O documento discute as controvérsias em torno do termo "Web 2.0", com alguns críticos argumentando que é uma estratégia de marketing enquanto outros apontam riscos como a disseminação de informações amadoras e imprecisas. Embora reconheça esses riscos, o autor defende que o trabalho colaborativo trouxe mais informação de qualidade e que competência continua importante no ambiente digital.
1. WEB 2.0: A controvérsia
Artigo publicado no MKTPortugal a 13 Dez 2010
O termo WEB 2.0 já faz parte do nosso dia dia e por vezes nem reflectimos sobre a sua existência e, nem
rmo dia-a-dia
sabemos muito bem o que a WEB 2.0 defende.
Para definir o conceito de WEB 2.0, O´Reilly (2006) publicou no seu blogue que:
“Web 2.0 is the business revolution in the computer industry caused by the move to the internet as
tion
platform, and an attempt to understand the rules for success on that new platform. Chief among those
rules is this: Build applications that harness network effects to get better the more people use them. (This
people
is what I've elsewhere called "harnessing collective intelligence.")
intelligence.")”
A WEB 2.0 está directamente associada a uma mudança de paradigma no comportamento do utilizador
mas, nem tudo é bem aceite. Este termo tem sido contestado por diversos autores, referindo
referindo-se ao conceito
como uma "simples" estratégia de Marketing (Tim Berner
Berners-Lee, 2006).
Tim Berners-Lee é director da World Wide Web Consortiu (W3C), que supervisiona o desenvolvimento
Consortium
contínuo da Web e foi pioneiro a apresentar uma proposta para "oficializar" o conceito World Wide
WEB em 1998. É considerado o pai da primeira ggeração da WEB.
Um dos exemplos apontados é que, a Amazon.com (um site de referência da era 2.0) já interagia e permitia
comentários antes de o conceito surgir. A Amazon também apostou no trabalho colaborativo quando em
2002 abriu a sua API (Interface de Programação de Aplicativos) para os programadores explorarem esta
Programação
área.
Outro autor, Andrew Keen (2009) refere se à WEB 2.0 como um culto digital narcisista e amador. Garante
refere-se
que esta postura tem comprometido a noção de competência.
Flintoff (2007), caracteriza a Web 2.0 como algo que está a matar a nossa cultura, a nossa economia e que
iza
toda a nossa ética é posta em causa. O mesmo autor afirma mesmo que a WEB 2.0:
“are creating an endless digital forest of mediocrity: uninformed political commentary, unseeml home
unseemly
videos, embarrassingly amateurish music, unreadable poems, essays and novels.
novels.”
2. Flintoff (2007) refere ainda que a rede WEB 2.0 é pouco democrática e leva a que grandes produtos (como
é o caso da Wikipedia) contenham erros e informações falsas.
É obvio que para o “pai” da primeira geração WEB, ver O´Reilly criar um novo conceito, um conceito que
acaba por ser uma extensão do 1º e ficar com todo o protagonismo não é fácil mas, reflectindo bem sobre o
assunto, claro que o conceito WEB 2.0 adquiriu uma dimensão muito mais ampla, fruto de um Marketing
muito bem trabalhado.
O que os críticos da WEB 2.0 defendem, quando falam do facilitismo na criação de informação e de
partilha de conteúdo, que torna a Internet um repositório de informação amadora, é de todo verdade, mas,
por isso é que se torna imperial diferenciar as fontes credíveis e credenciadas das fontes amadoras. Toda a
gente sabe que a Wikipedia tem informações erradas, por isso, convém sempre tentar validar a informação
(por exemplo, analisando a bibliografia apresentada).
No ambiente físico, também há professores, formadores e oradores amadores (que transmitem informação
errada) e profissionais credenciados com toda a competência para exercerem as suas funções. O
amadorismo sempre existiu, existe e existirá, sem ser contestado da mesma forma.
Obvio que o trabalho colaborativo (como é o caso da Wikipedia) tem os seus riscos, mas, o trabalho
“amador” fez com que a boa informação se tornasse ilimitada e com que os profissionais tivessem que se
adaptar e esforçar para se diferenciarem num ambiente, cada vez mais, transparente.
No passado, ter informação era um privilegio, hoje em dia não chega.. É preciso saber interpreta-la e
adapta-la à conjuntura actual, à realidade.
Pessoalmente respeito mas, não concordo, quando Andrew Keen diz que a noção de competência está
comprometida. Considero que hoje em dia a noção de competência está mais viva do que nunca e só os
competentes se conseguem destacar num mercado atacado pela abundância. Ter talento não chega, ser
competente também não, mas, nos dias de hoje ser competente também é saber transmitir e “vender”
competência.
Quase sempre o Marketing é dado “by the book”. Se, por exemplo, Kotler diz que o plano de Marketing tem
determinada estrutura, rapidamente é adoptado por diversos docentes sem qualquer contestação. Eu não
digo que devemos contestar “gurus” como é o caso de Kotler, mas, temos o direito de analisar perspectivas
de outros autores e adapta-las às nossas necessidades. Actualmente temos informação disponível para isso
e temos recursos para expor ou partilhar o nosso ponto de vista.
Pessoalmente sou adepto do amadorismo, porque, mesmo sabendo que existe muita informação “absurda”,
também sei que há muita informação excelente que, mesmo profissionais nunca a conseguiriam obter.
3. Outra questão é que, antigamente era preciso ter um bom contacto (ou cunha, como quisermos chamar)
para adquirirmos visibilidade e partilharmos o nosso trabalho com os nossos pares, clientes ou potenciais
clientes. Actualmente qualquer um de nós pode procurar dar visibilidade ao trabalho que realiza.
No ambiente digital, só me ocorre citar uma frase de Chris Anderson que, recomenda “nunca subestimar o
poder de um milhão de amadores com chaves para a produção”.
Para mim, como sempre tenho vindo a defender, o ambiente digital é reflexo da nossa sociedade (ambiente
físico) e, o que existe no mundo físico também irá existir sempre no mundo digital, adquirindo,
obviamente, outras proporções.
Se a WEB 2.0 é fruto de um Marketing agressivo, não tenho dúvidas, mas, também não tenho dúvidas que
a geração actual é muito diferente da primeira geração WEB.
Cabe às empresas, independentemente do termo/conceito ter boa aceitação, identificar as melhores
soluções digitais para comunicar, interagir e se relacionarem com os seus clientes e potenciais clientes.
A razão deste artigo é mostrar que nem todos aceitam de ânimo leve a informação partilhada no ambiente
digital actual e, tal como Flintoff e Keen, há muitas outras pessoas (incluindo certamente nossos clientes e
potenciais clientes) com percepções controversas relativamente à WEB 2.0. Temos o dever de garantir que
a informação que partilhamos é credível e válida, mesmo estando agregada a algum tipo de amadorismo.
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Sobre o Autor
Paulo Morais
Managing Partner na T-Evolution (soluções e consultoria em Marketing Digital)
Docente na pós graduação de Marketing Digital - IPAM
Consultor de Marketing da JRS Pharmarketing
Project Manager Marketing Portugal
Mestrando de Gestão de Marketing no IPAM
Pós Graduado em Direcção de Marketing e Vendas pelo ISCTE
Licenciado em Gestão de Marketing pelo IPAM - Matosinhos
Blogue pessoal - MKTMorais