Célestin Freinet foi um pedagogo francês que desenvolveu métodos inovadores de ensino baseados na expressão, produção e cooperação dos alunos. Ele criticou a escola tradicional autoritária e propôs que a aprendizagem aconteça por meio do trabalho ativo e da experiência dos estudantes. Freinet aplicou essas ideias na sua própria escola e movimento pedagógico.
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Freinet
1.
2. Biografia
• Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896 na aldeia francesa de
Gars, situada no sul desse país.
• Na adolescência mudou-se para a cidade de Nice onde iniciou o curso de
magistério
• Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, Freinet interrompeu
seus estudos e alistou-se. Em combate, sofreu as ações de gases tóxico,
que comprometeram seus pulmões pelo resto da vida
• Em 1920 Freinet iniciou em uma escola rural de Bar-Sur-Loup suas
atividades sem ainda ter concluído o curso normal. Desenvolveu
rapidamente um pensamento crítico sobre a escola tradicional, permeada
de autoritarismo e distante da vida e da realidade dos alunos. Começa a
construir neste momento seus métodos de ensino. Observa e registras
atentamente os interesses, problemas e a personalidades das crianças.
Busca respaldo nas teorias e propostas pedagógicas de Rousseau,
Claparède, Ferrière e Pestalozzi
3. • Em 1926 casa-se com Elise. Escreve o seu primeiro livro “ A Imprensa
Escolar”. Cria a revista “La Gerbe”
• No ano seguinte publica o artigo “Abaixo os manuais escolares”
• Em 1928 cria a Cooperativa de Ensino Laico –CEL visto que , já havia
desenvolvido o essencial do seu pensamento e de suas propostas
pedagógicas.
• Em 1933, suas ideias começa m a incomodar os conservadores franceses.
Freinet deixa o sistema público onde é hostilizado.
• Em 1935 cria a sua própria escola. Em 1936 o movimento começa a se
desenvolver em torno de temas provocantes como: Abaixo os Manuais,
o texto livre, Se a Gramática Fosse Inútil?, o Fichário Escolar Cooperativo,
Método Natural de Leitura.
• Durante a segunda guerra mundial Freinet é preso, sua escola é fechada
e destruida.
• Terminado a guerra, lança –se de corpo e alma à divulgação do seu
pensamento. Cria o Instituto Cooperativo da Escola Moderna (ICEM) em
1947 e a Federação Internacional do Movimento da Escola Moderna
• Freinet morre na cidade de vence, na França, em 1966
4. Ideias pedagógicas
Freinet foi um pedagogo humanista, autodidata e sindicalista .
Critico da Escola Tradicional e da Escola Nova.
Fazia criticas as propostas da Escola Nova, particularmente
Decroly e Montessori questionando seus métodos, pela
definição de materiais, locais e condições especiais para
realização das atividades pedagógicas. Freinet se diferencia da
maioria dos outros importantes pensadores e teóricos da
educação por ter sido ele mesmo um professor primário que
atuou em sala de aula por quase toda a sua vida.(40 anos)
Toda a sua proposta pedagógica deriva diretamente do
trabalho desenvolvido com os alunos na busca de um processo
que os levasse a gostar da escola e do trabalho, que os levasse
a ser cidadãos conscientes, participantes e críticos do meio
social.
5. Esta proposta que criou com seus pares e conhecida por muitos e
significativos nomes (“Pedagogia Freinet”, “Pedagogia do
Trabalho”, “Pedagogia do Bom Senso”, “Método Natural” e
“Pedagogia do sucesso”)
Embora não fosse um acadêmico Freinet não ignorava os debates
pedagógicos de seu tempo, marcados pelo surgimento da Escola
Nova, corrente de pensamento para o qual a aprendizagem
acontece pela atitude ativa da criança, que procurava respostas a
questões colocadas por seus centros de interesses.
7. Freinet assume esses princípios mas não sem criticá-los e
desenvolvê-los. Para ele a aprendizagem da criança passa pela
produção cooperativa de bens materias ou culturais. Cria-se a
partir de suas propostas uma situação onde a criança, em
situação ativa, se apropria de conhecimentos multidisciplinares,
com a ajuda de seu professor.
8. Princípios da Pedagogia Freinet
Propõe uma pratica pedagógica centrada na produção dos alunos
e na cooperação entre pares.
•Senso de responsabilidade
•Senso cooperativo
•Sociabilidade
•Julgamento pessoal
•Autonomia
•Expressão
•Criatividade
•Comunicação
•Reflexão individual e coletiva
•Afetividade
9. Além das necessidades fundamentais
de conservação, subsistência e
realização pessoal que caracterizam
qualquer indivíduo, Freinet inclui na
sua filosofia, a necessidade que cada
pessoa tem de expressar-se e de
comunicar- se, de cooperar, de
aprender e de se organizar.
10. A cooperação como elemento integrativo e
formativo na pedagogia Freinet
• A cooperação é construída não através de discursos, mas da
vivencia de práticas materializadas no trabalho desenvolvido
dentro do espaço educacional e social.
• Valoriza a cooperação em detrimento da competição.
• A constituição de valores, de uma ética junto aos educandos,
será produto dessa vivência cooperativa partilhada no trabalho.
• “Ninguém avança sozinho em sua aprendizagem, a cooperação
é fundamental”
• Na pedagogia Freinet a cooperação não é apenas desejável,
mas necessária porque facilita a aprendizagem de cada um e
aumenta a riqueza do grupo.
• Várias técnicas de trabalho só tem sentido pela cooperação
11. Trabalho enquanto princípio educativo na
pedagogia Freinet
• Há trabalho todas as vezes que a atividade - física ou
intelectual - suposta por esse trabalho atende a uma
necessidade natural e proporciona por isso uma satisfação
que por si só é uma razão de ser. Caso contrário, não há
trabalho, há serviço ou seja tarefa que se cumpre apenas por
obrigação.
• Vocês costumam afirmar: instruir-se para poder trabalhar com
eficácia. Invertemos o problema e digo-lhes por quê: trabalhar
eficazmente para se instruir, se enriquecer, se aperfeiçoar, se
elevar e crescer.
(FREINET, A educação do Trabalho. P. 316;381
12. Finalidades da abordagem
Necessidade da criança Motivação para o trabalho
• Exprimir seus sentimentos e • Através da fala, desenhos e textos
suas ideias. motivada conversas, debates
gravados, álbuns, etc.
• Os intercâmbios motivam o
• Comunicar-se com os outros trabalho
• Criar, agir, conhecer. • Ateliês (de pesquisas, de
aprofundamento dos expressão, de trabalhos manuais,
interesses espontâneo técnicos)
revelados pela livre expressão.
• Organizar-se
• Avaliar-se • Organização cooperativa
• Auto avaliação e certificados a
criança mostra aquilo que é capaz
de fazer.
13. “A democracia de amanhã
prepara-se pela democracia na
escola. Um regime autoritário
na escola não seria capaz de
formar cidadãos democratas.”
14. “A sala de aula deve ser
prazerosa e bastante ativa,
pois o trabalho é o grande
motor da pedagogia.”
15. A criança
1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
2. Ser maior não significa necessariamente estar
acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende
do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional.
4. A criança e o adulto não gostam de imposições
autoritárias.
5. Uma das primeiras condições da renovação da
escola é o respeito a criança e por sua vez, das
crianças a seus professores; só assim é possível
educar dentro da dignidade
16. O educador
• Assume a necessidade de uma mudança de atitude das
relação professor/aluno
• O “papel do professor” é o de favorecer os confrontos, ajudar
na análise de situações, relembrar as aquisições anteriores.
• Deve ser aquele que ajuda a classe a se organizar numa célula
viva que faz cooperativamente a aprendizagem da
responsabilidade.
• Sabe que o saber não é acumulo de conhecimento, mas uma
maneira de enfrentar qualquer situação, analisá-la e
comunicá-la.
• E que tenha claro que as trocas de experiêencias com as dos
outros durante as reuniões do Grupo Departamental.
17. Técnicas desenvolvidas por
Freinet
• Aulas das descobertas: aulas de campos voltadas para o interesse dos
alunos
• Auto avaliação: fichas preenchidas pelos alunos como forma de registrar
a própria aprendizagem.
• Autocorreção: modalidade de correção de textos feita pelos próprios
autores no caso os alunos, sob a orientação do educador
• correspondência interescolar: atividade largamente utilizada por Freinet,
na qual os alunos se comunicam com outros estudantes de escolas
diferentes.
• Fichário de consulta: fichas criadas por alunos e professores para suprir
as lacunas deixadas pelos livros didáticos convencional.
• Imprensa/jornal escolar: os textos escritos pelos alunos tinham uma
função social real, pois eram publicados e lidos pelos colegas.
• Livro da vida: caderno no qual os alunos registram suas impressões,
sentimentos, pensamentos em formas variadas, o qual fica como um
registro de todo ano escolar de cada classe.
18. Objetivo das técnicas de Freinet
• Favorecer o desenvolvimento dos métodos naturais da
linguagem(desenho, escrita, gramática)
• Matemática
• Ciências Naturais
• Ciências Sociais
19. Aula passeio
(aula das descobertas)
Percebe que o
interesse das
crianças não estava
dentro da sala de
aula.
Freinet idealizou
esta atividade com
o objetivo de trazer
motivação, ação e
vida para escola.
21. Uma visão integral do jornal escolar
• VANTAGENS PEDAGÓGICAS – a criança sente a necessidade de
escrever, por que sabe que se o seu texto for escolhido, será
publicado no jornal escolar e lido por seus pais e
correspondentes. Uso do método natural, sem redação
formal, arquivo vivo da aula, uma obra para mostrar
• VANTAGENS PSICOLÓGICAS – expressão livre das crianças, a
libertação psíquica, visualização do trabalho produtivo, uma
pedagogia de sucesso( as crianças triunfam, com suas
gravuras , desenhos e com seus textos numa produção
coletiva)
• VANTAGENS SOCIAIS - jornal escolar é um trabalho de equipe
que faz a preparação prática para a cooperação social das
crianças, o jornal é a melhor solução para comunicação com
os pais, o jornal ou texto impresso não será tabu.
22. Invariantes pedagógicas
1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado
fisiológico, orgânico e constitucional.
4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
5. A criança e adulto não gostam de disciplina rígida, quando isto
significa obedecer passivamente uma ordem externa.
6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo
que, em particular ele não o desagrade. Toda atitude imposta é
paralisante.
7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha
não seja a mais vantajosa.
8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquinas,
sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.
23. 1. É fundamental a participação para o trabalho.
2. É preciso abolir a escolástica.
10 - a Todos querem ser bem sucedidos. O fracasso inibe,
destrói o animo e o entusiasmo.
10-b Não é o jogo que é natural nas crianças, mas sim o trabalho.
5. Não são a observação, explicação e a demonstração – processos
essenciais da escola – as únicas vias normais de aquisição do
conhecimento, mas a experiência tateante, que é uma conduta
natural e universal.
6. A memória tão preconizada pela escola, não é válida nem preciosa, a
não ser quando integrada no tateamento experimental, onde se
encontra verdadeiramente a serviço da vida.´
7. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como as
vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis
é colocar o carro na frente dos bois.
24. 1. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como
um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais
do indivíduos, como ensina a escolástica.
2. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência que
atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de
palavras e ideias.
3. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
4. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que
atende aos rumos de sua vida.
5. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber
sanções. Isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana,
sobretudo se exercida publicamente.
6. As notas e classificações constituem sempre um erro.
7. Fale o menos possível.
25. 1. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela
prefere trabalho individual ou de equipe numa comunidade
cooperativa.
2. A ordem e a disciplina são necessárias na sala de aula.
3. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem
ao fim desejado e não passam de paliativos.
4. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é a gestão
da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o
educador.
5. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
6. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e
alunos ao anonimato, o que é um erro e cria barreiras.
7. A democracia de amanha prepara-se pela democracia na escola.
Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar
cidadãos democratas.
26. 1. Uma das primeiras condições de renovação da escola é o respeito
a criança e por sua vez, a criança ter respeito aos seus
professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.
2. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica é
uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa
evita-la ou modifica-la.
3. É preciso ter esperança otimista na vida.
27. Declaração da Escola Moderna
1. A educação é o completo desenvolvimento e construção, e não acúmulo
de conhecimentos, adestramento e condicionamento.
2. Não aceitamos nenhum doutrinamento
3. Rejeitamos a ilusão de uma educação isolada em si mesma, à margem
das grandes correntes sociais de políticas que a condicionam.
4. A escola de amanhã será a escola do trabalho.
5. A escola deve centrar-se na criança que, com nossa ajuda, constrói sua
própria personalidade.
6. A Investigação experimental na base do processo é a condição
primeira de nosso esforço para a modernização escolar, através da
cooperação.
7. Os educadores dos Movimentos da Escola Moderna são os únicos
responsáveis pela orientação e exploração de seus esforços cooperativos
8. Nosso movimento preocupa-se em manter relações de simpatia e de
colaboração com todas as organizações que lutam pelos mesmos ideais.
28. 1. Nas relações administrativas, resguardamos nossa liberdade de
ajudar, prestar serviços e criticar, segundo as exigências da ação
cooperativa de nosso movimento.
2. A pedagogia Freinet é, em essência, internacional.
29. Principais obras
• Conselho aos pais – 1974
• Jornal escolar – 1974
• As técnicas Freinet da escola moderna –
• O texto livre – 1976
• Modernizar a escola
• O método natural I – O método natural II – O método natural
III – 1977
• A leitura pela imprensa na escola – 1977
• Para uma escola do povo: guia prático para organização
material, técnicas e pedagógica da escola popular - 1978
30. • Referências bibliográficas
• Coleção grandes educadores. Celestin Freinet. editora Atta -mídia e
educação : apresentação Rosa Maria Whitaker Sampaio
• AUDET, Marc. A pedagogia Freinet. IN: GAUTHIER, Clemont e TARDIF,
Maurice. A pedagogia. Teorias e práticas das antiguidade aos nossos dias.
Petrópolis: Vozes, 2010. P.253 – 269.
• ICEM, Instituto Cooperativo da Escola Moderna. Pedagogia Freinet uma
abordagem inicial. Dossiê pedagógico da Revista L’Educateur – Tradução de
Ruth Joffily 10/09/79
• www.jornalescolar.org.br