Desafios para o trânsito do amanhã: privatizar rodovias é debatido
1. EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
CADERNO
ESPECIAL
DOMINGO
Recife, 1º de maio de 2011
DIARIOdeP E R N A M B U C O
P
Desafios para o
trânsito do amanhã
“Em 1990, Pernambuco tinha uma frota de 390 mil veículos. Em 2002, alcançou a marca de um milhão de carros. E comemorou. Em menos de 10 anos quase duplicamos essa frota e
agora corremos o risco de sofrer”. O depoimento do presidente do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã, Laédson Bezerra, promovido pelos Diários Associados em Pernambuco, é
um retrato dos desafios que todos nós temos pela frente. O que fazer diante de um cenário de catástrofe iminente? O fórum terá 10 edições até o fim do ano. Na sua primeira edição, na
última quarta-feira, teve como tema as rodovias federais. Neste caderno especial, aprofundamos as questões levantadas durante o encontro. Ao final das edições, as propostas
apresentadas vão ser reunidas em um documento para ser entregue às autoridades. A ideia é que cada um possa contribuir com propostas para a melhoria do trânsito. As grandes
intervenções viárias, que estão em curso, dentro da infraestrutura para a Copa de 2014, são importantes, mas é preciso também desenvolver em cada um a atitude cidadã e a cultura do
bem. Evitar fechar os cruzamentos, não estacionar em locais impróprios, obedecer à sinalização, descobrir as vantagens de ser educado também no trânsito. Então, sejam bem-vindos!
EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando.Textos: Daniel Alves e Tânia Passos Edição: Jaqueline Andrade Edição de fotografia: Heitor Cunha. Design: Jaíne Cintra e Kelen Linck
2. 2 especial DIARIOd e P E R N A M B U C O - Recife, domingo, 1º de maio de 2011
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desafios para o trânsito do amanhã
CECILIA DE SA PEREIRA/DP/D.A PRESS
O excesso de peso dos caminhões é apontado como um dos vilões para a degradação da BR-101 Sul. Na foto abaixo, posto de pesagem abandonado em Moreno, na RMR
Privatizar é a saída para as BRs? EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
JULIO JACOBINA/DP/D.A PRESS
Especialistas debateram sobre os problemas das rodovias
Tema polêmico foi rodovias federais. Mas, afinal, pri-
discutido na primeira vatizar as estradas é a solução?
O tema polêmico trouxe à tona
edição do fórum sobre a situação atual da BR-232. E a
trânsito dos Diários pergunta que se faz é se ela tives-
Associados em PE se sido privatizada após a sua du-
plicação em 2002, estaria nas con-
J
á não nos contentamos dições em que se encontra hoje?
com um pavimento de Menos de 10 anos depois da sua
qualquer jeito. É preciso duplicação, a BR-232 apresenta
que as vias funcionem como um problemas de drenagem, buracos
tapete: boa pavimentação, sinali- em vários trechos, placas trinca-
zação e segurança para trafegar. das, acostamentos ruins e sinali- da. Se ela não fosse privatizada pacto, o professor explica que to- na década de 1970 em Igarassu,
É pedir muito? Até bem pouco zação deficiente. Pelo menos 18 também pagaríamos pela manu- das as equações feitas por insti- Moreno e Ribeirão não funcio- ! depoimentos
tempo conviver com as rodovias pontos críticos foram identifica- tenção dela”, afirmou. tuições internacionais sobre o efei- nam há mais de 20 anos. No pos-
em péssimas condições parecia dos pelo Departamento Estadual Na opinião de Maurício Pina, o to da carga no pavimento estima to da balança de Moreno, as ins-
fazer parte da “normalidade”, mas de Estradas e Rodagens (DER). estado tem pelo menos duas ro- que para cada 10% do excesso de talações foram ocupadas por famí-
já não é mais assim. Hoje, perce- Para o engenheiro e professor dovias federais em condições de peso, aumenta o efeito elevado à lias de sem-teto. De acordo com o
be-se que pagamos um preço alto das universidades Federal e Ca- serem privatizadas: as BRs 232 e quarta potência. “É um impacto superintendente de operações do
por serviços ruins e ninguém gos- tólica de Pernambuco, Maurício 101. “A demanda das duas vias de 46% a mais do suportável em Departamento Nacional de In-
ta disso. Não por acaso, a privati- Pina, um dos palestrantes do fó- justificaria uma privatização uma
tificaria cima do pavimento. Então, uma fraestrutura e Transporte (Dnit),
zação das rodovias voltou ao cen- rum, essa é uma decisão que a so- vez que são rodovias que recebem rodovia que duraria 10 anos, só Emerson Valgueiro, após as obras
“
tro das discussões. O assunto foi ciedade terá que tomar. “Nin- um volume de tráfego muito dura metade”, explicou. de requalificação das BRs 232 e Os exemplos de melhoria
um dos temas levantados no Fó- guém gosta de pagar a mais por grande e a maioria de cargas pe- No caso das estradas federais 101, os postos serão reativados. que temos pelo Brasil
rum Desafios do Trânsito do Ama-
Desafios um serviço que é obrigação do es- sadas vindas de outros estados que cortam o estado a fiscalização
fiscalização “Temos seis unidades móveis de apontam para a conveniência
nhã, promovido pelos Diários As- tado. Mas quem paga mais usa que danificam o pavimento”, ex- do excesso de carga praticamen- balança e duas fixas no interior. desse mecanismo. As 10 melhores
sociados em Pernambuco, que mais. A Ponte Rio/Niterói é pri- plicou o professor. te não existe. Na Região Metropo- Vamos reativar os equipamentos rodovias federais do país têm o
trouxe em sua primeira edição as vatizada e nós não pagamos na- Para se ter uma ideia desse im- litana, as três balanças instaladas na RMR”, disse. pedágio. Além disso, paga-se por
algo que está se usando. Diferente
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
de quando pagamos através dos
Pedágio na
impostos, que temos descontos
sem mesmo usar”
● César Cavalcanti - chefe do
Ponte do Paiva
Departamento de Arquitetura e
Urbanismo (UFPE)
A única via privatizada no es- gada, no município de Jaboatão
tado é a do sistema viário do Pai- dos Guararapes.
va. O sistema tem início a partir Os motoristas de veículos pas-
da ponte que atravessa o Rio Ja- seio pagam R$ 3,70 nos dias úteis
boatão com 320 metros de ex- e R$ 5,50 nos fins de semana e fe-
tensão. A via litorânea tem 6,2 riados. Outros veículos com até
quilômetros de extensão e é com- 5 toneladas terão tarifa específi-
“
posta de canteiro central, ciclo- ca. O sistema começou a funcio- No momento em que se
via, passeio, iluminação com ca- nar no dia 11 de junho de 2010, Único exemplo de via privatizada no estado, fluxo de veículos já superou as previsões privatiza e se angaria
beamento subterrâneo, passare- já com a cobrança do pedágio. recursos para manter a rodovia
la para pedestres, ciclovia e mi- Segundo os estudos de fluxo de
f lux novo sistema viário para o desen- bilidade de privatização da BR- tarifa da Ponte do Paiva é mais em bom estado, acho uma coisa
rantes. Conta ainda com duas tráfego, a estimativa para o pri- volvimento da região”, ressaltou 232. De acordo com o engenhei- alta porque eles executaram a boa. Porém, antes de fazer isso,
praças de pedágio posicionadas meiro ano de funcionamento era Ivan Moraes, gerente de opera- ro Maurício Pina, que partici- obra e estão retirando do pedá- precisamos de mais estudos para
nos extremos do sistema viário, de cerca de 1.800 veículos por ções da Rota dos Coqueiros. pou do estudo, o valor da tarifa gio os recursos para cobrir as não cometermos equívocos”
sendo uma em Itapuama, no mu- dia. Hoje o f luxo é de mais de 3
flux Em 2004, a Secretaria de In- do pedágio estimada na época despesas. Na BR-232, o pedágio ● Simírames Queiroz -
nicípio do Cabo de Santo Agos- mil veículos/dia. “Esse resultado fraestrutura de Pernambuco che- era de R$ 1,50. “Acho que o va- seria apenas para a manuten- presidente do Conselho
tinho, e outra em Barra de Jan- só confirma a importância desse gou a elaborar um estudo de via- lor não seria muito diferente. A ção”, explicou. Estadual de Trânsito
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desafios para o trânsito do amanhã
JULIO JACOBINA /DP/ D.A PRESS
entrevista >> Maurício Pina
“Devemos discutir sobre
a privatização da 232”
Mestre em engenharia civil com especialização na área de transporte, o professor da UFPE e da
Unicap Maurício Pina foi um dos palestrantes da 1ª edição do Fórum Desafios para o Trânsito do
Amanhã. Pina dedica-se aos estudos do setor há mais de 36 anos. Depois de tanto tempo acom-
panhando o assunto na academia e na prática, o doutorando em engenharia civil é um dos pou-
cos nomes no Recife indicado para falar sobre um dos maiores problemas das cidades brasilei-
ras: o trânsito. Em entrevista ao Diario, ele deu sua opinião sobre questões polêmicas como pri-
vatização das estradas, o crescimentos anual dos acidentes e Copa do Mundo.
Seria viável a privatização tos: um em Igarassu, que nunca acidentes. Ninguém diz que a
de estradas como a BR-232, funcionou; outro em Moreno e rodovia estava em péssimo esta-
por exemplo? mais um em Ribeirão, todos ina- do e que o motorista precisou
“
Sim. Os investimentos para man- tivos. Esses dois últimos foram desviar de um buraco e tal fato
ter essa rodovia são elevados. desativados em 1998 porque hou- causou o acidente.
Atualmente, as demandas sociais ve uma greve de caminhoneiros
estão muito grandes. Educação, na época e o sindicato deles co- O que o senhor acha dos in-
saúde e segurança cada vez mais locou como exigência ao gover- vestimentos na infraestru-
consomem volumes maiores de no o fechamento desses postos de tura viária para a Copa do
recursos. As pessoas tendem a pesagem. Desde então, não há Mundo? Discordo
reclamar que seria mais uma coi- fiscalização. Com isso, um pavi- Discordo muito quando as pes-
sa para se pagar, mas é justo. Só mento que era para durar dez soas dizem que temos que me- quando falam
paga quem usa, quem não usa anos, com cinco se acaba. lhorar o trânsito por causa da Co-
não paga. Está na hora de abrir- pa. Sou radicalmente contra essa que temos que
mos essa discussão sobre a BR- As estradas mal conserva- afirmativa. Sabe por quê? Esta- melhorar o
232. Há 9 anos ela foi duplicada das contribuem para aciden- mos em uma situação de total
e consome cada vez mais recur- tes? caos no trânsito da cidade. Não trânsito por
sos e precisamos de uma defini- Em 2005, tivemos 3.969 aciden- podemos dizer que vamos melho-
ção da fonte para isso. tes. Em 2010, foram mais de rar em razão da Copa. Devemos causa da Copa.
6.700. Algo em torno de 90% de melhorar porque precisamos. Cla- Devemos
O excesso de peso dos cami- crescimento em cinco anos. Te- ro que eu entendo que o evento
nhões é um dos principais mos que levar em consideração é uma oportunidade de captar melhorar
destruidores das rodovias. três elementos que provocam o recursos para isso. Afinal, serão
As regras de pesagem esti- acidente: o homem, a via e o veí- investimentos de grande porte. porque está
puladas para esses veículos culo. Boa parte é causada pelo Barcelona é um grande exemplo
ser humano, por imprudência, pois, na Olimpíada de 1992, mu-
um caos”
são cumpridas?
O que se fiscaliza aqui nas rodo- álcool com direção. No entanto, dou a estrutura e se transformou
vias federais em Pernambuco é nas estatísticas nunca aparecem em uma nova cidade. Os equipa- Maurício Pina, professor e
quase nada. Tínhamos três pos- as vias como provocadoras de mentos ficaram. especialista em trânsito
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desafios para o trânsito do amanhã
RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS
EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS
Rodovia Acesso à
Cidade
do Jeans da Copa
O futuro da realização da
duplicada
Copa do Mundo em Pernam-
buco passa pelas obras de du-
plicação da BR-408. Parece exa-
gero, mas não é. A pista é o
principal acesso à Cidade da
Copa. Afinal, ela é ligada ao
Primeira etapa da obra o município de Caruaru aos esta- principal corredor viário do
foi entregue há duas dos da Paraíba e Alagoas. Um dos estado, interagindo com a BR-
palestrantes do Fórum Desafios 232, o Terminal Integrado de
semanas. Até o final do para o Trânsito do Amanhã, o en- Passageiros (TIP) e com o sis-
ano, será concluída genheiro e superintendente de tema metroviário metropoli-
Operações do Departamento Na- tano, além de permitir a co-
A
principal via de acesso cional de Infraestrutura de Trans- nexão com a BR-101, no Reci-
aos polos têxteis do porte (Dnit), Emerson Valgueiro, fe. Apesar de ter começado a
Agreste do estado, a BR- informou que 58% das obras estão obra de duplicação no mes-
104, também conhecida como Ro- concluídas. “Estamos adiantados. mo período da BR-104, em ou-
dovia das “Confecções” ou do A nossa previsão é entregar tudo tubro de 2009, a BR-408 só
“Jeans”, já teve a primeira etapa até o fim do ano”, informou. concluiu aproximadamente
das obras de duplicação finaliza- Essa BR representa para os mu- 27% das suas obras. Durante
da há duas semanas. Foram en- nicípios da região uma das mais o Fórum no Diario de Per-
tregues pelo governo do estado importantes vias de escoamento nambuco foi discutida a ne-
21,4 quilômetros, do total de 51,7 dos seus produtos, o que deverá, cessidade de mais rapidez na
quilômetros. A BR corta os muni- com o fim das obras, beneficiar No alto, duplicação do viaduto em Caruaru. Acima, na 408, facilidade para a Copa duplicação dessa rodovia.
cípios de Carua- aproximada- A BR-408 é uma das quatro
ru, Santa Cruz Hoje, via tem fluxo mente um mi- rodovias federais que estão
do Capibaribe e
Toritama. O res- diário de 15 mil
lhão de pes-
soas. A via tam- + saibamais tendo as obras executadas pe-
lo estado, mas parte dos re-
tante da obra, bém exerce BR-104 Após duplicação Investimento cursos é da União. O enge-
iniciada em ju- veículos. Meta é um papel fun- nheiro e superintendente de
nho de 2009, chegar a 25 mil
deverá ser fina-
damental no
aumento do
Total de quilômetros 49 mil veículos/ dia R$ 120 milhões Operações do Dnit, Emerson
Valgueiro, que acompanha os
duplicados
lizado até o fim turismo e do Trecho e obras prontas Média de carros/dia trabalhos, informou que a pre-
deste ano. Atualmente, essa rodo- intercâmbio comercial e cultural visão de conclusão da BR-408
via recebe cerca de 15 mil veícu- entre as cidades vizinhas.
los diariamente. Em um dia de O trecho da obra já concluído
51,7 21,4 km 15 mil é para maio de 2012, mas re-
velou que os trabalhos preci-
(58% concluído)
sulanca, o fluxo chega a 25 mil veí-
flux vai da saída de Caruaru até o en- Início da obra Após duplicação sarão ser agilizados.
culos. Duplicada, a pista suporta- troncamento da PE-145, no aces- “Devemos dar maior anda-
30 mil
Investimento Junho de 2009
rá 49 mil veículos/dia. A obra es- so a Fazenda Nova. O restante do mento. Essa via é importantís-
tá orçada em R$ 319 milhões. Mes- trajeto até o distrito de Pão de
mo sendo uma via de escoamen- Açúcar, em Taquaritinga do Nor-
R$ 319 milhões Previsão de finalização sima não só para a Copa de
2014, mas também para a mo-
Final de 2011 Início da obra
to no Agreste, não levantou ne- te, segue em andamento. Dois via- Atualmente: Média Outubro 2009 bilidade do nosso trânsito”,
nhum tipo de discussão sobre pri- dutos também já foram entre- de carros/dia BR-408 disse Valgueiro. A duplicação
vatização. gues. “A duplicação dará outra vi- Previsão de finalização da rodovia vai beneficiar os
A rodovia faz a interligação dos da ao tráfego dessa importante
polos comerciais do Agreste, sen- rodovia. Os viadutos também evi-
20 mil Quilômetros duplicados Maio de 2012 municípios de Recife, Jaboa-
tão dos Guararapes e Nazaré
do importante por cortar o esta- tarão os semáforos”, afirmou a
do no sentido Norte/Sul, ligando presidente do DER-PE, Éryka Luna.
Éryka
19,7 km (27% concluídos) Fonte: DER-PE da Mata (RMR) e Carpina, na
Zona da Mata Norte.
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desafios para o trânsito do amanhã
RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS
Orçada em R$ 450
milhões, requalificação
da BR-101 inclui via
para coletivos no
trecho urbano
A
obra de requalificação
da 4ª perimetral, no tre-
cho urbano da BR-101,
também chamado de contorno
do Recife, está orçada em R$ 450
milhões. O trecho de 42km vai re-
ceber um corredor exclusivo de
ônibus nos padrões do BRT (Trans-
porte Rápido por Ônibus). O cor-
redor de ônibus sairá do quilôme-
tro 41, em Igarassu, e se estende-
rá até o km 83, em Prazeres, Jaboa-
tão dos Guararapes. De acordo
com a Secretaria de Transportes
do estado, a licitação do projeto
executivo será aberta no dia 10
de maio e a expectativa é que até
setembro seja dado início à licita-
ção da obra, a partir do projeto bá-
sico. A meta é deixar pronta a 4ª
perimetral até 2013.
Com um tráfego de 35 mil a
55 mil veículos, o trecho do con-
torno do Recife é um dos mais
problemáticos. Além do tráfego
intenso, a via se encontra em pés-
simo estado de conservação. Em
Um corredor para ônibus
vários trechos o pavimento apre-
senta fissuras e trincas. A manu-
tenção ocasional da operação ta-
pa-buraco é um paliativo que só
piora quando os buracos voltam
a abrir. A sinalização é precária GOVERDO DO ESTADO DE PE/DIVULGAÇÃO
e o canteiro central é muitas ve-
zes usado como ponto de retor- + saibamais
no irregular. BR 101 (4ª perimetral )
Pelo projeto da Secretaria de
Transportes de Pernambuco, a ro-
dovia terá o pavimento requalifi-
cado ao longo do contorno em
R$ 450
milhões é o custo estimado
cerca de 40 km. O canteiro central para a obra
será usado para implantação das
estações de embarque no padrão
do BRT: pagamento antecipado e
embarque no nível da porta de
2 viadutos
serão construídos para
entrada, a exemplo do metrô. No implantação do corredor BRT
percurso será implantado ainda
um elevado nas proximidades da
reitoria da UFPE até a BR -232.
Com a implantação de uma fai-
1 elevado
será implantado entre a
xa exclusiva para ônibus, a via reitoria da UFPE e a BR 232
será alargada. Além da faixa do
ônibus haverá outras três faixas
para os veículos. O projeto tam- 42 km
bém prevê dois viadutos: um so- será o trecho do corredor do
bre o viaduto da Caxangá e ou- BRT de Igarassu a Jaboatão
tro próximo ao Posto da Polícia dos Guararapes
Rodoviária Federal nas imedia-
ções do Colégio Militar. Corredor que deixará o trânsito fluir sairá de Igarassu e seguirá até Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes BR 232
2002
Os problemas estruturais da 232
Conclusão da duplicação
R$ 500 mi
custo de execução da obra
O custo da obra de recuperação também havia apontado proble- feitos os reparos, mas isso nunca (DER), Éryka Luna, foram identi- As obras de recuperação serão
da BR-232 está estimado em R$ mas estruturais na via. De acordo ocorreu e os problemas se agrava- ficados 18 pontos críticos da rodo-
ficados realizadas da saída do Recife até
100 milhões. A rodovia apresenta
problemas estruturais, que já ha-
com o superintende de operações
do Dnit, Emerson Valgueiro, por
ram”, afirmou Emerson Valguei-
ro. As obras de recuperação da BR
via. Segundo ela, o maior proble-
ma é de drenagem. “Estamos fa-
Caruaru (um trecho de 130 km).
A estimativa é que a obra, previs-
R$ 100 mi
custo da requalificação
viam sido identificados em 2004 causa disso o órgão não oficializou
oficializou 232 estão dentro do cronograma zendo obras emergenciais de ma- ta para ser iniciada em 2012 seja
em um relatório feito pelo Depar- o recebimento da rodovia federal da Secretaria de Transportes de nutenção, mas o problema maior realizada até 24 meses. “Depois
tamento Nacional de Infraestru-
tura e Transporte (Dnit). Outro re-
que havia sido entregue ao estado
para as obras de duplicação.
Pernambuco. De acordo com a
presidente do Departamento Es-
de drenagem só será resolvido
com a recuperação da via que vai
da recuperação, o estado vai ten-
tar receber os recursos que foram
2012
Previsão do início das obras
latório feito por técnicos da USP, “Nós pedimos para que fossem tadual de Estradas e Rodagens ser licitada neste mês”, apontou. investidos”, afirmou Éryka Luna. de restauração
6. SILVINO/DP
CADERNO
ESPECIAL
DOMINGO
Recife, 22 de maio de 2011
DIARIOdeP E R N A M B U C O
P
Integração é senha
para a mobilidade
Nenhum tipo de mobilidade é capaz de funcionar de forma isolada. São rodovias que se integram ao cotidiano das cidades. São cidades que também dependem de sua própria
capacidade de se integrar, movimentar ou parar. Não são apenas os transportes de massa que são essenciais. Todas as formas de mobilidade são bem-vindas. A rodovia que divide
espaço com o ciclista de forma segura. O ciclista que sabe o seu lugar e o pedestre, até então sem vez, sem passeios, que descobre que tem direito ao seu espaço. O trânsito que teremos
amanhã depende de cada um de nós, mas também das políticas públicas. Na segunda edição do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã, promovido pelos Diários Associados,
mostramos que a mudança do olhar redesenha um novo mapa viário para o estado e recria possibilidades. Descobrimos também que a iniciativa privada tem um papel fundamental no
desenvolvimento por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e, sobretudo, que a Copa do Mundo não se resumirá a três jogos, mas deixará para nós um dos maiores legados na
infraestrutura viária. Nunca se investiu tanto na mobilidade de uma única vez. Lições que caminham juntas: investimentos, políticas públicas e cidadania. Já não era sem tempo.
EXPEDIENTE : Diretora de redação: Vera Ogando.Textos: Daniel Leal e Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha. Design: Moacyr Campelo
7. 2 especial DIARIOd e P E R N A M B U C O - Recife, domingo, 22 de maio de 2011
d
desafios para o trânsito do amanhã
BR
EDITORIA DE ARTE/DP
BR 101
316
BR AFOGADOS DA
AFOGADOS DA BR
INGAZEIRA
INGAZEIRA
116 104 BR
PE- 320
PE- 320 PE- 292
PE- 292 408
CARPINA
BR
OURICURI SALGUEIRO
ALGUEIRO PE-
PE- 390 PE-
PE- 280 232
SERRA TALHADA
TALHADA RECIFE
RECIFE
PE-
PE- 265
PE-
PE- 604 2 CARUARU
ARUARU
VITÓRIA DE
SANTO ANTÃO
ANTO
3 1
ARC
ARCOVERDE
PE-
PE- 360 PE-
PE- 126 PALMARES
ALMARES
PE- 177
PE- 177
PE-
PE- 555
GARANHUNS
BR
428 BR
PETROLINA
PETROLINA polos econômicos Confecção
Confecção e turismo
423
Apicultura ges
Apicultura e gesso Terciário moderno
erciário moderno
polígonos viários e artesanato
art sanato
Zona da Mata/Agr
Agreste Agreste/Sertão
Agr S Sertão/Sertão
S C aprinoovinocultura
aprinoovinocultura
1 Formado pelas PEs 126,177 e as
2 Formado pelas PEs 265,280, 292, 320 e 360,
3 Formado pelas PE- 390, BR -116, PE- 604, PE-
e turismo
Madeira móveis
Madeira e móveis
BRs 101, 232 e 423, cria alternativas de possibilita a integração dos polos entre 555 e BR- 428, faz a integração dos polos entre Fruticultura irrigada
ruticultura irrigada Tecnologia da
tráfego para desafogar a BR- 232. Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Serra os sertões do Pajeú, Araripe e São Francisco. e turismo informação
inf
Integra os polos de engenhos, Talhada e Floresta. Integra os polos da Integra os polos da caprinovinocultura, Leite e derivados,
e turismo Turismo
confecções e turismo no litoral Sul caprinovinocultura, turismo e bacia leiteira gesseiro, fruticultura e roteiro do vinho
PEs nas rotas
TERESA MAIA/DP/D.A. PRESS
da produção
U
Governo aposta m olhar ao contrário. E há uma razão para isso. Não
De Leste a Oeste, do é preciso ir muito longe para
em sistema viário Sul ao Norte. A nova perceber que o litoral é onde se
alternativo pela estratégia para o de- concentra a maior malha viária
rodovias estaduais, senvolvimento das rodovias esta- do estado e mesmo assim em co-
duais obedece a lógica não apenas lapso. Com o processo de dupli-
que funcionarão como de reduzir distâncias e tirar do cação de vias estruturadoras, a
eixos de integração isolamento comunidades quase exemplo das BRs 101, 104, 408 e
esquecidas. Isso também, mas 423 e a promessa de mais um
principalmente fazer a interliga- trecho da 232, de São Caetano a
ção dos polos produtivos nos qua- Cruzeiro do Nordeste, o passo
tro cantos do estado. O desafio agora é melhorar as condições
“
tem pela frente um universo de de rodovias estaduais também O secretário de Transportes, Isaltino Nascimento, apresentou plano para as rodovias
142 estradas estaduais, hoje pre- estratégicas na interligação dos
cárias. A meta é transformar essas polos produtivos. Entre elas PEs desenvolvimento. “A expansão ferrovia Transnordestina será es- ção das PEs 177 e 126 será possí-
vias, mal pavimentadas, em ver- 90, 120, 126, 127, 177, 275, 292, dos polos industriais no interior tratégica porque ela segue para- vel chegar ao mesmo destino
dadeiros eixos de integração em 360, 390 e 320. A reestruturação do estado aumentará a circula- lela à BR-232, mas além disso, o acessando também a BR-101, sem
A expansão dos três anos. E, nessa perspectiva, a das rodovias tem como propósi- ção de cargas e a pressão sobre a estado está apostando em um sis- utilizar a 232. “Para atrair o trá-
espinha dorsal é a BR-232, que to criar pelo menos três polígo- BR-232. Basta olhar o que está tema viário de rotas alternativas fego nesse sentido precisamos
polos industriais atravessa praticamente todo o es- nos viários nas zonas da Mata, acontecendo em Suape, Caruaru potencializando as PEs”. de rodovias em condições per-
aumentará a tado. No tema rodovias estaduais, Agreste e Sertão. e Salgueiro. É uma questão de Um exemplo do plano B, pre- feitas com boa pavimentação,
da 2ª edição do Fórum Desafios Os polígonos viários irão fun- tempo e a gente precisa se ante- visto no cronograma da Secreta- acostamento e sinalização. Elas
circulação e a para o Trânsito do Amanhã, pro- cionar não apenas como rotas de cipar”, afirmou o presidente da ria de Transportes, pode ser vis- não vão ser duplicadas, mas em
movido pelos Diários Associados, desenvolvimento, mas também Agência Condepe/Fidem, Antô- to no município de Garanhuns, alguns casos serão alargadas”,
gente precisa se a Secretaria de Transportes apre- como alternativas de corredores nio Alexandre. Segundo ele, os no Agreste Meridional. Para detalhou o secretário de Trans-
antecipar” sentou o redesenho de traçados já para desafogar a BR-232. A Agên- estudos sobre os impactos na ma- quem viaja hoje de Garanhuns portes, Isaltino Nascimento.
existentes e de outros que ainda cia Condepe/Fidem já faz proje- lha viária dos transportes de car- para o Recife, a lógica é pegar a Está prevista ainda a pavimen-
não existem, tendo como foco o ções de estrangulamento dessa ga ainda não foram concluídos, BR-423 e acessar a BR-232 até che- tação também de vias vicinais
Isaltino Nascimento, secretário
prolongamento do olhar, do lito- rodovia em até cinco anos em mas é preciso planejar alternati- gar à capital. Com a proposta do para interligar comunidades e
de Transportes de Pernambuco ral para o interior. função da demanda dos polos de vas para atender a demanda. “A polígono, depois da requalifica- dos acessos aos estados vizinhos.
FOTOS: ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
PE- 60 ainda é
um nó a ser desatado
Uma das principais rodovias es- Logística de Transportes (PNLT),
taduais no litoral Sul já não com- não há ainda um cronograma de
porta mais o tráfego. A proposta implantação. Pelo plano, a esti-
de federalização da via ainda não mativa é até 2015. Orçado em cer-
foi aprovada no Congresso Nacio- ca de R$ 1,3 bilhão, não há ainda
nal. Principal acesso às praias do projeto e tampouco a definição
litoral Sul e ao Complexo de Sua- dos recursos. “Essa via é impor-
pe, mesmo se a duplicação já es- tante porque ela irá tirar todo o
tivesse concluída já estaria satu- tráfego pesado que hoje passa por
rada com um fluxo atual de qua-
f lux dentro dos centros urbanos do
se 50 mil veículos/dia, sendo mais nosso litoral e vai desafogar tam-
de 30% de tráfego comercial. bém a 101. O arco é uma das prio-
De acordo com o secretário de ridades do governo do estado”, Uma das principais rodovias do Litoral Sul, a PE-60 já está com o trânsito saturado
Transportes, Isaltino Nascimen- afirmou o secretário.
to, a principal alternativa para de- Enquanto o arco não vem, o acesso a Suape. Do km 13,3 até aguarda o termo de referência complexo de Suape está execu-
safogar o tráfego da PE- 60 e da BR- estado dividiu a recuperação da o km 21, o projeto de duplica- para elaboração do projeto. “Nós tando uma autoestrada paralela
101 será a implantação do arco PE- 60 em quatro segmentos: Do ção foi licitado e está orçado em estávamos aguardando a federa- a PE -60, por meio de uma Par-
metropolitano. Ele saírá de Suape quilômetro 0 ao km 10, já é du- R$ 59 milhões. Aguarda a au- lização para os recursos serem ceria Pública- Privada (PPP). É
margeando o litoral até Itamar- plicado. Do km 10 ao 13,3, o tre- diência pública do Ei-Rima e de do governo federal. Mas o proje- uma via de 12 km que já existia
Secretário das Cidades, cá. Tem cerca de 140km e corta- cho se encontra em obras de du- alguns ajustes solicitados pela to ainda não passou. Por enquan- e faz parte do sistema viário de
Danilo Cabral, fez rá sete municípios. Apesar de fa- plicação. É o que contorna a re- Prefeitura de Ipojuca. Do km 21 to, vamos executar os projetos Suape, que vai possibilitar o es-
palestra no fórum zer parte do Plano Nacional de finaria e serve também de 2º ao 86,6 na divisa de Alagoas, licitados”, revelou o secretário. O coamento do Norte e do Sul.
8. DIARIOd e P E R N A M B U C O - Recife, domingo, 22 de maio de 2011
d especial 3
desafios para o trânsito do amanhã
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
Não basta tapar + saibamais
Malha viária
em Pernambuco
os buracos 9.978 km
é o total de rodovias estaduais
4.897 km
H
Empreiteiras terão istoricamente, as ro- será entregue à Secretária de (50%) estão pavimentadas
dovias pernambuca- Transportes a análise de 588 qui-
que cumprir nas são sinônimos de lômetros, em 18 rodovias. Os de-
parâmetros básicos estradas esburacadas mais estudos serão entregues em 1 mil km
de qualidade e problemáticas. Dos cinco mil quatro meses. “Nosso objetivo é pavimentados estão
quilômetros de estradas estaduais universalizar o padrão de atendi- em péssimo estado
nas rodovias pavimentadas, pelo menos 20% mento para toda a rede. Além dis- de conservação
estão em péssimas condições. As so, queremos restringir a manu-
chuvas, aliadas a um sistema de
drenagem falho e um mau servi-
tenção dos pavimentos a interven-
ções emergenciais e improduti-
5.081 km
estão em leito natural ou em
ço de recapeamento, só ajudam a vas. Vamos otimizar a aplicação processo de terraplanagem
manter a má fama. Para mudar es- dos recursos disponibilizados”, (não pavimentados)
sa realidade, a Secretaria de Trans- afirmou o secretário da pasta, Isal-
afir
portes promete inverter a lógica tino Nascimento.
da manutenção das estradas es- Dos dez mil quilômetros de es- Idade média das
taduais visando requalificar as ro-
ualificar tradas estaduais, cerca de 50% são rodovias estaduais
dovias pavimentadas no estado. pavimentadas. A outra metade é pavimentadas
O processo é simples: antes, composta por leito natural (de ter-
quando o governo contratava uma ra batida) ou terraplenagem pron- 31 anos
“
empresa para restaurar um tre-
cho de uma estrada, a empreitei-
ta, que ainda irá ser finalizada.
“Apesar desse número de rodo- 1,2 mil km
Ex: PE-507 (Salgueiro-Serrita)
ra só ficava responsável por tapar vias não pavimentadas, a nossa
os buracos. Como muitos desses preocupação atual é recuperar as e PE-090 (Carpina-Limoeiro-
Surubim)
serviços eram realizados e, pela estradas já construídas”, afirmou
Serão baixa qualidade, logo apresenta- o secretário executivo de Trans-
vam falhas, o governo resolveu portes, Carlos Júnior. Segundo ele, 21 anos
analisados mudar: agora só irá contratar as
empresas por pacotes onde esta-
esse novo modelo proposto tem
uma peculiaridade: só concluirá
1,8 mil km
indicadores rão incluídos tanto a restauração o pagamento à empresa contra-
Ex: PE-089 (Limoeiro-Sirigi-
Timbaúba) e PE-062 (Goiana-
como bom quanto a manutenção. Ambos tada caso os parâmetros básicos Condado-Aliança)
agregados em um contrato de três de qualidade sejam cumpridos.
acostamento, anos, que só será totalmente pa- “Indicadores como bom acosta- 11 anos
go após o fim dos serviços cum- mento, sinalização horizontal,
sinalização e pridos e devidamente realizados.
Para iniciar o processo de mu-
drenagem e ausência de buracos
serão devidamente analisados”.
1,9 mil km
buracos” dança, uma empresa foi contrata- Esta metodologia de conserva-
Ex: PE-585 (Araripina-
Serrolândia) e PE-300
da este ano para fazer um raio x ção das estradas já é utilizada (Inajá-Manari)
Carlos Júnior, secretário
das 142 rodovias estaduais pavi- em Minas Gerais, Paraná e Mato
Fonte: Secretaria de Transporte de
executivo de Transportes mentadas. Nos próximos 30 dias, Grosso do Sul. Recuperação das vias é prioridade, mas contratos mudarão Pernambuco
9. 4 especial DIARIOd e P E R N A M B U C O - Recife, domingo, 22 de maio de 2011
d
desafios para o trânsito do amanhã
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
Empreendimento da Ponte do Paiva é o único exemplo no estado de uma PPP no sistema viário. O fluxo de veículos já superou as expectativas em apenas dois anos
ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS
Alternativa entrevista >> Ilo Leite
“No mundo, apenas
viável e lucrativa 3% das parcerias
Especialistas ceria como um meio seguro e Arquitetura e Engenharia do
deram errado”
defendem Parceria viável para o estado mudar a estado (Sinaenco-PE), Ilo Leite.
péssima realidade das estradas. O objetivo das parcerias é Um dos maiores especialistas em PPPs do Brasil, o engenhei-
Público-Privada (PPP) “As dez melhores rodovias do atingir o melhor atendimento ro Ilo Leite foi um dos palestrantes da segunda edição do Fó-
como meio rápido Brasil estão em São Paulo e to- de uma determinada deman- rum Desafios para o Trânsito do Amanhã. Com experiência in-
ternacional em consultoria a várias empresas europeias, é o atual
para mudar a péssima das são frutos de PPPs. Não ve- da social. Como contrapresta-
vice-presidente do Sinaenco-PE e foi contratado como con-
realidade das estradas jo como não se pensar nisso. ção, o setor público paga ou
Algumas pessoas podem ques- contribui financeiramente, no sultor de PPPs pelo governo de Pernambuco. Segundo ele,“em
tionar o fato de ter que passar decorrer do contrato, com os qualquer área pública, você sempre vai encontrar alguma pos-
S
ão aproximadamente a pagar pelo serviço. Mas é jus- serviços já prestados à popula- sibilidade de fazer uma PPP”.
dez mil quilômetros to: só paga quem usa. No pú- ção, dentro do melhor padrão
de rodovias estaduais. blico, mesmo quem não usa, de qualidade aferido pelo po- As PPPs podem ser a solu- ter no mínimo 5 e no máximo
Como o próprio nome também paga via impostos”, der concedente. Como também ção para a melhoria das es- 35 anos.
sugere, essa malha é dependen- disse um dos especialistas con- é consultor do governo do esta- tradas no estado?
te das finanças do estado para vidados do Fórum, o chefe do do sobre PPPs, Ilo Leite admitiu Essas parcerias são grande solu- Se não fosse a PPP, tería-
se manter em boas condições. Departamento de Arquitetura que Pernambuco tem alguns ções para onde o governo preci- mos condições de realizar
Todavia, ao longo das estradas projetos em estudo para possí- Ilo Leite, especialista em sar multiplicar seus recursos. O o projeto da Copa no esta-
que pertencem a Pernambuco, veis implantações de novas par- PPP fez palestra no fórum estado tem muitas responsabili- do?
cerca de 50% estão sem pavi- A Ponte do Paiva cerias. “Está em gestação um dades: saúde, educação, segu- Não. Os prazos eram muito cur-
mentação. Além disso, dos cin- e a Arena da Copa pensando na área de saneamen- rança. E tudo isso necessita prio- tos, os recursos (em torno de R$
co mil quilômetros que estão to, interiorização para 13 loca- ritariamente de investimentos 500 milhões) elevados e os níveis
pavimentados, mais de um mil são modelos lidades do Expresso Cidadão e e muitos recursos. O cobertor é de exigência da Fifa altíssimos.
estão em péssima conservação. também está em análise rodo- curto: ou cobre a cabeça e dei- Foi uma via necessária utiliza-
“
Apesar de o governo apostar positivos de PPPs vias com a questão da mobili- xa os pés do lado de fora ou o da pelo estado e, se não fosse as-
em uma mudança radical na dade urbana. Onde se imagi- contrário. sim, certamente não teríamos
política de manutenção das es- e Engenharia da UFPE, César nar área de serviço publico, ca- Como funciona essa parce- condições de tocar o projeto.
tradas, uma tendência, segun- Cavalcanti. be um estudo sobre uma PPP”. ria?
do os especialistas, é a Parce- A Ponte do Paiva, no Litoral A boa recepção às PPPs, du- Normalmente, fazemos aqui no Pernambuco possui proje-
ria Público-Privada (PPP), que Sul, e a iniciativa para a cons- rante o Fórum, foi quase uma Se não fosse a PPP, estado uma Participação de Ma- tos de PPPs em curso?
surge como uma saída rápida, trução da Arena da Copa, em unanimidade, mas o tema foi nifestação de Interesse (PMI). Está em gestação pensamentos
de qualidade e, sobretudo, lu- São Lourenço da Mata, são dois tratado de forma mais cautelo- o estado não teria Uma empresa se apresenta para na área de saneamento, interio-
crativa tanto para o governo bons exemplos de PPPs em Per- sa pelo secretário de Transportes, condições de o estado e solicita uma autoriza- rização para 13 localidades do
quanto para a empresa que ade- nambuco. Essas parcerias acon- Isaltino Nascimento. “Sabemos ção de estudo, que o governo po- Expresso Cidadão, e também es-
rir a concessão. tecem quando o setor privado que essas parcerias são uma al- tocar o projeto da de permitir ou não. Se aprova- tão em análise rodovias com a
Com a necessidade emergen- projeta, financia, executa e ope- ternativa, mas, atualmente, pa- do, o projeto entra em licitação questão da mobilidade urbana.
cial de não só recuperar as ro- ra uma determinada obra/ser- ra as nossas rodovias, estamos Arena da Copa em como PPP. Nesse caso, analisa- Especialmente para as estradas,
dovias no estado como também viço. “De todas as PPPs no mun- apostando no novo modelo do tempo hábil” mos sustentabilidade, acompa- essa parceria pode aparecer co-
expandi-las em tempo recorde, do, apenas 3% não deram cer- plano de manutenção. Esta estra- nhamos a modelagem da par- mo uma solução viável. Afinal,
visando os investimentos para to”, defendeu o palestrante do tégia, inclusive, está sendo apoia- ceria, vendo se está tudo dentro a burocracia para licitar uma
a Copa do Mundo, a maioria tema no Fórum, o vice-presi- da e aprovada pelo Banco Mun- Ilo Leite, vice-presidente do da lei, se há equilíbrio econômi- obra de recapeamento, por
dos especialistas aponta a par- dente do Sindicato Nacional de dial”, explicou o secretário. Sinaenco - PE e especialista em PPP co-financeiro. A parceria pode exemplo, pode demorar meses.