesus Cristo, elas teriam contribuído de algum modo para a sua salvação. Não existe revelação fora da Encarnação. Romanos 1.18-32 indica que as pessoas de fato encontram a Deus no cosmos, mas somente porque já o conhecem por meio da revelação especial comunicada pelo Espírito Santo quando se lê a Palavra de Deus. A Bíblia é apenas um registro da revelação, um indicador da revelação, dotado de autoridade. Passagens Bíblicas O Salmo 19 pode ser interpretado no sentido de que não há linguagem ou palavras cuja voz não seja ouvida. Os versículos 7 a 14 mostram como a lei vai além da revelação do cosmos. Romanos 1.18-32 enfatiza a revelação de Deus na natureza. Romanos 2.14-16 enfatiza a revelação geral na personalidade humana. Paulo argumenta em 1.18 que as pessoas têm a verdade mas a suprimem por causa da sua injustiça. Os ímpios ficam sem desculpa porque Deus mostrou por meio da criação o que pode ser conhecido sobre ele. Romanos 2 observa que o judeu deixa de fazer o que a lei requer e que o gentio também sabe o suficiente para ficar responsabilizado diante de Deus. Atos 14.15-17 observa que as pessoas devem voltar-se para o Deus vivo, que fez os céus e a terra. Embora Deus tenha permitido que as nações andem nos seus próprios caminhos, ele deixou um testemunho na história e na natureza. Atos 17.22-31 registra a proclamação de Paulo aos atenienses sobre o Deus desconhecido como sendo o mesmo Deus que ele conhecia pela revelação especial. Eles haviam discernido esse Deus desconhecido sem nenhuma revelação especial. O versículo 28 admite que até mesmo um poeta pagão, sem revelação especial, pôde alcançar a verdade espiritual, ainda que não a salvação.