Exposição sobre os desafios do país e das nações frente à hegemonia do capital financeiro no mundo, feita no Conselho de Representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, SINTEPE, em Gravatá, Pernambuco, dia 19 de dezembro de 2014
Os desafios da hegemonia financeira e a luta por uma alternativa de desenvolvimento
1. Os desafios do país e das nações
frente à hegemonia do capital
financeiro no mundo
Paulo Rubem Santiago
Deputado Federal PDT-PE
Conselho de Representantes do SINTEPE
Gravatá, 19 de dezembro de 2014
2. Um desenho do mundo
2014
Estados Nacionais, governos nacionais, parlamentos nacionais, partidos
nacionais, eleições nacionais, centrais sindicais nacionais
Capital internacionalizado, instituições econômicas internacionais, fundos,
bancos, forças econômicas internacionais, movimentos de capitais
internacionais com graves impactos nas economias nacionais
A organização do capital é internacional
A organização do trabalho é nacional
A representação políticas das sociedades é nacional
Por isso o mundo vive a era da hegemonia das finanças e sua reprodução em
detrimento da reprodução do capital a partir das relações com o trabalho
3. República Federativa do Brasil -125 anos
1500 – Coroa portuguesa ocupa o território ( * )
1822 – Proclamação da Independência
1889 –Proclamação da República
1889-1930 –República do Café com Leite
1930-1945 – Era Vargas – Propor um estado nacional com pilares de
desenvolvimento ( Empresas estatais, CLT ... )
1964 – Golpe Militar interrompe mobilização social pelas reformas de
base
1985 –Fim da ditadura e “redemocratização”
(*) avanço no processo de internacionalização centro-periferia
2002 – Eleição de Lula e início de um projeto
4. Brasil 2002-2014
Manutenção da arquitetura de FHC imposta sob pressão dos grupos financeiros
internacionais e das agências de ajuste ( FMI – Banco Mundial ) no enfrentamento da
inflação, das questões cambiais (Real x Dólar ), da política fiscal ( LRF -2000), adoção do
tripé metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário
Opção por uma progressiva reforma capitalista de mercado
Salário mínimo com reajuste real
Manutenção do SM como piso para a previdência
Unificação das transferências sociais / novas estruturas administrativas ( Direitos humanos,
Igualdade racial, Juventude, Mulheres )
Ampliação de investimentos em educação ( Fundeb, Lei do Piso, PNE, Fim da DRU no OGU-
Educação, PNE-10% do PIB, 50% fundo dos royalties )
Ampliação do acesso ao crédito via consignados
Desonerações tributárias pró-consumo ( IPI-IR )
Desonerações tributárias pró-capital ( CSLL, COFINS )
Manutenção da estrutura tributária regressiva e indireta(consumo-ICMS)
Ausência de um pacto nacional anti-corrupção
5. Brasil, democratização e direitos sociais na contra-mão da
hegemonia financeira
1988 – Constituição democrática com direitos sociais
1989 – Afirmação das teses reunidas no ”Consenso de Washington”:
Estado mínimo, livre circulação de capitais, avanço nas oportunidades
de acumulação do capital-privatizações, abertura comercial,
desoneração do capital(juros sobre capital/remessas de lucros),
supremacia dos mercados-empresas, bancos e fundos financeiros
comandam a economia, a criação de novos produtos para investimento
e acumulação
Consolidação da “ financeirização da economia”
PIB financeiro é cinco vezes maior que o PIB produtivo(*)
6. Ladislau Dowbor e o controle da riqueza
1.Comprar eleições, eleger mandatos, fazer ou afrouxar as regras sobre
a movimentação do capital
2.Controlar os juros comerciais ( crédito direto, cartões de crédito etc. )
3.Controlar os juros públicos, o processo de formação e gestão da
dívida pública
A) Controle das instituições de governo na esfera econômica –
Ministério da Fazenda, Banco Central
B) Alimentação de sistemas de pressão SOBRE A OPINIÃO DA
SOCIEDADE ( mídia econômica, agências internacionais de classificação
de risco, FMI, Banco Mundial )
7. A longa crise
A supremacia dos mercados nas transações econômicas gerou a crise
que se arrasta
A liberalidade da oferta de produtos financeiros de risco sem regulação
produziu a crise
A quebradeira dos bancos pressionou os orçamentos dos estados
nacionais (Portugal, Espanha, Itália ...) para que lhes oferecessem
socorro
Aumento da dívida pública, sequestro dos tesouros nacionais,
desemprego, recessão, cortes sociais ( Grécia )
8. A crise da esquerda dentro da crise do capital
A ascensão das forças de esquerda na AL e no mundo não impediu que o
capitalismo financeiro continuasse hegemônico
( regras orçamentárias internas mantiveram a supremacia da dívida pública nas
contas nacionais-Brasil LDO 2012 e 2013 e PEC do Orçamento Impositivo)
Os movimentos sociais e sindicais foram contidos nas agendas internas de
reformas e ampliação de direitos sociais sem observarem a dimensão
internacional da crise
Os partidos de esquerda mergulharam no aparelho de estado e passaram a
valorizar a ocupação da máquina pública em detrimento da promoção de
ações transformadoras ( nenhuma reforma estruturadora aconteceu )
Crise internacional das novas formas de acumulação do capital e nenhuma
resposta unitária do trabalho e da esquerda a nível mundial, sequer
regional
9. Quem planta urtiga não colhe alface
1. Dispersão da esquerda mundial em seus territórios nacionais gerou a ascensão
das forças de mercado na definição das diretrizes de enfrentamento da crise –
Recuperação da economia americana põe o dólar no centro da economia mundial e
ameaça emergentes com fuga de capitais para os EUA )
Eleições 2014 -Eduardo Campos, Marina, Aécio e outros focaram no ajuste fiscal.
Menor meta de inflação, corte de gastos públicos, PPPs ...
2. Governabilidade fisiológica gera explosão da corrupção na Petrobras com
vínculos com a base governista e outros partidos
3. Vitória eleitoral sem ruptura com a lógica da acumulação financeira internacional
( sob pressão desses interesses e suas bases de sustentação-mída,
consultorias,porta-vozes de bancos e fundos ) nova equipe econômica é velha nos
fundamentos
4. Aumento da contribuição empresarial nas campanhas, redução das bancadas
sociais e sindicais e aumento das bancadas do capital em suas várias modalidades
10. Desafios para manter conquistas e avançar nos interesses
do trabalho e da cidadania
1. Mobilização nacional pela efetivação do PNE- Impedir que os ajustes
fiscais anunciados repitam o episódio do primeiro PNE de 2001 onde vimos
aumento da carga tributária, da dívida pública e sub-financiamento do PNE
2. Reforma política democrática ( ficou fácil aos partidos bater na porta do
capital e receber financiamento privado ) no financiamento de campanha e
nas estruturas partidárias
3. Desmonte do poder dos sistemas de pressão – Regulação e
democratização das comunicações, regulamentação do sistema financeiro,
reforma tributária progressiva ( elevação da tributação direta sobre as altas
faixas de renda, estoque de riqueza e patrimônio, desoneração do consumo )
11. Quando ganhar sem ruptura pode ser perder
na conjuntura
• Avanço das forças de direita aliadas ao capital financeiro
• Pressão dos mercados pelo enfrentamento dos indicadores econômicos (
pressão sobre inflação, baixo crescimento, superávit, “responsabilidade
fiscal” ) com o corte conservador
• Redução das bancadas de esquerda, democráticas e populares
• Dependência da maioria fisiológica no Congresso
• Desmobilização das teses históricas as e das forças sociais, em especial na
saúde e na educação ( financiamento do SUS, rumos do MEC e expansão da
educação privada-PROUNI e FIES dentro dos 10% do PIB )
• Prorrogação da DRU até 2019
12. Pernambuco 2015
• Aliança de reprodução da hegemonia do PSB com um palanque
nacional alinhado às forças conservadoras ( PSB + PSDB + DEM )
• Manutenção das teses gerencialistas e de terceirização na educação e
na saúde ( OSs e OSCIPs – O Império do IMIP e suas fundações
secundárias na saúde )
• Manutenção da máquina publicitária agressiva e onerosa
• Rejuvenescimento de forças que viviam um processo de
esvaziamento político ( DEM, PSDB e PMDB anti-Lula e Dilma )
13. Formação Política e mobilização
• Democratizar o debate da economia e das finanças públicas. Formar
quadros capazes de analisar a economia nessas dimensões;
• Construir uma biblioteca digital e um banco de textos, dissertações e
teses que ofereçam subsídios críticos sobre as movimentações e teses
do capital financeiro, suas instituições e seus sistemas de pressão;
• Após 1989 os bancos criaram “Departamentos de Economia” com
economistas especializados em produzir teses e formular opiniões à
serviço da hegemonia de seus interesses;
• As entidades nacionais devem criar seus “Departamentos de
Economia”
• Os partidos de esquerda devem tem estruturas internas que atuem
nesse sentido. Hoje a maioria se financia com dinheiro de empresas
14. Sites e referências
• www.centrocelsofurtado.org.br
• www.reded.net
• www.dowbor.org.br
• www.cartamaior.com.br
• Sites de Universidades – Federal do Rio de Janeiro, Unicamp, Federal do Rio
Grande do Sul,
• www.paulorubem.com.br
• www.facebook.com/paulorubemsantiago
• www.ufrgs.ppge/akb
• www.anpec.org.br
• Artigos de Amir Khair , João Sicsú, Luis Fernando de Paula, André
Modenesi, Fernando Ferrari, Luiz Gonzaga Belluzzo, André Nassif, Carmen
Feijó, Leda Paulani, Fernando Cardim de Carvalho, Franklyn Serrano, Carlos
Lessa