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1  sur  38
1
A toda a minha família, filhos, esposa, irmãos,
aos meus amigos, sobretudo à minha Mãe, pela
sua coragem de lutar e de existir como figura
ímpar em nossas vidas.
2
3
Minha hist ória:
Ao meu bom Deuspor mepermitir a
realização dessaobra.
4
Duas palavras mágicas:
Amor e fé
5
6
Este magma que brota no
chão do peito meu
E incrusta as pedras
Que brilham dos olhos
teus.
7
Eu deixarei que vás
Porque sempre tu fores
E a tua saudade é minha chaga.
Eu ficarei à margem
do rio das minhas lágrimas,
pranto inútil derramado por ti.
No vulcão que é meu peito,
amor sufocado espera ansioso um fim
para que desapareças dos dias meus.
Na ansiedade de todas as horas
imaginei-te como o quentume das minhas veias
E o clarão das minhas retinas.
Mas fostes apenas pó que o vento levou
História que o tempo apagou
E água que o rio caudaloso e triste levou.
8
Salve, meu Mestre
Bandeira, Manuel
Bandeira, no alto pendurada na paisagem campestre
Assim bem perto do céu
Entre violetas e miúdas flores silvestres.
Poeta maior deste Brasil
Bandeira,
Manuel,
Atrás dos montes
Numa clareira,
O cheiro das tuas chagas e fel
Emana
pedaços do teu corpo; nas fontes
Caem com o perfume de uma brisa de abril
Salve Bandeira
Poeta das mãos mágicas
Da existência humana
Das canções para o ego e para a derradeira;
Esperança do homem de amar
Poeta das paixões trágicas
Dos amores puros e da beleza rara de se dar.
Salve Manuel.
Essa bandeira
Esse Manuel.
9
Sinto no meu peito se abrindo
Um crepúsculo de cores vivas
Dias puros estão por vir
Na amplidão dos dias amenos
Encho-me coragem
E vou à luta em profundidades latentes
Nas janelas,
As mulheres castas
Espiam com seus olhares abrasadores
Pelas ruas,
Os cães ladram nos espaços vãos
O sol já se acha em entorpecido quentume
Caminho por cima de pedras, poeira
Navego depois em águas turvas
Mas deleito ao vento
Delícias puras
E antes que venham as brumas
A cismar em desejos,
Eu digo adeus
E sozinho vou levando essa minha insana alegria
1981
10
Passarim veio contar
Que do outro lado
Do brejo do fundão
Meu amor chamou pra história eu escutar
E eu cá deste lado, respondi, meio atormentado
Vai ligeiro, passarim, e peça a ela perdão
Porque aqui sofro de saudade malvada
Não desse tempo de hoje um tanto ruim
Mas daquele que passou, de beleza esparramada;
Nos campos em flor, tempo de pouco não e muito sim
Vai Passarim . . .
11
Descerra-seo véu negro danoite
E o diasevai,fulguranteluz
Nosseusclaros, azuis
Jáéquasesolidão, esseaçoite;
Queno meu pensamento desfaz
A alegria
Daquelecalmo dia
Somentealembrançadeti mesatisfaz
Então eu espero umaoutranoitedeluar
Naansiedadedo meu coração
E o novo clarão
Queanoitehádenovo sobrepujar;
Levaráumacertezadeamor
Nasondasdo mar
E em umaconchahádeficar
Como um segredo eterno em seu louvor.
12
O candelabro inerte resplandece a luz
Na incerteza do clarão
Que emana ora de ti, ora da lua
Cravando no chão, sua sombra reflete
Sua aparência calma que seduz.
Candelabro, que sorte é a tua
Em teu redor baila toda beleza alada
E ainda iluminas toda a vastidão nua
No teu lume,
A criança noite sorri
E brinca o inocente vaga-lume.
Candelabro,
Dai-me notícias daqueles amores
Vê se me ouves
Na calada destas madrugadas
E me traz lembrança
Do cheiro de noite estrelada
Deixa me esquecer de uma alegria já morta
Para que eu possa ter paz
E deixar entrar livre
Os amores em minha porta.
13
Minhabelaflor
Pequeninano seu espaço
Deolhar doce, eum odor
Depétalaao vento; num compasso
 
Bailanaquelesseuslimites
Ali no résdo chão
Sem dono ou senhor dosseuspalpites
Não existeregraali naquelevão
 
Seu olhar em cimabuscaum ponto
No clarão
Deoutro olhar eqüidistante, tonto
 
Nosso, naindiferença
Decadadia, naincompreensão
Depoder apreciá-la no seu mundo ecrença
 
14
Eu queria fazer uma canção para todas as avós
Todas, com suas cãs parecendo neve a derramar.
Eu queria fotografar seus sorrisos,
Gravar suas preces,
E distribuir por este mundo tão esquecido de Deus.
 
Eu queria fazer uma canção
Onde todas as avós pudessem afagar,
Acalentar com seus amores
Todas as crianças do mundo.
 
Eu queria ver em suas frontes tão calmas
Aqueles olhares de infinita bondade e luz
E que eles pudessem seguir na escuridão nossa de todo dia
A nos consolar, e nos fazer compreender mais uns aos outros.
 
Eu queria fazer esta canção
Num silencio de uma noite estrelada
E imaginar o céu as acalentando no seu véu
Eu queria senhor
As preces de todas as avós.
 
A penetrar nos nossos sonhos
Para que as nossas manhãs fossem mais cheias de esperança
E que no nosso dia a dia fôssemos mais irmãos
Eu queria senhor, eu queria
 
Na janela olhar o horizonte
E a cismar de saudade
Abraçar todas as avós
Abraçar com carinho de filho e de neto
Porque afinal avó é mãe, duas vezes.
 
15
Parlando a viento
En una mañana
Con el corazón
Y seguindo caminõs
De la vida
Recuerdo el condor
Volando las densas brumas
 
16
Com a semente do sorriso
Eu plantei um pé de amigos.
Assim, nas manhãs calmas dos dias,
Eu saboreio os frutos de minha doce colheita.
17
Pálidaluamatutina
Estonteadaaindavaga
Divorciadadanoite, sepõeem ansiedadevespertina.
A espiar asmanhãsnascendo nasplagas
 
Lápelasbandasdo sertão
O gado pasta
Pelosespaçosermosdaamplidão
Ondearelvasaúdao orvalho etudo ao belo searrasta
 
Asfloresjádesabrocham, jogando no ar um mistério deodores.
E láem cima, taciturna.
Tu, luapálida, sem amores.
 
Em seusmeneios
E cansadadafarranoturna
Teesvaisem devaneios
Pompéu – agosto de 1981
18
19
Uma prece
Para minha Mãe
Ela olha o horizonte com uma prece
Na mão, as pequeninas contas;
Esfrega, aquece.
O coração bate esperança
Fincada no céu
Por trás das nuvens.
No seu caminho não existem barreira, um muro
Que pare o curso
Do rio caudaloso da sua vida
E o fel se torna doce lembrança
Daqueles dias amenos
De outrora
Na aurora da sua vida
Da sua infância
Seus folguedos
Ela, dona dos seus brinquedos
Se eu pudesse
Dar-te-ia minhas noites de sonhos
Em troca dos seus dias de penúria
Se eu pudesse
Colocaria no ar que respiras
O perfume de todas as flores
E te daria a força de somados amores.
parao Paulinho eaIsabela
Eleolhaalua
E pergunta:
Pai, eu posso ir atélá!
Eu respondo meio sem jeito:
Talvez, meu filho, talvez ...
Quem sabenumanoitedesonhos
Embaixo dosteusraiosinebriantes.
Elaolhaasestrelasetambém pergunta:
O queéisso pai?
E eu respondo maisaindasem jeito:
São osolhosdanoite!
Elesenxergam pelaluz deDeus.
Eu digo:
É horadedormir
E eles:
Vamosficar maisum pouco!
É tão bom olhar alua, as estrelas. . .
E assim, nabelezadanoite,
Ficamosali aespreitar o céu.
Quem sabeàespera
Do novo clarão
Parabem cedo, nosprimeirosraiosdamanhã,
Nóstrês;
A espiar aspequenasnuvensdealgodão.
20
  Éafiada
A lâmina das palavras
E elas cortamo coração
Minha amada,
Ouve esse lamento e então
Te calas e venha me amar
Não tragas saudade
Nema passagempara a volta
Aqui hás de ficar
Semmaldade,
E então sairemos para vero pôr do sol
E todo perfume que o vento das flores sopra
Hás de ter uma mensagem
Ao nosso amoriluminado
Para o fimde nossas dores
Dos nossos rancores.
E assim
Na beleza do arrebol
Eu hei de sero teu amado
E hás de me amarenfim.
21
22
 
 
Das entranhas noturnas
Veio-me como um raio
Com o fogo dos amantes e uma calma soturna
Trazias um sorriso a desmanchar no lábio
Fez da rua vaga a passarela
Nos olhos um lume de quase mágica
Luzindo cores de uma pequena aquarela
Fez cena e ensaiou uma comédia trágica
Rompeu e fez do fim da noite
Um drama de um ato só
Sem violência e nem açoite
Acenou-me a dizer adeus
Então meus olhos com lágrimas a dar dó
Fitaram pela última vez os teus
Eu mudo de emprego
De amigos mudo
De rumo
De mulher
De vida
Mudo a roupa
A posição
As cores
Os amores
Os rancores
Eu mudo
De estação
De modos
Mudo o caminho
O sistema, tento
O olhar
E de tanto mudar
Mudei,
Parei de mudar.
 
23
Nas trilhas
Desta vida
Minha amada
Minha querida
Vou fazendo meus versos
E no silencio de uma noite estrelada
Eu os enfeito de amor
Para ti em redondilhas.
 
Domingo, inverno de1998
24
Atrásdascidadesnuas
Vejo um sexo deconcreto
E um cheiro miserável desedução
Anunciao aumento dapopulação
A céu aberto,
Nosbecoseruas,
No flagelo destascoisascotidianas
Segueo tempo preciso
Estável saber
E conciso
Destascoisasmundanas
Fecho minhaspálpebrasevou sem nadadizer
 
25
Sealguém àtuaportaem paz bater,
abra-a, como ateu coração.
 
26
De que adianta
batermos as portas da
paz, se nossas mãos
Estão ásperas de ódios.
27
Aqui jaz umaflor
Quedeum jardim foi arrancadasem dó
Elaqueperfumou a mulher ealiviou ador
Agorarepousasem vidaesó
 
Elaquenasceu naaurora
Desabrochou ao vento
Emudecidaseencontraagora
Naescuridão, sem alegriasou tormento
 
Aqui jaz aflor
Queem vidasefez em alegrias
Distribuindo belezaetambém odor
 
Descansadaem paz eagradecida
Ao orvalho altaneiro, por todosos dias
A companhia, eàterraúmidaaacolhida.
28
Não sei se no céu da minha imaginação
Existem estrelas, nuvens brancas
Um sol
Sei que existe um azul esplêndido, vazio
E uma lua solitária
Triste, flutuante.
 
Não sei se nesse céu  imaginário
Existem planetas e corpos inertes
Ignoro saber do vôo esvoaçante das borboletas 
Ou o canto perdido de algum pássaro
Mas ouço o ressonar de uma canção
Perdida . . .
No vazio da minha imaginação. 
29
Sou a força dos braços,
mente,
Sou a força do corpo
Caminhos, sou esquinas
A noite.
Sou livre no ar
E solto na vida
Amigos, eu os acho nos
bares
Nos lares, amigos do
peito
Sou transeunte cansado
Descansado
In – satisfeito
Sou a cidade pela manhã
No seu orvalho
Cheirando a concreto
Sou canção
O pão
De todo dia
De todo nada
Sou América
Sou o povo
O pouco
O Muito querer
De nada ter
E ser felizardo desta
miséria
Sou um filho
Pedaço sofrido do chão
Desta América mãe
América de todos
De tudo,
30
 
O queéo amor ?
Ó Deusperdoai
Em mim essadúvidaqueafligeminhaalma
Faça– mesabedor
Do queésimplesmenteamar
Não façasqueeu queira
Aquilo queàsvezesnão posso receber,
Nem dar.
 
                                     91
31
Meu filho vem
Mas ainda está no formão
Cada braço, perna, mão
Leva o toque do artesão
Suas formas todas inspiram o mestre
Vem filho
Faz desabrochar este velho sorriso
Faz-me lembrar de ti
Na noite infinda
Do sonho,
Como se fosse a última vez
Vem
Acalanta-me
Me faz dormir
Apascentantado no regaço de tua mãe
Descansado d’alma
E com o espírito a sorrir
Não importa a lerdeza do tempo
Vem!
Traz a bandeira da liberdade
Incrusta a beleza
Nesse caminho tão cheio de maldade
32
Vem!
Pois terá em ti
A garra do bravo
Que vem de fêmea tão pura
E que de encanto
Não verás igual criatura
Vem !
E a chamarás de Mãe
Vem !
Pois os meus braços
Anseiam os teus
Eles tão cálidos
Como os dos anjos
Vem !
Oh forma de minha forma
Da forma de tua Mãe
Da forma de Deus
Vem!
Ser o outro passo de nossos passos
Vem . . .
06/12/94
Meu afilhado sorri
E duas covinhas logo aparecerem radiantes
Ele corre, salta
E pula aos montes
Exibe uma travessura aqui,
Outra ali
Os espaços do chão
Conhece cada palmo
Como a palma da mão
Se queres dele um carinho
É só levar a face até as tuas mãos
E está prontinho
Um carinho fresquinho
Seu nome é Lucas
Podem chamá-lo de Luquinha
Que rima com gracinha
Ele não gosta de palmadas na bundinha
Só entra numa bagunça se for convidado
Já tem dois anos
E já está rapaz
Ainda não namora
Mas pra ele tanto faz
Ele só quer é ser traquinas
A tempo e a hora
Gente muito boa o Luquinha
Por isso toda a turminha
Se põe a cantar
O Luquinha é bom companheiro
O Luquinha é bom camarada
Ninguém pode negar
95
33

Dedicado ao Lucas(meu afilhado)
 
Caía à tarde
Cinzenta e triste
E fria
Um corpo tombava
Arquejava
Meu velho Pai
Em agonia
Da vida madrasta se despedia
Meu Deus,
Dai-lhe
Um lugar aí bem perto do senhor
Um lugar prá descansar
Ele que viveu entre nós
Na labuta e com furor
Dai-lhe também senhor, o perdão.
A sua compaixão,
Senhor
Dê-lhe amor
Esse que sai do coração
Não o deixe padecer
Senhor
Ou perecer
Dai-lhe
Alegria
Como aquela
 
34
Da face de uma criança a brincar
Dai-lhe senhor
Esperança
Toda noite, todo dia.
Não o deixe senhor
Esquecer os filhos
Nem da minha mãe senhor
Coloque seus pés no rumo certo
Nos trilhos
Faça seus olhos
Enxergarem longe, bem longe.
O esplendor
E que a vida
Por aí seja longa, e bela.
Infinda
E ainda
Que lhe seja boa à acolhida
 
 
 
Eu ando pelas ruas
Dessas Américas
E levo como companhia
A fumaça do meu cigarro
Por onde passo,
Nas esquinas,
Destas avenidas cinzentas
Eu diviso noites,
Também dias de penúria
Na penumbra dos concretos.
35
Lá vão os escravos do Pompéu
Eles seguem firmes e brutos
Mas com alegria
Eles preparam o Pompéu
O Brasil
Eles andam livres
Sem correntes
Nos corpos o negrume
Como o da noite
O suor dos dias quentes de sol
Eles não querem um ideal
E não sabem da força da alma, do 
coração.
Só sabem que os dias passam rápidos
E que a morte é certeira e impiedosa
Por onde andam,
As ruas do Pompéu
Vão se abrindo
E onde seus braços tocam
36
Os escravos do Pompéu
As casas vão se levantando
Enquanto as árvores preparam suas sombras
Seus frutos,
Os escravos do Pompéu
Preparam o futuro
Prenunciando a manhã
Nos mistérios dos matos
Nas lendas,
Os escravos de Joaquina
Joaquina do Pompéu,
Vão levando o gado
Nos caminhos de lama vermelha
Nas barrancas do São Francisco
No cerrado,
Na gente matreira,
Corre o sangue dos filhos de Joaquina
do Pompéu
Humilde pedaço da América.
Umabaladatristenanoite
Eu ouço - teuspassosno tapete
E o uníssono tiquetaquenaparede
É brevecanção aosmeusouvidos.
É noiteestrelada
E o cheiro deum corpo macio eaveludado
Com suasformasparecendo regidaspela
FilarmônicadeLondres, - adentraacalmariademinh'álma
Noitedeluar
Teusolhosbrilhavam como luz naescuridão
Meusabraçosesperavam deti o alento
minhasnarinassepreparavam para o teu doceodor.
Quando enfim chegaste
Trazianasilhuetasilenciosaebela
O enfado, mistério.
Olhou-me, fitou minhaspupilas
E com o maiscândido dossorrisos
Beijou-meesefoi pranuncamais.
2008
37
Você queria
Minha Isabela
Minha doce Isabela
Já bem mais cedo dar o ar de
sua graça
E tão cheia de graça chegou
Trazendo no teu corpo frágil
O motivo de nossa tamanha
alegria
A vida passa
E te vais tomando
Da forma mais encantadora
O vento que nos trouxe
apreensão
Também para longe a levou
E assim vamos te olhando
Namorando-te
Doce Isabela
Minha doce Isabela
Isa...
... Tão bela
38
Que um dia hás de ser mais bela e sedutora
Belinha
Bebela
Criaturinha
Melodia do meu canto
Meu encanto
Amo-te
De amor mais profundo
Do fundo
De todas as minhas energias
Acumuladas ao longo de tua espera
Amo-te por aqueles dias
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Em algum lugar de mim

  • 1. 1
  • 2. A toda a minha família, filhos, esposa, irmãos, aos meus amigos, sobretudo à minha Mãe, pela sua coragem de lutar e de existir como figura ímpar em nossas vidas. 2
  • 4. Ao meu bom Deuspor mepermitir a realização dessaobra. 4
  • 6. 6
  • 7. Este magma que brota no chão do peito meu E incrusta as pedras Que brilham dos olhos teus. 7
  • 8. Eu deixarei que vás Porque sempre tu fores E a tua saudade é minha chaga. Eu ficarei à margem do rio das minhas lágrimas, pranto inútil derramado por ti. No vulcão que é meu peito, amor sufocado espera ansioso um fim para que desapareças dos dias meus. Na ansiedade de todas as horas imaginei-te como o quentume das minhas veias E o clarão das minhas retinas. Mas fostes apenas pó que o vento levou História que o tempo apagou E água que o rio caudaloso e triste levou. 8
  • 9. Salve, meu Mestre Bandeira, Manuel Bandeira, no alto pendurada na paisagem campestre Assim bem perto do céu Entre violetas e miúdas flores silvestres. Poeta maior deste Brasil Bandeira, Manuel, Atrás dos montes Numa clareira, O cheiro das tuas chagas e fel Emana pedaços do teu corpo; nas fontes Caem com o perfume de uma brisa de abril Salve Bandeira Poeta das mãos mágicas Da existência humana Das canções para o ego e para a derradeira; Esperança do homem de amar Poeta das paixões trágicas Dos amores puros e da beleza rara de se dar. Salve Manuel. Essa bandeira Esse Manuel. 9
  • 10. Sinto no meu peito se abrindo Um crepúsculo de cores vivas Dias puros estão por vir Na amplidão dos dias amenos Encho-me coragem E vou à luta em profundidades latentes Nas janelas, As mulheres castas Espiam com seus olhares abrasadores Pelas ruas, Os cães ladram nos espaços vãos O sol já se acha em entorpecido quentume Caminho por cima de pedras, poeira Navego depois em águas turvas Mas deleito ao vento Delícias puras E antes que venham as brumas A cismar em desejos, Eu digo adeus E sozinho vou levando essa minha insana alegria 1981 10
  • 11. Passarim veio contar Que do outro lado Do brejo do fundão Meu amor chamou pra história eu escutar E eu cá deste lado, respondi, meio atormentado Vai ligeiro, passarim, e peça a ela perdão Porque aqui sofro de saudade malvada Não desse tempo de hoje um tanto ruim Mas daquele que passou, de beleza esparramada; Nos campos em flor, tempo de pouco não e muito sim Vai Passarim . . . 11
  • 12. Descerra-seo véu negro danoite E o diasevai,fulguranteluz Nosseusclaros, azuis Jáéquasesolidão, esseaçoite; Queno meu pensamento desfaz A alegria Daquelecalmo dia Somentealembrançadeti mesatisfaz Então eu espero umaoutranoitedeluar Naansiedadedo meu coração E o novo clarão Queanoitehádenovo sobrepujar; Levaráumacertezadeamor Nasondasdo mar E em umaconchahádeficar Como um segredo eterno em seu louvor. 12
  • 13. O candelabro inerte resplandece a luz Na incerteza do clarão Que emana ora de ti, ora da lua Cravando no chão, sua sombra reflete Sua aparência calma que seduz. Candelabro, que sorte é a tua Em teu redor baila toda beleza alada E ainda iluminas toda a vastidão nua No teu lume, A criança noite sorri E brinca o inocente vaga-lume. Candelabro, Dai-me notícias daqueles amores Vê se me ouves Na calada destas madrugadas E me traz lembrança Do cheiro de noite estrelada Deixa me esquecer de uma alegria já morta Para que eu possa ter paz E deixar entrar livre Os amores em minha porta. 13
  • 14. Minhabelaflor Pequeninano seu espaço Deolhar doce, eum odor Depétalaao vento; num compasso   Bailanaquelesseuslimites Ali no résdo chão Sem dono ou senhor dosseuspalpites Não existeregraali naquelevão   Seu olhar em cimabuscaum ponto No clarão Deoutro olhar eqüidistante, tonto   Nosso, naindiferença Decadadia, naincompreensão Depoder apreciá-la no seu mundo ecrença   14
  • 15. Eu queria fazer uma canção para todas as avós Todas, com suas cãs parecendo neve a derramar. Eu queria fotografar seus sorrisos, Gravar suas preces, E distribuir por este mundo tão esquecido de Deus.   Eu queria fazer uma canção Onde todas as avós pudessem afagar, Acalentar com seus amores Todas as crianças do mundo.   Eu queria ver em suas frontes tão calmas Aqueles olhares de infinita bondade e luz E que eles pudessem seguir na escuridão nossa de todo dia A nos consolar, e nos fazer compreender mais uns aos outros.   Eu queria fazer esta canção Num silencio de uma noite estrelada E imaginar o céu as acalentando no seu véu Eu queria senhor As preces de todas as avós.   A penetrar nos nossos sonhos Para que as nossas manhãs fossem mais cheias de esperança E que no nosso dia a dia fôssemos mais irmãos Eu queria senhor, eu queria   Na janela olhar o horizonte E a cismar de saudade Abraçar todas as avós Abraçar com carinho de filho e de neto Porque afinal avó é mãe, duas vezes.   15
  • 16. Parlando a viento En una mañana Con el corazón Y seguindo caminõs De la vida Recuerdo el condor Volando las densas brumas   16
  • 17. Com a semente do sorriso Eu plantei um pé de amigos. Assim, nas manhãs calmas dos dias, Eu saboreio os frutos de minha doce colheita. 17
  • 18. Pálidaluamatutina Estonteadaaindavaga Divorciadadanoite, sepõeem ansiedadevespertina. A espiar asmanhãsnascendo nasplagas   Lápelasbandasdo sertão O gado pasta Pelosespaçosermosdaamplidão Ondearelvasaúdao orvalho etudo ao belo searrasta   Asfloresjádesabrocham, jogando no ar um mistério deodores. E láem cima, taciturna. Tu, luapálida, sem amores.   Em seusmeneios E cansadadafarranoturna Teesvaisem devaneios Pompéu – agosto de 1981 18
  • 19. 19 Uma prece Para minha Mãe Ela olha o horizonte com uma prece Na mão, as pequeninas contas; Esfrega, aquece. O coração bate esperança Fincada no céu Por trás das nuvens. No seu caminho não existem barreira, um muro Que pare o curso Do rio caudaloso da sua vida E o fel se torna doce lembrança Daqueles dias amenos De outrora Na aurora da sua vida Da sua infância Seus folguedos Ela, dona dos seus brinquedos Se eu pudesse Dar-te-ia minhas noites de sonhos Em troca dos seus dias de penúria Se eu pudesse Colocaria no ar que respiras O perfume de todas as flores E te daria a força de somados amores.
  • 20. parao Paulinho eaIsabela Eleolhaalua E pergunta: Pai, eu posso ir atélá! Eu respondo meio sem jeito: Talvez, meu filho, talvez ... Quem sabenumanoitedesonhos Embaixo dosteusraiosinebriantes. Elaolhaasestrelasetambém pergunta: O queéisso pai? E eu respondo maisaindasem jeito: São osolhosdanoite! Elesenxergam pelaluz deDeus. Eu digo: É horadedormir E eles: Vamosficar maisum pouco! É tão bom olhar alua, as estrelas. . . E assim, nabelezadanoite, Ficamosali aespreitar o céu. Quem sabeàespera Do novo clarão Parabem cedo, nosprimeirosraiosdamanhã, Nóstrês; A espiar aspequenasnuvensdealgodão. 20
  • 21.   Éafiada A lâmina das palavras E elas cortamo coração Minha amada, Ouve esse lamento e então Te calas e venha me amar Não tragas saudade Nema passagempara a volta Aqui hás de ficar Semmaldade, E então sairemos para vero pôr do sol E todo perfume que o vento das flores sopra Hás de ter uma mensagem Ao nosso amoriluminado Para o fimde nossas dores Dos nossos rancores. E assim Na beleza do arrebol Eu hei de sero teu amado E hás de me amarenfim. 21
  • 22. 22     Das entranhas noturnas Veio-me como um raio Com o fogo dos amantes e uma calma soturna Trazias um sorriso a desmanchar no lábio Fez da rua vaga a passarela Nos olhos um lume de quase mágica Luzindo cores de uma pequena aquarela Fez cena e ensaiou uma comédia trágica Rompeu e fez do fim da noite Um drama de um ato só Sem violência e nem açoite Acenou-me a dizer adeus Então meus olhos com lágrimas a dar dó Fitaram pela última vez os teus
  • 23. Eu mudo de emprego De amigos mudo De rumo De mulher De vida Mudo a roupa A posição As cores Os amores Os rancores Eu mudo De estação De modos Mudo o caminho O sistema, tento O olhar E de tanto mudar Mudei, Parei de mudar.   23
  • 24. Nas trilhas Desta vida Minha amada Minha querida Vou fazendo meus versos E no silencio de uma noite estrelada Eu os enfeito de amor Para ti em redondilhas.   Domingo, inverno de1998 24
  • 25. Atrásdascidadesnuas Vejo um sexo deconcreto E um cheiro miserável desedução Anunciao aumento dapopulação A céu aberto, Nosbecoseruas, No flagelo destascoisascotidianas Segueo tempo preciso Estável saber E conciso Destascoisasmundanas Fecho minhaspálpebrasevou sem nadadizer   25
  • 26. Sealguém àtuaportaem paz bater, abra-a, como ateu coração.   26
  • 27. De que adianta batermos as portas da paz, se nossas mãos Estão ásperas de ódios. 27
  • 28. Aqui jaz umaflor Quedeum jardim foi arrancadasem dó Elaqueperfumou a mulher ealiviou ador Agorarepousasem vidaesó   Elaquenasceu naaurora Desabrochou ao vento Emudecidaseencontraagora Naescuridão, sem alegriasou tormento   Aqui jaz aflor Queem vidasefez em alegrias Distribuindo belezaetambém odor   Descansadaem paz eagradecida Ao orvalho altaneiro, por todosos dias A companhia, eàterraúmidaaacolhida. 28
  • 30. Sou a força dos braços, mente, Sou a força do corpo Caminhos, sou esquinas A noite. Sou livre no ar E solto na vida Amigos, eu os acho nos bares Nos lares, amigos do peito Sou transeunte cansado Descansado In – satisfeito Sou a cidade pela manhã No seu orvalho Cheirando a concreto Sou canção O pão De todo dia De todo nada Sou América Sou o povo O pouco O Muito querer De nada ter E ser felizardo desta miséria Sou um filho Pedaço sofrido do chão Desta América mãe América de todos De tudo, 30
  • 31.   O queéo amor ? Ó Deusperdoai Em mim essadúvidaqueafligeminhaalma Faça– mesabedor Do queésimplesmenteamar Não façasqueeu queira Aquilo queàsvezesnão posso receber, Nem dar.                                        91 31
  • 32. Meu filho vem Mas ainda está no formão Cada braço, perna, mão Leva o toque do artesão Suas formas todas inspiram o mestre Vem filho Faz desabrochar este velho sorriso Faz-me lembrar de ti Na noite infinda Do sonho, Como se fosse a última vez Vem Acalanta-me Me faz dormir Apascentantado no regaço de tua mãe Descansado d’alma E com o espírito a sorrir Não importa a lerdeza do tempo Vem! Traz a bandeira da liberdade Incrusta a beleza Nesse caminho tão cheio de maldade 32 Vem! Pois terá em ti A garra do bravo Que vem de fêmea tão pura E que de encanto Não verás igual criatura Vem ! E a chamarás de Mãe Vem ! Pois os meus braços Anseiam os teus Eles tão cálidos Como os dos anjos Vem ! Oh forma de minha forma Da forma de tua Mãe Da forma de Deus Vem! Ser o outro passo de nossos passos Vem . . . 06/12/94
  • 33. Meu afilhado sorri E duas covinhas logo aparecerem radiantes Ele corre, salta E pula aos montes Exibe uma travessura aqui, Outra ali Os espaços do chão Conhece cada palmo Como a palma da mão Se queres dele um carinho É só levar a face até as tuas mãos E está prontinho Um carinho fresquinho Seu nome é Lucas Podem chamá-lo de Luquinha Que rima com gracinha Ele não gosta de palmadas na bundinha Só entra numa bagunça se for convidado Já tem dois anos E já está rapaz Ainda não namora Mas pra ele tanto faz Ele só quer é ser traquinas A tempo e a hora Gente muito boa o Luquinha Por isso toda a turminha Se põe a cantar O Luquinha é bom companheiro O Luquinha é bom camarada Ninguém pode negar 95 33  Dedicado ao Lucas(meu afilhado)
  • 34.   Caía à tarde Cinzenta e triste E fria Um corpo tombava Arquejava Meu velho Pai Em agonia Da vida madrasta se despedia Meu Deus, Dai-lhe Um lugar aí bem perto do senhor Um lugar prá descansar Ele que viveu entre nós Na labuta e com furor Dai-lhe também senhor, o perdão. A sua compaixão, Senhor Dê-lhe amor Esse que sai do coração Não o deixe padecer Senhor Ou perecer Dai-lhe Alegria Como aquela   34 Da face de uma criança a brincar Dai-lhe senhor Esperança Toda noite, todo dia. Não o deixe senhor Esquecer os filhos Nem da minha mãe senhor Coloque seus pés no rumo certo Nos trilhos Faça seus olhos Enxergarem longe, bem longe. O esplendor E que a vida Por aí seja longa, e bela. Infinda E ainda Que lhe seja boa à acolhida  
  • 36. Lá vão os escravos do Pompéu Eles seguem firmes e brutos Mas com alegria Eles preparam o Pompéu O Brasil Eles andam livres Sem correntes Nos corpos o negrume Como o da noite O suor dos dias quentes de sol Eles não querem um ideal E não sabem da força da alma, do  coração. Só sabem que os dias passam rápidos E que a morte é certeira e impiedosa Por onde andam, As ruas do Pompéu Vão se abrindo E onde seus braços tocam 36 Os escravos do Pompéu As casas vão se levantando Enquanto as árvores preparam suas sombras Seus frutos, Os escravos do Pompéu Preparam o futuro Prenunciando a manhã Nos mistérios dos matos Nas lendas, Os escravos de Joaquina Joaquina do Pompéu, Vão levando o gado Nos caminhos de lama vermelha Nas barrancas do São Francisco No cerrado, Na gente matreira, Corre o sangue dos filhos de Joaquina do Pompéu Humilde pedaço da América.
  • 37. Umabaladatristenanoite Eu ouço - teuspassosno tapete E o uníssono tiquetaquenaparede É brevecanção aosmeusouvidos. É noiteestrelada E o cheiro deum corpo macio eaveludado Com suasformasparecendo regidaspela FilarmônicadeLondres, - adentraacalmariademinh'álma Noitedeluar Teusolhosbrilhavam como luz naescuridão Meusabraçosesperavam deti o alento minhasnarinassepreparavam para o teu doceodor. Quando enfim chegaste Trazianasilhuetasilenciosaebela O enfado, mistério. Olhou-me, fitou minhaspupilas E com o maiscândido dossorrisos Beijou-meesefoi pranuncamais. 2008 37
  • 38. Você queria Minha Isabela Minha doce Isabela Já bem mais cedo dar o ar de sua graça E tão cheia de graça chegou Trazendo no teu corpo frágil O motivo de nossa tamanha alegria A vida passa E te vais tomando Da forma mais encantadora O vento que nos trouxe apreensão Também para longe a levou E assim vamos te olhando Namorando-te Doce Isabela Minha doce Isabela Isa... ... Tão bela 38 Que um dia hás de ser mais bela e sedutora Belinha Bebela Criaturinha Melodia do meu canto Meu encanto Amo-te De amor mais profundo Do fundo De todas as minhas energias Acumuladas ao longo de tua espera Amo-te por aqueles dias Que hoje Como num quadro na parede Apenas lembra uma saudade Porque hoje já és presente Neste coração Que chora e sente Por ti toda paixão.